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Download da revista - Sindicato dos Bancários do ABC

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As grandes greves e o florescer de um novo sindicalismo<br />

A história vira<br />

a página<br />

No final <strong><strong>do</strong>s</strong> anos 70 os<br />

metalúrgicos <strong>do</strong> Grande<br />

<strong>ABC</strong> dão a larga<strong>da</strong><br />

para um movimento<br />

que, origina<strong>do</strong> na indignação e<br />

na necessi<strong>da</strong>de, iria se alastrar<br />

por to<strong>do</strong> o Brasil e culminar, anos<br />

depois, na retoma<strong>da</strong> <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> democrático<br />

brasileiro. Com a greve<br />

na monta<strong>do</strong>ra Scania, em maio de<br />

1978, eles cruzaram seus braços<br />

por salários (o índice real de inflação<br />

era manipula<strong>do</strong> pelo governo<br />

militar) e condições dignas de trabalho.<br />

Uma insurreição corajosa,<br />

que afrontava grandes empresários<br />

estrangeiros alia<strong><strong>do</strong>s</strong> aos generais<br />

<strong>da</strong> ditadura militar tupiniquim,<br />

sempre disposta a reprimir e até<br />

matar seus opositores.<br />

A liderança na Scania era de<br />

Gilson Menezes. A <strong>da</strong> categoria, de<br />

Luiz Inácio Lula <strong>da</strong> Silva, o Lula,<br />

então presidente <strong>do</strong> <strong>Sindicato</strong> de São Bernar<strong>do</strong> <strong>do</strong> Campo e<br />

cuja trajetória, nos anos seguintes, seguiria em rumo ascendente,<br />

em que pesem os muitos percalços, cassações e até a<br />

prisão que ele e vários companheiros tiveram de enfrentar.<br />

Na seqüência <strong>da</strong>s muitas greves e envolvimento com outros<br />

movimentos pró-democracia, vieram o fim <strong>da</strong> ditadura e as<br />

eleições diretas. Foram fun<strong>da</strong><strong><strong>do</strong>s</strong> o Parti<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> Trabalha<strong>do</strong>res<br />

(PT) e a Central Única <strong><strong>do</strong>s</strong> Trabalha<strong>do</strong>res (CUT) e, 25 anos<br />

depois <strong>do</strong> estopim Scania, o metalúrgico Lula <strong>da</strong>ria início,<br />

pelas urnas, a seu primeiro man<strong>da</strong>to como presidente <strong>da</strong><br />

República <strong>do</strong> Brasil.<br />

Categoria<br />

Essa história já é conheci<strong>da</strong> <strong>da</strong> maioria <strong><strong>do</strong>s</strong> brasileiros.<br />

Mas como esse “solavanco” nas relações trabalho/política<br />

repercutiu na categoria bancária? Em São Paulo, a diretoria<br />

<strong>do</strong> sindicato à época deixava claro que coadunava com “os<br />

poderes públicos para a promoção <strong>da</strong> paz social”. Ou seja,<br />

26 • REVISTA DOS BANCÁRIOS DO <strong>ABC</strong> • MARÇO 2009<br />

Com greve <strong>da</strong> Scania, em maio de 1978,<br />

metalúrgicos <strong>do</strong> <strong>ABC</strong> começam a sacudir as<br />

estruturas <strong>da</strong> ditadura. Em agosto, bancários<br />

de SP também entram em greve<br />

Lula em assembléia no estádio de Vila Euclides<br />

Reprodução <strong>do</strong> livro Imagens <strong>da</strong> Luta<br />

não estava nem aí para os problemas e manifestações <strong><strong>do</strong>s</strong> trabalha<strong>do</strong>res.<br />

Foi assim que, três meses após a greve na Scania,<br />

a Oposição Bancária de São Paulo chamou para a greve. A<br />

repressão veio forte, com a prisão de vários bancários e a diretoria<br />

fechan<strong>do</strong> o <strong>Sindicato</strong> e corren<strong>do</strong> ao Tribunal Regional<br />

<strong>do</strong> Trabalho (TRT) para assinar acor<strong>do</strong> com os patrões.<br />

Um <strong><strong>do</strong>s</strong> líderes <strong>do</strong> perío<strong>do</strong>, Augusto Campos – que<br />

mais tarde viria a se tornar verea<strong>do</strong>r pelo PT –, lembra que<br />

aquelas greves permitiram que uma parcela <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de<br />

civil se integrasse ao movimento contra a ditadura, passo<br />

colossal que colaborou para fortalecer as oposições sindicais,<br />

entre elas a de sua categoria. “A luta contra a ditadura<br />

ganhou uma dimensão popular, coisa rara nos outros<br />

movimentos sociais, quan<strong>do</strong> os trabalha<strong>do</strong>res tiveram um<br />

papel secundário. A partir desse movimento g<strong>revista</strong> nasceu<br />

a necessi<strong>da</strong>de de fun<strong>da</strong>r um parti<strong>do</strong> <strong><strong>do</strong>s</strong> trabalha<strong>do</strong>res, e<br />

o movimento de esquer<strong>da</strong> pôde sair <strong>do</strong> guar<strong>da</strong>-chuva <strong>do</strong><br />

MDB”, relembra.

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