Poesia moderna brasileira.pdf
Poesia moderna brasileira.pdf
Poesia moderna brasileira.pdf
Create successful ePaper yourself
Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.
Chega de Saudade<br />
Vai minha tristeza,<br />
E diz a ela que sem ela não pode ser,<br />
Diz-lhe numa prece<br />
Que ela regresse, porque eu não<br />
posso mais sofrer.<br />
Chega de saudade<br />
A realidade é que sem ela não há<br />
paz, não há beleza<br />
É só tristeza e a melancolia<br />
Que não sai de mim, não sai de mim,<br />
Canto de Ossanha<br />
O homem que diz "dou"<br />
Não dá!<br />
Porque quem dá mesmo<br />
Não diz!<br />
O homem que diz "vou"<br />
Não vai!<br />
Porque quando foi<br />
Já não quis!<br />
O homem que diz "sou"<br />
Não é!<br />
Porque quem é mesmo "é"<br />
Não sou!<br />
O homem que diz "tou"<br />
Não tá<br />
Porque ninguém tá quando quer<br />
Coitado do homem que cai<br />
No canto de Ossanha traidor!<br />
Samba da Benção<br />
É melhor ser alegre que ser triste<br />
Alegria é a melhor coisa que existe<br />
É assim como a luz no coração<br />
Mas pra fazer um samba com beleza<br />
É preciso um bocado de tristeza<br />
É preciso um bocado de tristeza<br />
Senão, não se faz um samba não<br />
Fazer samba não é contar piada<br />
E quem faz samba assim não é de<br />
não sai<br />
Mas se ela voltar, se ela voltar<br />
Que coisa linda, que coisa louca<br />
Pois há menos peixinhos a nadar no<br />
mar<br />
Do que os beijinhos que eu darei na<br />
sua boca,<br />
dentro dos meus braços<br />
Coitado do homem que vai<br />
Atrás de mandinga de amor...<br />
Vai! Vai! Vai! Vai!<br />
Não vou...<br />
Que eu não sou ninguém de ir<br />
Em conversa de esquecer<br />
A tristeza de um amor<br />
Que passou<br />
Não! Eu só vou se for prá ver<br />
Uma estrela aparecer<br />
Na manhã de um novo amor...<br />
Amigo sinhô<br />
Saravá<br />
Xangô me mandou lhe dizer<br />
nada<br />
O bom samba é uma forma de<br />
oração<br />
Porque o samba é a tristeza que<br />
balança<br />
E a tristeza tem sempre uma<br />
esperança<br />
A tristeza tem sempre uma esperança<br />
De um dia não ser mais triste não<br />
Os abraços hão de ser milhões de<br />
abraços<br />
Apertado assim, colado assim, calado<br />
assim<br />
Abraços e beijinhos, e carinhos sem<br />
ter fim<br />
Que é pra acabar com esse negócio<br />
de você viver sem mim.<br />
(...)<br />
Vinicius de Moraes e Tom Jobim<br />
Se é canto de Ossanha<br />
Não vá!<br />
Que muito vai se arrepender<br />
Pergunte pr'o seu Orixá<br />
O amor só é bom se doer<br />
Pergunte pr'o seu Orixá<br />
O amor só é bom se doer...<br />
Vai! Vai! Vai! Vai!<br />
Amar!<br />
Vai! Vai! Vai! Vai!<br />
Sofrer!<br />
Vai! Vai! Vai! Vai!<br />
Chorar!<br />
Vai! Vai! Vai! Vai!<br />
Dizer!...<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:<br />
ANDRADE, Carlos Drummond. Alguma <strong>Poesia</strong>. Rio de Janeiro: Record, 2001.<br />
ANDRADE, Carlos Drummond. A Rosa do Povo. Rio de Janeiro: Record, 2001.<br />
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 1994.<br />
GONZAGA, Sergius. Curso de Literatura Brasileira. Porto Alegre: Leitura XXI, 2004.<br />
GOUVEIA, Margarida Maia. Cecília Meireles: uma poética do “eterno instante”. Imprensa Nacional – Casa da Moeda, 2002.<br />
MEIRELES, Cecília. Flor de Poemas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1983.<br />
MELO NETO, João Cabral de. Antologia Poética. Rio de Janeiro: José Olympio, 1975.<br />
MORAES, Vinicius de. <strong>Poesia</strong> Completa e Prosa. Rio de Janeiro: Nova Aguilar, 2004.<br />
QUINTANA, Mário. Quintana de Bolso. Porto Alegre: L&PM, 1997.<br />
Vinicius de Moraes e Baden Powell<br />
Ponha um pouco de amor numa<br />
cadência<br />
E vai ver que ninguém no mundo<br />
vence<br />
A beleza que tem um samba, não<br />
Porque o samba nasceu lá na Bahia<br />
E se hoje ele é branco na poesia<br />
Se hoje ele é branco na poesia<br />
Ele é negro demais no coração<br />
Vinicius de Moraes e Baden Powell