Seminário - Logica do Sentido
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<strong>Seminário</strong> – Lógica <strong>do</strong> Senti<strong>do</strong> (20/04/05)<br />
por José Luis Pastre<br />
Etimologia – o substantivo estóico vem da palavra grega para "pórtico" (stoá).<br />
A teoria <strong>do</strong>s incorporais no antigo estoicismo – Émile Bréhier<br />
- para compreender a evolução <strong>do</strong> estoicismo em relação ao platonismo é interessante procurar que lugar<br />
guarda no sistema a idéia de incorporal (o exprimível, o vazio (não-ser), o lugar, o tempo) (p.1).<br />
- senti<strong>do</strong> geral da teoria – identifican<strong>do</strong> o ser com o corpo, eles são força<strong>do</strong>s a admitir senão como existências,<br />
ao menos como coisas definidas o espaço e o tempo. É para estes nadas de existência que eles criaram a<br />
categoria de incorporal (p.2).<br />
- Idéia (matemática) – é capaz de engendrar uma multiplicidade indefinida de seres; to<strong>do</strong>s aqueles que<br />
obedecem à lei exprimida na definição (p.3).<br />
- há entre os seres e o seu modelo uma espécie de relação de causalidade (relação <strong>do</strong> caso particular à lei; da<br />
imitação ao modelo).<br />
- a noção de limite é essencial aos seres; a idéia indica os limites aos quais deve satisfazer um ser para existir.<br />
- Para Platão e Aristóteles: o problema era explicar nos seres o permanente, o estável, o que poderia oferecer<br />
um ponto de apoio sóli<strong>do</strong> ao pensamento por conceitos (idéia, motor imóvel – modelo geométrico); buscam<br />
primeiro o elemento pelo qual um ser se assemelha a outros seres e que permite classificá-lo; o movimento, o<br />
devir, devem-se não a uma causa ativa, mas a uma limitação dessa causa, corrupção.<br />
- Os estóicos – os seus exemplos são quase to<strong>do</strong>s empresta<strong>do</strong>s aos seres vivos; os outros seres são, no<br />
pensamento íntimo <strong>do</strong>s estóicos, assimila<strong>do</strong>s aos vivos; o mun<strong>do</strong> inteiro é um ser vivo.<br />
- A propósito <strong>do</strong> ser – consideram no ser ele-mesmo sua história e sua evolução desde sua aparição até sua<br />
desaparição; o ser não é parte de uma unidade mais alta, mas sen<strong>do</strong> a unidade e o centro de todas as partes que<br />
constituem sua substância, e de to<strong>do</strong>s os acontecimentos que constituem sua vida; ele será o des<strong>do</strong>bramento<br />
no tempo e no espaço desta vida, com suas mudanças contínuas (p.4).<br />
- Para os estóicos, o da<strong>do</strong> a explicar é a mudança no ser, é sempre análogo à evolução de um ser vivo.<br />
- Da natureza da unidade – a unidade das partes, como no ser vivo, ocorre por uma força interna que os retém;<br />
a força interna: determina a forma exterior <strong>do</strong> ser, seus limites, não como um escultor que faz uma estátua,<br />
mas como uma semente que se desenvolve…; a unidade da causa e <strong>do</strong> princípio se traduz na unidade <strong>do</strong> corpo<br />
que ela produz; este princípio é váli<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s os seres, mesmo os da matemática (as figuras são<br />
consideradas como a extensão no espaço de uma força interna que se des<strong>do</strong>bra e não como provenientes de<br />
uma definição).<br />
- A propósito da noção de causa – é a essência <strong>do</strong> ser; causa produtora que age nele, vive nele e o faz viver<br />
(p.5).<br />
- <strong>do</strong> nominalismo <strong>do</strong>s estóicos e o incorporal: não é um postula<strong>do</strong> da lógica, é um resulta<strong>do</strong> da física; ao invés<br />
de colocar o incorporal na causa <strong>do</strong>s seres, eles a colocam no efeito (p.10).<br />
- os incorporais constituem a matéria de toda a lógica estóica, substituin<strong>do</strong> a lógica <strong>do</strong>s gêneros e espécies de<br />
Aristóteles. A razão da revolução na lógica está relacionada à revolução na física (p.13).<br />
- Aristóteles estabelece a relação entre sujeito e predica<strong>do</strong>: buscan<strong>do</strong> a semelhança ou dessemelhança,<br />
estabelecen<strong>do</strong> a distinção entre o mesmo e o outro; são semelhantes as coisas que têm propriedades idênticas<br />
(p.8).
- para os estóicos: as modificações não são realidades novas, propriedades, mas somente atributos (p.11); o<br />
atributo é sempre expresso por um verbo o que quer dizer que ele não é um ser, mas uma maneira de ser; esta<br />
maneira de ser se encontra de alguma maneira ao limite, à superfície <strong>do</strong> ser; são fatos ou acontecimentos,<br />
resulta<strong>do</strong> das ações <strong>do</strong>s seres (nem passivo, nem ativo – impassível, segun<strong>do</strong> Deleuze) (p.12).<br />
- acontecimento (incorporal) – o que é dito ou afirma<strong>do</strong> <strong>do</strong> ser, está no limite da ação <strong>do</strong>s corpos (p.12).<br />
- distinção: a hipocondria é causa da febre X por causa deste fato a febre acontece; ser expresso por um<br />
substantivo: as pedras, o mestre, etc. X ser expresso por verbos (efeitos): ser estável, fazer um progresso, etc.<br />
(p.12).<br />
- os atributos <strong>do</strong>s seres são exprimi<strong>do</strong>s não por adjetivos que indicam as propriedades, mas por verbos que<br />
indicam os atos (p.19).<br />
- em uma proposição (Aristóteles) temos: sujeito e predica<strong>do</strong> que são conceitos de mesma natureza e indicam<br />
classes de objetos; cópula é que estabelece uma relação de identidade.<br />
- solução <strong>do</strong> problema da predicação: não devemos dizer “a árvore é verde”, “um corpo é quente”, mas; “a<br />
árvore verdeja”, “um corpo se aquece”. Distinção entre: propriedade e acontecimento (p.20).<br />
Husserl afirma que, segun<strong>do</strong> a tradição lógica em Aristóteles, o julgamento predicativo é<br />
caracteriza<strong>do</strong> pela presença de <strong>do</strong>is membros: um “substrato”, <strong>do</strong> qual alguma coisa é dita, e o que é dito dela;<br />
e a proposição, que é a sua a forma verbal. Isto implica que to<strong>do</strong> ato de julgamento pressupõe que um objeto<br />
está lá, que um objeto já é da<strong>do</strong>, que é sobre ele que se dirige a enunciação 1 . O pensamento clássico não<br />
tematiza as evidências imediatas das formações lógicas, não tematiza os da<strong>do</strong>s da evidência 2 . O que o lógico<br />
negligencia é o fato de que a possibilidade <strong>do</strong> juízo radica não apenas nas formas sintáticas mas também nos<br />
materiais. Antes de to<strong>do</strong> julgar, existe uma base universal da experiência, e ela é pressuposta como unidade<br />
concordante de experiência possível 3 .<br />
1 HUSSERL, Edmund. Expérience et Jugement. Paris, P.U.F., 1970, p. 14.<br />
2 Id., Logique Formelle et Logique Transcendentale. Paris, P.U.F., 1965, p. 239.<br />
3 Ibid., p. 294.