USO DO HÁBITAT PELA PREGUIÇA-DE-COLEIRA ... - CNCFlora
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BARRETO, R.M.F. 2007. Uso do Hábitat por Preguiça-de-coleira Bradypus torquatus<br />
Adaptações à folivoria<br />
As adaptações físicas e fisiológicas associadas com as estratégias digestivas<br />
são questões chave que devem ser levadas em consideração nas interações entre<br />
mamíferos folívoros arborícolas e as defesas químicas das plantas (MACNAB, 1978;<br />
BELOVSKY; SCHMITZ, 1994). Para compensar a dieta fibrosa pobre em proteínas,<br />
as preguiças desenvolveram características fisiológicas, morfológicas e<br />
comportamentais que regulam a manutenção de seu metabolismo, crescimento e<br />
reprodução (FOLEY et al., 1995). Essas características contribuem para o baixo<br />
requerimento de energia por Bradypus (NAGY; MONTYGOMERY, 1980), o que por<br />
sua vez apresenta forte influência nas estratégias ecológicas da espécie (MACNAB,<br />
1985; QUEIROZ 1995, CHIARELLO, 1998b; CLAUSS, 2004).<br />
As adaptações para a dieta folívora arborícola de preguiças são evidentes<br />
logo na mastigação do alimento. Devido às especializações para triturar alimentos<br />
ricos em fibras, as preguiças possuem músculos faciais reduzidos em número e<br />
complexidade em comparação com os músculos de carnívoros. Isso se reflete na<br />
relativa imobilidade da área facial, sendo os músculos peculiarmente diferenciados e<br />
especializados para permitir o controle sobre a mastigação (NAPLES, 1985). As<br />
glândulas salivares desses animais são muito desenvolvidas, o que acarreta na alta<br />
tolerância aos taninos. Os dentes molares de preguiças Bradypus são<br />
especializados na trituração, efetivando a maceração das fibras logo no aparelho<br />
bucal (CORK; FOLEY, 1991).<br />
Para aproveitar as fibras como fonte de energia é necessário reter o alimento<br />
no aparelho digestivo por longos períodos (CORK; FOLEY, 1991; CLAUSS, 2004).<br />
Assim, para maximizar a digestão e otimizar a obtenção de nutrientes, preguiças<br />
Bradypus possuem aparelho digestivo extremamente complexo com sistemas de<br />
alargamento das câmaras digestivas e presença de microbiota simbionte<br />
(BAUCHOP, 1978; CLAUSS, 2004). O estômago desses animais é<br />
compartimentado, possuindo um sítio de fermentação pré-gástrica, o que se<br />
assemelha superficialmente ao trato digestivo dos ruminantes (BAUCHOP, 1978;<br />
FOLEY et al., 1995). Esse estômago consiste de duas bolsas, a “bolsa central” e a<br />
“bolsa conectante”, que juntas fazem 60% do volume do estômago, e um “fundus<br />
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