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Novembro/2009 - coren-sp

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Publicação Oficial do Conselho Regional de Enfermagem de São Paulo<br />

Assédio Físico e Moral<br />

A violência contra o profissional de<br />

enfermagem em seu local de trabalho<br />

Projeto Competências<br />

Técnicos de Enfermagem terão definidas<br />

as suas competências profissionais<br />

ano 10 • nº 83 • Nov/<strong>2009</strong><br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 1


2 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong>


Índice<br />

ENTREVISTA<br />

Dra. Vera Lúcia Regina Maria,<br />

consultora em SAE. ..........................................................................14<br />

EDITORIAL ............................................................................4<br />

COREN FAZ<br />

Sociedades Visitam o CAPE ................................................5<br />

Projeto Competências..........................................................6<br />

Palestra .................................................................................7<br />

CAPE Eventos .......................................................................8<br />

2˚ SEPAGE ..........................................................................10<br />

12˚ CBCENF .......................................................................12<br />

TRANSPARêNCIA<br />

Balanço ...............................................................................13<br />

ENTREVISTA<br />

Dra. Vera Lúcia Regina Maria ...........................................14<br />

Analice Fernandes ..............................................................17<br />

CADERNO DE GERENCIAMENTO<br />

Estudo revela negligência .................................................19<br />

Ho<strong>sp</strong>ital Prof. Edmundo Vasconcelos ..............................22<br />

ENFERMAGEM QUE FAZ A DIFERENÇA<br />

Enfermagem no alívio da dor ...........................................26<br />

Enfermeira brasileira na África .........................................30<br />

COMPROMISSO<br />

É Assedio ............................................................................32<br />

EDUCADORES EM SAÚDE<br />

Experiência bem sucedida .................................................34<br />

COREN FAZ<br />

Novo encontro com professor Cordão<br />

debate o estágio supervisionado. ......................................9<br />

ATUALIDADES<br />

Segurança do paciente: Enfermagem<br />

segura e com qualidade............................37<br />

ATUALIDADES<br />

Graduação em obstetrícia .................................................36<br />

O TecSaúde ........................................................................39<br />

ABRATE ..............................................................................40<br />

Grupo de curativos ............................................................ 41<br />

Regulamentação para processamento de produtos ........42<br />

CONHEÇA A SOCIEDADE<br />

SOBECC E SOCESP ............................................................43<br />

NOTAS<br />

Coren Itinerante .................................................................44<br />

Regularização de débitos ..................................................45<br />

Recadastramento prorrogado ...........................................45<br />

X Sibrad ..............................................................................46<br />

Ouvidoria do COREN-SP ...................................................46<br />

AS PALAVRAS<br />

Carta aberta........................................................................47<br />

EVENTOS ................................................................48<br />

BIBLIOTECA ........................................................................49<br />

FALA, ENFERMAGEM .....................................................50<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 3


Editorial<br />

O passadO está<br />

mOrtO<br />

Nos últimos 360 dias vivemos em<br />

São Paulo um momento de intensas<br />

reflexões e mudanças que podem<br />

decidir o futuro da enfermagem<br />

paulista em termos de crescimento e<br />

visibilidade dos profissionais, quer no<br />

sentido estético, ético, técnico, social<br />

ou político. Vivemos um momento tal<br />

onde falar, ter razão ou simplesmente<br />

requerer o mérito, não são mais atitudes<br />

que convençam os enfermeiros de um<br />

modo geral no país.<br />

Hoje se e<strong>sp</strong>era um reconhecimento<br />

do profissional junto aos usuários<br />

dos sistemas de saúde quer público<br />

ou privado e também se e<strong>sp</strong>era que<br />

além de ter razão, neste mundo da<br />

luta política, filosófica e ideológica, é<br />

preciso lutar tenazmente por ela”.<br />

É preciso chamar à reflexão todos<br />

os profissionais, pois repudio<br />

qualquer tentativa de rebaixar e<br />

reduzir este momento tão precioso<br />

a questões como ataques pessoais<br />

ou a instituições profissionais tão<br />

importantes, a enfermeiros, técnicos e<br />

auxiliares de enfermagem. Atitudes de<br />

agressão moral, física e profissional de<br />

oponentes servem somente para mais<br />

uma vez demonstrar a sua impotência<br />

teórica e prática.<br />

Nesta polêmica, as argumentações “ad<br />

hominem” (argumento que consiste<br />

em atribuir um erro ao oponente<br />

e fazer depois grande alarido) não<br />

resistem a verdade nua e crua dos<br />

fatos. A Associação Brasileira de<br />

Enfermagem – SP e o Conselho<br />

Regional de Enfermagem de São Paulo<br />

estão juntos, lutando pelo resgate da<br />

dignidade e reconhecimento pleno<br />

dos profissionais de enfermagem,<br />

que muito mais do que fiscalização,<br />

precisam de valorização profissional,<br />

conhecimento, cidadania, educação,<br />

cultura e continuam lutando por<br />

oportunidades de tempo, para<br />

descanso e lazer.<br />

Parcerias entre a ABEn – SP e COREN-<br />

SP não são mais somente discurso. A<br />

prática esta ai para provar. Jornada<br />

sobre cidadania, enfermagem e a arte<br />

de cuidar, no mês de maio de <strong>2009</strong> em<br />

4 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Por Sarah Munhoz, presidente da ABEn-SP<br />

todas as regiões do estado; curso de<br />

capacitação didático-pedagógica para<br />

enfermeiros, realizado pela ABEn-SP<br />

e todos subvencionados pelo COREN-<br />

SP, com cerca de 1.000 inscritos,<br />

que atualizam seus conhecimentos<br />

para formar melhor, e garantir uma<br />

assistência de enfermagem melhor e<br />

mais segura; curso de mapas conceituais<br />

para professores de enfermagem; I<br />

JORNADA PAULISTA DE AUXILIARES<br />

E TÉCNICOS DE ENFERMAGEM, em<br />

novembro; instalações completas<br />

dentro do e<strong>sp</strong>aço do CAPE e nas<br />

novas regionais do COREN-SP para<br />

utilização da ABEN. Todos esses já<br />

são fatos concretos e com resultados<br />

que agregam valor a profissão e aos<br />

profissionais de enfermagem.<br />

Temos legitimidade profissional e<br />

agora não vamos utilizar o microscópio<br />

nem medicamentos, mas, sim, faremos<br />

o exercício da abstração consciente, da<br />

construção de novos conhecimentos,<br />

ações de discurso e práticas coerentes,<br />

além de avaliação contínua, para<br />

evitarmos cometer duas vezes o<br />

mesmo erro.<br />

Não vamos esquecer a essência das<br />

nossas divergências, pois estas são a<br />

mola propulsora das nossas mudanças<br />

atuais e futuras. Perdoar não significa<br />

esquecer, significa lembrar sem dor,<br />

sem amargura. Temos uma memória<br />

e não esqueceremos facilmente algo<br />

que marcou a nossa vida. Mas, em vez<br />

de violência, apresentemos, no campo<br />

da razão e da lógica, argumento<br />

em contrário, porque é sabido que:<br />

“quando não se tem argumento sai-se<br />

da situação dizendo asneiras.”<br />

Na natureza e na sociedade humana não<br />

há, pois, verdades ou mentiras: existem<br />

apenas coisas, fatos, fenômenos e<br />

processos. As nossas representações e<br />

juízos a re<strong>sp</strong>eito deles é que dizem se<br />

eles podem ser verdadeiros ou falsos,<br />

certos ou errôneos. E, para finalizar,<br />

uma frase que, embora desconheça o<br />

autor, considero muito oportuna para<br />

o momento. “O passado está morto,o<br />

futuro mente, dancemos sobre a corda<br />

bamba do presente!”.<br />

Expediente<br />

Revista Enfermagem, Nº 83<br />

Expediente<br />

Presidente<br />

Cláudio Alves Porto<br />

Vice Presidente<br />

Cleide Mazuela Canavezi<br />

Primeiro-secretário<br />

Edmilson Viveiros<br />

Segunda-secretária<br />

Josiane Cristina Ferrari<br />

Primeiro-tesoureiro<br />

Marcos Luís Covre<br />

Segunda-tesoureira<br />

Tania de Oliveira Ortega<br />

Presidente da Comissão de Tomada de<br />

Contas-CTC<br />

Mariangela Gonsalez<br />

Membros da CTC<br />

Marlene Uehara Moritsugu<br />

Marcia Rodrigues<br />

Conselheiros efetivos<br />

Andréa P. da Cruz, Denilson Cardoso,<br />

Edna Mukai Corrêa, Edwiges da Silva<br />

E<strong>sp</strong>er, Francisca Nere do Nascimento,<br />

Henrique C. Cardoso, Lidia Fumie<br />

Matsuda, Maria Angélica G. Guglielmi,<br />

Marinete Floriano Silva, Paula Regina de<br />

Almeida Oliveira, Paulo Roberto N. de<br />

Paula, Rosana de Oliveira S. Lopes<br />

Conselheiros suplentes<br />

Aldomir P. de Oliveira, Brígida B. da Silva,<br />

Cicera Maria Andre de Souza, Demerson<br />

Gabriel Bussoni, Elaine Garcia, Elizete P.<br />

do Amaral, Flávia Alvarez F. Caramelo,<br />

Gutemberg do Brasil B. Moreira, Ivone<br />

Valdelice dos S. Oliveira, José Messias<br />

Rosa, Lúcia Regina P. L. Sentoma,<br />

Luciana Maria C. P. de Almeida, Luciene<br />

Marrero Soares, Roberta P. de Campos<br />

Vergueiro, Sandra Ogata de Oliveira,<br />

Sebastião Cezar da Silva, Selma Regina C.<br />

Casagrande, Sonia Marly Mitsue Yanase<br />

Rebelato, Tamami Ikuno, Zainet Nogimi,<br />

Zeneide Maria Cavalcanti<br />

Conselho Editorial<br />

Cleide Mazuela Canavezi, Maria Angélica<br />

Azevedo Rosin, Mônica Farias, Silvia Regina<br />

Martins Alves, Tânia de Oliveira Ortega<br />

Conselho Regional de Enfermagem de<br />

São Paulo<br />

Alameda Ribeirão Preto, 82 – Bela Vista<br />

São Paulo – SP<br />

CEP 01331-000<br />

Fone: (11) 3225-6300<br />

www.<strong>coren</strong><strong>sp</strong>.org.br<br />

Redação, fotos e revisão: Marco Petucco<br />

Junior, Messias de Oliveira Queiroz,<br />

Mônica Farias, Patrícia Julien<br />

Foto de Capa: Shutter Stock<br />

Criação e Diagramação: DeBRITO Propaganda<br />

Publicação oficial bimestral do COREN-SP<br />

/ Reg. Nº 24.929 / 4º registro / 323 mil<br />

exemplares/ distribuição gratuita dirigida


Foto Hiroto<br />

Sociedades de E<strong>sp</strong>ecialistas visitam e<br />

aprovam estrutura do CAPE<br />

O COREN-SP recebeu, no último mês de outubro, nas<br />

dependências do CAPE – Centro de Aprimoramento<br />

Profissional de Enfermagem, representantes das várias<br />

Sociedades e Associações Brasileiras de E<strong>sp</strong>ecialistas em<br />

Enfermagem. O objetivo da recepção foi o de apresentar<br />

toda a estrutura e recursos do Centro, para que as sociedades<br />

conhecessem o potencial do local para receber os cursos,<br />

treinamentos e eventos de suas áreas e<strong>sp</strong>ecíficas.<br />

A apresentação da assistente técnica do CAPE, Dra. Ariadne<br />

Fonseca da Silva, aos dirigentes das Sociedades deu<br />

destaque e<strong>sp</strong>ecial à estrutura dos laboratórios de técnicas e<br />

procedimentos, demonstrando os vários usos possíveis em<br />

treinamentos das diferentes e<strong>sp</strong>ecialidades.<br />

Treinamento multidisciplinar<br />

Representantes das Sociedades de E<strong>sp</strong>ecialistas acompanham apresentação no auditório do CAPE.<br />

A representante da Associação Brasileira de Enfermagem<br />

em Nefrologia (SOBEN), Dra. Aline Gullo, visualiza no CAPE<br />

a capacidade de desenvolvimento de ações em parceria<br />

com outras sociedades. “O Centro torna possível o trabalho<br />

conjunto, por exemplo, das e<strong>sp</strong>ecialidades de Nefro e UTI,<br />

preparando os profissionais para que saibam e reconheçam o<br />

que é um tratamento de alta complexidade”, sugere.<br />

Já o Dr. Vitor Hugo Marques, da Sociedade Brasileira de<br />

enfermagem no E<strong>sp</strong>orte, destacou no CAPE a atenção dada a<br />

todos os detalhes necessários para proporcionar a excelência<br />

no desenvolvimento de treinamentos e eventos. “O potencial<br />

do CAPE é imensurável. As sociedades poderão ter um e<strong>sp</strong>aço<br />

para divulgar seus trabalhos. A enfermagem está dando um<br />

passo enorme para mudar sua história”, comemora.<br />

Atenção aos a<strong>sp</strong>ectos<br />

trabalhistas<br />

O CAPE, ainda em sua fase de<br />

planejamento, não foi idealizado<br />

apenas como um e<strong>sp</strong>aço para o<br />

desenvolvimento de atividades<br />

científicas, mas para ser também<br />

palco de discussões em torno<br />

dos temas social e politicamente<br />

relevantes para os profissionais.<br />

Prova deste compromisso é<br />

a abertura do CAPE também<br />

para os sindicatos da categoria.<br />

A Dra. Solange Aparecida<br />

Caetano, presidente do SEESP,<br />

Sindicato dos Enfermeiros do<br />

Estado de São Paulo, já definiu<br />

formalmente sua posição como<br />

parceira do CAPE. E já tem planos<br />

para usufruir desta parceria,<br />

em benefício dos profissionais.<br />

“O CAPE precisa pensar nas<br />

Foto Hiroto<br />

“O potencial do CAPE é imensurável”, destaca<br />

Vitor Hugo Marques,<br />

questões políticas; as lideranças da enfermagem precisam<br />

difundir que é necessária a capacitação política para ocuparmos<br />

e<strong>sp</strong>aços enquanto cidadãos”. Solange projeta utilizar o e<strong>sp</strong>aço<br />

para promover discussões sobre a profissão, destacando que<br />

a enfermagem brasileira vive novos tempos. “Estamos vivendo<br />

um momento impar da enfermagem. O momento nebuloso da<br />

enfermagem foi construído por outras pessoas, que já estão no<br />

passado. O CAPE é uma prova de que é possível construir uma<br />

nova enfermagem, daqui para a frente”.<br />

COREN faz<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 5


COREN faz<br />

O Projeto Competências entrou em nova e importante<br />

fase no início deste segundo semestre, ampliando o leque<br />

de atuação do enfermeiro para o técnico de enfermagem,<br />

bem como iniciando a capacitação da Capital para todas<br />

as regiões do Estado, através das subseções. O Projeto<br />

como um todo é uma iniciativa de grande porte, para a<br />

qual o COREN-SP tem firmado parcerias fundamentais,<br />

como com a Sociedade Brasileira de Gerenciamento em<br />

Enfermagem (SOBRAGEN) e a Associação Brasileira de<br />

Enfermagem (ABEn).<br />

A primeira fase do projeto constituiu-se de um grande<br />

mapeamento, que culminou com a definição de 11<br />

competências para enfermeiros Re<strong>sp</strong>onsáveis Técnicos<br />

- RT. Elas foram recolhidas e documentadas em uma<br />

cartilha, lançada em evento realizado na sede do COREN-<br />

SP, em 19 de junho junto com a SOBRAGEN. A cartilha<br />

está di<strong>sp</strong>onível em versão impressa e pela internet, através<br />

do site do COREN-SP (www.<strong>coren</strong><strong>sp</strong>.org.br), bastando<br />

clicar, na barra no alto da página, o link “Serviços”, que<br />

abrirá um novo menu. Neste, clicar em “Programas”, e,<br />

por fim em Projeto Competência.<br />

Conforme explicou a coordenadora do Projeto<br />

Competências, enfermeira Isabel Cristina Kowal Olm<br />

Cunha, a primeira fase de delimitação das competências<br />

foi toda voltada para o Re<strong>sp</strong>onsável Técnico de<br />

Enfermagem.<br />

“O RT é o indivíduo chave dentro da organização, e<br />

portanto as competências que foram mapeadas são<br />

básicas, como liderança e comunicação entre outras”.<br />

A presidente da SOBRAGEN, Luzia Helena Ferrero,<br />

6 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Projeto Competências dirige o foco para os<br />

técnicos de enfermagem<br />

(da esquerda para direita) Maria de Lourdes Neves (COREN-SP); Ana Maria Pianucci (SENAC); Ana<br />

Lygia Melaragno (ho<strong>sp</strong>ital do GRAAC); Isabel Cristina Kowal Olm Cunha (coordenadora); Márcia<br />

Rodrigues (Conselheira); Luiza Tanaka (Unife<strong>sp</strong>); Denise Lorencetti (Centro Universitário São Camilo)<br />

destacou que a opção pelos RTs foi estratégica:<br />

“A discussão começou pelos RTs para que sejam<br />

multiplicadores do conhecimento para toda equipe. O<br />

objetivo é que o enfermeiro possa se posicionar, através<br />

de conhecimento e capacitação, dentro das instituições.”<br />

Luzia ressaltou que todos os profissionais têm que buscar se<br />

desenvolver, mesmo aqueles com muito tempo de experiência.<br />

“Precisamos ser humildes para entendermos que temos<br />

muito a aprender e também a ensinar. Isso é fundamental<br />

para melhorar a gestão, inclusive dentro de uma visão<br />

contemporânea que enfatiza a gestão de pessoas”, explicou.<br />

Desenvolvimento das<br />

competências dos enfermeiros<br />

O grande desafio atual do Projeto é executar para todos<br />

os 10 mil RTs do Estado de São Paulo o programa de<br />

capacitação nas 11 competências. Segundo Isabel, o<br />

início será neste semestre com um grupo-piloto, que<br />

posteriormente terá os resultados avaliados, buscando<br />

o aprimoramento, até que o programa possa ser levado<br />

para todas as regiões do Estado.<br />

Em parceria com o Projeto Gestão da Qualidade através<br />

das Oficinas Melhores Práticas, os membros do Projeto<br />

Competências iniciaram a abordagem das competências.<br />

Isabel explicou que, ao mesmo tempo em que capacita os<br />

RTs, o Projeto Competências está fazendo o mapeamento<br />

das competências dos Técnicos de Enfermagem, assim<br />

como fez com os Rts anteriormente. “A Secretaria de Estado<br />

de Educação está traçando as competências para os<br />

profissionais de nível médio no Estado, e o COREN-SP foi<br />

convidado a participar desta construção. Por esta razão<br />

estendeu o Projeto Competências para os Técnicos de<br />

Enfermagem, buscando estabelecer as que esta categoria<br />

precisa para atuar com qualidade”.<br />

De acordo com Isabel, o grupo de trabalho elaborou<br />

um projeto que prevê para este segundo semestre ouvir<br />

profissionais Técnicos de Enfermagem de todo o estado<br />

em grupos focais, a fim de estabelecer as competências e<br />

propor os modelos de capacitação.<br />

“A atual gestão do COREN-SP tem como meta o<br />

desenvolvimento dos profissionais. Aos poucos todos<br />

serão capacitados, começando pelos enfermeiros RT e<br />

Técnicos de Enfermagem, e estendendo aos demais”,<br />

ressaltou Isabel.<br />

Diante de todo este treinamento, o Conselho e<strong>sp</strong>era<br />

alcançar o objetivo final, que é promover a melhoria na<br />

qualidade da assistência oferecida para o cliente.


Palestras ampliam conhecimento e<br />

segurança para a prática<br />

Ao longo do ano de <strong>2009</strong>, vários foram os municípios<br />

contemplados com palestras do Programa Portas Abertas<br />

– PPA, do COREN-SP. Em setembro e outubro, os<br />

profissionais das regiões de Taubaté e Sorocaba puderam<br />

conhecer um pouco mais sobre temas de importância para<br />

o dia a dia do exercício profissional.<br />

Em Taubaté, o público pôde compreender e refletir a<br />

re<strong>sp</strong>eito de a<strong>sp</strong>ectos críticos de Legislação e Ética de<br />

Enfermagem, na palestra da enfermeira Maria Angélica<br />

Guglielmi, Conselheira do COREN-SP. Em seguida,<br />

aprenderam a re<strong>sp</strong>eito de a<strong>sp</strong>ectos da Comunicação<br />

que influenciam tanto o cuidar como o relacionamento<br />

interpessoal na equipe de enfermagem, com a Dra. Maria<br />

Julia Paes Silva. O acadêmico de enfermagem Reginaldo<br />

Nunes, da Universidade de Taubaté fez questão de expressar<br />

sua opinião a re<strong>sp</strong>eito deste segundo tema: “Aprendi mais<br />

sobre saber tocar, o saber olhar nos olhos e entender o que<br />

o paciente está tentando passar com seu olhar”.<br />

Em Sorocaba os temas foram “Indicadores da Assistência<br />

de Enfermagem”, em palestra ministrada pela Dra. Cristiane<br />

Pavanello, e “Micobactéria”, apresentada pela Dra. Tânia<br />

Zeni, e<strong>sp</strong>ecialista no tema. As principais dúvidas do público,<br />

sanadas durante a apresentação, referiam-se à questão da<br />

validação de embalagens em CME, proibição ou liberação<br />

do uso do glutaraldeído e sobre o processo de limpeza<br />

de instrumental. Patrícia Alves Rodrigues, enfermeira<br />

de clínica cirúrgica de pequeno porte, aproveitou os<br />

esclarecimentos fornecidos pela palestrante: “Após o<br />

surto de micobactéria, no início deste ano, os cuidados<br />

com esterilização e desinfecção foram renovados e sei que<br />

minha equipe depende de mim para treiná-la. Vim para<br />

conhecer mais e poder oferecer serviços de qualidade”.<br />

Enfermagem em Análises<br />

Clínicas<br />

Na capital, mais duas palestras inéditas aconteceram. No<br />

dia 16 de setembro, Dra. Simone Del Poggetto Fragata<br />

e Dra. Priscila Rosseto de Toleos comandaram a palestra<br />

sobre Enfermagem em Análises Clínicas.<br />

Com vasta experiência na área, as enfermeiras focaram a<br />

aula na coleta de sangue, explicando os principais cuidados<br />

necessários neste procedimento e também os erros mais<br />

comuns que podem ocorrer por negligência, imperícia ou<br />

imprudência.<br />

O Técnico de Enfermagem Luiz Francisco dos Santos<br />

esteve presente na aula e saiu bastante satisfeito com<br />

o que viu. “Muito interessante a aula. As palestrantes<br />

passaram informações valiosas, de forma dinâmica, e ainda<br />

esclareceram todas as dúvidas dos profissionais presentes”,<br />

elogia. A também Técnica de Enfermagem Sandra Regina<br />

Rodrigues dos Santos acha que a aula será muito útil na sua<br />

busca por emprego. “Achei muito boa a palestra. Mesmo<br />

não estando atuando no momento, a aula me esclareceu<br />

muitas dúvidas e, como eu estou prestando muitas provas,<br />

vai me ajudar bastante”, conta.<br />

Gestão de Unidade de Pronto<br />

Socorro<br />

No dia 23 de setembro, foi a vez de debater o tema Gestão<br />

de Unidade de Pronto Socorro. A palestrante, Dra. Toshiko<br />

Oya, transmitiu ao público toda a sua experiência na área.<br />

A Enfermeira começou citando dados recentes sobre a<br />

situação do trauma no Brasil, explicou as diferenças entre<br />

urgência e emergência, o equipamento necessário numa<br />

unidade de pronto socorro, a importância da integração<br />

multidisciplinar e do cuidado com a segurança do paciente.<br />

A palestrante também explicou como funciona o processo<br />

de triagem no pronto socorro, baseado na gravidade de<br />

cada caso, e sobre que tipo de treinamento os profissionais<br />

que trabalham nessa área devem receber.<br />

“Achei a aula ótima. Aprendi bastante com a palestrante e<br />

pretendo vir a todos os PPAs que eu puder, pois considero<br />

que o aprimoramento profissional é algo essencial para a<br />

Enfermagem”, comentou a Enfermeira Adriana de Macedo.<br />

A Enfermeira Marli Ribeiro Gomes Codognoto ficou<br />

admirada com o conhecimento e profissionalismo passado<br />

pela Dra. Toshiko. “Eu fiquei um pouco afastada da<br />

área, estou voltando agora e achei maravilhosa a aula.<br />

A palestrante deu uma boa geral no tema, mostrou o<br />

quanto o Enfermeiro deve se valorizar dentro da equipe<br />

multiprofissional e qual é a importância do trabalho da<br />

Enfermagem na triagem. Adorei.”<br />

Dra. Simone Fragata (em pé) e Dra. Priscila Toleos (sentada) Dra. Maria Julia Paes aborda a comunicação no PPA de Taubaté Dra. Toshiko Oya, durante palestra do PPA<br />

COREN faz<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 7


COREN faz<br />

Inaugurado em 21 de agosto de <strong>2009</strong>, o Centro de<br />

Aprimoramento Profissional de Enfermagem Dra. Wanda<br />

de Aguiar Horta (CAPE) já está em plena atividade.<br />

Desde o começo de outubro, todas as palestras do<br />

Programa Portas Abertas (PPA) na capital, que antes<br />

aconteciam no auditório da sede do COREN-SP, foram<br />

transferidas para o CAPE. Também teve início o calendário<br />

de atividades e encontros científicos.<br />

A primeira palestra do PPA no CAPE foi sobre Gestão<br />

de Custos, e aconteceu no dia 08 de outubro, sob o<br />

comando da Profa. Dra. Sarah Munhoz, presidente da<br />

ABEn-SP. “Com sua inauguração operacional, o CAPE<br />

hoje se transformou num verdadeiro centro de referência<br />

de formação de ciência para a Enfermagem brasileira. Eu<br />

entendo que o CAPE, com toda essa infraestrutura, não<br />

é algo para o COREN-SP, mas para toda a Enfermagem<br />

8 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

CAPE inicia sua agenda de atividades<br />

Público lotou o auditório principal do CAPE durante o primeiro PPA realizado no novo Centro<br />

Profissionais acompanham palestra do ex-ministro Gilberto Gil, através de videoconferência<br />

brasileira. O CAPE tem todas as condições de socializar o<br />

saber e de homegeneizar o conhecimento da Enfermagem.<br />

Hoje, os profissionais de Enfermagem têm um centro<br />

de referência em pesquisa, ensino, desenvolvimento e<br />

capacitação”, afirmou a palestrante.<br />

A coordenadora do PPA e Superintentente Técnica<br />

do COREN-SP, Maria Angélica de Azevedo Rosin, e o<br />

presidente do COREN-SP, Cláudio Alves Porto, também<br />

estiveram presentes na abertura do primeiro PPA no<br />

novo Centro, e apresentaram esta e outras conquistas do<br />

COREN-SP aos profissionais presentes.<br />

O público também aprovou o e<strong>sp</strong>aço e a estrut ura do<br />

CAPE. “Achei o prédio muito bonito. O auditório e a<br />

estrutura também são muito bons”, elogia a Enfermeira<br />

Amanda Rodella Soares. “O e<strong>sp</strong>aço físico proporciona<br />

um ambiente gostoso para o profissional. É mais uma<br />

oportunidade para o aprimoramento e a valorização da<br />

nossa profissão”, comenta a Enfermeira Fabiana Nothé de<br />

Oliveira Morais. Já para a Enfermeira Fernanda Siqueira<br />

Amaral, o maior triunfo do CAPE é aproximar o COREN-<br />

SP dos profissionais de Enfermagem. “Eu acredito que<br />

esse e<strong>sp</strong>aço vai conseguir mudar a imagem do COREN<br />

para os profissionais que ainda têm essa visão de um<br />

Conselho que só cobra e fiscaliza. Essa parte de educação,<br />

para a Enfermagem, vai agregar bastante coisa. Afinal, as<br />

palestras são gratuitas, dando oportunidade para todos<br />

nós”, opina a Enfermeira.<br />

Evento homenageia professores<br />

O primeiro seminário realizado no CAPE já mostrou<br />

todo o potencial de interatividade e abrangência que as<br />

tecnologias modernas presentes no novo Centro podem<br />

proporcionar aos profissionais. No dia 15 de outubro de<br />

<strong>2009</strong>, Dia dos Professores, sob o tema “O Contexto da<br />

Educação na Era Digital”, uma ampla discussão sobre a<br />

educação frente à contemporaneidade homenageou os<br />

professores e acrescentou pontos interessantes sobre os<br />

rumos que a educação pode e deve tomar na chamada<br />

“era digital”.<br />

Organizado pela Difusão Editora e pelo COREN-SP,<br />

o evento contou com uma palestra do músico e ex-<br />

Ministro da Cultura, Gilberto Gil, via videoconferência, e<br />

pôde ser acompanhado por profissionais que lotaram os<br />

dois autidórios do CAPE – um principal, onde o evento<br />

estava acontecendo, e outro através de videoconferência,<br />

de onde puderam ver e ouvir tudo o que se passava no<br />

auditório principal.<br />

Para conhecer a programação de eventos e cursos do<br />

CAPE, acesse o site www.<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br.


No dia 15 de outubro, o CAPE, do COREN-SP, promoveu o<br />

encontro que reuniu Enfermeiros, em sua maioria docentes ou<br />

RTs de faculdades, e o professor Francisco Aparecido Cordão,<br />

integrante do Conselho Nacional de Educação – CNE e relator<br />

do novo parecer regulamentador do curso de Enfermagem.<br />

O CNE aprovou, no ano passado, o parecer nº 213/08, que<br />

di<strong>sp</strong>õe sobre carga horária mínima e procedimentos relativos<br />

à integralização e duração dos cursos de graduação na área<br />

de saúde, que inclui também o curso de Enfermagem. Pelo<br />

parecer, a graduação em Enfermagem deve contemplar 4<br />

mil horas, integralizadas em no mínimo cinco anos. Com<br />

alguns temas polêmicos, o parecer foi alvo de contestações e<br />

recursos, por isso, um novo texto, que abrange modificações,<br />

está sendo elaborado pelo professor Cordão.<br />

As questões sobre as quais o parecer<br />

delibera são pontos de grande importância<br />

para a área. Na última reunião, as<br />

discussões giraram em torno do estágio<br />

supervisionado, práticas clínicas e estágio<br />

extracurricular, buscando um consenso<br />

para conceituar cada item em uma redação<br />

técnica precisa, que não dê margem a<br />

interpretações distorcidas. O debate focou<br />

a legislação atual, que determina que o<br />

estágio supervisionado deve abranger<br />

no mínimo 20% das quatro mil horas<br />

de curso. Porém, muitos participantes<br />

defendiam que este percentual deve ser o<br />

mínimo obrigatório, podendo ser ampliado<br />

conforme determinação da escola.<br />

Segundo o professor Cordão, o estágio é<br />

imprescindível para que o aluno aprenda<br />

em um ambiente real e deve ser assumido<br />

pela instituição de ensino. “O estágio é ato<br />

educativo sob re<strong>sp</strong>onsabilidade da escola,<br />

e deve ter acompanhamento efetivo do<br />

professor re<strong>sp</strong>onsável da instituição de<br />

ensino e do Enfermeiro da instituição<br />

cedente de estágio”, destaca o professor.<br />

Encontro no CAPE debate<br />

estágio supervisionado<br />

Para garantir a boa formação do futuro profissional, faz-se<br />

necessário entender as diferenças conceituais entre prática<br />

clínica sob supervisão e estágio supervisionado. A prática<br />

clínica deve ser compreendida como um processo formal,<br />

que permite o aprendizado do estudante para atingir as<br />

competências necessárias para o desenvolvimento do saberconhecer,<br />

saber-fazer e do saber-ser, necessárias para o<br />

desenvolvimento profissional. Assim, os e<strong>sp</strong>aços didáticos,<br />

preparados com modelos e programas de simulação, não<br />

conflitam, mas também não substituem o ensino prático no<br />

âmbito ho<strong>sp</strong>italar e da saúde coletiva, tão necessária para o<br />

cuidado do cliente, família e comunidade. O desenvolvimento<br />

de competências em situação real de aplicação de<br />

conhecimento, habilidade e atitudes não pode ser suprido por<br />

situações vivenciadas unicamente em ambientes simulados.<br />

O estágio supervisionado deve ser realizado no final do curso,<br />

atendendo a prerrogativa de no mínimo 20% da carga horária<br />

total. Também é fundamental que o estágio seja entendido<br />

como uma atividade de desenvolvimento das práticas<br />

profissionais, orientadas por um professor qualificado, e que<br />

possibilite a vivência pré-profissional do aluno, em campo de<br />

estágio, preparando-o para o mundo do trabalho.<br />

Os participantes questionaram a falta de locais di<strong>sp</strong>oníveis<br />

para que os alunos realizem o estágio curricular, pois muitas<br />

instituições desejam contrapartida financeira para receber<br />

o aluno. Para o professor Cordão, a melhor alternativa<br />

Na reunião, os profissionais debateram, com o professor Cordão, as regras que normatizam o estágio supervisionado<br />

para contornar esta questão é firmar parcerias em que<br />

as instituições de saúde recebam o estagiário em troca de<br />

capacitação para seus colaboradores.<br />

Ao fim do encontro, o professor Cordão se colocou à di<strong>sp</strong>osição<br />

para receber sugestões que auxiliem na composição do texto<br />

do parecer. O primeiro rascunho deve ser apresentado ao<br />

Conselho Nacional de Educação ainda no início de novembro<br />

e, no final do mesmo mês, deve ocorrer uma Audiência Pública<br />

para debater amplamente o assunto com a população. O<br />

parecer deve ser concluído até março de 2010 e, depois de<br />

pronto, terá que ser homologado pelo Ministro da Educação,<br />

para que seja, enfim, efetivamente implantado.<br />

COREN faz<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 9


COREN faz<br />

O SEPAGE - Seminário Paulista de Gestão em Enfermagem,<br />

em sua primeira edição, realizada em abril deste ano,<br />

apresentou e debateu novos conhecimentos a re<strong>sp</strong>eito de<br />

gestão em enfermagem, com os enfermeiros re<strong>sp</strong>onsáveis<br />

técnicos (RTs). O evento em 2010 quer, também, a<br />

participação do enfermeiro gestor para compartilhar as<br />

experiências vivenciadas em seu cotidiano, oferecendo o<br />

e<strong>sp</strong>aço para expor práticas na gestão de enfermagem.<br />

A sessão Pôster é uma importante ferramenta de<br />

benchmarking, que possibilita a troca de experiências<br />

e informações entre os participantes. Este intercâmbio<br />

de práticas de gestão colabora com a assistência em<br />

enfermagem, bem como reflete na melhoria dos resultados<br />

dos processos de trabalho. As vagas para participação na<br />

sessão Pôster são limitadas e a data limite para o envio dos<br />

trabalhos é 19/01/2010. O regulamento e o formulário para<br />

inscrição de trabalhos na sessão Pôster estão di<strong>sp</strong>oníveis<br />

no site do COREN-SP (www.<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br) Mais<br />

esclarecimentos podem ser obtidos pelo e-mail pgq@<br />

<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br<br />

O Assessor de Desenvolvimento Institucional do COREN-<br />

SP e re<strong>sp</strong>onsável pelo PGQ (Programa Gestão com<br />

Qualidade), Dr. Sérgio Luz, destaca que a participação<br />

dos profissionais é fundamental para o aprimoramento da<br />

gestão dos serviços de enfermagem. “Expor a sua prática<br />

bem sucedida é também uma forma ímpar de marketing<br />

10 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

2º SEPAGE premiará boas práticas de gestão<br />

A primeira edição do SEPAGE contou com participação expressiva de<br />

enfermeiros de todo o estado de São Paulo.<br />

pessoal, relembrando o provérbio chinês: ‘quem não se faz<br />

lembrar, esquecido fica’”, complementa Luz.<br />

A gerente de Enfermagem do Ho<strong>sp</strong>ital Alvorada Moema,<br />

Dra. Luzia Helena Vizoná, destaca que a sessão Pôster é<br />

uma maneira prática, democrática e resumida de mostrar<br />

e conhecer ações bem sucedidas de gestão. “Logo que<br />

vi a chamada na última revista, mobilizei a equipe para<br />

apresentarmos os pôsteres”, complementa. A equipe de<br />

Luzia deve participar com três trabalhos, um deles revela<br />

a estratégia que reduziu o absenteísmo da equipe de<br />

enfermagem..<br />

SEPAGE apresentará critérios para<br />

premiação de Enfermeiros RT<br />

Durante o 2º SEPAGE, o presidente do COREN-SP,<br />

Cláudio Porto, apresentará aos profissionais os critérios<br />

de certificação no Programa de Qualidade na Gestão<br />

das instituições de saúde no estado de São Paulo. O<br />

programa prevê prêmio para os Enfermeiros RTs e demais<br />

Enfermeiros das instituições certificadas, e tem como<br />

objetivo maior garantir a qualidade, com excelência, na<br />

assistência de Enfermagem no estado de São Paulo.<br />

O presidente do COREN-SP, Dr.Claudio Porto, e o Assessor de Desenvolvimento<br />

Institucional do COREN-SP, Dr.Sérgio Luz, na abertura do 1º SEPAGE.


2º SEPAGE – Seminário Paulista de Gestão em<br />

Enfermagem divulga regulamento da Sessão Pôster<br />

O 2º SEPAGE – Seminário Paulista de Gestão em Enfermagem, a exemplo de sua primeira<br />

edição, realizada em abril de <strong>2009</strong>, tem por objetivo reunir os Re<strong>sp</strong>onsáveis Técnicos<br />

(RTs) pelo Corpo de Enfermagem das Instituições do estado de São Paulo, para debater e<br />

compartilhar novos conhecimentos sobre gestão.<br />

O evento irá ocorrer nos dias 15,16 e 17 de março de 2010, em São Paulo.<br />

Durante o evento científico haverá a Sessão Pôster com a finalidade de difundir as melhores<br />

práticas de gestão em enfermagem e identificar novos talentos nas diversas áreas de<br />

atuação, tais como: ho<strong>sp</strong>italar, ensino, home care, clinica de e<strong>sp</strong>ecialidades, saúde coletiva,<br />

atendimento pré-ho<strong>sp</strong>italar, saúde ocupacional, entre outras.<br />

O formulário pra inscrição de trabalho e outras informações estão di<strong>sp</strong>oníveis no site www.<br />

<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br<br />

Regulamento<br />

Sessão Pôster – Melhores<br />

Práticas de Gestão em Enfermagem<br />

1. Inscrição<br />

O autor deverá preencher os formulários Ficha de Inscrição (anexo 1) e Resumo do Trabalho<br />

(anexo 2) e encaminhá-los exclusivamente “on-line” até o dia 19 de Janeiro de 2010.<br />

A inscrição será gratuita, sendo o ônus da confecção do material de re<strong>sp</strong>onsabilidade dos<br />

autores.<br />

Somente poderão participar profissionais enfermeiros que estejam com sua situação<br />

regularizada junto ao COREN-SP.<br />

Serão aceitos até 02 trabalhos por autor.<br />

O número máximo de autores será 03, sendo um deles relator que deverá estar no dia e<br />

horário para apresentação e dirimir dúvidas.<br />

Não serão aceitos pôsteres que se revelem promoção comercial de determinada marca,<br />

produto ou empresa.<br />

2. Formato da apresentação:<br />

2.1 Resumo<br />

O resumo deve seguir os seguintes critérios:<br />

• Título do Trabalho em letras maiúsculas, centralizado, fonte arial 12, negrito;<br />

• Nome do(s) autor (es) com SOBRENOME (em letras maiúsculas), seguido do nome<br />

em letras minúsculas, sem abreviação, devidamente identificado quanto ao cargo atual,<br />

instituição de origem e nome do relator sublinhado;<br />

• Texto resumo fonte em Arial 12, e<strong>sp</strong>açamento simples, com no máximo 2 laudas ou<br />

5.500 caracteres e sem parágrafo;<br />

• Corpo do texto do resumo em letras minúsculas, dividido obrigatoriamente nos seguintes<br />

itens: introdução, objetivos, material e método, resultados, conclusões e referencias<br />

principais (máximo 3);<br />

• No final do resumo deverão ser apresentadas as palavras chaves, conforme os descritores<br />

das ciências da saúde (DECS)<br />

2.2 Pôster<br />

O pôster selecionado para a exposição deverá ter o seguinte formato:<br />

• Dimensão de 90 cm de largura e 120 cm de altura, em forma de banner com moldura e<br />

cordão, de forma a ser fixado para apresentação;<br />

• Cabeçalho contendo o título do trabalho, o(s) nome(s) do(s) autor (es) e a instituição em<br />

letra de imprensa com 2,5 cm de altura. Recomenda-se que contenha, em letras menores,<br />

o endereço eletrônico (e-mail) do autor (es);<br />

• Para facilitar a compreensão do observador recomenda-se que o trabalho contenha uma<br />

seção de objetivos (claros e concisos) seguida de seção sobre metodologia/experiências.<br />

A maior parte do texto deverá ser constituída por resultados, incluindo as conclusões do<br />

trabalho. A inclusão da referencia é opcional.<br />

• O observador do pôster deverá ser capaz de perceber a essência do trabalho, mesmo na<br />

ausência do autor<br />

3. Seleção dos trabalhos:<br />

Etapa 1 – Análise do cumprimento dos critérios estabelecidos no regulamento.<br />

Etapa 2 – Avaliação do Resumo do Trabalho enviado:<br />

Critérios da Avaliação:<br />

• Apresentação (definição) do objeto do trabalho;<br />

• Relevância e aplicabilidade do tema;<br />

• Suficiência,clareza e coerência das informações contidas no objetivo, material<br />

e método, resultados e conclusões.<br />

Importante:<br />

Os resultados dos trabalhos, com as orientações (horário, local do evento e posição<br />

numérica) serão divulgados no site do COREN-SP, no dia 15 de Fevereiro de 2010.<br />

4. Critérios de Avaliação do Pôster:<br />

4.1 – Apresentação do Relator:<br />

• Clareza na apresentação dos resultados;<br />

• Objetividade e Domínio sobre o assunto analisado;<br />

• Re<strong>sp</strong>ostas convincentes às perguntas do membro da Comissão Avaliadora;<br />

4.2 – Apresentação do pôster:<br />

• Organização (em relação aos elementos solicitados);<br />

• Captação da atenção do membro da Comissão Avaliadora e do público;<br />

• Leitura dos textos (tamanho das letras ) a uma distância adequada (1,0 a<br />

1,5 metros);<br />

• Atendimento a todos os requisitos de formatação do pôster.<br />

Importante:<br />

- Os trabalhos selecionados deverão ser afixados em painéis pelos próprios autores, no<br />

início do evento, segundo a indicação numérica da organização. Somente serão permitidas<br />

afixações dos pôsteres que corre<strong>sp</strong>ondam ao resumo enviado à Comissão.<br />

- Os pôsteres deverão ser retirados pelos autores ao final do evento, após a Sessão de<br />

Encerramento. A organização do evento reserva-se o direito de de<strong>sp</strong>rezar em local adequado<br />

os pôsteres que permaneçam no local da exposição depois da Sessão de Encerramento.<br />

- A Comissão de Avaliação será composta de profissionais enfermeiros de notório saber,<br />

nomeada pelo COREN-SP.<br />

5. Premiação:<br />

A divulgação dos resultados e premiação será realizada pelo coordenador da Comissão de<br />

Avaliação e ocorrerá ao final do evento.<br />

Serão concedidos aos vencedores os seguintes prêmios:<br />

1º Lugar – Inscrição + Traslado + Ho<strong>sp</strong>edagem no 13º Congresso Brasileiro dos<br />

Conselhos de Enfermagem - COFEN<br />

2º Lugar – Inscrição + Traslado + Ho<strong>sp</strong>edagem no 63º Congresso Brasileiro da<br />

Associação Brasileira de Enfermagem – ABEn<br />

3º Lugar – Inscrição + Traslado + Ho<strong>sp</strong>edagem no Congresso da Sociedade<br />

Brasileira de Gerenciamento em Enfermagem - SOBRAGEn<br />

6. Considerações Finais:<br />

- Os autores dos trabalhos selecionados receberão após a apresentação na Sessão Pôster o<br />

re<strong>sp</strong>ectivo certificado;<br />

- Os autores do trabalho concordam automaticamente em di<strong>sp</strong>onibilizá-lo na integra ao<br />

COREN-SP, que poderá divulgá-lo por meios que julgar indicado.<br />

- O participante, neste ato, assume plena e exclusiva re<strong>sp</strong>onsabilidade pelo trabalho que<br />

produzir, por sua titularidade e originalidade e pelas imagens nele utilizadas, tendo o<br />

compromisso de cumprir o Código de Ética de Enfermagem e re<strong>sp</strong>eitar as diretrizes de<br />

pesquisa, eximindo o COREN-SP de qualquer re<strong>sp</strong>onsabilidade.<br />

- A inscrição na Sessão Pôster implica aceitação total e irrestrita de todos os itens deste<br />

regulamento.<br />

- Os casos omissos a este regulamento serão definidos pela Comissão Organizadora.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 11


COREN faz<br />

O 12º CBCENF, Congresso Brasileiro dos Conselhos<br />

de Enfermagem, realizado pelo Conselho Federal de<br />

Enfermagem em Belo Horizonte , entre 29 de setembro<br />

em 02 outubro, teve participação expressiva do COREN-<br />

SP, tanto no e<strong>sp</strong>aço reservado à exposição dos Conselhos<br />

como também durante as atividades da programação<br />

científica.<br />

No estande, preparado para receber os profissionais e<br />

acadêmicos de enfermagem inscritos no evento, contava<br />

com a distribuição de material voltado para questões de<br />

normas e legislação da profissão. Também no mesmo<br />

e<strong>sp</strong>aço, uma pequena sala de vídeo foi montada, para que<br />

os visitantes conhecessem as campanhas já promovidas<br />

pelo COREN-SP, como o filme divulgado na Semana de<br />

Enfermagem de <strong>2009</strong>, que teve por tema a Cidadania<br />

Profissional; a campanha de estímulo ao parto natural,<br />

com atuação da enfermeira obstetra e a apresentação<br />

do CAPE, Centro de Aprimoramento Profissional de<br />

Enfermagem “Dra. Wanda de Aguiar Horta”.<br />

12 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Participação do COREN-SP foi destaque<br />

no 12º CBCENF<br />

Estande do COREN-SP – um<br />

sucesso total<br />

Durante o 12º CBCENF, o COREN-SP apresentou um<br />

estande dividido em duas partes, sendo uma delas<br />

destinada à recepção dos congressistas e convidados, e<br />

a outra destinada às entregas de material institucional<br />

e apresentação dos filmes sobre cidadania e parto<br />

natural, assistido por cerca de 700 congressistas nos<br />

três dias do evento.<br />

Estande do COREN-SP recebeu profissionais de todo o país.<br />

Palestras concorridas<br />

A programação científica do 12º CBCNEF, que este ano<br />

dividiu-se em três grandes eixos temáticos (re<strong>sp</strong>eito às<br />

diferenças, integralidade do cuidado, políticas públicas<br />

de saúde), permitiu aos participantes a oportunidade de<br />

debater temas de cunho político-científico que permeiam<br />

a realidade da profissão. Manoel Carlos Neri da Silva,<br />

definiu o 12º CBCENF como um congresso voltado<br />

ao debate para o surgimento de propostas visando a<br />

modernidade, “mas, sobretudo, re<strong>sp</strong>eitando as diferenças,<br />

a diversidade, visando um mundo mais justo”.<br />

Pautados pelos conceitos-chave do evento, os<br />

representantes do COREN-SP – Conselheiros e Assessores<br />

– que se fizeram presentes, como conferencistas, nas<br />

atividades científicas, muito tiveram a contribuir para o<br />

público presente. Com palestras que provocaram a lotação<br />

máxima dos auditórios, O COREN-SP levou ao debate<br />

temas como dimensionamento de pessoal, segurança<br />

do paciente, luta contra a violência infantil, gestão de<br />

unidade de negócios, entre outras.<br />

Participantes do evento acompanham exibição de campanhas do COREN-<br />

SP, em e<strong>sp</strong>aço montado no interior do estande.<br />

Presidente do COFEN, Manoel Carlos Neri da Silva, discursa na abertura<br />

do 12º CBCNEF


Comparativo de receita e de<strong>sp</strong>esa orçada<br />

com a realizada em outubro/<strong>2009</strong><br />

CONSELHO REGIONAL DE ENFERMAGEM DE SÃO PAULO COREN-SP CNPJ Nº 44.413.680/0001-40<br />

R e a l i z a d a<br />

Conta RECEITA Orçada No mês No exercicio Diferença<br />

1.0.00.00 RECEITAS CORRENTES 73.600.000,00 + 3.760.556,54 - 56.132.093,34 - 17.467.906,66 +<br />

1.2.00.00 RECEITA DE CONTRIBUIÇÕES 35.300.000,00 + 1.150.186,78 - 30.259.021,57 - 5.040.978,43 +<br />

1.2.10.00 CONTRIBUIÇÕES SOCIAIS 35.300.000,00 + 1.150.186,78 - 30.259.021,57 - 5.040.978,43 +<br />

1.2.10.01 Anuidades Pessoa Fisica 35.000.000,00 + 1.145.496,25 - 30.220.234,25 - 4.779.765,75 +<br />

1.2.10.02 Anuidades Pessoa Juridica 300.000,00 + 4.690,53 - 38.787,32 - 261.212,68 +<br />

1.3.00.00 RECEITA PATRIMONIAL 3.500.000,00 + 194.729,13 - 2.398.534,99 - 1.101.465,01 +<br />

1.3.20.00 RECEITA VALORES MOBILIARIOS 3.500.000,00 + 194.729,13 - 2.398.534,99 - 1.101.465,01 +<br />

1.6.00.00 RECEITAS DE SERVIÇOS 13.000.000,00 + 933.623,37 - 9.219.780,44 - 3.780.219,56 +<br />

1.6.10.00 RENDAS DE SERVIÇOS 6.200.000,00 + 412.781,49 - 4.037.601,40 - 2.162.398,60 +<br />

1.6.12.00 RENDAS C/EXPEDIÇÃO CARTEIRAS 6.000.000,00 + 479.926,77 - 4.626.210,73 - 1.373.789,27 +<br />

1.6.13.00 RENDAS DE EMOLUMENTOS 800.000,00 + 40.915,11 - 555.968,31 - 244.031,69 +<br />

1.9.00.00 OUTRAS RECEITAS CORRENTES 21.800.000,00 + 1.482.017,26 - 14.254.756,34 - 7.545.243,66 +<br />

1.9.10.00 INDENIZAÇÕES E RESTITUIÇÕES 1.000.000,00 + 43.237,61 - 428.974,26 - 571.025,74 +<br />

1.9.40.00 RECEITAS DA DIVIDA ATIVA 19.500.000,00 + 1.437.672,58 - 13.812.023,98 - 5.687.976,02 +<br />

1.9.40.01 DIVIDA ATIVA FASE ADMINISTRAT 19.500.000,00 + 1.437.672,58 - 13.812.023,98 - 5.687.976,02 +<br />

1.9.90.00 RECEITAS DIVERSAS 1.300.000,00 + 1.107,07 - 13.758,10 - 1.286.241,90 +<br />

2.0.00.00 RECEITAS DE CAPITAL 41.500.000,00 + 0,00 48.360,39 - 41.451.639,61 +<br />

2.2.00.00 ALIENAÇÃO DE BENS 4.500.000,00 + 0,00 48.360,39 - 4.451.639,61 +<br />

2.2.10.00 ALIENAÇÃO DE BENS MOVEIS 500.000,00 + 0,00 48.360,39 - 451.639,61 +<br />

2.2.20.00 ALIENAÇÃO DE BENS IMOVEIS 4.000.000,00 + 0,00 0,00 4.000.000,00 +<br />

2.5.00.00 OUTRAS RECEITAS DE CAPITAL 37.000.000,00 + 0,00 0,00 37.000.000,00 +<br />

2.5.10.00 Outras Rec. De Capital 37.000.000,00 + 0,00 0,00 37.000.000,00 +<br />

T O T A I S 115.100.000,00 + 3.760.556,54 - 56.180.453,73 - 58.919.546,27 +<br />

R e a l i z a d a<br />

Conta DESPESA Orçada No mês No exercicio Diferença<br />

3.0.00.00 DESPESAS CORRENTES 84.670.000,00 - 7.953.160,83 + 55.832.731,22 + 28.837.268,78 -<br />

3.1.00.00 DESPESAS DE CUSTEIO 67.160.000,00 - 7.607.262,45 + 42.128.995,80 + 25.031.004,20 -<br />

3.1.10.00 DESPESAS DE PESSOAL 28.850.000,00 - 2.505.428,40 + 19.416.176,21 + 9.433.823,79 -<br />

3.1.10.01 VENCIMENTOS E VANTAGENS 19.100.000,00 - 1.395.607,09 + 12.540.514,71 + 6.559.485,29 -<br />

3.1.10.02 DESPESAS VARIAVES 5.450.000,00 - 729.247,81 + 4.015.719,37 + 1.434.280,63 -<br />

3.1.10.03 OBRIGAÇÕES PATRONAIS 4.300.000,00 - 380.573,50 + 2.859.942,13 + 1.440.057,87 -<br />

3.1.20.00 MATERIAL DE CONSUMO 3.120.000,00 - 99.895,89 + 757.149,44 + 2.362.850,56 -<br />

3.1.30.00 SERVIÇOS TERCEIROS E ENCARGOS 700.000,00 - 194.436,20 + 553.345,32 + 146.654,68 -<br />

3.1.32.00 OUTROS SERVIÇOS E ENCARGOS 34.340.000,00 - 4.807.501,96 + 21.387.814,13 + 12.952.185,87 -<br />

3.1.90.00 DIVERSAS DESPESAS DE CUSTEIO 150.000,00 - 0,00 14.510,70 + 135.489,30 -<br />

3.2.00.00 TRANSFERENCIAS CORRENTES 17.510.000,00 - 345.898,38 + 13.703.735,42 + 3.806.264,58 -<br />

3.2.10.00 TRANSFERENCIAS 16.300.000,00 - 876.103,52 + 13.076.485,45 + 3.223.514,55 -<br />

3.2.11.00 TRANSFERENCIAS OPERACIONAIS 1.000.000,00 - 542.608,00 - 527.392,00 + 472.608,00 -<br />

3.2.80.00 CONTRIBUIÇÃO AO PASEP 210.000,00 - 12.402,86 + 99.857,97 + 110.142,03 -<br />

4.0.00.00 DESPESAS DE CAPITAL 30.430.000,00 - 1.430.583,01 + 12.893.045,36 + 17.536.954,64 -<br />

4.1.00.00 INVESTIMENTOS 24.420.000,00 - 1.430.583,01 + 9.556.533,72 + 14.863.466,28 -<br />

4.1.10.00 OBRAS E INSTALAÇÕES 18.900.000,00 - 1.257.477,41 + 7.858.917,47 + 11.041.082,53 -<br />

4.1.20.00 EQUIPAMENTOS E MATERIAL 5.520.000,00 - 173.105,60 + 1.697.616,25 + 3.822.383,75 -<br />

4.2.00.00 INVERSÕES FINANCEIRAS 6.010.000,00 - 0,00 3.336.511,64 + 2.673.488,36 -<br />

4.2.10.00 AQUISIÇÕES DE IMOVEIS 6.010.000,00 - 0,00 3.336.511,64 + 2.673.488,36 -<br />

T OT A I S 115.100.000,00 - 9.383.743,84 + 68.725.776,58 + 46.374.223,42 -<br />

CLAUDIO ALVES PORTO<br />

PRESIDENTE<br />

COREN-SP Nº 2286<br />

CPF 727.834.788-20<br />

JOÃO SOARES B SOBRINHO<br />

CONTADOR<br />

CRC 1SP080267/O-3<br />

CPF 215.984.798-49<br />

MARCOS LUIS COVRE<br />

TESOUREIRO<br />

COREN-SP Nº 41320<br />

CPF 082.164.028-30<br />

Tran<strong>sp</strong>arência<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 13


Entrevista<br />

Quais são as queixas mais frequentes em relação a<br />

dificuldades encontradas na implantação da SAE?<br />

Duas queixas são frequentes entre os enfermeiros,<br />

enquanto gerentes: mudanças constantes na<br />

administração das instituições e falta de apoio da alta<br />

direção em relação à assistência sistematizada, nas<br />

administrações estabilizadas. A primeira situação gera<br />

interrupção, retrocesso e dúvidas sobre continuidade do<br />

trabalho em andamento. A segunda limita a autonomia dos<br />

gerentes de enfermagem, com visível falta de estímulo e<br />

de entusiasmo do corpo gerencial intermediário. Algumas<br />

vezes os dirigentes das instituições de saúde estão mais<br />

14 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Dra. Vera Lúcia Regina Maria,<br />

consultora em SAE<br />

Profa. Dra. Vera Lúcia Regina Maria é doutora em enfermagem. Possui experiência com<br />

implementação da assistência sistematizada, com base no Processo de Enfermagem, no<br />

Instituto Dante Pazzanese (1980-2004), instituição pública do Estado de São Paulo, com<br />

inclusão dos Diagnósticos de Enfermagem desde 1990.<br />

É consultora em SAE desde 1999, com trabalho desenvolvido em várias instituições públicas e<br />

particulares de São Paulo. Ministra cursos de SAE e Diagnóstico de Enfermagem em inúmeras<br />

instituições públicas e privadas (assistenciais e de ensino) do estado de São Paulo e outros<br />

estados do Brasil.<br />

Desde 2002, também é coorientadora de mestrado/doutorado do Grupo de Ensino e Pesquisa<br />

em Sistematização da Assistência de Enfermagem (GEPSAE) da UNIFESP.<br />

interessados na alta produtividade e no baixo custo da<br />

assistência de enfermagem do que na sua qualidade, e os<br />

gerentes de enfermagem têm caminhos pedregosos para<br />

mostrar que a qualidade global passa pelo quantitativo e<br />

qualitativo da equipe de enfermagem.<br />

É evidente que nós, enfermeiros, somos corre<strong>sp</strong>onsáveis e<br />

sujeitos das conquistas e derrotas neste cenário, e temos<br />

a re<strong>sp</strong>onsabilidade de tornar visível que a qualidade<br />

da enfermagem gera custos, mas também gera lucros.<br />

Para isto, no entanto, a documentação do seu trabalho,<br />

principalmente dos enfermeiros, é fundamental.


Por outro lado, quando este cenário já foi modificado, a<br />

enfermagem está organizada e a assistência sistematizada,<br />

os enfermeiros assistenciais, que assumem seu papel<br />

junto a paciente/família/comunidade, costumam ter uma<br />

queixa muito comum: não se sentem preparados como<br />

deveriam para aplicar o Processo de Enfermagem na<br />

prática, com todas as suas exigências de conhecimento,<br />

principalmente no que se refere ao raciocínio clínico.<br />

É comum o comentário de que, durante a graduação,<br />

o Processo de Enfermagem foi apenas um exercício<br />

acadêmico e que, no mercado de trabalho, ele não é<br />

exigência. Outra dificuldade salientada é a expansão do<br />

olhar de enfermagem para além do modelo biomédico.<br />

Para muitos, a doença e as tecnologias de última geração<br />

ainda são os orientadores da assistência de enfermagem,<br />

e ver o cliente como um ser humano na sua integralidade<br />

parece ser um processo difícil de ser assumido. É uma<br />

questão de competência, onde, aos poucos, as escolas<br />

e as instituições vão investindo e melhorando – as<br />

escolas, buscando unidade de pensamento entre os<br />

professores sobre o que vão ensinar; e as empresas de<br />

saúde, assumindo a assistência sistematizada e investindo<br />

no treinamento e desenvolvimento da sua equipe de<br />

enfermagem.<br />

Estas dificuldades são reais ou<br />

mitos? Se reais, o que faz com<br />

que essas dificuldades ainda<br />

aconteçam? Se mitos, o que leva<br />

os profissionais a acreditarem<br />

nessas dificuldades?<br />

Considero que as políticas<br />

institucionais geram algumas<br />

dificuldades reais: as mudanças<br />

constantes nos rumos administrativos<br />

da instituição, a falta de apoio da alta<br />

administração, a autonomia limitada<br />

dos dirigentes de enfermagem,<br />

o papel burocrático estabelecido<br />

para os enfermeiros, o preparo<br />

insuficiente dos acadêmicos durante<br />

a graduação e o investimento limitado das empresas na<br />

educação permanente de enfermagem. Por outro lado,<br />

uma dificuldade ainda presente é a acomodação de<br />

alguns enfermeiros na posição de submissão.<br />

Por que estas situações acontecem? Algumas vezes<br />

elas são sustentadas por mitos. Existem dirigentes das<br />

empresas de saúde que ainda têm uma visão distorcida<br />

da enfermagem, que ainda acreditam que os enfermeiros<br />

são ótimos administradores, que organizam muito bem<br />

qualquer clínica ou setor, mas que, no e<strong>sp</strong>aço da decisão<br />

clínica, não têm competência estabelecida e devem<br />

apenas cumprir ordens.<br />

“ Nós, enfermeiros, temos<br />

a re<strong>sp</strong>onsabilidade de<br />

mostrar que a qualidade da<br />

enfermagem gera custos,<br />

mas também gera lucros ”<br />

É claro que evoluímos e temos inúmeras experiências<br />

de sucesso, onde os enfermeiros assumiram suas<br />

re<strong>sp</strong>onsabilidades individuais e coletivas nesta construção<br />

e se tornaram sujeitos destas conquistas, apesar das<br />

adversidades. Mas boa parte está acomodada – ou<br />

então dominada - de tal modo que a implementação<br />

da assistência sistematizada no cuidado direto ao<br />

cliente/família/comunidade, que é inerente ao papel do<br />

enfermeiro, ainda é visto como um grande desafio ou –<br />

pior – algo desnecessário.<br />

Ainda existem cenários onde é forte a pressão para a<br />

enfermagem atender prioritariamente os clientes internos.<br />

Principalmente médicos. Neste contexto, geralmente o<br />

papel do enfermeiro é dirigido para a manutenção dos<br />

processos de trabalho destes profissionais, enquanto que<br />

a assistência aos pacientes/familiares é delegada e fica<br />

sob re<strong>sp</strong>onsabilidade exclusiva dos técnicos e auxiliares<br />

de enfermagem. Mas, já sabemos que, quando os<br />

enfermeiros estão envolvidos diretamente na assistência<br />

de enfermagem, a integração da equipe de saúde é mais<br />

expressiva – todos tornam-se parceiros e ficam mais<br />

satisfeitos. Principalmente pacientes e familiares. Tenho<br />

percebido que os profissionais de saúde, principalmente<br />

os médicos com mente mais aberta, gostam de trabalhar<br />

e confiam mais nos enfermeiros<br />

competentes, que conhecem e<br />

cuidam dos seus pacientes/familiares.<br />

Outras situações também estão<br />

sendo perpetuadas pela enfermagem<br />

com caráter de mitos e merecem<br />

atenção: o número insuficiente de<br />

enfermeiros, a falta de tempo para<br />

fazer Processo de Enfermagem e<br />

a falta de adesão dos técnicos e<br />

auxiliares. Existem instituições que<br />

contam com número adequado de<br />

enfermeiros e técnicos/auxiliares,<br />

papéis bem definidos para todos e<br />

estímulo para operacionalização do<br />

Processo de Enfermagem, mas, mesmo assim, isto não<br />

acontece. Eu diria que falta engajamento, principalmente<br />

dos enfermeiros. Muitas vezes, são eles que fazem<br />

campanha contra este trabalho.<br />

Agora, no que se refere ao envolvimento da equipe de<br />

enfermagem neste processo, basta voltar o olhar para<br />

algumas questões e terão uma posição: Quem forma os<br />

auxiliares e técnicos de enfermagem? Enfermeiros, que<br />

ensinam o valor da prescrição médica, mas orientam<br />

pouco sobre as exigências do Processo de Enfermagem.<br />

Quem coordena a equipe de enfermagem, na prática?<br />

Enfermeiros, que muitas vezes reclamam de que a<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 15


Entrevista<br />

equipe não segue prescrição<br />

de enfermagem e não checa os<br />

cuidados, mesmo sendo eles os<br />

re<strong>sp</strong>onsáveis pela qualidade da<br />

prescrição e pela supervisão da sua<br />

execução.<br />

Que recursos o enfermeiro que<br />

planeja implantar a SAE em<br />

sua instituição deve buscar<br />

para esclarecer suas principais<br />

dúvidas?<br />

Para os enfermeiros que planejem<br />

implementar ou realinhar a assistência sistematizada,<br />

com base no Processo de Enfermagem, em qualquer<br />

cenário, e que tenham dúvidas, seria interessante recorrer<br />

à literatura, buscar outras experiências – de sucesso<br />

ou retrocesso –, cursos e<strong>sp</strong>ecíficos e participação em<br />

eventos que tratem do tema. Os Conselhos Regionais de<br />

Enfermagem podem auxiliar nas questões legais.<br />

Que referências este enfermeiro deve buscar para<br />

implantar a SAE?<br />

Existe vasta literatura sobre o assunto, que envolve<br />

artigos, livros e teses, mas é fundamental apoiar-se na<br />

Legislação e nos Programas de Certificação de Qualidade.<br />

Retomar os conceitos básicos das Teorias de Enfermagem,<br />

Classificações de Enfermagem e Processo de Enfermagem<br />

em todas suas fases, principalmente Raciocínio clínico,<br />

também é básico.<br />

Como deve ser feita a primeira aproximação do<br />

conceito da SAE frente à diretoria da instituição?<br />

Quais são as principais dicas sobre como começar a<br />

abordagem da implantação da SAE?<br />

A meu ver a primeira aproximação deve ocorrer através da<br />

gerente de enfermagem, informando sobre a legislação<br />

e enfoques de qualidade. Os dirigentes, algumas<br />

vezes, desconhecem a Lei do Exercício Profissional<br />

da Enfermagem e acreditam que a enfermagem está<br />

invadindo e<strong>sp</strong>aço de outros profissionais. Por outro<br />

lado, instituições inscritas nos Programas de Certificação<br />

de Qualidade tornam este processo um pouco mais<br />

facilitado, pela exigência de alguns pontos do Processo<br />

de Enfermagem. Os relatórios de fiscalização dos CORENs<br />

também podem ser excelente apoio para os gerentes de<br />

enfermagem nesta aproximação.<br />

Convém lembrar que esta re<strong>sp</strong>onsabilidade não é só<br />

dos gerentes de enfermagem, e que todo enfermeiro<br />

tem a re<strong>sp</strong>onsabilidade individual de documentar as<br />

atividades que desenvolve na prática. Geralmente, eles<br />

avaliam pacientes, orientam a equipe sobre os cuidados<br />

a serem feitos, e cuidam pessoalmente em determinadas<br />

circunstâncias. Isto é Processo de Enfermagem. Mas, na<br />

16 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

“ Registrar tudo o que é<br />

feito contribui para tornar<br />

visível o trabalho e ajudar os<br />

gerentes de enfermagem na<br />

defesa desta visibilidade ”<br />

verdade, o que é registrado? Quase<br />

nada! Muitas vezes, eles alegam que<br />

são únicos na clínica e que cuidam de<br />

muitos pacientes, o que é realidade em<br />

algumas instituições. Eu diria: então<br />

façam apenas o registro dos pacientes<br />

mais graves. Se não conseguirem de<br />

alguns, faça pelo menos de um, mas<br />

faça bem feito. Parece que, quando<br />

os enfermeiros não conseguem<br />

documentar suas ações com todos<br />

os pacientes, preferem não fazer de<br />

nenhum. Estabelecer compromisso de<br />

registrar tudo que faz já é avanço. É contribuir para tornar<br />

visível seu trabalho e ajudar os gerentes de enfermagem<br />

na defesa desta visibilidade.<br />

Como é o seu trabalho como consultora na<br />

implantação da SAE?<br />

É variável, com carga horária que oscila entre 30 e<br />

230 horas/aula. Depende do estado de organização da<br />

enfermagem, do estágio de desenvolvimento do grupo e<br />

dos recursos financeiros di<strong>sp</strong>oníveis para isto.<br />

Para que a Consultoria se instale, temos alguns caminhos<br />

sequenciais: primeiro, é preciso uma motivação<br />

institucional, que faz o contato inicial. Depois, ocorre<br />

uma reunião inicial para avaliação das expectativas e<br />

elaboração do contrato preliminar, em consonância com<br />

as expectativas da direção de enfermagem e recursos<br />

financeiros negociados internamente. A Consultoria é<br />

iniciada com o diagnóstico situacional, formação do Grupo<br />

Executivo/Educativo da SAE [multiplicadores], definição<br />

da Clínica Piloto e desenvolvimento dos programas de<br />

sensibilização e capacitação dos enfermeiros deste Grupo.<br />

O conteúdo versa sobre: teorias e classificações, etapas do<br />

Processo de Enfermagem, elaboração ou realinhamento<br />

dos instrumentos operacionais e implementação das<br />

reuniões clínicas de enfermagem.<br />

O acompanhamento da implantação na Clínica<br />

Piloto é baseado no realinhamento das competências<br />

da equipe de enfermagem, elaboração do padrão<br />

assistencial da clientela atendida, encaminhamento<br />

do Manual de Enfermagem e visitas clínicas com a<br />

Consultora. Quando previsto, desenvolvo a orientação<br />

de um trabalho científico ou mais, dependendo do<br />

envolvimento do grupo. A consultoria é encerrada com<br />

uma avaliação final.<br />

Gostaria de deixar um e-mail para contato, caso<br />

alguém queira sanar possíveis dúvidas em relação<br />

à SAE?<br />

Podem entrar em contato pelo endereço eletrônico:<br />

vr.maria@uol.com.br


Técnico de Enfermagem na Rede Estadual<br />

agora está na lei<br />

A Enfermeira Analice Fernandes, PSDB, é deputada estadual pelo segundo mandato, sendo a única Enfermeira<br />

a ocupar uma cadeira na Assembléia Legislativa, em mais de 170 anos de história. Dia 24 de novembro, um<br />

importante projeto de Lei seu foi aprovado, autorizando o governo do Estado a criar o cargo de Técnico de<br />

Enfermagem na Secretaria Estadual de Saúde. Para a deputada, a aprovação do PL coloca o assunto na pauta<br />

do dia e deve ser também um incentivo para a classe da Enfermagem. Formada pela PUC de Campinas e<br />

e<strong>sp</strong>ecialista em Saúde Pública, Analice trabalhou no Ho<strong>sp</strong>ital Darci Vargas, foi diretora de Saúde da Prefeitura<br />

de Taboão da Serra, e depois secretária da Ação Social do mesmo município.<br />

Em sua primeira eleição, Analice foi eleita com 100 mil votos. Em sua reeleição, obteve 140.000 - nona<br />

candidata mais bem votada do Estado.<br />

Hoje, é vice-presidente da Comissão de Saúde, membro efetivo da Comissão de Obras e Serviços, e faz parte da<br />

CPI da Pedofília na Assembléia Legislativa.<br />

O seu Projeto de Lei que acaba de ser aprovado<br />

na Assembléia significa que tipo de ganho para a<br />

categoria da enfermagem?<br />

Conseguimos aprovar, no dia 24 de novembro, o PL<br />

47/2006, que autoriza o governo do Estado a criar<br />

o cargo de Técnico de Enfermagem na rede estadual<br />

de saúde, cargo até hoje inexistente. Agora é preciso<br />

que a classe da Enfermagem se mobilize para que o<br />

cargo de Técnico seja efetivamente criado. A Lei coloca<br />

este assunto na pauta de negociações do dia, o que<br />

era uma real necessidade, não só dos profissionais da<br />

Enfermagem, mas de toda a saúde.<br />

O governo José Serra vem fazendo um trabalho neste<br />

sentido, à medida que criou o TEC Saúde, que irá<br />

capacitar Auxiliares de Enfermagem em todo o Estado.<br />

É necessário, agora, que a Secretaria de Saúde dê um<br />

passo à frente decisivo, com a criação do cargo.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 17


Entrevista<br />

Ao longo deste ano, o<br />

COREN-SP trabalhou<br />

o tema “cidadania”<br />

junto aos profissionais<br />

de Enfermagem. Qual<br />

a sua visão do que é o<br />

exercício da cidadania<br />

para o profissional de<br />

Enfermagem?<br />

É difícil dissociar um<br />

tema do outro. Porque o<br />

exercício da Enfermagem<br />

exige o da cidadania,<br />

tanto para os profissionais<br />

da rede privada como<br />

da pública. O conceito<br />

da nossa profissão está<br />

intrinsecamente ligado<br />

ao servir, ao re<strong>sp</strong>eito pelo<br />

outro, à organização para<br />

o bem da coletividade –<br />

princípios que envolvem a cidadania. O que talvez nós<br />

precisássemos praticar mais é o outro lado da cidadania:<br />

o de cobrar, exigir e defender nossos direitos enquanto<br />

classe. Nós profissionais da Enfermagem nos cobramos<br />

muito e cobramos pouco.<br />

Quais são, na sua opinião – de acordo com um<br />

olhar de profissional de Enfermagem –, as maiores<br />

carências e necessidades mais urgentes da categoria<br />

de Enfermagem?<br />

Precisamos nos consolidar enquanto classe e<br />

conquistarmos reconhecimento. Por exemplo, a classe<br />

médica vem fazendo pressão política para a aprovação<br />

do PL do Ato Médico – PL 7703/06 –, que determina<br />

quais são as atividades privativas do médico. O PL foi<br />

aprovado pela Câmara e agora está no Senado Federal.<br />

Ou seja, fazem uma enorme movimentação política<br />

para defender o que julgam justo, para defender sua<br />

atuação, o que no final das contas não deixa de ser<br />

também uma tentativa de reserva de mercado.<br />

Nós, profissionais da Enfermagem, temos que fazer o mesmo.<br />

Temos que nos movimentar para garantirmos, por exemplo,<br />

o direito de as casas de parto continuarem funcionando, nos<br />

moldes como existem no município de São Paulo, onde o<br />

Enfermeiro é o re<strong>sp</strong>onsável pelo atendimento.<br />

Outro ponto importante é o reconhecimento do<br />

trabalho desenvolvido. A Enfermagem precisa sair<br />

do papel coadjuvante para assumir um dos papeis<br />

principais, tanto no ambiente profissional, como<br />

perante a sociedade.<br />

Nesse sentido, eu fico muito feliz quando percebo<br />

a movimentação que o COREN-SP está fazendo. As<br />

medidas efetivas para valorização da nossa classe<br />

profissional, que o Dr. Cláudio Porto vem colocando em<br />

prática, devem servir como um grande incentivo, para<br />

18 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

que cada um de nós, em<br />

nosso campo de atuação<br />

possa fazer a nossa parte e<br />

exigir nossos direitos, num<br />

sentido mais amplo.<br />

O que a Enfermagem<br />

pode/deve fazer para<br />

que veja contempladas<br />

as suas necessidades na<br />

agenda política do estado<br />

de São Paulo e do país?<br />

O caminho é sempre a mobilização<br />

e a participação. Não<br />

é possível conquistarmos<br />

nada se não nos mobilizarmos<br />

verdadeiramente. E eu<br />

tenho observado que esta é<br />

uma movimentação difícil<br />

para a maioria dos profissionais.<br />

Eu me arriscaria a dizer<br />

que a maioria dos profissionais<br />

da Enfermagem é do sexo feminino, e as mulheres<br />

investem menos tempo nessas empreitadas. E as razões são<br />

inúmeras, mas eu não vou falar sobre este assunto neste<br />

momento, senão nossa entrevista ficaria enorme.<br />

Nossa categoria não luta apenas por salário – lutamos<br />

também por reconhecimento. E estas duas coisas<br />

caminham juntas. Como deputada, consegui fazer com<br />

que o projeto de Lei que autorizava ao Enfermeiro<br />

fazer plantões nas unidades públicas estaduais fosse<br />

apresentado e aprovado. Antes disso, o plantão era<br />

proibido aos Enfermeiros na rede estadual, o que<br />

prejudicava os serviços de saúde e também tolhia, de<br />

certa forma, nosso exercício profissional. Foi uma grande<br />

conquista. Agora, a criação do cargo de Técnico na rede.<br />

Estes são exemplos de avanços concretos que necessitam<br />

de articulação política para acontecer, e não apenas dos<br />

políticos, mas da classe profissional em si.<br />

Ou seja, temos que fazer a nossa parte, cada<br />

profissional, onde quer que esteja atuando. Mas<br />

unidos podemos fazer muito mais. Esta união tem que<br />

permear os estados e se solidificar na União.<br />

A Enfermagem não tem, ao longo de sua história,<br />

demonstrado um forte posicionamento em defesa<br />

de seus interesses. De que forma isso pode mudar?<br />

Precisamos participar dos Conselhos de Enfermagem<br />

municipal, estadual, federal, temos que dar força<br />

às nossas entidades, o que não significa pagar a<br />

mensalidade e e<strong>sp</strong>erar que o Conselho faça tudo.<br />

Precisamos nos envolver. Meu gabinete está aberto a<br />

todos os profissionais da Enfermagem. Eu me sinto uma<br />

legítima representante da nossa classe, e estou aberta a<br />

receber sugestões e participar de discussões que sejam<br />

importantes para nossa classe. Acredito que é assim que<br />

devemos caminhar. A cada dia, um novo passo.


Estudo revela negligência nas anotações<br />

de enfermagem<br />

“Ainda em nosso período de graduação, percebíamos que<br />

as anotações dos colaboradores de enfermagem eram<br />

muito deficitárias; notávamos que não havia uma regra<br />

ou normativas para as anotações. Se alguém quisesse ler o<br />

prontuário, não conseguiria identifica realmente o motivo<br />

pelo qual o cliente estava internado. A única maneira de se<br />

saber era lendo o diagnóstico médico”. As palavras do Dr.<br />

Daniel de Souza, enfermeiro do município de Guararapes,<br />

na região Araçatuba (oeste do estado), revelam uma<br />

questão ainda comum em instituições de saúde de todo o<br />

país – a falta de consistência e correção nas anotações da<br />

equipe de enfermagem no prontuário dos pacientes.<br />

Daniel Cunha e Ludmila Felisberto, autores do estudo<br />

Constatada a mesma situação, quando já atuando<br />

profissionalmente, Daniel de Souza decidiu ser o momento<br />

de desenvolver um estudo quantitativo que revelasse,<br />

em números, os problemas envolvendo as anotações.<br />

Na tarefa, foi acompanhado pela acadêmica Ludmila da<br />

Silva Felisberto “A assistência pode ser comprometida de<br />

diversas maneiras, em decorrência de falhas na anotação<br />

da enfermagem”, lembra Daniel. “Um medicamento<br />

aplicado e não checado, por exemplo, pode causar a<br />

duplicidade de doses, além de outros danos. Na passagem<br />

de plantão o profissional pode se esquecer de dizer algo<br />

importante. Porém, se estiver anotado, o colega conseguirá<br />

dar continuidade nas atividades”. A instituição escolhida<br />

Caderno de<br />

Gerenciamento<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 19


Caderno de<br />

Gerenciamento<br />

para o desenvolvimento do trabalho foi um ho<strong>sp</strong>ital de<br />

médio porte no interior de São Paulo. Buscavam saber se<br />

havia coerência entre as anotações realizadas e os cuidados<br />

efetivamente prestados. Também desejavam saber se<br />

as anotações eram precisas e redigidas de acordo com a<br />

Resolução COFEN N° 191/1996<br />

Números revelam anotações<br />

falhas<br />

Foram analisados os registros de enfermagem de 30<br />

prontuários da clínica médica masculina e feminina,<br />

clínica cirúrgica e clínica pediátrica. Embora todas os<br />

prontuários avaliados apresentassem textos coerentes,<br />

em praticamente todos eles foram constatados problemas<br />

diversos que revelavam a<br />

deficiência das anotações:<br />

“<br />

vários não apresentavam<br />

Em<br />

a identificação do autor<br />

da anotação, ou este o<br />

fazia de forma incorreta,<br />

contrária ao preconizado<br />

pela Resolução COFEN<br />

(83,3% na clínica cirúrgica,<br />

85,7% na clínica médica<br />

masculina e 100%, na<br />

clínica médica feminina<br />

e clínica pediátrica). Em<br />

outros, o problema era a<br />

letra ilegível (40% na clínica<br />

médica feminina, 57% na<br />

clínica médica masculina,<br />

57% na clínica pediatria<br />

e nenhuma ocorrência<br />

na clínica cirúrgica),<br />

rasuras (42,9% na clínica<br />

pediátrica,50% na clínica<br />

médica feminina, 66,7% na<br />

clínica cirúrgica e 71,5% na<br />

clínica médica masculina),<br />

ou abreviações diferentes<br />

daquelas padronizadas<br />

pela instituição (66,7% na<br />

clínica cirúrgica, 85,8% na clínica médica masculina e<br />

100%, tanto na clínica pediátrica quanto na clínica<br />

médica feminina). Havia também ausência da realização<br />

da evolução de enfermagem, ação privativa do enfermeiro.<br />

(42,8% na clínica pediátrica, 57,1% na clínica médica<br />

20 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

outros, o problema era a letra<br />

ilegível (40% na clínica médica feminina,<br />

masculina,70% na clínica médica feminina e 100% na<br />

clínica cirúrgica).<br />

Razões para o descuido<br />

57% na clínica médica masculina, 57% na<br />

clínica pediatria e nenhuma ocorrência na<br />

clínica cirúrgica), rasuras (42,9% na clínica<br />

pediátrica,50% na clínica médica feminina,<br />

66,7% na clínica cirúrgica e 71,5% na<br />

clínica médica masculina), ou abreviações<br />

diferentes daquelas padronizadas pela<br />

instituição (66,7% na clínica cirúrgica,<br />

85,8% na clínica médica masculina e<br />

100%, tanto na clínica pediátrica quanto<br />

na clínica médica feminina). ”<br />

Os autores avaliam que, conforme os resultados obtidos,<br />

as deficiências nas anotações de enfermagem não<br />

contribuem para que seja prestada uma boa assistência<br />

de enfermagem. “Os profissionais re<strong>sp</strong>onsáveis pelas<br />

anotações, não estão considerando os registros como<br />

meio de vital importância tanto para si próprio, quanto<br />

para a instituição e para o paciente”.<br />

Alertam ainda que tais deficiências fragilizam as anotações<br />

como documentos para a defesa dos profissionais<br />

re<strong>sp</strong>onsáveis, caso sejam<br />

envolvidos em algum<br />

processo legal decorrente<br />

de alguma intercorrência na<br />

assistência.<br />

Na opinião dos autores<br />

do estudo, as falhas nas<br />

anotações ocorrem por<br />

diversos fatores, como a<br />

falta de tempo, em razão<br />

da sobrecarga de trabalho,<br />

a incapacidade técnica<br />

de alguns funcionários, a<br />

ausência de normatização<br />

nas Instituições e a<br />

desmotivação da equipe.<br />

Mas lembram que os<br />

problemas encontrados nas<br />

anotações de enfermagem<br />

têm origem ainda no<br />

ensino. “Acreditamos<br />

que existe um déficit no<br />

ensino. As escolas técnicas<br />

e faculdades poderiam dar<br />

mais ênfase a este assunto<br />

durante as aulas”, alerta<br />

Daniel. “O profissional chega<br />

ao mercado sem saber ao certo o que e como anotar. É<br />

importante ressaltar também, que as falhas no ensino,<br />

não dependem única e exclusivamente das escolas, mas<br />

dependem muito também do aluno, que deve se dedicar e<br />

ficar atento as anotações de enfermagem.”


O que diz a Resolução COFEN Nº 191/1996<br />

(alguns destaques)<br />

(...)<br />

Art. 2º - A anotação do número de inscrição dos profissionais do Quadro I [enfermeiros] é feita com a<br />

sigla COREN, acompanhada da sigla da Unidade da Federação onde está sediado o Conselho Regional,<br />

seguida do número de inscrição, separados todos os elementos por hífen.<br />

Art. 3º - A anotação do número de inscrição do pessoal dos Quadros II [técnicos de enfermagem] e III<br />

[auxiliares de enfermagem] é feita com a sigla COREN, acompanhada da sigla da Unidade da Federação<br />

onde está sediado o Conselho Regional, seguida do número de inscrição e da indicação da categoria da<br />

pessoa, separados os elementos por hífen.<br />

Parágrafo único - As categorias referidas neste artigo são indicadas pelas seguintes siglas:<br />

a) TE, para Técnico de Enfermagem;<br />

b) AE, para Auxiliar de Enfermagem;<br />

(...)<br />

Art. 5º - É obrigatório o uso do número de inscrição ou da autorização, pelo pessoal de Enfermagem<br />

nos seguintes casos:<br />

I - em recibos relativos a recebimentos de honorários, vencimentos e salários decorrentes do exercício<br />

profissional;<br />

II - em requerimentos ou quaisquer petições dirigidas às autoridades da Autarquia e às autoridades em<br />

geral, em função do exercício de atividades profissionais; e,<br />

III - em todo documento firmado, quando do exercício profissional, em cumprimento ao Art. 76, CAP<br />

VI, do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem.<br />

Art. 7º - A inobservância do di<strong>sp</strong>osto na presente Resolução submeterá o infrator às normas contidas<br />

no Art. 93, da Capítulo VIII, da Aplicação das Penalidades, do Código de Ética dos Profissionais de<br />

Enfermagem - Resolução COFEN-160/93.<br />

Exemplo de anotação do Nº de INSCRIÇÃO e de AUTORIZAÇÃO<br />

Enfermeiros: COREN-PR-1020<br />

Técnicos de Enfermagem: COREN-SC-987-TE<br />

Auxiliares de Enfermagem: COREN-MG-756-AE<br />

Atendentes: AUT/COREN-RJ-352<br />

(O texto integral desta Resolução pode ser encontrado no site www.<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br)<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 21


Caderno de<br />

Gerenciamento<br />

22 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Enfermagem do Ho<strong>sp</strong>ital Prof. Edmundo<br />

Vasconcelos: Uma história de mudanças bem<br />

sucedidas<br />

No ano de 2007, o Complexo Ho<strong>sp</strong>italar Prof. Edmundo<br />

Vasconcelos, na capital, era um bom lugar para se trabalhar.<br />

Eram 535 profissionais de enfermagem - a maioria deles<br />

com apenas este vínculo empregatício - e satisfeitos com<br />

seus empregos. “Era um lugar muito bom, onde todos se<br />

davam muito bem. Uma grande família. Mas as pessoas<br />

não se mexiam, não mostravam a cara. Era necessária uma<br />

(da esquerda) Suzel Liberman, Aparecida Arikawa, Maria Lúcia Capelo e Denise Fonseca<br />

atuação mais profissionalizada”. O relato é da enfermeira<br />

Suzel Liberman, que, durante 11 anos, foi re<strong>sp</strong>onsável pela<br />

unidade de internação do ho<strong>sp</strong>ital e que foi surpreendida<br />

com sua realocação para o setor de Educação Continuada.<br />

A história de Suzel não é diferente da de tantos outros<br />

profissionais de enfermagem do Edmudo Vasconcelos que,


nos últimos dois anos, viveram transformações profundas – e<br />

muito positivas – que mudaram a forma de fazer enfermagem<br />

na instituição. Para o Edmundo Vasconcelos, era hora de<br />

mudar, abrir horizontes, olhar para fora, para o mundo, ver<br />

o que estava acontecendo, e levar para dentro do ho<strong>sp</strong>ital.<br />

Uma reestruturação no organograma, que acabou por<br />

provocar um olhar mais aprofundado sobre como era<br />

a dinâmica da enfermagem na instituição, foi fator<br />

determinante para o início de uma mudança, que terminou<br />

por mostrar a necessidade de várias outras mudanças.<br />

Novo modelo assistencial<br />

provocou mudanças<br />

“Quando percebemos que era necessária uma mudança<br />

na enfermagem, fomos buscar e estudar exemplos<br />

de excelência no gerenciamento e assistência de<br />

enfermagem, tanto no Brasil quanto no exterior”,<br />

explica Maria Lúcia Pontes Capelo, que é gerente de<br />

administração ho<strong>sp</strong>italar, e que orientou o processo<br />

de mudanças. Maria Lúcia, que possui formação em<br />

Nutrição, buscou o aconselhamento da Dra. Lore Cecília<br />

Marx, reconhecida nacionalmente por sua experiência<br />

em gerenciamento de enfermagem, com o objetivo de<br />

definir o que era necessário aprimorar, tanto na gerência<br />

de enfermagem quanto na equipe, para que o trabalho<br />

atingisse os níveis de excelência desejados pela alta<br />

administração.<br />

Concluído o período de aconselhamento, ficou claro<br />

para Maria Lúcia que faltava, para a enfermagem do<br />

Edmundo Vasconcelos, a definição explícita de um modelo<br />

assistencial. “Como é possível uma equipe se organizar, se<br />

não existe um modelo assistencial que a norteie?”<br />

Após avaliação dos modelos possíveis, concluíram que<br />

vários preceitos do Primary Nursing, em que – entre<br />

outros pontos - um mesmo enfermeiro é referência para<br />

o paciente e para a equipe médica, desde a internação<br />

até a alta, seria o mais adequado para a instituição. O<br />

Primary Nursing foi a base para a reestruturação da<br />

enfermagem do ho<strong>sp</strong>ital. “Sentíamos que faltava um<br />

elo entre paciente, enfermagem e corpo clínico. E o<br />

próprio paciente, quando tinha alguma observação<br />

a fazer a re<strong>sp</strong>eito da assistência, revelava sentir falta<br />

de um profissional que desse continuidade ao cuidar,<br />

que fosse sua referência, da entrada até a alta. A figura<br />

da enfermeira, no Primary Nursing, re<strong>sp</strong>onde por esta<br />

necessidade”, conta.<br />

Mudanças que geraram novas<br />

necessidades<br />

Foi implantado, então, um projeto piloto na unidade<br />

de internação, com 144 leitos. O objetivo, explicou a<br />

gerente, era demonstrar, para a alta administração, o bom<br />

desempenho do modelo, para que pudesse ser adotado<br />

por todas as unidades.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 23


Antes da implantação do Primary Nursing, as enfermeiras<br />

faziam de tudo um pouco. No novo modelo, elas se ocupam<br />

exclusivamente de seus pacientes – orientam e gerenciam<br />

a assistência, conversam, acompanham as ações da equipe<br />

e estão mais presentes, até mesmo para orientações aos<br />

acompanhantes. Foi, portanto, necessária a criação de<br />

um novo elemento, que se re<strong>sp</strong>onsabilizaria por todas as<br />

demais atividades que também são de re<strong>sp</strong>onsabilidade<br />

da enfermagem. “Sentimos falta de uma figura que fosse<br />

re<strong>sp</strong>onsável pela unidade, que unificasse e representasse a<br />

filosofia de trabalho nos três turnos. Criamos o cargo de<br />

Enfermeira Líder, profissional<br />

re<strong>sp</strong>onsável por divulgar, para<br />

toda a equipe, toda e qualquer<br />

“ mudança, dar feedback para Sentimos<br />

a equipe médica, organizar<br />

escalas. Enfim, alguém que<br />

liga todos os pontos”.<br />

Além das Enfermeiras Líderes,<br />

foram também criados os cargos<br />

de Enfermeiras Supervisoras,<br />

que re<strong>sp</strong>ondem pelas grandes<br />

áreas, como Centro Cirúrgico,<br />

UTI, Educação Continuada,<br />

Hemodiáliese, CCIH, Centro<br />

Médico, entre outras. As<br />

Supervisoras auxiliam e apoiam<br />

a Enfermeiras Líderes.<br />

A Gerência de Enfermagem<br />

também foi alvo de<br />

renovação. São duas as<br />

Gerentes de Enfermagem –<br />

uma administrativa e outra<br />

assistencial. “Não é possível<br />

querer que a profissional que<br />

está re<strong>sp</strong>onsável por uma<br />

gestão focada em resultados<br />

seja a mesma cujo foco é a assistência”. Maria Lúcia revela<br />

que as duas gerentes trabalham juntas e enxergam a gestão<br />

de maneira compartilhada, porém, diferenciada.<br />

Necessidades que provocaram<br />

ações<br />

A reestruturação da equipe, com a criação de novos<br />

cargos e novas atribuições, exigia, dos enfermeiros e suas<br />

24 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

falta de uma<br />

figura que fosse re<strong>sp</strong>onsável<br />

pela unidade, que unificasse<br />

e representasse a filosofia de<br />

trabalho nos três turnos. Criamos<br />

o cargo de Enfermeira Líder,<br />

profissional re<strong>sp</strong>onsável por<br />

divulgar para toda a equipe<br />

toda e qualquer mudança, dar<br />

feedback para a equipe médica,<br />

organizar escalas. Enfim, alguém<br />

que liga todos os pontos ”<br />

equipes, uma postura diferente perante os novos desafios.<br />

Esta mudança de postura implicava no conhecimento e<br />

avaliação das competências de cada um. E foi o que o<br />

Ho<strong>sp</strong>ital Edmundo Vasconcelos buscou.<br />

Por meio do trabalho de uma consultoria, iniciou-se<br />

um trabalho para se traçar um mapa das competências<br />

dos 111 enfermeiros, por meio de avaliação de perfil<br />

psicológico. Maria Lúcia conta que foram avaliadas quais<br />

as competências importantes para o ho<strong>sp</strong>ital, considerando<br />

que nem todas as enfermeiras necessitavam possuir<br />

ou desenvolver as mesmas<br />

competências. “Se a enfermeira<br />

é assistencial, será que é<br />

fundamental que ela possua<br />

características de liderança?<br />

Dependendo do local onde<br />

atuava é que eram definidas as<br />

competências exigidas para a<br />

função”.<br />

O mapa de competências<br />

demonstrou, para cada uma<br />

das enfermeiras avaliadas, as<br />

competências adquiridas, as<br />

competências em processo de<br />

aquisição e as deficiências.<br />

Este último item recebeu uma<br />

atenção e<strong>sp</strong>ecial, como explica<br />

a gerente: “Quando você sabe<br />

que um membro da equipe tem<br />

uma deficiência, temos que<br />

fazer algo. A consultoria fez<br />

uma devolutiva individual, com<br />

cada uma das enfermeiras. A<br />

psicóloga conversou com cada<br />

uma, mostrando em que pontos<br />

se destacavam, onde precisavam<br />

melhorar e de que forma podíamos ajudar. Para que todos<br />

trabalhassem de acordo com o que o ho<strong>sp</strong>ital e<strong>sp</strong>erava, a<br />

equipe tinha que estar preparada”.<br />

Como resultado desta avaliação de competências, surgiu<br />

um outro trabalho, abordando o a<strong>sp</strong>ecto comportamental,<br />

das competências pessoais da equipe. Em 2008 foi<br />

realizado um treinamento de 160 horas para as Enfermeiras<br />

Supervisoras, totalmente voltado para o a<strong>sp</strong>ecto


comportamental. Havia uma deficiência em comum a<br />

grande parte das Supervisoras, que era o saber planejar.<br />

“A enfermagem tem a característica de ser imediata. Tudo<br />

é para agora. O planejamento de enfermagem é sempre<br />

para as próximas 24 horas, não para os próximos dois<br />

anos. Precisávamos fazer de<strong>sp</strong>ertar na enfermagem a<br />

capacidade de organizar, planejar a médio e longo prazo<br />

e mostrar resultados”, comenta Maria Lúcia. A partir do<br />

treinamento comportamental, as enfermeiras receberam<br />

uma tarefa: apresentar, no final de 2008, o planejamento<br />

estratégico de enfermagem para a alta direção. Este foi<br />

um momento decisivo na transição pela qual passou a<br />

enfermagem do ho<strong>sp</strong>ital Edmundo Vasconcelos, quando<br />

a equipe enxergou e avaliou os problemas da área e<br />

mostrou aos administradores o que acreditavam ser<br />

pertinente para cada uma das áreas, para que cada ponto<br />

destacado fosse trabalhado em <strong>2009</strong>. “Foi um trabalho<br />

muito grande de amadurecimento, porque as próprias<br />

enfermeiras desenvolveram um novo olhar sobre a área e<br />

passaram a utilizar ferramentas de gestão. Deste trabalho<br />

também surgiu a formatação dos resultados mensuráveis<br />

da enfermagem, para que mostrem a alta direção que todo<br />

este investimento e trabalho estão dando bons resultados”.<br />

Próximos passos<br />

Após todo o investimento no desenvolvimento e<br />

amadurecimento profissional da equipe, a enfermagem<br />

do ho<strong>sp</strong>ital Professor Edmundo Vasconcelos já desenvolve<br />

outros projetos. O primeiro deles é a implantação da<br />

SAE – Sistematização da Assistência de Enfermagem. Foi<br />

convidada a Dra. Vera Lúcia Regina Maria, consultora em<br />

implantação da SAE (veja entrevista com a consultora<br />

na página 14 desta edição), para que desse todas as<br />

orientações. Foram selecionadas 32 enfermeiras, que<br />

receberam 250 horas treinamento, com a re<strong>sp</strong>onsabilidade<br />

de multiplicar o conhecimento obtido para toda a equipe<br />

de enfermeiras. Atualmente, a SAE já está totalmente<br />

formatada, e em vias de ser implantada, primeiramente em<br />

uma unidade-piloto.<br />

A dor de mudar<br />

Diante de tantas mudanças radicais em um curto prazo<br />

– as alterações maiores já começaram logo nos primeiros<br />

dias do projeto de reestruturação -, como a equipe de<br />

enfermagem recebeu toda esta carga de novidades?<br />

“Crescer dói”, reconhece Maria Lúcia. “Tivemos uma fase<br />

de luto aqui dentro – de gente que era de uma área e foi<br />

pra outra área, gente que tiramos da zona de conforto.<br />

Mudar é difícil. É muito mais fácil ficar onde se está, do<br />

que sair e conquistar novos e<strong>sp</strong>aços, mudar em mim coisas<br />

que nunca foram trabalhadas. Não é um processo indolor.<br />

Acabaram descobrindo fragilidades que, para elas, não<br />

eram claras. Tudo isso exige uma grande transformação”.<br />

A Supervisora de Educação Continuada, Aparecida Arikawa,<br />

afirma que digerir todas as novas ideias não foi fácil. “Cada<br />

uma de nós já havia atingido e se acomodado em sua<br />

zona de conforto. Sabíamos que os benefícios viriam mas,<br />

mesmo assim, o peso das mudanças foi grande”. A Gerente<br />

Administrativa de Enfermagem, Denise Fonseca, hoje vê o<br />

enfermeiro muito mais próximo do auxiliar de enfermagem.<br />

“O Primary Nursing proporciona esta aproximação do<br />

enfermeiro assistência do auxiliar e, consequentemente, do<br />

paciente. Com um enfermeiro assistencial mais presente, o<br />

auxiliar de enfermagem sente-se mais motivado, aprende<br />

com ele”. Denise garante que hoje a visão dos benefícios<br />

é clara; já colhem frutos: “Cresceu a proximidade com o<br />

cliente médico, o relacionamento flui com mais facilidade<br />

e a re<strong>sp</strong>osta do paciente no acolhimento, no atendimento<br />

também é uma satisfatória”. Denise lembra ainda que a<br />

postura diante das deficiências detectadas nos membros<br />

da equipe é não mais deixá-las de lado. “Trabalhamos,<br />

corremos atrás, para que deixem de existir”.<br />

Suzel Liberman, também Supervisora do setor de Educação<br />

Continuada, já registra progressos. “Antes, ninguém se<br />

mexia. Hoje, já vemos as enfermeiras interessadas em<br />

desenvolver e apresentar trabalhos. Já temos três trabalhos<br />

em andamento. Outras estão buscando uma segunda<br />

e<strong>sp</strong>ecialização. As pessoas desabrocharam”.<br />

A equipe de enfermagem do Ho<strong>sp</strong>ital Professor Edmundo<br />

Vasconcelos, já adaptada às mudanças dos últimos dois<br />

anos, sabe que a evolução é um processo que nunca<br />

termina. Como define a Gerente Denise Fonseca “As<br />

mudanças tiveram um começo, mas não terão fim. Outras<br />

mudanças virão, que irão gerar e exigir outras mudanças,<br />

e outras, e outras, como num efeito dominó. Na verdade,<br />

não temos ideia do quão longe podemos chegar”.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 25


Enfermagem que<br />

faz a diferença<br />

Considerada o quinto sinal vital, a dor é, antes de tudo,<br />

um alerta de que algo não vai bem. A natureza da dor<br />

e a experiência dolorosa do paciente variam caso a caso,<br />

porém, a importância em controlar este sintoma é ponto<br />

comum em todos os tratamentos. “A dor é necessária à<br />

nossa sobrevivência, pois funciona como um aviso que<br />

algo está errado. Hoje, a dor é vista como uma questão<br />

biopsicossocial que, além do caráter físico, tem a<strong>sp</strong>ectos<br />

emocionais, sensitivos e cognitivos”, explica a Drª Dayse<br />

Maioli Garcia, enfermeira do Ho<strong>sp</strong>ital Sírio Libanês, que<br />

analisou o assunto em sua dissertação de mestrado, sob<br />

o título “Crenças de profissionais de centros de dor sobre<br />

dor crônica”.<br />

“A dor é sempre subjetiva”, destaca a Enfermeira Dayse.<br />

Por isso mesmo, ela provoca nas pessoas reações diferentes,<br />

isto ocorre porque cada indivíduo tem experiências<br />

26 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Enfermagem: atuação ativa no alívio<br />

e no manejo da dor<br />

A enfermeira Dayse Maioli Garcia destaca a importância da enfermagem na avaliação e no manejo da dor<br />

anteriores distintas e isto influi na forma de vivenciar esta<br />

sensação dolorosa. Desta forma, a dor envolve a<strong>sp</strong>ectos<br />

biológicos, sociais, culturais e psicológicos. “Quando o<br />

indivíduo interpreta sua dor, não tem como dissociar o<br />

a<strong>sp</strong>ecto físico de suas emoções e sentimentos, daquilo<br />

que ele já viveu”, justifica Dayse.<br />

O papel da Enfermagem<br />

Nos anos 1990, o conceito de ‘dor como o quinto<br />

sinal vital’ foi criado, com o objetivo de de<strong>sp</strong>ertar nos<br />

profissionais de saúde a preocupação com o tema e seu<br />

tratamento. Com este conceito, o assunto ganhou nova<br />

dimensão. Assim, os profissionais de saúde precisaram<br />

mudar sua prática diária e o paciente passou a contar<br />

com o direito a ter a sua dor avaliada, com o mesmo elo


e re<strong>sp</strong>onsabilidade que os quatro parâmetros clínicos.<br />

A frase não só representa uma mudança de paradigma<br />

como também associa a avaliação de dor à equipe de<br />

Enfermagem, pois o controle dos sinais vitais e o cuidar<br />

do paciente são características que traduzem a profissão.<br />

“Apresentar a dor desta forma coloca a questão no<br />

âmbito da Enfermagem. ‘Dor como quinto sinal vital’ traz<br />

a re<strong>sp</strong>onsabilidade da avaliação e do manejo da dor para<br />

estes profissionais”, complementa Dayse.<br />

Nesta questão, a equipe de Enfermagem tem um papel<br />

muito importante na avaliação do quadro e no fluxo<br />

de comunicação desta queixa. O contato mais próximo<br />

do profissional de Enfermagem com o paciente dá à<br />

equipe um papel de vigilância, já que ela tem maior<br />

possibilidade de relatar e tomar condutas que sejam<br />

adequadas ao indivíduo. “A equipe<br />

de Enfermagem avalia o doente,<br />

administra a medicação e reavalia,<br />

para verificar a efetividade da<br />

conduta. O fato de estar mais<br />

próximo ao paciente facilita todo<br />

este processo de controle da dor”,<br />

explica Dayse.<br />

Hoje, a Enfermagem tem uma<br />

postura ativa na avaliação e no<br />

manejo da dor, deixando de lado o<br />

longo convívio cotidiano e pacífico<br />

com estas questões. Se antes<br />

a equipe de Enfermagem dizia<br />

para o doente que a dor era algo<br />

e<strong>sp</strong>erado em um pós-operatório,<br />

por exemplo, e aguardava que o<br />

médico prescrevesse algo para ela<br />

fazer, através do conhecimento dos<br />

conceitos de dor e da importância<br />

do tratamento preventivo, foi-se<br />

percebendo que a persistência da<br />

dor gera uma série de alterações no organismo, podendo<br />

levar a morbidades, além disso a recuperação é mais eficaz<br />

quando o controle da dor é realizado de forma adequada.<br />

Mesmo com a importância do controle da dor, ainda<br />

hoje os currículos dos cursos de formação contemplam<br />

a questão de forma pouco abrangente, e nem todos<br />

os profissionais estão preparados para incorporar o<br />

conhecimento di<strong>sp</strong>onível na literatura à prática diária.<br />

“A partir do momento em que a instituição vai partir<br />

para um processo de implantação do serviço de dor, ou<br />

começa a pensar em valorizar esta queixa do paciente, o<br />

primeiro passo é agir no conhecimento dos profissionais<br />

de uma forma geral”, justifica a Enfermeira.<br />

Avaliação da experiência dolorosa não é um<br />

procedimento simples. Na prática, a avaliação da dor<br />

engloba exame físico, histórico da doença, antecedentes<br />

familiares e pessoais significativos para o quadro, exames<br />

laboratoriais e de imagem, além da investigação de<br />

a<strong>sp</strong>ectos emocionais e culturais. Atualmente, a dor e suas<br />

limitações se tornaram uma grande doença, um grande<br />

problema de saúde pública, com custos que representam<br />

um grande impacto na economia, pois pode influir no<br />

aumento do tempo de internação, mais gastos com<br />

medicamentos e insumos, além de prejudicar a qualidade<br />

de vida do paciente.<br />

Tratamento<br />

“ A partir do momento<br />

que a instituição vai partir<br />

para um processo de<br />

implantação do serviço de<br />

dor ou começa a pensar<br />

em valorizar esta queixa do<br />

paciente, o primeiro passo<br />

é agir no conhecimento dos<br />

profissionais de uma forma<br />

geral ”<br />

Assim como a dor é uma questão biopsicossocial, sua<br />

estratégia de tratamento exige a atuação de uma<br />

equipe multiprofissional, composta de médicos de<br />

várias e<strong>sp</strong>ecialidades, Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares<br />

de Enfermagem, fisioterapeutas,<br />

psicólogos e assistentes sociais,<br />

entre outros, pois só assim o<br />

combate ao problema abrange<br />

a multidimensionalidade da dor.<br />

“A equipe deve atuar em várias<br />

frentes. Como a dor tem a<strong>sp</strong>ectos<br />

sensitivos, afetivos, motivacionais,<br />

cognitivos, de experiências<br />

anteriores, o tratamento deve<br />

considerar todos estes eventos”,<br />

destaca Dayse.<br />

Resultado de uma causa definida,<br />

como cirurgias ou traumas, a dor<br />

aguda desaparece com a cura da<br />

enfermidade. Entretanto, isto não<br />

significa que ela não precise ser<br />

cuidada. “A dor aguda vai sumir<br />

mesmo sem tratamento, com a<br />

cura, mas seu controle é muito<br />

importante, pois ela tem um<br />

impacto muito grande na vida<br />

do doente, e<strong>sp</strong>ecialmente em um<br />

momento que você precisa dele inteiramente voltado<br />

para a recuperação”, justifica Dayse. A persistência da<br />

dor prejudica o restabelecimento do paciente, uma vez<br />

que pode gerar estresse, ansiedade, agitação, elevação<br />

da pressão arterial, taquipnéia, ansiedade e agitação<br />

psicomotora. O tratamento da dor aguda está voltado<br />

para o tratamento da causa, associado a medicamentos e<br />

outras ações que trazem este benefício.<br />

Em casos de dor crônica, a persistência do problema pode<br />

acarretar modificações no sistema musculoesquelético,<br />

no sistema neurológico e no aparelho psíquico, influindo<br />

na qualidade de vida do doente. “A dor crônica causa um<br />

impacto muito grande na vida do paciente, principalmente<br />

no a<strong>sp</strong>ecto emocional. Ansiedade, depressão ansiosa,<br />

alterações de pensamento, pensamentos mais<br />

catastróficos, alterações do sono e irritabilidade são<br />

consequências comuns, em casos de dor crônica, que<br />

acabam prejudicando o tratamento. O paciente coloca<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 27


Enfermagem que<br />

faz a diferença<br />

um grande significado na dor, que acaba ocupando<br />

toda a vida dele”, complementa a profissional. Assim, o<br />

tratamento é focado na reabilitação biopsicossocial do<br />

indivíduo e, geralmente, exige a atuação de um psicólogo<br />

ou psiquiatra e de um fisioterapeuta ou fisiatra. Segundo<br />

Dayse, nesta situação, o paciente precisa aprender a<br />

conviver com a dor e o tratamento deve recuperar aquilo<br />

que resta ao paciente, além de ressignificar a questão da<br />

dor pra este indivíduo, uma vez que ele, provavelmente,<br />

vai conviver com o problema pelo resto da vida.<br />

Basicamente o controle da dor alia o tratamento<br />

farmacológico, que atua tanto na geração quanto na<br />

transmissão do estimulo doloroso, ou ainda aumentando<br />

o sistema supressor de dor, com técnicas não<br />

farmacológicas, que envolvem métodos físicos como bolsa<br />

de água quente, bolsa de gelo, massagem de conforto,<br />

alongamento, exercícios fisioterápicos, acupuntura, etc.<br />

Para prescrever o tratamento adequado, o primeiro passo<br />

é detectar a intensidade de dor do paciente. A partir<br />

deste diagnóstico, medidas são tomadas no sentido de<br />

levar um tratamento e diminuir a queixa. Esta avaliação<br />

é realizada com base no relato do paciente, observação<br />

do profissional e medidas das re<strong>sp</strong>ostas biológicas à dor.<br />

Outro a<strong>sp</strong>ecto fundamental é a reavaliação constante da<br />

experiência dolorosa e do alívio obtido com as terapias.<br />

“O grande problema na questão de dor é que existe um<br />

distanciamento muito grande entre o conhecimento científico<br />

di<strong>sp</strong>onível e a incorporação deste conhecimento à prática. Os<br />

profissionais devem estar sensibilizados para este tema para<br />

incorporar esta atitude na prática clinica diária”, alerta Dayse.<br />

A experiência do ICESP<br />

No Instituto do Câncer do Estado de São Paulo – ICESP,<br />

a Enfermagem atua no Ambulatório da Dor, prestando<br />

assistência através de consultas, cuidados e orientações,<br />

juntamente com toda equipe multiprofissional para o<br />

manejo e controle de sinais e sintomas. Na instituição,<br />

a Enfermeira do Ambulatório de Dor é referência<br />

também para dar suporte à equipe de Enfermagem<br />

e multiprofissional das unidades de internação.<br />

“Trabalhamos com o conceito de dor como o quinto sinal<br />

vital. Assim, entendemos que a dor é uma experiência<br />

difícil para quem vivencia e para quem cuida do paciente<br />

oncológico. Por isso, é necessária capacitação para dar<br />

o alívio e proporcionar melhora na qualidade de vida<br />

do paciente”, resume a Dra. Daniela Vivas dos Santos,<br />

gerente de Enfermagem do ICESP.<br />

No Instituto, este tema é abordado já no treinamento<br />

admissional, através do Centro de Treinamento e<br />

Educação em Oncologia do ICESP (CETO). “Temos<br />

Enfermeiros que recebem uma grade de treinamento mais<br />

intensa referente à dor, os quais formarão um grupo de<br />

ligação para esclarecimento das equipes das Unidades de<br />

Internação”, complementa Daniela.<br />

28 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

O grupo de dor do ICESP atua de maneira interdisciplinar<br />

e multiprofissional, e conta com quatro anestesistas, um<br />

neurologista clínico, duas Enfermeiras, um psicólogo,<br />

um nutricionista e um assistente social, que realizam<br />

atendimentos aos pacientes ambulatoriais e internados<br />

após encaminhamento médico. “Diariamente, o paciente<br />

internado é acompanhado por toda a equipe. Há também as<br />

reuniões semanais, onde são discutidos os casos e, dentro de<br />

uma abordagem interdisciplinar e multifatorial, as condutas<br />

são dirigidas e direcionadas”, lembra a Enfermeira.<br />

Como a dor é uma constante na maioria dos pacientes<br />

sob cuidados paliativos, O ICESP mantém essas equipes<br />

de Enfermagem sob a mesma coordenação, estreitando,<br />

assim, as relações e fortalecendo o trabalho em equipe. “O<br />

desenvolvimento dos profissionais que prestam assistência<br />

direta aos nossos pacientes com dor crônica ou aguda<br />

é fator prioritário no ICESP, principalmente nesta fase<br />

em que estamos implantando o Instituto e estruturando<br />

nossa equipe. Estamos admitindo mensalmente um<br />

grande número de profissionais, e este alinhamento junto<br />

ao nosso CETO é um grande desafio”, finaliza a Drª Wania<br />

Baia, Enfermeira Diretora Geral de Assistência do ICESP.<br />

Um pouco de história<br />

A dor acomete os homens desde o princípio e, ao longo<br />

dos tempos, passou por diversas interpretações e vários<br />

sentidos foram atribuídos a ela. Nos primórdios, a dor era<br />

vista como algo sobre a qual não havia o que ser feito.<br />

Denotava alguma doença, uma alteração, e para a qual<br />

não se tinha muito que fazer.<br />

Ao longo da história, a dor também foi associada a<br />

um caráter mítico, de punição, dado principalmente<br />

pelo catolicismo e pelo protestantismo. Vários filósofos<br />

também trabalharam sobre o tema. O filósofo grego<br />

Aristóteles definiu a dor como algo que tinha a ver com<br />

a alma, e nada a ver com o corpo. Já no século XVII,<br />

o filósofo francês René Descartes via a dor como uma<br />

sensação. Todas estas definições e interpretações foram se<br />

modificando ao longo do tempo, até que, no século XX,<br />

os estudiosos passaram a considerar a dor uma sensação<br />

e uma emoção que está associada à presença de lesão<br />

ou machucado, em que o indivíduo sente dor graças a<br />

uma alteração da estrutura deste sistema transmissor/<br />

supressor de dor.<br />

A partir dos anos 1990, os a<strong>sp</strong>ectos emocionais,<br />

sensitivos e cognitivos foram incorporados à dor. “O<br />

modelo de dor que a gente segue hoje é o que chamamos<br />

biopsicossocial, onde temos componentes sensitivos,<br />

cognitivos, afetivos e de experiências. A dor tem a ver<br />

com as crenças, valores e com a cultura de cada pessoa.<br />

Por isso mesmo, cada indivíduo vai experimentar a<br />

sensação dolorosa de uma forma diferente”, destaca a<br />

Enfermeira Dayse. Foi nesta época que surgiu o conceito<br />

de dor como o quinto sinal vital.


Medindo a dor<br />

Para a correta avaliação da experiência dolorosa do paciente, é preciso analisar a intensidade da dor com base na<br />

descrição do paciente. Para ajudar o profissional nesta tarefa, a literatura di<strong>sp</strong>õe de escalas que classificam a dor<br />

em leve, moderada e intensa. O uso destes instrumentos deve estar de acordo com o nível de compreensão, nível<br />

de consciência e idade do paciente.<br />

Escala qualitativa<br />

O paciente deve classificar sua dor como: sem dor, dor leve, dor moderada, dor intensa, dor insuportável.<br />

Escala numérica<br />

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10<br />

Sem dor Dor máxima<br />

Consiste em uma régua, dividida em onze partes iguais, numeradas de 0 a 10. O paciente deve apontar a intensidade<br />

da sua dor. O nível 0 corre<strong>sp</strong>onde à ausência de dor, e nível 10 significa a pior dor imaginável.<br />

Escala de faces<br />

Na Escala de Faces o doente classifica a intensidade da sua dor de acordo com a expressão representada em cada<br />

face desenhada. A expressão de felicidade corre<strong>sp</strong>onde a classificação “sem dor” e a expressão de máxima tristeza<br />

corre<strong>sp</strong>onde a classificação “dor máxima”<br />

Escala comportamental<br />

Para a aplicação desta escala o paciente é questionado sobre sua lembrança da dor em relação a suas atividades<br />

diárias, o qual atribui uma nota.<br />

Nota zero - Dor ausente ou sem dor<br />

Nota três - Dor presente, havendo períodos em que é esquecida<br />

Nota seis - A dor não é esquecida, mas não impede exercer atividades da vida diária<br />

Nota oito - A dor não é esquecida, e atrapalha todas as atividades da vida diária, exceto alimentação e higiene<br />

Nota dez - A dor persiste mesmo em repouso, está presente e não pode ser ignorada, sendo o repouso imperativo<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 29


Enfermagem que<br />

faz a diferença<br />

Enfermeira formada há 29 anos e e<strong>sp</strong>ecialista em<br />

dermatologia, Rita de Cássia Viana Katayama sempre<br />

teve uma paixão: atuar no tratamento e na prevenção de<br />

feridas. Mas o trabalho que esta profissional desempenhou<br />

no final de 2007 vai muito além do que a grande maioria<br />

dos profissionais que trabalham com tratamento de feridas<br />

no Brasil consegue imaginar.<br />

Rita de Cássia conta que uma amiga Enfermeira, Irmã<br />

Maria de Lourdes da Silva, que mora há 20 anos na Costa<br />

do Marfim, numa de suas visitas ao Brasil, trouxe um vídeo<br />

mostrando o trabalho que ela e outra brasileira, Irmã Maria<br />

da Silveira, desenvolviam no país africano. “Sabendo da<br />

minha experiência com o tratamento de feridas, ela trouxe<br />

aquele material para que eu pudesse ajudar com alguma<br />

orientação. Quando vi o vídeo, eu fiquei chocada. De<br />

30 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Enfermeira brasileira assiste<br />

pacientes na África<br />

Dra. Rita Katayama: “Sempre levarei a África no meu coração”<br />

Paciente com o braço lesionado por úlcera de Buruli<br />

todas as feridas de que eu tinha cuidado<br />

na minha vida inteira, eu jamais tinha visto<br />

algo naquela proporção”, conta Dra. Rita<br />

de Cássia. A partir daquele dia, estabeleceu<br />

uma meta: ir até aquele país oferecer a sua<br />

ajuda e sua experiência.<br />

A úlcera de Buruli<br />

No final de 2007, a Enfermeira conseguiu<br />

realizar sua meta. Sozinha e pagando do<br />

próprio bolso, Dra. Rita de Cássia foi até<br />

a Costa do Marfim, tratar de pacientes<br />

com úlcera de Buruli [lê-se burulí, com<br />

o “i” tônico]. Trata-se de uma doença<br />

causada pelo Mycobacterium ulcerans,<br />

uma micobactéria da mesma família da<br />

tuberculose e da hanseníase. A micobactéria<br />

produz uma toxina imunossupressiva local, que atinge<br />

a vascularização cutânea, destruindo os tecidos (pele,<br />

músculos, ossos e articulações) e inibindo a re<strong>sp</strong>osta<br />

imunológica. O resultado são feridas bastante extensas,<br />

que podem levar à morte por septicemia ou à necessidade<br />

de amputação, e que, mesmo depois de tratadas, causam<br />

grandes deformidades, deixando inválidos cerca de 60%<br />

dos pacientes. Outras complicações podem envolver artrite,<br />

osteoartrite, osteomielite e até câncer.<br />

A úlcera de Buruli é uma das doenças tropicais mais<br />

negligenciadas do mundo. Existem casos em mais de<br />

30 países, principalmente em locais de clima tropical e<br />

subtropical, embora existam casos reportados em áreas<br />

temperadas da Austrália. Na região das Américas, a Guiana<br />

Francesa tem um importante foco endêmico. México,<br />

Peru, Suriname e até o Brasil também já possuem casos<br />

registrados, segundo a OMS. A África abriga as maiores<br />

zonas endêmicas, principalmente na Costa do Marfim<br />

onde se concentra o maior foco. A notificação de casos,<br />

porém, é baixa devido ao pouco conhecimento sobre a<br />

doença, sua distribuição focal e o fato de que ela afeta<br />

principalmente as comunidades rurais pobres.<br />

O modo de transmissão não está completamente esclarecido.<br />

Porém, existem indicios de um ho<strong>sp</strong>edeiro intermediário,<br />

provavelmente um vetor aquático, uma vez que a maioria<br />

da população atingida vive ou trabalha em locais próximos<br />

a nichos aquáticos (lagos, rios e pântanos). Pesquisadores


encontraram a micobactéria na saliva do inseto Naucoridae<br />

cimicoides e acreditam que, ao picar um ser humano, o animal<br />

deposita o agente etiológico sobre a pele. A úlcera se desenvolve<br />

geralmente no local da picada (mais comumente membros<br />

superiores e inferiores), mas também pode surgir na forma<br />

multifocal, caso a micobactéria caia na circulação sanguínea.<br />

Os primeiros sinais clínicos são manchas avermelhadas, que<br />

evoluem para nódulos. Estes nódulos endurecem e formam<br />

uma placa. Evoluem, então, para um edema importante que,<br />

por fim, leva à lesão. Os nódulos são palpáveis e delimitados,<br />

fáceis de identificar, mas são indolores. E, como a característica<br />

imunossupressiva também evita a febre, isso leva a uma taxa<br />

de 90% de diagnóstico tardio. “Quando os pacientes chegam,<br />

quase sempre já estão num estágio avançado da doença, já<br />

na fase do edema. Geralmente, quando chega nesse ponto,<br />

embora ainda não haja ferida aberta, o tecido sob a pele já<br />

está bastante comprometido e muitas vezes necrosado”, conta<br />

a Dra. Rita de Cássia. No entanto, quando o diagnóstico é<br />

precoce, uma pequena cirurgia para a retirada do nódulo<br />

geralmente resolve o problema.<br />

O trabalho na África<br />

A Enfermeira, que ficou na Costa do Marfim durante dois<br />

meses, entre novembro e dezembro de 2007 (precisou<br />

antecipar sua volta por ter contraído malária), relata o<br />

cenário que encontrou por lá. “Tudo o que a gente vê<br />

na TV, em documentários, não se compara ao tamanho<br />

da miséria que eu vi”, descreve a Enfermeira. A África é o<br />

continente que apresenta a maior proporção da população<br />

abaixo da linha da pobreza da ONU, sem condições mínimas<br />

de sobrevivência. Isso se reflete nos índices de mortalidade,<br />

fome, abandono e violência. Além da pobreza material, os<br />

conflitos tribais, étnicos e mesmo religiosos inviabilizam o<br />

desenvolvimento em muitos países africanos, sobretudo<br />

na Costa do Marfim, que tem cerca de 18 milhões de<br />

habitantes, com expectativa de vida de 49 anos. Metade da<br />

população é considerada analfabeta e 42% vivem abaixo do<br />

nível de pobreza da ONU. “Quando eu vi as primeiras feridas<br />

causadas pela úlcera de Buruli, eu imaginei que não era<br />

possível um ser humano aguentar viver naquela situação,<br />

mas, ao mesmo tempo, fiquei admirada com a resistência<br />

que aquelas pessoas tinham à dor e ao sofrimento.”<br />

Assim que chegou ao vilarejo, a Enfermeira foi checar o<br />

material que tinha à di<strong>sp</strong>osição. Havia alguns itens de boa<br />

qualidade, frutos de uma doação de um leigo italiano,<br />

que visitou a região e também ficou sensibilizado com a<br />

situação. Porém, a equipe que trabalhava no ho<strong>sp</strong>ital não<br />

sabia como usá-los, pois eram produtos mais modernos, que<br />

exigem técnica adequada e conhecimento mais profundo.<br />

“Eu conhecia todos aqueles produtos e a primeira coisa<br />

que fiz foi separar tudo – inclusive os materiais vencidos,<br />

tamanha a precariedade de recursos – e fui usando em<br />

feridas diferentes, para ver que tipo de ferida apresentava<br />

melhor reação a determinado tipo de produto”, conta. Dra.<br />

Rita de Cássia percebeu que as feridas reagiam bem e, nos<br />

primeiros 15 dias, houve uma evolução muito grande com<br />

produtos, como placa de hidrocoloide, carvão ativado e<br />

outros curativos conhecidos dos Enfermeiros brasileiros. “Na<br />

verdade, aquelas feridas precisavam de cuidados até básicos,<br />

como uma higiene adequada”, explica a Enfermeira.<br />

Porém, por serem feridas muito grandes, os produtos<br />

acabavam muito rápido. Muitas vezes, eram necessárias<br />

uma ou duas caixas de um produto para tratar uma<br />

única lesão. “Eram poucos recursos – cheguei a precisar<br />

usar uma única luva para realizar 50, 80 curativos – e<br />

muitos produtos acabaram durante minha permanência lá.<br />

Então, até hoje eu luto para conseguir, junto a empresas,<br />

enviar materiais para lá. Hoje eu dou palestras sobre esta<br />

minha experiência e o pagamento eu peço para depositar<br />

diretamente numa conta da África. Vai tudo para lá”.<br />

Trabalho engrandecedor<br />

A experiência de estar na África, cuidando de pacientes<br />

com úlcera de Buruli, mudou a vida de Rita. “No a<strong>sp</strong>ecto<br />

humano, pude presenciar a nobreza de um trabalho<br />

humanitário e a humildade em ação, através das religiosas<br />

brasileiras, as Enfermeiras Ir. Lourdes e Ir. Maria, e da<br />

educadora Ir. Verônica Rosvasdoki. Num cenário de<br />

pobreza, miséria e dor, vi o sorriso mais lindo e mais puro,<br />

o olhar mais agradecido e sublime, a diversidade cultural,<br />

o amor pela terra, a beleza dos gestos mais simples, os<br />

penteados mais bonitos e o bom gosto dos adereços.<br />

Aprendi que as pessoas podem encontrar a felicidade,<br />

mesmo vivendo abaixo do limiar da pobreza. Foram lições<br />

diárias que me ensinavam o verdadeiro sentido da palavra<br />

superação e do amor ao próximo”, relata.<br />

No âmbito profissional, Dra. Rita de Cássia também<br />

considerou a experiência enriquecedora: “Ensinei,<br />

aprendi, cuidei e fui cuidada, o que me trouxe um grande<br />

crescimento profissional”.<br />

Por fim, a Enfermeira deixa uma lição de humanidade e<br />

doação ao próximo: “Muitas pessoas me perguntam por<br />

que ir até a África, quando há tantos lugares pobres aqui<br />

no Brasil. Eu re<strong>sp</strong>ondo que eu queria levar ajuda aonde<br />

ela não chega. E lá não chega. Lá eles são esquecidos pelo<br />

mundo. Eu sempre levarei a África no meu coração”.<br />

Quem quiser saber mais sobre a experiência de Rita<br />

Katayama pode entrar em contato através do e-mail<br />

ritakatayama@uol.com.br.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 31


Compromisso<br />

Este é o texto de uma mensagem, um desabado, enviado<br />

ao COREN-SP por uma profissional que, como tantos<br />

outros, amam sua profissão, mas têm sentido cada vez<br />

mais dificuldades em conviver com situações anormais<br />

– porém, cada vez mais comuns – de violência em seus<br />

locais de trabalho.<br />

Diante desse quadro, faz-se necessário compreender o que<br />

realmente ocorreu é não é muito difícil saber que este é um<br />

exemplo clássico de assédio e violência contra o trabalhador<br />

de saúde. Infelizmente no Brasil e em muitos outros<br />

32 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

É ASSEDIO .........<br />

“Exerço há 15 anos a função de auxiliar de enfermagem, e durante esses 15 anos dediquei amor e<br />

seriedade a esse cargo. Para minha tristeza, desejei abandoná-lo, pois o local onde trabalho não oferece<br />

segurança. Dia 16/04/09 fui agredida por uma paciente. Além de injúrias proclamadas pela mesma, ela<br />

jurou que voltaria para cometer um crime contra a minha vida. Os funcionários públicos da saúde e da<br />

educação estão à mercê das barbaridades de pessoas que não possuem limites. Enquanto não conseguem<br />

o que desejam, fazem de nós reféns do ódio por eles cultivado. Como voltar à unidade de trabalho<br />

sabendo que vão atentar contra a sua vida? E assim a impunidade continua. Onde está a segurança? O<br />

que dói não é a lesão causada pelo chute recebido, pois essa sairá com o tempo. Mas a minha vida sofreu<br />

um dano irremediável, onde minha crença no ser humano está abalada, ficando violentada para sempre.<br />

E<strong>sp</strong>ero, um dia, poder trabalhar sem medo e com segurança, e que tamanha brutalidade jamais se repita”.<br />

EMSC.<br />

lugares estas situações são percebidas e tratadas dentro dos<br />

equipamentos de saúde, quer público ou privado, como algo<br />

que deva ser deixado de lado e muitas vezes é banalizado,<br />

e até ignorado; algumas vezes por indiferença, outras por<br />

covardia e, até mesmo, por desconhecimento dos dirigentes<br />

e funcionários destes estabelecimentos de saúde.<br />

Gestores e profissionais que exercem sua cidadania<br />

felizmente tomam atitudes como EMSC e denunciam<br />

com tranqüilidade este tipo de assédio. Parabéns EMSC<br />

isso sim é exercício de CIDADANIA.<br />

A Dra. Sarah Munhoz destaca que o assédio moral no trabalho deve ser combatido de forma eficaz


Mas, EMSC e demais colegas sinto informá-los que<br />

o assédio moral ou violência fisica/moral não é um<br />

fenômeno novo. Pode-se dizer que ele é tão antigo<br />

quanto o trabalho. A novidade esta em nossa consciência<br />

em não permitir que situações como a apresentada,<br />

não seja enxergada como algo que faz parte do nosso<br />

cotidiano no trabalho. O paciente tem razão, o cliente<br />

tem razão, mas os profissionais de saúde também tem<br />

suas razões e direitos e por isso através deste artigo<br />

dizem NÃO a este abuso de autoridade e poder quer dos<br />

pacientes, instituições ou mesmo de nossos pares.<br />

Sentimento de humilhação e de assedio às vezes se<br />

confundem no dia a dia do trabalho, enquanto a<br />

humilhação é um: sentimento de ofensa, meno<strong>sp</strong>rezo<br />

constrangimento, magoa cão e raiva, levando a sentimentos<br />

mais intensos como dor, tristeza e sofrimento; o assédio<br />

moral no trabalho é a exposição dos profissionais a<br />

situações humilhantes e constrangedoras, repetitivas e<br />

prolongadas durante a jornada de trabalho ou durante<br />

um longo período pela submissão do profissional a<br />

condições tão instáveis no ambiente de trabalho que<br />

forçam o pedido de demissão uma vez este não consegue<br />

suportar os prejuízos do clima organizacional assim como<br />

da fragilização de sua auto-estima, gerando distúrbios<br />

emocionais: “O que dói não é a lesão causada pelo chute<br />

recebido, essa sairá com o tempo, mas a minha vida<br />

sofreu um dano irremediável, onde minha crença no ser<br />

humano está abalada, ficando violentada para sempre”.<br />

Segundo diferentes autores é consenso que para se<br />

caracterizar o assedio moral no trabalho é preciso existir<br />

1. Repetição sistemática<br />

2. Intencionalidade (forçar o outro a abrir mão do<br />

emprego)<br />

3. Direcionalidade (uma pessoa do grupo é escolhida<br />

como bode expiatório)<br />

4. Temporalidade (durante a jornada, por dias e meses)<br />

5. Degradação deliberada das condições de trabalho<br />

Entretanto, quer seja um ato ou a repetição deste ato,<br />

Resista: anote com detalhes toda as humilhações<br />

sofridas. Se possível busque uma testemunha<br />

Faça o problema ficar visível aos olhos de todos –<br />

inclusive da sociedade:<br />

Organize-se: busque ajuda dentro e fora da empresa.<br />

Evitar conversar com o agressor sem a presença de<br />

testemunhas.<br />

Exija por escrito explicações do agressor e envie<br />

O que a vítima deve fazer?<br />

devemos combater firmemente por constituir uma<br />

violência psicológica, causando danos à saúde física e<br />

mental, não somente daquele que é excluído, mas de<br />

todo o coletivo que testemunha esses atos.<br />

A violência moral no trabalho constitui um fenômeno<br />

internacional segundo levantamento recente da<br />

Organização Internacional do Trabalho (OIT) com<br />

diversos paises desenvolvidos. A pesquisa aponta para<br />

distúrbios da saúde mental relacionado com as condições<br />

de trabalho em países como Finlândia, Alemanha, Reino<br />

Unido, Polônia e Estados Unidos. Esta mesma organização<br />

vê como tendência para os próximos anos o “mal<br />

estar na globalização“, onde predominará depressões,<br />

angustias e outros danos psíquicos, relacionados com as<br />

novas políticas de gestão na organização de trabalho”.<br />

Previsão tão nefasta me impulsiona a conclamar todos<br />

os profissionais da nossa categoria para não permitirmos<br />

tais abusos. Temos que lutar para recuperar ou manter<br />

(para aqueles que estiverem em melhores condições)<br />

a dignidade, a identidade, o re<strong>sp</strong>eito, a auto-estima e<br />

condições adequadas para um ambiente de trabalho que<br />

nos de segurança.<br />

O basta à humilhação e ao assedio moral do trabalhador<br />

depende também da informação, organização e<br />

mobilização dos trabalhadores, pois um ambiente de<br />

trabalho saudável e seguro é uma conquista diária<br />

possível na medida em que haja continuidade de<br />

condições dignas de trabalho.<br />

O combate de forma eficaz ao assédio moral no trabalho<br />

exige a formação de um grupo de diferentes profissionais<br />

assim como dos sindicatos, a Associação Brasileira de<br />

Enfermagem, o Conselho Regional de Enfermagem,<br />

advogados e outros profissionais para um amplo debate e<br />

reflexão sobre o assédio moral. Este é só o primeiro passo,<br />

mas com ele saímos da inércia rumo a conquista de um<br />

local de trabalho livre de riscos e violências e que seja<br />

sinônimo de cidadania. Exerça esse direito. É seu dever.<br />

documento protocolado ao departamento de<br />

recursos humanos da instituição<br />

Procure todos os órgãos de classe<br />

Vá ao centro de referencia em saúde dos<br />

trabalhadores<br />

Busque ajuda junto aos seus familiares e amigos.<br />

Indiguine-se e ajude seus colegas: a próxima vitima<br />

pode ser você<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 33


Educadores<br />

em Saúde<br />

No noroeste do estado de São Paulo, São José do Rio<br />

Preto tem uma história de batalhas contra a Aids e as<br />

doenças sexualmente transmissíveis. O município, que já<br />

esteve no quarto lugar em números relativos de casos de<br />

Aids, ocupa hoje a 21ª posição. Os bons resultados foram<br />

alcançados graças ao Programa Municipal de DST e Aids,<br />

desenvolvido pelo núcleo de Vigilância Epidemiológica,<br />

coordenado pelo Enfermeiro Prof. Dr. Luciano Garcia<br />

Lourenção, da Secretaria Municipal de Saúde e Higiene.<br />

Atualmente sob a coordenação da assistente social Denise<br />

A equipe do Ambulatório de Saúde “T” (da esq. para a dir.): o Coordenador do Programa<br />

SIDAdania Osvaldo Luis Egea Lisboa, a agente de saúde Danúbia Reis, o médico Flávio<br />

Henrique Borin e a Enfermeira Maria Aparecida Silva.<br />

Gandolfi, o programa, implantado em 1995, tem investido<br />

na prevenção como forma de minimizar o problema.<br />

São José do Rio Preto comemora os resultados positivos<br />

deste trabalho, e o número de novos casos notificados<br />

vem caiando ano a ano. Em 2000, o município registrou<br />

240 novos casos; em 2007, o índice caiu para 136 e,<br />

no ano passado, ocorreram apenas 35 novas notificações.<br />

O trabalho preventivo, aliado ao tratamento com o<br />

coquetel, reduziu o índice de mortalidade de 24,8 (por<br />

100 mil habitantes) em 2000, para 12,8 (por 100 mil<br />

habitantes) em 2006.<br />

Dentro do programa, as doenças sexualmente<br />

transmissíveis também são rapidamente identificadas e<br />

tratadas, pois, além do problema de saúde pública que<br />

representam, são facilitadoras da infecção pelo HIV.<br />

Segundo a Enfermeira Maria Aparecida Batista da Rocha<br />

Silva, Referência Técnica em DST dentro do Programa,<br />

o atendimento de usuários com DSTs tem algumas<br />

particularidades. “Através da abordagem sindrômica, ele<br />

visa interromper a cadeia de transmissão da forma mais<br />

efetiva e imediata possível, evitando as complicações<br />

advindas da DST em questão, bem como a cessação dos<br />

sintomas”, explica. Em uma única consulta, é possível<br />

realizar o diagnóstico, tratamento e aconselhamento<br />

34 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Experiência bem sucedida<br />

adequados. “Para o atendimento, utilizamos fluxogramas<br />

que incluem uma série de polígonos de decisão e ações<br />

que contêm as informações básicas necessárias ao<br />

manejo dos usuários com queixa de DST”, complementa<br />

Maria Aparecida.<br />

Diante desta diretriz do Ministério da Saúde, o Programa<br />

Municipal de DST e Aids de São José do Rio Preto<br />

capacitou os profissionais da rede básica, principalmente<br />

Enfermeiros, que, através de protocolo municipal, atendem<br />

aos usuários que chegam ao serviço com queixa de DST.<br />

“As equipes de saúde da atenção básica são capacitadas<br />

e monitoradas quanto à Abordagem Sindrômica das DST.<br />

As capacitações também são realizadas para graduandos<br />

do quarto ano de Enfermagem, farmácia, bioquímica<br />

e medicina nas universidades do município”, destaca a<br />

profissional.<br />

Dentro do programa, ainda funciona o Ambulatório de<br />

Saúde “T”, que atende travestis em clínica geral, e um<br />

núcleo de ações de prevenção em DST/Aids, que atua em<br />

empresas do município e promove ações em parceria com<br />

os demais setores que fazem parte do Centro Municipal<br />

de Prevenção e Diagnóstico em DST e Aids.<br />

Profissionais qualificados e<br />

comprometidos<br />

Desde que foi implantado, o Programa Municipal de DST e<br />

Aids de São José do Rio Preto busca diminuir a vulnerabilidade<br />

da população em adquirir estas doenças e, através de uma<br />

assistência humanizada, a melhoria da qualidade de vida das<br />

pessoas afetadas. “O preconceito e a discriminação causam<br />

um grande impacto social na vida do doente. Através de<br />

políticas públicas, e em consonância com os princípios do<br />

SUS, também atuamos para diminuir o preconceito”, destaca<br />

Maria Aparecida.<br />

As ações de promoção da saúde, prevenção e diagnóstico<br />

de DST/HIV/Aids são direcionadas para população em geral<br />

e populações e<strong>sp</strong>ecíficas que apresentam altos índices de<br />

vulnerabilidade. Dentro do CMPD as ações são desenvolvidas<br />

por uma equipe multiprofissional de Enfermeiros, Técnicos<br />

e Auxiliares de Enfermagem, psicólogos, assistentes sociais,<br />

médicos, terapeuta ocupacional, educadora em saúde pública<br />

e agentes comunitários de saúde.<br />

Os profissionais do centro estão habilitados na área de<br />

aconselhamento e testagem para HIV (metodologia<br />

convencional e rápida), Sífilis e Hepatites B e C; e ainda<br />

capacitados na área de prevenção. “Os profissionais de nível<br />

superior também estão habilitados e atuam para formar<br />

multiplicadores nos temas de sexualidade, prevenção de


DST/HIV/Aids e hepatites virais, abordagem sindrômica das<br />

DSTs, redução de danos, vulnerabilidade e outros temas<br />

transversais”, completa Maria Aparecida.<br />

Programas desenvolvidos<br />

Com foco na prevenção, o programa atende, em<br />

campo, populações e<strong>sp</strong>ecíficas e mais vulneráveis, como<br />

adolescentes escolarizados e em privação de liberdade,<br />

mulheres de baixa renda que e mulheres afrodescendentes<br />

que vivem em contextos de exclusão social, universitários,<br />

profissionais do sexo, usuários de drogas e GLBTs.<br />

As atividades são pautadas por ações educativas em<br />

DST, HIV, Aids e hepatites, com a distribuição de<br />

preservativos masculinos e femininos. Para o programa<br />

de redução de danos para dependentes de drogas<br />

injetáveis, existe a distribuição de kits. Periodicamente, o<br />

Programa realiza oficinas de prevenção e palestras, além<br />

de encaminhamentos diversos. “Cada programa mapeia<br />

continuamente a população a ser acessada, de acordo com<br />

indicadores epidemiológicos, de vulnerabilidade social,<br />

entre outros. A percepção dos profissionais no cotidiano<br />

de trabalho realizado também orienta as ações”, salienta.<br />

Os programas desenvolvidos são:<br />

• Universitários – desde 2004, a equipe do CMPD<br />

realiza capacitações e atividades de prevenção para<br />

população universitária.<br />

• SIDAdania – programa voltado para os profissionais<br />

do sexo orienta mulheres, garotos de programa,<br />

travestis e transexuais.<br />

• Adolescentes – destinado aos adolescentes<br />

matriculados no ensino médio das escolas estaduais.<br />

• Mulheres de baixa renda – população acessada<br />

através dos núcleos da Secretaria Municipal de<br />

Assistência Social.<br />

• Mulheres afrodescendentes – destinado a mulheres<br />

em situação de vulnerabilidade social na periferia,<br />

através de visitas domiciliares e na comunidade.<br />

• HSH – voltado para homens que fazem sexo com<br />

homens.<br />

• Programa de redução de danos em uso de drogas<br />

– PRD – acessa usuários de drogas em campo e<br />

organiza, junto ao SIDAdania, políticas de redução<br />

de danos, inclusive para travestis que fazem uso de<br />

silicone industrial.<br />

• Terceira Idade – atendimento aos idosos dos núcleos<br />

da Secretaria Municipal de Assistência Social e<br />

outros locais.<br />

• Unidade de Redução de Danos Itinerante – aconselhamento<br />

e testagem de sífilis, HIV e hepatites B e C.<br />

Ações dos profissionais de<br />

Enfermagem<br />

A atuação dos profissionais de Enfermagem dentro dos<br />

projetos é bastante ampla. No Centro de Testagem e<br />

Aconselhamento em DST/Aids – CTA, as Enfermeiras<br />

Maria Inês Spinelli Arantes e Vanessa Negrelli da Silva<br />

e as Técnicas de Enfermagem Mirian Ferreira e Natalina<br />

Pereira de Araújo trabalham para o diagnóstico precoce<br />

da infecção, bem como para reduzir o índice de infecção<br />

pelas DSTs, HIV e Aids.<br />

Dentro do serviço, a população encontra aconselhamento<br />

pré e pós teste, para realização dos exames, execução de<br />

teste rápido para HIV, além de orientação em DST, HIV,<br />

hepatites e redução de danos por telefone e Internet. O<br />

Centro de Testagem realiza, ainda, coleta de escarro para<br />

baciloscopia em usuários sintomáticos re<strong>sp</strong>iratórios. A<br />

equipe também é re<strong>sp</strong>onsável por palestras e ações de<br />

capacitação.<br />

O CTA também di<strong>sp</strong>onibiliza preservativos masculinos e<br />

femininos, gel e kits de redução de danos, de acordo com<br />

a necessidade do usuário, e atendimento em DST, através<br />

da abordagem sindrômica para os usuários do serviço que<br />

apresentarem sinais e sintomas.<br />

Na Unidade de Redução de Danos Itinerante – URDI a<br />

Enfermeira Juliana Oliveira, a Técnica de Enfermagem<br />

Andréia Isaura da Silva e a Auxiliar de Enfermagem<br />

Silvia Helena de Souza trabalham diretamente com<br />

aconselhamento para a população. A enfermeira também<br />

realiza o teste convencional para HIV, sífilis e hepatites B<br />

e C em empresas, escolas, eventos de saúde, populações<br />

mais vulneráveis e de difícil acesso.<br />

A URDI também di<strong>sp</strong>onibiliza insumos de prevenção<br />

e realiza atendimento em DST através da abordagem<br />

sindrômica, palestras, capacitação e, quando<br />

recomendado, vacinação para hepatite B.<br />

Coordenado pela Enfermeira Aparecida Rosana de Oliveira,<br />

o Programa de Redução de Danos em Uso de Drogas – PRD<br />

atua para diminuir a infecção pelas doenças sexualmente<br />

transmissíveis, HIV, Aids e hepatites B e C, entre usuários<br />

de drogas, orientando quanto à prática sexual segura e<br />

alertando quanto ao uso de agulhas e seringas descartáveis.<br />

Quando é feito um diagnóstico positivo para HIV/Aids, o<br />

usuário é encaminhado para o Serviço de Atendimento<br />

E<strong>sp</strong>ecial – SAE, gerenciado pela Enfermeira Marisa Bacani<br />

Posso, onde recebe todo o tratamento, acompanhado por<br />

uma equipe multiprofissional. O mesmo acontece nos<br />

casos de hepatites B e C – o paciente recebe tratamento<br />

no Ambulatório Municipal de Hepatites, gerenciado pela<br />

Enfermeira Diene Longui Trajano.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 35


Atualidades<br />

36 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Graduação em obstetrícia da USP Leste:<br />

esclarecimento e alerta do COREN-SP<br />

O COREN-SP está obrigado, na vigência de liminar judicial,<br />

a acatar ordem judicial, que determina ao Conselho a<br />

concessão de registro profissional de enfermeiro aos<br />

alunos formados pelo curso de Graduação em Obstetrícia<br />

da USP Leste, localizada na Capital. Embora seja decisão<br />

não-definitiva, deve ser acatada e re<strong>sp</strong>eitada.<br />

Entretanto, temos e estamos fortemente determinados a<br />

continuar a lutar contra esta situação que, entendemos,<br />

lamentável e desnecessária à realidade assistencial na<br />

Enfermagem Obstétrica.<br />

Em primeiro lugar, torna-se importante destacar que as<br />

formandas do referido curso não estão e nem estarão,<br />

considerado o atual Projeto Pedagógico, devidamente<br />

preparadas para esta assistência em sua integralidade,<br />

conforme o determinado pelas Diretrizes Curriculares<br />

Nacionais para a Formação do Enfermeiro.<br />

Existem alguns a<strong>sp</strong>ectos a serem considerados por<br />

este Conselho, a re<strong>sp</strong>eito, que estaremos levando ao<br />

conhecimento de todos os Enfermeiros, quais sejam:<br />

1. Não estão capacitadas e não têm competência para<br />

assumirem ações do Enfermeiro previstas em Lei, embora<br />

estejam habilitadas por força judicial.<br />

Consequencia: se cometerem iatrogenia, tanto o paciente<br />

poderá processá-las judicial e eticamente, como poderá<br />

fazer o mesmo contra a Instituição de Saúde onde estejam<br />

assumindo ações do Enfermeiro, que é corre<strong>sp</strong>onsável e,<br />

inclusive, a Enfermeira Re<strong>sp</strong>onsável Técnica também será<br />

envolvida, ética e judicialmente.<br />

Por quê?<br />

Porque, embora tenham a habilitação legal, não têm<br />

a pertinente capacitação e, se a Instituição e a RT<br />

delegam, a estas obstetrizes, algo para o qual não<br />

estejam capacitadas, assumirão a corre<strong>sp</strong>onsabilidade da<br />

delegação em caso de iatrogenias ou danos na assistência.<br />

2. Em qualquer processo de admissão e seleção<br />

profissional, não deve ser feito valer apenas o “papel”<br />

que comprova a “formação”, e sim a real capacitação e<br />

competência técnica, científica e prática das ações que<br />

façam parte do perfil profissional desejado e procurado,<br />

promovendo a segurança do paciente necessária.<br />

Assim, uma seleção que não observe estes a<strong>sp</strong>ectos,<br />

impõe iminente risco ético-profissional e institucional.<br />

3. Por que o Enfermeiro RT irá correr o risco de admitir<br />

estes “profissionais” mal capacitados e sem a necessária<br />

competência prevista na Diretriz Curricular 03/2001 do<br />

MEC, quando existem profissionais capacitados nesta<br />

Diretriz?<br />

4. Lembramos que não estamos liberando a cédula<br />

inscricional, mesmo por que, não existe esta previsão em<br />

nossa Lei e, portanto, inexistem meios de concedermos<br />

esta cédula, com anotação de direcionamento para<br />

a área obstétrica, uma vez que esta condição existe<br />

somente através dos cursos de pós-graduação. Estamos<br />

concedendo uma Certidão de Registro Profissional, com<br />

esta restrição e<strong>sp</strong>ecífica, que deve ser rigorosamente<br />

observada;<br />

5. Portanto, reiteramos que poderão somente assumir<br />

ações obstétricas relacionadas ao ato do parto e nada<br />

mais.<br />

6. Nos casos de estágios, esta questão assume maior risco,<br />

uma vez que nem profissionais são, e o Enfermeiro que<br />

permitir que desenvolvam ações técnicas privativas da<br />

Enfermagem, como aplicação de medicamentos, curativos<br />

e outros pertinentes à profissão, será re<strong>sp</strong>onsabilizado<br />

eticamente, sem prejuízo de consequências judiciais,<br />

devido caracterização do exercício ilegal da profissão.<br />

Reiteramos portanto que, caso o paciente seja lesado<br />

em sua integridade, o Enfermeiro, seja professor de<br />

estágios, seja re<strong>sp</strong>onsável pelo campo, será seriamente<br />

comprometido ética e judicialmente.<br />

COREN-SP: ASSISTêNCIA DE ENFERMAGEM COM<br />

DIGNIDADE E RESPONSABILIDADE.<br />

NOVOS TEMPOS. NOVOS DESAFIOS.


Segurança do paciente: Enfermagem<br />

segura e com qualidade<br />

Se a palavra rede significa um entrelaçado de fios, ou<br />

ainda, define os relacionamentos entre pessoas ou<br />

grupos que possuem interesses, valores e objetivos em<br />

comum, é dentro deste conceito que a Rede Brasileira<br />

de Enfermagem e Segurança do Paciente – Rebraen<strong>sp</strong><br />

cresce a cada dia. Criada e coordenada pela Enfermeira<br />

Dra. Silvia Helena de Bortoli Cassiani, professora titular<br />

da Escola Enfermagem de Ribeirão Preto da Universidade<br />

de São Paulo, a Rebraen<strong>sp</strong> é baseada em uma estratégia<br />

de articulação e cooperação entre instituições de saúde<br />

e educação de Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares<br />

de Enfermagem, que tem por objetivo fortalecer a<br />

assistência de Enfermagem segura e com qualidade.<br />

“Começamos com quinze pessoas e, hoje, temos<br />

estabelecidos os pólos estaduais e municipais da rede,<br />

que vem crescendo vertiginosamente desde sua criação”,<br />

explica a Enfermeira.<br />

A Rebraen<strong>sp</strong> surgiu a partir da criação da Rede<br />

Internacional de Enfermagem e Segurança do Paciente,<br />

em novembro de 2005, em Concepción (Chile), e<br />

a partir de reuniões promovidas pelo Programa de<br />

Enfermagem da Unidade de Recursos Humanos para<br />

a Saúde da Organização Panamericana da Saúde –<br />

OPS. “Nas reuniões, foram analisadas as tendências<br />

e as prioridades no desenvolvimento da Enfermagem<br />

nas questões de segurança do paciente. Também<br />

foram discutidas as prioridades de cooperação e<br />

de intercâmbio de informações entre os países.<br />

As necessidades de fortalecimento do cuidado de<br />

Enfermagem, sua gestão, investigação, informação e<br />

educação inicial na área da Enfermagem e segurança<br />

do paciente foram pontos centrais. Houve muito<br />

incentivo, por parte da OPS, para a criação de redes nos<br />

países cujos representantes participavam da reunião e,<br />

assim, o Brasil foi o pioneiro no desenvolvimento dessa<br />

rede”, conta Silvia.<br />

Em 2008, Silvia entrou em contato com a Enfermeira<br />

Mavilde Pedreira, professora da UNIFESP e membro<br />

da Câmara Técnica do COREN-SP, que, não só apoiou<br />

a iniciativa, como abriu as portas da UNIFESP para a<br />

primeira reunião. “Na oportunidade, convidamos algumas<br />

pessoas que estavam envolvidas com o tema. Estas se<br />

interessaram e vieram para São Paulo e, assim, a Rede foi<br />

formalmente constituída, inicialmente, por um grupo de<br />

quinze participantes de várias cidades do país”, lembra.<br />

A escolha pela cidade de São Paulo se deu pela facilidade<br />

de acesso às pessoas de outros estados.<br />

Vinculada à Red Internacional de Enfermeria y Seguridad<br />

de Pacientes, a Rebraen<strong>sp</strong> está estruturada através<br />

de uma coordenação geral e sua secretaria, além<br />

de coordenadores dos pólos estaduais e municipais.<br />

“Fazemos duas reuniões anuais com os coordenadores<br />

dos pólos, a fim de estabelecer as diretrizes e avaliar os<br />

trabalhos. Os pólos, por sua vez, realizam as reuniões com<br />

os membros. Esta é a grandeza e a beleza do trabalho<br />

em redes: todos são participativos”, destaca a Enfermeira.<br />

Dra. Silvia Cassiani Idealizadora da Rede Brasileira de Enfermagem e Segurança do Paciente<br />

A Rede é uma estratégia de vinculação, cooperação e<br />

sinergia entre pessoas e instituições interessadas no<br />

desenvolvimento conjunto dos cuidados de saúde,<br />

gestão, pesquisa, informação e educação, com o objetivo<br />

de contribuir para a segurança dos pacientes. “Como<br />

as demais redes apoiadas pela OPS, a Rebreaen<strong>sp</strong> se<br />

baseia na convicção que o trabalho em redes, supõe<br />

solidariedade, confiança e re<strong>sp</strong>eito pelos conhecimentos<br />

e experiências”, destaca a profissional. Dentro deste<br />

escopo, a excelência e a re<strong>sp</strong>onsabilidade na participação<br />

são imperativos éticos e o cuidado humano é essencial<br />

para a vida plena dos indivíduos e das sociedades.<br />

A criação das redes estaduais evidenciou o grande interesse<br />

de Enfermeiros brasileiros em participar. Assim, os quinze<br />

Atualidades<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 37


Atualidades<br />

membros iniciais se multiplicaram e, em apenas um ano,<br />

a Rebraen<strong>sp</strong> chegou a mais de 170 participantes, em todo<br />

o Brasil. “Já cumprimos uma das primeiras metas, que é<br />

a aprovação do acordo básico da Rede e a elaboração do<br />

plano de trabalho da Rede Nacional, com a proposta de<br />

discussão da taxonomia em segurança do paciente, bem<br />

como o incremento da participação de Enfermeiros em<br />

comitês de segurança do paciente”, destaca Silvia.<br />

O trabalho principal dessa Rede e dos pólos é disseminar<br />

a importância de mudanças culturais e da implementação<br />

da cultura de segurança do paciente nas instituições,<br />

reforçando a importância do trabalho em redes de<br />

Enfermagem. “Dentro da Rede, temos conseguido uma<br />

excelente troca de experiências, dados e de informações<br />

importantes entre os Enfermeiros das instituições<br />

participantes”, ressalta Silvia.<br />

Enfermagem consciente<br />

O papel dos membros da rede é divulgar os conceitos de<br />

segurança do paciente da OMS e de outras instituições<br />

preocupadas em assegurar o menor risco na assistência à<br />

saúde para os pacientes. “Também incentivamos a criação<br />

de comitês de segurança do paciente nas instituições de<br />

saúde, bem como a participação do Enfermeiro neste<br />

comitê. Outro objetivo é instituir, nos locais de trabalho,<br />

experiências bem sucedidas na diminuição de riscos<br />

capazes de reforçar a segurança do paciente”.<br />

38 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Mesmo que não façam parte da Rede, os profissionais<br />

da Enfermagem podem trabalhar diariamente a favor da<br />

segurança do paciente. Isto significa notificar os eventos<br />

adversos a fim de corrigi-los, avaliar os processos para<br />

sanar eventuais falhas - e, assim, evitar que ocorram<br />

novamente -, participar da criação e da implementação<br />

de comitês de segurança do paciente interdisciplinares<br />

nas instituições, trabalhar em prol de uma cultura de<br />

aprendizagem e não de punição.<br />

Dentro desta per<strong>sp</strong>ectiva, o Enfermeiro deve trabalhar<br />

para estabelecer, com o paciente, uma relação de<br />

parceria, sempre voltada para uma melhora na assistência<br />

à saúde. “Debater a<strong>sp</strong>ectos relacionados à segurança do<br />

paciente nos diversos fóruns, desde os institucionais até<br />

nacionais, participar de trabalhos e troca de experiências<br />

em redes com colegas que já obtiveram êxito em algumas<br />

situações, utilizar das evidências científicas no cuidado<br />

de Enfermagem e no âmbito educacional e evidenciar o<br />

tema da segurança do paciente como um eixo transversal<br />

nas diversas disciplinas da formação profissional são<br />

atitudes que reforçam a segurança do profissional e do<br />

paciente”, finaliza Silvia.<br />

Os Enfermeiros interessados em participar dos diversos<br />

pólos constituídos, ou em criar pólos nos municípios<br />

ou estados podem entrar em contato com a Secretaria<br />

através do e-mail: rebraen<strong>sp</strong>@eerp.u<strong>sp</strong>.br<br />

Conheça os objetivos da Rede Brasileira de Enfermagem e<br />

Segurança do Paciente:<br />

Compartilhar informações e conhecimentos<br />

relacionados à área de Enfermagem e segurança<br />

dos pacientes.<br />

Identificar problemas, interesses e prioridades<br />

relacionadas com a prática, gestão, investigação e<br />

educação da Enfermagem, e gerar alternativas de<br />

transformação compartilhadas;<br />

Promover a articulação entre os membros, para<br />

ampliar e fortalecer as suas atividades de cuidado,<br />

ensino, pesquisa e cooperação técnica;<br />

Potencializar o desenvolvimento de investigações<br />

multicêntricas entre os membros;<br />

Dar visibilidade à situação e às tendências de<br />

Enfermagem e segurança do paciente, facilitando<br />

a identificação de prioridades de transformação e<br />

desenvolvimento.<br />

Compartilhar metodologias e recursos tecnológicos<br />

destinados às atividades de cuidado, gestão,<br />

educação, investigação, informação e cooperação<br />

técnica relacionada à Enfermagem e segurança do<br />

paciente.<br />

Promover a produção e uso intensivo de informação<br />

técnico-científica e referencial sobre Enfermagem e<br />

segurança do paciente.<br />

Promover o acesso às fontes de informação técnicocientíficas<br />

e referencial em matéria de Enfermagem<br />

e segurança do paciente.


O TecSaúde oferece cursos gratuitos de Técnico<br />

em Enfermagem e e<strong>sp</strong>ecialização para Técnicos<br />

Com o objetivo de ampliar a formação escolar dos<br />

profissionais de saúde e melhorar a qualidade dos serviços<br />

prestados, o Governo do Estado, por meio da Fundação do<br />

Desenvolvimento Administrativo (Fundap), di<strong>sp</strong>onibiliza 100<br />

mil vagas para a formação de técnicos na área da saúde.<br />

Destinado aos Auxiliares de Enfermagem, tanto da rede<br />

pública, quanto da rede privada de saúde, que estejam<br />

ou não em atividade, o Curso Técnico de Nível Médio em<br />

Enfermagem – Módulo Habilitação será oferecido por 78<br />

escolas credenciadas em todo o estado de São Paulo. O curso<br />

é desenvolvido em 690 horas, sendo 460 horas de aulas<br />

teóricas e 230 horas de estágio supervisionado em unidades<br />

de saúde e ho<strong>sp</strong>itais, com turmas de até 36 alunos. O período<br />

de duração da formação varia de 10 a 12 meses, conforme a<br />

carga horária do aluno durante o curso de Auxiliar.<br />

As inscrições continuam abertas e as turmas serão formadas<br />

conforme o preenchimento das vagas. Os interessados<br />

podem consultar a lista de escolas cadastradas e fazer as<br />

inscrições pelo site do TecSaúde (http://tecsaude.<strong>sp</strong>.gov.<br />

br) ou pelo telefone da Fundap (11) 3066 5660.<br />

O TecSaúde vai oferecer, também, cursos de<br />

E<strong>sp</strong>ecialização Técnica de Nível Médio, o chamado póstécnico,<br />

aos Técnicos de Enfermagem. As áreas dos<br />

cursos são Oncologia, Urgência e Emergência, Terapia<br />

Renal Substitutiva e Neonatologia de Risco. Esta é mais<br />

uma qualificação para valorizar o profissional e melhorar<br />

a qualidade do atendimento de saúde em todo o estado.<br />

Para esses cursos de E<strong>sp</strong>ecialização, o TecSaúde está,<br />

primeiro, realizando um levantamento para revelar quem<br />

são e onde estão os Técnicos de Enfermagem e qual o<br />

interesse destes profissionais em participar dos cursos. O<br />

levantamento está sendo feito através da Ficha de Perfil<br />

do Candidato, di<strong>sp</strong>onível no departamento de Recursos<br />

Humanos de instituições de saúde. A equipe do TecSaúde<br />

está desenvolvendo o referencial curricular, o material<br />

didático e articulando com as instituições que vão<br />

oferecer estes cursos. A previsão é de que os cursos se<br />

iniciem ainda no primeiro trimestre de 2010.<br />

O TecSaúde<br />

Uma iniciativa do Governo do Estado de São Paulo, o<br />

TecSaúde tem por objetivo ampliar a capacitação de<br />

Auxiliares e Técnicos de Enfermagem, garantindo a esses<br />

profissionais acesso gratuito ao ensino de qualidade, e<br />

permitindo à população um melhor atendimento em saúde.<br />

O TecSaúde foi lançado por meio de um projeto-piloto que<br />

se iniciou em abril de <strong>2009</strong>, nos Centros de Formação da<br />

Secretaria Estadual da Saúde, e já está em execução, com 23<br />

turmas, que atendem 606 alunos de 50 cidades diferentes.<br />

A conclusão deste módulo está prevista para abril de 2010.<br />

Todo o programa envolve quatro Secretarias de Estado:<br />

Gestão Pública, Saúde, Desenvolvimento e Educação.<br />

A Secretaria de Gestão Pública, por meio da Fundap, é o órgão<br />

executor do programa. A Secretaria de Desenvolvimento<br />

participa do TecSaúde através do Centro Paula Souza, que<br />

concentra o ensino profissionalizante público no estado e<br />

integra a rede de escolas executoras. A Secretaria da Saúde<br />

é re<strong>sp</strong>onsável pelas diretrizes gerais dos cursos e di<strong>sp</strong>onibiliza<br />

sua rede de escolas técnicas e<strong>sp</strong>ecializadas na área de saúde.<br />

Aos Auxiliares de Enfermagem que ainda não concluíram o<br />

ensino médio, a Secretaria de Educação oferecerá o EJA –<br />

Ensino de Jovens e Adultos, com a utilização da metodologia<br />

e materiais do Telecurso, em parceria com a Fundação<br />

Roberto Marinho.<br />

Para ministrar as aulas,<br />

os professores das<br />

escolas credenciadas<br />

e conveniadas devem<br />

ter curso de licenciatura,<br />

ou outra qualificação<br />

reconhecida<br />

para docência. Para<br />

os docentes que ainda<br />

não têm esta formação,<br />

o TecSaúde<br />

di<strong>sp</strong>onibiliza um curso<br />

de pós-graduação<br />

lato sensu, na modalidade<br />

ensino à distância, com duração de até dez meses (540<br />

horas). O Curso de Formação de Docentes foi desenvolvido<br />

pela Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca (ENSP)<br />

e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A USP (Ribeirão Preto e<br />

São Paulo), a Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto,<br />

a Faculdade de Medicina de Marília, a Universidade Federal<br />

de São Carlos e a Universidade Estadual Paulista (campus<br />

Botucatu) também são parceiras na formação de docentes,<br />

com a oferta total de mil vagas para docentes, sendo 26 vagas<br />

para tutores.<br />

O Secretário Estadual de Gestão Pública, Sidney Beraldo, e<br />

Emília Kawamoto, consultora do Programa TecSaúde<br />

Até o momento, o TecSaúde já conta com 37 mil inscritos<br />

para os cursos de habilitação. O programa, porém, já está<br />

estruturado para atender até 100 mil pessoas em todo o<br />

estado de São Paulo até 2012, com demanda para 4 mil<br />

docentes. Para que os alunos de cidades onde não há escolas<br />

credenciadas possam se deslocar até a unidade que oferece<br />

o curso técnico, o Governo vai di<strong>sp</strong>onibilizar o equivalente a<br />

R$ 66 mensais, por aluno, para apoio ao tran<strong>sp</strong>orte.<br />

Neste ano, o Governo do Estado de São Paulo vai investir<br />

R$ 60 milhões no TecSaúde. Em 2010, o orçamento do<br />

programa será de R$ 200 milhões.<br />

Atualidades<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 39


Atualidades<br />

ABRATE surge para representar e valorizar<br />

Auxiliares e Técnicos de Enfermagem de todo o país<br />

Os Auxiliares e Técnicos de Enfermagem agora podem<br />

contar com uma entidade voltada exclusivamente para<br />

promover, representar e elevar essas duas categorias<br />

profissionais. Em 19 de junho de <strong>2009</strong>, foi fundada a<br />

Associação de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem do<br />

Brasil (ABRATE). Trata-se de uma associação de direito<br />

privado, sem fins lucrativos, formada pela união de<br />

pessoas físicas com sede e foro na cidade de São Paulo.<br />

Dotada de personalidade jurídica, administração e patrimônio<br />

próprios, a ABRATE carrega o compromisso de representar<br />

os profissionais de Enfermagem de nível médio nos âmbitos<br />

político, cultural e social. A prioridade será atuar nas áreas<br />

de qualificação, atualização, informação institucional e da<br />

política voltada para os interesses da categoria, visando, em<br />

última análise, a valorização profissional do Auxiliar e do<br />

Técnico de Enfermagem.<br />

O funcionamento estrutural foi estabelecido a partir<br />

de uma Diretoria Executiva e de um Conselho Fiscal. A<br />

Diretoria Executiva é composta por: presidente, vicepresidente,<br />

secretário geral, secretário adjunto, tesoureiro,<br />

tesoureiro adjunto e diretor de assuntos profissionais e<br />

de educação em Enfermagem. A Associação conta, ainda,<br />

com um Comitê Científico e com assessorias, para nortear<br />

e validar ações que demandem conhecimento e<strong>sp</strong>ecífico.<br />

A sede da ABRATE localiza-se na cidade de São Paulo,<br />

onde está inicialmente atuando. Porém, há planos de<br />

expansão, inclusive com criação de seções regionais, uma<br />

vez que o objetivo da Associação é representar Auxiliares<br />

e Técnicos de Enfermagem de<br />

todo o Brasil.<br />

Cursos e palestras<br />

de atualização<br />

profissinal<br />

Mediante convênio firmado com<br />

o Centro de Aprimoramento<br />

Profissional de Enfermagem<br />

Conheça melhor a proposta<br />

da ABRATE<br />

Missão: Representar os profissionais da Enfermagem<br />

de Nível Médio nos âmbitos Político, Cultural e<br />

Social, e mobilizar parceiros para divulgação de<br />

informações e promoção de eventos e<strong>sp</strong>ecíficos para<br />

esses profissionais, visando a melhoria contínua da<br />

Assistência de Enfermagem no Brasil.<br />

Visão: Ser reconhecida como representante dos<br />

40 | Revista Enfermagem profissionais • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> da Enfermagem de Nível Médio nos<br />

Dra. Wanda de Aguiar Horta (CAPE) do COREN-SP, e em<br />

parcerias com outras entidades, a ABRATE promoverá<br />

encontros, cursos, palestras e seminários e<strong>sp</strong>ecíficos para<br />

a atualização de Auxiliares e Técnicos de Enfermagem.<br />

Tendo em vista que divulgar informações sobre avanços<br />

e novidades na área faz parte da missão da ABRATE, a<br />

entidade produzirá e distribuirá uma ampla variedade de<br />

material didático a re<strong>sp</strong>eito de cada evento que realiza. Além<br />

disso, os profissionais terão à di<strong>sp</strong>osição todos os cursos<br />

realizados no CAPE, através do site www.<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br.<br />

O Informativo Trimestral da ABRATE, com notícias sobre<br />

o trabalho da entidade, bem como a divulgação de<br />

assuntos de interesse dos profissionais da Enfermagem de<br />

Nível Médio, será di<strong>sp</strong>onibilizado no site da associação,<br />

com acesso somente para os associados.<br />

Em âmbito nacional, mais e<strong>sp</strong>ecificamente na área<br />

política, a ABRATE tem trabalhado de forma incessante<br />

para viabilizar projetos de interesse da categoria,<br />

cooperando com os Conselhos Regionais de Enfermagem,<br />

sindicatos e representantes políticos no aprimoramento<br />

das ações que atendam questões relativas à saúde e à<br />

melhoria das condições de trabalho.<br />

O trabalho da associação estende-se também a participações<br />

em campanhas de ação social com outras entidades.<br />

O Técnico de Enfermagem Marcos Covre, da diretoria<br />

da ABRATE, define o lema da Associação: “Para que<br />

possamos fazer diferença em sua<br />

vida, é importante que você faça<br />

parte da nossa. Associe-se. Pois<br />

juntos somos muitos e, muitos,<br />

somos fortes.”<br />

Para se associar ou conhecer<br />

melhor o trabalho da ABRATE<br />

ou enviar dúvidas ou sugestões,<br />

ligue para (11) 3223-7261, acesse<br />

www.abrate-br.org.br ou escreva<br />

para abrate@abrate-br.org.br.<br />

âmbitos Político, Cultural e Social em todo o território<br />

nacional, e pelo comprometimento com a melhoria<br />

contínua da Assistência de Enfermagem no Brasil.<br />

Valores: Educação, Saúde, Qualidade, Justiça Social,<br />

Honestidade, Verdade,Integridade, Competência,<br />

Justiça, Boas Ações, Resiliência e Diligência norteiam<br />

as ações da ABRATE.<br />

Promover o acesso às fontes de informação técnicocientíficas<br />

e referencial em matéria de enfermagem e<br />

segurança do paciente.


Grupo de Curativos de Votuporanga dá<br />

exemplo de comprometimento e qualificação<br />

Por todo o estado, grupos de curativos são relativamente<br />

comuns em ho<strong>sp</strong>itais de médio e grande porte. Mas o<br />

que conseguiu a equipe de enfermagem da Santa Casa<br />

de Votuporanga, no interior de São Paulo, foi uma<br />

assistência qualificada e diferenciada tanto no ambiente<br />

ho<strong>sp</strong>italar, quando ambulatorial e domiciliar.<br />

Há aproximadamente quatro anos, a Santa Casa de<br />

Votuporanga já contava com um grupo de curativos<br />

intra-ho<strong>sp</strong>italar, que avaliava complicações em feridas. O<br />

grupo, porém, era pouco solicitado.<br />

Com a mudança da gerência de enfermagem, a Re<strong>sp</strong>onsável<br />

Técnica Dra. Vera Leiko Ito Abe, que já tinha 10<br />

anos de experiência no tratamento de feridas, trouxe ao<br />

ho<strong>sp</strong>ital a ideia de dar continuidade Foto: Divulgação<br />

aos clientes inter-<br />

nados no tratamento de suas feridas. Surgiu, então, o<br />

Ambulatório de Tratamento de Feridas, em fevereiro de<br />

2008, com atendimento via SUS, convênio ou particular.<br />

O grupo realiza atendimentos intra-ho<strong>sp</strong>italares, em casos<br />

de complexidades ou complicações no tratamento<br />

de feridas, além de<br />

atendimento ambulatorial<br />

e até domiciliar.<br />

“Quando o cliente<br />

recebe alta ho<strong>sp</strong>italar,<br />

ele é encaminhado<br />

para o ambulatório<br />

de feridas, onde terá<br />

a continuidade do<br />

seu tratamento. E<br />

ambulatório recebe,<br />

não apenas clientes<br />

provindos do ho<strong>sp</strong>ital,<br />

mas também das<br />

UBS de Votuporanga,<br />

consultórios médicos<br />

e até de municípios<br />

vizinhos. Além disso,<br />

desde fevereiro de<br />

<strong>2009</strong>, iniciamos um<br />

serviço de atenção domiciliar.<br />

Os clientes passam por uma pré-triagem e, em<br />

caso de indicação, recebem atendimento em domicílio,<br />

tanto através do SUS quando por convênio e particular”,<br />

explica Dra. Clarissa Albuquerque Vaz, enfermeira coordenadora<br />

do grupo.<br />

Benefícios para o cliente e para<br />

a instituição<br />

Segundo a coordenadora, a atenção extra no tratamento<br />

de feridas, além da capacitação e atualização dos<br />

profissionais do grupo, propiciam um cuidado qualificado<br />

e diferenciado, o que diminui o tempo de cicatrização,<br />

trazendo benefícios ao cliente e também à instituição.<br />

“O menor tempo de cicatrização aumenta a qualidade de<br />

vida dos nossos cleintes e diminui o risco de infecções,<br />

evitando gastos com antibióticos, possíveis internações e<br />

até amputações. Também evitamos prejuízos e de<strong>sp</strong>erdício<br />

com curativos indevidamente prolongados”, conta.<br />

A média de atendimentos intra-ho<strong>sp</strong>italares realizados<br />

pelo grupo é de 20 por mês e, só em setembro desde<br />

ano, também foram realizados 550 atendimentos<br />

ambulatoriais e 250 domiciliares.<br />

Segundo a coordenadora, o caminho para que outras instituições<br />

consigam resultados semelhantes começa na<br />

qualificação profissional: “Para render, o grupo precisa de<br />

profissionais capacitados e interessados, di<strong>sp</strong>ostos a realizar,<br />

inovar e fazer diferente”. Então, deve-se investir nos alicerces<br />

do grupo, por meio de impressos, atualizações, treinamentos,<br />

aquisição e padronização de produtos e tratamentos.<br />

Grupo de curativos (da esq. para a dir.) - Vera Leiko Ito Abe, Clarissa Albuquerque Vaz, Fernanda<br />

Vasconcelos Savatin, Maria José de Jesus Santos e Tatiana Mascena<br />

Para o atendimento<br />

ambulatorial, a dica<br />

de Clarissa é procurar<br />

a auditoria da instituição,<br />

para ver se há<br />

possibilidades deste<br />

tipo de serviço ser realizado<br />

de forma a não<br />

gerar prejuízos. “É preciso<br />

estar muito atento<br />

ao gerenciamento de<br />

gastos. Mensalmente,<br />

preparamos um<br />

relatório para o administrador<br />

ho<strong>sp</strong>italar,<br />

contendo todos os<br />

nossos gastos, compras,<br />

lucros, etc”, alerta<br />

Dra. Clarissa.<br />

Para ela, a manutenção da credibilidade do grupo<br />

depende da soma de alguns fatores: “Cliente satisfeito,<br />

ausência de prejuízos, resolutividade no tratamento<br />

de feridas, médicos satisfeitos e profissionais<br />

desenvolvendo cada vez mais suas competências”. Além<br />

disso, a enfermeira ressalta que o tratamento de feridas<br />

deve ser visto de maneira holística. “O profissional<br />

não pode esquecer que aquela ferida faz parte de um<br />

corpo, de uma vida. Portanto, mais do que realizar um<br />

curativo bem feito, devemos conquistar nosso cliente,<br />

através do tratamento humanizado”.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 41


Atualidades<br />

Regulamentação para serviços de<br />

processamento de produtos está em andamento<br />

Em junho de <strong>2009</strong> a Anvisa – Agência Nacional de<br />

Vigilância Sanitária, divulgou, para Consulta Pública, a<br />

proposta para a nova regulamentação, que tratará sobre<br />

o funcionamento de serviços que realizam processamento<br />

de produtos para saúde e dá outras providências. O<br />

processo da Consulta Pública nº 34/<strong>2009</strong>, que nasceu da<br />

necessidade de estruturação dos serviços que realizam o<br />

processamento de produtos para a saúde, e<strong>sp</strong>ecíficos de<br />

Centro de Material e Esterilização (CME), di<strong>sp</strong>onibilizou<br />

o texto durante 30 dias, para que pudesse receber<br />

contribuições de toda a sociedade e, assim, subsidiar<br />

a tomada de decisão, na elaboração do texto final do<br />

regulamento proposto.<br />

O texto proposto para a regulamentação se aplica aos<br />

Centros de Material e Esterilização - CME dos serviços de<br />

saúde públicos e privados, civis e militares e às empresas<br />

processadoras, envolvidos direta ou indiretamente no<br />

processamento de produtos para saúde.<br />

Estão contemplados pelo texto questões envolvendo as<br />

condições organizacionais, Recursos Humanos, atribuições,<br />

equipamentos, infra-estrutura, processos operacionais,<br />

qualidade da água e gerenciamento de resíduos. Ficaram de<br />

fora deste texto o processamento de produtos para saúde<br />

realizados em consultórios odontológicos, consultórios<br />

individualizados e não vinculados a serviços de saúde,<br />

unidades de processamento de endoscópios, que serão<br />

objeto de regulamentação e<strong>sp</strong>ecífica.<br />

Em junho de 2005, uma Audiência Pública apresentou a<br />

proposta aos representantes de órgãos governamentais,<br />

conselhos de classe, sociedades civis, setor regulado e<br />

e<strong>sp</strong>ecialista na área.<br />

Em fevereiro de 2006, foram publicadas as resoluções<br />

RDC nº 30 e RE nº 515, que definiram os artigos de uso<br />

único cujo reprocessamento não é permitido, além de<br />

regras claras para a reutilização daqueles que apresentam<br />

possibilidade de reaproveitamento.<br />

Em agosto de 2006 essa legislação foi atualizada, com as<br />

resoluções RDC n°156, RE n° 2605 e RE 2606.<br />

Em julho de 2007 prorrogação do prazo para execução dos<br />

protocolos (RE 2606), com resolução RE n°2305<br />

Anvisa revisou a legislação sanitária sobre o reprocessamento<br />

de produtos médicos, com a edição de três novas resoluções<br />

sobre o assunto, publicadas no Diário Oficial de 14/8/2006,<br />

RDC 156 e as REs 2605 e 2606.<br />

A RDC156, di<strong>sp</strong>õe sobre o registro, a rotulagem e o<br />

reprocessamento de produtos médicos e dá outras<br />

42 | Revista Enfermagem providências. • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> Os artigos, antes enquadrados em “produtos<br />

A regulamentação para serviços de processamento de<br />

produtos para a saúde já viveu outros momentos. “No Brasil,<br />

a primeira ação reguladora da Anvisa sobre este tema foi a<br />

publicação da Consulta Pública nº 98, de 2001, propondo<br />

normas para reprocessamento seguro de artigos de uso único”,<br />

explica Janete Akamine, presidente da SOBECC, Sociedade<br />

Brasileira de Enfermeiros de Centro Cirúrgico, Recuperação<br />

Anestésica e Centro de Material e Esterilização.” Esta consulta<br />

resultou em mais de 600 contribuições”. A compilação dessas<br />

contribuições levou a mudanças importantes na estrutura e<br />

no conteúdo da norma sugerida.<br />

Agora, as contribuições dadas por meio da Consulta Pública nº<br />

34 serão a base para elaboração de uma nova RDC (Resolução<br />

da Diretoria Colegiada da ANVISA) e serão o parâmetro para<br />

a execução das atividades dos serviços. “As RDCs sempre<br />

contribuem para as melhorias dos processos, entendemos<br />

que as mudanças sempre agregam e resultam em segurança”.<br />

Defende a presidente da SOBECC. Mas ainda existem alguns<br />

pontos que, apesar das sugestões viabilizadas pelo processo de<br />

Consulta Pública, ainda não estão devidamente valorizados.<br />

“Pensando na segurança, não podemos deixar de citar que,<br />

na área de CME os processos integram formação e prática.<br />

Cindir alguma destas ações implica retroceder nos processos<br />

de CME, pois a habilidade é adquirida com a prática do fazer,<br />

que esta incorporada em nossa pratica assistencial”.<br />

Para conhecer o texto proposto e submetido à Consulta<br />

Pública, acesse a página http://www4.anvisa.gov.br/base/<br />

visadoc/CP/CP%5B26720-1-0%5D.PDF<br />

Histórico das alterações na normatização<br />

de uso único” ou “produtos reutilizáveis”, agora se dividem<br />

em: produtos com reprocessamento proibido; produtos<br />

passíveis de reprocessamento.<br />

RE 2605/06, que di<strong>sp</strong>õe sobre a lista de produtos médicos<br />

cujo o reprocessamento não é permitido dá outras<br />

providências atualiza a lista de produtos médicos cujo<br />

reprocessamento não é permitido.<br />

RE 2606/06, que di<strong>sp</strong>õe sobre as diretrizes para elaboração,<br />

validação e implantação de protocolos de reprocessamento<br />

de produtos médicos e dá outras providências, estabelece<br />

os parâmetros (protocolos) a serem adotados pelos<br />

estabelecimentos que fazem o reprocessamento.<br />

Para atender as Diretrizes da RDC 156 e RE 2606, de Agosto<br />

de 2006, houve a necessidade de normatizar os serviços<br />

que realizam o processamento de produtos para saúde,<br />

quanto estrutura física, processos e re<strong>sp</strong>onsabilidade e<br />

competência técnica.<br />

Para conhecer o texto proposto e submetido à Consulta<br />

Pública, acesse a página http://www4.anvisa.gov.br/base/<br />

visadoc/CP/CP%5B26720-1-0%5D.PDF


SOBECC<br />

SOBECC e Departamento de<br />

Enfermagem SOCESP<br />

A Sociedade Brasileira de Enfermeiros em Centro<br />

Cirúrgico, Recuperação Anestésica e Centro de Material<br />

e Esterilização (SOBECC) foi criada em 04 de setembro<br />

de 1991, mas suas origens datam de 1982, quando<br />

alguns enfermeiros sócios da Associação Brasileira de<br />

Enfermagem – Seção São Paulo (ABEn-SP), que atuavam<br />

em centro cirúrgico, criaram o grupo de Estudo em<br />

Centro Cirúrgico e Centro de Material e Esterilização<br />

(GECC), preocupados em promover discussões focadas na<br />

prática desenvolvida no bloco operatório.<br />

Segundo a presidente da atual diretoria, Dra. Janete<br />

Akamine, um dos principais objetivos da SOBECC é<br />

consolidar e evidenciar as áreas de Centro Cirúrgico, Centro<br />

de Material e Esterilização e recuperação anestésica.<br />

Além de buscar projeção nacional e internacional dos<br />

profissionais dessas áreas, agregando conhecimento e<br />

fortalecendo as ações destes profissionais.<br />

A Sociedade tem caminhado a passos largos ao encontro<br />

desses objetivos, através da organização de congressos e<br />

cursos, da conferência de título de e<strong>sp</strong>ecialista, da publicação<br />

e indexação da revista da SOBECC, da publicação<br />

das Práticas<br />

Recomendadas<br />

pela SOBECC,<br />

com ISBN (Int<br />

e r n a t i o n a l<br />

Standard Book<br />

Number), entre<br />

outras ações.<br />

Para 2010, a SO-<br />

BECC organizará<br />

o 11º Congresso<br />

Mundial de Esterilização<br />

e a 7ª<br />

edição do Sim- Presidente da SOBECC, Dra. Janete Akamine<br />

pósioInternacional de Esterilização e Controle de Infecção Ho<strong>sp</strong>italar, de<br />

30 de julho a 1º de agosto de 2010. O Brasil foi escolhido<br />

como sede através de votação on-line.<br />

Os 1036 associados da SOBECC têm desconto para os<br />

cursos, seminários, simpósios e congressos organizados<br />

pela Sociedade, e recebem a revista da SOBECC. Outros<br />

serviços da Sociedade incluem uma seção de perguntas<br />

e re<strong>sp</strong>ostas, no site, com os profissionais da área, e uma<br />

biblioteca para consultas.<br />

Quem quiser se associar, saber mais sobre o trabalho da<br />

SOBECC ou conhecer a agenda de eventos da Sociedade<br />

pode acessar o site www.sobecc.org.br ou entrar em<br />

contato pelos telefones (11) 3205-1401 ou 3341-4044.<br />

Departamento de Enfermagem<br />

SOCESP<br />

A Sociedade de Cardiologia<br />

do Estado de São Paulo<br />

existe desde 1976, mas<br />

foi em 1987 que seu Departamento<br />

de Enfermagem<br />

foi criado, trazendo<br />

o reconhecimento da importância<br />

do profissional<br />

Enfermeiro em qualquer<br />

e<strong>sp</strong>ecialidade dentro da<br />

área da cardiologia.<br />

O principal objetivo<br />

do Departamento de<br />

Enfermagem da SOCESP é<br />

reunir profissionais ligados<br />

à cardiologia e incentivar pesquisas cardiovasculares, além<br />

de promover congressos, simpósios, cursos e eventos que<br />

estimulem o estudo e a investigação cardiológica.<br />

Todos os anos, a SOCESP organiza um congresso, onde<br />

ocorrem simultaneamente eventos das áreas Médica,<br />

Enfermagem, Fisioterapia, Serviço Social, Psicologia, Nutrição,<br />

Farmácia, Educação Física e Odontologia. Cada departamento<br />

ou grupo de estudo também promove dois eventos anuais.<br />

Segundo a diretora executiva do Departamento de<br />

Enfermagem da SOCESP, Dra. Maria Keiko Asakura, hoje<br />

o departamento possui 234 associados, e todos eles<br />

recebem descontos para participar destes eventos, e de<br />

quaisquer outros organizados pela SOCESP. Além disso,<br />

os associados também recebem a Revista da SOCESP,<br />

de publicação trimestral, com e<strong>sp</strong>aço, em suplemento à<br />

parte, para divulgação de trabalhos voltados à cardiologia.<br />

Quem quiser se associar, saber mais sobre o trabalho da<br />

SOCESP ou conhecer a agenda de eventos da Sociedade<br />

pode acessar o site www.soce<strong>sp</strong>.org.br ou escrever,<br />

solicitando informações e<strong>sp</strong>ecíficas, para o e-mail:<br />

soce<strong>sp</strong>@soce<strong>sp</strong>.org.br.<br />

Foto: Divulgação<br />

Dra. Elisabete Sabetta Margarido (Diretora Cientifica<br />

do Departamento), Dra. Ivany Machado de Carvalho<br />

Baptista (Secretária do Departamento) e Dra. Maria<br />

Keiko Asakura (Diretora Executiva do Departamento)<br />

Conheça a<br />

Sociedade<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 43


Notas<br />

Um dos muitos projetos<br />

inovadores da gestão 2008-2011,<br />

está próximo de ser concretizado:<br />

já chegou à sede do COREN-SP o<br />

ônibus que irá até os profissionais<br />

dos quatro cantos do estado.<br />

É o COREN-SP Itinerante, que<br />

levará aos profissionais de São<br />

Paulo – em e<strong>sp</strong>ecial, àqueles mais<br />

distantes da sede e das subseções<br />

- os serviços do COREN-<br />

SP: inscrições, regularização,<br />

recadastramento, orientação de<br />

conselheiros e fiscais.<br />

O COREN-SP Itinerante facilitará<br />

aos profissionais o acesso aos<br />

serviços do Conselho, evitando<br />

que sejam obrigados a se deslocar<br />

muitos quilômetros, perdendo<br />

dias de trabalho ou de folga.<br />

O início da operação do ônibus do COREN-SP Itinerante está previsto para o início de 2010 e a primeira região<br />

contemplada será o litoral sul do estado.<br />

44 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

COREN-SP Itinerante começa<br />

operações em janeiro<br />

Com o ônibus o COREN-SP estará mais próximo dos profissionais<br />

Detalhe do interior do ônibus: área de e<strong>sp</strong>era e atendimento ao profissional


Regularização de débitos no<br />

COREN-SP através do REFIS será<br />

realizada até dezembro de <strong>2009</strong><br />

O Conselho Federal de Enfermagem (COFEN) lançou,<br />

em outubro deste ano, o Programa de Recuperação<br />

Fiscal dos Conselhos de Enfermagem, o REFIS-<br />

Enfermagem. O objetivo é oferecer condições mais<br />

vantajosas aos profissionais para regularização dos<br />

débitos de anuidades. No COREN-SP, a implantação<br />

do REFIS iniciou o atendimento aos interessados em<br />

16 de novembro e será encerrado no último dia útil de<br />

dezembro.<br />

O pagamento de débitos para o profissional que aderir ao<br />

REFIS segue regras próprias, diferentes das negociações<br />

de dívidas e parcelamentos realizados normalmente<br />

pela Dívida Ativa do COREN-SP. No REFIS, os débitos<br />

sofrerão redução progressiva, de acordo com o número<br />

de parcelas. No caso do pagamento integral da dívida,<br />

em parcela única, o profissional terá 100% de desconto<br />

em multas e juros. Porém, é necessário destacar que,<br />

seja qual for o número de parcelas solicitadas pelo<br />

profissional, ele deve estar ciente de que os valores<br />

das anuidades em débito serão submetidos à correção<br />

monetária, de acordo com o INPC.<br />

A adesão ao REFIS só poderá ser realizada<br />

presencialmente, pois existe a exigência da assinatura<br />

de um termo de adesão.<br />

Para mais informações sobre o REFIS, compareça à<br />

sede ou a uma das subseções do COREN-SP. Consulte<br />

o site www.<strong>coren</strong><strong>sp</strong>.org.br, para ver o endereço mais<br />

próximo.<br />

Atenção: O CAPE não possui posto de atendimento para realização do REFIS<br />

Recadastramento foi prorrogado. Novo<br />

prazo é 12 de julho de 2010.<br />

O recadastramento nacional dos profissionais de enfermagem<br />

registrados no COREN teve a data de encerramento<br />

prorrogada até 12 de julho de 2010. O recadastramento é<br />

obrigatório para todos os profissionais que tenham feito<br />

a inscrição definitiva até 22/6/2008 e para atendentes de<br />

enfermagem com cédula de autorização.<br />

Embora mais de 100 mil profissionais já tenham passado<br />

pelo recadastramento, pelo menos mais 200 mil ainda não<br />

se recadastraram. O processo de recadastramento tem sido,<br />

inclusive, facilitado pelo COREN-SP, através da realização<br />

do processo em alguns sábados e também por meio da<br />

presença de Conselheiros nas instituições de saúde, que<br />

abrem suas portas para a realização do recadastramento em<br />

suas dependências.<br />

O recadastramento pode ser realizado na sede do COREN-<br />

SP e também nas oito subseções do interior e litoral. Os<br />

enfermeiros re<strong>sp</strong>onsáveis técnicos das instituições de saúde,<br />

que desejem receber os conselheiros do COREN-SP para<br />

realização do recadastramento de sua equipe na própria<br />

instituição, devem entrar em contato com o Conselho, pelos<br />

fones (11) 3225-6300, ramal 6375, ou (11) 3225-6375, para<br />

que agendem a visita e recebam as orientações necessárias.<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 45


Notas<br />

Entre os dias 07 e 09 de outubro, foi realizado em São<br />

Paulo o X Sibrad – Simpósio Brasileiro de Assistência<br />

Domiciliar, apresentando, como tema central,<br />

46 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

COREN-SP participa do X Sibrad<br />

A Superintendente Técnica do COREN-SP, Angélica Rosin (à direita) durante<br />

o X SIBRAD, ao lado das enfermeiras Miriam Ikeda, Luiza Dal Ben e Marília<br />

Um novo serviço passa a ser oferecido pelo COREN-SP<br />

aos profissionais inscritos no estado. É a Ouvidoria do<br />

Conselho, um canal de acesso aos profissionais, para<br />

que façam sugestões, reclamações ou qualquer outro<br />

tipo de manifestação a re<strong>sp</strong>eito do COREN-SP.<br />

Também poderão ser realizadas, através da Ouvidoria,<br />

denúncias a re<strong>sp</strong>eito de questões ético-profissionais<br />

que envolvam o desre<strong>sp</strong>eito à legislação de enfermagem.<br />

Denúncias sobre problemas de caráter trabalhista, como<br />

assédio mora, desre<strong>sp</strong>eito às legislações do trabalho,<br />

entre outras, também poderão ser encaminhadas à<br />

“Empreendedorismo e Inovação para a Consolidação<br />

da Assistência Domiciliar no Brasil”. O COREN-SP<br />

esteve representado na programação científica, pela<br />

Superintendente Técnica Angélica Rosin, apresentando<br />

a visão do Conselho, sob os a<strong>sp</strong>ectos éticos e legais,<br />

das atividades do Cuidador. Para o Sistema COFEN/<br />

CORENs, o cuidador é compreendido como parente,<br />

familiar ou pessoal formalmente contratada, que<br />

desenvolve atividades junto a idosos e pacientes<br />

dependentes, devidamente orientados e monitorados<br />

pelo profissional de saúde pertinente, e sem nunca fazer<br />

uso profissional da atividade. Em sua participação,<br />

Maria Angélica alertou os participantes para o fato de<br />

que o COREN-SP considera imprudência a atuação de<br />

leigos em atividades que exigem formação profissional<br />

e<strong>sp</strong>ecífica.<br />

Ouvidoria do COREN-SP e serviço<br />

Disque-Denúncia atenderão os profissionais<br />

Ouvidoria. Neste caso, a solução não será proporcionada<br />

pelo COREN-SP, mas devidamente encaminhada aos<br />

órgãos re<strong>sp</strong>onsáveis, como os sindicatos da categoria,<br />

Ministério Público ou outros.<br />

A Ouvidoria do COREN-SP inicia suas atividades no dia<br />

01 de dezembro e atende pelo telefone 0-800-7726736<br />

(ligação gratuita), de segunda à sexta-feira, das 7h às 16h;<br />

por carta, enviada à Al. Ribeirão Preto, 81, Bela Vista, CEP<br />

01331-000, ou pelo e-mail ouvidoria@<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br


Carta aberta aos profissionais de<br />

enfermagem<br />

São Paulo, 8 de outubro de <strong>2009</strong>.<br />

Prezados profissionais,<br />

Esta carta aberta serve de alerta para que entendam a importância não apenas da reciclagem<br />

profissional, mas também voltada para a área linguística. Não se pode pretender comunicação efetiva<br />

sem a preocupação com o texto, objeto de seu trabalho.<br />

Nesse nosso primeiro contato com os fatos da língua, ilustrarei algumas situações, que parecem<br />

inusitadas, mas que fazem parte do perigoso jogo da vida e da morte. Tenha em mente que uma palavra<br />

mal dita pode tornar uma vida maldita!<br />

Caso 1 – Semântica: A história do enfermeiro apressado<br />

Certa vez, um recém-contratado enfermeiro de um grande ho<strong>sp</strong>ital precisava correr para novo plantão,<br />

do outro lado da cidade. Como estivesse muito atrasado, não e<strong>sp</strong>erou a substituição e deixou o seguinte<br />

bilhete para a colega que o substituiria às 7h: “Maria: preciso correr para um novo plantão. Você deve<br />

ministrar o medicamento proscrito à noite para o paciente do quarto 12, às 7h15.”<br />

Sabe o leitor o que aconteceu? A enfermeira, simplesmente, não o fez, provocando o agravamento do<br />

quadro clínico do paciente, que por pouco não morre! Por quê?<br />

Comentário: Pode-se notar um erro grave no bilhete do enfermeiro apressado: ele diz que o medicamento<br />

foi proscrito (banido, eliminado) à noite, quando deveria ter escrito “medicamento prescrito, à noite”. A<br />

ciosa enfermeira, temendo pela vida do paciente, solicitou a presença de um e<strong>sp</strong>ecialista para auxiliá-la<br />

nessa tarefa de “traduzir o código”, salvando-lhe do iminente risco de morte.<br />

Caso 2 – Pontuação: Relações de sentido<br />

Quando um profissional de enfermagem escreve em certo relatório: “O paciente Fulano de Tal, nervoso,<br />

tentou agredir o profissional que o assistia” o que ele quis dizer com o termo grifado? Por que usou<br />

vírgula? A re<strong>sp</strong>osta é semântica, e não gramatical.<br />

Comentário: Ao usar as vírgulas, procurou deixar claro que ele, apesar de normalmente demonstrar<br />

comportamento moderado, naquele dia, e<strong>sp</strong>ecialmente, isso não ocorreu. Se não tivesse pontuado<br />

a palavra “nervoso”, o texto revelaria comportamento naturalmente agressivo, justificando a atitude<br />

intempestiva, pois a ausência implicaria característica natural do paciente em análise.<br />

Conclusão: Aprimore-se sempre, seja em sua área profissional, seja na arte de escrever, afinal seu<br />

desempenho será medido não apenas pelo que você faz, mas também pelo que você escreve.<br />

Atenciosamente<br />

Nelson Maia Schocair – Ph.I<br />

As Palavras<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 47


Eventos<br />

03 a 06 de dezembro de <strong>2009</strong><br />

10º Congresso Brasileiro de Medicina de Família e<br />

Comunidade<br />

Local: Estrada Vereador Onildo Lemos, 2505 - Praia do<br />

Santinho - Florianópolis / SC<br />

+ informações: site: www.sbmfc.org.br/congresso<strong>2009</strong><br />

04 de dezembro de <strong>2009</strong><br />

Encontro Científico “Dor 5º Sinal Vital: Indicador de<br />

Qualidade na Assistência de Enfermagem”<br />

Realização: SOBRAGEN<br />

Local: CAPE – Rua Dona Veridiana, 298<br />

Santa Cecília - São Paulo / SP<br />

+ informações: em breve<br />

05 de dezembro de <strong>2009</strong><br />

Jornada Científica da SOBECC<br />

Local: Auditório do Ho<strong>sp</strong>ital Santa Catarina<br />

São Paulo / SP<br />

Inscrições a partir do dia 13 de novembro<br />

+ informações e inscrições: (11) 3341-4044<br />

e-mail: sobecc@sobecc.org.br ou eventos@sobecc.org.br<br />

48 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Próximos Eventos<br />

07 a 10 de dezembro de <strong>2009</strong><br />

61º Congresso Brasileiro de Enfermagem<br />

Local: Centro de Convenções do Ceará e Universidade de<br />

Fortaleza (UNIFOR) / CE<br />

+ informações: site: www.aben-ce.com.br/cben<br />

16 a 19 de junho de 2010<br />

Ganepão 2010<br />

IV Congresso Brasileiro de Nutrição e Câncer (CBNC)<br />

II International Conference of Nutritional Oncology<br />

(ICNO)<br />

Local: Centro Fecomércio de Eventos – São Paulo / SP<br />

+ informações: site: www.ganepao.com.br<br />

30 de julho a 1º de agosto de 2010<br />

11º Congresso Mundial de Esterilização / 7° Simpósio<br />

Internacional de Esterilização e Controle de Infecção<br />

Ho<strong>sp</strong>italar<br />

Local: Palácio de Convenções do Anhembi<br />

São Paulo / SP<br />

+ informações: (11) 3205-1401<br />

3205-1402 // www.sobecc.org.br<br />

Veja mais eventos na página do COREN-SP na internet. Visite www.<strong>coren</strong>-<strong>sp</strong>.gov.br<br />

Até a tiragem


Enfermagem e Promoção de<br />

Saúde na Doença Falciforme<br />

Berenice Assumpção Kikuchi<br />

A doença falciforme tem uma alta freqüência em<br />

nosso meio e é decorrente de uma mutação genética<br />

ocorrida de forma majoritária no continente africano.<br />

Em decorrência da desenraizamento da população<br />

africana por causa da escravidão e, ocasionalmente, a<br />

miscigenação, o gene pode ser encontrado no Brasil em<br />

freqüências que variam de 2% a 6 % na população geral<br />

e de 6% a 10% na população negra.<br />

Neste livro a autora socializa o conhecimento adquirido<br />

na atenção à saúde das pessoas com a enfermidade,<br />

familiares e comunidade e mostra a importância da<br />

equipe de enfermagem como importante elo entre esses<br />

seguimentos e as equipes multiprofissionais, visando<br />

contribuir para a redução da morbidade e mortalidade<br />

por essa enfermidade. A partir desse olhar, as ações de<br />

promoção à saúde se inserem por meio de um contexto<br />

sociocultural, étnico e político da população acometida<br />

por essa enfermidade.<br />

Assistência de Enfermagem<br />

nas Urgências e Emergências<br />

em Doença Falciforme<br />

Carmem Cunha Mello Rodrigues<br />

As doenças falciformes variam entre períodos de bem<br />

estar e situações de urgência e emergência. Assim, para<br />

a enfermagem, cuidar de pessoas com doença falciforme<br />

em um serviço de emergência é uma proposição<br />

desafiadora. Conhecimento, empatia e compaixão são<br />

amplamente necessárias no cuidado dessa população que<br />

pode apresentar abruptamente manifestações clínicas de<br />

alta mortalidade.<br />

No livro, a autora socializa o conhecimento adquirido no<br />

atendimento a essas pessoas em um serviço de emergência,<br />

posicionando o enfermeiro e a enfermagem no contexto<br />

da equipe multiprofissional, como quem advoga pelo<br />

paciente a partir do conhecimento técnico, cientifico e<br />

humanitário tantos nas ações interdependentes, ou seja,<br />

que dependem da ação de outro profissional, quanto<br />

naquelas que são inerentes ao exercício da enfermagem.<br />

Dessa forma, cada complicação clínica está contextualizada<br />

do acolhimento à intervenção de enfermagem, focados na<br />

doença falciforme onde a enfermagem de forma qualificada<br />

poderá contribuir para a redução da mortalidade por essa<br />

enfermidade nos serviços de emergência.<br />

Biblioteca<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 49


Fala, Enfermagem<br />

Sim. É uma falha que a educação tem como um todo e<br />

que vem desde o ensino fundamental (junta o volume<br />

de alunos por sala e a desmotivação dos professores, por<br />

variados motivos). Quando essa pessoa chega ao ensino<br />

técnico, tem dificuldades para ler, escrever e entender,<br />

além de uma pobreza de vocabulário (afinal, ler dá<br />

trabalho). Nesse momento, restam duas opções: ou corre<br />

por conta e desenvolve a aptidão ou fica sem. Muitos<br />

profissionais se queixam de falta de oportunidade, mas,<br />

ao fazer uma anotação de enfermagem (deveria ser<br />

simples - afinal todo mundo estuda para cuidar e tem<br />

que descrever todo o cuidado prestado), o resultado<br />

é assustador. Ficam fora do mercado e às vezes nem<br />

perceberam que este é o motivo. Zibiane Aparecida de<br />

Souza, São Paulo<br />

Sim, inúmeras vezes. O problema, por vezes, não é do<br />

colega e sim do documento, pois o e<strong>sp</strong>aço para anotação<br />

é pequeno demais, então viramos artistas para escrever<br />

tudo em 3 linhas de 4 cm. E alguns profissionais, por<br />

medo de errar na escrita, acabam fazendo verdadeiros<br />

garranchos para esconder os erros. Jefferson Alves<br />

Correia Lima, São Paulo<br />

Enfrento, diariamente, problemas por conta de anotações<br />

de enfermagem totalmente incompletas. Há pessoas que<br />

não escrevem coisa com coisa. Não relatam o que fizeram<br />

(se é que fizeram) e como fizeram. A comunicação é<br />

verbal. No prontuário, pouco se escreve. Chegamos até<br />

a perguntar ao paciente se ele recebeu determinada<br />

medicação, ou se fez determinado exame. E se é um<br />

paciente inconsciente, como fica? Se eu fosse receber o<br />

plantão pelo que está escrito, não tinha como seguir em<br />

frente. Betânia, São Paulo<br />

Várias vezes. Infelizmente, os profissionais da área da<br />

enfermagem querem escrever bonito, e isso não significa<br />

escrever bem. Em muitos casos, uma vírgula colocada<br />

em lugar errado pode causar danos ao paciente ou até<br />

mesmo à instituição em que trabalhamos. Realmente,<br />

temos que ser claros. Temos que escrever de acordo<br />

com o que se quer dizer, com termos simples, e lembrar<br />

sempre que outras pessoas vão ler aquilo que escrevemos<br />

para dar continuidade aos cuidados com o paciente.<br />

Cátia Cristina Hennies, São Paulo<br />

Eu creio que, assim como eu passei por muitas dificuldades<br />

a esse re<strong>sp</strong>eito, muitos de meus colegas também. Lembrome<br />

de uma ocasião em que eu precisava saber se um<br />

determinado paciente foi suplementado com insulina.<br />

50 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Você já enfrentou algum problema ou<br />

dificuldade na assistência, em razão de<br />

anotações confusas ou mal-elaboradas?<br />

Nesta página, exibimos trechos de algumas re<strong>sp</strong>ostas que nos foram enviadas. Este e<strong>sp</strong>aço é seu.<br />

Agradecemos a todos pelas manifestações.<br />

Após fazermos um teste de glicemia capilar, o valor<br />

obtido foi muito alto. Foi um transtorno - tive que ligar<br />

para o colega para confirmar o fato, pois o mesmo não<br />

havia anotado nada a re<strong>sp</strong>eito. Helinho Alves, São Paulo<br />

Não enfrentei, mas porque trabalho numa instituição<br />

onde a gerência tem muita cautela em relação a isso. Mas<br />

a enfermagem, de modo geral escreve muito e registra<br />

pouco. Perde-se tempo em escrever bonito, deixando<br />

para trás o que realmente é necessário, o que dificulta<br />

toda sequência da assistência. Silvina Solano, São Paulo<br />

Sim. A anotação de enfermagem, em algumas instituições<br />

ho<strong>sp</strong>italares, é valorizada pelo enfermeiro na teoria. Na<br />

prática, ele não a tem empregado para embasar sua<br />

tomada de decisão, o planejamento da assistência e o<br />

direcionamento das ações da equipe de enfermagem.<br />

Portanto, para uma eficiência na assistência tornase<br />

indi<strong>sp</strong>ensável, o uso da comunicação escrita no<br />

prontuário do paciente. Ela deverá ser entendida por<br />

quem receber, sem o auxílio de quem a emitiu, devendo<br />

ser clara e concisa, elaborada e redigida em linguagem<br />

compreensível e expressa de maneira inteligível. Nunca<br />

é demais enfatizar a importância de um registro<br />

completo no prontuário. A documentação pode ser o<br />

fator determinante numa decisão judicial. O registro<br />

eficaz e eficiente no prontuário do paciente constitui um<br />

instrumento legal, porque prova, pelos dados escritos, a<br />

qualidade da assistência prestada ao paciente durante o<br />

tratamento ambulatorial, ho<strong>sp</strong>italar ou em situação de<br />

emergência. Representa também o testemunho escrito na<br />

defesa legal, tanto do médico como de todo o pessoal que<br />

prestou assistência ao paciente. Portanto, é indiscutível<br />

ressaltar a importância, tanto legal como assistencial, das<br />

anotações de enfermagem. Joseph Cherly Albuquerque<br />

de Aguiar, São Paulo<br />

Não. Mas a anotação de enfermagem pode assegurar<br />

a equipe diante de problemas éticos, da produção do<br />

profissional e para o ensino e pesquisa. Muitos profissionais<br />

possuem dificuldades na escrita e na pontuação, sendo<br />

que uma virgula mal utilizada em uma anotação pode<br />

causar uma conotação ambígua. A única forma de<br />

solucionar este problema é identificar o profissional que<br />

apresenta est dificuldade e traçar estratégias de melhoria<br />

contínua junto a este profissional. O enfermeiro líder da<br />

equipe pode e deve colaborar, já que o Conselho vem<br />

fazendo sua parte. Porém, para que se consiga atingir<br />

os objetivos, é necessário o envolvimento de todos os<br />

profissionais. Paula Moutinho, Taquaritinga


NÃO VAI DOER NO SEU BOLSO.<br />

O SISTEMA COFEN/COREN ESTÁ PARCELANDO<br />

EM ATÉ 2 ANOS E COM DESCONTO DE MULTA E JUROS<br />

A ANUIDADE DOS PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM<br />

QUE ESTIVEREM EM ATRASO.<br />

Para você colocar em dia sua anuidade, o Cofen criou um Programa de Recuperação Fiscal, o REFIS-Enfermagem.<br />

Com ele você escolhe em quantas parcelas quer pagar para regularizar-se legalmente perante o sistema Cofen/Coren,<br />

que luta pelo reconhecimento e valorização da classe e pela redução da jornada de trabalho para 30 horas semanais;<br />

organiza o congresso anual dos Conselhos de Enfermagem e di<strong>sp</strong>onibiliza pela internet o programa gratuito Proficiência,<br />

de aprimoramento profissional. Estamos fazendo a nossa parte. Agora é preciso que você faça a sua, até porque<br />

sem a carteira de identidade profissional regularizada um profissional de Enfermagem não pode exercer<br />

legalmente sua profissão. Lembre-se: profissional regular é profissional valorizado.<br />

INFORME-SE NO COREN DO SEU ESTADO.<br />

JUNTOS SOMOS MUITOS<br />

E MUITO PODEMOS.<br />

PRAZO FINAL: 31/DEZ/<strong>2009</strong><br />

w w w . c o f e n . g o v . b r<br />

Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong> | 51<br />

DeBRITO


52 | Revista Enfermagem • <strong>Novembro</strong>/<strong>2009</strong><br />

Enfermeiro, Técnico<br />

e Auxiliar de Enfermagem.<br />

O melhor de cada um<br />

pelo bem de todos.<br />

COREN-SP é o órgão que fiscaliza e disciplina<br />

o exercício profissional de Enfermagem, o que<br />

garante à sociedade uma assistência ética,<br />

científica e de qualidade. Só profissionais<br />

inscritos no conselho podem exercer a profissão.<br />

Enfermeiro coordena a equipe<br />

de Enfermagem, participa e executa<br />

procedimentos de alta complexidade.<br />

Tem formação superior. A cor de sua<br />

carteira de identificação é verde.<br />

Técnico de Enfermagem realiza a<br />

prescrição de cuidados ao paciente de<br />

média complexidade determinados pelo<br />

Enfermeiro. Tem formação técnica. A cor<br />

de sua carteira de identificação é azul.<br />

Auxiliar de Enfermagem executa<br />

atividades de rotina, garantindo conforto<br />

e bem-estar ao paciente. Tem formação<br />

técnica básica. A cor de sua carteira<br />

de identificação é vermelha.<br />

A supervisão da assistência de Enfermagem<br />

é privativa do Enfermeiro, que planeja<br />

e organiza os serviços da assistência.<br />

DeBRITO

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