REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE ... - 2
REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE ... - 2
REFLEXÕES SOBRE A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE ARTE ... - 2
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
A mediação consciente e competente da professora que percebeu que o trabalho<br />
de releitura da obra, feito na escola e complementado no museu, precisava ser<br />
sedimentado demonstra a importância de concretizar, objetivar o que foi visto, o que foi<br />
sentido. Talvez, uma das tarefas primordiais dos professores de arte seja abrir os olhos<br />
dos alunos e motivar sua sensibilidade, para que eles possam ver apreciar, criticar e<br />
construir. Para ser verdade, essa afirmativa necessita de uma teoria e filosofia da arte<br />
que permita que a arte seja ensinada.<br />
A escolha das obras de Portinari para serem estudadas exemplifica o papel<br />
político do professor como um mediador estético entre formas, cores, texturas, e a<br />
consciência da realidade dos conteúdos das obras. Os alunos de Anamélia Buoro<br />
reconheceram as obras dos artistas que trabalharam em sala, mas “a produção do olhar<br />
(ver, observar, sentir, fazer, expressar) só ganhou seu acabamento quando, com<br />
Portinari, os alunos puderam se ver” (Batista, 2002, p. 135). Ou seja, a realidade social e<br />
política das obras de Portinari, dos inúmeros Retirantes e Lavradores, foram percebidas<br />
e sentidas pela reflexão estética.<br />
A percepção estética trabalhada pela professora em sala de aula que propiciou<br />
aos alunos o “ver, observar, sentir, fazer e expressar” levou-os a perceber o mundo a sua<br />
volta com outra significação. O trabalho com a leitura de imagem é um dos caminhos<br />
percorridos pelo professor e pelo aluno com o intuito de despertar um ato criador do<br />
aluno ou processo de criação. Como explica Buoro (1998, p. 48) os enfoques principais<br />
com que essa proposta educacional trabalha são a observação, a criatividade e a<br />
expressão.<br />
XVI ENDIPE - Encontro Nacional de Didática e Práticas de Ensino - UNICAMP - Campinas - 2012<br />
Cabe ao professor trabalhar para alcançar essa aprendizagem, pois a arte ajuda<br />
no desenvolvimento emocional, intelectual, físico, social, estético/criador.<br />
A leitura da obra e sua contextualização são elementos importantes para o aluno<br />
desenvolver seu senso crítico, estabelecendo relações entre a realidade da época e do<br />
artista, com sua própria realidade, seu cotidiano e os fatores que os rodeiam, fazendo<br />
dele um indivíduo reflexivo, que saberá criar relações e estratégias para solução de seus<br />
problemas estéticos ou de sua própria vida.<br />
Este é um grande desafio ao arte/educador, pois na maioria das vezes a escola<br />
prioriza a aprendizagem mecânica. O limite de horário, o espaço escolar não favorável,<br />
o desinteresse dos alunos e até mesmo o pouco interesse da equipe pedagógica em<br />
valorizar o ensino através da arte, pois sabemos que a posição escolar não é similar, não<br />
Junqueira&Marin Editores<br />
Livro 3 - p.002072<br />
33