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REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE ... - 2

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XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012<br />

educadores. Para a construção da percepção estética é necessária uma disposição do<br />

indivíduo, uma sensibilidade para a arte.<br />

O caminho para uma apreciação autêntica da arte passa pela educação. Somente<br />

educando as pessoas para a apreciação estética é que se impede a monopolização da arte<br />

por uma minoria privilegiada que faz questão de manter essa qualidade. Para Hauser<br />

(2003): “as condições prévias para o abrandamento do monopólio cultural são,<br />

sobretudo, econômicas e sociais. Não podemos fazer outra coisa senão lutar pela criação<br />

dessas pré-condições” (p. 992).<br />

A compreensão não elimina o caráter enigmático da obra, pois nunca se aprende<br />

tudo acerca da arte, existindo sempre novas coisas a descobrir. As grandes obras de arte<br />

parecem ter um aspecto diferente cada vez que nos colocamos diante delas e, talvez,<br />

para nos deleitarmos com as mesmas tenhamos que ter um espírito fresco, pronto a<br />

captar indícios sugestivos e as nuances próprias de cada obra.<br />

Ver significa conhecer, perceber, pela visão. Mas ver é também uma construção<br />

estética, segundo Ferraz e Fusari (2001, p. 78): “é um exercício de construção<br />

perceptiva na qual os elementos selecionados e o percurso visual podem ser educados”.<br />

O exercício de ver, olhar, ler, compreender e pensar criticamente uma obra de<br />

arte pode ser desenvolvido na escola e complementado no museu. O aluno que trabalha<br />

com a reprodução da imagem na sala de aula reconhece o original no museu atribuindo<br />

um novo significado ao original e à reprodução. Mas, tão importante quanto à leitura<br />

das obras de Chagall, Klee, Picasso e Portinari, que entusiasmam os alunos, se tornam<br />

necessária uma seleção prévia dos conteúdos em vista da enxurrada de imagens usadas<br />

pelos grandes meios de comunicação de massa. As imagens e o olhar que incide sobre<br />

as mesmas não são neutros, e em sua construção interferem inúmeros fatores, objetivos<br />

e subjetivos, dentre eles a ideologia, passado, desejos, conformação cultural, de quem<br />

criou e de quem aprecia a imagem. Adorno (1995) explica que: “evidentemente, nas<br />

opiniões e atitudes subjetivas, manifestam-se também indiretamente objetividades<br />

sociais” (p. 146). Essa questão é pertinente, pois as imagens, além de trazerem consigo a<br />

história de quem as criou, invadem o cotidiano dos indivíduos, cabendo então ao<br />

professor decidir o repertório que mereça a apreciação de seus alunos. O aluno que<br />

experimenta o contato com a reprodução em sala interfere diretamente nessa obra, quer<br />

pela manipulação, quer pela reconstrução, apropria-se dessa obra, dando-lhe nova<br />

significação. Esse momento tem vários desdobramentos que incluem as diferenças entre<br />

Junqueira&Marin Editores<br />

Livro 3 - p.002070<br />

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