16.04.2013 Views

O Sutra de Lótus da Lei Maravilhosa do Capítulo 21 - Rissho Kosei-kai

O Sutra de Lótus da Lei Maravilhosa do Capítulo 21 - Rissho Kosei-kai

O Sutra de Lótus da Lei Maravilhosa do Capítulo 21 - Rissho Kosei-kai

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ma<strong>de</strong>ira que era parte <strong>do</strong> palco, sen<strong>do</strong> leva<strong>da</strong>s pelas<br />

águas, e estendi minha mão para tentar salvá-las. Pouco<br />

tempo <strong>de</strong>pois, a segun<strong>da</strong> on<strong>da</strong> recuou e as duas crianças<br />

estavam salvas, mas <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> prédio encontrei mais<br />

pessoas caí<strong>da</strong>s. As pessoas que se salvaram transferiram<br />

-se para o porão <strong>do</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> prédio; com o corpo to<strong>do</strong><br />

molha<strong>do</strong> estavam enrola<strong>do</strong>s em cobertores, e se<br />

aconchegavam para po<strong>de</strong>r aquecer. Meu pai também foi<br />

atingi<strong>do</strong> pelo tsunami. Ele fraturou a mão e uma <strong>de</strong> suas<br />

costelas, mas estava bem. Mais tar<strong>de</strong> fiquei saben<strong>do</strong> que<br />

mais <strong>de</strong> cem pessoas refugiaram-se nesse Centro <strong>de</strong><br />

Controle <strong>de</strong> Desastres e muitas <strong>de</strong>las per<strong>de</strong>ram suas<br />

vi<strong>da</strong>s <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> prédio. Somente 26 pessoas, incluin<strong>do</strong><br />

eu e meu pai, foram salvas. Anoiteceu e, <strong>da</strong>s janelas<br />

sem vidros, entrava um vento gela<strong>do</strong> que parecia nos<br />

congelar. Tivemos que suportar o frio e passamos<br />

também a noite to<strong>da</strong> com me<strong>do</strong> <strong>do</strong>s abalos secundários.<br />

No dia seguinte, subi à cobertura <strong>do</strong> prédio e <strong>da</strong>li<br />

pu<strong>de</strong> ver minha ci<strong>da</strong><strong>de</strong> natal. Ela estava irreconhecível e<br />

parecia que havia si<strong>do</strong> atingi<strong>da</strong> por um míssil. Não<br />

havia praticamente nenhum prédio intacto, e a área to<strong>da</strong><br />

estava <strong>de</strong>struí<strong>da</strong>. To<strong>da</strong> a ci<strong>da</strong><strong>de</strong> estava submersa na água<br />

e transforma<strong>da</strong> em um monte <strong>de</strong> entulho. Sem meios <strong>de</strong><br />

comunicação, estávamos presos <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> prédio e<br />

completamente isola<strong>do</strong>s. O segun<strong>do</strong> an<strong>da</strong>r <strong>do</strong> prédio<br />

apresentava uma cena <strong>de</strong>sesperançosa. Tu<strong>do</strong> que eu<br />

podia fazer era cobrir os corpos com cobertores. Subi <strong>de</strong><br />

novo à cobertura e esperei pelo resgate. Só às quatro<br />

horas <strong>da</strong> tar<strong>de</strong> o resgate foi inicia<strong>do</strong>, e fui então salvo<br />

por um helicóptero. Fui leva<strong>do</strong> para o oeste <strong>da</strong> área<br />

central <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>de</strong> Kamaishi. Fiquei esperan<strong>do</strong> pela<br />

chega<strong>da</strong> <strong>do</strong> meu pai, mas o trabalho <strong>de</strong> resgate havia<br />

si<strong>do</strong> concluí<strong>do</strong> naquele dia. Fui sozinho para o Centro<br />

<strong>do</strong> Dharma <strong>de</strong> Kamaishi, an<strong>da</strong>n<strong>do</strong> por um caminho<br />

escuro. Chegan<strong>do</strong> à entra<strong>da</strong>, ao ver um vulto masculino<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>quela escuridão, perguntei pela minha mãe e<br />

ele me disse que, logo após o terremoto, ela havia i<strong>do</strong><br />

<strong>de</strong> carro em direção à sua casa. Comi o bolinho <strong>de</strong> arroz<br />

que me ofereceram; para procurar minha mãe e minha<br />

irmã, entrei no carro <strong>de</strong>sse senhor e, no caminho para a<br />

casa <strong>do</strong> meu tio, fiquei saben<strong>do</strong> que ele era o Reveren<strong>do</strong><br />

Kobayashi, que havia acaba<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser empossa<strong>do</strong> como<br />

reveren<strong>do</strong> <strong>do</strong> centro <strong>do</strong> Dharma <strong>de</strong> Kamaishi. Esse foi o<br />

meu encontro com o Reveren<strong>do</strong> Kobayashi, que ain<strong>da</strong><br />

7<br />

não conhecia o caminho, mas gentilmente me levou até<br />

a casa <strong>de</strong> meu tio, on<strong>de</strong> encontrei minha irmã. Não<br />

tínhamos notícias <strong>da</strong> minha mãe e já achávamos que a<br />

chance <strong>de</strong> encontrá-la estava pela meta<strong>de</strong>. A essa<br />

preocupação juntou-se a preocupação com o meu pai, e<br />

assim passamos a segun<strong>da</strong> noite.<br />

Usan<strong>do</strong> o carro <strong>do</strong> meu tio, passei a manhã <strong>do</strong><br />

terceiro dia visitan<strong>do</strong> muitos abrigos, procuran<strong>do</strong> pela<br />

minha mãe, que havia i<strong>do</strong> em direção à nossa casa, e<br />

pelo meu pai, com quem havia me separa<strong>do</strong> na hora <strong>do</strong><br />

resgate. Observei nossa ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>do</strong> topo <strong>de</strong> uma<br />

montanha, e quan<strong>do</strong> estávamos para partir, vi a cabeça<br />

<strong>da</strong> minha mãe na janela traseira <strong>de</strong> um carro. Minha<br />

mãe estava in<strong>do</strong> em direção ao centro <strong>do</strong> Dharma,<br />

quan<strong>do</strong> ela me avistou. Ela disse que havia si<strong>do</strong> leva<strong>da</strong><br />

por um membro <strong>do</strong> mesmo centro à nossa casa, e sentiu<br />

um forte abalo secundário. Assusta<strong>da</strong>, ela foi para fora e<br />

viu uma nuvem <strong>de</strong> poeira subin<strong>do</strong> <strong>do</strong> rio. Ela tentou<br />

correr para a montanha, mas no pé <strong>da</strong> montanha, seu<br />

corpo foi toma<strong>do</strong> pelo tsunami, e ela ficou por um<br />

tempo presa nos escombros. Então, a força <strong>da</strong>s águas a<br />

fez boiar uns quatro ou cinco metros. Ela conseguiu<br />

agarrar um pé <strong>de</strong> bambu e conseguiu subir a montanha.<br />

Foi <strong>de</strong>ssa forma que ela se salvou.<br />

Na manhã <strong>do</strong> sétimo dia, <strong>de</strong>pois <strong>do</strong> terremoto e<br />

tsunami, meu pai, que havia passa<strong>do</strong> por vários abrigos,<br />

finalmente chegou à casa <strong>do</strong> meu tio. Os quatro<br />

membros <strong>da</strong> família finalmente conseguiram se juntar.<br />

Minha família então começou a morar como<br />

<strong>de</strong>sabriga<strong>da</strong>, no centro <strong>do</strong> Dharma <strong>de</strong> Kamaishi. Esta<br />

situação durou apenas um mês. No centro, começamos o<br />

dia às cinco horas <strong>da</strong> manhã, fazen<strong>do</strong> a recitação <strong>do</strong><br />

<strong>Sutra</strong>. Des<strong>de</strong> que eu era pequeno, sempre vi a <strong>de</strong>voção<br />

<strong>de</strong> minha família in<strong>do</strong> ao centro <strong>do</strong> Dharma, mas eu<br />

tinha muito pouca experiência em recitar o <strong>Sutra</strong>.<br />

Primeiro eu apenas observava o que os membros<br />

faziam. To<strong>do</strong>s os dias, eu os via oran<strong>do</strong> pelo repouso<br />

tranquilo <strong>da</strong>queles que haviam morri<strong>do</strong>. Como meus<br />

sentimentos haviam mu<strong>da</strong><strong>do</strong>, achei que eu queria fazer<br />

alguma coisa para os meus parentes e amigos, e para<br />

to<strong>do</strong>s os membros que estavam moran<strong>do</strong> juntos como<br />

<strong>de</strong>sabriga<strong>do</strong>s. Alguns membros <strong>de</strong> suas famílias haviam<br />

morri<strong>do</strong> no <strong>de</strong>sastre ou não haviam si<strong>do</strong> encontra<strong>do</strong>s.<br />

Durante o dia, eu trabalhava dividin<strong>do</strong> os suprimentos

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!