Cadeia produtiva da indústria sucroalcooleira
Cadeia produtiva da indústria sucroalcooleira
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<strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong><br />
<strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong><br />
Cenários econômicos e estudos setoriais<br />
Recife | 2008
Conselho Deliberativo - Pernambuco<br />
Banco do Brasil - BB<br />
Banco do Nordeste do Brasil - BNB<br />
Caixa Econômica Federal - CEF<br />
Federação <strong>da</strong> Agricultura do Estado de Pernambuco - Faepe<br />
Federação <strong>da</strong>s Associações Comerciais e Empresariais de Pernambuco - Facep<br />
Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Estado de Pernambuco - Fecomércio<br />
Federação <strong>da</strong>s Indústrias do Estado de Pernambuco - Fiepe<br />
Instituto Euvaldo Lodi - IEL<br />
Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - Sebrae<br />
Secretaria de Desenvolvimento Econômico de Pernambuco - SDE<br />
Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial do Estado de Pernambuco - Senac/PE<br />
Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial - Senai/PE<br />
Serviço Nacional de Aprendizagem Rural - Senar/PE<br />
Socie<strong>da</strong>de Auxiliadora <strong>da</strong> Agricultura do Estado de Pernambuco<br />
Universi<strong>da</strong>de de Pernambuco - UPE<br />
Presidente do Conselho Deliberativo<br />
Josias Silva de Albuquerque<br />
Diretor-superintendente<br />
Murilo Guerra<br />
Diretora técnica<br />
Cecília Wanderley<br />
Diretor administrativo-financeiro<br />
Gilson Monteiro<br />
<strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>:<br />
cenários econômicos e estudos setoriais<br />
Coordenação geral<br />
Sérgio Buarque<br />
Equipe técnica - Sebrae<br />
João Alexandre Cavalcanti (coordenador <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de Observatório Empresarial)<br />
Ana Cláudia Arru<strong>da</strong><br />
Equipe técnica - Multivisão<br />
Enéas Aguiar<br />
Ester Maria Aguiar de Sousa<br />
Gérson Aguiar de Sousa<br />
Izabel Favero<br />
José Thomaz Coelho<br />
Valdi Dantas<br />
Coordenação <strong>da</strong> Uni<strong>da</strong>de de Comunicação e Imprensa - Sebrae<br />
Janete Lopes<br />
Revisão<br />
Betânia Jerônimo<br />
Projeto gráfico e diagramação<br />
Z.diZain Comunicação | www.zdizain.com.br<br />
Tiragem<br />
100 exemplares<br />
Impressão<br />
Reprocenter<br />
Sebrae<br />
Rua Tabaiares, 360 - Ilha do Retiro - CEP 50.750-230 - Recife - PE<br />
Telefone 81 2101.8400 | www.pe.sebrae.com.br
Sumário<br />
Lista de quadros e figuras .....................................................................................................5<br />
Palavra do Sebrae ...................................................................................................................7<br />
Apresentação .........................................................................................................................9<br />
Capítulo 1 - Caracterização <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> ................................................................11<br />
Capítulo 2 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil ......................................19<br />
Capítulo 3 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco .......................... 28<br />
Capítulo 4 - Dinamismo futuro <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco ................................33<br />
4.1 Dinamismo futuro <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de .......................................................................................33<br />
4.2 Perspectiva de encadeamento e adensamento ...............................................................36<br />
4.3 Oportuni<strong>da</strong>des de negócios futuros ............................................................................... 37<br />
Capítulo 5 - Espaços <strong>da</strong>s MPEs na cadeia <strong>produtiva</strong> .........................................................42<br />
Referências ............................................................................................................................47<br />
Apêndices .............................................................................................................................49<br />
3
Lista de quadros e figuras<br />
Quadros<br />
Quadro 1 - Produção e destinação <strong>da</strong> cana-de-açúcar: Pernambuco, Brasil e Regiões<br />
(Safra 2007/2008) ...................................................................................................................20<br />
Quadro 2 - Produção de açúcar: Pernambuco, Brasil e Regiões (1000t) ............................. 20<br />
Quadro 3 - Produção de álcool: Pernambuco, Brasil e Regiões (1000lts) ........................... 20<br />
Quadro 4 - Cana-de-açúcar: produção e produtivi<strong>da</strong>de (Pernambuco, Brasil e Regiões) ..21<br />
Quadro 5 - Vantagem competitiva do setor sucroalcooleiro brasileiro (2005) ..................... 23<br />
Quadro 6 - Comparação do custo <strong>da</strong> geração de emprego ................................................... 26<br />
Quadro 7 - Índice de açúcar total recuperável no Brasil e nos Estados produtores<br />
de cana-de-açúcar ....................................................................................................................31<br />
Diagramas<br />
Diagrama 1 - <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> ................................................13<br />
Gráficos<br />
Gráfico 1 - Brasil, Nordeste e UFs seleciona<strong>da</strong>s: produtivi<strong>da</strong>de por safra (2007-2008) ..... 22<br />
Gráfico 2 - Brasil: cana-de-açúcar moí<strong>da</strong> (milhões de tonela<strong>da</strong>s) ........................................24<br />
Gráfico 3 - Brasil: produção de açúcar (milhões de tonela<strong>da</strong>s) ........................................... 24<br />
Gráfico 4 - Brasil: produção de etanol (milhões de m3) .......................................................25<br />
Gráfico 5 - Destino <strong>da</strong> fabricação brasileira de cana-de-açúcar (%) .................................. 25<br />
Gráfico 6 - Evolução <strong>da</strong> participação do Nordeste e de Pernambuco na área planta<strong>da</strong><br />
total de cana-de-açúcar (%) ..................................................................................................27<br />
Gráfico 7 - Participação percentual do setor sucroalcooleiro no PIB de Pernambuco...... 29<br />
Gráfico 8 - Participação do açúcar e do álcool no PIB de Pernambuco (%) ..................... 30<br />
5
6<br />
Gráfico 9 - Evolução futura do volume de negócios <strong>da</strong> cana-de-açúcar (R$ milhões) .....38<br />
Gráfico 10 - Evolução do volume de negócios futuros <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> de alimentos<br />
e bebi<strong>da</strong>s (R$ bilhões) ...........................................................................................................39<br />
Gráfico 11 - Alimentos e bebi<strong>da</strong>s: evolução <strong>da</strong> receita de ven<strong>da</strong>s e do número<br />
de MPEs ..................................................................................................................................43
Palavra do Sebrae<br />
Os Cadernos Setoriais resultam do projeto Observatório Empresarial,<br />
que se destina a levar tendências e cenários macroeconômicos, com vistas a<br />
subsidiar o empresariado com informações sobre o ambiente de negócios.<br />
Trazem assim, esses cadernos, a estrutura <strong>produtiva</strong> do setor, analisando<br />
as suas características e desempenho, capaci<strong>da</strong>de de competir, dificul<strong>da</strong>des,<br />
ameaças e oportuni<strong>da</strong>des.<br />
Cabe ressaltar, ain<strong>da</strong>, a importância deste documento como indutor<br />
de políticas públicas capazes de criar um ambiente favorável à solução de<br />
eventuais dificul<strong>da</strong>des no pleno desenvolvimento de ca<strong>da</strong> um dos setores<br />
estu<strong>da</strong>dos.<br />
Murilo Guerra<br />
Superintendente do Sebrae em Pernambuco<br />
7
Apresentação<br />
Este documento apresenta uma análise <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> sucroal-<br />
cooleira em Pernambuco, procurando identificar as futuras oportuni<strong>da</strong>des<br />
de negócios e os espaços para micro e pequenas empresas. Faz parte do<br />
projeto “Cenários e estudos de tendências setoriais” do Sebrae Pernambuco.<br />
Além desta cadeia, o estudo analisou 12 outras cadeias <strong>produtiva</strong>s: avicultura,<br />
construção civil, produtos reciclados, <strong>indústria</strong> naval, <strong>indústria</strong> de<br />
material plástico, <strong>indústria</strong> de poliéster, refino de petróleo, têxtil e de confecções,<br />
<strong>indústria</strong> metalúrgica e produtos de metal, <strong>indústria</strong> madeiro-moveleira,<br />
logística e turismo. Para ca<strong>da</strong> uma foi produzido um relatório semelhante<br />
de análise <strong>da</strong> dinâmica futura, <strong>da</strong>s oportuni<strong>da</strong>des de negócios e dos espaços<br />
para as pequenas e microempresas de Pernambuco.<br />
<strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> é entendi<strong>da</strong>, neste trabalho, como a malha de interações<br />
seqüencia<strong>da</strong> de ativi<strong>da</strong>des e segmentos produtivos que convergem<br />
para a produção de bens e serviços (articulação para frente e para trás), articulando<br />
o fornecimento dos insumos, o processamento, a distribuição e a<br />
comercialização, e mediando a relação do sistema produtivo com o mercado<br />
consumidor. A competitivi<strong>da</strong>de de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s fases <strong>da</strong> cadeia e, principalmente,<br />
do produto final, depende do conjunto dos seus elos e, portanto,<br />
<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de e eficiência <strong>produtiva</strong> de ca<strong>da</strong> um deles.<br />
9
10<br />
Embora na literatura contemporânea o conceito de competitivi<strong>da</strong>de<br />
sistêmica (apoiado na concepção de cluster de Michael Porter) destaque<br />
que a eficiência <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> cadeia depende de um conjunto de fatores<br />
e condições externas à mesma (externali<strong>da</strong>des) — oferta de infra-estrutu-<br />
ra adequa<strong>da</strong>, regulação <strong>da</strong> produção e comercialização, disponibili<strong>da</strong>de de<br />
tecnologia e de mão-de-obra qualifica<strong>da</strong>, sistema financeiro, entre outras, a<br />
análise <strong>da</strong> cadeia está concentra<strong>da</strong> no processo de produção para identifi-<br />
cação dos elos de maior oportuni<strong>da</strong>de de negócios no futuro <strong>da</strong> economia de<br />
Pernambuco. Como o objetivo do estudo não é promover o desenvolvimento<br />
<strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong>, mas identificar na cadeia as oportuni<strong>da</strong>des de negócios,<br />
especialmente para as MPEs, partindo <strong>da</strong> hipótese sobre a sua evolução futura,<br />
não será relevante analisar os fatores sistêmicos.<br />
A análise <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> foi feita com base em duas fontes principais<br />
de informação, <strong>da</strong>ndo tratamento técnico e organizando e confrontando<br />
<strong>da</strong>dos secundários e informações bibliográficas sobre o tema (ver referências),<br />
além <strong>da</strong> visão de empresários e técnicos expressa em entrevistas<br />
semi-estrutura<strong>da</strong>s (ver lista de entrevistados).<br />
O documento está estruturado em cinco capítulos: o Capítulo 1 apresenta<br />
uma caracterização descritiva <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> e dos seus elos<br />
mais importantes (cadeia principal, cadeia a montante e cadeia a jusante),<br />
numa abor<strong>da</strong>gem teórica geral, ain<strong>da</strong> não identificando os elos presentes e<br />
importantes em Pernambuco; no Capítulo 2, uma análise do desempenho<br />
recente <strong>da</strong>s principais ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil, detalha<strong>da</strong><br />
para o Estado de Pernambuco no Capítulo 3; o Capítulo 4 procura explorar<br />
as perspectivas futuras <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> nos próximos 13 anos (com<br />
base na trajetória mais provável) e avança na identificação <strong>da</strong>s grandes<br />
oportuni<strong>da</strong>des de negócios que se abrem; no Capítulo 5, uma focalização<br />
dos espaços que as MPEs podem ocupar dentro <strong>da</strong> evolução futura<br />
<strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>.
Capítulo 1<br />
Caracterização <strong>da</strong> cadeia<br />
<strong>produtiva</strong><br />
A cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> é bastante estrutura<strong>da</strong> no Brasil,<br />
único país do mundo que domina todos os estágios <strong>da</strong> sua tecnologia de<br />
produção. Representa um conjunto amplo e articulado de ativi<strong>da</strong>des que vão<br />
desde a produção <strong>da</strong> cana-de-açúcar, até a colocação do açúcar e do álcool<br />
no mercado para consumo final, passando por todos os elos de processamento<br />
(Figura 1). O agronegócio <strong>da</strong> cana-de-açúcar compõe-se de elos geradores<br />
de várias oportuni<strong>da</strong>des de negócios: produção <strong>da</strong> cana-de-açúcar, processamento<br />
de produtos derivados, serviços de pesquisa, capacitação, assistência<br />
técnica e creditícia, transporte, comercialização, exportação, serviços portuários,<br />
entre outras.<br />
A modernização e a competitivi<strong>da</strong>de sustentável do setor sucroalcooleiro<br />
resultaram <strong>da</strong> interação e integração entre usinas, destilarias e fornecedores<br />
de matérias-primas e insumos, centros de pesquisa, universi<strong>da</strong>des,<br />
fabricantes de equipamentos, instituições governamentais, corretores,<br />
representantes, atacadistas, varejistas e consumidores finais1 .<br />
As ativi<strong>da</strong>des a montante <strong>da</strong> cadeia central compreendem fornecedores<br />
de matérias-primas, máquinas, equipamentos, tecnologias etc. O núcleo<br />
central de produção engloba os principais elos que caracterizam as etapas<br />
fun<strong>da</strong>mentais para a elaboração dos produtos finais de consumo (açúcar<br />
e álcool); a jusante, estão as ativi<strong>da</strong>des de promoção <strong>da</strong> comercialização<br />
Capítulo 1 - Caracterização <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong><br />
1 VIDAL, Maria de Fátima; SANTOS, Ailton<br />
N; SANTOS, Marcus Antônio. Setor<br />
sucroalcooleiro no Nordeste brasileiro:<br />
estruturação <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong>, produção<br />
e mercado. 2006.<br />
11
e <strong>da</strong> distribuição para o mercado consumidor, assim como as ativi<strong>da</strong>des<br />
industriais de processamento do álcool e do bagaço para geração de insu-<br />
mos para outras cadeias <strong>produtiva</strong>s (energia, fármacos, alimentos etc).<br />
Dessa forma, constitui-se em um sistema complexo, motivo pelo qual<br />
a sua abor<strong>da</strong>gem deve partir do princípio de que “o desempenho de ca<strong>da</strong><br />
ativi<strong>da</strong>de <strong>produtiva</strong> depende <strong>da</strong>s suas integrações — para frente e para trás,<br />
numa relação sistêmica de encadeamento” (INTG/SEBRAE, 2000). Além dis-<br />
so, to<strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> vincula-se a um conjunto mais amplo de elementos<br />
que constituem o ambiente de negócio no qual se encontram os parâmetros<br />
de regulação, o fornecimento de mão-de-obra qualifica<strong>da</strong>, a oferta de tecnologia<br />
e os mecanismos de financiamento <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de econômica, além <strong>da</strong><br />
oferta de infra-estrutura e logística.<br />
A cadeia <strong>produtiva</strong> do setor sucroalcooleiro mostra-se bastante complexa,<br />
em função do número de elos que a compõem. Especialmente no conjunto<br />
de ativi<strong>da</strong>des centrais, apresenta uma diversi<strong>da</strong>de considerável de estruturas<br />
<strong>produtiva</strong>s desempenha<strong>da</strong>s por grandes e pequenas empresas, assim<br />
como de produtos e subprodutos colocados à disposição do mercado e de<br />
outras ativi<strong>da</strong>des industriais. Por outro lado, o setor vem passando por grandes<br />
mu<strong>da</strong>nças tecnológicas, tanto de mercado quanto de processos produtivos,<br />
sobretudo de processos de aproveitamento dos subprodutos (bagaço e<br />
palha de cana).<br />
Essa plurali<strong>da</strong>de de ativi<strong>da</strong>des envolvi<strong>da</strong>s ocorre desde a fase de<br />
plantio e colheita <strong>da</strong> cana-de-açúcar, que envolve, pelo menos, dois segmentos<br />
de produtores bem distintos que, ao longo do tempo, apresentam<br />
relacionamentos de complementari<strong>da</strong>de e conflitos: de um lado, o grupo<br />
econômico formado pelos usineiros; de outro, os plantadores e fornecedores<br />
de cana, onde predominam os pequenos proprietários de terra.<br />
Também no resto <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> cadeia central, em seqüência ao<br />
processo de moagem (Figura 1), a cadeia subdivide-se em dois grupos<br />
empresariais: nos elos laterais, voltados para a produção de açúcar e<br />
álcool, predominam as grandes e médias empresas, mais estrutura<strong>da</strong>s<br />
tanto financeira quanto organizacionalmente; no elo central, voltado<br />
para a pequena produção, e muitas vezes artesanal, de melaço, rapadura<br />
e aguardente, são encontra<strong>da</strong>s as micro e pequenas empresas<br />
que convivem no mercado com chances diferentes, especialmente<br />
no que se refere ao ambiente de negócios e ao acesso a financiamentos,<br />
tecnologia, infra-estrutura e logística.<br />
Em resumo, a cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> pode ser<br />
visualiza<strong>da</strong> como um conjunto de ativi<strong>da</strong>des articula<strong>da</strong>s em<br />
12 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
três blocos: a cadeia principal, na qual se dá o processo de pro-<br />
dução dos diversos produtos <strong>da</strong> cana-de-açúcar (açúcar, álco-<br />
ol, cachaça, rapadura, mel de engenho) e seus subprodutos; a<br />
cadeia a montante, responsável pela oferta de insumos e matérias-primas,<br />
máquinas e equipamentos para a cadeia principal; e<br />
a cadeia a jusante, que utiliza os produtos e subprodutos <strong>da</strong> cadeia<br />
principal. A interação lógica de funcionamento <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong><br />
<strong>sucroalcooleira</strong> está apresenta<strong>da</strong> no Diagrama 1.<br />
O trabalho de colheita <strong>da</strong> cana, em Pernambuco, sempre representou<br />
um momento de ampliação <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des basea<strong>da</strong>s no trabalho<br />
braçal, devido às características do relevo, que dificulta a mecanização<br />
e contribui para a baixa produtivi<strong>da</strong>de. Para reduzir o peso<br />
<strong>da</strong> cana, costuma-se atear fogo aos canaviais, destruindo as palhas <strong>da</strong><br />
planta, o que caracteriza uma prática, além de antieconômica, de efeitos<br />
nocivos ao meio ambiente2 .<br />
Atualmente, com o surgimento de novos usos para a palha, principalmente<br />
para a produção de briquetes3 , usados na geração de energia<br />
Capítulo 1 - Caracterização <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong><br />
2<br />
Esta prática tende a enfrentar dificul<strong>da</strong>des<br />
crescentes de colocação <strong>da</strong> produção no<br />
mercado internacional, cuja tendência é<br />
de boicote aos produtores com práticas<br />
de produção de baixa sustentabili<strong>da</strong>de<br />
ambiental. A despeito deste fato, o álcool é<br />
atualmente um produto de elevado valor,<br />
em termos de sustentabili<strong>da</strong>de ambiental<br />
e, por isso mesmo, possui grande potencial<br />
de comercialização. Ca<strong>da</strong> litro de álcool<br />
combustível reduz cerca de 2,6 quilos de<br />
emissão de CO2, gerador do efeito estufa,<br />
sendo que o mercado interno consome<br />
cerca de 14 bilhões de litros de álcool ao<br />
ano (CARVALHO, 2003).<br />
3 Briquetes feitos de materiais de “pequeno<br />
ou nenhum valor”, como jornais velhos<br />
ou restos de plantas parcialmente<br />
decompostos, como palha <strong>da</strong> cana, podem<br />
ser um combustível alternativo a lenha ou<br />
carvão, e vai custar menos.<br />
13
4 Ver nota 1.<br />
5 Existem três tipos de uni<strong>da</strong>des<br />
processadoras <strong>da</strong> cana-de-açúcar: as<br />
usinas que só produzem açúcar; as<br />
usinas com destilaria, que produzem<br />
tanto o açúcar como o álcool; e<br />
as destilarias autônomas que só<br />
produzem álcool. Em Pernambuco<br />
predominam as usinas do segundo<br />
tipo, onde o empresário pode optar<br />
pela produção tanto do açúcar como<br />
do álcool, a depender dos interesses<br />
do mercado, <strong>da</strong> variação dos preços<br />
desses produtos. Tradicionalmente,<br />
o Estado produz mais açúcar do<br />
que álcool. Podem ser encontrados,<br />
ain<strong>da</strong>, pequenos engenhos e<br />
destilarias que se dedicam à<br />
produção artesanal de cachaça e<br />
rapadura, com pouca influência no<br />
mercado.<br />
6 Algumas usinas comercializam o<br />
álcool neste estágio para a fabricação<br />
de cachaça, onde o álcool passa por<br />
um processo de centrifugação ou<br />
decantação, transformando-o em<br />
vinho, que passa pelo processo de<br />
destilação. Depois de destila<strong>da</strong>, a<br />
cachaça deve sofrer um processo de<br />
envelhecimento para posteriormente<br />
ser engarrafa<strong>da</strong>, forma que chega ao<br />
mercado distribuidor e consumidor.<br />
em substituição ao carvão, ela vem se tornando um subproduto de grande<br />
importância para a cadeia <strong>produtiva</strong>.<br />
Após a colheita, o processo produtivo passa pela lavagem e pelo desfi-<br />
bramento, preparando a cana para a moagem, o qual vem sofrendo mu<strong>da</strong>n-<br />
ças tecnológicas, uma vez que se reconhece que a lavagem <strong>da</strong> cana é uma<br />
ativi<strong>da</strong>de muito poluente, já que a água utiliza<strong>da</strong> é descarta<strong>da</strong> no meio<br />
ambiente sem nenhum tratamento. Este sistema vem sendo abolido em algu-<br />
mas uni<strong>da</strong>des de produção — em outras vem sendo substituído por um sistema<br />
de reutilização <strong>da</strong> água na irrigação do canavial4 . O elo seguinte <strong>da</strong><br />
cadeia responde pela moagem para produção do caldo e, em segui<strong>da</strong>, do açúcar<br />
e álcool, gerando como subproduto o bagaço, cuja utilização vem sendo<br />
feita para geração de eletrici<strong>da</strong>de na própria usina.<br />
Depois <strong>da</strong> concentração do caldo, separa-se o açúcar, de um lado, e o<br />
melaço, de outro; o melaço, como subproduto <strong>da</strong> concentração do caldo, pode<br />
ser utilizado para a alimentação animal, ou descartado, com riscos de poluir<br />
o meio ambiente. Nas usinas com destilaria5 , o melaço é tratado a partir <strong>da</strong><br />
destilação do álcool, restando como subproduto o vinhoto (ou vinhaça). A<br />
produção do vinhoto como subproduto <strong>da</strong> fermentação do melaço, durante<br />
muito tempo resultou em um problema para as usinas, que não tendo como<br />
estocar essa produção, lançava-o nos rios e córregos próximos, provocando<br />
graves problemas ecológicos. Hoje, este subproduto vem ganhando um<br />
novo espaço para utilização, sendo usado na própria usina, como fertilizante<br />
nos canaviais, na produção de fertilizantes para o mercado, mesmo que<br />
seja ain<strong>da</strong> pouco significativo. Mais recentemente, seu uso foi observado<br />
na produção de gás carbônico vendido para fábricas de refrigerantes e de<br />
águas gaseifica<strong>da</strong>s.<br />
Na refinaria autônoma, o álcool é o produto e o subproduto é o<br />
vinhoto. Na produção artesanal, depois <strong>da</strong> concentração do caldo, obtémse<br />
o mel de engenho, produto bastante utilizado na cozinha regional;<br />
já <strong>da</strong> mol<strong>da</strong>gem e secagem, a rapadura e o açúcar mascavo, produtos<br />
que vêm tendo o seu consumo estimulado, tanto nas dietas naturalistas<br />
como em meren<strong>da</strong>s escolares, por seu alto teor de ferro.<br />
A produção do álcool, que resulta <strong>da</strong> fermentação <strong>da</strong> concentração<br />
do caldo, pode ocorrer tanto nas usinas com destilarias, como<br />
nas destilarias autônomas.<br />
A produção do álcool também pode passar por várias etapas,<br />
com novas fases de destilação: <strong>da</strong> primeira destilação obtém-se<br />
aguardente ou álcool cru6 ; <strong>da</strong> segun<strong>da</strong>, álcool hidratado; <strong>da</strong> terceira,<br />
álcool anidro; e <strong>da</strong> quarta, álcool neutro.<br />
14 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Na análise <strong>da</strong> cadeia a montante, destaca-se, em primei-<br />
ro plano, o elo que representa o fornecimento de insumos agrícolas,<br />
indispensáveis à ativi<strong>da</strong>de de plantio e colheita <strong>da</strong> cana.<br />
Dentre esses insumos, salientam-se os adubos e os fertilizantes<br />
resultantes (uma boa parte) do próprio processo produtivo — como<br />
o adubo orgânico utilizado pelas usinas, obtido dos resíduos <strong>da</strong><br />
lavagem e do desfibramento <strong>da</strong> cana, <strong>da</strong>s palhas e do bagaço.<br />
Os implementos agrícolas mais importantes são os que direta<br />
e indiretamente se ocupam <strong>da</strong> produção <strong>da</strong> cana, tais como tratores,<br />
arados e instrumentos utilizados no plantio e na colheita <strong>da</strong> cana (foices,<br />
coletores), além dos equipamentos de irrigação. A utilização desses<br />
implementos estabelece um diferencial entre a produção no Estado<br />
de Pernambuco e a produção no Sudeste e Centro-Oeste. Uma vez que<br />
o cultivo <strong>da</strong> cana-de-açúcar, em Pernambuco, é feito, principalmente, em<br />
terras <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata, cujas características marcantes são a topografia<br />
irregular e o relevo, utilizam-se instrumentos mais rústicos e mais mão-deobra<br />
com menos mecanização (como as colhedeiras), o que reduz o índice<br />
de produtivi<strong>da</strong>de. Nas demais regiões, onde o plantio se dá em terrenos<br />
mais planos, a mecanização dos processos de plantação e colheita tem<br />
maior produtivi<strong>da</strong>de e absorve um menor uso de mão-de-obra. O transporte<br />
<strong>da</strong> cana para as uni<strong>da</strong>des de produção de açúcar e álcool é feito por meios<br />
variados — carros de boi, carroças, caminhões e treminhões.<br />
As máquinas e equipamentos são instrumentos principalmente utilizados<br />
a partir do processo de moagem <strong>da</strong> cana, passando pelos equipamentos<br />
de concentração do caldo, caldeiras, destilarias etc. Este elo é de fun<strong>da</strong>mental<br />
importância para o processo de produção do setor e representa um dos<br />
segmentos que exigem maiores investimentos, abrindo mercado no Estado<br />
não só para máquinas e equipamentos novos, como para máquinas e equipamentos<br />
usados. Uma boa parcela <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s em Pernambuco<br />
atua com máquinas usa<strong>da</strong>s, seminovas, adquiri<strong>da</strong>s de outras uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s<br />
situa<strong>da</strong>s no Sudeste, especialmente São Paulo. Só os grandes empresários<br />
do setor têm capital suficiente para investimento em máquinas e equipamentos<br />
novos. Um segmento também dinâmico e de grande importância<br />
para o funcionamento <strong>da</strong> produção é o de equipamentos que compõem as<br />
máquinas, tais como juntas de borracha para trocador de calor, placas de troca<br />
térmica, entre outros.<br />
O transporte do etanol para o mercado é feito com a utilização de carros-tanques.<br />
Nesta ativi<strong>da</strong>de também figuram os fornecedores de peças,<br />
pneus, válvulas, tubulações de aço, pois esses elementos representam<br />
Capítulo 1 - Caracterização <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong><br />
15
um segmento importante <strong>da</strong> planilha de custos de uma <strong>indústria</strong> do setor<br />
industrial vinculado à cadeia. Algumas ativi<strong>da</strong>des derivam <strong>da</strong> utilização<br />
de máquinas e equipamentos: manutenção, conservação e reparação de<br />
máquinas e equipamentos, que representam uma despesa <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des<br />
<strong>produtiva</strong>s.<br />
Os serviços especializados de caldeiraria, mecânica, limpeza, son-<br />
<strong>da</strong>gem, gabaritagem, colagem, assessoria e consultoria técnica vêm sendo<br />
ampliados no mercado e representam um custo importante na produção. Há<br />
também alguns ramos de serviços que não são exclusivos <strong>da</strong> cadeia, mas<br />
que assumem uma grande importância para o seu funcionamento: transporte<br />
interno e externo de pessoal e de material, dedetização, serviços escolares e<br />
de alimentação, pintura, fornecimento de far<strong>da</strong>mentos, equipamentos de proteção<br />
individual e coletiva etc.<br />
Os insumos industriais são utilizados na produção do açúcar e representam<br />
os produtos químicos utilizados na cristalização e clarificação do açúcar<br />
— carvão, cal e enxofre, afora a filtração do açúcar refinado e também alguns<br />
processos mais recentes com ozônio e trocadoras de íon (para o glacê).<br />
Outra ativi<strong>da</strong>de importante a montante <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> é a <strong>indústria</strong><br />
de embalagem. Para os produtos gerados na cadeia, as embalagens são<br />
bastante diversifica<strong>da</strong>s, desde as que são utiliza<strong>da</strong>s para o açúcar (sacos,<br />
potes), até as embalagens de rapadura e mel de engenho. Complementares<br />
a este setor, as empresas produtoras de rótulos e identificação de marcas.<br />
Os produtos comercializados em grandes quanti<strong>da</strong>des, como o açúcar para<br />
exportação e o etanol, são transportados em sistemas especiais.<br />
Também a <strong>indústria</strong> de garrafas desempenha uma função importante<br />
na cadeia, especialmente para a embalagem de álcool e cachaça. A<br />
comercialização <strong>da</strong> cachaça vem despertando a atenção para a produção<br />
de embalagens diferencia<strong>da</strong>s, que elevem o padrão de quali<strong>da</strong>de do produto<br />
no mercado.<br />
Os elos <strong>da</strong> cadeia a jusante resultam, na sua grande maioria, de<br />
subprodutos originados <strong>da</strong> cadeia central, que vem ganhando uma<br />
diversificação considerável nos últimos tempos. O primeiro deles é a<br />
produção e comercialização de adubo orgânico com a utilização do<br />
vinhoto que resulta <strong>da</strong> separação do açúcar e do álcool, na concentração<br />
do caldo, como fertilizante na ativi<strong>da</strong>de agrícola <strong>da</strong> canade-açúcar,<br />
embora a comercialização do vinhoto ain<strong>da</strong> não seja<br />
comum, pois quase não há sobra. Merece destaque, ain<strong>da</strong>, a torta<br />
de filtro, resultado <strong>da</strong> sobra de material do processo de fabricação<br />
do açúcar e muito rica em nitrogênio.<br />
16 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
A produção de bioenergia vem crescendo a jusante <strong>da</strong><br />
cadeia principal, com utilização do bagaço e <strong>da</strong> palha <strong>da</strong> canade-açúcar<br />
como fonte de geração de energia, parte <strong>da</strong> qual para<br />
suprimento <strong>da</strong>s próprias usinas. Na ver<strong>da</strong>de, parte do bagaço<br />
produzido depois <strong>da</strong> moagem já vem sendo usa<strong>da</strong> para alimentar<br />
as caldeiras na própria usina, como também para outros tipos de<br />
<strong>indústria</strong>. Hoje, grupos estrangeiros, especialmente alemães, estão<br />
procurando negociar a exploração do segmento e pretendem montar<br />
uma <strong>indústria</strong> para a produção de mais de 30 mil tonela<strong>da</strong>s de briquetes,<br />
produzidos a partir <strong>da</strong> prensa <strong>da</strong> palha e do bagaço, que devem<br />
substituir o carvão. O produto traz uma série de vantagens, pois além<br />
de aproveitar o bagaço e as folhas <strong>da</strong> cana, <strong>da</strong>ndo utili<strong>da</strong>de ao que era<br />
lixo, evita a queima<strong>da</strong>, que é uma prática poluidora que produz uma<br />
energia menos poluente do que o carvão.<br />
A produção de gás carbônico oriundo <strong>da</strong> fermentação do vinhoto<br />
está sendo explora<strong>da</strong> com a filtração e o engarrafamento do gás para ven<strong>da</strong><br />
em <strong>indústria</strong>s de bebi<strong>da</strong>s e gaseificação de refrigerantes e água. Isto<br />
representa um novo filão no mercado, com possibili<strong>da</strong>des de aproveitamento<br />
dos subprodutos gerados na produção de açúcar e álcool.<br />
A <strong>indústria</strong> de papel utiliza a celulose conti<strong>da</strong> no bagaço <strong>da</strong> cana na<br />
produção de papel. No entanto, a produtivi<strong>da</strong>de deste insumo não é tão<br />
satisfatória como a de outros produtos como eucalipto, o que vem acarretando<br />
uma redução <strong>da</strong> sua utilização para este fim. No entanto, esta <strong>indústria</strong><br />
vem aproveitando parte do bagaço adquirido nas usinas para a produção de<br />
bioenergia.<br />
A <strong>indústria</strong> de alimentos utiliza largamente o açúcar na sua produção.<br />
Grande parte dos produtos industrializados para alimentação humana utiliza<br />
açúcar como um dos seus ingredientes básicos. Também merece destaque<br />
a utilização <strong>da</strong> cana no setor de bebi<strong>da</strong>s, com a produção de cachaças e<br />
outras aguardentes (rum, por exemplo). A alimentação animal também pode<br />
ter por base subprodutos <strong>da</strong> cana, tais como os compostos orgânicos alimentares<br />
para ração animal e os briquetes de bagaço para alimentação orgânica<br />
de gado.<br />
Finalmente, a <strong>indústria</strong> álcool-química também tem crescido bastante,<br />
utilizando álcool para a elaboração de produtos químicos como plásticos, à<br />
maneira <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> petroquímica.<br />
As perspectivas de expansão <strong>da</strong> cadeia a jusante aumentam pelas<br />
inovações tecnológicas que estão gerando novos produtos: plásticos biodegradáveis<br />
(a partir do bagaço <strong>da</strong> cana), pirólise de biomassa destina<strong>da</strong> à<br />
Capítulo 1 - Caracterização <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong><br />
17
fabricação de óleos combustíveis verdes para pequenos geradores de ener-<br />
gia, etanol (a partir <strong>da</strong> biomassa), créditos de carbono, etanol como com-<br />
bustível verde e alimentador de térmicas estacionárias, biodiesel e gliceri-<br />
na para produção de solventes na <strong>indústria</strong> de tintas.<br />
18 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Capítulo 2<br />
Desempenho recente <strong>da</strong><br />
cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil 7<br />
De acordo com a Conab (2007), a estimativa <strong>da</strong> produção nacional de<br />
cana-de-açúcar destina<strong>da</strong> à <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> é de 475,07 milhões de<br />
tonela<strong>da</strong>s, <strong>da</strong>s quais 47% (223,48 milhões) são para a fabricação de açúcar e<br />
53% (251,59 milhões) para a produção de álcool. Quando compara<strong>da</strong> à safra<br />
2006-20007, verifica-se um crescimento de 10,62% (45,60 milhões de tonela<strong>da</strong>s).<br />
No Norte/Nordeste, o aumento foi de 11,24% (6,23 milhões de tonela<strong>da</strong>s).<br />
Este aumento ocorreu em função <strong>da</strong>s boas condições climáticas, dos<br />
bons tratos culturais, <strong>da</strong> irrigação e <strong>da</strong> introdução de varie<strong>da</strong>des mais <strong>produtiva</strong>s.<br />
Pernambuco (5º lugar) responde por 3,71%, ou seja, 17,61 milhões de<br />
tonela<strong>da</strong>s (Quadro1).<br />
No Centro-Sul, verificou-se um incremento de 10,52% (39,37 milhões<br />
de tonela<strong>da</strong>s). Do total de cana-de-açúcar destina<strong>da</strong> ao setor sucroalcooleiro,<br />
apenas o Sudeste (puxado por São Paulo, com 58,5%) apresentará 67,9%<br />
(322,5 milhões).<br />
De acordo com o Quadro 2, a produção de açúcar está estima<strong>da</strong> em<br />
29,65 milhões de tonela<strong>da</strong>s, quase 2% abaixo <strong>da</strong> safra 2006-2007. Deste total,<br />
o Centro-Sul responde por 84,50% (25,05 milhões de tonela<strong>da</strong>s) e o Nordeste<br />
por 15,20% (4,50 milhões de tonela<strong>da</strong>s).<br />
A produção nacional de álcool deve alcançar 20,88 bilhões de litros<br />
(Quadro 3), superando a safra anterior em 19,53% (3,41 bilhões de litros),<br />
Capítulo 2 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil<br />
7 Este capítulo foi baseado em pesquisa<br />
anual <strong>da</strong> Conab (“Acompanhamento <strong>da</strong><br />
safra brasileira de cana-de-açúcar”). 2007.<br />
19
Quadro 1 • Produção e destinação <strong>da</strong> cana-de-açúcar: Pernambuco, Brasil e Regiões (Safra 2007/2008)<br />
Região Total % Açúcar % Álcool % Outros %<br />
Brasil 475.074,00 100,00 223.483,50 100,00 251.590,60 100,00 74.831,40 100,00<br />
Norte 1.117,40 0,24 203,5 0,09 913,90 0,36, 315,70 0,42<br />
Nordeste 60.496,80 12,73 35.926,9 16,08 24.570,00 9,77 12.446,00 16,63<br />
Pernambuco 17.612,00 3,71 13.108,60 5,87 4.503,40 1,79 3.530,90 4,72<br />
Centro-oeste 50.594,50 10,65 15.990,9 7,16 34.603,70 13,75 4.945,80 6,61<br />
Sudeste 322.542,50 67,89 15.292,3 68,14 170.250,20 67,67 49.191,10 65,74<br />
Sul 40.322,70 8,49 19.069,9 8,53 21.252,90 8,45 7.932,90 10,60<br />
Centro-sul 413.459,80 87,03 187.353,00 83,83 226.106,70 89,87 62.069,70 82,95<br />
Fonte: Conab - Boletim novembro de 2007.<br />
Quadro 2 • Produção de açúcar: Pernambuco, Brasil e Regiões (1000t)<br />
Região Safra 06/07 Safra 07/08<br />
Participação na<br />
safra 07/08 (%)<br />
20 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong><br />
Variação<br />
(1000t) %<br />
Brasil 30.223,60 29.647,20 100,00 576,40 -1,91<br />
Norte 20,20 25,10 0,08 4,90 24,05<br />
Nordeste 4.192,70 4.571,30 15,14 378,60 9,03<br />
Pernambuco 1.433,30 1.636,20 5,52 202,90 14,16<br />
Centro-oeste 1.926,50 2.133,60 7,20 207,20 10,75<br />
Sudeste 21.944,40 20.373,30 68,72 -1.571,00 -7,16<br />
Sul 2.139,90 2.543,90 8,58 404,00 18,88<br />
Centro-sul 26.010,80 25.050,80 84,50 -959,80 22,47<br />
Fonte: Conab - Boletim novembro de 2007.<br />
Quadro 3 • Produção de álcool: Pernambuco, Brasil e Regiões (1000lts)<br />
Região Safra 06/07 Safra 07/08<br />
Participação na<br />
safra 07/08 (%)<br />
Variação<br />
(1000lts) %<br />
Brasil 17.471.138,70 20.883.954,70 100,00 3.412.816,00 19,53<br />
Norte 68.702,70 68.987,80 0.3 285,10 0,41<br />
Nordeste 1.660.546,50 1.936.007,00 9,3 275.460,50 16,59<br />
Pernambuco 338.672,00 368.894,50 1,8 30.222,50 8,92<br />
Centro-oeste 2.222.507,00 2.814.879,70 13,5 592.372,70 26,65<br />
Sudeste 12.192.520,30 14.276.041,30 68,4 2.083.521,00 17,09<br />
Sul 1.326.862,20 1.788.038,90 8,6 461.176,70 34,76<br />
Centro-sul 15.741.889,50 18.878.959,60 90,4 3.137.070,40 0,78<br />
Fonte: Conab - Boletim novembro de 2007.
azão pela qual o setor encontra-se em dificul<strong>da</strong>des devido à<br />
baixa nos preços de comercialização, uma vez que a deman<strong>da</strong>,<br />
sobretudo externa, comportou-se muito abaixo do esperado, tanto<br />
para o açúcar como para o álcool8 .<br />
Em relação a tais números, o Centro-Sul participa com<br />
90,40% (18,88 bilhões de litros) e o Nordeste com 9,10% (1,9 bilhão).<br />
A produção de cana-de-açúcar destina<strong>da</strong> ao setor sucroalcooleiro e<br />
a outros fins corresponde a cerca de 550 milhões de tonela<strong>da</strong>s. Deste<br />
total, a <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> concentrará 86,39% (475,07 milhões)<br />
e os 74,83 milhões restantes serão destinados à fabricação de cachaça,<br />
alimentação animal, sementes e outros fins.<br />
A área ocupa<strong>da</strong> atualmente com a cultura <strong>da</strong> cana-de-açúcar é de<br />
6,96 milhões de hectares, dos quais 82,37% estão no Centro-Sul e 17,63%<br />
no Norte/Nordeste. Estima-se para esta safra uma produtivi<strong>da</strong>de média<br />
de 78,969 kg/ha, superior à safra 2006-2007 em 2,5% (Quadro 4).<br />
Observa-se que a produtivi<strong>da</strong>de cresceu em quase todos os Estados<br />
produtores, com exceção do Piauí, que registrou uma que<strong>da</strong> de 6,2% . Dentre<br />
as regiões, o Nordeste foi o grande destaque com 8,1%, para o qual Pernambuco<br />
contribuiu com 11,2%, superando largamente o Centro-Sul com<br />
apenas 1,3% de crescimento, e o Brasil, com modestos 2,5% de crescimento<br />
médio <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de.<br />
A despeito do excelente desempenho do Nordeste e, sobretudo, de Pernambuco,<br />
a produtivi<strong>da</strong>de dos mesmos encontra-se ain<strong>da</strong> muito abaixo <strong>da</strong><br />
Região Sudeste e, em especial, de São Paulo (Gráfico 1).<br />
No Brasil, a plantação ocupa 6,96 milhões de hectares, o que representa<br />
pouco menos de 2,5% <strong>da</strong> área agricultável do país (CONAB, 2007).<br />
Quadro 4 • Cana-de-açúcar: produção e produtivi<strong>da</strong>de (Pernambuco, Brasil e Regiões)<br />
Região<br />
Área (1000ha) Produção (1000t) Produtivi<strong>da</strong>de (kg/ha)<br />
Safra 07/08 Variação (%) Safra 07/08 Variação (%) Safra 07/08 Variação (%)<br />
Brasil 6.963,60 13,00 549.905,40 15,80 78.969 2,50<br />
Norte 21,50 8,50 1.433,10 13,60 66.687 4,60<br />
Nordeste 1.206,40 7,40 72.942,80 16,00 60.465 8,10<br />
Pernambuco 371,50 0,50 21.142,90 11,80 56.920 11,20<br />
Centro-oeste 710,10 17,50 55.540,30 22,10 78.214 4,00<br />
Sudeste 4.420,90 12,50 371.733,60 12,90 84.086 0,30<br />
Centro-sul 5.735,70 14,30 475.529,50 15,80 82.907 1,30<br />
Fonte: Conab - Boletim novembro de 2007.<br />
Capítulo 2 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil<br />
8 Esta situação vem produzindo<br />
algumas conseqüências,<br />
inimagináveis há um ano atrás:<br />
o cancelamento/adiamento de<br />
investimentos em novas plantas e o<br />
adiamento <strong>da</strong> moagem <strong>da</strong> safra que<br />
está saindo do campo (jornal Valor,<br />
29 jan/2008, p. B12).<br />
21
Em Pernambuco, o cultivo <strong>da</strong> cana-de-açúcar concentra-se na Zona <strong>da</strong> Mata<br />
e na RMR, alcançando, na safra 2006-2007, a marca de 371,5 mil hectares.<br />
Devido, especialmente, às condições e<strong>da</strong>foclimáticas que essas regiões oferecem,<br />
existe uma possibili<strong>da</strong>de de ampliação <strong>da</strong> produção canavieira no Sertão<br />
pernambucano.<br />
A ativi<strong>da</strong>de <strong>sucroalcooleira</strong> representa uma parte relevante do agronegócio<br />
brasileiro na produção de açúcar, commodity na qual o Brasil é líder<br />
mundial em produção e produtivi<strong>da</strong>de, e de álcool, ain<strong>da</strong> voltado em grande<br />
parte para o mercado interno de combustível. O setor é largamente o<br />
mais competitivo do mundo, com os maiores níveis de produtivi<strong>da</strong>de e rendimento,<br />
e os menores custos de produção (VIDAL, 2006). Em 2005, representava<br />
cerca de 2,35% do PIB brasileiro, equivalendo, portanto, a cerca<br />
de R$ 40 bilhões.<br />
A vantagem competitiva do Brasil frente a outros países produtores<br />
manifesta-se de forma clara no diferencial de custos médios de produção<br />
(Quadro 5). Com efeito, enquanto o Brasil produz uma tonela<strong>da</strong> de açúcar<br />
por 120 dólares, a Tailândia, país que mais se aproxima <strong>da</strong> produtivi<strong>da</strong>de<br />
brasileira, gasta 178 dólares. A União Européia, com o mais<br />
elevado custo de produção, chega a 760 dólares (a tonela<strong>da</strong> de açúcar,<br />
à base de beterraba). Na produção de álcool, a vantagem brasileira<br />
é semelhante: um litro do produto brasileiro custa 20 centavos<br />
de dólar, ao passo que a Tailândia precisa de 29 para a produção de<br />
um litro de álcool e a União Européia de 97 para um litro de álcool<br />
de cereais.<br />
22 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Quadro 5 • Vantagem competitiva do setor sucroalcooleiro brasileiro (2005)<br />
Produtor<br />
Custo de produção<br />
do açúcar USD/t*<br />
Matéria-prima<br />
Capítulo 2 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil<br />
Custo de produção do<br />
Álcool (USD/l)<br />
Matéria-prima<br />
Brasil 120 Cana-de-açúcar 0,20 Cana-de-açúcar<br />
Tailândia 178 Cana-de-açúcar 0,29 Cana-de-açúcar<br />
Austrália 195 Cana-de-açúcar 0,32 Cana-de-açúcar<br />
EUA 290 Milho 0,47 Milho<br />
União Européia 760 Beterraba 0,97 Cereais<br />
*Custo na usina.<br />
Fonte: Barros, 2005.<br />
Outra vantagem competitiva do Brasil é de ser o único país do mun-<br />
do que domina todos os estágios e tecnologias de produção, apresentando<br />
janelas de oportuni<strong>da</strong>des de negócios em várias ativi<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s —<br />
produção de cana-de-açúcar, processamento de derivados, pesquisa, capacitação,<br />
assistência técnica, logística de transporte, comercialização, exportação,<br />
serviços portuários e engenharia de manutenção (VIDAL, 2006).<br />
A produção de cana-de-açúcar no Brasil vem crescendo, nos últimos<br />
anos, tanto em área planta<strong>da</strong>, como no volume de cana moí<strong>da</strong> e, evidentemente,<br />
na produção de açúcar e álcool (BARROS, 2005). Como mostra o<br />
Gráfico 2, excetuando a quebra de safra de 2000-2001, houve uma crescente<br />
expansão <strong>da</strong> cana-de-açúcar moí<strong>da</strong> em dez anos (de 1994-1995 a 2004-2005)<br />
— o volume total cresceu de 240,7 milhões de tonela<strong>da</strong>s, na safra 1994-1995,<br />
para 380 milhões na safra 2004-2005.<br />
O aumento <strong>da</strong> cana-de-açúcar moí<strong>da</strong> reflete a expansão <strong>da</strong> produção de<br />
açúcar e de álcool no Brasil (gráficos 3 e 4). Com um declínio na safra 2000-2001,<br />
a produção de açúcar saltou de 11,7 milhões de tonela<strong>da</strong>s, em 1994-1995, para<br />
24 milhões em 2004-2005; no mesmo período, a produção de álcool (anidro e<br />
hidratado) cresceu de 12,7 milhões metros cúbicos, em 1994-1995, para cerca<br />
de 16 milhões dez anos depois (BARROS, 2005).<br />
Pouco mais <strong>da</strong> metade (50,9%) <strong>da</strong> cana-de-açúcar moí<strong>da</strong> no Brasil é utiliza<strong>da</strong><br />
para a produção dos diversos tipos de açúcar (Gráfico 5), sendo 38,6%<br />
para fabricação de álcool — os 10,5% restantes destinam-se à produção de<br />
cachaça, alimentação animal, sementes, fabricação de rapadura, açúcar mascavo<br />
e outros fins.<br />
O setor tem também um impacto importante na geração de empregos<br />
diretos no país, estimados, atualmente, em um milhão, sendo 511 mil no campo.<br />
No entanto, enquanto crescem os empregos nos outros segmentos <strong>da</strong><br />
cadeia, que exigem maior treinamento e capacitação profissional, os empre-<br />
23
24 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Capítulo 2 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil<br />
25
gos no campo, no plantio e na colheita <strong>da</strong> cana começam a perder impor-<br />
tância como conseqüência <strong>da</strong> adoção de tecnologias modernas nos segmen-<br />
tos ocupados por trabalhadores com menor nível de escolari<strong>da</strong>de. Contudo,<br />
pode-se observar que, na relação entre investimento e emprego gerado, o setor<br />
sucroalcooleiro tem uma posição favorável, quando comparado com outros<br />
setores <strong>da</strong> economia (Quadro 6).<br />
A plantação de cana-de-açúcar no Brasil ocupa cerca de 6,6 milhões de<br />
hectares, que correspondem a pouco mais de 2,5% de to<strong>da</strong> a área agriculturável<br />
do país (safra 2007-2008) e representam uma participação significativa <strong>da</strong> produção<br />
agrícola nacional — o terceiro maior valor de produção, inferior apenas à<br />
participação <strong>da</strong> soja e do milho.<br />
Embora no passado a Região Nordeste tenha figurado como a área de<br />
maior produção de cana-de-açúcar, vem perdendo espaço para as demais do<br />
país; de 34,6% <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong> do Brasil, em 1990, o Nordeste representa, atualmente<br />
(safra 2007-2008), apenas 17,3% do total nacional. Desde 1990, a concentração<br />
<strong>da</strong> produção brasileira vem se deslocando para o Centro-Sul, que<br />
representa hoje 82,4% do total, com ampliação de áreas cultiva<strong>da</strong>s em São Paulo,<br />
Goiás, Minas Gerais e Mato Grosso. O Gráfico 6 mostra o declínio acelerado<br />
<strong>da</strong> participação do Nordeste e de Pernambuco na área planta<strong>da</strong>, sobretudo<br />
até 1999, evidenciando o declínio continuado até a safra mais recente<br />
(2007-2008).<br />
Quadro 6 • Comparação do custo<br />
<strong>da</strong> geração de emprego<br />
Setor mil US$ / emprego<br />
Cana-de-açúcar 10<br />
Bens de consumo 44<br />
Automobilismo 91<br />
Bens de capital 98<br />
Metalurgia 145<br />
Petroquímica 200<br />
Fonte: Barros, 2004.<br />
26 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Capítulo 2 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Brasil<br />
27
Capítulo 3<br />
Desempenho recente<br />
<strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em<br />
Pernambuco<br />
A história de Pernambuco tem sido fortemente marca<strong>da</strong> pela cultura<br />
<strong>da</strong> cana-de-açúcar, embora a ativi<strong>da</strong>de venha perdendo importância nos<br />
últimos anos, quando compara<strong>da</strong> com a produção nacional. Conforme o<br />
Gráfico 6, a participação de Pernambuco na área cultiva<strong>da</strong> de cana-de-<br />
açúcar do Brasil declina de 11%, em 1990, para apenas 5,3%, na safra<br />
2007-2008. Neste período, Pernambuco praticamente mantém estável o<br />
percentual <strong>da</strong> área nordestina — em torno de 32%, apesar de ter perdido<br />
espaço nas déca<strong>da</strong>s anteriores (em 1940 representava 40,5% <strong>da</strong> produ-<br />
ção regional).<br />
Ao mesmo tempo em que a cana-de-açúcar pernambucana decli-<br />
na sua participação na área planta<strong>da</strong> no Brasil, a <strong>indústria</strong> sucroalcoo-<br />
leira, representa<strong>da</strong> pela produção de açúcar e álcool, também perdeu<br />
importância relativa na economia pernambucana. Em 1985, quando<br />
representava 17,24% do PIB de Pernambuco, a <strong>indústria</strong> sucroalcoo-<br />
leira declinou drasticamente para apenas 8,8%, em 1993, iniciando<br />
uma recuperação que, não obstante, não volta aos patamares ini-<br />
ciais. De acordo com o Gráfico 7, em 2003 o setor (açúcar e álco-<br />
ol) representava 13,74% do produto bruto pernambucano. Em 18<br />
anos (1985-2003), a produção <strong>sucroalcooleira</strong> teve um cresci-<br />
mento real de apenas 13,82%. Para Alexandre Rands (2003),<br />
28 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
ao longo deste período, o setor passou por uma profun<strong>da</strong> reestruturação<br />
<strong>produtiva</strong> e desregulamentação, cujas principais conseqüências foram a<br />
redução <strong>da</strong> área de cana planta<strong>da</strong>, o fechamento de inúmeras usinas e o<br />
incremento <strong>da</strong> competitivi<strong>da</strong>de do setor como um todo.<br />
A diminuição <strong>da</strong> participação relativa <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> no<br />
PIB pernambucano reflete também uma maior diversificação <strong>da</strong> base <strong>produtiva</strong><br />
do Estado, com expansão do terciário e, em menor medi<strong>da</strong>, de outras<br />
ativi<strong>da</strong>des industriais. Em todo caso, o peso <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>sucroalcooleira</strong> no<br />
setor industrial mostra um movimento muito irregular, mas de lenta elevação,<br />
no período 1990-2002. Segundo o Gráfico 8, a participação passou de<br />
33%, em 1990, para 48,05%, em 2002, oscilando para apenas 24% em 1993.<br />
O declínio <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>sucroalcooleira</strong> pernambucana deve-se, além<br />
dos fatores citados, de um lado, às oscilações do preço do açúcar no mercado<br />
internacional e do álcool nos mercados nacional e internacional; e de outro,<br />
à retira<strong>da</strong> dos incentivos para produção do álcool em face do fracasso do<br />
Proálcool e, principalmente, <strong>da</strong> desregulamentação <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de (incluindo<br />
o fechamento do Instituto do Açúcar e do Álcool). Segundo informações<br />
colhi<strong>da</strong>s nas entrevistas com técnicos do Sin<strong>da</strong>çúcar, nos últimos 10 anos,<br />
20 uni<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s de açúcar e álcool, número correspondente a 45%<br />
do parque industrial do setor, encerraram as suas ativi<strong>da</strong>des, sendo que<br />
algumas delas transferiram os seus estabelecimentos para outros Estados,<br />
especialmente Mato Grosso e Goiás.<br />
Capítulo 3 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco<br />
29
Em termos comparativos, de 1990 a 2007, enquanto o Brasil apresen-<br />
tava uma tendência de ampliação <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong>, como consoli<strong>da</strong>ção do<br />
novo padrão de uso <strong>da</strong> terra para o plantio <strong>da</strong> cana, a Região Nordeste e o<br />
Estado de Pernambuco declinavam. Isto provocou uma redução na produ-<br />
ção de cana-de-açúcar que não tem sido maior em razão dos ganhos de<br />
produtivi<strong>da</strong>de superiores à média nacional.<br />
Além <strong>da</strong>s desvantagens aponta<strong>da</strong>s que afetam a ativi<strong>da</strong>de e com-<br />
prometem a produtivi<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s safras em Pernambuco (principalmente o<br />
relevo), o rendimento industrial também tem desvantagens que decor-<br />
rem <strong>da</strong>s características <strong>da</strong> própria cana. Vale dizer, o teor do açúcar total<br />
recuperável, fator que indica a quanti<strong>da</strong>de de sacarose conti<strong>da</strong> na cana<br />
que é utiliza<strong>da</strong> para a produção de açúcar e álcool, também é desfa-<br />
vorável na produção estadual. Quando analisa<strong>da</strong> a evolução no Bra-<br />
sil, percebe-se que este índice evoluiu de 125,32 kg/t, em 1990, para<br />
147,65 kg/t, em 2004, o que representa um crescimento de 22,33 kg/t<br />
no período. Enquanto isso, o crescimento de ATR em Pernambuco<br />
ficou limitado a 9,93 kg/t, o que significa per<strong>da</strong> de competitivi<strong>da</strong>-<br />
de (Quadro 7).<br />
Como conseqüência desse diferencial de teor <strong>da</strong> sacaro-<br />
se, Pernambuco tem um rendimento inferior à média nacional,<br />
30 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Quadro 7 • Índice de açúcar total recuperável no Brasil e nos<br />
Estados produtores de cana-de-açúcar<br />
Safra PE SP BR<br />
90/91 115,70 130,76 125,32<br />
91/92 114,69 145,07 136,63<br />
92/93 123,83 140,40 135,68<br />
93/94 115,98 142,19 135,72<br />
94/95 125,71 149,92 143,67<br />
95/96 133,39 144,07 140,67<br />
96/97 121,82 141,92 137,96<br />
97/98 133,76 143,64 141,41<br />
98/99 120,15 142,16 137,83<br />
99/00 112,75 148,34 141,65<br />
00/01 117,20 145,93 139,44<br />
01/02 113,16 145,58 139,03<br />
02/03 123,43 149,60 144,06<br />
03/04 125,63 152,75 147,65<br />
Fonte: Datamétrica.<br />
sobretudo quando comparado com o Estado de São Paulo — em média, a<br />
<strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> paulista produz, por tonela<strong>da</strong> de cana, 27 quilos de<br />
açúcar a mais que Pernambuco.<br />
De acordo com as informações colhi<strong>da</strong>s nas pesquisas e, sobretudo,<br />
nas entrevistas, a baixa produtivi<strong>da</strong>de geral de Pernambuco tem a ver também<br />
com problemas tecnológicos e de escala <strong>da</strong>s uni<strong>da</strong>des produtoras. Parcela<br />
considerável <strong>da</strong> produção de cana em Pernambuco tem origem na pequena<br />
produção, com dificul<strong>da</strong>des para incorporação de novas tecnologias; segundo<br />
os <strong>da</strong>dos, Pernambuco tem, aproxima<strong>da</strong>mente, 15 mil plantadores de cana,<br />
que plantam, em média, de 2 a 15 hectares para fornecimento às usinas. Esses<br />
fornecedores trabalham, via de regra, com tecnologia obsoleta e usam poucos<br />
insumos, puxando para baixo a produtivi<strong>da</strong>de média <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de no Estado.<br />
Para a quase totali<strong>da</strong>de dos entrevistados, a <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong><br />
de Pernambuco estaria sendo vítima de uma carga tributária superior à dos<br />
outros Estados, ampliando os custos de produção. De fato, em Pernambuco,<br />
o ICMS pago pelo setor chega a 25% e, em Alagoas, alcança 27%, enquanto<br />
em São Paulo é de 12%, o que amplia a diferença de competitivi<strong>da</strong>de dos<br />
produtores paulistas.<br />
Problema adicional que afeta a ativi<strong>da</strong>de <strong>sucroalcooleira</strong> no Estado<br />
seria a desigual<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s relações entre as diferentes etapas do processo<br />
Capítulo 3 - Desempenho recente <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco<br />
31
produtivo, que leva à desigual apropriação dos lucros na cadeia de valor.<br />
Segundo um empresário do setor, as destilarias vendem o litro de álcool por<br />
R$ 0,85 e o produto chega ao consumidor, em média, por R$ 1,60, ficando<br />
uma margem grande de lucro no segmento de comercialização, especial-<br />
mente com as distribuidoras.<br />
32 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Capítulo 4<br />
Dinamismo futuro <strong>da</strong><br />
cadeia <strong>produtiva</strong> em<br />
Pernambuco<br />
A dinâmica futura <strong>da</strong> economia pernambucana, segundo a trajetória<br />
mais provável 9 , facilita<strong>da</strong> pela recuperação econômica do Brasil, principal-<br />
mente a partir de 2011, e pela estabili<strong>da</strong>de internacional com ampliação e<br />
abertura do comércio, arrastará o conjunto <strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s do Estado.<br />
Em todo caso, em resposta às tendências no contexto mundial e nacional,<br />
especialmente os avanços na OMC e a reorientação <strong>da</strong> matriz energética<br />
mundial, a cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> deverá experimentar um grande<br />
crescimento nos próximos 13 anos.<br />
4.1 Dinamismo futuro <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
Sinais de mu<strong>da</strong>nça no perfil e amplitude <strong>da</strong>s deman<strong>da</strong>s mundial e<br />
nacional de açúcar e, principalmente, álcool condicionam o dinamismo futuro<br />
<strong>da</strong> cadeia <strong>sucroalcooleira</strong> de Pernambuco. No segmento energético, há<br />
uma tendência de mu<strong>da</strong>nça <strong>da</strong> matriz energética, que pode impulsionar a<br />
deman<strong>da</strong> mundial pelo álcool provoca<strong>da</strong>, de um lado, pela elevação significativa<br />
do preço mundial do petróleo, com oscilações na oferta e nos riscos<br />
de baixas nos controles de estoques dos EUA, guerras e instabili<strong>da</strong>des políticas<br />
em alguns dos principais países produtores; e de outro, pela intensificação<br />
<strong>da</strong>s críticas aos efeitos <strong>da</strong>nosos ao meio ambiente pelo uso dos deri-<br />
Capítulo 4 - Dinamismo futuro <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco<br />
9<br />
Sebrae/Multivisão. Cenários alternativos<br />
de Pernambuco. Recife, 2007.<br />
33
10 A deman<strong>da</strong> de etanol deve<br />
crescer um pouco acima <strong>da</strong> taxa<br />
(elastici<strong>da</strong>de 1,08) de crescimento<br />
<strong>da</strong> economia nacional na TMP, em<br />
conformi<strong>da</strong>de com a hipótese de<br />
aumento <strong>da</strong> participação <strong>da</strong>s fontes<br />
renováveis na matriz energética<br />
nacional (estimativa Multivisão).<br />
vados fósseis e pela necessi<strong>da</strong>de de redução <strong>da</strong> emissão de poluentes na<br />
atmosfera. Tudo isso deve favorecer a ampliação do uso de biocombustíveis,<br />
principalmente para abastecimento do grande volume de veículos. O álco-<br />
ol é atualmente um produto de elevado valor, em termos de sustentabili<strong>da</strong>de<br />
ambiental, na medi<strong>da</strong> em que ca<strong>da</strong> litro de álcool combustível reduz 2,6 qui-<br />
los de emissão de CO2 (em relação à gasolina).<br />
A perspectiva para o açúcar é também de deman<strong>da</strong> ascendente, influen-<br />
cia<strong>da</strong> diretamente pelo crescimento do mercado nacional, com a melhoria <strong>da</strong><br />
ren<strong>da</strong>, e internacional, com o crescimento do mercado <strong>da</strong> China, cujo consumo<br />
per capita ain<strong>da</strong> é muito baixo (representa cerca de um décimo do consumo<br />
per capita dos EUA). Além disso, em ocorrendo avanços importantes nas<br />
negociações <strong>da</strong> OMC para a redução <strong>da</strong>s barreiras tarifárias e dos subsídios à<br />
produção de açúcar europeu e norte-americano, deverá haver uma expansão<br />
significativa <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> mundial.<br />
O mercado de etanol no Brasil apresenta grandes possibili<strong>da</strong>des de crescimento.<br />
Isto se deve ao aumento no preço do petróleo e à expansão rápi<strong>da</strong><br />
<strong>da</strong> frota de automóveis bicombustíveis. Além disso, a regulação <strong>da</strong> adição de<br />
álcool à gasolina, que ampliou a possibili<strong>da</strong>de de mistura até 25% do volume<br />
do combustível, acena para a ampliação <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> no mercado interno.<br />
Estima-se que a deman<strong>da</strong> nacional de álcool ultrapassará os 40 bilhões<br />
de litros, em 2015, podendo chegar perto de 50 bilhões de litros em 202010 .<br />
Assim, mais que dobraria a produção de 2007, estima<strong>da</strong> em 20 bilhões de<br />
litros. Invertendo a tendência atual, onde há um predomínio de destinação<br />
<strong>da</strong> cana para a produção do açúcar, espera-se que, já em 2015, 75% <strong>da</strong> produção<br />
de cana serão destinados para a produção de álcool.<br />
A tendência para o mercado de etanol no mundo também se mostra<br />
bastante positiva para o Brasil. Na medi<strong>da</strong> em que a deman<strong>da</strong> externa<br />
pelo produto está em expansão, especialmente nos EUA, cujo consumo<br />
em 2006 foi de 15 bilhões de litros, tendo como projeção de consumo<br />
para 2012, 28 bilhões de litros, atingindo 100 bilhões em 2020 (20% do<br />
consumo atual de gasolina, que corresponde à meta de redução do consumo<br />
até 2020). Também a União Européia deverá aumentar significativamente<br />
o consumo de etanol nos próximos 10 anos, passando de<br />
nove para 14 bilhões de litros, assim como o Japão, que deve ter o seu<br />
consumo de biocombustível dobrado — de seis para 12 bilhões de<br />
litros no mesmo período. Desta forma, o Canadá e o Leste Europeu<br />
também devem acompanhar esse movimento de expansão, provavelmente<br />
entre um e dois bilhões de litros. To<strong>da</strong> essa tendência<br />
de ampliação <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> por etanol levará a uma necessi<strong>da</strong>de<br />
34 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
de crescimento, também, <strong>da</strong> oferta do produto, que deverá atingir<br />
a marca dos 200 bilhões de litros, em 2020. Para tanto, devem<br />
ser destinados, aproxima<strong>da</strong>mente, 25 milhões de hectares para o<br />
plantio <strong>da</strong> cana no mundo (CARVALHO, 2003).<br />
Mesmo apresentando alguns pontos negativos com relação à<br />
sua capaci<strong>da</strong>de competitiva no setor, com custo de produção superior<br />
ao de outras regiões do Brasil, o Estado de Pernambuco ain<strong>da</strong><br />
desponta como o terceiro ou o quarto menor custo de produção do<br />
mundo, o que faz com que a sua produção seja competitiva no mercado<br />
internacional.<br />
No que se refere às tendências <strong>da</strong> cadeia <strong>sucroalcooleira</strong> no Estado,<br />
percebe-se um clima de otimismo entre empresários e técnicos que<br />
atuam no setor. Pela crença na possibili<strong>da</strong>de de uma retoma<strong>da</strong> de crescimento<br />
<strong>da</strong>s ativi<strong>da</strong>des liga<strong>da</strong>s à cadeia, a partir <strong>da</strong> instalação efetiva dos<br />
grandes investimentos que estão sendo anunciados para Pernambuco.<br />
Mas o principal projeto de impacto na produção <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong><br />
será o Canal do Sertão, que prevê a irrigação de 150 mil hectares de<br />
solo de quali<strong>da</strong>de no Sertão pernambucano, dos quais 110 mil para a produção<br />
de cana-de-açúcar, a fim de abastecer as destilarias a serem implanta<strong>da</strong>s<br />
na região.<br />
O resultado dessas tendências deve ser a ampliação <strong>da</strong> área planta<strong>da</strong><br />
com cana-de-açúcar no Brasil e em Pernambuco, para atender à deman<strong>da</strong><br />
em expansão acelera<strong>da</strong>, mesmo porque as outras fontes de biocombustível<br />
não têm o mesmo rendimento (é o caso do milho utilizado nos EUA). Na<br />
área de biocombustíveis, um novo segmento pode ampliar as vantagens <strong>da</strong><br />
região, com o plantio <strong>da</strong> cana associado ao de amendoim (que pode ser plantado<br />
na fase de desuso <strong>da</strong> terra para o plantio <strong>da</strong> cana) para produção de óleo<br />
para biodiesel; em poucos meses se poderá plantar e colher o amendoim, que,<br />
além de ser usado na produção de óleo, serve como fertilizante <strong>da</strong> terra, com<br />
as sobras <strong>da</strong> colheita (as ramas) 11 .<br />
Um dos grandes fatores de competitivi<strong>da</strong>de do setor reside na disponibili<strong>da</strong>de<br />
de água para irrigação. Neste sentido, o Canal do Sertão é apontado<br />
como o projeto de maior impacto para o setor, pois ampliará as possibili<strong>da</strong>des<br />
de utilização de terras irriga<strong>da</strong>s para o plantio de cana e a implantação de<br />
destilarias para a produção de álcool para exportação. Segundo informações<br />
forneci<strong>da</strong>s em entrevistas, já existem alguns projetos nesta direção, e grupos<br />
estrangeiros, especialmente japoneses e chineses, já demonstram interesse<br />
no setor, afora o fato de que existe uma usina de álcool em funcionamento<br />
na região.<br />
Capítulo 4 - Dinamismo futuro <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco<br />
11 A cultura do amendoim em Pernambuco<br />
se mostra mais viável do que a <strong>da</strong><br />
mamona, especialmente porque pode<br />
ser associa<strong>da</strong> ao plantio de cana. Na<br />
entressafra de cana, nos meses de<br />
fevereiro, março e abril, podendo chegar<br />
até o mês de maio, planta-se e colhe-se o<br />
amendoim, até que, em maio, tem início<br />
o plantio <strong>da</strong> cana. Estudos <strong>da</strong> Embrapa<br />
mostram que a região canavieira do<br />
Estado pode produzir 2.100 litros de<br />
óleo por hectare (chegando a existir<br />
varie<strong>da</strong>des de amendoim que podem<br />
gerar até seis tonela<strong>da</strong>s por hectare), o<br />
que possibilita, a um produtor médio que<br />
trabalhe em 40 hectares, produzir 100 mil<br />
litros de biodiesel.<br />
35
Segundo informações do Sin<strong>da</strong>çúcar, existe em an<strong>da</strong>mento “um pro-<br />
jeto a ser implantado a partir de uma parceria entre a Petrobras e o governo<br />
do Japão, que se integrará com o eixo norte do projeto de transposição do<br />
Rio São Francisco. Este será favorecido com a recuperação <strong>da</strong> ferrovia inte-<br />
riorana no projeto <strong>da</strong> Transnordestina. Abrangerá uma área de 167 mil hec-<br />
tares, abrindo espaço para o agronegócio (açúcar, etanol, energia elétrica e<br />
gás carbônico) — em torno de 120 mil hectares (o suficiente para a instala-<br />
ção de seis ou sete uni<strong>da</strong>des produtoras, que ofertariam por volta de 30.000<br />
empregos diretos e 100.000 indiretos, em um prazo de 15 anos). Beneficiará<br />
as comuni<strong>da</strong>des de 16 municípios no Estado, e de um na Bahia, levando<br />
água através de um canal principal de 457 quilômetros. Além de 120 quilômetros<br />
de canais secundários, atenderá diversas necessi<strong>da</strong>des como dessedentação<br />
animal, abastecimento humano, agro<strong>indústria</strong>, pecuária e agricultura irriga<strong>da</strong>,<br />
proporcionando uma expectativa superior a 300.000 oportuni<strong>da</strong>des de<br />
trabalho”.<br />
Há, contudo, a hipótese de o crescimento <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> de etanol, no<br />
mercado mundial, contribuir, primeiramente, para uma dinamização ain<strong>da</strong><br />
maior do setor sucroalcooleiro do Sudeste, uma vez que essas regiões apresentam<br />
uma maior capaci<strong>da</strong>de de resposta e atração de investimentos, e que<br />
só numa fase posterior haveria impactos na Região Nordeste, provocando<br />
uma ampliação <strong>da</strong> estrutura de produção nordestina.<br />
Uma <strong>da</strong>s vantagens competitivas do setor no Estado de Pernambuco é<br />
a disponibili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> infra-estrutura portuária de Suape, nas proximi<strong>da</strong>des<br />
<strong>da</strong> região produtora, que barateia os custos de transporte. As demais regiões<br />
produtoras, especialmente o Centro-Oeste, ficam distantes de áreas<br />
portuárias, o que encarece os custos na comercialização, especialmente,<br />
para o exterior.<br />
4.2 Perspectivas de encadeamento e adensamento<br />
A cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> tem uma forte interação com<br />
o conjunto <strong>da</strong> economia pernambucana, facilitando o adensamento de<br />
uma futura expansão <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. Mais importante que o próprio<br />
adensamento <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong>, o futuro anuncia a ampliação <strong>da</strong><br />
mesma com o desenvolvimento de novos produtos resultantes <strong>da</strong><br />
exploração de subprodutos <strong>da</strong> cana. A co-geração de energia a partir<br />
do bagaço <strong>da</strong> cana vem sendo considera<strong>da</strong> uma boa opção e<br />
ganha importância como fator de preservação do meio ambiente,<br />
uma vez que as tecnologias disponíveis para o seu uso pro-<br />
36 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
duzem baixos níveis de emissão de gases poluentes. De acordo<br />
com o Balanço Energético Nacional (ano-base 2006), os produtos<br />
energéticos resultantes <strong>da</strong> cana-de-açúcar representaram, em<br />
2004, como oferta interna, 14,6% <strong>da</strong> matriz energética brasileira.<br />
Na geração de energia elétrica, o bagaço de cana já representava<br />
2,25% <strong>da</strong> produção brasileira em 2006.<br />
Segundo informações do Sin<strong>da</strong>çúcar (CUNHA, 2007), o álcool<br />
é responsável por uma considerável melhoria ambiental, especialmente<br />
com o aproveitamento do bagaço de cana, que vem sendo aproveitado<br />
como fonte nobre para a geração de energia elétrica limpa,<br />
oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> biomassa. “Inúmeros produtos já estão sendo produzidos e,<br />
no decorrer deste século, novas tecnologias surgirão no contexto sucroalcooleiro.<br />
Por exemplo: plásticos biodegradáveis provenientes do bagaço<br />
<strong>da</strong> cana, pirólise de biomassa destina<strong>da</strong> à fabricação de óleos combustíveis<br />
verdes para pequenos geradores de energia, etanol a partir <strong>da</strong><br />
biomassa, compostos orgânico-alimentares para ração animal, briquetes<br />
de bagaço para alimentação orgânica do gado, fertilizantes orgânicos de<br />
vinhaça, bebi<strong>da</strong>s (rum e aguardente), créditos de carbono seqüestradores<br />
de CO2, etanol como combustível verde e alimentador de térmicas estacionárias,<br />
além do biodiesel e <strong>da</strong> glicerina destina<strong>da</strong> à fabricação de solventes<br />
na <strong>indústria</strong> de tintas e outros”.<br />
4.3 Oportuni<strong>da</strong>des de negócios futuros<br />
De acordo com a trajetória mais provável <strong>da</strong> economia de Pernambuco<br />
e, particularmente, <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de principal <strong>da</strong> cadeia — <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>,<br />
haverá, nos próximos 13 anos, uma ampliação significativa do volume<br />
de negócios, principalmente na medi<strong>da</strong> em que amadurecerem as mu<strong>da</strong>nças<br />
e os investimentos (depois de 2011) como o Canal do Sertão. O crescimento<br />
<strong>da</strong> cadeia será considerado com base em dois segmentos importantes: a produção<br />
de cana-de-açúcar, principal insumo <strong>da</strong> cadeia principal, e a <strong>indústria</strong><br />
de alimentos e bebi<strong>da</strong>s, âncora importante <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de. Como mostra o<br />
Gráfico 9, o volume de negócios <strong>da</strong> cana-de-açúcar deverá aumentar de R$<br />
995 milhões, em 2007, para cerca de R$ 1,107 bilhão, em 2010, mais do que<br />
duplicando na déca<strong>da</strong> seguinte, chegando a R$ 2,47 bilhões (estimativa para<br />
2020). Essa ampliação dos negócios, resultado de uma taxa média de crescimento<br />
de 7,63% no período, evoluirá de forma lenta nos primeiros anos, mas<br />
será acelera<strong>da</strong> a partir de 2011, quando amadurecerem os investimentos e<br />
aumentar a deman<strong>da</strong>.<br />
Capítulo 4 - Dinamismo futuro <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco<br />
37
12 Mais detalhes sobre a metodologia<br />
de simulação, ver Apêndice B.<br />
Levando em consideração a conceituação de ativi<strong>da</strong>des do IBGE, a<br />
cadeia <strong>sucroalcooleira</strong> tem um destaque grande na <strong>indústria</strong> de alimentos<br />
e bebi<strong>da</strong>s, na medi<strong>da</strong> em que a produção de açúcar ocupa parte significati-<br />
va do seu volume de produção. Assim, a evolução futura estima<strong>da</strong> do volu-<br />
me de negócios <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> de alimentos e bebi<strong>da</strong>s representa uma proxy<br />
do comportamento <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong>. Segundo as hipóteses adota<strong>da</strong>s na<br />
trajetória mais provável e os seus impactos na estrutura <strong>produtiva</strong>, a indús-<br />
tria de alimentos e bebi<strong>da</strong>s deverá crescer, nos próximos 13 anos, a uma<br />
taxa média anual de 8,2%, começando lentamente, mas se acelerando na<br />
segun<strong>da</strong> déca<strong>da</strong> (2011-2020). Desta forma, o Gráfico 10 indica que o valor<br />
<strong>da</strong> produção <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> de alimentos e bebi<strong>da</strong>s se elevará de R$ 4,94<br />
bilhões, em 2007, para R$ 5,84 bilhões, em 2010, alcançando na última<br />
déca<strong>da</strong> cerca de R$ 13,81 bilhões — em 2020 (quase triplicará em 13<br />
anos) 12 .<br />
Analisando o conjunto <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong>, podem ser identifica-<br />
<strong>da</strong>s as grandes oportuni<strong>da</strong>des de futuro através dos elos mais frágeis<br />
(ou sem chance em Pernambuco) e de maior potencial de futuro no<br />
Estado.<br />
As chances de desenvolvimento <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> no Esta-<br />
do mostram-se bastante diferencia<strong>da</strong>s nos elos a montante, nos elos<br />
centrais e nos elos a jusante.<br />
A montante existe um mercado muito grande para máqui-<br />
nas e equipamentos, itens que não são, em sua grande maioria,<br />
produzidos no Estado, especialmente as máquinas pesa<strong>da</strong>s.<br />
38 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Pela escala que vai ganhar o segmento, pode ser aberta uma oportuni<strong>da</strong>de<br />
de negócios importante em Pernambuco. Este mercado caracteriza-se<br />
principalmente pela negociação de máquinas e equipamentos usados, pois<br />
os novos são muito caros para o nível de investimento local e só as grandes<br />
empresas podem comprá-los. Existem empresas pernambucanas especializa<strong>da</strong>s<br />
na comercialização de máquinas usa<strong>da</strong>s — moen<strong>da</strong>s, caldeiras, geradores<br />
etc, geralmente oriun<strong>da</strong>s de centros mais avançados.<br />
Os insumos agrícolas, também, em sua maioria, não são produzidos no<br />
Estado — e muitos não são produzidos no Brasil. Alguns fertilizantes que são<br />
produzidos no país têm os seus insumos básicos vindos do exterior e apresentam<br />
problema nos custos de produção devido ao cartel. O Brasil só produz<br />
fertilizantes à base de fósforo e nitrogênio. Quanto ao calcário e ao gesso,<br />
utilizados como corretivos do solo, apenas 20% <strong>da</strong>s necessi<strong>da</strong>des <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de<br />
<strong>produtiva</strong> são atendi<strong>da</strong>s pelo mercado local. O adubo orgânico, contudo,<br />
é produzido e consumido na própria usina, que não dispõe de estoque para<br />
comercializar.<br />
No segmento de embalagens e garrafas, de grande importância para o<br />
setor de cachaça, Pernambuco dispõe de <strong>indústria</strong> competitiva — a Companhia<br />
Industrial de Vidros (do grupo Brennand). Os rótulos também podem<br />
ser adquiridos no mercado local, que oferece produtos de alta quali<strong>da</strong>de.<br />
De forma sintética, são oportuni<strong>da</strong>des de negócios a montante <strong>da</strong> cadeia<br />
<strong>produtiva</strong>:<br />
Capítulo 4 - Dinamismo futuro <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco<br />
39
. fornecimento de mu<strong>da</strong>s;<br />
. produção de insumos agrícolas;<br />
. produção de implementos agrícolas;<br />
. produção de máquinas e equipamentos para usinas e destilarias;<br />
. fornecimento de equipamentos industriais;<br />
. serviços de manutenção e reparação de equipamentos;<br />
. fornecimento de serviços de logística (armazenagem, distribuição,<br />
transporte e comercialização);<br />
. <strong>indústria</strong>s de embalagem;<br />
. serviços especializados.<br />
Nos elos centrais <strong>da</strong> cadeia, o plantio e a colheita de cana devem ganhar<br />
um novo impulso e voltar a crescerem, em decorrência do aumento <strong>da</strong> deman<strong>da</strong><br />
por álcool, expandindo-se, especialmente, para a região do Sertão, com a<br />
utilização de irrigação. Uma <strong>da</strong>s vantagens, hoje, <strong>da</strong> cana produzi<strong>da</strong> no Estado,<br />
e que durante muito tempo foi vista como desvantagem, é que, diferentemente<br />
<strong>da</strong> cana produzi<strong>da</strong> nas outras regiões, a pernambucana produz mais<br />
fibra do que caldo, e atualmente a fibra tem se valorizado mais do que o caldo.<br />
O que era resíduo, está se transformando em produto e gerando energia.<br />
Também vem chamando atenção, na cadeia principal, a verticalização <strong>da</strong> produção<br />
— a usina gerar a energia que consome, por exemplo, e tentar novos<br />
produtos. Assim, destacamos como grandes oportuni<strong>da</strong>des de negócios em<br />
Pernambuco:<br />
. produção de açúcar e álcool;<br />
. produção de cana-de-açúcar para fornecimento às usinas e<br />
destilarias;<br />
. fornecimento e utilização do bagaço de cana <strong>da</strong>s moagens para<br />
produção de ração animal e geração de energia (autoprodução);<br />
. fornecimento e utilização do vinhoto para adubo e geração<br />
de bioenergia;<br />
. produção de açúcar mascavo para o mercado de produtos<br />
naturais.<br />
Na cadeia a jusante, merece destaque o setor de serviços, pois<br />
a cadeia central é muito dependente de serviços de manutenção e<br />
transporte, de serviços pessoais e de serviços sociais. São oportuni<strong>da</strong>des<br />
que devem surgir no futuro desta cadeia <strong>produtiva</strong>:<br />
. <strong>indústria</strong> de alimentos e bebi<strong>da</strong>s;<br />
. <strong>indústria</strong> química e álcool-química;<br />
. processamento de adubo orgânico com base no vinhoto;<br />
. geração de bioenergia;<br />
40 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
. comércio de CO2;<br />
. <strong>indústria</strong> de papel;<br />
. serviços de logística (armazenagem, distribuição, transporte<br />
e comercialização);<br />
. comércio atacadista e varejista;<br />
. serviços especializados;<br />
. serviços de manutenção e reparação de equipamentos;<br />
. fabricação de ração.<br />
Capítulo 4 - Dinamismo futuro <strong>da</strong> cadeia <strong>produtiva</strong> em Pernambuco<br />
41
Capítulo 5<br />
Espaços <strong>da</strong>s MPEs<br />
na cadeia <strong>produtiva</strong><br />
A cadeia <strong>produtiva</strong> <strong>sucroalcooleira</strong> tem, nos seus elos centrais, uma<br />
dependência muito grande <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de de grandes empresas, que reque-<br />
rem equipamentos caros, instalações grandes, muita mão-de-obra e insu-<br />
mos onerosos. O incremento <strong>da</strong> produção de bioenergia, com a utilização<br />
do bagaço de cana em termoelétricas, também só funciona para as grandes<br />
empresas.<br />
Dentre todos os seus elos, destacam-se o plantio e a colheita <strong>da</strong><br />
cana, que em Pernambuco já foi produzi<strong>da</strong> por 72% dos pequenos pro-<br />
dutores rurais, mas hoje limita a sua participação a 32% <strong>da</strong> produção no<br />
Estado. O que vem chamando atenção para este segmento de produtores<br />
é a tendência para uma atuação em cooperativas, fórmula encontra<strong>da</strong><br />
para ganhar competitivi<strong>da</strong>de no mercado. O Sindicato dos Fornecedo-<br />
res de Cana do Estado de Pernambuco tem um projeto para a peque-<br />
na produção de álcool, que segundo informações <strong>da</strong> sua diretoria já<br />
está aprovado e vai ter a sua primeira experiência realiza<strong>da</strong> em Ser-<br />
ro Azul, em Palmares, com financiamento do Banco do Brasil e <strong>da</strong><br />
Petrobras, assumindo um compromisso de compra <strong>da</strong> produção. A<br />
experiência deve ser estendi<strong>da</strong> para a formação de novas coope-<br />
rativas, com aproxima<strong>da</strong>mente mil associados, volta<strong>da</strong>s para a<br />
produção de álcool.<br />
42 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Na cadeia a jusante, os micro e pequenos produtores não<br />
conseguem comprar máquinas novas e abrem o mercado para a<br />
ven<strong>da</strong> de máquinas usa<strong>da</strong>s. No futuro, deve surgir um mercado<br />
muito grande de equipamentos usados, que vêm, na maioria <strong>da</strong>s<br />
vezes, de São Paulo, onde atuam produtores com uma maior capaci<strong>da</strong>de<br />
de investimento.<br />
A utilização do bagaço na <strong>indústria</strong> de papel não apresenta<br />
grandes chances de crescimento, pois as <strong>indústria</strong>s do ramo utilizam<br />
mais aparas de madeira e eucalipto, que oferecem um melhor rendimento,<br />
utilizando mais o bagaço como biocombustível.<br />
De qualquer forma, considerando a participação média <strong>da</strong>s MPEs<br />
no número total de empresas, nas ativi<strong>da</strong>des vincula<strong>da</strong>s à cadeia, e o<br />
rendimento médio <strong>da</strong>s MPEs na <strong>indústria</strong> de transformação, pode-se<br />
estimar a evolução futura do espaço desses pequenos empreendimentos.<br />
Como os <strong>da</strong>dos não estão disponíveis para a agropecuária, foi feita uma<br />
estimativa para a <strong>indústria</strong> de alimentos e bebi<strong>da</strong>s, dentro <strong>da</strong> qual se destaca<br />
a produção de cana-de-açúcar.<br />
A simulação <strong>da</strong> evolução futura do volume de ven<strong>da</strong>s e do número<br />
de MPEs do segmento industrial de alimentos e bebi<strong>da</strong>s (Gráfico 11) revela<br />
Capítulo 5 - Espaços <strong>da</strong>s MPEs na cadeia <strong>produtiva</strong><br />
43
13 Mais detalhes sobre a metodologia<br />
de simulação, ver Apêndice C.<br />
que o número de MPEs na ativi<strong>da</strong>de pode evoluir dos atuais 4.875 (2007)<br />
para 6.089 (2010), crescendo para 10.137 (2020). Desta forma, podem ser<br />
cria<strong>da</strong>s 5.262 MPEs nos próximos 13 anos (média de 404/MPEs/ano). Por<br />
outro lado, o volume total de receita <strong>da</strong>s MPEs <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> de alimentos e<br />
bebi<strong>da</strong>s pode crescer de R$ 1,12 bilhão, em 2007, para mais de R$ 1,6 bilhão,<br />
em 2010, saltando para R$ 5,3 bilhões, em 2020 13 .<br />
De forma qualitativa e mais ampla, não limita<strong>da</strong> à <strong>indústria</strong> de alimen-<br />
tos e bebi<strong>da</strong>s, foram destaca<strong>da</strong>s as oportuni<strong>da</strong>des de negócios em Pernambu-<br />
co, na cadeia <strong>sucroalcooleira</strong>, com maior espaço para as MPEs.<br />
Entre as ativi<strong>da</strong>des <strong>produtiva</strong>s que devem abrir amplo espaço futuro<br />
para pequenas empresas, as embalagens e os rótulos. É no setor de serviços<br />
que deve se abrir a maior oportuni<strong>da</strong>de para as micro e pequenas empresas.<br />
A usina sempre está contratando serviços em obras e manutenção. De acordo<br />
com empresários do setor, hoje falta mão-de-obra qualifica<strong>da</strong> no mercado para<br />
ativi<strong>da</strong>des essenciais na <strong>indústria</strong> como caldeireiros e operadores de carregadeiras<br />
de cana. Micro e pequenas empresas precisam se capacitar para atuarem<br />
no mercado. Elas precisam ser formaliza<strong>da</strong>s dentro <strong>da</strong>s regras legais para<br />
que as grandes empresas possam estabelecer contratos de prestação de serviços<br />
em setores como transporte, alimentação, alojamento, segurança, vigilância,<br />
saúde, educação, propagan<strong>da</strong> e difusão, comercialização e assistência<br />
técnica. Vários outros serviços são terceirizados e a tendência é que eles se<br />
ampliem. Alguns empresários afirmam que preferem comprar esses serviços<br />
em locais próximos <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> (só não o fazem com maior freqüência em<br />
razão <strong>da</strong> baixa oferta ou baixa quali<strong>da</strong>de dos serviços oferecidos).<br />
Também na área de reciclagem, o setor sucroalcooleiro pode oferecer<br />
insumos para o desenvolvimento de novos produtos no mercado. O setor<br />
de alimentação, que tem o açúcar como insumo básico, deve crescer e,<br />
com ele, a deman<strong>da</strong> pelo produto. Esse crescimento deve ser fortalecido<br />
pela dinamização <strong>da</strong> economia e pelo lançamento de novos produtos no<br />
mercado.<br />
As grandes cachaçarias dominam o mercado <strong>da</strong> aguardente,<br />
porém a cachaça artesanal, mesmo com menor competitivi<strong>da</strong>de no<br />
mercado, pode ampliar a sua margem de participação, especialmente<br />
se melhorar a quali<strong>da</strong>de do seu produto. A cultura gastronômica<br />
pernambucana é bastante marca<strong>da</strong> pelo consumo de rapadura,<br />
mel de engenho e açúcar mascavo, produzidos em pequenas uni<strong>da</strong>des<br />
<strong>produtiva</strong>s com baixa tecnologia e baixo investimento (fatores<br />
que representam pouca barreira à entra<strong>da</strong>). Estas características<br />
facilitam o crescimento do segmento, ao mesmo tempo em<br />
44 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
que são inibidoras <strong>da</strong> sua viabili<strong>da</strong>de econômica, necessitandose<br />
de apoio técnico e financeiro para a melhoria <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de e<br />
a difusão do produto no mercado.<br />
De acordo com estudos realizados pelo Sebrae/INTG (2000),<br />
todo processo produtivo do setor envolve:<br />
. fornecedores de matéria-prima geralmente com insumos<br />
produzidos localmente, em sistema de cana própria ou<br />
adquiri<strong>da</strong>;<br />
. fornecedores de tecnologia, embora o Estado possua um<br />
importante sistema de P&D. O setor não tem sido influenciado<br />
devi<strong>da</strong>mente por esses aportes e continua carente em inovação<br />
e tecnologias apropria<strong>da</strong>s;<br />
. fornecedores de máquinas e equipamentos normalmente adquiridos<br />
em mercados de segun<strong>da</strong> ou em sucatas;<br />
. fornecedores de material de embalagem (produtos em plástico e<br />
rótulos elaborados em pequenas gráficas) com baixa capaci<strong>da</strong>de<br />
de acesso ao sistema financeiro.<br />
A distribuição e a comercialização dos produtos <strong>da</strong> cadeia ocorrem<br />
apenas no mercado interno, embora alguns produtores já articulem negócios<br />
com empresas estrangeiras para exportá-los, especialmente, para a<br />
Europa. Já a comercialização do açúcar mascavo exige um sistema de distribuição<br />
mais sofisticado, por ter o seu consumo também difundido por praticantes<br />
de dietas mais naturalistas.<br />
De forma sistemática, podem ser destaca<strong>da</strong>s as seguintes ativi<strong>da</strong>des <strong>da</strong><br />
cadeia <strong>sucroalcooleira</strong> com mais espaço para as MPEs:<br />
. produção de mu<strong>da</strong>s e melhoramento genético;<br />
. produção de cana-de-açúcar para usinas, destilarias e produtores de<br />
rapaduras e aguardentes;<br />
. produção de açúcar mascavo para o mercado de produtos naturais;<br />
. produção de rapaduras e aguardentes artesanais;<br />
. produção de roupas, máscaras, luvas e botas para segurança do<br />
trabalho;<br />
. serviços de manutenção mecânica;<br />
. manutenção de sistemas de irrigação;<br />
. comércio de utensílios e ferramentas (além de máquinas usa<strong>da</strong>s);<br />
. serviços de manutenção e reparação de equipamentos e ferramentas;<br />
. comércio de equipamentos industriais leves;<br />
. serviços técnicos especializados de engenharia;<br />
. serviços de controle e tratamento de resíduos;<br />
Capítulo 5 - Espaços <strong>da</strong>s MPEs na cadeia <strong>produtiva</strong><br />
45
. serviços de transporte;<br />
. serviços de informática (programas, manutenção, equipamentos);<br />
. serviços de contabili<strong>da</strong>de especializa<strong>da</strong> para o setor;<br />
. assistência jurídica (comercial, fiscal, trabalhista);<br />
. serviços de armazenagem e distribuição;<br />
. fornecimento de embalagens;<br />
. transporte de carga e trabalhadores;<br />
. serviços laboratoriais de controle de pragas.<br />
46 <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>sucroalcooleira</strong>
Referências<br />
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melhor alternativa para conversão <strong>da</strong> energia solar e fóssil em etanol. 2006.<br />
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diferenças regionais. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE ECONOMIA E<br />
SOCIOLOGIA RURAL.<br />
BUARQUE, Sérgio C. Reconstrução do setor sucroalcooleiro e reforma agrá-<br />
ria na Zona <strong>da</strong> Mata. 1997.<br />
BURNQUIST, Heloisa Lee. Pensando no futuro do álcool na matriz energé-<br />
tica brasileira. Cepea, 2006.<br />
CARVALHO, E. P. Deman<strong>da</strong> externa de etanol. In: Seminário Álcool - Poten-<br />
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gerador de divisas e emprego. 2004.<br />
47
48<br />
CUNHA, Renato A. Pernambuco e o rejuvenescimento do Proálcool (www.<br />
sin<strong>da</strong>cucar.com.br).<br />
______. Pernambuco reconfigurado para o 3º milênio (www.sin<strong>da</strong>cucar.com.<br />
br).<br />
______. Por uma matriz energética limpa (www.sin<strong>da</strong>cucar.com.br).<br />
______. Estoques de etanol no mercado livre (www.sin<strong>da</strong>cucar.com.br).<br />
______. O etanol e a auto-suficiência do petróleo (www.sin<strong>da</strong>cucar.com.br).<br />
______. Programa de melhoramento genético <strong>da</strong> cana-de-açúcar (www.sin<strong>da</strong>-<br />
cucar.com.br).<br />
______. Canal do Sertão: agroenergia e alimentos (www.sin<strong>da</strong>cucar.com.br).<br />
RANDS, Alexandre. Açúcar e álcool. Relatório setorial integrante do projeto<br />
“Economia de Pernambuco: uma contribuição para o futuro”. Governo do<br />
Estado/Secretaria de Planejamento/Promata, 2006.<br />
SEBRAE/INTG. <strong>Cadeia</strong> <strong>produtiva</strong> <strong>da</strong> pequena produção de derivados <strong>da</strong><br />
cana-de-açúcar de Pernambuco. 2000.<br />
TECPPA. Relatório final. In: I Seminário de Tecnologia para Pequena Produção<br />
de Álcool. CNA, 2007.<br />
UNIÃO DA AGROINDÚSTRIA CANAVIEIRA DE SÃO PAULO. Relatório<br />
de acompanhamento de safra. 2005.<br />
VIDAL, Maria de Fátima; SANTOS, José Ailton N; SANTOS, Marcos<br />
Antônio. Setor sucroalcooleiro no Nordeste brasileiro: estruturação <strong>da</strong><br />
cadeia <strong>produtiva</strong>, produção e mercado. In: XLIV Congresso <strong>da</strong> Socie<strong>da</strong>de<br />
Brasileira de Economia e Sociologia Rural. Sober, 2006.
Apêndices<br />
A - Lista de entrevistados<br />
Alexandre Araújo de Morais Andrade Lima (presidente <strong>da</strong> Associação dos<br />
Fornecedores de Cana de Pernambuco)<br />
Ernesto Gonçalves Ferreira Lima (empresário)<br />
Frederico Vilaça (diretor <strong>da</strong> Usina São José)<br />
Gérson Carneiro Leão (presidente do Sindicato dos Cultivadores de Cana de<br />
Pernambuco)<br />
Gutemberg Granja Maciel (gerente geral <strong>da</strong> Secretaria de Agricultura de<br />
Pernambuco)<br />
Margareth César Resende Pereira Lima (presidente <strong>da</strong> Associação de Produtores<br />
de Rapadura em Pernambuco)<br />
Octávio Pinto Carvalheira (químico industrial e consultor técnico)<br />
49
14 De acordo com o manual de<br />
instrução de preenchimento <strong>da</strong><br />
Rais, devem declarar anualmente,<br />
entre outros estabelecimentos e<br />
enti<strong>da</strong>des do setor formal, todos<br />
os estabelecimentos inscritos no<br />
CNPJ, com ou sem empregados.<br />
Assim, os estabelecimentos que não<br />
mantiveram vínculos empregatícios<br />
ou mantiveram suas ativi<strong>da</strong>des<br />
paralisa<strong>da</strong>s, durante o ano-base,<br />
estão obrigados a entregar a<br />
Rais denomina<strong>da</strong> “negativa”. A<br />
base estatística Estabelecimento<br />
(ESTB), utiliza<strong>da</strong> neste estudo e<br />
distribuí<strong>da</strong> no âmbito do Programa<br />
de Disseminação de Estatísticas<br />
do MTE, considera todos os<br />
estabelecimentos declarantes com<br />
ou sem empregados.<br />
50<br />
Renato Augusto Pontes Cunha (presidente do Sindicato do Açúcar e do<br />
Álcool no Estado de Pernambuco)<br />
Victor Carvalheira (diretor <strong>da</strong> Cachaçaria Carvalheira)<br />
B - Metodologia de simulação macroeconômica<br />
Para mais detalhes sobre a metodologia de simulação <strong>da</strong> evolução futu-<br />
ra <strong>da</strong> participação dos setores produtivos no PIB agregado, sugerimos a leitu-<br />
ra do texto “Desempenho econômico e desempenho industrial no Brasil”, de<br />
Regis Bonelli e Armando Castelar (IPEA, 2003), no qual os autores destacam<br />
que a distribuição setorial de longo prazo do PIB segue um padrão de mu<strong>da</strong>nça<br />
onde, num primeiro momento, as ativi<strong>da</strong>des agropecuárias perdem peso<br />
em relação à <strong>indústria</strong> que, mais à frente, perde espaço para o setor de serviços.<br />
Ademais, a intensi<strong>da</strong>de e o ritmo <strong>da</strong> transformação estrutural <strong>da</strong> economia<br />
pernambucana foram condicionados pelo resultado combinado de cinco<br />
processos referidos na trajetória futura mais provável: a distribuição setorial<br />
dos investimentos produtivos; os impactos previsíveis dos grandes investimentos<br />
na estrutura <strong>produtiva</strong>; os investimentos em infra-estrutura previstos<br />
influenciando a competitivi<strong>da</strong>de de ativi<strong>da</strong>des e potenciali<strong>da</strong>des de Pernambuco;<br />
os fatores externos (mundiais e nacionais) com impacto na estrutura<br />
<strong>produtiva</strong> do Estado; e a distribuição <strong>da</strong> deman<strong>da</strong> de bens e serviços de consumo<br />
final, que resulta <strong>da</strong> ren<strong>da</strong> gera<strong>da</strong> na economia (efeito ren<strong>da</strong>).<br />
C - Metodologia de simulação do market share <strong>da</strong>s MPEs<br />
A metodologia de simulação <strong>da</strong> expansão do número de empresas<br />
e do volume de ven<strong>da</strong>s em ca<strong>da</strong> segmento foi construí<strong>da</strong> a partir<br />
dos <strong>da</strong>dos disponíveis nas seguintes fontes: Rais/MTE, ano-base 200414 ;<br />
PAS/IBGE, ano-base 2004 e PIA/IBGE, ano-base 2004. Estes relatórios<br />
forneceram os <strong>da</strong>dos relativos ao número de empresas (com ou sem<br />
empregados), ao volume de ven<strong>da</strong>s e ao valor <strong>da</strong> produção no anobase<br />
2004. A estimativa do volume de ven<strong>da</strong>s futuras de um <strong>da</strong>do<br />
segmento produtivo ‘i’, em um ano ‘j’, foi obti<strong>da</strong> multiplicando-se<br />
o PIB do segmento ‘i’ (importado <strong>da</strong>s simulações macroeconômicas),<br />
no ano ‘j’, pela relação entre o volume de ven<strong>da</strong>s e o PIB do<br />
segmento ‘i’, no ano-base 2004 (obtido <strong>da</strong>s fontes cita<strong>da</strong>s). Tal<br />
relação, para simplificação, foi considera<strong>da</strong> constante ao lon-
go do horizonte. A simulação <strong>da</strong> evolução futura do número de<br />
empresa do segmento ‘i’, no ano ‘j’, foi, por sua vez, obti<strong>da</strong> dividindo-se<br />
o valor do volume de ven<strong>da</strong>s do segmento ‘i’, no ano<br />
‘j’, pelo valor médio <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s do segmento no ano ‘j’, o qual foi<br />
estimado como uma proporção <strong>da</strong> receita média do setor, no ano ‘j’.<br />
Esta proporção (<strong>da</strong><strong>da</strong> pela relação entre as ven<strong>da</strong>s do segmento ‘i’ e<br />
as ven<strong>da</strong>s do setor em 2004) foi manti<strong>da</strong> constante ao longo do horizonte.<br />
A simulação <strong>da</strong> evolução do contingente de MPEs e dos respectivos<br />
volumes de negócios para o segmento ‘i’, no ano ‘j’, foi feita<br />
multiplicando-se os valores alcançados para o segmento ‘i’, no ano ‘j’,<br />
pelas relações de participação <strong>da</strong>s MPEs no número de empresas e no<br />
volume de negócios, verifica<strong>da</strong>s em 2004. Vale mencionar que a participação<br />
no número total de empresas foi manti<strong>da</strong> constante ao longo <strong>da</strong><br />
projeção, mas a participação nas ven<strong>da</strong>s evoluiu linearmente ao longo do<br />
horizonte, partindo, em 2004, de 14,9% para 20%, em 2020.<br />
51