Igor Shinzato Higa
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Em outro exemplo, em um suposto diálogo com o arranjador:<br />
Arranjador: “e aí bateria?”<br />
Bolão: “porque não tem a partitura aqui, eu não sei do que se trata”<br />
Arranjador: “Ah não...é samba !”<br />
Bolão: “Então, está bom!”<br />
“3,4 7 ” ai eu vou no samba. Aí chega na convenção e eu vou direto. Nem sei que<br />
tem convenção, se não tem. Eu vou direto.Aí:<br />
Arranjador: “Não, não, não aí tem uma convenção aí!”<br />
Os danos gerados a partir da ausência de partitura podem ser observados nesse<br />
depoimento onde o percussionista, sem ter o recurso da partitura, precisa executar a música<br />
de acordo com a concepção do arranjador. O percussionista é obrigado a tocar “de ouvido”<br />
e, sem conhecer a música previamente, pode encontrar problemas com relação à forma, às<br />
convenções, a nuances que prejudicam a sua performance causando constrangimento diante<br />
aos demais músicos.<br />
Uma saída encontrada para superar esse problema é a utilização da partitura de<br />
outros instrumentos.<br />
7 Contagem para iniciar a música.<br />
“É...uma partitura de contra baixo já ajuda. Porque ‘ô que’ que é<br />
interessante ? ‘Ô que’ que é preciso ? Claro, o cara não precisa escrever samba<br />
pra você. Você sabe qual é o ritmo do samba. Mas a forma da música é<br />
importante. Duas vezes o “A”, ritornello, aí pula, vai. Isso que é o importante, isso<br />
é o que mata, isso é o que cansa no ensaio, são as voltas, a hora que você tem que<br />
fechar, a hora que você tem q abrir no prato...vai o “B”, pula, volta, bola, vai e<br />
coda...é isso que você tem que saber. A partitura da percussão deve ser assim.”<br />
(Bolão em entrevista concedida ao autor em 2005)<br />
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