O corpo é discurso ISSN 2236-8221 - Uesb

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O INSTANTE DECISIVO NO CORPO ESCRITO PELO DISCURSO DO DIREITO¹ Dionéia Motta Monte-Serrat² Leda Verdiani Tfouni³ O estudo do Instante Decisivo - como percepção de formas e, ao mesmo tempo, questionamento quanto à sua significação (BRESSON) - no discurso do Direito subverte o “sempre já lugar” da imagem de sujeito de direito (que é assujeitado sem se dar conta disso) e introduz uma ordem diferente de operações. Pensando o conceito de imagem diferentemente do senso comum, mas como imago, como algo que tem um efeito morfogênico (que pode induzir formas), concebemos o corpo conformado àquilo que lhe define um discurso social. Para melhor explicar essa questão, observamos o que se dá numa audiência do Poder Judiciário, cujo rito é ditado de antemão pela lei (descreve o que o sujeito “deve falar” e “quando falar”). Há um efeito ideológico “invisível” que atua na constituição do sujeito, pois, ao constituir-se a partir do esquecimento daquilo que o determina, reinscreve, em seu próprio discurso, elementos do “já dito” que “fornece-impõe a ‘realidade’ e seu sentido” (PÊCHEUX, 1988, p. 164). A imagem de sujeito de direito dada pela lei dentro do rito jurídico leva a um “‘real’ desconhecido, outrora designado como carne” (CERTEAU, 1994, p. 237). A ficção da lei dá um corpo unificador à fragmentação das falas dos depoentes, instala uma imagem virtual imaginária que dá ao sujeito uma ilusão de totalidade (PORGE, 2006, p. 75), a ilusão de ¹ Artigo publicado nos Cadernos do IL, UFRGS, Porto Alegre, n.º 44, junho de 2012. p. 43-56. ² Doutoranda em Psicologia pela Faculdade de Filosofia Ciências e Letras da Universidade de São Paulo, FFCLRP-USP, Ribeirão Preto. FAPESP 09/54417-4. E-mail: di_motta61@yahoo.com.br. ³ Professora Titular da FFCLRP-USP, Pesquisadora do CNPq, lvtfouni@usp.br. que ele é sujeito de direito. A lei “se faz crer e praticar” (CERTEAU, 1994, p. 241), torna-se “historiada e historicizada, narrada” pelo corpo; “se faz carne” e conforma o corpo àquilo que ela determina, dando-lhe movimento pelo rito. O Poder Judiciário do Estado como AIE, situado na função do espelho (“A”) na constituição do sujeito (MONTE-SERRAT, 2010), faz o corpo dos depoentes “dizerem o código” (CERTEAU, 1994, p. 240), tornando-os “uma carne que a escritura transforma em corpo” (CERTEAU, 1994, p. 237). No ritual da audiência do Poder Judiciário, sob a perspectiva discursiva (PÊCHEUX, 1988, TFOUNI, 2005), observamos que a imagem coesa do corpo escrito pelo discurso do Direito é rompida com a emergência de um sujeito dividido, constituído fora da lógica jurídica. Se o silogismo do discurso do Direito escreve o corpo (imagem virtual que dá ao sujeito ilusão de totalidade), podemos afirmar que o deslocamento dessa estrutura silogística rígida caracteriza o Instante Decisivo como resistência à formação ideológica dominante, fazendo da lei um traço sem corpo (CHRISTIN, 2001, p. 15). Referências: BRESSON H., Tête à Tête, Portraits by Henry Cartier-Bresson. Disponível em http://www.npg.si.edu/exh/cb. Acesso em: 23 out. 2009 CERTEAU, M. A invenção do cotidiano: 1. Artes de fazer. Petrópolis, RJ: Vozes, 1994. PORGE, 2006 CHRISTIN, A. L’image écrite ou la déraison graphique. Paris: Flamarion, 2001. MONTE-SERRAT, D. Letramento e discurso jurídico, Pró-forma da tese apresentada para exame de qualificação junto ao Programa de Pós-Graduação em Psicologia, do Departamento de Psicologia da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo (FFCLRP-USP), sob orientação da Profa. Dra. Leda Verdiani Tfouni, em junho de 2010. PÊCHEUX, M., Semântica e Discurso: uma crítica à afirmação do óbvio. Campinas: Ed. Unicamp, 1988. TFOUNI, L. V. Letramento e alfabetização, São Paulo: Ed. Cortez, 2005.
OS DOMÍNIOS DO DISCURSO NA CONTEMPORANEIDADE: QUESTÕES INVESTIGATIVAS Durante os meses de junho, julho e agosto, na Universidade do Estado da Bahia – UNEB, está sendo realizada a série de seminários denominada Os domínios do discurso na contemporaneidade: questões investigativas, organizada pela Professora Doutoranda Janaina de Jesus Santos (Audiscurso/UNEB-Caetité). Essas reuniões têm o objetivo de discutir tópicos e apresentar análises no campo dos estudos discursivos, considerando as materialidades literária e fílmica enquanto lugares de visibilidade de discursos. Para tanto, foram convidados pesquisadores do campo da Análise do Discurso que abordam diferentes objetos e problematizam a metodologia para descrever e analisar a constituição dos discursos. Os seminários são direcionados para discentes de graduação, professores da educação básica e interessados em geral. Os encontros dividem-se em dois momentos: primeiramente, os conferencistas convidados apresentam e discutem o tema proposto, tomando as bases teóricas definidas pelo seminário; em seguida, abre-se para o debate com os participantes. Ao todo, serão cinco encontros, totalizando 20 horas de carga horária. MATERIALIDADES DO DISCURSO FÍLMICO: SOM E IMAGEM (INTRODUÇÃO A UMA ANÁLISE AUDIOVISUAL) O Laboratório de Estudos do Discurso e do Corpo – Labedisco está realizando o curso Materialidades do discurso fílmico: som e imagem (introdução a uma análise audiovisual), coordenado pelo Prof. Dr. Nilton Milanez (Labedisco/UESB) e ministrado pelos pesquisadores vinculados ao projeto de pesquisa Materialidades do corpo e do horror e ao projeto de extensão Análise do discurso fílmico. Ao longo do curso, será discutida a obra Lendo as Imagens do Cinema, de Laurent Jullier e Michel Marie (2009). O objetivo é desenvolver ferramentas para a análise do discurso fílmico, usando os procedimentos que este livro traz para que seja possível decifrar o cinema no nível do plano, da sequência e do filme. Dessa forma, serão discutidos, ainda, métodos de observação e análise para o discurso em questão, sem perder de vista as discussões advindas da Análise do Discurso de orientação francesa da maneira como é compreendida no Brasil. Ao todo, serão quatro encontros; em cada um, estão sendo abordados temas diferentes: 1° Encontro: No Nível do Plano - O ponto de vista - Distância focal e profundidade de Campo - Os movimentos da câmera - Luzes e Cores - As combinações audiovisuais; 2° Encontro: No Nível da Sequência - Os pontos de Montagem - O poder da Montagem - A cenografia - Suspense e coups de thèatre - Efeito clipe e efeito circo - As metáforas audiovisuais; 3° Encontro: No Nível do Filme: - Os recursos da história - A distribuição do saber - Gêneros, estilos e dispositivos - O jogo com o espectador; 4° Encontro: O cinema mudo - Ferramentas estilos e técnicas.
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Page 7: “O LABEDISCO ABRE UM CURSO DE FRA

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