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Há no mundo inteiro uma, quando muito, rua difícil de encontrar.

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METÁFORA VIAGEM: PALAVRA DO POETA<br />

A presente antologia tem por ponto <strong>de</strong> partida o tema da viagem, na amplitu<strong>de</strong> metafórica do<br />

seu sentido: antes <strong>de</strong> mais, viagem na língua, viagem na terra, <strong>no</strong> tempo e na memória, por<br />

conseguinte, <strong>no</strong> Homem, viagem ainda na metáfora, entendida ela mesma como <strong>de</strong>slocação <strong>no</strong><br />

sentido.<br />

Assim, o poema A Flor, inscrição <strong>de</strong> abertura (mas também flor poema que se <strong>de</strong>staca e oferece,<br />

propondo-se à partilha), <strong>de</strong>ve ser entendido como metáfora da antologia propriamente dita, e<br />

po<strong>de</strong>rá ser lido como prefácio que não é.<br />

Do ponto <strong>de</strong> vista dos critérios <strong>de</strong> selecção, optou-se por excluir autores cuja obra se encontra<br />

em aberto, o que implicou a omissão <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> parte dos autores vivos, com excepção <strong>de</strong><br />

Sophia <strong>de</strong> Mello Breyner Andresen, Eugénio <strong>de</strong> Andra<strong>de</strong>, Mário Cesariny e Herberto Hel<strong>de</strong>r,<br />

relativamente aos quais a massa crítica do tempo e da obra impõe a sua inclusão. Intentou-se um<br />

mínimo <strong>de</strong> representativida<strong>de</strong> histórica, com incidência maioritária <strong>no</strong>s séculos XIX e XX, por<br />

razões que se pren<strong>de</strong>m com a facilitação do acesso, tendo em vista um <strong>de</strong>stinatário que se visou<br />

tão amplo quanto possível.<br />

Aos limites <strong>de</strong>correntes dos critérios <strong>de</strong> selecção adoptados, acrescentaram-se os limites físicos<br />

<strong>de</strong>ste peque<strong>no</strong> livro, assim como o imperativo <strong>de</strong> respeitar a integrida<strong>de</strong> do corpo poético,<br />

recusando cortes, montagens e outras mutilações <strong>no</strong> que o autor concebeu <strong>inteiro</strong>, com excepção<br />

da citação integral <strong>de</strong> secções <strong>de</strong> sequências, a que o autor conce<strong>de</strong>u <strong>de</strong> sua mão unida<strong>de</strong><br />

própria. Tudo isto <strong>de</strong>termi<strong>no</strong>u a estreita representativida<strong>de</strong> do corpus, não apenas do ponto <strong>de</strong><br />

vista histórico, mas também estilístico, forçando a exclusão <strong>de</strong> composições poéticas <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

extensão que, em alguns autores (como não lembrar, por exemplo, A Margem da Alegria, lugar<br />

primordial <strong>de</strong>sse tão vasto continente formado a sangue e lava na poesia <strong>de</strong> Ruy Belo), seriam<br />

mais representativas do furor criativo que rasgou o espaço da sua obra, vibrando da cintilação o<br />

seu gume.<br />

Uma última palavra para a arquitectónica: optou-se por não aprisionar os poemas <strong>no</strong>s estritos<br />

limites do seu tempo (poema que não subverta a cro<strong>no</strong>logia, interceptando épocas e <strong>mundo</strong>s,<br />

po<strong>de</strong>r-se-á dizer que é poema?), mas antes tecer <strong>uma</strong> narrativa que pu<strong>de</strong>sse também ela reflectir<br />

a “viagem” <strong>de</strong> on<strong>de</strong> partimos – viagem que é, por fim, não apenas <strong>no</strong>rte temático <strong>de</strong>sta<br />

antologia, mas também metáfora da leitura on<strong>de</strong> a palavra e o seu outro se encontram.<br />

Jorge Roque

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