Poemas Irônicos, Venenosos e Sarcásticos - GeFeLit.net
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Mas ah! o plágio nem perdão merece!<br />
Digam — pega ladrão! — Confesso o crime,<br />
Não é Ovídio só que imito e sonho,<br />
Quando pinta Acteon fitando os olhos<br />
Nas formas nuas de Diana virgem!<br />
Não! embora eu aqui não fale em ninfas,<br />
Essa idéia é do cônego Filipe!<br />
TERZA RIMA<br />
É belo de entre a cinza ver ardendo<br />
Nas mãos do fumador um bom cigarro,<br />
Sentir o fumo em névoas recendendo,<br />
Do cachimbo alemão no louro barro<br />
Ver a chama vermelha estremecendo<br />
E até... perdoem... respirar-lhe o sarro!<br />
Porém o que há mais doce n’esta vida,<br />
O que das mágoas desvanece o luto<br />
E dá som a uma alma empobrecida,<br />
Palavra d'honra, és tu, ó meu charuto!<br />
NAMORO A CAVALO<br />
Eu moro em Catumbi. Mas a desgraça<br />
Que rege minha vida malfadada<br />
Pôs lá no fim da rua do Catete<br />
A minha Dulcinéia namorada.<br />
Alugo (três mil réis) por uma tarde<br />
Um cavalo de trote (que esparrela)!<br />
Só para erguer meus olhos suspirando<br />
A minha namorada na janela...<br />
Todo o meu ordenado vai-se em flores<br />
E em lindas folhas de papel bordado<br />
Onde eu escrevo trêmulo, amoroso<br />
Algum verso bonito... mas furtado.<br />
Morro pela menina, junto d’ela<br />
Nem ouso suspirar de acanhamento...<br />
Se ela quisesse eu acabava a história<br />
Como toda a comédia — em casamento.<br />
Ontem tinha chovido. . . que desgraça!<br />
Eu ia a trote inglês ardendo em chama,<br />
Mas lá vai senão quando uma carroça<br />
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