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Boletim Eletrônico Entrevista Especial - Territorios Centroamericanos

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www.iicaforumdrs.org.br<br />

Fórum DRS<br />

<strong>Boletim</strong> <strong>Eletrônico</strong><br />

Ano 5 | Edição 77 | Junho/2011<br />

<strong>Entrevista</strong><br />

Carlos Jara, José Patriota e Espedito<br />

Rufino falam sobre as políticas públicas de<br />

desenvolvimento territorial e o enfrentamento<br />

da pobreza no Equador e no Brasil<br />

<strong>Especial</strong><br />

Desenvolvimento rural na Andaluzia


JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br


[ nota ao leitor ]<br />

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<br />

Em continuidade aos diálogos promovidos pelo Fórum DRS sobre polí-<br />

ticas de enfrentamento da pobreza rural, esta 77ª Edição do <strong>Boletim</strong><br />

apresenta uma entrevista com Carlos Jara, José Patriota e Espedito<br />

Rufino que fazem uma análise comparativa das políticas de desenvolvimen-<br />

to rural executadas pelos Governos do Equador e Brasil. A Matéria <strong>Especial</strong><br />

desta Edição aborda os aspectos centrais da estratégia de desenvolvimento<br />

territorial da Andalizia, Espanha.<br />

Boa Leitura.<br />

Coordenação do Fórum DRS<br />

Foto de Capa: Regina Santos/Arquivo IICA<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011


O Fórum DRS tem como objetivo<br />

Contribuir para o desenvolvimento da capacidade<br />

técnica, institucional e gerencial dos integrantes<br />

e parceiros, operando também como instrumento de<br />

integracao latino-americana para a gestão do conhecimento<br />

relacionado com o desenvolvimento rural sustentável<br />

e o combate a pobreza.


í n d i c e<br />

06<br />

26<br />

28<br />

34<br />

36<br />

44<br />

48<br />

<strong>Entrevista</strong><br />

Carlos Jara, José Patriota e Espedito Rufino falam sobre as políticas públicas de desenvolvimento territorial e o<br />

enfrentamento da pobreza no Equador e no Brasil<br />

Notícias do Fórum<br />

Sobre DRS<br />

Eventos<br />

<strong>Especial</strong><br />

Desenvolvimento Rural na Andaluzia<br />

Internacional<br />

Publicações<br />

06<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

38


[ entrevista ]<br />

Fotos: André Kauric<br />

Diálogos<br />

com Carlos Jara, Espedito Rufino e José Patriota<br />

JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br


[ entrevista ]<br />

A edição deste mês traz o diálogo entre o sociólogo equatoriano Carlos Jara,<br />

o Diretor do Projeto Dom Helder Câmara, Espedito Rufino, e o Secretário<br />

de Desenvolvimento e Articulação Regional do Estado de Pernambuco,<br />

José Patriota.<br />

Os três se reuniram durante a realização do V Fórum Internacional de<br />

Desenvolvimento Territorial: Estratégias de Combate à Pobreza, em<br />

novembro de 2010.<br />

A conversa girou em torno das políticas públicas de desenvolvimento<br />

territorial e enfrentamento da pobreza com destaque, principalmente, das<br />

políticas públicas realizadas no Equador e no Brasil. Confira!<br />

CARLOS JARA - Gostaria de começar contextualizando. O governo do Equador nasce do<br />

movimento social, após uma longa história de “desinstitucionalização”, de um conjunto de<br />

governos dominados pela oligarquia. O trunfo de Correa é a expressão “rechazo”, ou seja, a<br />

rejeição da sociedade, dos movimentos sociais que se juntaram dizendo “Não, não quere-<br />

mos mais”. O que foi chamado pelo governo de longa noite neoliberal.<br />

Houve no Equador um profundo processo de “desinstitucionalização”, uma privatização,<br />

e uma quebra de quase todos os serviços das instituições vinculadas à agricultura familiar<br />

e ao desenvolvimento rural. A única coisa que existia no Equador eram as iniciativas toma-<br />

das pelos movimentos sociais, ou pelos governos locais, principalmente dos municípios,<br />

de onde emergiram algumas experiências locais, “territoriais” de desenvolvimento rural.<br />

Mesmo assim, dominadas por uma visão tradicional, paradigmas já superados principal-<br />

mente de combate a pobreza. Vocês conhecem o velho PAC, similares ao velho PAC daqui,<br />

exceto um projeto que foi financiado pelo banco mundial, que teve alguns impactos.<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011


[ entrevista ]<br />

“<br />

Houve no Equador um profundo<br />

processo de “desinstitucionalização”,<br />

uma privatização, e uma quebra<br />

de quase todos os serviços das<br />

instituições vinculadas à agricultura<br />

familiar e ao desenvolvimento rural.<br />

”<br />

Carlos Jara<br />

JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

Outra coisa, mesmo que o governo de Correa tenha nascido dos movimen-<br />

tos sociais, apoiados pelas correntes indígenas, neste momento, o que temos é<br />

uma proposta de um novo estado, de um novo padrão de sociedade. Vou ex-<br />

plicar: nascem de um pensamento urbano, intelectuais urbanos, com uma mis-<br />

são global muito clara, alternativa, mas com muitas fraquezas nos pensamentos<br />

de transformação da estrutura agrária e rural. Os últimos meses do último ano<br />

(2009), o presidente da república vem falando de estabelecer uma revolução<br />

agrária e estamos na discussão do que é essa revolução agrária. Existe uma lei<br />

de terras, o governo neste momento está envolvido em um radical processo<br />

de reforma agrária das terras que pertencem ao estado, neste momento. São<br />

muitas, ainda não se “toca” as terras privadas, algumas terras privadas, mas ter-<br />

ras que estão envolvidas com narcotráfico, com pessoas como banqueiros que<br />

“safaram” o estado. Esse tipo de coisa. Mas o processo de distribuição das terras<br />

começou. O presidente está, neste momento, abrindo espaço para caminhar<br />

para formulação de um plano nacional de desenvolvimento territorial ou uma<br />

estratégia de desenvolvimento do territorial. Acredito que vai ser a segunda,<br />

porque essas iniciativas que foram tomadas pelos governos locais, em desen-<br />

volvimento rural, muitas entre todas, aconteceram dentro de um contexto de<br />

descentralização, uma descentralização neoliberal. Neste momento, a partir da


[ entrevista ]<br />

formulação de um código de ordenamento territorial e<br />

de governos autônomos descentralizados, os governos<br />

locais se chamam, no Equador, de governos autônomos<br />

descentralizados, onde começa o verdadeiro processo<br />

de centralização que entrega aos governos autônomos<br />

descentralizados a potencidade, a autonomia, a respon-<br />

sabilidade de fazer claramente, desenvolvimento rural<br />

sustentável como ante-sala do “Bom Viver”.<br />

O “Bom Viver” é uma idéia que está definida no prin-<br />

cipal instrumento de políticas da presidência da repúbli-<br />

ca, que chama o plano nacional do “Bom Viver”, onde se<br />

diz claro, o que está se envolvendo um padrão de poder<br />

capitalista e esse padrão de poder foi concebido com<br />

um processo linear que vai de A para B e tem que passar<br />

pelo progresso, que tem que ser imitativo da sociedade<br />

ocidental. Essa visão unidirecional para a nossa socie-<br />

dade materialista, consumista ocidental branca apagou<br />

historicamente a possibilidade de emergência de novas<br />

construções, de novos arranjos socioeconomicos, socio-<br />

politicos e principalmente novos relacionamentos com a<br />

natureza. A aposta é a seguinte: Se você deixa, não deixa<br />

livre. Deixa a democratização da sociedade junto a infor-<br />

mação, junto a atitudes e comportamentos de respeito,<br />

de cuidado com a natureza e mistura um diálogo de sa-<br />

bedoria local indigena-afroequatoriana com o conheci-<br />

mento cientifico sistematizado. Mistura. Vão surgir novas<br />

configurações indígenas, novos modos de viver e saúde<br />

em paz, em liberdade, em autonomia, em sustentabilida-<br />

de, o chamado Bom Viver. O Bom viver é por fim e ultimo,<br />

a distribuição sustentável unidirecional, é a ante-sala.<br />

Neste momento, se tem um conjunto de leis funda-<br />

mentais, por exemplo, a nossa Lei Orgânica de Soberania<br />

Alimentar, que historicamente é a primeira lei na historia<br />

do Equador que valoriza a agricultura familiar campesi-<br />

na. Valoriza e aposta nela. Existe a Contag, esse código<br />

que aposta na centralização e força os governos a fazer<br />

desenvolvimento sustentável e existem outras leis, por<br />

exemplo, a Lei de Planejamento Participativo Nacional<br />

que cria, que define as bases para planejar. O estado re-<br />

cupera a faculdade de planejamento que foi perdida por<br />

30 anos, foi deixado nas mãos do mercado, na mão das<br />

empresas privadas a sorte do destino dos territórios.<br />

Qual é o desafio? Existe um conjunto de leis muito cla-<br />

ras que são indicadoras de um novo padrão do “desen-<br />

bulimento”, que nasce de baixo pra cima, principalmente.<br />

O problema é que sendo este um governo sem nome,<br />

hoje a gente está sistematizando um encontro democrá-<br />

tico, milhares de pessoas que participaram de uma critica<br />

e reflexão sobre o movimento. Para onde vai, eu não sei,<br />

não estou informado ainda qual é o resultado, mas, a re-<br />

formulação da política do governo está sendo discutida<br />

nesse momento. Este é um grupo que nasce da cidade.<br />

Primeiro, os quadros tem experiencia em desenvolvimen-<br />

to rural são muito poucos, a maioria das pessoas que es-<br />

tão se preparando nessa temática ou estão vinculados a<br />

gestão publica dos governos locais ou a academias. Existe<br />

um enorme vazio de capacidades para fazer desenvol-<br />

vimento sustentável, essa gestão social como um todo,<br />

considerando todo processo desde o planejamento até a<br />

execução dos planos.<br />

Existem duas correntes que estão sendo debatidas. Na<br />

minha opinião, as duas correntes são parte de um mesmo<br />

todo. Aqueles que apostam nos planos para terminar um<br />

menu de projetos estratégicos e aqueles que apostam,<br />

como eu, na formulação de políticas publicas.<br />

Para mim, é contraditório todo esse processo de gestão<br />

de processamento de iniciativas, de sonhos, demandas e<br />

concensos deve chegar a formulação de politicas publicas,<br />

e nesse todo qual será a politica para manejar recursos hídricos,<br />

para diversificar a produção, para qual vai ser o estilo<br />

da agricultura etc. Aliás, existe outro problema, define que<br />

gradativamente no Equador, o estilo da agricultura deve<br />

ser algo ecológico, mas é um processo que vai tomar muito<br />

tempo e que neste momento é muito dificil de aplicar pelo<br />

dominio que tem os monopolios, pricipalmente os super-<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011


[ entrevista ]<br />

“<br />

Tem 30 milhões entrando na classe<br />

média, na classe C, você tem 24<br />

milhões, dos quais quase 5 milhões<br />

de pobres rurais saindo da linha<br />

de pobreza, quer dizer, políticas<br />

públicas mas também aliada a<br />

um certo equilibrio das finanças<br />

públicas do orçamento fiscal.<br />

”<br />

Espedito Rufino<br />

10 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

mercados do Equador. Então você tem um corrente que vai na procura de uma<br />

produção ecológica, orgânica, sustentável definida pela lei e os interesses fortes<br />

do poder economico vai no caminho contrario, então a falta de capacidade, eu<br />

não diria de institucionalidade também, mas a institucionalidade já está marcada<br />

pelas leis a criar cada vez mais conselhos e estâncias de participação e diálogo nos<br />

territorios, nos governos de paz.<br />

Existe no Equador duas correntes que estão brigando dentro do estado e fora<br />

do estado. Uma delas que aposta nessa nova confuguração de desenbulimento,<br />

que significa falta de embulimento de alguma coisa, que aposta num novo padrão<br />

de vida, onde o crescimento econômico principalmente o meio onde você qua-<br />

lifica o crescimento, qualifica o desenvolvimento, aposta na sabedoria do povo e<br />

se prepara perante as tendências de mudanças climáticas. E a outra, que encontra<br />

neste momento da cultura macroeconômica, onde o Equador tem dinheiro do<br />

petróleo, as finanças publicas equatorianas estão equilibradas gradativamente.<br />

Você não precisa que estar constrangido pelo fundo monetário internacional,<br />

você tem essa liberdade e que encontra um fluxo de recursos economicos de<br />

financiamento para usar dinamicamente os produtos empresariais capitalistas.


[ entrevista ]<br />

Então essa contradição está ai e o presidente está no<br />

meio. E como o governo enfrenta neste momento a maior<br />

pressão, uma posição dividida a apagar as rapidas con-<br />

quistas de direitos. Não estou justificando o governo, mas<br />

a idéia de respeito aos direitos humanos é um estado de<br />

direito, a cada dia você não imagina o investimento social<br />

no Equador, é uma coisa maravilhosa, o Equador mudou<br />

em investimento social e não é um investimento de eu<br />

te entrego dinheiro pra você não se afogar, é um inves-<br />

timento condicional com um conjunto de instrumentos<br />

pra te incluir na economia, na sociedade como cidadão,<br />

isso é muito importante.<br />

ESPEDITO RUFINO - O Equador está entrando cada vez<br />

mais na contemporâneidade da luta dos povos no mun-<br />

do pra mudar os padrões de desenvolvimento. Isso é uma<br />

conquista muito boa e agora tem um governo favorável<br />

a isso. Isso é extremamente novo. Me parece o seguin-<br />

te: existe um paralelo muito importante das coisas que<br />

você levantou que vem acontecendo com outros paises<br />

da américa latina. Mas pode falar do Brasil e do Equador<br />

que são muito parecidos. Aqui nós também elegemos<br />

um presidente que teve muita força nos movimentos so-<br />

ciais, sindicais, sociedade civil, o que foi muito importante.<br />

Também carregado nessas expectativas, nessas possibi-<br />

lidades de você mudar o rumo dos investimentos, das<br />

políticas. Recuperar o papel do estado, a importância do<br />

planejamento, recuperar e possibilitar que a democracia<br />

seja ampliada e que ela tenha concretude, que ela seja<br />

acompanhada de politicas que qualifiquem a democracia<br />

não só pelo voto, mas também por saúde, por educação,<br />

por desenvolvimento dos pequenos negócios, por crédi-<br />

to, por politica do meio rural, por valorização do salario<br />

mínimo, quero dizer, uma série de politicas que junto<br />

com algumas ações nacionais ligada à questão social,<br />

é uma opção de desenvolvimento com inclusão social.<br />

Não é uma ação como dizem os neoliberais, os que que-<br />

rem manter as coisas como antes, também aqui se reage<br />

muito. O processo eleitoral é a prova disso, de que o que<br />

o governo faz para área social é tachado como não só<br />

conservador, mas como dádiva, assistencialismo, como<br />

clientelismo. Não veem o papel e a importância dessas<br />

politicas sociais na geração de emprego, na geração de<br />

renda e, hoje, os dados comprovam isso. São muito mais<br />

importantes as politicas nacionais do governo, inclusive<br />

“pegando” pelo lado social, com dinamica de desenvolvi-<br />

mento, quero dizer, a irrigação de baixo pra cima, a inclu-<br />

são dos mais pobres, a inclusão de populações imensas,<br />

contigentes enormes de populações que estavam exclui-<br />

das totalmente das políticas. Não tinha políticas que favo-<br />

recessem essa gente.<br />

Os exemplos hoje são inúmeros. Tem 30 milhões en-<br />

trando na classe média, na classe C, você tem 24 milhões,<br />

dos quais quase 5 milhões de pobres rurais saindo da li-<br />

nha de pobreza, quer dizer, políticas públicas mas tam-<br />

bém aliada a um certo equilibrio das finanças públicas do<br />

orçamento fiscal.<br />

Então, você tem hoje um país que nao depende e não<br />

está mais submetido as regras do FMI, que é credor no<br />

FMI, inverteu. Você tem um país que tem reservas con-<br />

sideráveis, um pais que entrou mais tarde na crise e saiu<br />

mais cedo. São coisas que tem a ver com essa novidade<br />

na América Latina. Eu acho que é o fim do governo ali-<br />

gárquicos, corruptos e voltados para interesses que não<br />

eram interesses do povo, não era interesse dos mais po-<br />

bres, não era interesse dos movimentos sociais indigenas,<br />

não era interesse Desses que dominavam as politicas de<br />

interesse do estado. Não tinha um estado a serviço do<br />

povo, um estado a serviço das oligarquias, eram politicas<br />

ditadas de fora que viviamos ainda como no tempo da<br />

colonia voltados para exportação. Hoje, olhamos para<br />

o mercado interno, é um Mercado extraordinário, um<br />

mercado do tamanho do mercado europeu. São atitu-<br />

des politicas importantes que foram tomadas e que vem<br />

crescendo no Brasil e em outros paises da américa latina,<br />

acho que no Equador também.<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

11


[ entrevista ]<br />

Você chamou muito bem a atenção nisso e voltando<br />

um pouco aqui pra nossa região, o que nós estamos fa-<br />

zendo, é fato que esse movimento é positivo, mas é tam-<br />

bém um movimento que busca definir melhor quais são<br />

os gomos do futuro, independentemente discutir se é so-<br />

cialista. Se você vai ter um estado democratico de direito<br />

a serviço do povo, essa é a ideia mais importante, que<br />

predomina mais, que mais interessa ao povo brasileiro.<br />

Vamos chegar sobre tudo com uma ideia forte, que, ali-<br />

ás, foi uma ideia vencedora no processo eleitoral recente<br />

que é acabar com a pobreza, acabar com a miséria, que é<br />

a principal bandeira da nova presindete Dilma, sustentou<br />

essa bandeira o tempo todo com muita firmeza. E acabar<br />

com essa miséria com politicas, não é com distribuição<br />

de cestas, não é com Bolsa Familia, embora necessario<br />

o Bolsa Familia e as condicionalidades politicas também<br />

que foram e estão sendo feitas no Equador e uma série<br />

de mudanças e transformações no sentido de incluir a<br />

população e melhorar a nivel de educação e são ques-<br />

tãoes estruturadoras importantes. Mas vem crescendo<br />

um mundo de universidades, vem crescendo os recursos<br />

e os investimentos em ciência e tecnologia, vem crescen-<br />

do fortemente e se descentralizando do centro-sul. É um<br />

processo importante de descentralização, interiorização<br />

e descentralização de politicas públicas muito fortes e<br />

de combate também as desigualdades. Não só à pobre-<br />

za, mas também às desigualdades regionais. As políticas<br />

desses últimos tempos tem reorientado o ponto de vista<br />

nacional pra politicas nacionais que minimizam as dispa-<br />

ridades entre as regiões e isso tem sido muito favorável<br />

pra nós aqui do nordeste.<br />

São várias as politicas quando você fala de valorização<br />

do salário minino e de combate a pobreza, você ta falan-<br />

do fundamentalmente do nordeste, nordeste semi-árido,<br />

nordeste pobre, nordeste rural, 50% da agricultura familiar<br />

daqui com indigenas, quilombolas e outras comunidades<br />

tradicionais. Mas você tem também o grosso dos assenta-<br />

mentos do norte e nordeste e você tem também o grosso<br />

1 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

da pobreza no meio rural, então essas politicas nacionais<br />

têm favorecido muito a inclusão social, não só social mas<br />

também produtiva dessas populações porque o crédito<br />

tem crescido muito e também o investimento no mundo<br />

rural tem crescido muito. se você com essas politicas an-<br />

dar pelo interior, você vai ver como “pipoca” todo esse inte-<br />

rior de construção civil, e não é só contrução civil, “pipoca”<br />

um movimento que hoje há detectado retorno dos que<br />

se aposentam no centro-sul do Brasil e voltam às suas ori-<br />

gens, suas raízes, suas regiões e que se reinstala com novos<br />

serviços de qualidade, serviços que aprenderam e desen-<br />

volveram no centro sul do pais. Então você tem movimen-<br />

tos dinâmicos e nomes que são profundamente geradores<br />

de um novo jeito de fazer politica, um novo jeito de pensar<br />

politica publica, mas sobre tudo existe dentro disso uma<br />

novo postura, uma postura mais cidadã, não só de movi-<br />

mentos sociais, de homens simples, mulheres, de inclusão.<br />

Essa “coisa” da inclusão não só inclui, mas empodera e per-<br />

mite a democracia participativa. Uma das coisas fortes na<br />

tua fala, e para nós também tem sido muito importante,<br />

foi a possibilidade de você descentralizar as políticas, fazer<br />

democracia com participação. Nisso a nossa constituição é<br />

muito facilitadora.<br />

Também aqui temos duas grandes correntes ou mais,<br />

mas duas grandes correntes. Duas não querem mudar e<br />

duas que querem voltar às coisas do passado, o estado<br />

deixar de fazer opções, mas também de um estado que<br />

seja mais proativo na vida e que seja mais orientador de<br />

politicas, fiscalizador de politicas, um estado mais estrutu-<br />

rado. Institucionalizar um certo numero de politicos tem<br />

sido no governo atual, assim como ta acontecendo la no<br />

Equador, uma das coisas mais fortes. Nova lei de assistên-<br />

cia técnica, nova lei de agricultura familiar, lei instrumenta<br />

sobre segurança alimentar e nutricional, hoje é lei. Tudo<br />

isso são instrumentos que estão sendo importantes. A<br />

segurança alimentar é um direito constitucional, como o<br />

cidadão tem direito à educação, saúde, a alimentação e a<br />

nutrição é um direito agora com o PAC, é um projeto de


[ entrevista ]<br />

emenda constitucional, passa a ser um direito do cidadão. É muito importante<br />

você criar essas politicas ou programas existentes estão se tornando politicas<br />

de estado. Elas estão sendo institucionalizadas e foi a ponto agora de você ter<br />

institucionalização muito importante da agricultura familiar e que 40, no mini-<br />

mo 30% da merenda escolar seja compra direta da agricultura familiar. Então<br />

você vai criando politicas que vão “irrigando” a economia de baixo pra cima e vai<br />

reorganizando um mercado produtor para abastecer uma demanda que é forte<br />

de políticas públicas, mas também da população geral, pois hoje tem salário<br />

valorizado, tem renda melhor, come melhor, compra mais. Você tem hoje uma<br />

reestruturação, acho extremamente importante e estamos todos voltados pra<br />

isso, de repensar os modelos produtivos e também o consumo, novos modelos<br />

de produção e consumo.<br />

Essa questão de novos modelos de desenvolvimento vão brotando e emer-<br />

gindo, mas exige também daqueles que formulam políticas publicas, alguns<br />

reconhecimentos, a compreensão de algumas coisas que são importantes do<br />

meu ponto de vista. Essa “multidimensionalidade” no processo de investimento<br />

hoje é essencial para compreender desenvolvimento, não só como uma ques-<br />

tão sócio-econômica, como também uma questão cultural, política, fundamen-<br />

tal. Quero dizer, não dá também pra você fazer hoje o desenvolvimento sem<br />

pensar em cultura, não dá. Então, a multidimensionalidade nas concepções<br />

“<br />

Essa “multidimensionalidade” no<br />

processo de investimento hoje<br />

é essencial para compreender<br />

desenvolvimento, não só como uma<br />

questão sócio-econômica, como<br />

também uma questão cultural,<br />

política, fundamental.<br />

”<br />

Espedito Rufino<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

1


[ entrevista ]<br />

hoje do desenvolvimento e para isso, essa questão da sustentabilidade ambiental é essencial pra você ter novos padrões<br />

de produções de consumo e isso é essencial pra orientar as políticas publicas.<br />

Outra coisa que a gente precisa debater é sobre nessa questão do desenvolvimento: a importância e o papel contra<br />

o combate à pobreza. Vamos falar da pobreza, depois falamos do rural. Pobreza não é só carência, pobreza são muitas e<br />

múltiplas carências, mas também é muita potencialidade, habilidade e oportunidade. Se você olhar a pobreza só como<br />

carência, não vai perceber que na pobreza estão coisas que são importantes para as pessoas, enquanto sujeitos sociais,<br />

enquanto protagonistas da sua própria historia, entender que podem encontrar os seus próprios caminhos de saída da<br />

pobreza, possam encontrar o rumo da cidadania. E isso não pode ser feito sem reconhecer as potencialidades e as habili-<br />

dades que você encontra no ser da pobreza.<br />

Quando você olha o mundo rural, e a gente olha a agricultura familiar, indígenas, quilombolas, as comunidades tra-<br />

dicionais e assentamentos de reforma agrária, a gente tem percebido que eles são multifuncionais e são pluriativos. Mas<br />

normalmente a gente chega com a política de uma nota só que não articula as potencialidades, as habilidades nem muito<br />

menos que estão fazendo parte dessa multifuncionalidade, dessa pluriatividade de agricultura familiar e da reforma agrá-<br />

ria. Você esta sempre fazendo políticas excludentes, só está fazendo políticas para alguns. Neste sentido, nós montamos<br />

uma estratégia. A pobreza exige múltiplas carências, mas também múltiplas habilidades e potencialidades, exige uma<br />

abordagem multidimensional, isso significa que nós temos que montar estratégias que ponham habilidades e potencia-<br />

14 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br


[ entrevista ]<br />

lidades juntas em projetos que possam criar alternativas<br />

de desenvolvimento para grupos sociais no centro da po-<br />

breza, da agricultura familiar e do desenvolvimento rural.<br />

Por exemplo, nós temos um projeto para todos que<br />

o dinheiro vai para a associação. O projeto é para todo<br />

mundo, não funciona. Nós temos dentro da associação<br />

um grupo de pessoas com habilidades e potencialidades<br />

em formar grupos de interesses próprios para você cons-<br />

truir projetos e, ai sim, é difícil, vai dar trabalho, exige muita<br />

informação, muita educação. Temos uma pratica aqui (em<br />

Recife) de fazer unidades demonstrativas para incorporar<br />

novos conhecimentos, novos saberes, novas tecnologias<br />

que são essenciais para mudar esse panorama, mas você<br />

só faz isso com muita dificuldade. Se você tem grupos<br />

de interesse que tem habilidades comuns, porque fazer<br />

quando não tem isso. É impossível e nós insistimos em<br />

pensar, em agir e querer que primeiro só tenha um pro-<br />

jeto para uma comunidade, só tenha uma vez e só. Isso é<br />

um desastre. A nossa experiência esta demonstrando que<br />

os projetos e os programas das instituições internacio-<br />

nais, Banco Mundial e outros são sempre cédulas de uma<br />

nota só, fragmenta, divide o cenário social e sobre tudo é<br />

atomizado e isolado de qualquer ação pública. Para nós,<br />

é essencial que investimentos como esse seja no sentido<br />

das potencialidades, das habilidades dos agricultores e<br />

agricultoras no combate a pobreza como via de saída da<br />

pobreza à cidadania passando efetivamente por inclusão<br />

dessas pessoas em políticas publicas. É preciso construir<br />

referências de combate à pobreza com inclusão social<br />

produtiva, mas no caminho do acesso desses atores e<br />

atrizes sociais às políticas publicas que hoje existe uma<br />

oferta enorme.<br />

Aqui, vamos entrar em um tema muito importante<br />

que você levantou: é a qualificação. Os quadros para fazer<br />

desenvolvimento rural, para fazer elaborar projeto para<br />

gestão não existem. Não tem projeto. Nós temos uma<br />

oferta enorme de políticas e não temos uma organização,<br />

uma qualificação da demanda, quer dizer, a oferta é gran-<br />

de, mas a qualificação, a organização da demanda pra<br />

acessar essas políticas é difícil.<br />

Outra coisa, que é muito importante, nossos estados<br />

são oligárquicos, foram esquartejados, foram colocados<br />

em pedaços divididos e separados. Nunca em uma co-<br />

munidade que tem uma visão sistêmica holística como<br />

essa que estamos falando, em que, olha a comunidade,<br />

projeta a comunidade, movimenta a comunidade e reali-<br />

za subprojetos quanto forem as potencialidades e habili-<br />

dades, se nós não pegarmos essa direção, nós não temos<br />

como chegar nas políticas publicas. Aliás, a oligarquia es-<br />

pera por isso, e é difícil, impossível pensar que você vai<br />

integrar novas políticas publicas por cima, tem que ser<br />

por baixo. Isto é, descentralizar políticas, democratizar<br />

políticas, andar no sentido da democracia participativa<br />

descentralizada mais próxima do cidadão, democracia<br />

direta é a melhor via pra gente encontrar os caminhos da<br />

mudança de um novo estado, de novas metodologias, de<br />

processos participativos cidadã, digamos, de uma políti-<br />

ca, de um estado diferente.<br />

Então nós estamos presenciando isso. Nós temos hoje<br />

mais de sessenta parcerias, nós temos arranjos institucio-<br />

nais que tem da comunidade até a Petrobras, da comuni-<br />

dade até cinco ministérios, mas todos feitos no território,<br />

na comunidade, com assistência técnica com essa visão<br />

holística mais sistêmica pra fazer à partir de proposições<br />

concretas, montagens de arranjos de projetos, monta-<br />

gens de arranjos financeiros, e de arranjos institucionais<br />

para viabilizar e tem viabilizado, fizemos no semi-árido<br />

adutoras rurais, gente água nem pra banhar hoje tem<br />

água em casa, toma banho em casa e a água está na<br />

torneira e quando você vai pensar quem que esteve jun-<br />

to, teve da comunidade ao município, ao estado, a Pe-<br />

trobras, ao governo federal para poder chegar água nas<br />

torneiras e isso não se faz em Brasília, isso só se faz se você<br />

criar esses mecanismos embaixo que faça exatamente a<br />

mobilização, reorganização, qualificação da demanda e<br />

os arranjos do cenário financeiro que permite que você<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

1


[ entrevista ]<br />

“<br />

É preciso tornar o campo mais atrativo, mais<br />

agradável, é preciso que haja essa visão<br />

sistêmica. A universidade se interiorizando<br />

já é uma grande decisão política e no<br />

governo atual isso começou a acontecer<br />

com a interiorização das escolas técnicas<br />

”<br />

José Patriota<br />

1 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

realize isso e estamos vivendo isso, que é extremamente<br />

importante. Por ultimo, é a questão dos quadros, da quali-<br />

ficação do pessoal. Nós não temos nem nas ONGs, muito<br />

menos no estado quadros com quantidade, são escassos,<br />

nas ONGs e nos estados com essa visão. Nem a visão do<br />

desenvolvimento, nem a visão da estratégica, nem essa<br />

compreensão do papel e da importância do protagonis-<br />

mo dos agricultores, que o projeto é deles, o projeto não é<br />

do estado, o projeto é deles e eles que tem que conduzir,<br />

nós temos que ser facilitadores dos projetos, nós somos<br />

“animadores”, nós somos na melhor das hipóteses facili-<br />

tadores para que eles possam realizar as suas políticas, os<br />

seus sonhos, realizar os seus projetos e essa função de fa-<br />

cilitador, com essa concepção entendendo a importância<br />

do protagonismo, necessidade de novos conhecimentos.


[ entrevista ]<br />

Por exemplo, uma das coisas que nós mais encontramos<br />

é a desinformação, ou a falta total de informação.<br />

Outro dia nós tivemos uma discussão que foi ótima.<br />

Um técnico perguntou a um grupo de agricultores: o que<br />

projeto “x” trouxe de benefícios para vocês? Eles respon-<br />

deram: “o projeto trouxe setenta por cento de informação<br />

que a gente não tinha, conhecimentos novos, coisas e<br />

jeitos novos de fazer que a gente não sabia, que a gen-<br />

te tava fazendo de um jeito antigo que não dava nada”.<br />

Então, isso quer dizer que ele não tinha informação so-<br />

bre financeiro, não tinha conhecimento, ele não tocou<br />

em cisterna, barragem subterrânea, barragem sucessiva,<br />

nada. Então, não tinha informação sobre política, não ti-<br />

nha conhecimentos novos que eram necessários com as<br />

unidades de demonstrativas. “Então hoje eu faço coisa<br />

que não fazia antes, mas com informação”, quer dizer, in-<br />

formação, conhecimento e inovação. Sem conhecimento<br />

como faz inovação? E sem inovação você não vai voltar<br />

a um processo de desenvolvimento com novos padrões<br />

de produção e consumo intangíveis, mas poderosos. Ele<br />

disse “Inclusive, hoje, se o projeto for embora, eu sei onde<br />

tem informação e onde que eu tenho que buscar politica”.<br />

Quer dizer, é um cidadão que agora é ator do seu proces-<br />

so e que se insere. Foi no banco e disse: “agora no banco<br />

não passo mais fila, eu chego à prefeitura também não<br />

passo mais fila”. São moradores das comunidades empo-<br />

derados. Eles fornecem todo dia setecentos litros de lei-<br />

te, mesmo que chova ou faça sol, na época mais seca do<br />

ano. Eles têm a vacaria mais bonita da região comparada<br />

às que os grandes proprietários tinham. Eles têm uma das<br />

comunidades mais bonitas em termo de convivência do<br />

semi-árido. Não tem água para aguar um pau de capim,<br />

mas tem setecentas toneladas de leite só com recursos<br />

do semi-árido, quer dizer, convivência com o semi-árido, a<br />

questão ambiental. Você anda nesse assentamento você<br />

não encontra um saco de lixo no chão, agora vai nessas<br />

periferias dessas cidades pra você ver. É uma concepção<br />

de conviver do Bom Viver do meio rural.<br />

JOSÉ PATRIOTA - Essa possibilidade do estado ter es-<br />

paço para um papel de disputa, permitir, respeitar e até<br />

fortalecer as instancias de participação, porque com isso<br />

as pessoas vão se apropriando, se ponderando e a infor-<br />

mação vai chegando. Na medida em que a informação<br />

chega, as pessoas vão reagindo e essa é uma dificuldade.<br />

A grande mídia não tem interesse de focar, não tem espa-<br />

ço para esse tipo de discussão e, simplesmente, ela que<br />

domina a casa das pessoas. A televisão é quem manda. A<br />

casa pobre de taipa, mas ta lá a televisão com a sua pro-<br />

gramação, com seus enlatados estimulando o consumo<br />

e, então, me vem a preocupação dos jovens rurais e das<br />

mulheres. Porque o jovem não quer mais ficar no campo?<br />

A migração continua muito forte para as periferias das<br />

cidades. Com essa política, a previdência rural avançou<br />

muito a expectativa de vida do brasileiro e vai aumen-<br />

tando. Há muito aposentado se mudando para a cidade<br />

pressionado muitas vezes pela família, pelos mais jovens<br />

e por um lado você tem essa oferta de política. Parece<br />

uma contradição isso que eu estou falando, mas só es-<br />

tou complementando. Você tem uma oferta, uma cesta,<br />

um menu de programas e de políticas que a maioria do<br />

povo nem sabe direito como acessar porque a extensão<br />

não funciona, porque a informação não chega, não tem<br />

quem elabore o projeto adequadamente para atender<br />

àqueles editais. É preciso tornar o campo mais atrativo,<br />

mais agradável, é preciso que haja essa visão sistêmica.<br />

A universidade se interiorizando já é uma grande deci-<br />

são política e no governo atual isso começou a acontecer<br />

com a interiorização das escolas técnicas, porque esse é<br />

um grande problema, a concentração de oferta de cur-<br />

sos adequados para a região sobre tudo o semi-árido, fica<br />

concentrado nas grandes cidades e nas capitais, então o<br />

jovem do interior fica sem opção e vai estudar, fazer o<br />

ensino médio ou um curso e ser professoras jovens sem<br />

muita opção. Isso agora começa a mudar e nós vamos<br />

colher daqui uns anos a formação da nova geração com<br />

a interiorização das escolas técnicas e a interiorização<br />

das universidades. Isso é fundamental e para mim isso é<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

1


[ entrevista ]<br />

um desafio grande de manter a população do interior<br />

no interior, encontrar opção de atuação na região, mes-<br />

mo que não seja na agricultura, mas em serviços criando<br />

uma dinâmica econômica regional territorial.<br />

Outra coisa nova, que começa a surgir no nordeste<br />

e no sul, é o surgimento dos consórcios. O município é<br />

limitado para dar resposta aos seus problemas por varias<br />

razões: não foi definido seus limites por nenhum indica-<br />

dor social ou ambiental econômico; foi definido pelo in-<br />

teresse oligárquico; a divisão foi entre os poderosos; não<br />

há uma delimitação baseada em um indicador e o muni-<br />

cípio por si só não tem escala, não responde na oferta dos<br />

serviços, na gestão dos equipamentos e muito menos<br />

na gestão dos investimentos. Então, o surgimento dos<br />

consócios é uma coisa interessante pelo lado do poder<br />

publico que precisa naturalmente, aqui no Nordeste, de-<br />

senvolver maiores experiências. Ainda está começando<br />

em algumas regiões. Enquanto no Sul já é uma coisa cor-<br />

riqueira, aqui ainda não é. Mas, na minha opinião, surge<br />

como um elemento importante nesse processo porque<br />

você passa a ter mais facilidade de dialogar com a políti-<br />

ca de desenvolvimento territorial.<br />

Por que tem a questão do lixo, não tem como você<br />

enfrentar esse problema do resíduo sólido que hoje está<br />

como Pernambuco que não tem nem vinte municípios<br />

ainda, totalmente legalizado e cumpriram a legislação<br />

nacional, se não for, nem o município tem condição,<br />

nem o estado tem o papel de fazer essa gestão, não<br />

tem “perna”, não é função, a província não tem. Então o<br />

instrumento de gestão regional cabe perfeitamente no<br />

consórcio, alguns equipamentos, por exemplo, patru-<br />

lha mecanizada para dar conta de umas das estradas da<br />

região, manutenção de estradas já mobilidade é funda-<br />

mental para o desenvolvimento da pessoas e das merca-<br />

dorias, então é um papel típico de um consócio, de fazer<br />

a gestão do que é investido em todos os projetos não<br />

só de comunidades, mas também do serviço público<br />

que as prefeituras têm pouca capacidade técnica, pou-<br />

1 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

co acúmulo de desenvolver a elaboração, mas também<br />

a gestão do próprio estado é muito carente disso. Então,<br />

outra atividade que espera de uma institucionalidade<br />

territorial e necessária é a questão do meio ambiente, na<br />

medida em que as micro bacias hidrográficas não respei-<br />

tam a divisa de sertão, você enfrentar a questão do clima<br />

do semi-árido sem discutir a micro bacia como um todo,<br />

não adianta o município fazer uma intervenção e o vizi-<br />

nho deixar do mesmo jeito, daí essa questão do território<br />

precisa ser cada vez mais incorporada, muita gente não<br />

consegue interpretar, nem discutir, nem entender, inclu-<br />

sive os gestores públicos dos municípios, é preciso com-<br />

preender isso. Apenas alguns segmentos da sociedade,<br />

claro que tem gestores que tem abertura, que tem expe-<br />

riências, tem iniciativas, está crescendo e desenvolve, mas<br />

é preciso investir mais na informação, na disseminação do<br />

conceito das iniciativas, na multiplicação das experiências<br />

que eu chamo de referência para a partir disso as pessoas<br />

conseguirem enxergar, não ficar na teoria porque nosso<br />

povo tem dificuldade de compreender e até os gestores<br />

mesmo aquilo que você não certeza, o exemplo mesmo é<br />

aquilo que você arrasta, é o convence. Então nesse aspec-<br />

to não há ainda iniciativas que dêem grandes impactos<br />

econômicos no PIB da região desde tipo de iniciativa, mas<br />

há uma rede de cimentos, de iniciativas e movimentos<br />

envolvidos que podem ser multiplicadores que num fu-<br />

turo próximo começar a impactar na economia da região<br />

e para os pequenos, nós apostamos muito numa estraté-<br />

gia de rede, então o pessoal vai lá na escola, no centro de<br />

referencia de agricultura do PAGU, então está lá no muni-<br />

cípio aonde a institucionalidade favoreceu um conjunto<br />

de parceiros de instituições e fizeram investimentos mas<br />

tem uma rede de grupos de interesse que ele falou que<br />

trabalha com apicultura que vai se desenvolvendo cuja<br />

a rede tem investimentos diversos mas que nós temos<br />

que ter a capacidade e o estado de animar isso e de jun-<br />

tar para enfrentar o maior desafio que eu acho do servi-<br />

ço publico que é a integração de políticas, pra mim é o<br />

maior desafio por conta da concepção, da estrutura pa-


[ entrevista ]<br />

trimonialista como o estado brasileiro foi montado, todo departamentalizado,<br />

todo de costas um para outro e que dentro da própria instituição, município,<br />

estado ou união não há gestão, então imagina como a gente vai querer que<br />

os outros se integrem e as instancias, os fóruns, os colegiados são conselhos<br />

que ajudam a cobrar do estado a ter uma postura de integração, até porque<br />

as ações acontecem na região, então de uma forma ajuda no planejamento<br />

e fortalece o planejamento na região e concordo com o Expedito quando é<br />

uma coisa que nós estamos desenhando um novo programa que traz esse<br />

esforço de que nós chamamos de Pernambuco Rural Sustentável e ele está<br />

nesse momento na fase de concepção e esse curso não está vindo pra cá por<br />

acaso, nós estamos com uma equipe discutimos e vamos começar a abrir a<br />

escuta de alguns segmentos possíveis de ajudarem também com informação<br />

e os pedidos de outras figuras também estão na lista. O conceito da pluriativi-<br />

dade, multifuncionalidade e de uma visão sistêmica onde a gente não fecha<br />

a politica do programa de uma forma engessada, considerando que no terri-<br />

tório casa um tem suas especificidades, sua dinâmica, tem seu pacto de go-<br />

vernabilidade institucional, tem o seu próprio plano que não é igual ao plano<br />

do vizinho, agora claro que cada um tem contribuições a dar para o vizinho,<br />

“<br />

... nós temos que ter a capacidade<br />

e o estado de animar isso e de<br />

juntar para enfrentar o maior desafio<br />

que eu acho do serviço publico<br />

que é a integração de políticas,<br />

pra mim é o maior desafio por<br />

conta da concepção, da estrutura<br />

patrimonialista como o estado<br />

brasileiro foi montado...<br />

”<br />

José Patriota<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

1


[ entrevista ]<br />

“<br />

A cada ano ficamos mais velhos.<br />

À medida que fico mais velho,<br />

diferente de outros, estou muito mais<br />

comprometido. Neste momento, este<br />

Carlos Jara que se vê, daria a vida,<br />

na hora, para ver este sertão de<br />

Pernambuco em melhores condições<br />

”<br />

Carlos Jara<br />

0 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

é sinérgico. Então esses elementos de entender da multifuncionalidade,<br />

de entender que o conjunto de ações, que há interesses comuns e grupo<br />

de interesses por atividade e por afinidade então isso mexe direto com a<br />

educação e com a extensão e isso pra mim é um grande desafio aqui no<br />

Brasil porque esse sucesso, essa historia do projeto tem um elemento que<br />

está resumido em informação, dinâmica e visão de ver as coisas, a visão<br />

dinâmica de respeitar quando ele faz um plano de ação na comunidade<br />

que dá assessoria técnica, esse plano vê tudo, desde a festa tradicional<br />

da comunidade, ele vê um conjunto todo e articula os atores que devem<br />

fazer o seu papel, o jogo, a comunidade faz com que cada um cumpra as<br />

suas obrigações e suas funções, mas de uma forma que a comunidade<br />

se apropria e diz com quer e o técnico é o animador desse processo é o<br />

facilitador e essa é a grande diferença, os investimentos são apenas instru-<br />

mentos de movimentação, o projeto não é o fim, essa é a questão que a<br />

velha assistência técnica que ainda continua prevalecendo na maioria das<br />

empresas dos estado brasileiros é o modelo do projeto fim, chegou, ter-<br />

minou, implantamos o projeto, foi embora e acabou. Isso é um processo


[ entrevista ]<br />

permanente e contínuo, não pode, esse é o grande dife-<br />

rencial, a informação. O investimento é bem pequeno, o<br />

investimento físico do ponto de vista humano, do conhe-<br />

cimento é imensurável.<br />

ESPEDITO RUFINO - Acho que tem uns problemas que<br />

nós temos problemas conceituais, como já falamos, nós<br />

temos problema de estratégia e integração politica, nós<br />

temos problemas de metodologia e até de pedagogia<br />

no relacionamento com as comunidades rurais em geral<br />

com a sociedade, nós temos uma baixa institucionalida-<br />

de pro novo e uma sólida e difícil institucionalidade pro<br />

velho, um exemplo, são novas políticas com velhas insti-<br />

tucionalidades, um dos exemplos é esse de você repensar<br />

planejamentos, você fazer planejamento descentralizado<br />

territorializado, mas os territórios não tem institucionali-<br />

dade e depende das prefeituras e estado, quer dizer, você<br />

não tem institucionalidade o que evidentemente difi-<br />

culta a elaboração das políticas, mesmo a nível nacional<br />

tem que ser coordenada, fizeste uma descentralização<br />

coordenada das políticas mas a execução das políticas e<br />

o controle social tem que ser descentralizados é essen-<br />

cial que seja assim, senão não acontece a democracia e<br />

não acontece controle social, você faz de conta que faz o<br />

controle, você faz os planos e também tem duas grandes<br />

correntes, essa de fazer os planos com projetos estrutura-<br />

dores, mas da cabeça de um certo numero de pensantes<br />

e intelectuais, orgânicos ou não, iluminados que sabem<br />

para que um dia alguém vá fazer ou você pode ter con-<br />

ceitos, pode ter políticas, diretrizes, um processo de ela-<br />

boração participativa em que as pessoas se envolvem se<br />

apropriam dos conceitos, das diretrizes, das estratégias e<br />

passam a ser parte ativa na construção da mudança das<br />

políticas a serem executadas. E aí evidentemente, mon-<br />

tar também com isso, estruturar institucionalidades que<br />

permitam esse debate de inteiração das políticas, elabo-<br />

ração de planos ai de baixo para cima, e que possam tam-<br />

bém possibilitar um controle social maior, acho que essa<br />

coisas permeiam e por ultimo seguinte, um dos maiores<br />

problemas que nós temos é o de gestão, e normalmente<br />

a gente acha que gestão é para os técnicos e isso não é<br />

educativo, o nosso processo de trabalho é exatamente, é<br />

criando uma serie de mecanismos para que os próprios<br />

trabalhadores façam o exercício de gestão do seu negó-<br />

cio, do negócio associativo, da sua vida, da sua comuni-<br />

dade é você sempre criar instrumentos que possam fazer<br />

aprendizagem em gestão, e isso é essencial. Sem uma<br />

gestão, digamos, sem um processo educativo formativo<br />

pra compreender a gestão do planejamento, a gestão<br />

da ação, a gestão das coisas, nós não mudamos cultural-<br />

mente, a postura, as práticas, o modo de agir das pesso-<br />

as, e aí evidentemente ficamos totalmente a espera de<br />

milagres, ou então de algum bem feitor, ou então de um<br />

iluminado, que venha resolver as questões das pessoas<br />

resolverem, eu acho que esse processo de aprendizagem<br />

educativa é extremamente importante.<br />

CARLOS JARA - Suas palavras me deixam cheio de emo-<br />

ção. O que Equador está sofrendo, os problemas que es-<br />

tão lhe afetando são muito similares ao relato de vocês e<br />

ao que eu tenho aprendido nos últimos anos. Isso pode-<br />

ria dar sinais de respostas às questões que você fez.<br />

A cada ano ficamos mais velhos. À medida que fico<br />

mais velho, diferente de outros, estou muito mais com-<br />

prometido. Neste momento, este Carlos Jara que se vê,<br />

daria a vida, na hora, para ver este sertão de Pernambuco<br />

em melhores condições. Como você está sonhando, sem<br />

dúvida nenhuma, esse é o nível do meu compromisso, é<br />

só para dizer onde me coloco.<br />

A primeira coisa que temos que mudar no Equador<br />

e na América Latina, e temos que fazer um esforço para<br />

mudar, é a nossa própria mentalidade. Não somente a<br />

cultura é o paradigma que não se preocupa, é o inimigo<br />

que mora no interior, dentro de nós. É o modelo de pen-<br />

samento cartesiano que divide e que se reflete na gestão<br />

setorial do estado. A gente precisa de uma imagem fun-<br />

damental do que eu chamo, eu coloquei na proposta de<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

1


[ entrevista ]<br />

estratégia de desenvolvimento rural do Equador, a metá-<br />

fora de coordenação de coordenações. Não estou falando<br />

mais desse arrocho, estou falando de desarrocho desse<br />

envolvimento. Não temos desenvolvido tecnologias para<br />

aumentar, incrementar a produtividade do milho, soja e<br />

etc, mas aumentamos a produtividade da participação<br />

qualitativa, aumentamos a produtividade da solidarie-<br />

dade, do companheirismo da parceria, das trocas. Esse é<br />

o lado sério do chamado capital social, do tecido social,<br />

que precisa de trocas, que precisa de comunicações que<br />

precisa de uma comunicação intercultural, horizontal no<br />

sentido de respeitar a legitimidade do outro, algo muito<br />

difícil no mundo onde a educação ainda é um privilégio,<br />

mesmo com os esforços que estão sendo feitos.<br />

Você tem sido formado não para facilitar prazer, mas<br />

com um sentido de liderar, de líder, inconscientemente<br />

autoritário. Você produz “líderazgos” (lideranças), não é o<br />

mesmo líder que “liderazgo” (liderança). Não é a mesma<br />

coisa o compadre que “compadreasgo”, “compadresis-<br />

ta”. O compadre é uma relação social onde todo grupo<br />

acredita em uma proposta, compartilha uma proposta e<br />

aposta em um proposta, onde o talento local vai pra fren-<br />

te, mas não conduz o rebanho, vai junto o rebanho. Essa<br />

metáfora é muito importante entender, coordenação de<br />

coordenações, é importante que o governo no Equador,<br />

o governo central, possa construir uma alquimia de po-<br />

líticas com as políticas públicas que vem de baixo para<br />

cima, não tanto dos governos locais, mas do povo. No<br />

entanto, o povo está pobre e temos que fazer uma re-<br />

leitura dos conceitos de pobreza. Se a gente não faz um<br />

novo conceito de pobreza, a gente vai continuar fazer<br />

a mesma “porcaria”. Por exemplo, as palavras “combate a<br />

pobreza”, coitada da pobreza. Ela já é todas essas coisas<br />

que falamos e você ainda tem que combater? Dá para<br />

entender? Você termina combatendo os pobres. Olha,<br />

no Equador, não existe política de desenvolvimento rural<br />

do estado, mas existe uma política de desenvolvimento<br />

rural por ausência do estado colocado por organizações<br />

JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

multilaterais. Esta a cooperação técnica de “x” país eu-<br />

ropeu, de outro “x” país europeu, todos eles constituem<br />

um clube, um clube que de fato entrega recursos para<br />

construir um só modelo de desenvolvimento rural, que<br />

consiste em fundos concursáveis para estimular projetos<br />

em segmentos da agricultura familiar que são viáveis que<br />

podem se articular a cadeias produtivas. Outro compo-<br />

nente apoiar as instituições financeiras locais e um tercei-<br />

ro componente que está aí, fortalecimento institucional.<br />

A pergunta é: que tipo de instituições? Você diz as ve-<br />

lhas, que não podem mexer com as novas ou as novas<br />

que devem mexer com os novos problemas. Eu ainda es-<br />

tou com a primeira. Então o fortalecimento institucional<br />

consiste em que? Melhorar a infra-estrutura, informática,<br />

contabilidade, o controle dos projetos do procedimento,<br />

muitos regulamentos, muitos normativas, um engarra-<br />

famento de burocracias. Agora, o problema mais difícil<br />

que acho que a gente vai ter que enfrentar é repensar<br />

o planejamento, e não estou falando em repensar o pla-<br />

nejamento do ponto de vista participativo, não pensado<br />

pelos especialistas. Mesmo pensado, desenhando a partir<br />

dos consensos, dos contratos, dos acordos, das comuni-<br />

dades, dos grupos organizados, das sociedades civis, tro-<br />

cando idéias, dialogando. Vamos buscar o ideal. Porque a<br />

vida não é do jeito que a gente acredita que é. A gente<br />

está enfrentando diariamente a incerteza, o caótico, os<br />

fluxos de imprevistos. Quando você faz planejamento,<br />

você define metas, atividades, objetivos, típico marco ló-<br />

gico. Se você não faz um marco lógico, o Banco Mundial<br />

não aprova nada. Mas você já pensou algum marco ló-<br />

gico que funcionou para você? No entanto, o marco ló-<br />

gico é a maneira como as instituições estabelecem para<br />

te controlar e para controlar algo que não é possível de<br />

controlar, porque pela dinâmica do processo de gestão,<br />

principalmente quando a gestão fica nas mãos do povo,<br />

das comunidades, ela é mutante. Então você precisa de<br />

uma organização de redes. Você precisa agora apostar


[ entrevista ]<br />

em um capital entendido que é construir redes, prever<br />

informação, informação relevante, dotar de inteligência,<br />

capacidade de leitura interna e externa do contexto do<br />

contorno da mudança permanente do entorno as orga-<br />

nizações para que esse facilitador possa criar “liderazgos”<br />

(lideranças) democráticos, compartilhados.<br />

A motivação, a inteligência, a informação e principal-<br />

mente, entender uma coisa, que cada um desses produ-<br />

tores são científicos, que tem aprendido da vida, no dia<br />

a dia, e que tem muita coisa pra ensinar e que precisam<br />

trocar esse conhecimento com o conhecimento estabe-<br />

lecido. Então uma das coisas que precisamos mudar é<br />

o conceito de pobreza. É injusto contra os direitos hu-<br />

manos, a carência, a fome, mas também é humano o si-<br />

lêncio. Uma sociedade que silenciava que amordaçava,<br />

você não pode ser cidadão. Se você tem carências tá cer-<br />

to, mas como repensamos as categorias para dizer você é<br />

pobre, você não é pobre, além da linha pobreza. Porque<br />

você termina sempre com instrumentos para tirar essas<br />

pessoas em cima da linha da pobreza, para construir<br />

mercados.<br />

E não somente é isso, o que vocês chamavam de li-<br />

berdade, viver emancipado, então poderia não ter con-<br />

tribuído ao PIB de um determinado território, mas está<br />

contribuindo para a paz, a solidariedade, ao cuidado do<br />

ambiente, da natureza. No Equador, a natureza tem dire-<br />

tos pela constituição. Vamos começar, espero, a criar as<br />

instâncias institucionais para que em nome da natureza<br />

as pessoas possam chamar o estado para que controle<br />

os cidadãos, os empreendimentos, as transnacionais que<br />

estão afetando a natureza. Isso é uma mudança impor-<br />

tantíssima no novo arranjo institucional equatoriano.<br />

Eu chamaria atenção muito a esta questão que tem<br />

que ser feita pelo povo. Não somente a gestão depende<br />

dos agentes do desenvolvimento, é a gestão coletiva. É<br />

um movimento de coletivo, de capacidades, de habili-<br />

dades, de talentos que precisam do reconhecimento do<br />

facilitador local. Você pode ter pobreza, mas se você tem<br />

dignidade.<br />

Eu lembro, no Rio Grande do Norte, um dia, em um<br />

evento, tinha na entrada um cartaz enorme que dizia:<br />

“Aqui estamos construindo tubulações de irrigação, “x” me-<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011


[ entrevista ]<br />

tros, “x” kilometros”. O pessoal estava todo reunido fazendo<br />

depoimentos da gestão e do plano daquele município<br />

e um velhinho disse que não poderia dizer nada sobre o<br />

plano, mas gostaria de dizer “senhor, nunca na minha vida<br />

me senti feliz, porque é a primeira vez que posso falar em<br />

público. eu só escutava”. Eu falei com o prefeito e disse que<br />

tinha colocado aí estou construindo cidadania, vê se não<br />

vá liberar “motos”, essa é a verdadeira gestão.<br />

Outra coisa é preciso introduzir nos cursos de trei-<br />

namento, de capacitação, um pensamento complexo.<br />

Quando você trabalha o que você disse a multidimensio-<br />

nalidade, você trabalha o que é do ponto de vista explí-<br />

cito, sóciocultopoliticoecológico, as dimensões, ta certo?<br />

E esse olhar onde tudo é interindependente precisa de<br />

um novo pensamento, de uma nova pedagogia para po-<br />

der comunicar, não um problema de conceitos. Temos<br />

experiências no IICA quanto aos conceitos, mas com<br />

metáforas. A gente se comunicava com metáforas. Eu<br />

preparava meus cursos com metáforas para pode comu-<br />

nicar com outras palavras conceitos difíceis. Territórios é<br />

uma questão que no Equador ainda assusta, porque aí<br />

temos um problema, porque os governos autônomos<br />

descentralizados têm autonomia e poder nas suas juris-<br />

dições territoriais, mas na cabeça deles existe uma divi-<br />

sa que quando você fala em territórios, imediatamente,<br />

eles dizem essas são minhas jurisdições territoriais, quem<br />

manda sou eu. E o território é uma coisa maior.<br />

Quando você pensa em território você pensa em ter-<br />

ritório, pensa em uma totalidade em divisa, pensa em<br />

uma totalidade que tem botes, sutis, mutantes, mas ao<br />

mesmo tempo coesos. Eu sou do Pajeú, é forte dizer eu<br />

sou do Pajeú. Eu sou do Cariri, eu sou de Afogados da<br />

Ingazeira. É a identidade é o que te faz criar essa coe-<br />

são e essa rede de comunicações. Você não movimenta,<br />

não troca, é muito mais difícil partir em frente sem reco-<br />

nhecer identidade. A identidade não é uma coisa fixa é<br />

uma coisa mutante, permanentemente em mutação e<br />

permanentemente em conservação. Você abre uma ja-<br />

4 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

nela para o novo e ao mesmo tempo uma janela se fecha<br />

para conservar o velho. Esse pensamento complexo de<br />

entender que o velho leva ao novo e o novo leva ao velho<br />

é muito importante introduzir no pensamento do facilita-<br />

dor. Eu insisto a teoria da complexidade do pensamento<br />

complexo é muito importante para entender e a biope-<br />

dagogia para entenderem esse passo qualitativo, para<br />

entender uma coisa que os olhos leigos não estão acos-<br />

tumados. A metodologia tem que nascer em uma mistu-<br />

ra, uma alquimia entre a sabedoria local, o conhecimento<br />

sistematizado, a informação relevante, as trocas em redes<br />

dos povos e a necessidade de que os facilitadores come-<br />

cem a olhar o mundo da forma complexa, sempre trocan-<br />

do. O mundo não é lineal, não é quadrado, não é marco<br />

lógico e você está sendo forjado pelas instituições que<br />

são especialistas em controle. Qualquer instituição tem<br />

que controlar e controlando você amarra os processos,<br />

você trabalha permanentemente na contravenção. Isso<br />

somente pode ser processado politicamente, desde um<br />

pensamento complexo, e não de um pensamento mecâ-<br />

nico, instrumental, cartesiano, regular.<br />

Eu fico calado, eu tenho muitas coisas aí, mas eu gos-<br />

to muito do que você colocou. Temos que construir isso<br />

porque a escala das transformações ultrapassam as fron-<br />

teiras das comunidades, dos municípios. Vai precisar de<br />

consórcios, vai precisar de alianças, vai precisar de mais<br />

comunidades municipais e aí, eu gostaria de dizer mui-<br />

tos exemplos de como eu construo isso. Vários pequenos<br />

projetos que tem ligações entre si e que são concebidos<br />

entre uma perspectiva territorial maior. O problema do<br />

custo é a peça, juntos fazem a transformação. Os projetos<br />

são os instrumentos que facilitam o disonhar dos sonhos.<br />

Disonhar é uma palavra que eu inventei. Tudo a se so-<br />

nhar é uma possibilidade. Quando um grupo humano,<br />

uma comunidade se coloca a um destino compartilhado,<br />

esse destino é uma possibilidade de se tornar realidade,<br />

depende da abertura dessa oportunidade para que se<br />

conquiste. Você se emancipa como cidadão no momen-


[ entrevista ]<br />

to que você se aproxima da conquista dos seus direitos,<br />

o direito a sonhar, é seu direito.<br />

JOSÉ PATRIOTA - Como diz o povo que trabalha com a<br />

gente: “o direito de sonhar”. E o passo seguinte é aquele<br />

que eleva a auto-estima e que faz as pessoas acreditarem<br />

que é possível e que as políticas públicas podem existir<br />

para ele. É o direito e a possibilidade de realizar o sonho.<br />

Na medida em que você realiza o sonho, a auto-estima<br />

sobe, o poder aumenta e a credibilidade em política pú-<br />

blica também. m que é possível você ter um mundo di-<br />

ferente, um mundo melhor que você pode ter qualidade<br />

de vida, você se fortalece você se “empodera”.<br />

CARLOS JARA - É isso que Correa chama revolução cidadã.<br />

JOSÉ PATRIOTA - Eu acho que, digamos, no mundo de<br />

pobres do mundo rural, um dos problemas maiores da<br />

pobreza é a privação da capacidade. O Lula costuma dizer<br />

o seguinte: falta pobreza ou oportunidades. Basta olhar<br />

para ele, no dia que deram uma oportunidade, ele virou<br />

presidente da república. Eu acho que faltam para América<br />

latina governos como o do Lula, do Correa e muitos ou-<br />

tros. Entender que o grande passo só foi possível quando<br />

se conquistou politicamente as coisas, a política é essen-<br />

cial nesta mudança.<br />

CARLOS JARA - Pessoas como vocês, que começaram<br />

em uma luta, em um caminho juntos, como outros neste<br />

país, tem muito que ensinar para o Equador. Tomara que<br />

deste curso (II Curso Internacional de Atualização Concei-<br />

tual em Políticas Públicas de Desenvolvimento Territorial),<br />

com pessoas que podem tomar decisões políticas, possa<br />

se consolidar uma troca horizontal de experiências, de de-<br />

bates. Eu vou ser a pessoa responsável de formular essa<br />

proposta, de facilitar a formulação da proposta. Eu ainda<br />

estou no IICA, mas oportunamente eu, vocês ou outras<br />

pessoas possam enriquecer o que tentamos construir. Da<br />

minha parte, venho trabalhando. Estou em um doutorado<br />

em física quântica e em coisas que são importantes. Tenho<br />

colocado nas minhas coisas, minhas melhores idéias. Uma<br />

completa transparência, honestidade e um compromisso<br />

sem questão pela luta dos pobres, pela luta dos trabalha-<br />

dores. Mesmo assim, estou decepcionado porque os pro-<br />

cessos estão muito lentos e os resultados aparecem sim,<br />

mas com um enorme esforço. Comecei a fazer perguntas<br />

desde outras ciências, por exemplo, a ciência social para<br />

ver como dinamizar as mudanças. Porque estou começan-<br />

do a pensar pela mudança climática, entre outras coisas,<br />

que não temos tempo, que não existe um longo prazo. O<br />

tempo passa muito rápido. Deixei esta minha terra linda<br />

pernambucana faz 16 anos e foram rápidos. Então, você<br />

faz planejamento em longo prazo, você diz que são mu-<br />

danças culturais e todo esse discurso que você escuta: mu-<br />

dança culturais precisam de tempo, precisam de educa-<br />

ção, de mudança de valores, sim, mas como dinamizamos<br />

essas mudanças?<br />

A sociedade não está preparada. Como eu disse, a gen-<br />

te fala de solidariedade, mas como você constrói solidarie-<br />

dade? As pessoas respondem: você constrói solidariedade<br />

sendo solidário. Tudo bem, mas como se faz isso? As nos-<br />

sas universidades não estão pensando e, outra coisa, não é<br />

só problema das universidades, é culpa da gente que não<br />

observa. Porque a solidariedade existe e muita lá no inte-<br />

rior, mas a gente não sistematiza direito, não está olhando.<br />

Está olhando o material, está olhando a barragem, está<br />

olhando a obra, o projeto, as cifras, os números, não está<br />

olhando os relacionamentos intangíveis que criam isso.<br />

Neste momento, a gente pode aprender da realidade,<br />

das tecnologias que a sociedade já tem para produzir so-<br />

lidariedade. Neste momento, a gente pode dinamizar os<br />

processos, mas se você coloca projeto pra frente, a coisa<br />

não espiritualizada, tira o relacionamento. Estou longe de<br />

você Patriota, mas quando lembro de você lá fora, lá no<br />

Equador, lembro como amigo. É um relacionamento que<br />

está aqui, é certo. Como a gente constrói essas redes de<br />

vínculos amorosos, solidários, cidadãos, rebeldes. Como?<br />

Essa é a pergunta básica. <br />

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[ notícias do fórum ]<br />

27 a Jornada Temática do Fórum DRS debateu políticas<br />

de enfrentamento da pobreza rural<br />

Evento aconteceu no dia 6 de julho no IICA. Durante a jornada, foram apresentados os principais resultados do Projeto ”A Nova<br />

Cara da Pobreza Rural no Brasil: transformações, perfil e desafios para as políticas públicas”. A jornada teve como mediadora a<br />

JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

As políticas públicas de enfrentamento da pobreza rural foi tema<br />

da 27ª Jornada Temática realizada pelo Fórum DRS, no IICA, no<br />

último dia 6 de julho, das 9 ás 16 horas. O evento contou com a<br />

presença de diversas autoridades e consistiu na apresentação dos<br />

resultados preliminares do projeto A Nova Cara da Pobreza Rural<br />

no Brasil: transformações, perfil e desafios para as políticas públicas<br />

e debate entre os presentes. “A discussão os resultados já obtidos<br />

pelo projeto foi de grande contribuição para o programa Brasil<br />

sem Miséria”, explicou Carlos Miranda, coordenador executivo do<br />

Fórum DRS.<br />

Entre os participantes, além da equipe técnica do Fórum DRS, Car-<br />

los Miranda e Breno Tibúrcio, participarão a equipe de coordena-<br />

ção do projeto “A Nova Cara da Pobreza Rural”, composta por An-<br />

tônio Buainain, Henrique Neder e Claudio Dedecca, a Secretária<br />

Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional do Ministério do<br />

Desenvolvimento Social e Combate á Fome, Maya Takagi, o Secre-<br />

tária de Desenvolvimento Territorial, Jerônimo Souza e a professo-<br />

ra Tânia Bacelar.<br />

PROJETO A NOVA CARA DA POBREZA - O IICA, em parceria<br />

com o Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), Minstério<br />

do Desenvolvimento Social e Comabete á Fome (MDS), Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), Ministério da Edu-<br />

cação (MEC) e com o apoio acadêmico do IE/Unicamp e da Universidade Federal de Uberlândia, vem executando, desde<br />

meados de 2010, o Projeto A Nova Cara da Pobreza Rural no Brasil: transformações, perfil e desafios para as políticas públicas, cujo<br />

objetivo é “formular proposições de políticas para o enfrentamento da pobreza rural, com uma focalização mais apropriada e<br />

diferenciada para ações de inclusão produtiva, que tomem em conta as especificidades dos diferentes segmentos da popu-<br />

lação em condições de pobreza”. Na atualidade, o projeto finalizou a sua primeira fase com a conclusão dos estudos nos 12<br />

eixos temáticos que fundamentarão as proposições de políticas de enfrentamento da pobreza rural no Brasil. A 27ª Jornada<br />

do Fórum deu início a segunda fase, promovendo uma reflexão e discussão sobre os resultados do Projeto, suas interfaces e<br />

contribuições para o plano Brasil sem Miséria.<br />

professora Tânia Bacelar


[ notícias do fórum ]<br />

III Curso de Atualização Conceitual em Políticas<br />

Públicas de Desenvolvimento Territorial<br />

Organizado pelo Fórum DRS/IICA, o curso acontecerá de 25 a 03 de agosto em Montevidéu, no Uruguai<br />

III CURSO INTERNACIONAL<br />

Atualização Conceitual<br />

em Gestão Social do<br />

Desenvolvimento Territorial<br />

25 de julho a 03 de agosto de 2011<br />

Montevideo, Uruguai<br />

Com o objetivo de promover a atualização sobre os aspectos<br />

conceituais e operacionais relacionados ao planejamento<br />

e a gestão de políticas públicas para o desenvolvimento sustentável<br />

territorial no Uruguai, o IICA, por meio do Fórum DRS,<br />

com o apoio dos seus principais parceiros institucionais, realiza,<br />

de 25 a 03 de agosto, em Montevidéu, a terceira edição do<br />

Curso Internacional de Atualização Conceitual e Intercâmbio<br />

de Experiências em Políticas Públicas de Desenvolvimento Territorial.<br />

O Curso é resultado do interesse manifestado pelos dirigentes<br />

uruguaios para a realização de uma capacitação em matéria<br />

de gestão do desenvolvimento territorial e de tratativas<br />

realizadas pelas representações do IICA do Brasil e do Uruguai,<br />

junto à Diretoria de Desenvolvimento Rural do “Ministerio de<br />

Ganadería, Agricultura y Pesca (MGAP)” e da “Oficina de Planificación<br />

y Presupuesto (OPP)” da Presidência da República.<br />

O curso está dirigido para 50 técnicos e dirigentes do MGAP e OPP e de outras entidades governamentais dos Departamentos,<br />

membros das organizações da sociedade e convidados especiais da academia. Serão abordados, entre outros<br />

temas, a evolução das concepções de desenvolvimento rural, a emergência dos conceitos de sustentabilidade e territorialidade,<br />

os desafios para a aplicação desses conceitos no Uruguai; a Metodologia de planejamento e gestão social dos<br />

territórios; a experiência das ações territoriais no Uruguai; e as reflexões sobre os desafios e as recomendações para conceber<br />

e executar políticas públicas territoriais no Uruguai.<br />

“A orientação metodológica é combinar aulas expositivas sobre temas teóricos e experiências práticas com painéis que<br />

apresentem e debatam diferentes visões das questões relacionadas à gestão do desenvolvimento territorial. Estima-se<br />

que 50% do tempo dedicado a cada disciplina seja destinado à reflexão e ao debate, cuja dinâmica será estimulada por<br />

questões propostas pelos expositores e a coordenação do curso. Finalmente, o trabalho de campo deve ser orientado<br />

para o intercâmbio de experiências entre os participantes do curso”, explicou Carlos Miranda, coordenador executivo do<br />

Fórum DRS.<br />

Confira a Programação no site: www.iicaforumdrs.org.br<br />

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[ sobre drs ]<br />

IICA participa do Seminário Nacional de<br />

Desenvolvimento Rural Sustentável<br />

O Plano Brasil Sem Miséria do Governo Federal e o Projeto A Nova Cara da Pobreza Rural desenvolvido pelo IICA fizeram parte<br />

Durante três dias, a Secretaria<br />

do Desenvolvimento<br />

Agrário (SDA) do Governo do<br />

Ceará e Banco Mundial (BIRD)<br />

realizaram em Fortaleza, Ceará,<br />

o Seminário Nacional de<br />

Desenvolvimento Rural Sustentável.<br />

Entre os temas discutidos no encontro, que terminou<br />

no último dia 23 de junho, esteve o Plano Brasil Sem Miséria,<br />

do Governo Federal, cujo objetivo é reduzir o número<br />

de 16,2 milhões de brasileiros que vivem em estado de<br />

pobreza extrema garantindo qualidade de vida.<br />

Com o foco no processo de inclusão produtiva, a programação<br />

reservou espaço para debates nos aspectos<br />

socioculturais e ambientais, enfatizando os processos de<br />

integração entre políticas afins, em nível federal, estadual<br />

e municipal; além das experiências dos estados que têm<br />

projetos de desenvolvimento rural sustentável, financiados<br />

pelo Bird.<br />

A Mesa de Abertura contou com a presença de importantes<br />

autoridades entre elas o Secretário do Desenvolvimento<br />

Agrário do Estado do Ceará, José Nelson Martins<br />

de Sousa; o Presidente da Assembléia Legislativa do<br />

Estado do Ceará, Dep.Roberto Cláudio; o Coordenador de<br />

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da pauta de debate<br />

Foto: SDA/CE<br />

Operações do Banco Mundial,<br />

Mark Lundell; o Representante<br />

do Instituto Interamericano<br />

de Cooperação<br />

para a Agricultura (IICA) no<br />

Brasil, Manuel Otero; a Secretária<br />

Nacional de Segurança<br />

Alimentar e Nutricional<br />

do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate<br />

a Fome, representando a Ministra Teresa Campello, Maya<br />

Takagi; e o Presidente do Banco do Nordeste do Brasil, Jurandir<br />

Vieira Santiago, e outras.<br />

O secretário da SDA, Nelson Martins, comentou que<br />

a partir da troca de experiências no seminário é possível<br />

promover ajustes na execução de projetos e ações. Nelson<br />

falou também que o Brasil vive um momento novo<br />

com uma concepção de políticas que promovam o desenvolvimento<br />

rural sustentável. De acordo com o secretário,<br />

o tema central do Plano Nacional de Combate<br />

a Extrema Pobreza é a inclusão produtiva. “Nosso desafio<br />

é fazer com que as pessoas que vivem no campo ou na<br />

cidade desenvolvam atividade sustentáveis”, frisou.<br />

O Coordenador de Operações Setoriais Para o Desenvolvimento<br />

Sustentável do Banco Mundial, Mark Lundell,<br />

comentou que o Brasil vem implantando uma abordagem<br />

integrada de programas federais que proporcionam


[ sobre drs ]<br />

estabilização macroeconômica e aperfeiçoamento de li-<br />

nhas de crédito de vários bancos. Mark Lundell ressaltou<br />

o empenho da SDA e do Ceará na execução de projetos<br />

em parceria com o BIRD. “O Ceará vem sendo realmen-<br />

te um exemplo para vizinhos e outras partes do pais de<br />

como grandes desafios podem, aos poucos, serem venci-<br />

dos”, lembrou.<br />

Para Maya Takagi, Secretária Nacional de Segurança<br />

Alimentar e Nutricional, o seminário foi um momento<br />

oportuno para discussão de metas contempladas no Pla-<br />

no Nacional de Combate à Pobreza Extrema. De acordo<br />

com Takagi, 1,5 de cearenses vivem em estrema pobreza<br />

e 776 mil dessas pessoas estão no meio rural. Maya Taka-<br />

gi reconhece que o Estado deve dar condições para que<br />

essas pessoas superem tal situação. “É necessário termos<br />

uma meta clara para os próximos três anos e meio, que é<br />

erradicar a extrema pobreza no país”, pontuou.<br />

Enfrentamento da Pobreza no campo em debate - Entre as<br />

apresentações do segundo dia de evento, esteve a do<br />

especialista em Desenvolvimento Rural Sustentável do<br />

IICA no Brasil, Carlos Miranda, que falou sobre o projeto A<br />

Nova Cara da Pobreza Rural no Brasil, que trata da análise<br />

das dimensões de pobreza baseadas nas insuficiências e<br />

dificuldades do acesso aos bens e serviços básicos.<br />

Ainda na manhã do mesmo dia, outro tema ficou a<br />

cargo do IICA, a palestra Propostas de Políticas de Enfren-<br />

tamento da Pobreza Rural, com a participação do consul-<br />

tor do IICA Antônio Márcio Buainain.<br />

Durante a tarde, o Representante do IICA no Brasil, Ma-<br />

nuel Otero, assumiu o papel de mediador dos painéis que<br />

se seguiram, com temas como Pontos de Convergência<br />

das Políticas Nacionais com os Principais Eixos da Estra-<br />

tégia do Banco Mundial de Apoio ao Desenvolvimento<br />

Rural Sustentável nos Estados; Apresentação dos Pontos<br />

de Convergência no contexto da parceria com diversos<br />

ministérios e com o Banco Mundial.<br />

Nas falas de seus representantes no evento, ficou<br />

explícito que o desenvolvimento rural sustentável e as<br />

políticas de enfrentamento da pobreza rural na América<br />

Latina são compromissos explícitos e institucionais do<br />

IICA previsto no seu PMP (Plano de Médio Prazo) e que<br />

as linhas de ação para dar conseqüências práticas a es-<br />

ses compromissos estão previstas no programa do PMP<br />

intitulado Agricultura, Território e Bem Estar Rural. “O IICA<br />

tem uma nova administração, um novo Diretor Geral e<br />

um novo Representante, que reafirmam dois compro-<br />

misso centrais: por um lado, contribuir para redução da<br />

pobreza e das desigualdades sociais na América Latina; e<br />

por outro, lograr uma aproximação e interação cada vez<br />

maior com seus parceiros institucionais em matéria de<br />

desenvolvimento rural sustentável”, revelou Otero.<br />

COMPROMISSO HISTÓRICO<br />

O IICA tem um compromisso histórico com a abor-<br />

dagem multidimensional do desenvolvimento rural sus-<br />

tentável, em especial, no Nordeste. Esse compromisso<br />

histórico se expressou na realização do Projeto ÁRIDAS<br />

em parceria com os Governos Estaduais do Nordeste e o<br />

Banco Mundial. Com efeito, o ÁRIDAS, iniciado em 1993,<br />

reintroduz no Nordeste “o planejamento das políticas pú-<br />

blicas de desenvolvimento como elemento essencial da<br />

gestão governamental”. Adota concepções e metodolo-<br />

gias que consideram e aplicam uma visão multidimen-<br />

sional de sustentabilidade e que requer a participação<br />

social, na formulação e execução de ações de públicas de<br />

desenvolvimento. O IICA tem também um compromisso<br />

histórico de cooperação com os Governos Estaduais que<br />

vem se expressando no apoio à gestão institucional, for-<br />

mação de pessoal e assistência técnica a iniciativas tais<br />

como: PAPP – Programa de Apoio ao Pequeno Produtor<br />

Rural e PCPR – Programa de Combate à Pobreza Rural.<br />

Nessa perspectiva, inicia as tratativas para apoiar uma<br />

nova geração de projetos de enfrentamento da pobreza,<br />

por meio da inclusão sócio produtiva dos atores, em um<br />

marco de políticas de desenvolvimento rural sustentável.<br />

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[ sobre drs ]<br />

Banco Mundial e Brasil intensificam combate à pobreza<br />

O Presidente do Banco<br />

Mundial, Robert B. Zoelli-<br />

ck, uniu-se à campanha do<br />

Brasil contra a pobreza ao<br />

anunciar um novo finan-<br />

ciamento para o próximo<br />

ano fiscal no valor de US$<br />

6 bilhões, quase o dobro<br />

do compromisso atual,<br />

para apoiar programas de<br />

desenvolvimento e a conti-<br />

nuidade do crescimento econômico, principalmente na<br />

região Nordeste.<br />

O novo financiamento do Banco se encaixa ao plano<br />

“Brasil sem Miséria”, recém-lançado pela Presidente Dilma<br />

Rousseff, que visa erradicar a pobreza extrema por meio<br />

do aumento da renda das famílias carentes, da melhoria<br />

de seu acesso aos serviços básicos e de oportunidades<br />

econômicas. Cerca de 16,2 milhões de brasileiros, 40%<br />

dos quais crianças, serão beneficiados pelo programa, se-<br />

gundo autoridades do governo brasileiro.<br />

Além de ajudar os brasileiros em situação de maior<br />

vulnerabilidade, os novos recursos financeiros serão úteis<br />

para consolidar o papel econômico do país no cenário<br />

mundial.<br />

“É importante trazer iniciativas de financiamento equi-<br />

tativas para países como o Brasil a fim de manter a re-<br />

cente tendência global em que praticamente metade de<br />

todo o crescimento é produzido nos países em desen-<br />

0 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

Financiamento de R$6 bilhões para o próximo ano fiscal<br />

dos 27 estados brasileiros.<br />

volvimento”, afirmou Zoellick,<br />

acrescentando que os novos<br />

recursos poderão receber a<br />

aprovação final já em julho<br />

próximo, dependendo de<br />

conversações com autorida-<br />

des do governo. Atualmente,<br />

o Banco Mundial tem US$<br />

13,3 bilhões em emprésti-<br />

mos concedidos ao Brasil,<br />

para projetos ativos em 19<br />

Quase metade do novo financiamento será destinada<br />

à manutenção do ritmo de crescimento da região Nor-<br />

deste, a região menos desenvolvida, porém a que mais<br />

cresce no país. A esmagadora maioria dos 16 milhões de<br />

brasileiros miseráveis, ou seja, 60% deles, vive no Nordes-<br />

te, de acordo com dados oficiais. Cerca de 40% destes<br />

tem menos de 14 anos de idade.<br />

Assim, a maior parte dos novos recursos financeiros irá<br />

para o financiamento de programas educacionais e pro-<br />

jetos sociais e de infraestrutura indispensáveis, segundo<br />

representantes do Banco Mundial. Além disso, espera-se<br />

que essas iniciativas estimulem maior desenvolvimento<br />

do mercado e mais concorrência na região, acrescenta-<br />

ram eles.<br />

Foto: Banco Mundial<br />

“Esperamos aproveitar o ciclo virtuoso do Nordeste<br />

para continuar incentivando o desenvolvimento na re-<br />

gião. Pela primeira vez na história, o ritmo de crescimento


[ sobre drs ]<br />

da região supera o ritmo do restante do país, portanto<br />

precisamos ajudar a fortalecer essa tendência”, declarou<br />

Mahktar Diop, Diretor do Banco Mundial para o Brasil.<br />

Em termos gerais, o Banco espera ver o Brasil con-<br />

solidar sua posição regional como uma força motriz do<br />

crescimento do século XXI que não depende não apenas<br />

da alta de commodities, mas também da produção de<br />

valor adicionado, a exemplo da maioria das economias<br />

desenvolvidas.<br />

“O desempenho recente do Brasil em matéria de<br />

commodities foi excelente, mas as altas de commodities<br />

tendem a não durar indefinidamente”, observou Zoellick.<br />

“Será de grande importância para o Brasil desenvolver<br />

outros setores, como o de serviços e de manufaturas.”<br />

O Presidente do Banco Mundial esteve em uma visita<br />

oficial de 4 dias ao Brasil com o intuito de expandir a par-<br />

ceria estratégica do Banco com a potência econômica da<br />

região. Em sua agenda estão reuniões com representan-<br />

tes do alto escalão do governo brasileiro, líderes da inicia-<br />

tiva privada e beneficiários de projetos, como moradores<br />

de favelas cariocas contemplados por um plano apoiado<br />

pelo Banco para proporcionar segurança e gestão de ris-<br />

cos para comunidades carentes. Zoellick também teve<br />

atuação de destaque na Cúpula dos Prefeitos das Cidades<br />

do grupo C-40, realizada em São Paulo.<br />

Acesse o site do Fórum DRS<br />

e fique por dentro<br />

dos nossos eventos<br />

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1


[ sobre drs ]<br />

Bolsa Verde para preservação ambiental<br />

R$300,00 para famílias, em situação de extrema pobreza que promovam a conservação ambiental nas áreas onde vivem e<br />

Uma das estratégias do Plano Brasil sem Miséria, lan-<br />

çado no ultimo dia 2 de junho, será a criação de um pro-<br />

grama de transferência de renda, o Bolsa Verde, para as<br />

famílias em situação de extrema pobreza que promovam<br />

a conservação ambiental nas áreas onde vivem e traba-<br />

lham. Das 16,2 milhões de pessoas que vivem em situa-<br />

ção de extrema pobreza, 47% estão na área rural.<br />

O Bolsa Verde pagará, a cada trimestre, R$ 300 por fa-<br />

mília que preserve florestas nacionais, reservas extrativis-<br />

tas e de desenvolvimento sustentável. O valor será trans-<br />

ferido por meio do cartão do Bolsa Família.<br />

Ao apresentar outras ações voltadas para as pessoas<br />

em situação de extrema pobreza no campo, a ministra do<br />

Desenvolvimento Social, Tereza Campello, afirmou que a<br />

intenção é garantir o aumento da renda e da produção<br />

dessa parcela da população.<br />

“Acreditamos que com ações como assistência técni-<br />

ca, de fomento, acesso à água e energia e distribuição de<br />

sementes conseguiremos garantir que essas famílias ex-<br />

tremamente pobres no campo aumentem sua produção<br />

e renda”, disse a ministra.<br />

PROJETO DE LEI - Durante o lançamento do Plano Brasil<br />

sem Miséria, a presidenta Dilma Rousseff assinou a Me-<br />

dida Provisória que altera a Lei 10.836/04 do Programa<br />

Bolsa Família e o Projeto de Lei que prevê R$ 1,2 bilhão de<br />

JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

trabalham<br />

crédito adicional no Orçamento de 2011 para o Plano de<br />

Superação da Extrema Pobreza.<br />

Para o líder do PT no Senado, Humberto Costa (PE), os<br />

textos encontrarão sustentação tanto na base governis-<br />

ta quanto na oposição. “Todas as ações necessárias para<br />

viabilizar o plano terão apoio integral dos parlamentares,<br />

independente do partido”, garante.<br />

Com a medida provisória, o número limite de filhos<br />

que eram favorecidos com benefícios variáveis – pagos<br />

no valor de R$ 32 – passa de três para cinco. Com a altera-<br />

ção, 1,3 milhão de crianças e adolescentes de até 15 anos<br />

serão incluídos no Bolsa Família a partir de setembro.<br />

Segundo a ministra do Desenvolvimento Social e<br />

Combate à Fome, Tereza Campello, com a aprovação do<br />

Projeto de Lei que propõe R$ 1,2 bilhão de créditos su-<br />

plementares, os recursos devem ser utilizados em ações<br />

como a busca ativa dos beneficiários, a ampliação do Bol-<br />

sa Família e a construção de cisternas para armazenamen-<br />

to de água.<br />

Ainda durante a cerimônia, a presidenta assinou o de-<br />

creto que reestrutura o Ministério do Desenvolvimento<br />

Social, criando a Secretaria Extraordinária de Superação<br />

da Extrema Pobreza, em substituição à Secretaria de Arti-<br />

culação para Inclusão Produtiva. Dilma Rousseff também<br />

assinou decreto que institui o Plano Brasil sem Miséria.


O Fórum DRS está ampliando seu leque de ações<br />

internacionais com diversas novidades:<br />

- Reestruturação do site Fórum DRS sob o conceito web 2.0, no qual o usuário<br />

terá maior interatividade e poderá participar de debates virtuais, congressos e<br />

seminários virtuais;<br />

- Série Diálogos do Fórum DRS, uma publicação eletrônica mensal bilíngue que<br />

reproduz uma série de debates presenciais e virtuais realizados pelo Fórum DRS;<br />

- Revista Fórum DRS, uma publicação eletrônica trimestral bilíngue, com seis seções,<br />

sobre os temas acordados com os associados, por meio de consulta eletrônica e<br />

congresso virtual;<br />

- <strong>Boletim</strong> Fórum DRS, informativo eletrônico, de periodicidade mensal, composto<br />

por seis editorias, com informações sobre eventos, fatos e atividades nacionais e<br />

internacionais de DRS, em especial, dos temas de interesse dos associados;<br />

- Publicação dos livros Série DRS;<br />

Para o sucesso deste processo de ampliação, precisamos da sua participação em<br />

consultas sobre temas que você considere prioritários no âmbito DRS.<br />

Em breve estaremos lançaremos a primeira consulta. Participe!<br />

www.iicaforumdrs.org.br


[ eventos ]<br />

Reunião da SBPC<br />

4 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

63º Reunião Anual da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), que<br />

terá como tema central “Cerrado: água, alimento e energia”, vai contar com a parti-<br />

cipação de cientistas renomados de todo o Brasil, que irão participar de simpósios,<br />

conferências e mesas-redondas. A reunião terá ainda programações paralelas na<br />

SBPC Jovem (voltada para estudantes do ensino básico e técnico), ExpoT&C (Expo-<br />

sição de Ciência e Tecnologia), e SBPC Cultural, com mostra regional. O evento, que<br />

acontecerá de 10 a 15 de julho na Universidade Federal de Goiás (UFG), pretende<br />

debater as políticas públicas de educação, ciências, saúde, tecnologia e meio am-<br />

biente, destacando os avanços científicos em diversas áreas do conhecimento. O<br />

encontro é destinado a estudantes, pesquisadores, técnicos, gestores públicos e<br />

privados, e interessados no temas. A reunião é aberta ao público, mas para parti-<br />

cipar das oficinas ou apresentar trabalhos científicos é necessária inscrição prévia,<br />

que pode ser feita através da página da SBPC:<br />

Pós-graduação em educação no campo<br />

www.sbpcnet.org.br/goiania.<br />

Serão oferecidas vagas de pós-graduação lato sensu na área de educação da instituição.<br />

O curso tem duração de 18 meses e será ministrado no campus Campos<br />

Centro, que oferece 80 vagas divididas entre os cursos de Educação do Campo, e<br />

Educação no século XXI, além de 70 vagas divididas entre os cursos de ensino de<br />

Ciências e Educação Ambiental, ministradas no campus Cabo Frio. As inscrições<br />

podem ser realizadas no site do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia<br />

Fluminense (IFF) até 30 de junho. A seleção será realizada em duas etapas: redação<br />

sobre tema relacionado ao curso, e para os candidatos aprovados nessa etapa,<br />

análise do curriculum vitae de acordo com documentação exigida e requisitos do<br />

edital. Metade das vagas será destinada a profissionais da educação da rede pública<br />

municipal de ensino.<br />

Mais informações no site do IFF: http://www.iff.edu.br/processos-seletivos/posgraduacao/processo-seletivo-pos-graduacao-2011/inscricoes-abertas-pos-graduacao-lato-sensu-2011<br />

ou pelo telefone da Diretoria do Departamento de Pesquisa<br />

e Pós-Graduação: (22) 2726-2815.


[ eventos ]<br />

Gestão de Riscos é tema de Momento de Intercâmbio no IICA<br />

O Instituto Interamericano de Cooperação para a Agricultura (IICA) realiza dia<br />

13 de julho, Momento de Intercâmbio com o tema Gestão de Riscos e De-<br />

sastres na aplicação de Políticas Públicas. O evento faz parte de um ciclo rea-<br />

lizado pelo Instituto desde Fevereiro deste ano, e chega à sua terceira edição<br />

reunindo representantes de organizações governamentais e não-governa-<br />

mentais para compartilhar a experiência em projetos de interesse da coope-<br />

ração técnica nos temas relacionados à prevenção de desastres, infraestrutura<br />

hídrica, defesa agropecuária, dentre outros. São convidados, para esta edição<br />

os expositores Eduardo Nery e Fernando Nery. Para participar do encontro,<br />

que acontecerá no auditório 01, na Sede do IICA no Brasil, em Brasília, basta<br />

confirmar presença pelo email, gisele.ceccon@iica.int.<br />

Mais informações, (61) 2106-5414<br />

Conferencia Mundial de Agricultura Familiar<br />

O Fórum Rural Mundial (FRM) organiza uma Conferencia Mundial sobre Agri-<br />

cultura Familiar que terá lugar entre os dias 5 e 7 do próximo mês de outubro<br />

de 2011 em Bilbao. Sob o título de “Agricultura Familiar. Alimentar o Mundo,<br />

Cuidar o Planeta” esta Conferencia reunirá líderes de Organizações Agrárias<br />

dos cinco continentes, especialistas de primeiro nível no âmbito da Economia<br />

Agrária e o Desenvolvimento Rural e representantes de Governos e Organis-<br />

mos Internacionais. Esta Conferencia pretende refletir e concretar as atuações<br />

necessárias para o desenvolvimento da Agricultura Familiar a nível global. Em<br />

breve, estará disponível o programa detalhado assim como os prazos e vias de<br />

inscrição para o mesma.<br />

Para mais informação: www.ruralforum.net/ffwconference<br />

Ou pelo e-mail: wrfsecretary@ruralforum.net<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011


[ especial ]<br />

Desenvolvimento Rural<br />

na Andaluzia<br />

JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br


[ especial ]<br />

Na Europa, o final dos anos oitenta se caracterizou por uma mudança estrutural significativa dos sistemas de<br />

produção e o surgimento de um modelo econômico liderado por empresas de serviços e industrias de alta tecnologia,<br />

o que causou uma queda nas tradicionais atividades agrícolas e indústria. Isto favoreceu a concentração relativa<br />

das atividades econômicas nas regiões mais avançadas e em grandes cidades com o consequente fechamento<br />

de empresas e o aumento do desemprego em áreas de baixa industrialização, agrícola ou de baixa dinâmica e<br />

o conseqüente aumento dos desequilíbrios territoriais, afetando a nível europeu, especialmente as áreas rurais.<br />

A Comissão Europeia consciente desta situação apresentou, em 1991, uma nova iniciativa chamada LEADER<br />

(em português, Cooperações entre ações para o desenvolvimento da economia rural). Vinte anos depois dessa<br />

iniciativa, o <strong>Boletim</strong> Fórum DRS traz para o leitor a atual situação rural de uma das regiões mais tradicionais da<br />

Espanha: a Andaluzia. O leitor vai conhecer as ações e programas dessa região que aguarda ansiosamente as<br />

decisões da União Européia quanto a política agrária da região para definir seu futuro rural. Confira!<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011


[ especial ]<br />

Antes da crise de 2008, a Espanha era um dos países<br />

que mais cresciam na Europa. Segundo país mais populo-<br />

so da União Européia, atrás somente da França, a Espanha<br />

apresentou desde 1991 uma evolução vertiginosa, des-<br />

tacando dados como a queda de 15% no desemprego e<br />

se posicionando como quinta maior potência da comuni-<br />

dade européia e terceiro maior país investidor no mundo,<br />

segundo apontam dados da própria União Européia.<br />

Apesar do período de recessão que vem enfrentando<br />

nos últimos três anos, o crescimento espanhol obtido nos<br />

anos anteriores refletiu diretamente no Mercado interno<br />

do País, principalmente, em suas comunidades autôno-<br />

mas, destacando-se a Comunidade Autônoma da Anda-<br />

luzia, que foi constituída formalmente em 1980.<br />

Comunidade Autônoma que responde pela maior<br />

população da Espanha, a Andaluzia teve um histórico<br />

conturbado devido, principalmente, a sua localização e<br />

ocupação por vários povos. No entanto, após sua cons-<br />

tituição, a região, localizada no sul da Espanha, cresceu<br />

principalmente com o turismo e a agricultura.<br />

JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

Foto: José A. Grueso Perogíl<br />

Neste especial, o <strong>Boletim</strong> Fórum DRS vai apresentar<br />

um pouco sobre o desenvolvimento rural sustentável<br />

desta região espanhola que influenciou diretamente, por<br />

meio de diversas ações, a diversos fatores econômicos e<br />

sociais da região.<br />

POLÍTICA DE DESENVOLVIMENTO TERRITORIAL<br />

NA ANDALUZIA<br />

O rural ganhou grande destaque na comunidade eu-<br />

ropéia em 1988, quando foi discutido o “Futuro do Mundo<br />

Rural”. Uma reflexão em conjunto sobre o direcionamen-<br />

to do mundo rural na Europa. Tal reflexão foi peça chave<br />

para todas as reformas de políticas agrárias na União Eu-<br />

ropéia. A partir dessa reflexão, entendeu-se o rural como<br />

algo mais amplo que a agricultura e a necessidade de se<br />

dedicar mais às múltiplas dimensões do desenvolvimento<br />

sustentável. Foram definidos, então, planos de desenvol-<br />

vimento regionais e linhas de estratégias de investimento.<br />

Nesse contexto, a Espanha investiu em DRS, inclusive na<br />

região da Andaluzia, e, em 2007, criou a Lei de Desenvol-<br />

vimento Rural Sustentável. “Esse integração da política es-<br />

panhola com as ações que são desenvolvidas na política<br />

agrária comum européia são essenciais para entender a<br />

política de desenvolvimento territorial andaluz. As deci-<br />

sões aqui tomadas são executadas apenas se estiverem<br />

de acordo com a União Européia, a lei de DRS espanhola e<br />

o governo da Andaluzia, ou seja, são três instâncias antes<br />

de realizarmos ações voltadas para o DRS”, explicou José<br />

Emidio Guerrero, professor de agronomia da Universida-<br />

de de Córdoba e especialista no assunto.<br />

Frente ao exposto, a Andaluzia possui, atualmente, 52<br />

grupos de desenvolvimento rural compostos, principal-<br />

mente, por associações público-privadas, que desenvol-<br />

vem parte importante das políticas de desenvolvimento<br />

territorial. Tais grupos gestionam os fundos e, normal-<br />

mente, possuem uma equipe técnica de 5 a 15 pessoas.


[ especial ]<br />

Tal composição apresenta como pontos fortes a fa-<br />

cilidade de mecanização da construção público-pivado;<br />

bons canalizadores das idéias dos territórios; capacidade<br />

técnica; contexto de cooperação e visão territorial.<br />

“Esses pontos positivos da política de desenvolvi-<br />

mento territorial geram uma alta diversidade produtiva<br />

de óleos na região, além de grande produção de frutas e<br />

hortaliças. A região exporta melancia e melão para todos<br />

os 27 países da UE”, explicou Guerrero.<br />

Dificuldades – Guerrero aponta como principais dificuldades<br />

dos grupos de DRS (ou Grupos de Ação Local<br />

–GAL) da Andaluzia a dependência do fundo público; a<br />

dificuldade de gerir os bens públicos; a integração parcial<br />

de todas as ações devido á dúvida sobre a continuidade<br />

das políticas; limitados, atualmente, devido á crise finan-<br />

ceira e a necessidade de dinamizar ainda mais a parte<br />

privada.<br />

Futuro Indeciso - A União Européia vive um momento<br />

de decisão quanto aos aspectos a serem adotados para a<br />

Política Agrária Comum do Bloco. Representantes dos 27<br />

países que formam a UE discutem qual o novo modelo<br />

de desenvolvimento rural sustentável a ser adotado para<br />

o período 2013-2020: um modelo agrário ou um modelo<br />

regional.<br />

“<br />

Esses pontos positivos da política de<br />

desenvolvimento territorial geram uma alta<br />

diversidade produtiva de óleos na região, além<br />

de grande produção de frutas e hortaliças. A<br />

região exporta melancia e melão para todos os<br />

27 países da UE.<br />

”<br />

Tal decisão é importante pois repercutirá nas políticas<br />

dos 27 Estados que compõem a UE e, conseqüentemen-<br />

te, as ações internas. “Para a Espanha seria interessante<br />

uma política com viés regional, pois fortaleceria o peque-<br />

no produtor rural. No entanto, há que se entender que<br />

a Espanha faz parte de uma comunidade e deve acatar<br />

o que for melhor para a esta comunidade”, explica Guer-<br />

reiro.<br />

Na opinião de Guerrero, existe uma indefinição muito<br />

grande por parte do parlamento europeu por qual mode-<br />

lo escolher, mas espera que prevaleça o modelo regional,<br />

apesar de pesquisas indicarem a intenção de vários paí-<br />

ses adotarem o modelo de desenvolvimento rural agrá-<br />

rio. “O parlamento está fazendo um ótimo trabalho com<br />

debates públicos e com muita participação. Acredito que<br />

no final a realidade acaba se impondo. Não se pode fazer<br />

política de costas para a realidade e esquecer tudo o que<br />

já foi feito”, argumenta Guerrero defendendo o modelo<br />

regional.<br />

Uma coisa é certa: a decisão do parlamento europeu<br />

irá afetar diretamente as decisões políticas de desenvolvi-<br />

mento territorial da Andaluzia. “Isso gera um desconforto<br />

nos grupos”, explica.<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

Foto: André Kauric


[ especial ]<br />

Programas da Política de Desenvolvimento<br />

Territorial Andaluz<br />

O Conselho de Agricultura e Pesca do Governo<br />

Espanhol, por meio do atual Marco Andaluz de De-<br />

senvolvimento Sustentável do Meio Rural, cuja exe-<br />

cução se iniciou em 2009 e finalizará em 2015, conta<br />

com 800 milhões de euros para investimento público.<br />

Esse investimento segue apostando na diversificação<br />

econômica desde duas perspectivas: a introdução de<br />

novos setores nas zonas rurais e a modernização da<br />

agricultura e a pecuária.<br />

Este marco de atuação engloba todo um conjun-<br />

to de medidas contidas nos dois programas LiderA e<br />

AVIVA que conformam a política andaluz, com a cola-<br />

boração dos 52 Grupos de Desenvolvimento Rural, o<br />

Ministério do Meio Ambiente e Meio Rural e Marinho<br />

e a União Européia.<br />

Programa Lidera:<br />

Investimento: 423,5 Millones de Euros.<br />

Objetivo: Destinado a melhorar a competitivi-<br />

dade do setor agrário e florestal, a conservação<br />

do meio ambiente, a diversificação da econo-<br />

mia e a qualidade de vida nas zonas rurais.<br />

Programa AVIVA<br />

Investimento: 386 milhões de euros<br />

Objetivo: Se aplica nos territórios rurais da<br />

Andaluzia, de acordo com a Lei 45/2007, ob-<br />

jetivando o Desenvolvimento Sustentável do<br />

Meio Rural por meio dos programas pilotos<br />

“Proyectos Faros” (Projetos Faróis) e “Primer Pro-<br />

grama de Desarrollo Sostenible”.<br />

40 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

MULHERES RURAIS - Na Andaluzia 54,92% da po-<br />

pulação reside e vive em municípios rurais, sendo 49,82<br />

% da população rural mulheres, ou seja, 2.2 milhões de<br />

mulheres. Na sociedade andaluz atual existe um amplo<br />

espaço para o desenvolvimento da interação social, exis-<br />

tindo diversas maneiras de interagir socialmente como,<br />

por exemplo, as organizações e grupos corporativos. Estas<br />

costumam ter objetivos políticos, administrativos, religio-<br />

sos. As distintas administrações fomentam e estabelecem<br />

o marco legislativo para facilitar a participação de todos<br />

os cidadãos e cidadãs em cada um dos âmbitos sociais,<br />

o que favorece que as mulheres se associem em função<br />

dos objetivos perseguidos, que são amplos.<br />

Assim, analisando os diferentes tipos de associativis-<br />

mo, o de tipo cívico é o mais comum na Andaluzía, atu-<br />

ando principalmente em âmbitos culturais, educativos e<br />

recreativos, sendo responsável por 25% do movimento<br />

cívico regional. Sua importância destaca-se nos projetos<br />

dirigidos a uma transformação social. A relevância deste<br />

tipo de associação é muito maior nos núcleos rurais.<br />

As associações de mulheres e federações se consoli-<br />

daram como um agente de intercâmbio que canaliza as<br />

reivindicações, direitos e interesses da perspectiva femi-<br />

nina. Com uma representação de 5% sobre o conjunto<br />

regional, seu impulso guarda estreita relação com o de-<br />

senvolvimento de entidades como o Instituto Andaluz<br />

da Mulher. Nas províncias de Sevilla, Granada e Cádiz, o<br />

movimento de mulheres constitui um capital social de<br />

grande importância, tanto pelo seu número como pela<br />

capacidade de mobilização que mostram, ainda que os<br />

niveis de massa crítica ainda são baixos.<br />

As associações de mulheres que trabalham no meio<br />

rural andaluz são a Federação de Associações de Mulhe-<br />

res Rurais (FADEMUR); Federação de Mulheres Rurais (CE-<br />

RES) e Associação de Mulheres e Famílias do Âmbito Rural<br />

(AMFAR)


Foto: Fernanda Tallarico/Arquivo IICA<br />

[ especial ]<br />

JUVENTUDE RURAL<br />

A Direção Geral de Desenvolvimento Sustentável do<br />

Meio Rural (DGDSR) impulsionou durante os anos 2007 e<br />

2008 um processo de reflexão para que a sociedade rural<br />

e os agentes sociais, econômicos e políticos que a repre-<br />

sentam, participem em um debate e análise da situação<br />

atual da população e sobre o futuro que desejam seus<br />

habitantes. Desta forma, a população torna-se a principal<br />

destinatária das políticas de desenvolvimento rural, a en-<br />

carregada de marcar o rumo da Estratégia de Desenvolvi-<br />

mento Rural, contribuindo para a construção participati-<br />

va da sociedade rural do futuro.<br />

Das análises realizadas para a elaboração das Estraté-<br />

gias Rurais, cabe destacar que a juventude rural se encon-<br />

tra presente de maneira transversal em cada uma das te-<br />

máticas analisadas, estando fundamentalmente refletidas<br />

em temas como: população e sociedade, infraestruturas e<br />

economia, onde alcança maior grau de incidência.<br />

As conclusões extraídas desse processo e a análise de<br />

resultados do período 2000-2006 serviu de base para a<br />

DGDRS definir a política 2007-2013. As diretrizes das po-<br />

líticas de juventude rural tiveram como fim, favorecer a<br />

participação e integração da juventude rural na vida po-<br />

lítica, econômica, sociocultural e ambiental de seus terri-<br />

tórios, fortalecendo as capacidades locais para que reali-<br />

zem iniciativas de desenvolvimento que contemplem a<br />

população jovem como um dos principais protagonistas<br />

do seu desenho e execução.<br />

Os 52 Grupos de Desenvolvimento Rural desenharam<br />

em suas estratégias as linhas de intervenção estabeleci-<br />

das pela de acordo com as realidades e necessidades de<br />

suas comarcas. Nestas estratégias, a juventude rural assu-<br />

miu um papel protagonista e foi tratada em um capítulo<br />

específico.<br />

Com essas intervenções se pretende melhorar o co-<br />

nhecimento da situação e posição da juventude no meio<br />

rural, estimular sua capacidade empreendedora, sensibili-<br />

zar a valoração do meio rural e promover sua participação<br />

ativa no desenvolvimento de seus territórios.<br />

Algumas chaves para construir novos territórios:<br />

Desenvolver a ruralidade com igualdade, para acesso<br />

dos serviços sociais, econômicos, ambientais, culturais<br />

e institucionais e fazer territórios governáveis;<br />

Elaborar sistemas de interconexão que permita apro-<br />

fundar nas singularidades e potencialidades do rural e<br />

do urbano e suas sinergias;<br />

Buscar equilíbrio entre a lógica da conservação e a<br />

utilização;<br />

Definir ritmos para avançar na nova configuração<br />

territorial;<br />

Ter em conta a lógica dos processos de planificação e<br />

estabelecer planos de contingência;<br />

Avançar na etapa de participação e se inserir na de<br />

compromissos;<br />

Desenvolver sistemas de inovação tecnológica, empre-<br />

sarial e institucional;<br />

Entender que as pautas de assentamentos são comple-<br />

xas, interativas, multidimensionais e sistêmicas;<br />

Considerar as especificidades das ações para mulheres<br />

e juventude rural;<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

41


[ especial ]<br />

Foto: sxc.hu<br />

AGRICULTURA NA<br />

ANDALUZIA<br />

O campo andaluz tem crescido nas últimas dé-<br />

cadas com a incorporação de todo tipo de avanços,<br />

especialmente, na mecanização dos trabalhos, mo-<br />

dernização de riscos e generalização das novas tec-<br />

nologias nos sistemas de processamento e comer-<br />

cialização. Tal evolução se traduz em uma crescente<br />

produtividade e capacidade para competir nos mer-<br />

cados exteriores.<br />

O setor agroalimentario é o que mais contribui<br />

para as exportações da comunidade autônoma<br />

(quase um terço das vendas ao exterior). O azeite de<br />

oliva e as frutas e hortaliças, que concentram mais<br />

4 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

de 72% da produção do setor agrário, ocupam hoje<br />

posições de liderança mundial por sua qualidade e<br />

seu grande valor.<br />

Andaluzia conta com quase 1,5 milhões de hec-<br />

tares de olivas e produz cada ano em torno de um<br />

milhão de toneladas de azeite, o que corresponde<br />

à 39% da produção mundial, a 53% da européia e<br />

mais de 80% da espanhola. Uma quarta parte do to-<br />

tal se destina aos mercados exteriores.<br />

A produção de frutas e hortaliças é herança da<br />

sabedoria Al-Andalus no manejo da terra, com cul-<br />

tivos difíceis de encontrar inclusive na Europa me-<br />

diterrânea, como as frutas do conde, os abacates,<br />

mangas e outras frutas tropicais da costa de Grana-<br />

da. Andaluzia concentra também 12% da produção<br />

européia de laranjas, limões e pomelos.<br />

A província de Almería se sobressai tanto por<br />

seu volume de produção de hortaliças (em torno de<br />

55% do total de Andaluzia) como pelo grau de mo-<br />

dernização de seus cultivos intensivos e a alta com-<br />

petitividade alcançada nos mercados internacionais.<br />

Huelva protagoniza o grande desenvolvimento dos<br />

cultivos de cítricos e morangos.<br />

Andaluzia é também líder no desenvolvimento<br />

de sistemas de produção agrária sustentável, de ele-<br />

vada qualidade e mínimo impacto ambiental. Quase<br />

870 mil hectares dedicados à agricultura ecológica<br />

(54% do total nacional), com uma produção dirigida<br />

aos mercados internacionais em um 90%.


[ especial ]<br />

UMA REGIÃO RURAL<br />

Andaluzia conta com 771 municípios que se<br />

repartem entre suas 8 províncias com uma ex-<br />

tensão de 87.597 km2, que equivale a 17,3% do<br />

território espanhol. Sua grande extensão e sua<br />

privilegiada localização geográfica servem de<br />

explicação para a grande diversidade de caracte-<br />

rísticas físicas e naturais, o que a região seja a Co-<br />

munidade Autônoma espanhola com, maior ex-<br />

tensão de espaços protegidos do País, chegando<br />

a alcançar, aproximadamente, 36% da superfície<br />

protegida nacional. Mais de 90% de seu território<br />

é considerado rural. A ruralidade de um municí-<br />

pio se caracteriza pela densidade de população,<br />

elevada significação da atividade agrária, baixos<br />

níveis de renda e isolamento geográfico, forman-<br />

do um cenário privilegiado para poder implantar<br />

novas estratégias, ações e programas capazes de<br />

melhorar a qualidade de vida de seus habitantes,<br />

a conservação de valores naturais e o uso racional<br />

do território. A população andaluz é de 8 milhões<br />

de habitantes, dos quais 51% são mulheres. Em<br />

Andaluzia, 54,92 % da população reside e vive em<br />

municípios rurais, sendo 49,82% da população<br />

rural mulheres. 45,62 % da população rural anda-<br />

luz são jovens menores de 35 anos.<br />

Foto: sxc.hu<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

4


[ internacional ]<br />

Seminário Internacional aborda questão da pobreza no mundo<br />

As experiências bem-sucedidas do Brasil nos progra-<br />

mas de transferência de renda, como o Bolsa Família, o<br />

Brasil sem Miséria e o Bolsa Verde, foram temas de um<br />

seminário em Roma, na Itália, no ultimo dia 24 de junho.<br />

Um grupo de cinco ministros e um secretário executivo<br />

do Brasil, liderados pelo chanceler Antonio Patriota, deta-<br />

lharam os projetos para integrantes dos países que inte-<br />

gram a Organização das Nações Unidas para Agricultura<br />

e Alimentação (FAO).<br />

No seminário Cooperação Técnica Brasileira: Agri-<br />

cultura, Segurança Alimentar e Políticas Sociais, o país<br />

se destacou pelos esforços feitos nos últimos anos para<br />

a erradicação da miséria e o combate à fome. Os temas<br />

abordaram desde os programas de transferência de ren-<br />

da até as ações relativas à agricultura familiar e incentivo à<br />

agricultura para pequenos proprietários, aos mecanismos<br />

de preservação e estímulo ao meio ambiente e ao desen-<br />

volvimento tecnológico.<br />

“O nosso objetivo foi compartilhar e ampliar as par-<br />

cerias, além das que já mantemos atualmente. A idéia é<br />

discutir o aperfeiçoamento dos mecanismos de coopera-<br />

ção”, disse à Agência Brasil o secretário executivo do Mi-<br />

nistério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome<br />

(MDS), Rômulo Paes de Sousa.<br />

Experiência brasileira de combate à fome e a miséria foram temas de discussão<br />

O seminário reuniu uma série de discussões setoriais,<br />

segundo o secretário. “Um dos projetos que vamos de-<br />

talhamos é o Bolsa Verde, lançado recentemente, que<br />

pretende incentivar que as comunidades rurais atuem no<br />

reflorestamento das regiões onde vivem”, disse Paes de<br />

44 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

Sousa, referindo-se ao projeto de transferência de renda<br />

para as famílias que participarem do programa, por meio<br />

do repasse de R$ 300 a cada trimestre.<br />

Apenas o MDS tem acordos de cooperação com 32<br />

países, principalmente da América Latina, África e Ásia.<br />

Segundo Paes de Sousa, o objetivo é fechar mais dez<br />

parcerias até dezembro. Com isso, o governo brasileiro<br />

cumpre uma de suas metas que é ampliar os efeitos dos<br />

projetos executados no Brasil para o exterior.<br />

De acordo com Paes de Sousa, vários programas bra-<br />

sileiros servem ainda de base de estudos e referência no<br />

Banco Mundial (Bird), que organiza um plano internacio-<br />

nal para a próxima década. O foco do banco é a reno-<br />

vação das estratégias de atuação nas áreas de proteção<br />

social e trabalho.<br />

Também é alvo de elogios das autoridades estrangei-<br />

ras o Brasil sem Miséria. O Brasil é o único país latino-ame-<br />

ricano cujos projetos sociais são tomados como referên-<br />

cia para a execução de um plano mundial.<br />

A Comissão Econômica para a América Latina e o Cari-<br />

be (Cepal) vai trabalhar em parceria com o MDS e os ins-<br />

titutos de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e Brasileiro<br />

de Geografia e Estatística (IBGE) na análise dos indicado-<br />

res sobre extrema pobreza elaborados pelo governo. A<br />

ideia é incentivar a cooperação econômica entre os 48<br />

países integrantes.


[ internacional ]<br />

Países que compõem<br />

o Mercado Comum do Sul<br />

(Mercosul) – Argentina, Pa-<br />

raguai e Uruguai, além do<br />

Brasil – tiveram, em junho, a<br />

oportunidade de conhecer<br />

um pouco mais sobre o Plano<br />

Brasil Sem Miséria. O secretá-<br />

rio executivo adjunto do MDS,<br />

Marcelo Cardona, esteve em<br />

Assunção, capital paraguaia,<br />

Mercosul conhece programa Brasil sem Miséria<br />

Em reunião no Paraguai, delegacão brasileira apresenta o novo programa ao bloco<br />

participando de reuniões com ministros e autoridades<br />

de Desenvolvimento Social do Mercosul, do Conselho do<br />

Instituto Social do Mercosul (ISM) e da Comissão de Coor-<br />

denação de Ministros de Assuntos Sociais do Mercosul.<br />

Até o fim do ano passado, o Brasil ocupou a presi-<br />

dência da Reunião de Ministros e Autoridades de Desen-<br />

volvimento Social do Mercosul (RMADS), quando foram<br />

criados grupos temáticos nas áreas de proteção social,<br />

segurança alimentar e nutricional e economia social e so-<br />

lidária. No último dia 17, Cardona defendeu que o públi-<br />

co-alvo do Plano Brasil Sem Miséria, aqueles em situação<br />

de extrema pobreza, também esteja inserido nesses três<br />

eixos de atuação.<br />

O secretário enfatizou a importância de que os traba-<br />

lhos dos grupos sejam realizados em sintonia com o ISM<br />

e com a União das Nações Sul-Americanas (Unasul), que<br />

tem como membros os integrantes do Mercosul, além<br />

Foto: Bruno Spada/MDS<br />

de Bolívia, Colômbia, Equador,<br />

Peru, Chile, Guiana, Suriname e<br />

Venezuela.<br />

Já durante a reunião do<br />

Conselho do ISM, Cardona<br />

destaca que foi acatada a su-<br />

gestão de transferir a sede atu-<br />

al do Instituto para o edifício<br />

onde funciona o Tribunal Per-<br />

manente de Revisão do Mer-<br />

cosul, também em Assunção.<br />

Outro ponto importante foi a definição do percentual<br />

que o Brasil destinará ao funcionamento do ISM. “Nossa<br />

contribuição passa a ser regular no percentual de 39% do<br />

orçamento total previsto para cada exercício”, diz Cardo-<br />

na. Argentina e Paraguai vão contribuir com 24% cada, e<br />

o Uruguai com 13%.<br />

O secretário acredita que, em 2012, as ações do ISM<br />

devem deslanchar. “Este ano tem sido de institucionali-<br />

zação, com contratação de pessoal, definição de local de<br />

trabalho e planejamento, mas para 2012 a expectativa é<br />

que as mais ações sejam implementadas, inclusive com<br />

expansão de atividades”, relata.<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

4


[ internacional ]<br />

Relatório aponta redefinição da estrutura econômica internacional<br />

Os pólos de crescimento dos mercados emergentes estão redefinindo a estrutura econômica internacional,<br />

diz relatório do Banco Mundial<br />

Em 2025, Brasil, China, Coréia do Sul, Índia, Indonésia e<br />

Rússia serão responsáveis por mais da metade de todo o<br />

crescimento global e o sistema monetário internacional,<br />

provavelmente, deixará de ser dominado por uma moeda<br />

única, é o que aponta um novo relatório do Banco Mundial<br />

publicado este mês.<br />

À medida que o poder econômico muda, estas economias<br />

bem sucedidas ajudarão a impulsionar o crescimento<br />

nos países de renda média baixa através de transações comerciais<br />

e financeiras transfronteiriças.<br />

O relatório “Global Development Horizons 2011 - Multipolarity:<br />

The New Global Economy” (Horizontes do Desenvolvimento<br />

Mundial 20011 - Multipolaridade: A nova<br />

economia global) projeta que, como grupo, as economias<br />

emergentes crescerão em média 4.5% ao ano, entre 2011<br />

e 2025. As economias desenvolvidas, no entanto, deverão<br />

crescer 2.3% no mesmo período, mas não perderão sua relevância<br />

na economia global, visto que a zona do euro, o<br />

Japão, o Reino Unido e os Estados Unidos desempenhando<br />

um papel central no fomento do crescimento mundial.<br />

“O rápido surgimento das economias emergentes provocou<br />

uma mudança na qual os centros de crescimento<br />

econômico estão agora distribuídos entre as economias<br />

desenvolvidas e as em desenvolvimento. Estamos em um<br />

mundo verdadeiramente multipolar”, disse Justin Yifu Lin,<br />

economista-chefe e vice-presidente sênior do Banco Mundial<br />

para Economia do Desenvolvimento. “As empresas<br />

multinacionais dos mercados emergentes estão se tornando<br />

uma força que remodela a indústria global, com uma<br />

rápida expansão dos investimentos sul-sul e dos fluxos de<br />

4 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

investimento estrangeiro direto (IED). As instituições financeiras<br />

internacionais terão que adaptar-se com rapidez<br />

para não ficarem defasadas”.<br />

Segundo o relatório, as economias emergentes que<br />

apoiam-se em adaptação tecnológica e na demanda externa<br />

para crescer terão que fazer mudanças estruturais<br />

para manter o seu ritmo de crescimento através de ganhos<br />

de produtividade e de demanda doméstica robusta.<br />

o relatório Global Development Horizons destaca os<br />

desafios que uma economia mundial multipolar trará pra<br />

os países em desenvolvimento durante os próximos 20<br />

anos. Os autores empregam índices respaldados em dados<br />

empíricos para identificar os países de rápido crescimento<br />

econômico que contam com um sólido capital humano e<br />

inovação tecnológica e que também geram atividade econômica<br />

em outros países. É provável que esse crescimento<br />

econômico seja promovido de maneira indireta através de<br />

operações financeiras, migraçòes e comércio transfronteiriço,<br />

que fomentam a transferência tecnológica e incrementam<br />

as exportaçòes.<br />

O relatório destaca ainda que:<br />

O risco para investimento em economias emergentes<br />

caiu drasticamente. O Brasil já paga taxas de juros mais baixas<br />

sobre sua dívida soberana do que vários países europeus.<br />

Como outras economias emergentes, o mercado de<br />

capitais brasileiro amadureceu e tem experimentado um<br />

crescimento significativo nos últimos anos. As empresas<br />

brasileira hoje têm acesso aos mercados de capitais internacionais.<br />

Além disso, o acesso e as condições de financia-


mento para as empresas devem melhorar ainda mais na<br />

próxima década.<br />

Apesar de a integração econômica mundial ser cada<br />

vez maior e mais profunda, a dinâmica regional vai ganhar<br />

mais importância em um mundo multipolar. Além do seu<br />

papel importante como parte de um grupo de economias<br />

com alto crescimento no cenário mundial, o Brasil apresenta<br />

na América Latina maior “polaridade” do que o México,<br />

embora o México tenha um papel de maior destaque<br />

mundial.<br />

Enquanto o mundo desenvolvido tem sido a fonte<br />

tradicional de crescimento para as economias orientadas<br />

à exportação, o fato de que os países desenvolvidos crescerão<br />

mais lentamente traz vários desafios para os países<br />

em desenvolvimento.<br />

Em particular, o crescimento das economias emergentes<br />

terá que se basear mais na demanda doméstica e no<br />

crescimento da produtividade. Esses desafios são reforçados<br />

por outras mudanças estruturais, tais como o envelhecimento<br />

da população.<br />

O fato de que os países em desenvolvimento crescerão<br />

mais rapidamente que a média mundial é associado com<br />

fluxos de capital, com implicações para a oferta de crédito,<br />

a inflação e a valorização cambial. Embora o temor de grandes<br />

saídas de capital súbita foi dissolvido pelo acúmulo de<br />

uma quantidade substancial de reservas internacionais,<br />

gerenciar esses fluxos de capitais é visto como um desafio<br />

fundamental para o desenvolvimento econômico, particularmente<br />

no que se trata de inflação e de competitividade<br />

das exportações.<br />

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dos nossos das últimas notícias<br />

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4


[ publicações ]<br />

Índice do Ipea<br />

avalia qualidade do<br />

desenvolvimento no Brasil<br />

O Instituto de Pesquisa Econômica<br />

Aplicada (Ipea) divulgou, no último dia<br />

22, a terceira edição de 2011 do Índice<br />

de Qualidade do Desenvolvimento<br />

(IQD). O IQD é uma pesquisa realizada<br />

periodicamente que avalia se o desenvolvimento<br />

vivido pelo país tende a<br />

se sustentar ao longo do tempo e se<br />

o crescimento econômico promove o<br />

bem-estar e a distribuição de renda. A<br />

nova edição do índice foi apresentada<br />

pelo presidente do Ipea, Marcio Pochmann.<br />

A pesquisa qualifica o desenvolvimento<br />

a partir de três dimensões<br />

(Qualidade do Crescimento, Qualidade<br />

da Inserção Externa e Qualidade do<br />

Bem-Estar), em patamares que vão de<br />

péssimo (0 a 100 pontos) a ótimo (400<br />

a 500 pontos), passando pelos níveis<br />

ruim, instável e bom.<br />

Coord editorial: Ipea<br />

4 JUNHO 2011 www.iicaforumdrs.org.br<br />

Histórias das Agriculturas no<br />

Mundo<br />

Este trabalho se inscreve na tradição da<br />

Cátedra de Agricultura Comparada e<br />

Desenvolvimento Agrícola do Instituto<br />

Nacional Agronômico de Paris – Grignon<br />

(INA-PG), onde hoje Marcel Mazoyer<br />

é Professor Emérito. Nessa cátedra<br />

sucedeu o renomado agrônomo e<br />

professor René Dumont, uma referência<br />

internacional nos estudos e diagnósticos<br />

sobre a agricultura camponesa nos<br />

continentes africano, latino-americano<br />

e europeu. Laurence Roudart, discípula<br />

de Marcel Mazoyer, que participou da<br />

produção desta obra, hoje é Mestre<br />

de Conferências de Economia Política<br />

Agrícola, na mesma cátedra. Uma das<br />

contribuições mais importantes de<br />

Marcel Mazoyer foi a formulação e aplicação<br />

da teoria dos sistemas agrários,<br />

um instrumento analítico que permite<br />

apreender a complexidade de cada forma<br />

de agricultura, abordando as transformações<br />

históricas e a diferenciação<br />

geográfica das agriculturas. Mazoyer<br />

assinala que é fundamental distinguir<br />

a agricultura como ela é efetivamente<br />

praticada e como pode ser observada,<br />

constituindo-se, assim, em um objeto<br />

real de conhecimento.<br />

Coord editorial: MDA - NEAD<br />

Relatório sobre a Situação Social Mundial<br />

2011<br />

O Relatório sobre a Situação Social<br />

Mundial 2011 conclui que muitos governos<br />

não estão prestando a devida<br />

atenção às implicações sociais da recente<br />

crise financeira global e pede que<br />

seja dada prioridade aos investimentos<br />

sociais nos programas de recuperação<br />

econômicos. O documento, que acaba<br />

de ser publicado (22/06) pelo Departamento<br />

de Assuntos Econômicos e Sociais<br />

(DESA) da ONU, investiga as consequências<br />

sociais adversas da crise<br />

financeira e econômica de 2008/2009<br />

– a pior desde a Grande Depressão da<br />

década de 1930.<br />

Coord. Editorial: ONU


[ publicações ]<br />

Public Data Explorer – Ferramenta<br />

para visualizar Índice de Pobreza<br />

Multidimensional<br />

Os indicadores compilados pelo RDH<br />

(Relatório do Desenvolvimento Humano)<br />

do PNUD foram disponibilizados<br />

neste mês pelo Google na ferramenta<br />

Public Data Explorer, que permite traçar<br />

gráficos e mapas. Os dados são do<br />

relatório de 2010 e serão atualizados<br />

anualmente. Entre as informações liberadas<br />

estão séries históricas do IDH<br />

(Índice de Desenvolvimento Humano),<br />

desde 1980, e o Índice de Pobreza Multidimencional,<br />

que leva em consideração<br />

fatores como educação, saúde e<br />

condições do domicílio para medir a<br />

pobreza. A ferramenta pode ser usada<br />

para verificar mudanças nos indicadores<br />

ao longo dos anos e comparar<br />

dados de diferentes países. É possível,<br />

por exemplo, acompanhar a evolução<br />

do IDH dos países em um gráfico em<br />

que os pontos mudam de posição de<br />

acordo com a linha do tempo.<br />

Coord editorial: Google<br />

Série<br />

Desenvolvimento Rural Sustentável<br />

A SÉRIE DESENVOLVIMENTO RURAL SUSTENTÁVEL expressa a efetiva<br />

colaboração tanto da Representação do IICA no Brasil quanto do Fórum<br />

Permanente de Desenvolvimento Rural Sustentável em busca do desenvolvimento<br />

agrícola e do bem-estar das comunidades rurais.<br />

Reúne artigos assinados por renomados profissionais nacionais e internacionais<br />

com o objetivo de difundir e suscitar o intercâmbio de conhecimentos e de<br />

iniciativas bem-sucedidas de desenvolvimento sustentável no meio rural,<br />

promovidos por instituições acadêmicas, instituições governamentais e<br />

nãogovernamentais e organizações da sociedade em geral.<br />

Mais detalhes da Série no site: www.iicaforumdrs.org.br<br />

www.iicaforumdrs.org.br JUNHO 2011<br />

4


E x p e d i e n t e<br />

Coordenador Executivo do Fórum DRS<br />

Carlos Miranda<br />

Assessor Técnico do Fórum DRS<br />

Breno Tiburcio<br />

Assistente Técnico do Fórum DRS<br />

Renato Carvalho<br />

Coordenação Jornalística<br />

Fernanda Tallarico<br />

Projeto Gráfico e Diagramação<br />

Patricia Porto<br />

Textos<br />

André Kauric<br />

Revisão de Textos<br />

Rodrigo Germano<br />

Fotos<br />

Arquivo IICA<br />

Fotos Capa e Contra Capa<br />

Regina Santos/Arquivo MDA<br />

P a r c e i r o s<br />

Representação do IICA no Brasil<br />

SHIS QI 03, Lote A, Bloco F, Centro Empresarial Terracotta<br />

CEP 71605-450, Brasília-DF, Brasil.<br />

Telefone: (55 61) 2106-5477<br />

Fax: (55 61) 2106-5458 / 5459<br />

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A 78ª edição do <strong>Boletim</strong> do Fórum DRS trará uma entrevista com o colom-<br />

biano Ruben Darío, professor da Universidade Católica Bolivariana, sobre a<br />

experiência da Bolívia no desenvolvimento de políticas de desenvolvimento<br />

rural sustentável. Além disso, a 78ª edição trará ao leitor uma matéria es-<br />

pecial a respeito da 27ª Jornada Temática do Fórum DRS, realizada no dia<br />

06 de junho, que apresentou os resultados da primeira fase do projeto<br />

“A Nova Cara da Pobreza Rural”. O evento contou com a participação de<br />

importantes figuras acadêmicas e de gestores públicos.<br />

Não Perca!


MANIFESTAÇÃO CULTURAL<br />

Grupo de Reizada<br />

Comunidade Fazenda Timbaúba<br />

Moraújo - CE

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