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RESGATE HISTóRICO - Prefeitura Municipal de Campo Bom

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<strong>RESGATE</strong> <strong>HISTóRICO</strong><br />

Ao completar 52 anos, <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> presta uma homenagem a homens e mulheres que fizeram a diferença na construção <strong>de</strong> cada etapa da cida<strong>de</strong>. Por meio<br />

<strong>de</strong>las homenageia-se também a todos que atuaram anonimamente e continuam se doando a <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, integrando sua trajetória <strong>de</strong> conquistas e sucesso.<br />

(www.campobom.rs.gov.br)


2<br />

abelino abílio Beck – 68 anos<br />

Há uns 40 anos me apelidaram <strong>de</strong> Teixeirinha, e como<br />

eu tive que fazer um registro <strong>de</strong> artista quando<br />

entrei na rádio, quis registrar Teixeirinha Segundo, mas a<br />

censura fe<strong>de</strong>ral não <strong>de</strong>ixou, então me perguntaram meu<br />

sobrenome e por isso meu apelido ficou Beckinha, parecido<br />

com Teixeirinha. Não sou natural <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>,<br />

e <strong>de</strong>cidi vir pra cá porque on<strong>de</strong> nasci não tinha nem estrada<br />

e pra sair <strong>de</strong> lá só <strong>de</strong> carreta <strong>de</strong> boi. Um dia resolvi<br />

pegar uma sacola com roupa e vim pra <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>,<br />

gostei e fiquei. Naquela época aqui no Imigrante, contava-se<br />

nos <strong>de</strong>dos o número <strong>de</strong> moradores, acho que não tinha 20. Sou fundador e presi<strong>de</strong>nte<br />

da associação <strong>de</strong> moradores que teve na escola Santos Dumont sua primeira se<strong>de</strong>.<br />

Já fui cobrador <strong>de</strong> ônibus, tive barbearia, <strong>de</strong>pois comecei a cantar, toquei em baile e num<br />

conjunto que não tinha nem nome. Depois formamos um grupo, tocamos na rádio, tevê e<br />

até no programa Fogo <strong>de</strong> Chão. Fiquei 18 anos na música e na rádio. Parei quando comprei<br />

um ônibus pra começar a minha empresa.” (morador bairro Imigrante)<br />

adão elemar <strong>de</strong> Moraes – 46 anos<br />

Com 12 anos <strong>de</strong> ida<strong>de</strong> <strong>de</strong>scobri meu talento para rádio.<br />

Estava vendo um jogo <strong>de</strong> futebol num campinho<br />

perto <strong>de</strong> casa quando peguei uma ma<strong>de</strong>ira do chão que fiz<br />

<strong>de</strong> microfone e comecei a narrar o jogo. Nunca fui narrador<br />

<strong>de</strong> futebol e nunca essa i<strong>de</strong>ia havia me atraído, até aquele<br />

dia. Meu primeiro trabalho em comunicação foi com meus<br />

irmãos que trabalham com som fazendo aquelas festinhas<br />

<strong>de</strong> garagem e também serviço <strong>de</strong> alto falantes. Um dia<br />

fui com eles fazer som num evento, e ao chegar na cida<strong>de</strong><br />

ouvi uma rádio chamada Repórter e achei aquelas<br />

músicas muito fúnebres. Desci do carro, e sem avisar meus irmãos, fui até a rádio on<strong>de</strong> pedi<br />

pra fazer um teste, fui contratado a partir daquele instante. Já a Rádio Urbana é um projeto<br />

que eu criei, é minha filha. Em 1994 enviei ao Ministério das Comunicações o primeiro<br />

pedido para uma rádio em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, mesmo sabendo que as dificulda<strong>de</strong>s técnicas eram<br />

muito gran<strong>de</strong>s. Tive uma rádio poste na cida<strong>de</strong>, até que em 2001 chegou a concessão para<br />

instalarmos a Rádio Urbana em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>.” (Rádio Urbana 87.5FM)<br />

adriano Mathias Schmitz – 88 anos<br />

Cheguei em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> em 31 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 1955,<br />

para a Escola Rural <strong>de</strong> Quatro Colônias. Na ocasião<br />

era orientador das escolas rurais <strong>de</strong> toda região e queria<br />

uma escola para residir, então fui enviado para <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> que, nesta época, tinha poucos habitantes e não tinha<br />

luz. Com o passar do tempo, consegui junto às li<strong>de</strong>ranças<br />

da cida<strong>de</strong> que chegasse luz à escola <strong>de</strong> Quatro Colônias.<br />

Comecei a lecionar em 1960, porque antes disso eu viaja<br />

pelas escolas da região para orientar os professores. Os<br />

alunos naquela época eram muito bons, nos tratávamos<br />

como amigos. Nós brincávamos com eles, jogávamos han<strong>de</strong>bol. Nestes anos todos <strong>de</strong> magistério,<br />

já lecionei sozinho numa escola para 200 alunos, pois as outras professoras pediram<br />

transferência. Para ser um bom professor tem que ter vocação e amor pela profissão, porque<br />

se lida com os pequenos que estão se formando, por isso é preciso muito cuidado. Se eu pu<strong>de</strong>sse<br />

voltar no tempo, escolheria ser professor novamente, sem pestanejar.” (professor)<br />

aládio Sebastião Pedrozo – 73 anos<br />

Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> a procura <strong>de</strong> trabalho e o encontrei<br />

em dois dias, na época eu tinha 20 anos. Comecei<br />

a trabalhar como funileiro, profissão que já exercia antes<br />

<strong>de</strong> vir pra cá. Decidi ser funileiro porque vi um profissional<br />

<strong>de</strong>sta área trabalhando e achei muito bonito, porque naquela<br />

época tudo era feito manualmente, e por isso um trabalho<br />

artístico. Não tinha idéia <strong>de</strong> ser artista, mas da funilaria eu<br />

gostaria <strong>de</strong> ser. Comecei a trabalhar como aprendiz com 14<br />

anos, e naquela época antes <strong>de</strong> 5 anos <strong>de</strong> experiência você<br />

não era consi<strong>de</strong>rado profissional, embora mostrasse bom<br />

trabalho, então não recebia salário. Naquele tempo, enquanto um profissional não <strong>de</strong>sse lucro<br />

para a empresa, tinha que trabalhar pagando para apren<strong>de</strong>r. Na época era feito tudo com folha<br />

<strong>de</strong> aço, porque não existia nada <strong>de</strong> plástico, fazíamos bacia, banheiras, regador, chuveiros, bal<strong>de</strong>s<br />

e outros utensílios. Nossos produtos eram todos vendidos em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>.” (funileiro)<br />

editorial<br />

Uma justa homenagem<br />

Pelo terceiro ano consecutivo, a Administração<br />

<strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

realiza o evento Resgate Histórico com<br />

a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> permitir que pormenores<br />

da vida e do <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong><br />

sejam resgatados sob a ótica <strong>de</strong> seus protagonistas.<br />

Sabe-se que uma cida<strong>de</strong> não<br />

se faz sozinha e que em cada canto há<br />

gente que faz diferença em seus bairros,<br />

profissões, entida<strong>de</strong>s e iniciativas. São<br />

essas pessoas que o projeto quer homenagear<br />

e que são ‘garimpadas’ perante<br />

indicação <strong>de</strong> suas próprias comunida<strong>de</strong>s<br />

e pares. Além <strong>de</strong> ouvir <strong>de</strong>las ‘sua parte<br />

da história’, o projeto registra em ví<strong>de</strong>o<br />

as impressões, <strong>de</strong>poimentos e narrativas<br />

<strong>de</strong> cada um dos participantes, material<br />

que passa a integrar o acervo da Biblioteca<br />

<strong>Municipal</strong>, ficando disponível<br />

como fonte <strong>de</strong> pesquisa. São narrativas<br />

únicas e impressões pitorescas. Na edição<br />

<strong>de</strong> 2011, a exemplo das duas anteriores,<br />

há ricas narrativas sobre <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> <strong>de</strong> 50, 60 e até 80 anos atrás. Percebe-se,<br />

numa leitura geral dos <strong>de</strong>poimentos,<br />

fatos comuns a todos e histórias que<br />

se repetem, mas que em cada família,<br />

empresa, profissão, repercutiu <strong>de</strong> forma<br />

diferente. A dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> atravessar<br />

o Rio do Sinos para uma professora,<br />

transformou-se em oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> implantar<br />

uma balsa para outro morador. A<br />

pouca infraestrutura nas estradas que dificultava<br />

o envio <strong>de</strong> lenha para olarias,<br />

foi ganha-pão para quem se <strong>de</strong>dicou ao<br />

ofício do transporte. A crise do calçado<br />

nos anos 90, significou o fim <strong>de</strong> muitos<br />

negócios para alguns, mas novas oportunida<strong>de</strong>s<br />

a outros e certamente um gran<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>safio para todos. Ser professor na cida<strong>de</strong><br />

na década <strong>de</strong> 40, quando nem energia<br />

havia e as escolas eram ‘algumas salas<br />

feitas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira’, como conta uma<br />

das narrativas, nos permite medir o esforço<br />

pessoal pelo sucesso profissional.<br />

E por aí vai.<br />

Mais do que homenagear pessoas que<br />

fizeram e fazem a diferença na vida <strong>de</strong><br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> – e em nome <strong>de</strong>las reconhecer<br />

a tantas outras que anonimamente<br />

<strong>de</strong>ram sua contribuição para a cida<strong>de</strong><br />

– o evento Resgate Histórico é um projeto<br />

prazeroso e reconfortante. Hoje, período<br />

em que a comodida<strong>de</strong> da internet<br />

(até sem fio) e as tecnologias digitais facilitam<br />

tanto o dia a dia é que se percebe<br />

como as relações comunitárias e <strong>de</strong><br />

vizinhança foram imprescindíveis para<br />

para construir <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Com tanta<br />

tecnologia a nosso dispor, torna-se ainda<br />

mais imensurável a contribuição <strong>de</strong>stas<br />

pessoas que se <strong>de</strong>dicaram a fazer diferença.<br />

A estes campo-bonenses - <strong>de</strong><br />

nascimento ou <strong>de</strong> coração – nosso singelo<br />

reconhecimento.<br />

Os homenageados <strong>de</strong> 2010: Adalberto Fett; A<strong>de</strong>mar Antonio Machado; A<strong>de</strong>mar Edgar Trein; Aida<br />

Maria Corrêa <strong>de</strong> Aguiar Viana; Alvery Silveira Castro; Arlindo <strong>de</strong> Castro; Benno Walter Schuck;<br />

Breno Oscar Thoen; Carlos Alberto von Reisswitz; Célia Heidrich; Cesar Augusto Ramos; Claricia<br />

Hermann; Darci Arno Lauck; Débora Kehl Trierweiler; Delmar Teixeira <strong>de</strong> Moraes; Eduardo Storck;<br />

Eldo Ivo Klein; Elemar Becker; Elio Martin; Flavio Oscar Maurer; Francisco Dias Lopes; Geovane<br />

Delmar Schell; Germano Nicolau Lenhard; Glody Elsa Hilgert; Isolina Constante da Silva; Ithon<br />

Jose Fritzen; Jair Reinheimer; Jefferson Eroni <strong>de</strong> Oliveira Gonçalves; João Carlos Ternes; Juarez<br />

Rodolfo Dreyer; Liane Bauer; Luis Fernando Trieweiler; Luiz Möller; Marco Aurélio Feltes; Maria<br />

dos Anjos da Costa da Silva; Maria Lenira Dias Lessa; Maria Lory Hack Lauer; Marlise Therezinha<br />

Riegel; Nair Ritzel; Paula da Silva Paz; Pedro <strong>de</strong> Oliveira Amador; Raul Gilberto Blos; Reme<br />

Oscar Blos; Remi Steigle<strong>de</strong>r; Remy Eloy Schmidt; Ria Blos; Roberto Lin<strong>de</strong>n; Suely Teresinha da<br />

Silveira Pazin; Telga Bohrer; Wilson Francisco Conceição; Wolfram Nicolau Metzler.<br />

exPediente<br />

Jornal Resgate Histórico <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

Tiragem: 15 mil exemplares<br />

Uma publicação da <strong>Prefeitura</strong> <strong>Municipal</strong> <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

Jornalista Responsável: Sílvia Trovo<br />

coor<strong>de</strong>nadoria.imprensa@campobom.rs.gov.br<br />

Av. In<strong>de</strong>pendência, 800 - Centro (51) 3598-8600 - R. 8609 e 8610<br />

A <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> agra<strong>de</strong>ce a colaboração <strong>de</strong> todas as pessoas que ce<strong>de</strong>ram fotos,<br />

documentos e suas experiências, tornando possível essa publicação.<br />

Sílvia trovo<br />

Editora<br />

Os <strong>de</strong>poimentos aqui contidos são <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> seus autores. Permitida reprodução <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que preservada a fonte


1982 - Darcy<br />

Constante<br />

Cambruzzi<br />

recebe a placa<br />

<strong>de</strong> distinção<br />

em vendas da<br />

Pepsi<br />

Alice Olívia Dietrich – 80 anos<br />

Sou natural aqui <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> e na minha infância havia poucas<br />

pessoas morando aqui. O Edifício Gerhardt é uma homenagem<br />

ao meu pai, Lodário Gerhardt que por mais <strong>de</strong> 80 anos morou on<strong>de</strong> hoje é<br />

o edifício. E foi nessas redon<strong>de</strong>zas do Centro que cresci. No lugar on<strong>de</strong> hoje<br />

moro, antes <strong>de</strong> construirmos a casa, era tudo plantação. Quando tinha<br />

13 anos comecei a trabalhar na calçados Reichert e fiquei lá por quase 10<br />

anos, saindo para trabalhar em casa, costurando. Depois tivemos por 10<br />

anos um mini mercado chamado RC Dietrich, na esquina da rua on<strong>de</strong> moramos<br />

hoje. Era uma época muito boa, tínhamos bons clientes, mas <strong>de</strong>pois<br />

com a chegada <strong>de</strong> mercados maiores, paramos com o nosso negócio. Meu esposo e eu resolvemos fazer<br />

parte <strong>de</strong>r grupos <strong>de</strong> dança e fundamos um grupo só para baile. Hoje integramos o Recordar é Viver e<br />

o Saber Viver. Sou fundadora do Grupo Oasis, que tem 60 anos e que, no início, se encontrava para chás e<br />

para cantar em casamentos.” (fundadora do grupo Oasis)<br />

Almerindo da Costa – 63 anos<br />

Sou natural <strong>de</strong> Roca Sales e moro em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1975,<br />

quando vim trabalhar em fábrica <strong>de</strong> calçados. Nos finais <strong>de</strong> semana,<br />

durante cerca <strong>de</strong> seis meses, trabalhei em táxi. Gostei tanto que<br />

comprei uma placa pra mim. Já faz 30 anos e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então essa é minha<br />

profissão. Na época em que vim morar pra cá, <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> era uma cida<strong>de</strong><br />

pequena e jogávamos futebol on<strong>de</strong> hoje é o bairro Celeste, na época<br />

era só mato <strong>de</strong> eucaliptos. Aqui na Cohab Sul on<strong>de</strong> eu moro, era tudo banhado.<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> se <strong>de</strong>senvolveu muito rápido. Gosto <strong>de</strong> morar aqui, é<br />

bom. O trânsito <strong>de</strong> hoje é muito diferente daquela época, que era muito<br />

mais calmo. O primeiro táxi que dirigi foi um Corcel, e o primeiro que comprei foi um Fusca. Naquela época<br />

era preciso ter a carteira assinada como taxista, e como trabalhava durante a semana numa empresa,<br />

não podia assinar duas vezes. Resolvi fazer outra carteira e tudo se resolveu até o momento em que comprei<br />

meu táxi, quando não precisei mais <strong>de</strong> carteira assinada. Na época havia poucos táxis, mas logo que<br />

comecei mais placas foram liberadas, pois faltavam táxis em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>.“ (taxista)<br />

Alósios Edgar Schwarz – 73 anos<br />

Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> em 1940 quando a cida<strong>de</strong> estava se <strong>de</strong>senvolvendo.<br />

Nesta época tinham aqui uns dois mil habitantes, um lugar pequeno<br />

e que estava evoluindo com o calçado. Trabalhei com esquadrias e <strong>de</strong>pois<br />

fui para o ramo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras. A ma<strong>de</strong>ireira começou com seis sócios, cada tinha<br />

uma tarefa: parte administrativa, <strong>de</strong>pósito, entrega e para mim sobrou o transporte<br />

<strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira, que era um serviço pesado. A ma<strong>de</strong>ira daquela época mudou<br />

em relação a hoje, se usava ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong> pinho, <strong>de</strong>pois cedrinho e ma<strong>de</strong>ira <strong>de</strong><br />

lei, que agora é proibido o corte. Agora voltou a ma<strong>de</strong>ira eucalipto, <strong>de</strong> reposição,<br />

plantadas, que não são <strong>de</strong> matas virgens. Nossas ma<strong>de</strong>iras foram até<br />

exportadas na década 60 <strong>de</strong> tão boas que eram. Hoje, exceto a ma<strong>de</strong>ira nativa,<br />

é mais fácil conseguir esta matéria prima. Eu sempre digo que quem mantém as portas abertas, seja com<br />

comércio ou indústria, é um herói e nossa ma<strong>de</strong>ireira completa 51 neste ano.” (ma<strong>de</strong>ireira <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>)<br />

Anete Martins Espíndula – 62 anos<br />

Nasci em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, e em 1980 vim morar<br />

no bairro Cohab Leste. Minha mãe conta<br />

que <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequena eu andava com lápis e papel na<br />

mão para ser professora. Inicialmente achei que seria<br />

contadora, porque gostava <strong>de</strong> trabalhar com papéis<br />

e parte burocrática. Mas sempre tive vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

ser professora. Em março <strong>de</strong> 1964 meu pai chegou<br />

em casa e disse que no outro dia eu ia começar a trabalhar<br />

numa fábrica <strong>de</strong> calçado. Não acreditei, mas<br />

meu pai me levou lá e comecei a trabalhar no setor<br />

<strong>de</strong> almoxarifado no dia 1 o <strong>de</strong> abril. Em 1966 fiz concurso para professora e passei<br />

em primeiro lugar, então pu<strong>de</strong> escolher a escola que queria trabalhar. Optei pela<br />

então escola Isolada Santos Dumont, no bairro Imigrante, e comecei a lecionar<br />

em 1967, com 18 anos. Fiquei por cinco anos, <strong>de</strong>pois por oito anos na Borges <strong>de</strong><br />

Me<strong>de</strong>iros. Então ganhamos essa casa aqui na Cohab e fui trabalhar na agora Casa<br />

da Criança. Ser professora pra mim foi uma coisa muito boa porque gostava e<br />

fui cada vez mais me aperfeiçoando e tendo mais didática. ” (professora)<br />

Aparício Renner da Silva – 43 Anos<br />

Em março <strong>de</strong> 2010 assumi o comando da Brigada<br />

Militar em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, uma cida<strong>de</strong> que me<br />

recebeu muito bem e on<strong>de</strong> o efetivo trabalha <strong>de</strong> forma<br />

diferenciada e veste <strong>de</strong> fato a camisa. Escolhi entrar na<br />

polícia por influência <strong>de</strong> um primo que ingressou na Brigada<br />

e me disse das possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> crescimento <strong>de</strong>ntro<br />

<strong>de</strong>sta profissão. Me inscrevi para soldado, me formei,<br />

fiz concurso para oficial, passei, fiquei quatro anos<br />

na aca<strong>de</strong>mia, e em 1996, quando me formei vim como<br />

aspirante para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. A dificulda<strong>de</strong> na área<br />

é que cada ocorrência é peculiar, diferente uma da outra. O policial é o juiz no local<br />

do fato e respon<strong>de</strong>rá se tomar uma <strong>de</strong>cisão errada, por isso o policial tem que estar<br />

bem preparado. Os policiais <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> têm vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar, se <strong>de</strong>sdobram<br />

a qualquer hora. De fato eles vestem a farda.” (capitão da Brigada Militar)<br />

Arlete Masiero – 51 anos<br />

Nasci em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> e nestes anos <strong>de</strong> vida,<br />

apenas dois estive fora da cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> comecei<br />

trabalhando na indústria calçadista, <strong>de</strong>pois em escritório<br />

<strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong>, até que aos 21 anos fiz concurso<br />

público para a Caixa Fe<strong>de</strong>ral, passei, e assumi no banco<br />

<strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, on<strong>de</strong> fiquei por 27 anos. Quando me<br />

aposentei, tinha uma colega já aposentada que trabalhava<br />

na Liga, e fui ajudá-la em um trabalho e estou<br />

até hoje. Quem trabalhou a vida toda não quer ficar<br />

parado e precisa se sentir útil. Me encontrei na Liga<br />

que trabalha com prevenção da doença e ajudando aos pacientes que tem câncer. Adoro<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, nunca pensei em fazer minha vida longe daqui, pois minha turma, amigos<br />

e família são daqui. Até já briguei por <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> que é a minha cida<strong>de</strong> e eu vou<br />

<strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r o que é meu.” (presi<strong>de</strong>nte Liga Feminina <strong>de</strong> Combate ao Câncer)<br />

Arthur Luiz Leuck – 78 anos<br />

Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> por acaso, em 1955, para<br />

tentar trabalhar Uma semana <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> ter chegado,<br />

como não arranjava emprego, estava na estação<br />

para voltar para Taquara, minha terra natal, quando<br />

um homem apareceu e me ofereceu emprego. Comecei<br />

a trabalhar e logo vim <strong>de</strong> muda para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> on<strong>de</strong><br />

aprendi a ser cortador <strong>de</strong> couro. Fiquei numa fábrica<br />

por dois anos, e por ter ficado até o fechamento da empresa,<br />

os donos mesmo procuraram um novo emprego<br />

pra mim, na Vetter e pouco tempo <strong>de</strong>pois fui trabalhar<br />

no Reichert, quando a empresa não tinha nem 100 funcionários e os homens e as mulheres<br />

ficavam separados na produção, inclusive para bater o ponto. Fiquei no Reichert por 50 anos<br />

e cinco meses. Trabalhei em todos os setores. Cheguei ali, enraizei, e fiquei lá todo esse tempo<br />

porque sempre fui bem tratado, gostava <strong>de</strong> trabalhar, aprendi coisas diferentes e realizei<br />

lá um sonho antigo que tinha: ser motorista.” (funcionário Reichert Calçados)<br />

3


4<br />

Astor Willy Blos – 67 anos<br />

Cresci bem no centro da cida<strong>de</strong>, quando <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> era uma vila, praticamente toda cida<strong>de</strong> era<br />

sem paralelepípedo. O tempo foi passando e as pessoas<br />

influentes alterando esse cenário, e nós temos que agra<strong>de</strong>cer<br />

as pessoas que contribuíram para o crescimento e a<br />

emancipação, que i<strong>de</strong>alizaram tudo isso. Em 1961 comecei<br />

a cursar Técnico Comercial Contábil, hoje o curso não<br />

existe mais e eu fui um dos últimos a ganhar este diploma,<br />

terminei o curso em 1965. Quando me formei fui<br />

trabalhar no escritório <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong> do meu sogro, que teve o primeiro escritório <strong>de</strong> contabilida<strong>de</strong><br />

da cida<strong>de</strong>. Em 1974 surgiu a empresa Organizações Contábeis Blos Ltda, na Avenida<br />

Brasil, que existe até hoje. Des<strong>de</strong> a minha formação muitas coisas mudaram na contabilida<strong>de</strong>,<br />

e hoje é gratificante olhar os sistemas que temos disponíveis em comparação àquela época.<br />

Quando comecei a trabalhar, fazíamos à mão os diários, as entradas e saídas, o que dava<br />

um trabalho muito gran<strong>de</strong>, só quem passou para saber. A vida a cada dia nos ensina coisas<br />

novas, a gente não po<strong>de</strong> parar nunca.” (Organizações Contábeis Blos)<br />

Aurélio Leandro Dall’on<strong>de</strong>r – 36 anos<br />

A nossa igreja existe a 107 anos no Brasil. No ano<br />

<strong>de</strong> 1936 um grupo <strong>de</strong> sete famílias fundou a Comunida<strong>de</strong><br />

da Paz aqui <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, uma cida<strong>de</strong> que<br />

gosto muito. Era pastor em outra comunida<strong>de</strong> no interior<br />

do estado, mas numa assembléia meu nome foi escolhido<br />

para vir ser pastor da congregação <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Aceitei<br />

o chamado e estou há três anos aqui. Meus pais contam<br />

que quando eu era criança subia na mesa e fazia <strong>de</strong><br />

conta que era pastor. Mas <strong>de</strong>pois, conforme os estudos<br />

foram avançando, um pastor da minha congregação <strong>de</strong><br />

origem me incentivou, então no ano <strong>de</strong> 1992 ingressei no seminário, me formando em 1997<br />

e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> então atuo como pastor na Igreja Luterana que tem como livro base a bíblia sagrada,<br />

<strong>de</strong> on<strong>de</strong> tiramos nossa doutrina. Acreditar em Jesus Cristo como salvador nos permite viver<br />

uma vida muito mais feliz. <strong>Bom</strong> é <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, bom é sempre on<strong>de</strong> nós estamos, chamados<br />

e colocados por Deus.” (pastor da igreja Luterana – Comunida<strong>de</strong> da Paz)<br />

Beti Maria Hoffmann – 66 anos<br />

Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, aqui no bairro Operária,<br />

quando fui trabalhar em fábrica <strong>de</strong> calçados, on<strong>de</strong><br />

fiquei por mais <strong>de</strong> 20 anos e me aposentei. Antes já tinha trabalhado<br />

como professora em Taquara, minha cida<strong>de</strong> natal.<br />

Quando vim para cá, era preciso sair <strong>de</strong> casa uma hora antes<br />

da hora do trabalho, pois se fazia tudo à pé e quando chovia<br />

tinha barro até os joelhos. Precisava até trocar <strong>de</strong> sapato <strong>de</strong>pois<br />

da caminhada. Foi com esse esforço, com o dinheiro do<br />

nosso trabalho, que conseguimos comprar o terreno e casa<br />

on<strong>de</strong> moramos. Sou muito envolvida com o bairro. Ajudo<br />

na creche e no colégio costurando capas <strong>de</strong> coberta e almofadas para as crianças. Quando estou<br />

com elas sento nas ca<strong>de</strong>irinhas para a hora do lanche e observo muito os pequenos. Já emprestei<br />

minha casa para um culto que aconteceu aqui no bairro, para encerramento do ano letivo do<br />

colégio, com amigo secreto e tudo. Mesmo não tendo mais filhos e nem netos na escola, gosto<br />

<strong>de</strong> conversar com as professoras e a diretora. As vezes os próprios pais não vão em reuniões do<br />

colégio e eu vou. Participo também da gincana <strong>de</strong> bairros” (moradora bairro Operária)<br />

Bianca Goe<strong>de</strong> Giesch – 32 anos<br />

Em 2005 fui enviada pela minha igreja para assumir<br />

o ministério pastoral nesta comunida<strong>de</strong>. Decidi<br />

ser pastora no final <strong>de</strong> 1997 porque gosto do contato humano<br />

e tinha uma vivência comunitária muito gran<strong>de</strong>. Em 1998 estu<strong>de</strong>i<br />

bacharelado em Teologia, mas a minha mãe conta que<br />

quando eu tinha em torno <strong>de</strong> seis anos, pegava um casaco<br />

gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>la e brincava com as minhas irmãs <strong>de</strong> fazer culto.<br />

Quando cheguei a <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, vim <strong>de</strong> ônibus juntamente<br />

com meu marido, para uma entrevista inicial, para um culto<br />

<strong>de</strong> apresentação pra ver se a comunida<strong>de</strong> iria gostar <strong>de</strong> mim.<br />

Chegando em frente a nossa igreja, me espantei com o tamanho, com o espaço físico da comunida<strong>de</strong>.<br />

A estética <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> me chamou muito atenção também, uma cida<strong>de</strong> limpa e agradável.<br />

Sou a primeira pastora da nossa comunida<strong>de</strong> Evangélica, foi um rompimento <strong>de</strong> padrões até<br />

ali, pois fui também a primeira pessoa a sair direto do período <strong>de</strong> formação acadêmica para o<br />

exercício do ministério, e eu tinha 25 anos. A nossa igreja é a mais antiga <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, temos<br />

um jornal guardado que traz a data <strong>de</strong> 03 <strong>de</strong> fevereiro <strong>de</strong> 1828, o que significa que neste<br />

ano comemoramos 183 anos na cida<strong>de</strong>.” (pastora da IECLB em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>)<br />

Tem cola no pé<br />

Verda<strong>de</strong>iras <strong>de</strong>clarações <strong>de</strong><br />

amor a <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> estão contidas<br />

nos <strong>de</strong>poimentos que compõem<br />

as páginas <strong>de</strong>sta edição do<br />

jornal Resgate Histórico. A exemplo<br />

<strong>de</strong> 2009 e 2010, quando os<br />

homenageados também externaram<br />

em seus <strong>de</strong>poimentos essa<br />

paixão à primeira vista pela cida<strong>de</strong>,<br />

os relatos <strong>de</strong> 2011 também<br />

são unânimes na forma como nar-<br />

ram o amor imediato por <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> e a forma como foram ‘fisgados’<br />

pela cida<strong>de</strong> diferente, on<strong>de</strong><br />

além <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho,<br />

encontraram bons amigos,<br />

vizinhança participativa e ‘algo <strong>de</strong><br />

mágico’ no ar. É como diz Danilo<br />

Benno Saft em seu <strong>de</strong>poimento<br />

(página 5): “É a pegada. Tem<br />

cola no rastro do pé que não me<br />

<strong>de</strong>ixa sair daqui”.<br />

Década <strong>de</strong> 80 - Reunião realizada na se<strong>de</strong> do clube Oriente, quando Teresinha<br />

<strong>de</strong> Oliveira estava iniciando como funcionária na <strong>Prefeitura</strong> <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

Braulio Blos – 75 anos<br />

Trabalhei em uma cerâmica, que era <strong>de</strong> proprieda<strong>de</strong> do meu pai e mais tar<strong>de</strong><br />

me tornei sócio. Um dia, no antigo bar do cinema, vi gente trabalhando,<br />

consertando refrigeradores e então pensei em quão interessante era aquela ativida<strong>de</strong>.<br />

Então em 1959 aprendi e comecei a trabalhar em refrigeração, numa época em<br />

que esta área engatinhava no estado. Já trabalhei também em diferentes ramos<br />

como comércio e <strong>de</strong> vacas leiteiras. Depois <strong>de</strong> 16 anos sem estudar, aos 38 anos fui<br />

fazer faculda<strong>de</strong>, e resolvi cursar educação física e ali me achei. Não tive dificulda<strong>de</strong><br />

porque fui atleta e tive facilida<strong>de</strong> em apren<strong>de</strong>r esportes. Fui da primeira turma que<br />

se formou na Feevale e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> formado, comecei a lecionar no colégio 25 <strong>de</strong><br />

Julho, em Novo Hamburgo, on<strong>de</strong> permaneci por 14 anos. A única escola em que<br />

<strong>de</strong>i aula aqui na cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> nasci foi a Fernando Ferrari, on<strong>de</strong> lecionei por 7 anos. O que eu mais gostava<br />

era <strong>de</strong> preparar equipes, tanto no futebol, quanto no vôlei, han<strong>de</strong>bol e basquete.” (professor)<br />

Celene Iris Adam Thoen – 67 anos<br />

Lembro <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> quando a Avenida Adriano Dias era só trilho <strong>de</strong><br />

trem e não existiam edifícios. Cheguei aqui e fui estudar, fiz o curso <strong>de</strong> técnico<br />

em contabilida<strong>de</strong> e trabalhei no INPS, on<strong>de</strong> me tornei conhecida. Em seguida<br />

o Hélio Martin assumiu a <strong>Prefeitura</strong> e me convidou para trabalhar no <strong>de</strong>partamento<br />

<strong>de</strong> assistência social. Na época éramos três funcionários e tinha uma Kombi<br />

que servia <strong>de</strong> ambulância. Nessa época também não existia postos <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> do<br />

município, só do Estado. Em 1983 assumiu o novo prefeito que me convidou para<br />

permanecer no cargo, sendo que nesta época o <strong>de</strong>partamento se transformou em<br />

uma secretaria, quando foi construído o primeiro posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, lá no bairro<br />

Rio Branco. O segundo posto foi no bairro Aurora, quando transformamos um<br />

bar em posto. Fui candidata a vereadora em 1988, e para minha surpresa, me elegi com 434 votos. Na<br />

época eu era bem inocente e ingênua, mas aprendi rápido”. (vereadora <strong>de</strong> 1989 a 1992)


Infância para ser criança<br />

Experiências <strong>de</strong> infância compõem<br />

muitos dos relatos contidos<br />

nestas páginas e que nos permitem<br />

medir a alegria dos então<br />

‘pequenos filhos <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>’.<br />

Feita <strong>de</strong> atos simples, como o narrado<br />

na página 8 por Erni João<br />

Hilgert (que tinha por hábito ouvir<br />

música junto com os pais e vizinhos)<br />

ou <strong>de</strong> gestos que já apontavam<br />

um talento (como o do locutor<br />

Adão Moraes na página 2, que<br />

brincava <strong>de</strong> narrar futebol usando<br />

um toco <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira como microfone),<br />

a infância usava <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>.<br />

Relatos como o da professora<br />

Lizane Tomiello (página<br />

10), que brincava <strong>de</strong> dar aula para<br />

os sobrinhos e o <strong>de</strong> Oscar Fai-<br />

fer (página 11), sobre os <strong>de</strong>safios<br />

<strong>de</strong> atravessar o rio em tempos <strong>de</strong><br />

cheia e <strong>de</strong> estiagem, indicam situações<br />

cotidianas e felizes como<br />

garante Daniel Schimer (página 5)<br />

ao relatar que teve uma infância<br />

“que só quem cresceu em uma cida<strong>de</strong><br />

do interior sabe o quão boa<br />

é”. De todos os <strong>de</strong>poimentos relacionados<br />

às crianças que viveram<br />

momentos felizes em <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong>, nenhum supera o <strong>de</strong> Ruy Juarez<br />

Corrêa (página 11) que conta<br />

ter vivido momentos <strong>de</strong> ‘peraltices’<br />

quando colocava sabão no<br />

trilho do trem só para ver a <strong>de</strong>rrapagem<br />

na subida da lomba. Quem<br />

na infância não aprontou das suas,<br />

que jogue a primeira pedra!<br />

Daniel<br />

Schirmer<br />

(esq) na<br />

década <strong>de</strong><br />

50 no antigo<br />

posto que<br />

pertencia à<br />

família<br />

Celestino Fritzen – 59 anos<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> é uma cida<strong>de</strong> muito jovem, e tem características bem interessantes,<br />

pois é um lugar acolhedor que dá atenção especial à cultura,<br />

à educação e que tem escolas bem equipadas e estruturadas, o que é<br />

importante para promover o estudo. A gente visita as escolas - e até rezamos<br />

missa em algumas – e nestas ocasiões me chamou muita atenção o esforço<br />

que a cida<strong>de</strong> faz para promover a educação. Chama atenção também a integração<br />

entre a igreja e o po<strong>de</strong>r público. Me sinto bem acolhido em <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong>, claro que as comunida<strong>de</strong>s e a paróquia são gran<strong>de</strong>s, mas as li<strong>de</strong>ranças<br />

são muitos boas, um trabalho muito abençoado. Fui or<strong>de</strong>nado padre em<br />

<strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 1980. (padre Igreja Católica)“<br />

Daltro Viega da Rocha – 57 anos<br />

Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> em 1978 abrir uma loja chamada Julinha Magazine<br />

que encerrou as ativida<strong>de</strong>s em 2005. Des<strong>de</strong> jovem eu já atuava<br />

no CDL em Novo Hamburgo e estendi minha participação como associado.<br />

Nesta época para se ter informações <strong>de</strong> serviço <strong>de</strong> proteção ao crédito, a<br />

empresa tinha que enviar uma funcionária com uma ficha, que vinha correndo<br />

buscar informações do cliente. Foi então que 20 associados da CDL se uniram<br />

para comprar uma central para fazer linha direta, e assim implantou-se<br />

a primeira linha direta em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, isso na década <strong>de</strong> 80. Assim começou<br />

uma participação maior das pessoas que faziam parte do CDL e em 2001<br />

fui convidado a assumir, pela primeira vez, a presidência da CDL. Em 2007<br />

assumi novamente a presidência, indo meu mandato até <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong>ste 2011. Participando da<br />

presidência da CDL temos a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> colocar ações que seriam impossíveis se estivéssemos<br />

sozinhos, sem a proteção <strong>de</strong> uma entida<strong>de</strong>. ”(presi<strong>de</strong>nte da CDL)<br />

5<br />

Daniel Schirmer – 56 anos<br />

Minha infância aqui na cida<strong>de</strong> foi muito<br />

boa. Eu cresci às voltas do posto Schirmer,<br />

com uma infância que só quem cresceu em uma cida<strong>de</strong><br />

do interior sabe o quão boa é. Comecei a trabalhar<br />

com meus pais e tios aten<strong>de</strong>ndo no posto <strong>de</strong><br />

gasolina, mas quando era criança, brincava com<br />

aviãozinho e acredito que tudo começa com brinca<strong>de</strong>iras<br />

<strong>de</strong> criança. Tinha um amigo do meu pai<br />

que era engenheiro <strong>de</strong> vôo da Varig e conversava<br />

muito com ele. Isso me <strong>de</strong>ixava curioso sobre<br />

o mundo lá fora. Outra pessoa que não posso esquecer é o Celomar Hoffmeister, piloto<br />

do Aeroclube que me convidou pra dar uma volta num Teco-teco. Me apaixonei,<br />

voltei para casa e <strong>de</strong>cidi começar o curso, e assim foi meu início, com 18 anos.<br />

Aos 19 anos eu já era piloto comercial. Também fiz curso <strong>de</strong> piloto agrícola. Prestei<br />

concurso para a Rio Sul Linhas Aéreas e 1988 ingressei nesta empresa como co-piloto,<br />

e em seguida fui promovido a comandante. Assim como o primeiro dia, o último<br />

dia <strong>de</strong> vôo a gente nunca esquece. Que <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> continue no rumo que segue<br />

<strong>de</strong>ste a sua emancipação, <strong>de</strong> progresso e conquistas.” (aeronauta)<br />

Danilo Benno Saft – 60 anos<br />

Quando começamos o CTG ele era na escola<br />

Tira<strong>de</strong>ntes, e se chamava Grupo Folclórico<br />

da Juventu<strong>de</strong> Evangélica. Começamos a participar<br />

<strong>de</strong> bailes, a nos apresentar pela cida<strong>de</strong> e região. Em<br />

abril <strong>de</strong> 1968 <strong>de</strong>cidimos fundar o CTG, que começou<br />

em um prédio alugado. Me envolvi com ele até<br />

1972, mas até hoje me sinto em casa quando chego<br />

lá, pois sempre fui apaixonado pelas tradições gaúchas.<br />

Nasci em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> e sempre morei aqui. É a<br />

pegada, tem cola no rastro do pé que não me <strong>de</strong>ixa<br />

sair daqui. Na minha época, íamos nas casas à noite atrás <strong>de</strong> pessoas para integrar os<br />

grupos mirins e adultos do CTG. Eu ia na casa das pessoas <strong>de</strong> bicicleta e vestindo uma<br />

bombacha que badalava no vento, e não sentia vergonha <strong>de</strong> botar o meu traje e correr<br />

por essas ruas. Gostaria neste aniversário da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pedir às crianças que se motivem<br />

para levar adiante nossas tradições. (fundador do CTG <strong>Campo</strong> Ver<strong>de</strong>)<br />

Darcy Constante Cambruzzi – 70 anos<br />

Sou natural <strong>de</strong> Rolante e sai <strong>de</strong> lá há 35 anos pra<br />

tentar melhorar a vida vindo para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>,<br />

no bairro Porto Blos, on<strong>de</strong> abri um comércio <strong>de</strong> bebidas<br />

e trabalhei por quase 18 anos. Lembro que quando cheguei<br />

aqui encontrei apenas duas ruas, poucas casas e um<br />

colégio que funcionava há pouco tempo. Comecei então a<br />

me envolver com a escola pois queria o melhor para as<br />

crianças. Na primeira reunião no colégio fiquei surpreso<br />

com as condições do prédio, cheio <strong>de</strong> buracos nas pare<strong>de</strong>s,<br />

o que era ruim para as crianças no frio do inverno.<br />

Tomei a <strong>de</strong>cisão <strong>de</strong> procurar o prefeito que um dia apareceu aqui em casa e me convidou<br />

para a ir a Porto Alegre com ele, pois tinha conseguido dinheiro para arrumar a escola.<br />

Foi assim que conseguimos construir as primeiras salas <strong>de</strong> aula da escola e garantir mais<br />

conforto para as crianças estudar.” (morador do bairro Porto Blos)<br />

Emílio Lopes De Brito – 89 anos<br />

Sou natural <strong>de</strong> Rolante e quando cheguei em<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> vim pra trabalhar na roça e nunca<br />

mais arre<strong>de</strong>i o pé daqui. Quando vim morar aqui no<br />

bairro Santa Lúcia não tinha vizinhos, era só mato. Faz<br />

muitos anos que sou envolvido com a comunida<strong>de</strong> católica<br />

do bairro, já fui ministro na igreja e me sinto bem<br />

em po<strong>de</strong>r ajudar as pessoas. Quando tinha pouco serviço<br />

na roça, ia até a casas <strong>de</strong> pessoas doentes aqui no<br />

bairro, ajudar a cuidar <strong>de</strong> quem precisasse. Na época<br />

que vim morar aqui no bairro, já tinha luz, e as casas<br />

que foram surgindo <strong>de</strong>pois um vizinho ajudava o outro. O que um não sabia fazer o outro<br />

sabia, e quase não precisamos pagar alguém pra construir. Tenho muitos amigos aqui<br />

no bairro, bons vizinhos e gosto <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> porque tem bastante trabalho e acho difícil<br />

que tenha lugar melhor que esta cida<strong>de</strong>.“ (morador bairro Santa Lúcia)


6<br />

Grupo Escolar Genuíno Sampaio <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

1967 - Escola Isolada Santos Dumont participa da<br />

Parada da Mocida<strong>de</strong> em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

Déc. 60 - alunos da professora Vania Olívia Schmidt Pacheco <strong>de</strong>sfilando<br />

em 7 <strong>de</strong> setembro - escola Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />

Déc. <strong>de</strong> 60 - Rio dos Sinos - Barrinha<br />

1972 - Inauguracão da Escola is<br />

Déc. 60 - Se<strong>de</strong> da Ma<strong>de</strong>ireira <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>


14.11.1978 - Ismar Reichert recebe o Prêmio Belfort Duarte<br />

1963 - Desfile cívico <strong>de</strong> 7 <strong>de</strong> Setembro - escola Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros<br />

olada D.Pedro IAntiga Socieda<strong>de</strong> Concórdia. Hoje se<strong>de</strong> social do<br />

Clube 15 <strong>de</strong> Novembro<br />

10.11.1964 - Igreja Luterana –<br />

Escolar <strong>Municipal</strong> D. Pedro II<br />

Comunida<strong>de</strong> da Paz <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>Grupo<br />

7


8<br />

Erni João Hilgert – 83 anos<br />

Moro em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1932, quando<br />

meu pai, que era pedreiro, veio para trabalhar.<br />

Naquela época não exista asfalto na cida<strong>de</strong> e meu<br />

pai alugou uma casa na região central. Ele tinha uma<br />

vitrola e tínhamos um vizinho que era <strong>de</strong>ntista e todo<br />

dia nos visitava para escutar um disco com a música<br />

Gauchinha. Foi assim que comecei a gostar <strong>de</strong> música,<br />

escutava muito em casa porque meu pai comprava<br />

muitos discos, e minha mãe tocava violão e meu pai<br />

flauta. Estu<strong>de</strong>i um pouco <strong>de</strong> música e hoje toco cítara.<br />

Também canto. Entrei no coral quando minha mãe era regente do coral da igreja evangélica<br />

e da igreja católica, e ela também cantava, era contralto, a segunda voz. Meu irmão e eu já<br />

gravamos um CD com músicas populares e natalinas. Hoje canto no coral <strong>de</strong> <strong>Bom</strong> Princípio e<br />

a música me traz muita alegria, acho que todas as pessoas que cantam ou tocam instrumentos<br />

são felizes, eu sou apaixonado pela música, toca no meu coração.” (músico)<br />

Evanir Eloisa Martini – 53 anos<br />

Cheguei em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> com cinco anos,<br />

quando meu pai, que era sapateiro, foi convidado<br />

para trabalhar numa fábrica calçadista da cida<strong>de</strong>.<br />

Anos mais tar<strong>de</strong>, eu já conhecia o Joelci, meu esposo,<br />

quando surgiu a oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong>le adquirir o Jornal<br />

O Fato, e ele me convidou para trabalhar no jornal, porque<br />

eu era <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> e conhecida da cida<strong>de</strong>. Estamos<br />

há 33 anos fazendo o jornal, e neste período já<br />

passamos por vários ciclos e temos que estar atentos às<br />

mudanças. As novas tecnologias estão aí, a evolução,<br />

mas o jornal é algo palpável, que <strong>de</strong>ixa registrado, e no que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> mim não terminará.<br />

Um povo tem que ter sua história registrada, eu as vezes pego os jornais <strong>de</strong> tempos<br />

atrás e me surpreendo com as mudanças. Nós que fizemos jornal temos que somar na comunida<strong>de</strong>,<br />

porque o meio <strong>de</strong> comunicação tem que ser responsável pelo que faz, temos que<br />

respeitar as pessoas, sem expô-las. Temos compromisso com a verda<strong>de</strong>, tendo a consciência<br />

<strong>de</strong> que estamos fazendo a coisa certa.” (jornal O Fato)<br />

Flávio Selonir De Lima – 63 anos<br />

Meu envolvimento com a música sertaneja começou<br />

na adolescência, quando gostava muito <strong>de</strong><br />

acompanhar os programas <strong>de</strong> rádio. Meu pai tinha um<br />

rádio à bateria e a gente sentava a noite pra tomar chimarrão<br />

e curtir os programas sertanejos. Depois comecei<br />

a me interessar mais e surgiu a Rádio Cin<strong>de</strong>rela em<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Fui um dos primeiros comunicadores, isso<br />

em 1978, e fiquei na rádio até a década <strong>de</strong> 90. Meus<br />

ídolos da música sertaneja sempre foram, e são até hoje,<br />

Milionário e José Rico. Mas tive o prazer <strong>de</strong> ter no<br />

meu programa duplas como Rony e Robson, Abel e Caim, e <strong>de</strong>pois fui conhecendo outros artistas<br />

<strong>de</strong> renome, e tive cada vez mais vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> dar continuida<strong>de</strong> ao meu trabalho. A música<br />

sertaneja, que a gente chama <strong>de</strong> sertaneja mesmo, é aquela <strong>de</strong> viola e violão, que falava<br />

da caboclinha, da carreta <strong>de</strong> boi. Depois veio um sertanejo um pouco ‘americanizado’, que<br />

as vezes as frases não rimavam. Depois surgiram outras duplas que fizeram sucesso, que eu<br />

respeito, mas que pra mim passam longe do sertanejo <strong>de</strong> raiz.” (radialista)<br />

Idor Breno Saft – 57 anos<br />

Moro <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1978 no bairro 25 <strong>de</strong> julho on<strong>de</strong><br />

construí minha vida e família. Aos poucos<br />

a gente foi se engajando na comunida<strong>de</strong>. Quando<br />

minha filha foi para o colégio, entrei no Círculo <strong>de</strong><br />

Pais e Mestres (CPM) e <strong>de</strong>pois, ajudando na Associação<br />

<strong>de</strong> Moradores do bairro. Quando viemos morar<br />

aqui, não tínhamos água, luz e era só um campo.<br />

Fazíamos a missa na área coberta no colégio que eu<br />

também aju<strong>de</strong>i a construir pelo CPM. Aquele antigo<br />

pavilhão <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira do colégio 25 <strong>de</strong> Julho foi<br />

construído com ma<strong>de</strong>ira doada que nós íamos buscar, cortar, <strong>de</strong>scascar e até carregar<br />

num caminhão cedido pela <strong>Prefeitura</strong>. Assim construímos aquele pavilhão, com mutirões.<br />

Em 1991 surgiu a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> termos uma capela, e começamos a pedir doações<br />

para construção. Não tínhamos terreno, não tínhamos nada. Chamamos um empresário<br />

da cida<strong>de</strong> que nos doou um terreno e fomos pedir tijolos nas olarias e cimento entre<br />

os moradores. Hoje vejo aquela capela ali construída, o tamanho que ela tem hoje<br />

e lembro <strong>de</strong> tudo isso com muito orgulho.” (morador do bairro 25 <strong>de</strong> Julho)<br />

Terra <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s<br />

A leitura atenta dos relatos permite<br />

uma constatação: <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

é uma terra <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s. Foi<br />

atrás <strong>de</strong>la que gran<strong>de</strong> parte dos moradores<br />

veio. Além <strong>de</strong> empregos<br />

no setor calçadista, em franca expansão,<br />

muito filhos adotados por<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, enxergaram na cida<strong>de</strong><br />

alternativas <strong>de</strong> encontrarem uma<br />

profissão. Uns vieram para trabalhar<br />

na roça, outros para produzir<br />

calçados, há quem veio para lecionar,<br />

para pregar a palavra <strong>de</strong> Deus<br />

e os que se <strong>de</strong>dicaram a garantir a<br />

segurança dos <strong>de</strong>mais. Assim a cida<strong>de</strong><br />

foi se formando, num ciclo <strong>de</strong><br />

chegadas e novas <strong>de</strong>mandas. Dentre<br />

tantas, há quem quase per<strong>de</strong>u a<br />

oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficar, mas encontrou<br />

o futuro quando partia na estação<br />

do trem. “Estava na estação para<br />

voltar para Taquara quando um<br />

homem apareceu e me ofereceu emprego.<br />

Comecei a trabalhar e logo<br />

vim <strong>de</strong> muda para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>”,<br />

conta o sapateiro Arthur Luiz Leuck<br />

(pag 3), funcionário por mais <strong>de</strong><br />

50 anos da empresa Reichert.<br />

Década <strong>de</strong><br />

60 - Rio do<br />

Sinos em<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

Ismar Reichert – 63 anos<br />

Na minha adolescência comecei a jogar no clube 15 <strong>de</strong> novembro, meu<br />

time do coração. Na época além do 15, havia ainda o Oriente e o Riogran<strong>de</strong>nse,<br />

mas todo o menino que gostava <strong>de</strong> jogar futebol tinha o <strong>de</strong>sejo<br />

<strong>de</strong> ir para o 15. Jogava na posição <strong>de</strong> centro médio, que hoje é chamado <strong>de</strong><br />

volante. A primeira oportunida<strong>de</strong> que o 15 teve <strong>de</strong> ganhar um título em casa,<br />

no seu campo, per<strong>de</strong>u. Foi um momento marcante e triste, mas <strong>de</strong> muito<br />

aprendizado. Encerrei minha carreira em 1977, e tive a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber<br />

nestes anos <strong>de</strong> carreira o prêmio Belfort Duarte, <strong>de</strong>dicado a todo atleta que<br />

durante 10 anos e no mínimo 200 jogos não tenha sido expulso. O 15 sempre<br />

se caracterizou por ser uma equipe bastante disciplinada, tanto é que<br />

não fui o único que recebeu este título. Des<strong>de</strong> menino também tive gosto pela odontologia<br />

e por isso cursei essa faculda<strong>de</strong>. Gosto <strong>de</strong> ser <strong>de</strong>ntista porque esta profissão me faz ser útil<br />

para as pessoas, me sinto realizado.” (ex-jogador do 15 <strong>de</strong> novembro)<br />

Jair Hugo Steigle<strong>de</strong>r – 57 anos<br />

Estou em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando tinha dois anos, data em que meu<br />

pai começou a trabalhar na farmácia, que se chamava Mercúrio na época<br />

e era do meu avô. Em 1974 fui para faculda<strong>de</strong> cursar engenharia mecânica<br />

e meu pai me fez uma proposta para eu trabalhar na farmácia e aceitei o <strong>de</strong>safio.<br />

Em 1976 comprei a primeira proprieda<strong>de</strong> da farmácia, o terreno on<strong>de</strong><br />

hoje fica a se<strong>de</strong> localizada na Avenida Brasil. Depois abrimos outras casas e a<br />

empresa começou a crescer. Hoje nossa empresa é bem estruturada, organizada<br />

e tenho excelentes profissionais trabalhando comigo. A farmácia existe há<br />

55 anos, mas trata-se <strong>de</strong> um ramo muito dinâmico e que exige muito conhecimento.<br />

Ser um bom administrador e ter humilda<strong>de</strong>, <strong>de</strong>dicação, e uma boa<br />

relação com os fornecedores e clientes também é fundamental.” (farmácia <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>)


Déc. 90 -<br />

Colocação<br />

da Pedra<br />

Fundamental<br />

para construção<br />

da se<strong>de</strong> da<br />

Associação <strong>de</strong><br />

Moradores do<br />

bairro Porto<br />

Blos<br />

1960 - Primeira<br />

se<strong>de</strong> da<br />

Farmácia<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>,<br />

localizada na<br />

Rua Voluntários<br />

da Pátria<br />

João A<strong>de</strong>mar De Quadros – 53 anos<br />

Estou em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1984, sou natural <strong>de</strong> São Francisco <strong>de</strong><br />

Paula. Já an<strong>de</strong>i por tantas cida<strong>de</strong>s e acho que vir para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

foi uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> Deus, em busca <strong>de</strong> uma vida melhor. Acho que todo colono<br />

tinha essa vonta<strong>de</strong>, porque a vida na colônia era muito difícil, e as pessoas<br />

da cida<strong>de</strong> chegavam lá com a pele bonita, sempre bem vestidas, e esse foi<br />

o motivo que me trouxe pra cá. Comecei trabalhando em fábrica <strong>de</strong> calçado,<br />

<strong>de</strong>pois fábrica <strong>de</strong> vidro. Fui jogador e treinador <strong>de</strong> futebol durante um tempo<br />

e fiquei envolvido com este esporte por quatro anos, e <strong>de</strong>pois a vida foi<br />

me levando mais para o lado da igreja, e nesta época fui catequista e fundamos<br />

dois grupos <strong>de</strong> jovens, entre eles o Jovens Unidos Semeando Amor. Fui<br />

conselheiro tutelar por dois mandatos, uma função que ameniza, mas não resolve os problemas.<br />

Meu pai gostava muito <strong>de</strong> tocar violão e eu sou cantador <strong>de</strong> Terno <strong>de</strong> Reis, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> quando a gente<br />

morava na roça. On<strong>de</strong> posso levo alegria e vida para as pessoas” (morador bairro Celeste)<br />

João Alfredo Strottmann – 58 anos<br />

Meu pai foi o primeiro presi<strong>de</strong>nte do esporte Primavera e como acompanhava<br />

ele nos jogos, acabei querendo ser goleiro e com 16 anos comecei<br />

a jogar. Defendi também o 15 <strong>de</strong> Novembro, o Catléia e recebi proposta para<br />

jogar no Novo Hamburgo, mas não aceitei por receio <strong>de</strong> ir sozinho, <strong>de</strong>pois me<br />

arrependi. Minha família sempre me apoiou pra seguir carreira, mas além do<br />

jogo tinha o trabalho na fábrica, por isso joguei até os 26 anos. O campeonato<br />

mais disputado que participei foi do Sesi, quando jogava pelo Catléia. As torcidas<br />

das fábricas participavam e isso me <strong>de</strong>ixava nervoso, pois tinha um monte<br />

<strong>de</strong> gente olhando. O futebol nunca atrapalhou meu trabalho na fábrica, mesmo<br />

quando tinha que fazer hora extra aos sábados, me organizava, jogava, <strong>de</strong>scansava<br />

e ia trabalhar. Em todos os times que joguei fiz amigos. Até hoje, quando vejo uma turma<br />

jogando futebol me dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> jogar, mas agora já não dá mais.” (ex-goleiro)<br />

9<br />

João Batista Roveda – 85 anos<br />

Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> em 1951 e trabalhei<br />

durante dois meses como servente <strong>de</strong> pedreiro<br />

lá no bairro Santa Lúcia. Naquele tempo não<br />

existiam máquinas para fazer o cimento, era tudo feito<br />

à mão, em caixas <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras. Fazia essa massa <strong>de</strong><br />

cimento para dois pedreiros e ainda sentava tijolos.<br />

Foi quando aprendi a ser pedreiro. O primeiro cordão<br />

(meio fio), na frente da Câmara <strong>de</strong> Vereadores<br />

<strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> fui eu que fiz. Conheci <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

quando ainda era brejo e tudo que tenho é <strong>de</strong>vido<br />

ao meu trabalho nesta cida<strong>de</strong> que gosto muito e on<strong>de</strong> quero ficar para sempre, eu e<br />

minha família. Inclusive faz 23 anos que comprei quatro gavetas no cemitério daqui;<br />

fui um dos primeiros a comprar. Desejo que <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> esteja cada vez melhor, porque<br />

aqui é sempre bom”. (pedreiro)<br />

José Carlos Breda – 57 anos<br />

Fiz concurso para o po<strong>de</strong>r judiciário e como<br />

me classifiquei em primeiro lugar, pu<strong>de</strong> escolher<br />

a cida<strong>de</strong> on<strong>de</strong> trabalhar e optei por <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>,<br />

isso em 1983. Comecei trabalhando no fórum antigo.<br />

Em 1988 fui escrivão eleitoral e no ano seguinte recebi<br />

o convite do então prefeito para ser secretário da Fazenda.<br />

Foi um período da minha vida dos mais gratificantes,<br />

pelas transformações que ocorreram na cida<strong>de</strong><br />

e na gestão pública. Na administração seguinte<br />

fui também secretário da Fazenda, <strong>de</strong> Planejamento,<br />

<strong>de</strong> Indústria e Comércio. Esta última criada em 1995, sendo eu o primeiro secretário<br />

da pasta. Naquela época enfrentamos um problema que vinha afetando todo o Vale dos<br />

Sinos, e <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> novamente foi pioneira criando esta secretaria e políticas <strong>de</strong> diversificação<br />

do parque econômico industrial da cida<strong>de</strong>. Sou um técnico que se tornou político.<br />

Foi uma honra ter sido vice-prefeito <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Guardo isso como uma das melhores<br />

coisas da minha vida.” (vice-prefeito <strong>de</strong> 2001 a 2004)<br />

José <strong>de</strong> Carvalho – 59 anos<br />

Nasci em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> que está bem diferente<br />

da época em que eu era pequeno, quando<br />

não havia empresas, metalúrgicas e os colégios eram<br />

poucos e formados por algumas salas <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>iras.<br />

Sempre trabalhei com caminhão, e logo que<br />

comecei a trabalhar puxava lenha, com carreta <strong>de</strong><br />

boi, lá para a fábrica dos Vetter. Nesta época íamos<br />

para o centro da cida<strong>de</strong> por volta das 7 da manhã<br />

e esperávamos um frete chegar, eu tinha 25 anos e<br />

levava fretes em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> e cida<strong>de</strong>s vizinhas. A<br />

i<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> ser caminhoneiro surgiu porque eu puxava muita lenha para as olarias, e nessa<br />

época usávamos carreta <strong>de</strong> boi. Chovendo, no frio e nós ali trabalhando. E foi pensando<br />

em melhorar um pouco <strong>de</strong> vida, que eu comecei no caminhão. Não lembro <strong>de</strong> quem<br />

eu comprei meu primeiro caminhão, mas lembro que era velho. Com o crescimento da<br />

cida<strong>de</strong> o trabalho melhorou e pu<strong>de</strong> ir trocando <strong>de</strong> caminhão.” (caminhoneiro)<br />

José Volmar Trescastro – 60 anos<br />

Meu apelido Zé Castro surgiu quando comecei<br />

a trabalhar na rádio Progresso, juntamente<br />

com o caboclão Murici e com o peão sertanejo<br />

Nelsinho. Fazíamos o programa Viola Sempre<br />

Viva, e por eu ter um nome muito extenso, ficou Zé<br />

Castro. Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> em janeiro <strong>de</strong> 1968,<br />

juntamente com minha irmã e pais, pois tínhamos<br />

amigos aqui. Viemos trabalhar. Eu era do interior,<br />

da colônia, e me marcou muito chegar aqui e ver o<br />

número <strong>de</strong> pessoas que trabalhavam nas fábricas<br />

e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bicicletas na cida<strong>de</strong>. Depois que fiz carteira <strong>de</strong> habilitação, na época<br />

só se fazia com 21 anos, fui para a estrada. Viajei muitos anos com entregas e conheço<br />

boa parte do RS, Santa Catarina e Paraná. Nesta época <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> era praticamente<br />

dormitório para mim. E através disso veio o gosto pela música sertaneja, <strong>de</strong> tanto ouvir<br />

rádio nas madrugadas. Foi assim que cheguei no rádio, aí para trabalhar, há 22 anos.<br />

Pra quem quer ser radialista um conselho: vá em frente sem per<strong>de</strong>r a humilda<strong>de</strong> e o<br />

respeito pelo semelhante.” (morador do bairro Genuíno Sampaio)


10<br />

Kall <strong>de</strong> França – 44 anos<br />

Minha primeira experiência no rádio foi em<br />

maio <strong>de</strong> 1984, quando vim pra <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> trabalhar<br />

na Rádio Cin<strong>de</strong>rela, mas <strong>de</strong>s<strong>de</strong> pequeno manifestava<br />

essa vonta<strong>de</strong> ouvindo com meu pai os programas sertanejos<br />

na rádio. Ingressei na rádio como DJ. Trabalhei na central<br />

técnica e <strong>de</strong>pois surgiu a vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalhar diante<br />

do microfone. São 27 anos nesta trajetória e com uma grata<br />

satisfação <strong>de</strong> ter iniciado meu trabalho em rádio aqui<br />

em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Uma história que não canso <strong>de</strong> contar é<br />

quando, numa transmissão <strong>de</strong> carnaval, fiquei apreensivo<br />

quando puxei o fio do microfone para uma entrevista e vi que estava enrolado nos<br />

pés <strong>de</strong> um policial militar. Quando ele se aproximou, passou um monte <strong>de</strong> coisa pela<br />

minha cabeça, mas ele até me ajudou. A Cin<strong>de</strong>rela surgiu em janeiro <strong>de</strong> 1978 e sempre<br />

inovou procurando acompanhar o progresso e <strong>de</strong>senvolvimento da cida<strong>de</strong>. A rádio<br />

tem 33 anos e nesta trajetória busca acompanhar tudo que acontece em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> e<br />

municípios vizinhos pois somos uma rádio comunitária.”(Rádio Cin<strong>de</strong>rela)<br />

Lizane Isabel Tomiello – 52 anos<br />

Des<strong>de</strong> sempre quis ser professora. Brincava disso,<br />

dava aula para meus sete sobrinhos e tem uma<br />

sobrinha minha, a mais velha, que foi alfabetizada nessas<br />

brinca<strong>de</strong>iras. Quando terminei o primeiro grau, meu pai<br />

não permitiu que fosse a Sapiranga estudar magistério,<br />

e em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> ainda não tinha o curso. Em 1986 não<br />

existia concurso público e fui trabalhar como secretária na<br />

escola Presi<strong>de</strong>nte Vargas e como naquela época as secretárias<br />

substituíam os professores quando estes faltavam,<br />

me sentia realizada. Um dia a direção da escola viu minha<br />

<strong>de</strong>dicação e me ajudou a organizar meu horário <strong>de</strong> trabalho para po<strong>de</strong>r estudar<br />

magistério que eu queria muito. No curso fiz muitas amiza<strong>de</strong>s e assim que <strong>de</strong>u fiz concurso,<br />

passei e fui chamada para a escola Presi<strong>de</strong>nte Vargas. Em <strong>de</strong>z anos eu realizei<br />

tudo que eu queria, fiz o magistério, adicionais em alfabetização e pedagogia em supervisão<br />

escolar. Trabalhei na supervisão e na direção <strong>de</strong> escola, mas pedi pra voltar<br />

pra sala <strong>de</strong> aula que é on<strong>de</strong> me realizo.“ (professora)<br />

Maria <strong>de</strong> Lur<strong>de</strong>s da Silva – 55 anos<br />

Vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> trabalhar quando tinha 18<br />

anos. Meu pai ven<strong>de</strong>u tudo que ele tinha lá em Minas<br />

do Butiá e quando chegou aqui na Paulista, trazendo<br />

a mudança, o caminhão não subiu a lomba porque chovia<br />

muito. Era muito barro, sendo que no caminhão estava tudo<br />

o que tínhamos: a casa <strong>de</strong>smanchada, porcos, galinhas,<br />

cachorro, tudo. Daí meu pai fez uma barraca e ficou nela<br />

com minha mãe e um dos meu irmãos, enquanto eu e<br />

meus outros irmãos ficamos numa pensão. Depois meu pai<br />

fez negócio aqui no bairro, comprou uma casa e viemos<br />

morar aqui também. Sempre foi maravilhoso morar na Paulista. Na época que viemos para<br />

cá a maior dificulda<strong>de</strong> era ir ao trabalho, pois não tinham ônibus como agora. Tínhamos<br />

que ir a pé, sair bem cedo <strong>de</strong> casa. Depois chegaram as bicicletas, daí íamos com elas para o<br />

Centro. Nesta época, nos finais <strong>de</strong> semana a gente saia para fazer piquenique e jogar bola<br />

na rua. Comecei a trabalhar na Escola Dom Pedro II quando uma funcionária estava doente.<br />

Fiquei na escola por quase 28 anos.” (moradora do bairro Paulista)<br />

Marlene Seolino Kasper – 64 anos<br />

Meu marido, A<strong>de</strong>mar João Kasper adotou <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> como terra <strong>de</strong>le e foi muito feliz porque aqui<br />

é muito bom <strong>de</strong> se viver. Viemos para cá em 1968, e <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> era uma cida<strong>de</strong> muito pequena, bem simples mas acolhedora,<br />

todos ajudando a todos. Trabalhei como professora<br />

primária e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> nove anos e meio <strong>de</strong> trabalho precisei<br />

sair para ajudar meu marido que tinha comércio. Ele era<br />

alfaiate e sempre trabalhou com isto. A Magazine Nápoles<br />

foi fundada em outubro <strong>de</strong> 1968, <strong>de</strong>pois fundamos a Confecção<br />

Alex. Trouxemos pessoas <strong>de</strong> outros municípios para<br />

trabalhar nos dois chalés que construímos. Naquela época vendíamos à crediário anotando<br />

numa ficha o nome do cliente e as fábricas gran<strong>de</strong>s <strong>de</strong>ixavam cobrar seus funcionários lá<br />

no <strong>de</strong>partamento pessoal. Enviávamos uma lista com os nomes e eles <strong>de</strong>scontavam direto<br />

do pagamento. Sempre estivemos atentos à evolução, gostamos do que fazemos e tenho a<br />

impressão que o talento que Deus dá é o que nos faz estar há tantos anos neste ramo. Viver<br />

em comunida<strong>de</strong> é fundamental e eu gosto <strong>de</strong> viver assim.” (Magazine Nápoles)<br />

1969 - Alunos da<br />

Escola isolada<br />

Santos Dumont<br />

Mauri Spengler – 56 anos<br />

Iniciei o Jornal A Gazeta com um grupo <strong>de</strong> amigos, vonta<strong>de</strong> que surgiu<br />

quando trabalhávamos em uma empresa calçadista e fazíamos para<br />

os funcionários a revista chamada Ver<strong>de</strong> e Amarelo e nos empolgamos com a<br />

i<strong>de</strong>ia. Já existia outro jornal na cida<strong>de</strong> e começamos a fazer um trabalho que<br />

nos empolgou, e que levou mais ou menos dois anos pra sair do papel. O começo<br />

foi muito difícil, virávamos a noite trabalhando, eu tinha na época dois<br />

filhos pequenos, um bom emprego e larguei este trabalho para me aventurar<br />

em um novo ramo. Mas a aceitação na cida<strong>de</strong> foi muito boa e em 2011 o<br />

jornal completa 25 anos. Temos hoje mais <strong>de</strong> 1530 edições impressas, todas<br />

<strong>de</strong>vidamente enca<strong>de</strong>rnadas o que significa que temos uma história pra contar,<br />

fazemos parte e temos documentada nas páginas do jornal quase a meta<strong>de</strong> da história <strong>de</strong> <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong>. Gosto <strong>de</strong>mais do que faço e estamos comprometidos com a nossa comunida<strong>de</strong>, papel efetivo da<br />

imprensa interiorana <strong>de</strong> fazer a diferença e publicar o que os outras não publicam da nossa cida<strong>de</strong>,<br />

por isso nosso slogan é ” (jornal A Gazeta)<br />

Nestor Ferreira Machado – 60 anos<br />

Em 1971 vim para <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> para trabalhar em fábrica <strong>de</strong> calçados, on<strong>de</strong><br />

fiquei durante 5 anos. Depois passei por outras empresas <strong>de</strong> calçados até<br />

que em 1983 comecei no táxi on<strong>de</strong> estou até hoje. Me <strong>de</strong>i bem nessa profissão e tudo<br />

que tenho eu agra<strong>de</strong>ço ao meu trabalho. Quando comecei no táxi, era muito bom,<br />

tinham menos carros e menos táxis. Hoje está disputado, mas como sou antigo na<br />

praça, conquistei muitos clientes. No começo, trabalhava em finais <strong>de</strong> semana e à<br />

noite, mas agora só durante o dia, a não ser para conhecidos, pois já fui assaltado<br />

à noite. Tenho por hábito não puxar conversa com os passageiros, mas se eles começam<br />

a conversar eu falo, se não vou quieto, mas sempre procurando aten<strong>de</strong>r<br />

bem. Hoje trabalho mais com pessoas idosas que chegam a me ligar num dia para<br />

agendar corrida para o outro. Me consi<strong>de</strong>ro filho <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, é uma cida<strong>de</strong> ótima.“ (taxista)<br />

Olegário Trott – 60 anos<br />

Sou natural <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> on<strong>de</strong> optei em ficar para <strong>de</strong>senvolver<br />

minha ativida<strong>de</strong> profissional e on<strong>de</strong> já tinha amigos e família. Fui<br />

o primeiro engenheiro <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Tive intenção <strong>de</strong> me especializar na<br />

área, mas não pu<strong>de</strong> por falta <strong>de</strong> tempo e excesso <strong>de</strong> trabalho. Nossa empresa<br />

completa 35 anos em 2011 e já contabiliza mais <strong>de</strong> dois milhões <strong>de</strong> metros<br />

quadrados <strong>de</strong> construções, isso é muita obra. O foco maior foi em nosso estado,<br />

mas tivemos também obras fora. Minha primeira casa foi também minha<br />

primeira obra e já troquei <strong>de</strong> casa 22 vezes, pois prefiro fazer uma nova<br />

que reformar.Como durante muito tempo fui o único engenheiro <strong>de</strong> <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong>, era muito solicitado, então nesta época eu não tinha final <strong>de</strong> semana<br />

ou noite livre. Tinha que estar sempre à disposição e esse espírito <strong>de</strong> luta, trabalho e <strong>de</strong>sprendimento<br />

nos colocou na posição que estamos hoje. Muitas obras construídas em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> nestes 35 anos da<br />

nossa empresa, tiveram a participação efetiva na construtora Mo<strong>de</strong>lo.” (construtora Mo<strong>de</strong>lo)<br />

Orvalina Cipriano da Cruz – 76 anos<br />

Nasci na região que era chamada <strong>de</strong> Rua dos Gringos e com 10 anos comecei<br />

a trabalhar como doméstica. De lá pra cá nunca parei e hoje trabalho<br />

com reciclagem. Em 1961 vim para o Rio Branco, e chegando aqui só encontrei<br />

matos, vacas, bois e cavalos. As primeiras mudanças, as que começaram<br />

a <strong>de</strong>ixar o bairro bonito, foram quando cortaram os matos. Depois chegaram os<br />

vizinhos, construindo as casas. Nesta época <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> não tinha luz nem água<br />

e aqui no bairro era só barro. À noite não se enxergava nada, era muito escuro,<br />

mas mesmo assim não tinha medo, pois naquela época não tinha assaltos. Trabalhei<br />

também em curtumes e aqui no Rancho da Amiza<strong>de</strong> trabalhei na cozinha.<br />

Des<strong>de</strong> pequena jogo bilboquê, um brinquedo <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira e já fui rainha<br />

nas Olimpíadas <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. No bairro me dou bem como todo mundo, fui a primeira moradora, e<br />

pra mim é uma alegria ver as mudanças no bairro.” (moradora do bairro Rio Branco)


Oscar Carlos Faifer – 52 anos<br />

Nasci em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, no bairro Porto Blos. Meu pai tinha comércio, criação<br />

<strong>de</strong> animais, serralheria, e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os 8 anos já ajudava meu pai nos<br />

afazeres dos negócios <strong>de</strong>le. Nesta época <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> tinha duas ruas, a Avenida<br />

Brasil e a Presi<strong>de</strong>nte Vargas, e para sair do Porto Blos e ir para a Barrinha, não<br />

tínhamos a ponte que temos hoje. Daí atravessava por balsa, e em época <strong>de</strong> estiagem,<br />

para não pagar travessia, o pessoal atravessava o rio à pé, <strong>de</strong> carroça<br />

ou <strong>de</strong> carreta. Depois <strong>de</strong> um mês do nascimento do meu segundo filho, o Carlos,<br />

é que foi diagnosticado a síndrome <strong>de</strong>le que me levou a procurar a Apae.<br />

Enquanto as coisas acontecem na vida dos outros, a gente acaba não se envolvendo,<br />

mas quando acontece com a gente é diferente. A Apae tem um papel<br />

importante na formação <strong>de</strong>le em relação a quem é hoje, muito in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte. A gente acaba se apaixonando<br />

pela Apae <strong>de</strong>pois que se sabe o trabalho sério <strong>de</strong> uma instituição como esta”. (APAE)<br />

Paulo Saenger (Bilú) – 59 anos<br />

Em 1969 fui trabalhar numa empresa calçadista e nesta época em<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> existia um time chamado Santos Futebol Clube. Quando<br />

recebi meu primeiro pagamento fui para o centro da cida<strong>de</strong> e encontrei<br />

com o então presi<strong>de</strong>nte <strong>de</strong>ste time e me convi<strong>de</strong>i para jogar. Sabia que eles<br />

precisam <strong>de</strong> jogadores e foi assim que comecei a participar do futebol. Estava<br />

com 16 anos e já comecei tar<strong>de</strong>, jogava como ponta direita, não tinha<br />

habilida<strong>de</strong> nenhuma, mas corria bastante. Depois me machuquei e fiquei<br />

dois meses afastado do futebol. Quando já estava recuperado, fui olhar<br />

um jogo do Santos no campo do 15, e ao chegar lá o meu time estava sem<br />

goleiro. Eu louco pra jogar pedi pra ser o goleiro e daquele momento em<br />

diante nunca mais saí daquela posição. Em 1969 comecei a treinar também no juniores do clube 15 <strong>de</strong><br />

novembro e joguei durante um tempo nos dois times, no Santos que foi o time que me revelou, e no<br />

15, on<strong>de</strong> fiquei até 1989. Pelo Santos só disputei amistosos e pelo 15 tive a felicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ficar oito vezes<br />

campeão estadual e uma vez campeão Sul Brasileiro <strong>de</strong> amador. Naquela época se jogava futebol<br />

por amor a camiseta, não se recebia salário para vestir a camisa do time.” (ex-goleiro)<br />

Pedro Dos Santos Dutra – 54 anos<br />

A igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus está completando em 2011, 100 anos no<br />

Brasil, e <strong>de</strong>stes, estamos 73 anos em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> on<strong>de</strong> cheguei por meio<br />

<strong>de</strong> uma convenção <strong>de</strong> pastores da Assembléia <strong>de</strong> Deus no RS on<strong>de</strong> fui convidado<br />

para pastorear. Sou natural <strong>de</strong> Três <strong>de</strong> Maio e <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1979 me <strong>de</strong>dico aos trabalhos<br />

da igreja e, exclusivamente ao pastorado, <strong>de</strong>ste 1983. Pelo tempo que estou em<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1997, já me consi<strong>de</strong>ro <strong>de</strong> campo-bonense e estou muito realizado<br />

e me sinto honrado por testemunhar o progresso fantástico <strong>de</strong>ste município.<br />

Desejo que as pessoas sintam-se cada vez mais felizes por fazerem parte da<br />

história dos 52 anos <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>.” (pastor da igreja Assembléia <strong>de</strong> Deus)<br />

Ruy Juarez Corrêa – 53 anos<br />

Sou do tempo em que havia trem em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, o bon<strong>de</strong> que eu e<br />

minha mãe íamos para Novo Hamburgo e que em algumas ocasiões<br />

eu fazia peraltices. Enchia os trilhos do trem <strong>de</strong> sabão na subida do morro<br />

só para ver ele patinar. Nasci nesta bela cida<strong>de</strong> e gostaria <strong>de</strong> ter sido várias<br />

coisas, e não fui. Queria ter sido guarda florestal, marinheiro e policial. Aos<br />

18 anos fui ser taxista, profissão em que me achei, porque nela se vive um<br />

pouco <strong>de</strong> tudo. Já tentei largar a profissão, fazer outras coisas, mas voltei<br />

para o táxi, que é o que gosto <strong>de</strong> fazer e on<strong>de</strong> vou ficar até o fim. Aqui tu<br />

conversa com todo mundo, tem liberda<strong>de</strong>, anda por vários lugares. Tem<br />

corridas que são tão boas que se pu<strong>de</strong>sse, não cobraria o passageiro, porque<br />

a conversa é tão boa, o cliente <strong>de</strong>ixa a gente <strong>de</strong> bom astral. É por isso que gosto. Só vou parar <strong>de</strong><br />

dirigir quando não pu<strong>de</strong>r mais entrar em um carro, e se eu só não pu<strong>de</strong>r mais trocar <strong>de</strong> marcha, compro<br />

um carro hidramático.” (taxista)<br />

Silvio Reichert – 61 anos<br />

Nasci em um casarão amarelo que mais parecia uma vagão <strong>de</strong> trem,<br />

bem no centro <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Durante todos meus anos <strong>de</strong> vida, só<br />

estive fora da cida<strong>de</strong> por dois anos, <strong>de</strong>pois nunca mais sai daqui, on<strong>de</strong> formei<br />

minha família. Trabalhei em fábricas <strong>de</strong> calçados, e um dia, quando tinha 19<br />

anos, passei na Rua Voluntários da Pátria e vi uma placa escrito: `ven<strong>de</strong>-se<br />

esta sapataria’, falei com meu sogro que topou uma socieda<strong>de</strong>. A sapataria<br />

custou mil cruzeiros e meu sogro ven<strong>de</strong>u uma vaca para po<strong>de</strong>r entrar <strong>de</strong> sócio<br />

comigo. Trabalhamos um ano juntos, mas <strong>de</strong>pois ele preferiu sair do negócio.<br />

Segui sozinho e <strong>de</strong>pois comprei uma outra sapataria que tinha na cida<strong>de</strong>. Estou<br />

no negócio <strong>de</strong>ste 1969 e agora trabalho com o meu filho. Me aposentei em<br />

1994 mas não consigo parar <strong>de</strong> trabalhar porque aqui todo dia é uma novida<strong>de</strong>. O melhor da profissão<br />

é ter o prazer <strong>de</strong> consertar e ver as pessoas felizes pelo trabalho que eu realizei.” (sapateiro)<br />

11<br />

Teresinha <strong>de</strong> Jesus T. <strong>de</strong> Oliveira – 75 anos<br />

Estou em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1969, quando meu<br />

marido Ari Serpa veio para fazer a hidráulica da<br />

cida<strong>de</strong>. Depois <strong>de</strong> passar por outros bairros, fomos morar<br />

em frente à capela mortuária, em 1973. Fui a primeira<br />

pessoa a trabalhar na capela e lá fiquei por 15<br />

anos até me aposentar. Durante este período fiz <strong>de</strong> tudo:<br />

recebia o cadáver, abria a capela, cobrava, acertava<br />

na <strong>Prefeitura</strong> e limpava a capela. Muitas vezes funerárias<br />

<strong>de</strong> fora <strong>de</strong>ixavam lá indigentes. Uma vez o<br />

IML foi lá para exumar um corpo que tinha suspeita<br />

<strong>de</strong> que não fosse morte natural, e eu participei <strong>de</strong>ste <strong>de</strong>senterro. Nada é coincidência, tudo<br />

é providência, mas antes <strong>de</strong> trabalhar na capela, tinha medo <strong>de</strong> ir em velório à noite.<br />

Mas se Deus me colocou naquela função, foi para apren<strong>de</strong>r e eu fui me acostumando que<br />

a morte faz parte da natureza.” (moradora do bairro Metzler)<br />

Valter Foerster – 69 anos<br />

Minha lembrança mais remota <strong>de</strong> <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong> é da Avenida Andradas, quando tinha só<br />

um trilho <strong>de</strong> carreta que dava acesso a uma empresa <strong>de</strong><br />

caminhões. Tive a infelicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> per<strong>de</strong>r meu pai muito<br />

cedo e como estava fora para um período <strong>de</strong> estudos,<br />

voltei para assumir uma parte da olaria que meu pai era<br />

sócio e que foi fundada por meu bisavó há mais <strong>de</strong> cem<br />

anos. Esta empresa existe até hoje. Fiquei na empresa <strong>de</strong><br />

1963 até 1974 e neste período fui fazer o curso <strong>de</strong> arquitetura.<br />

Como tinha a olaria, convivia muito com obras<br />

e por isso a escolha pela profissão foi natural, e se não estou enganado, fui o primeiro arquiteto<br />

formado <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>. Tenho projetos <strong>de</strong> hotel em várias cida<strong>de</strong>s, até no Chuí.<br />

Quando comecei na área, a tecnologia que existia era um papel vegetal, on<strong>de</strong> tínhamos<br />

que <strong>de</strong>senhar e <strong>de</strong>pois passar caneta nanquim, e a evolução foi enorme a partir <strong>de</strong> 1990<br />

com a chegada da computação. Em 1992 me foi solicitado um projeto arrojado para <strong>Campo</strong><br />

<strong>Bom</strong>, anos <strong>de</strong>pois esta a obra saiu do papel e está aí, é o CEI.“ (arquiteto)<br />

Vania Olívia Schmidt Pacheco – 69 anos<br />

Sou natural <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, e cresci numa cida<strong>de</strong><br />

que era muito discreta, com poucas casas<br />

e poucos moradores. Des<strong>de</strong> criança meu sonho era<br />

ser professora. Em casa eu não tinha companhia pra<br />

brincar então brincava sozinha <strong>de</strong> professora, e com<br />

18 anos fiz concurso para a área e passei. Fui chamada<br />

para lecionar em <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong>, quando já era município.<br />

Minha primeira vaga foi em Santa Maria do<br />

Butiá, numa escola que ficava ao lado das olarias.<br />

Para chegar até lá, tinha que atravessar o Rio dos<br />

Sinos <strong>de</strong> barco ou balsa. Por isso quando tinha enchente não era possível chegar até a<br />

escola. Quando as águas baixavam, o então prefeito Adriano Dias colocava seu carro à<br />

disposição, um Jipe, e seu motorista, Alfredo Cafuncho, para nos levar até a escola. Eu<br />

e uma colega professora lecionávamos cinco turmas na mesma sala. Boas lembranças<br />

tenho daquele tempo quando os alunos eram crianças muito queridas e vinham nos<br />

encontrar na meta<strong>de</strong> do caminho. Em 1962 fui lecionar na escola Borges <strong>de</strong> Me<strong>de</strong>iros,<br />

e em 1977 assumi a direção, on<strong>de</strong> fiquei por oito anos.” (professora)<br />

Vera Maria Freitas – 57 anos<br />

Faz 27 anos que moro aqui no bairro. Quando<br />

cheguei aqui não tinha posto <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, e como<br />

sempre gostei <strong>de</strong> ajudar as pessoas, os vizinhos vinham<br />

me pedir pra aplicar injeção, ajudar quando tinha criança<br />

doente, levar no médico. Sempre que me pe<strong>de</strong>m um<br />

favor eu ajudo, não tem hora, inclusive na madrugada.<br />

Hoje eu ganho por alguns dos trabalhos que eu faço, mas<br />

muito trabalhei sem ganhar, porque gosto do que faço.<br />

Meu marido faz parte da Pastoral da Criança e eu sempre<br />

aju<strong>de</strong>i. Uma história que me marcou foi com uma<br />

criança <strong>de</strong> uma vizinha, que fui ajudar a socorrer, mas a criança não resistiu e morreu. Nesta<br />

época a gente não tinha nem luz em casa, eu tinha meus dois filhos mais velhos pequenos.<br />

Deixei os dois sozinhos em casa para socorrer esta criança que morreu no meu colo, e isto<br />

me dá força para cada vez mais querer ajudar. Muitas vezes <strong>de</strong>ixo <strong>de</strong> estar com a minha<br />

família para cuidar <strong>de</strong> doentes. Mesmo que não precisasse trabalhar, eu faria essas ações.<br />

<strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong> pra mim é tudo <strong>de</strong> bom e quando eu vou pra outras cida<strong>de</strong>s, visitar parentes,<br />

chegando lá já me dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> voltar.” (moradora bairro Aurora)


06.02.1977 - Banda Beckinha Show<br />

05.04.70 - 1ª apresentação do Grupo<br />

Folclórico da Juventu<strong>de</strong> Evangélica<br />

Déc. 60 - Coral da Igreja Luterana –<br />

Comunida<strong>de</strong> da Paz <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

<strong>RESGATE</strong> HISTÓRICO<br />

Déc. 70 -<br />

Time Júnior<br />

do E.C. 15 <strong>de</strong><br />

Novembro<br />

(www.campobom.rs.gov.br)<br />

1947 - Sr. e Sra. Katzenberg - doadores dos sinos da<br />

Igreja Luterana – Comunida<strong>de</strong> da Paz <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

27.06.1970 - Grupo Folclórico da Juventu<strong>de</strong> Evangélica<br />

num baile no clube Oriente<br />

1955 - Professora Sally Stoffel e seus alunos do 1º ano<br />

da Escola Tiran<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> <strong>Campo</strong> <strong>Bom</strong><br />

09.12.78 - 15<br />

<strong>de</strong> Novembro<br />

conquista<br />

o Tetra<br />

Campeonato<br />

Estadual <strong>de</strong><br />

Amador - na<br />

Socieda<strong>de</strong><br />

Concórdia

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