You also want an ePaper? Increase the reach of your titles
YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.
— Vi o rei <strong>do</strong>s canibais que comeu o camareiro por<br />
engano.<br />
— Vi o rei daqui de perto que tem o filho <strong>do</strong>ente e<br />
ninguém sabe a cura, porque só eu sei.<br />
— E qual é? — perguntaram as outras bruxas.<br />
— No aposento dele há um taco solto. Basta erguer o<br />
taco e se encontra uma ampola; na ampola há um ungüento<br />
que fará desaparecer todas as feridas dele.<br />
De dentro da árvore, a princesa estava para dar um<br />
grito de alegria: teve de morder um de<strong>do</strong> para ficar quieta.<br />
Quan<strong>do</strong> já tinham dito tu<strong>do</strong> que tinham para dizer, as<br />
bruxas se despediram cada uma seguiu seu caminho.<br />
A princesa pulou para fora da árvore e, ao amanhecer,<br />
se pôs a andar em direção à cidade. Na primeira loja de coisas<br />
usadas que encontrou, comprou uma velha roupa de médico<br />
e uns óculos.<br />
Assim, disfarçada, foi bater no palácio real. Ven<strong>do</strong><br />
aquele <strong>do</strong>utorzinho mal-ajambra<strong>do</strong>, os serviçais não queriam<br />
deixá-lo entrar, mas o rei disse:<br />
— De qualquer jeito não há de fazer mal a meu pobre<br />
filho, que pior <strong>do</strong> que está não pode ficar. Deixem este também<br />
tentar.<br />
O falso médico pediu que o deixassem sozinho com o<br />
<strong>do</strong>ente, o que lhe foi concedi<strong>do</strong>.<br />
Quan<strong>do</strong> chegou à cabeceira <strong>do</strong> ama<strong>do</strong>, que gemia<br />
inconsciente em sua cama, a princesa queria explodir em<br />
lágrimas e cobri-lo de beijos, mas se conteve, pois devia<br />
executar rapidamente as prescrições da bruxa.<br />
Pôs-se a andar de um la<strong>do</strong> para outro, até encontrar<br />
um taco solto: levantou-o e encontrou uma pequena ampola<br />
cheia de ungüento.<br />
Com esse ungüento, pôs-se a esfregar as feridas <strong>do</strong><br />
príncipe; bastava passar a mão cheia de ungüento em cima<br />
da ferida para que ela desaparecesse. Toda contente, chamou<br />
o rei, e o rei viu o filho sem feridas, com o rosto cora<strong>do</strong>, que<br />
<strong>do</strong>rmia tranqüilamente.<br />
— Pegue o que quiser, <strong>do</strong>utor — disse o rei. — Todas<br />
as riquezas <strong>do</strong> tesouro <strong>do</strong> Esta<strong>do</strong> são para o senhor.<br />
— Não quero dinheiro — disse o médico. - Dê-me<br />
apenas o escu<strong>do</strong> <strong>do</strong> príncipe com o brasão da família, a<br />
bandeira <strong>do</strong> príncipe e sua jaqueta amarela, aquela perfurada<br />
e cheia de sangue.