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MeiO aMBieNTe<br />

Especial<br />

o Bom Pastor. Isso nos faz discípulos e missionários do<br />

Deus da Vida e da Justiça. Semeadores do bem e da paz.<br />

Testemunhas da justiça maior. Chamados a viver em uma<br />

or<strong>de</strong>m justa e fraterna. Fazer com que o leite e o mel<br />

continue escorrendo pelos favos da existência humana.<br />

Garantindo que todos, todos sem exceção, tenham o<br />

direito <strong>de</strong> uma vida saudável, ética, digna <strong>de</strong> ser vivida.<br />

Enfi m, uma vida baseada na justiça. Essa é a vocação do<br />

pastor. Para isso ele foi chamado. E é isso que dá sentido e<br />

razão <strong>de</strong> ser para sua existência. A plenitu<strong>de</strong> da realização<br />

do pastor é, à imagem do Bom Pastor, po<strong>de</strong>r doar a<br />

própria vida pela vida <strong>de</strong> cada ovelha, <strong>de</strong> todo o rebanho.<br />

Para o pastor iluminado pelo Bom Pastor, o gastar-se é<br />

tornar-se mais rico, o doar-se é plenifi cação, o morrer é<br />

viver com abundância.<br />

Mercenários existem muitos e muitas. Homens e<br />

mulheres injustos que se travestem <strong>de</strong> pastores, mas<br />

cujas intenções são maléfi cas. São lobos perigosos e<br />

vorazes que se aproveitam da simplicida<strong>de</strong> e carência do<br />

rebanho para fazer acontecer suas intenções sórdidas.<br />

Devagar o rebanho vai discernindo e sabendo diferenciar<br />

o bom pastor do mercenário. O justo do injusto. “Pelos<br />

frutos se conhece a árvore”. O tempo se encarrega <strong>de</strong><br />

mostrar a verda<strong>de</strong> dos fatos e das reais intenções. “Não<br />

há nada oculto que não venha a ser revelado, não há nada<br />

escondido que mais cedo ou mais tar<strong>de</strong> não apareça”. As<br />

questões sociais nos permitem conhecer e distinguir o<br />

pastor do mercenário. Aqueles que realmente são justos<br />

e estão a serviço do rebanho e aqueles que são injustos<br />

e se aproveitam do rebanho para satisfazer seus próprios<br />

interesses.<br />

É no entendimento e na consciência <strong>de</strong> nossa missão<br />

<strong>de</strong> pastores que se funda a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> doarmos a vida.<br />

E isso se faz com a máxima alegria e generosida<strong>de</strong>. É no<br />

entendimento e na consciência do verda<strong>de</strong>iro sentido da<br />

justiça que nos tornamos construtores do Reino <strong>de</strong> Deus.<br />

Rio São Francisco: gerador <strong>de</strong> vida<br />

O Rio São Francisco é o Pai e a Mãe <strong>de</strong> todo um povo.<br />

É o que garante a água que milhões <strong>de</strong> seres humanos<br />

bebem, comem do seu peixe e se alimentam dos frutos<br />

das terras banhadas por suas águas. O Rio São Francisco é<br />

o gerador <strong>de</strong> vida para uma imensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> outras vidas. O<br />

“Velho Chico” não po<strong>de</strong> morrer. Da vida do “Velho Chico”<br />

<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> a vida <strong>de</strong> milhões <strong>de</strong> outros seres.<br />

Existem no Brasil rios ainda bem maiores que o<br />

São Francisco. Mas o que faz a diferença é o fato <strong>de</strong><br />

ele percorrer o semi-árido brasileiro. Região <strong>de</strong> muita<br />

carência <strong>de</strong> chuvas. Águas temos com certa abundância,<br />

mas concentradas em alguns rios e na imensa re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

açu<strong>de</strong>s existentes. Necessitamos urgentemente distribuir<br />

12 Em Re<strong>de</strong> <strong>Filhas</strong> <strong>de</strong> <strong>Jesus</strong> - Ano IV - Número 06 - 2009<br />

esta água concentrada para as populações difusas<br />

<strong>de</strong> todo o semi-árido. E isso é uma questão <strong>de</strong> justiça<br />

ambiental, pois a <strong>de</strong>mocratização da água é uma tarefa<br />

essencial para a manutenção da vida, pois ninguém po<strong>de</strong><br />

fi car sem ela.<br />

Se o Projeto <strong>de</strong> Transposição <strong>de</strong> Águas do Rio São<br />

Francisco tivesse como objetivo e meta a distribuição<br />

da água para as populações difusas, praticar a justiça<br />

ambiental e evangélica <strong>de</strong> “dar <strong>de</strong> beber a quem tem<br />

se<strong>de</strong>”, nós seríamos os primeiros a ser <strong>de</strong> acordo com<br />

o projeto. Apoiá-lo-íamos incondicionalmente. Mas a<br />

priorida<strong>de</strong> do Projeto <strong>de</strong> Transposição é a segurança<br />

hídrica em função dos gran<strong>de</strong>s projetos agro¬industriais.<br />

O uso econômico da água, antes <strong>de</strong> cumprir sua função<br />

essencial que é o <strong>de</strong>sse<strong>de</strong>ntamento humano e animal,<br />

faz o projeto tornar-se anti-ético e, portanto injusto, pois<br />

inverte as priorida<strong>de</strong>s no uso da água.<br />

O Rio São Francisco imita o santo <strong>de</strong> seu nome. O<br />

santo São Francisco nasceu <strong>de</strong> família abastada. Quando<br />

conheceu o sofrimento dos pobres <strong>de</strong> seu tempo, <strong>de</strong>ixou<br />

toda a riqueza da família e foi para o meio dos pobres e<br />

dos pobres mais pobres que eram os leprosos. Dedicou<br />

toda a sua vida a eles. Encarnou o verda<strong>de</strong>iro sentido e<br />

espírito da justiça humana.<br />

O Rio São Francisco nasce na Serra da Canastra, no<br />

sudoeste do estado <strong>de</strong> Minas Gerais, uma das regiões<br />

mais ricas do Brasil. Po<strong>de</strong>ria tomar a direção do leste<br />

ou do sul, regiões igualmente ricas. Mas não, faz uma<br />

curva e se dirige para o nor<strong>de</strong>ste. Coloca toda a sua<br />

potencialida<strong>de</strong> a serviço dos pobres do sertão brasileiro.<br />

É o rio que imita o santo <strong>de</strong> seu nome. O rio testemunha a<br />

justiça do seu santo padroeiro. Por isso dizemos, o Rio São<br />

Francisco é o pai e mãe <strong>de</strong> um povo. Aquele que supre<br />

suas necessida<strong>de</strong>s essenciais, vitais.<br />

Ser pastor nas barrancas do São Francisco é garantir<br />

vida e vida abundante aos barranqueiros. Vida abundante<br />

aos barranqueiros signifi ca vida abundante ao “Velho<br />

Chico”. Diante das inúmeras agressões causadas ao<br />

nosso rio, agressões essas geradoras <strong>de</strong> doença e morte,<br />

o pastor não po<strong>de</strong> manter-se calado. É sua missão, é seu<br />

<strong>de</strong>ver praticar a justiça, ser testemunha da justiça maior,<br />

erguer a voz, colocar suas forças no sentido <strong>de</strong> garantir<br />

vida ao rio, pois na vida do rio, está a vida do povo.<br />

É por isso que, diante <strong>de</strong> todas as ameaças <strong>de</strong> morte<br />

causadas ao rio e ao povo, o pastor se levanta, grita bem<br />

alto, qual João Batista no <strong>de</strong>serto, arrisca a própria vida,<br />

pois “on<strong>de</strong> a razão se extingue, a loucura é o caminho”.<br />

Para salvar o Velho Chico, salvar a biodiversida<strong>de</strong>, salvar<br />

os povos ribeirinhos, salvar os seres humanos, salvar o<br />

planeta, salvar a vida, vale a pena doar a própria vida.<br />

Vale a pena morrer para que tenham vida e vida em<br />

abundância. E assim se cumpre toda a justiça.

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