Poemas Irônicos, Venenosos e Sarcásticos - GeFeLit.net
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Que ao lado da floresta ajunta as sombras<br />
E lança pelas águas da campina<br />
Alvacentos clarões que as flores bebem.<br />
A galope, de volta do noivado,<br />
Passa o Conde Solfier, e a noiva Elfrida.<br />
Seguem fidalgos que o sarau reclama.<br />
Elfrida<br />
— Não vês, Solfier, ali da estrada em meio<br />
Um defunto estendido? —<br />
Solfier<br />
— Ó minha Elfrida,<br />
Voltemos desse lado: outro caminho<br />
Se dirige ao castelo. É mau agouro<br />
Por um morto passar em noites destas. —<br />
Mas Elfrida aproxima o seu cavalo.<br />
Elfrida<br />
— Tancredo!... vede! é o trovador Tancredo!<br />
Coitado! assim morrer! um pobre moço!<br />
Sem mãe e sem irmã! E não o enterram?<br />
Neste mundo não teve um só amigo? —<br />
"Ninguém, senhora! — respondeu da sombra<br />
Uma dorida voz: — Eu vim, há pouco,<br />
Ao saber que do povo no abandono<br />
Jazia como um cão. Eu vim, e eu mesmo<br />
Cavei junto do lago a cova impura."<br />
Elfrida<br />
— Tendes um coração. Tomai, mancebo,<br />
Tomai essa pulseira... Em oiro e jóias<br />
Tem bastante p'ra erguer-lhe um monumento,<br />
E para longas missas lhe dizerem<br />
Pelo repouso d'alma... —<br />
O Desconhecido<br />
O moço riu-se.<br />
— Obrigado. Guardai as vossas jóias.<br />
Tancredo o trovador morreu de fome;<br />
Passaram-lhe no corpo frio e morto,<br />
Salpicaram de lodo a face dele,<br />
Talvez cuspissem nesta fronte santa<br />
Cheia outrora de eternas fantasias,<br />
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