17.04.2013 Views

Diretoria da LIESA (Triênio 2009-2012) Presidente - Jorge Luiz ...

Diretoria da LIESA (Triênio 2009-2012) Presidente - Jorge Luiz ...

Diretoria da LIESA (Triênio 2009-2012) Presidente - Jorge Luiz ...

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

<strong>Diretoria</strong> <strong>da</strong> <strong>LIESA</strong> (<strong>Triênio</strong> <strong>2009</strong>-<strong>2012</strong>)<br />

<strong>Presidente</strong> - <strong>Jorge</strong> <strong>Luiz</strong> Castanheira Alexandre<br />

Vice-<strong>Presidente</strong> e<br />

Diretor de Patrimônio<br />

- Zacarias Siqueira de Oliveira<br />

Tesoureiro - Américo Siqueira Filho<br />

Diretor Jurídico - Dr. Nelson de Almei<strong>da</strong><br />

Secretário -<br />

Wagner Tavares de Araújo<br />

Diretor de Carnaval - Elmo José dos Santos<br />

Diretor Comercial - Hélio Costa <strong>da</strong> Motta<br />

Diretor Cultural - Hiram Araújo<br />

Diretor Social - <strong>Jorge</strong> Perlingeiro


ÍNDICE<br />

3<br />

PÁGINA<br />

ORDEM DOS DESFILES 05<br />

RANKING DAS ESCOLAS 07<br />

G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO GOVERNADOR 09<br />

G.R.E.S. IMPERATRIZ LEOPOLDINENSE 17<br />

G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA 29<br />

G.R.E.S. UNIDOS DO VIRADOURO 37<br />

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO SALGUEIRO 45<br />

G.R.E.S. BEIJA-FLOR DE NILÓPOLIS 53<br />

G.R.E.S. MOCIDADE IND. DE PADRE MIGUEL 61<br />

G.R.E.S. UNIDOS DO PORTO DA PEDRA 71<br />

G.R.E.S. PORTELA 81<br />

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO GRANDE RIO 91<br />

G.R.E.S. UNIDOS DE VILA ISABEL 107<br />

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA DE MANGUEIRA 119


ORDEM<br />

GRUPO ESPECIAL<br />

ORDEM DOS DESFILES<br />

CARNAVAL/2010<br />

HORÁRIO<br />

DE INÍCIO<br />

1 Às 21:00 h<br />

2 Entre 22:05 e 22:22 h<br />

DOMINGO<br />

(14/02/2010)<br />

UNIÃO DA ILHA<br />

DO GOVERNADOR<br />

IMPERATRIZ<br />

LEOPOLDINENSE<br />

5<br />

SEGUNDA<br />

(15/02/2010)<br />

MOCIDADE IND. DE<br />

PADRE MIGUEL<br />

UNIDOS DO<br />

PORTO DA PEDRA<br />

3 Entre 23:10 e 23:44 h UNIDOS DA TIJUCA PORTELA<br />

4 Entre 00:15 e 01:06 h<br />

5 Entre 01:20 e 02:28 h<br />

6 Entre 02:25 e 03:50 h<br />

UNIDOS<br />

DO VIRADOURO<br />

ACADÊMICOS DO<br />

SALGUEIRO<br />

BEIJA-FLOR<br />

DE NILÓPOLIS<br />

ACADÊMICOS DO<br />

GRANDE RIO<br />

UNIDOS DE<br />

VILA ISABEL<br />

ESTAÇÃO PRIMEIRA<br />

DE MANGUEIRA<br />

As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles<br />

correspon<strong>da</strong> à numeração ímpar deverão se concentrar a partir <strong>da</strong><br />

lateral do Setor 01 (um) <strong>da</strong> Aveni<strong>da</strong> dos Desfiles no sentindo do<br />

Edifício “Balança Mas Não Cai”;<br />

As Escolas de Samba, cuja posição na Ordem dos Desfiles<br />

correspon<strong>da</strong> à numeração par deverão se concentrar a partir do<br />

prédio do Juizado de Menores no sentido do prédio <strong>da</strong> Empresa<br />

Brasileira de Correios e Telégrafos.


ORDEM<br />

ESCOLA<br />

RANKING <strong>LIESA</strong><br />

2005 / <strong>2009</strong><br />

2005 2006 2007 2008 <strong>2009</strong><br />

Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt. Col. Pt.<br />

1º Beija-Flor de Nilópolis 1º 20 5º 8 1º 20 1º 20 2º 15 83<br />

2º Acadêmicos do Grande Rio 3º 12 2º 15 2º 15 3º 12 5º 8 62<br />

3º Acadêmicos do Salgueiro 5º 8 11º 0 7º 4 2º 15 1º 20 47<br />

4º Unidos <strong>da</strong> Tijuca 2º 15 6º 6 4º 10 5º 8 9º 2 41<br />

5º Unidos de Vila Isabel 10º 1 1º 20 6º 6 9º 2 4º 10 39<br />

6º<br />

Estação Primeira de<br />

Mangueira<br />

6º 6 4º 10 3º 12 10º 1 6º 6 35<br />

7º Unidos do Viradouro 8º 3 3º 12 5º 8 7º 4 8º 3 30<br />

8º Portela 13º 0 7º 4 8º 3 4º 10 3º 12 29<br />

9º Imperatriz Leopoldinense 4º 10 9º 2 9º 2 6º 6 7º 4 24<br />

10º Moci<strong>da</strong>de Independente de<br />

Padre Miguel<br />

9º 2 10º 1 11º 0 8º 3 11º 0 6<br />

Unidos do Porto <strong>da</strong> Pedra 7º 4 12º 0 10º 1 11º 0 10º 1 6<br />

12º Império Serrano 12º 0 8º 3 12º 0 - - 12º 0 3<br />

13º Caprichosos de Pilares 11º 0 13º 0 - - - - - - 0<br />

14º São Clemente - - - - - - 12º 0 - - 0<br />

Estácio de Sá - - - - 13º 0 - - - - 0<br />

Tradição 14º 0 - - - - - - - - 0<br />

7<br />

TOTAL


“D. Quixote de la Mancha – o<br />

cavaleiro dos sonhos<br />

impossíveis”<br />

G.R.E.S. UNIÃO DA ILHA DO<br />

GOVERNADOR<br />

<strong>Presidente</strong>: Sidney Filardi<br />

Carnavalesca: Rosa Magalhães<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 07/03/1953<br />

Cores: Vermelho, Azul e Branco<br />

9


G.R.E.S. União <strong>da</strong> Ilha do Governador<br />

“D. Quixote de la Mancha...<br />

O cavaleiro dos sonhos impossíveis”<br />

“Num lugar <strong>da</strong> Mancha, de cujo nome não quero<br />

lembrar-me, vivia um fi<strong>da</strong>lgo. Tinha em casa uma ama e<br />

uma sobrinha. Orçava em i<strong>da</strong>de, o nosso fi<strong>da</strong>lgo, pelos<br />

cinqüenta anos. Era rijo de compleição, seco de carnes,<br />

enxuto de rosto, madrugador e amigo <strong>da</strong> caça...<br />

É pois de saber, que este fi<strong>da</strong>lgo, nos intervalos que tinha<br />

de ócio, que eram muitos, se <strong>da</strong>va a ler livros de cavalaria<br />

com tanto empenho e prazer, e era tanta paixão por<br />

essas histórias, que chegou a vender parte de suas terras<br />

para comprar livros de Cavalaria. O que mais admirava<br />

era “Os quatro de Amadis de Gaula”, primeiro livro de<br />

cavalaria que se imprimiu na Espanha.<br />

E o pobre cavaleiro foi perdendo o juízo. Sua imaginação<br />

foi toma<strong>da</strong> por tudo o que lia nos livros – feitiçarias,<br />

conten<strong>da</strong>s, batalhas, desafios, amores e disparates<br />

inacreditáveis. Foi assim que acudiu-lhe a mais estranha<br />

ideia, que jamais ocorrera a outro louco nesse mundo.<br />

Pareceu-lhe conveniente, fazer-se cavaleiro an<strong>da</strong>nte, em<br />

busca de aventuras e viver tudo o que havia lido sobre o<br />

assunto.<br />

Assim começa a saga de um cavaleiro que se tornou imortal.<br />

Escrito por Miguel de Cervantes, a princípio era uma crítica<br />

aos romances de cavalaria. Porém sua importância foi além<br />

dos limites que imaginara. É considerado o primeiro<br />

romance <strong>da</strong> era moderna e escolhido como o melhor livro já<br />

escrito até os dias de hoje.<br />

13


14<br />

Carnaval 2010<br />

Voltando ao nosso herói, ele escolheu um nome, Quixote<br />

de La Mancha, batizou seu magro cavalo de Rocinante,<br />

tomou um vizinho, lavrador pobre e bastante simplório,<br />

como seu fiel escudeiro. E para cavaleiro an<strong>da</strong>nte na<strong>da</strong><br />

mais lhe faltava a não ser uma <strong>da</strong>ma. Foi então que se<br />

lembrou de uma aldeã por quem já fora enamorado,<br />

embora ela nunca tenha sabido, chama<strong>da</strong> Aldonza<br />

Lorenzo. Pôs-lhe então o nome de Dulcinéia Del Toboso.<br />

Assim, armado e montado em Rocinante, acompanhado<br />

pelo escudeiro Sancho Pança montando seu burrico<br />

russo, Dom Quixote resolve sair em busca de aventuras,<br />

que devo dizer não foram poucas.<br />

Investiu contra os moinhos de ventos, achando que eram<br />

gigantes, obra do grande feiticeiro Fristão; tomou<br />

rebanho de ovelhas por exércitos inimigos, e fez o mesmo<br />

com uma mana<strong>da</strong> de touros. De um barbeiro, levou-lhe a<br />

bacia doura<strong>da</strong>, pois achava que era o elmo de Mambrino,<br />

colocou-a na cabeça e esta bacia passou a fazer parte de sua<br />

indumentária enferruja<strong>da</strong> e antiga, pertencente a seu bisavô.<br />

Enquanto Dom Quixote se aventura pelo mundo, sua<br />

sobrinha, aju<strong>da</strong><strong>da</strong> por amigos, resolve destruir todos os<br />

livros de cavalaria dele e bloqueia a porta do seu<br />

escritório, para parecer que esta sumira como que por<br />

encantamento. No afã de levá-lo de volta para casa, o<br />

noivo <strong>da</strong> moça se disfarça de cavaleiro <strong>da</strong> Branca Lua e<br />

desafia Quixote para um torneio. Caso ele perdesse, teria<br />

que se refugiar em casa por um período de um ano,<br />

esquecendo-se <strong>da</strong>s aventuras de cavaleiro an<strong>da</strong>nte.<br />

Quixote é vencido por seu oponente e, como era fi<strong>da</strong>lgo


G.R.E.S. União <strong>da</strong> Ilha do Governador<br />

de palavra, volta para a casa, para júbilo de todos, e aos<br />

poucos vai recobrando a sensatez e esquecendo-se <strong>da</strong>s<br />

aventuras do grande D. Quixote de La Mancha.<br />

“Quixote encanta pela loucura <strong>da</strong> luta por ideais dos quais a<br />

razão desistiu. Os humanistas domesticados pela razão<br />

cínica viraram técnicos em acomo<strong>da</strong>ção.<br />

Quixote, como Cervantes, foi-se em agitação criativa e<br />

penúria material.<br />

Quatro séculos após a sua vin<strong>da</strong>, restam o quixotesco de<br />

anedota, frases diverti<strong>da</strong>s, fugaz admiração. Do ideal,<br />

apenas a glória do derrotado. Venceu o pragmatismo de<br />

Sancho.<br />

Mas vale a pena ler, quimeras são sempre diverti<strong>da</strong>s, a<br />

infância ou a loucura ain<strong>da</strong> mora na essência <strong>da</strong>s nossas<br />

almas quixotescas...”<br />

“Sonhar<br />

Mais um sonho impossível<br />

Lutar<br />

Quando é fácil ceder<br />

Negar quando a regra é vender...<br />

Voar num limite improvável<br />

Tocar o inacessìvel chão.”<br />

15<br />

Rosa Magalhães<br />

Carnavalesca


Bibliografia consulta<strong>da</strong>:<br />

16<br />

Carnaval 2010<br />

Dom Quixote de la Mancha – de Miguel de Cervantes –<br />

Ilustrações de Gustavo Doré – Tradução –<br />

Viscondes de Castilho e de Azevedo – Lello e irmão<br />

editores – Porto – 02 volumes – s/<strong>da</strong>ta<br />

Dom Quixote de la Mancha – de Miguel de Cervantes,<br />

tradução de Ferreira Gullar – editora Revan – 2002<br />

Artigo – Quatro séculos do maluco beleza – Alcione<br />

Araújo – Revista Argumento, nº. 08, pág. 17<br />

Sonho impossível – Musical Man of la Mancha – de<br />

Dale Wasserman, Joe Darion, Mitch Leigh –<br />

tradução Chico Buarque de Hollan<strong>da</strong>.


“Brasil de todos os Deuses”<br />

G.R.E.S. IMPERATRIZ<br />

LEOPOLDINENSE<br />

<strong>Presidente</strong>: <strong>Luiz</strong> Pacheco Drumond<br />

Carnavalesco: Max Lopes<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 06/03/1959<br />

Cores: Verde, Ouro e Branco<br />

17


G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense<br />

“Brasil de todos os Deuses”<br />

Uma terra abençoa<strong>da</strong>! É um Brasil que nasce de homens<br />

bem-aventurados, de uma história de dores e de alegrias,<br />

que gera um povo miscigenado, criativo e crente no que se<br />

tem de mais valor: o poder dos deuses. Seres iluminados,<br />

supremos, espirituais ou materiais, sagrados ou profanos,<br />

divinos de um Brasil de todos os Deuses.<br />

Brilha! A Coroa <strong>da</strong> Imperatriz Leopoldinense às coroas <strong>da</strong>s<br />

divin<strong>da</strong>des...<br />

Despertamos <strong>da</strong> imensidão do nosso Brasil, do “realismo<br />

mágico” do Reino de Tupã à nossa criação.<br />

Povoado pelo consciente imaginário dos índios brasileiros –<br />

os donos <strong>da</strong> terra; ressoam <strong>da</strong>s matas cantos, louvores, ritos,<br />

rancores, paixão e fé. No enredo do meu samba, Tupã é um<br />

Deus, genuinamente, “brasileiro”. Ele é a força divina,<br />

como no mito guarani <strong>da</strong> criação, que desce à terra<br />

personificado em um manto de luz e cor e cultuado como<br />

Deus do Carnaval. É Tupã que une e apresenta os elementos<br />

constitutivos <strong>da</strong>s religiões brasileiras e o fenômeno religioso<br />

universal do Homem, que crê em Deus, em Olorum, em El,<br />

em Alá, em Maomé, em Jeová, em Bu<strong>da</strong>, em Brahma, ou<br />

seja, em um Ser Superior.<br />

Tupã, de seu trono, tudo vê. No século XVI, treze caravelas<br />

de origem portuguesa aportam em terras brasileiras. À<br />

primeira vista, tais navegadores, cumprindo um contrato<br />

religioso, acreditam tratar-se de um grande monte e<br />

chamam-no de Monte Pascoal. Realizam, em 26 de abril de<br />

21


22<br />

Carnaval 2010<br />

1500, a primeira missa no Brasil. Desde então, as atitudes e<br />

imposições dos homens brancos aos filhos de Tupã, e até<br />

mesmo aos negros africanos que, posteriormente, viriam<br />

para além-mar na condição de escravos, cultuou-se o<br />

cristianismo. A cruz marca o testemunho de fé desses<br />

navegadores portugueses, que reconhecem Cristo como<br />

“Deus Homem” ou como a encarnação de Deus. Assim, a fé<br />

cristã é difundi<strong>da</strong>, chegam as catequeses e a lavoura e, com<br />

elas, a exploração do Novo Mundo, desven<strong>da</strong>do por Seu<br />

Cabral.<br />

O sopro forte de Tupã vai nos mostrando a nossa formação.<br />

Criam-se doutrinas, estórias, mitos e len<strong>da</strong>s. Sob a<br />

inviolável fé cristã, vindos <strong>da</strong> África Ocidental, os negros<br />

africanos trazem, além <strong>da</strong> dor <strong>da</strong> escravidão, suas crenças,<br />

suas divin<strong>da</strong>des, suas lembranças... de um ritual chamado<br />

N’Golo, praticado nas aldeias do sul de Angola, à época do<br />

rito <strong>da</strong> puber<strong>da</strong>de – que representava a passagem <strong>da</strong> moça<br />

para a condição de mulher. Também aporta, com os negros<br />

africanos, o culto dos Orixás – que atuam como<br />

intermediários entre o mundo terrestre e o Deus Negro –<br />

chamado Olorum ou Olodumaré, o Princípio Criador.<br />

O Brasil transcende a um princípio de uni<strong>da</strong>de geral: negros,<br />

índios e europeus ganham um só corpo, viram uma só gente,<br />

abençoa<strong>da</strong> pelos “deuses brasileiros”. É o despertar poético<br />

de uma ardente nação, uma nação, que perante os olhos de<br />

Tupã, vê navegar sobre seus mares, navios a vapor trazendo<br />

homens, mulheres, velhos e crianças (1870-1930) à nova<br />

terra.


G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense<br />

A viagem marca para sempre a vi<strong>da</strong> dos imigrantes<br />

europeus, asiáticos, indianos, americanos, entre outros.<br />

Partir assinala o encerramento <strong>da</strong> origem <strong>da</strong> sua existência,<br />

sublinhado pelo traço genérico comum <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong>de,<br />

estranheza, expectativa <strong>da</strong> chega<strong>da</strong> e a reconstrução de uma<br />

nova vi<strong>da</strong> em outro país. Até que o processo de imigração<br />

viesse a se concretizar, fatos como a visão etnocêntrica (dos<br />

nacionais) e a autopercepção do imigrante como estrangeiro<br />

contribuíram para reforçar os laços de grupo, os laços<br />

familiares e, sobretudo, os laços religiosos.<br />

As tradições religiosas dos imigrantes no Brasil fundiram-se<br />

a nossa brasili<strong>da</strong>de. Dos bairros étnicos, judeus, árabes,<br />

ortodoxos, japoneses budistas ou xintoístas, alemães<br />

protestantes, e até indianos hare krishnas, com suas formas<br />

de linguagens, expressões diretas e atuantes, preservam seus<br />

mistérios e cultuam seus deuses...<br />

Do Ju<strong>da</strong>ísmo: “um velho pastor, cansado <strong>da</strong> fome e <strong>da</strong><br />

seca, certa vez ouviu uma voz a dizer: Parte <strong>da</strong> tua terra.<br />

Era o Senhor, que propôs guiar aquele homem até um lugar<br />

abençoado, onde água e comi<strong>da</strong> nunca faltariam. Em troca,<br />

ele deveria adorá-Lo como o único Deus e espalhar pelo<br />

mundo uma mensagem de justiça. A proposta era arrisca<strong>da</strong><br />

numa época em que reis exploravam o trabalho de<br />

camponeses, invasores ameaçavam ci<strong>da</strong>des-estado e os<br />

povos, em busca de proteção, veneravam várias divin<strong>da</strong>des.<br />

Mesmo assim, o pastor aceitou o acordo. E foi<br />

recompensado por isso. Seu nome era Abraão. Ele<br />

sobreviveu a guerras, catástrofes naturais, perseguições. E<br />

seus descendentes foram guiados numa longa jorna<strong>da</strong> rumo<br />

a Canaã – a Terra Prometi<strong>da</strong>” (Revista Superinteressante,<br />

março <strong>2009</strong>)<br />

23


24<br />

Carnaval 2010<br />

A narrativa <strong>da</strong> aliança entre Deus e Abraão é uma <strong>da</strong>s mais<br />

conheci<strong>da</strong>s <strong>da</strong> tradição ju<strong>da</strong>ico-cristã e, embora nunca tenha<br />

sido confirma<strong>da</strong> historicamente, pode explicar como surgiu<br />

a primeira grande religião monoteísta, o Ju<strong>da</strong>ísmo.<br />

Do Budismo: a essência do pensamento budista focado nas<br />

Quatro Nobres Ver<strong>da</strong>des:<br />

1º dor (a vi<strong>da</strong> é cheia de dor);<br />

2º a origem <strong>da</strong> dor (a dor provém do desejo de experiências<br />

sensoriais);<br />

3º sobre a superação <strong>da</strong> dor (atingir o estágio <strong>da</strong> nirvana); e<br />

4º o caminho que leva à superação do desejo (o desejo<br />

apaga-se quando se segue o “Meio-Caminho”, o sagrado<br />

caminho <strong>da</strong>s regras <strong>da</strong> vi<strong>da</strong>): a pureza <strong>da</strong> fé; <strong>da</strong> vontade; <strong>da</strong><br />

ação; dos meios <strong>da</strong> existência; <strong>da</strong> atenção; <strong>da</strong> memória; e <strong>da</strong><br />

meditação.<br />

Uma filosofia espiritualista de vi<strong>da</strong> basea<strong>da</strong> integralmente<br />

nos profundos ensinamentos do Bu<strong>da</strong> para todos os seres,<br />

que revela a ver<strong>da</strong>deira face <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e do universo.<br />

Do Islamismo: a religião que mais cresce no mundo<br />

contemporâneo nasceu na Península Arábica a partir <strong>da</strong><br />

reflexão de Maomé em torno <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong>de de deuses<br />

existentes nas tribos <strong>da</strong> própria península, assim como <strong>da</strong>s<br />

religiões petrifica<strong>da</strong>s e presas no formalismo ritualístico,<br />

sem a vivificação espiritual deseja<strong>da</strong> e desejável, como o<br />

cristianismo ortodoxo grego, o cristianismo romano e o<br />

ju<strong>da</strong>ísmo.


G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense<br />

Nos treze séculos que se passaram de sua gênese, a religião<br />

congrega hoje mais de 800 milhões de adeptos, unidos pelo<br />

sentimento profundo de pertencimento a uma só<br />

comuni<strong>da</strong>de. E essa expansão, que continua, é,<br />

principalmente, em virtude de um espírito de universali<strong>da</strong>de<br />

que transcende qualquer distinção de raça e permite a ca<strong>da</strong><br />

povo se integrar no Islã, mas, ao mesmo tempo, conservar<br />

sua cultura própria.<br />

Do Hinduísmo: uma intersecção de valores, filosofias e<br />

crenças, deriva<strong>da</strong>s de diferentes povos e culturas.<br />

Tem sua origem pelo ano de 1500 a.C. Nasceu a partir dos<br />

elementos religiosos dos vencedores (arianos) e vencidos<br />

(os autóctones). Provém <strong>da</strong> experiência humana. Consiste<br />

na investigação <strong>da</strong>s profundezas <strong>da</strong> alma, na reflexão sobre<br />

si mesmo, <strong>da</strong> preocupação em não deixar escapar na<strong>da</strong> de<br />

experiência.<br />

O credo fun<strong>da</strong>mental do Hinduísmo é o <strong>da</strong> existência de um<br />

espírito Universal chamado Brahma (alma do mundo). Essa<br />

alma do mundo, também chama<strong>da</strong> de Trimurti, o Deus<br />

Trino e Uno, tem esse nome porque acreditavam que ela era:<br />

1. Brahma, o Criados; 2. Vishnu (Krishna), o Conservador;<br />

3 – Shiva, o Destruidor.<br />

A religião hindu acredita ain<strong>da</strong> em muitos deuses. Existem<br />

cerca de 33 milhões de deuses. Os sacerdotes hindus<br />

afirmam que são apenas representações de diferentes<br />

atributos de Brahma ou nomes do mesmo Deus.<br />

25


26<br />

Carnaval 2010<br />

No destino imaginário <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de celebram a vi<strong>da</strong> e<br />

percorrem o caminho <strong>da</strong> ver<strong>da</strong>de. Todos de braços <strong>da</strong>dos e<br />

peito aberto em um convívio fraterno, sem ódio nem rancor,<br />

<strong>da</strong> passarela do samba mostram pro mundo que a união<br />

entre as crenças é um ato de amor...<br />

Entre o sagrado e o profano, Brasil de todos os Deuses é a<br />

devoção de ca<strong>da</strong> religião, é a celebração <strong>da</strong>s festas<br />

religiosas. Da Festa do Divino, que tem origem nas<br />

comemorações portuguesas a partir do século XIV e que no<br />

Brasil é marca<strong>da</strong> pela esperança de uma nova era para o<br />

mundo dos homens, com igual<strong>da</strong>de, prosperi<strong>da</strong>de e boa<br />

colheita. Do Reisado, <strong>da</strong> festa do negro que se faz no<br />

Congado, <strong>da</strong> Cavalha<strong>da</strong> – a histórica batalha entre cristãos e<br />

mouros, <strong>da</strong>s romarias e dos beatos e sua peregrinação pelos<br />

caminhos <strong>da</strong> fé.<br />

De um Brasil que vive em harmonia onde deus paga, onde<br />

deus cria e convive com o povo brasileiro no seu dia-a-dia:<br />

Deus lhe pague!<br />

Deus lhe abençoe!<br />

Deus é o vosso Pai,<br />

Deus é o vosso guia...<br />

Vai com Deus!<br />

Deus é amor.<br />

Graças a Deus!<br />

Deus é meu pastor.<br />

O encanto toma conta do espírito de Tupã que abençoa o<br />

Brasil como o templo <strong>da</strong> união de to<strong>da</strong>s as crenças. Das<br />

matas indígenas ao cristianismo, dos cultos afros às


G.R.E.S. Imperatriz Leopoldinense<br />

manifestações religiosas, dos imigrantes, <strong>da</strong> festa <strong>da</strong> fé ao<br />

povo brasileiro. A Imperatriz Leopoldinense é o templo do<br />

Brasil, é o Brasil de todos os Deuses – um poema épico,<br />

erguido ao longo <strong>da</strong> nossa história, que pede passagem para<br />

contar em “canto e oração” a ação sociocultural de to<strong>da</strong>s as<br />

religiões nesse encontro mágico e poético chamado<br />

Carnaval.<br />

Idéia Original e Carnavalesco: Max Lopes<br />

27


“É Segredo!”<br />

G.R.E.S. UNIDOS DA TIJUCA<br />

<strong>Presidente</strong>: Fernando Horta<br />

Carnavalesco: Paulo Barros<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 31/12/1931<br />

Cores: Azul Pavão e Amarelo Ouro<br />

29


G.R.E.S. Unidos <strong>da</strong> Tijuca<br />

“É Segredo!”<br />

O enredo <strong>da</strong> Unidos <strong>da</strong> Tijuca em 2010 é segredo. Foram<br />

muitas pesquisas, estudos, reflexões, textos contendo ideias<br />

e informações importantes, de onde acontecimentos e<br />

personagens <strong>da</strong> história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de vinham e iam.<br />

Apenas tentativas que não nos levaram a lugar algum.<br />

Apesar de escolhermos vários temas, descobrimos que nem<br />

sempre é possível REVELAR na Aveni<strong>da</strong> como tudo<br />

aconteceu. Não encontramos explicações que nos<br />

proporcionassem o entendimento. Nem sempre<br />

ESCONDER pode ser apenas uma diverti<strong>da</strong> e inocente<br />

brincadeira.<br />

As imagens surgiam para nos revelar alguma coisa, nos <strong>da</strong>r<br />

a certeza de que ali estavam respostas e, de repente, na<strong>da</strong> era<br />

mais como parecia ser alguns segundos atrás. Como isso<br />

pôde acontecer, se tudo parecia tão claro? Como num passe<br />

de MÁGICA, o que tínhamos diante de nós se transformava<br />

em outra coisa. Inexplicável.<br />

Procuramos um caminho que nos levasse a DECIFRAR e a<br />

entender o que se passava.<br />

Também não resistimos à tentação de buscar histórias<br />

relaciona<strong>da</strong>s às antigas civilizações. Tantas já percorreram a<br />

Aveni<strong>da</strong> mostrando como viviam povos antigos. Tantas...<br />

Livros, mapas, textos, documentos valiosos... E fomos<br />

descobrindo que além <strong>da</strong>s tantas histórias já revela<strong>da</strong>s<br />

existiam aquelas que nunca ninguém ousou transformar em<br />

carnaval. Por que não? Talvez porque num passado distante<br />

33


34<br />

Carnaval 2010<br />

elas deixaram de existir. Viraram CINZAS, poeira <strong>da</strong>s<br />

grandes batalhas em que só a vitória importa. Custe o que<br />

custar.<br />

Em leituras incessantes, varamos noites e dias. Nas páginas<br />

restantes de catástrofes que APAGARAM a memória dessas<br />

civilizações, muitas perguntas, poucas narrativas completas,<br />

dúvi<strong>da</strong>s e muito MISTÉRIO. E o tempo foi passando no<br />

contato com as informações recolhi<strong>da</strong>s ao longo de séculos<br />

sobre povos que desapareceram e só nos deixaram<br />

perguntas.<br />

Encontramos alguns VESTÍGIOS de tantos outros povos<br />

que viveram em nosso planeta. Nesse planeta? Ruínas,<br />

marcas, restos.<br />

Túmulos escondidos, sinais claros <strong>da</strong> existência de lugares<br />

sobre os quais pouco conhecemos. Registros apagados pelo<br />

tempo. Histórias únicas e perdi<strong>da</strong>s.<br />

Tanto conhecimento poderia ser traduzido em grandes<br />

enredos. Lugares que sabemos terem existido, mas que só a<br />

imaginação poderia reconstruir. Essas lacunas devem<br />

incomo<strong>da</strong>r a todos aqueles que atravessam um processo de<br />

criação baseado na reconstituição histórica. Mas alimentam<br />

aqueles que se aventuram a criar LENDAS e, secretamente,<br />

preencher esses espaços OCULTOS.<br />

Continuamos nossa busca. Conversas, debates acalorados,<br />

desânimo, excitação. Houve momentos em que chegamos<br />

bem perto de uma solução e, quando parecia que tínhamos<br />

encontrado, encarávamos mais uma vez o<br />

DESCONHECIDO, o INDECIFRÁVEL. Quem foram?<br />

Como viveram? Como fazer esse enredo, se não sabemos?


G.R.E.S. Unidos <strong>da</strong> Tijuca<br />

Esses homens não gostariam de ter deixado suas histórias<br />

para futuras gerações? Certamente não queriam esconder<br />

sua cultura, hábitos, rituais que poderiam hoje estar<br />

ilustrando os livros, correndo nas telas dos cinemas,<br />

atravessando a Passarela do Samba.<br />

Infelizmente, não tiveram essa escolha. Foram enterrados,<br />

incinerados, destruídos. Jamais saberemos sobre suas vi<strong>da</strong>s,<br />

seu cotidiano, suas identi<strong>da</strong>des.<br />

Mesmo que quisessem esconder seus segredos, como<br />

sempre fizeram os homens de todos os tempos, nunca<br />

saberemos o que desejariam ter revelado sobre si mesmos.<br />

Nunca? Até agora, não.<br />

Talvez devêssemos também desaparecer. Nos esconder e<br />

passar o carnaval DISFARÇADOS. Sumir na multidão.<br />

Pelos mais diferentes motivos. Os mais covardes e os mais<br />

nobres. Por errar e para acertar, também. Não agem assim os<br />

super-heróis e os vilões? Homens do bem e do mal?<br />

Espiões, bandidos, cientistas, escritores... Somem os<br />

homens, suas histórias, e somem coisas também.<br />

Aviões e navios DESAPARECEM na imensidão. E nunca<br />

mais se sabe na<strong>da</strong> sobre eles. Então, começam a procurá-los.<br />

Criam inúmeras suposições sobre esses sumiços. Quem<br />

matou, quem fugiu, por que desapareceu? Onde se<br />

escondeu? Surgem histórias estranhas de todo lugar. Muitos<br />

acreditam que seres de outros planetas nos visitam para<br />

levar pessoas e objetos para estudos. Outros afirmam que<br />

extraterrestres já foram capturados e escondidos para<br />

pesquisa.<br />

35


36<br />

Carnaval 2010<br />

As especulações viram INVESTIGAÇÕES e a procura<br />

continua. Revistam a casa, o trabalho, os caminhos virtuais.<br />

Hoje, a coisa mais fácil é encontrar um sujeito pela Internet.<br />

Quebram e clonam suas SENHAS. Fazem pior: derrubam<br />

empresas inteiras descobrindo códigos de acesso, quebrando<br />

sistemas de segurança. Esses são sujeitos que ninguém<br />

encontra. Nunca se revelam e são capazes de invadir a vi<strong>da</strong><br />

de qualquer um.<br />

Qual seria a CHAVE para nos revelar a saí<strong>da</strong>? Que outros<br />

enigmas, códigos, FÓRMULAS SECRETAS e poções<br />

mágicas poderão ain<strong>da</strong> ser revelados no futuro?<br />

O que dirão quando souberem o que está acontecendo? É<br />

melhor não saberem, manter em segredo tudo isso. É melhor<br />

assumir o que não podemos esconder? Ou esconder o que<br />

não podemos assumir?<br />

Mas se quiser tentar DESVENDAR o que está acontecendo<br />

diante de seus olhos, não esqueça de que nem tudo o que se<br />

vê é o que parece ser... E se conseguir decifrar o que está<br />

por trás, não REVELE o segredo... Deixe-se levar pelo<br />

inesperado e surpreen<strong>da</strong>-se! No carnaval, você pode<br />

descobrir como são mutáveis as certezas que temos sobre o<br />

que vemos.<br />

Paulo Barros<br />

Isabel Azevedo<br />

Ana Paula Trin<strong>da</strong>de<br />

Simone Martins


“México, o Paraíso <strong>da</strong>s Cores,<br />

sob o Signo do Sol”<br />

G.R.E.S. UNIDOS DO<br />

VIRADOURO<br />

<strong>Presidente</strong>: Marco Lira<br />

Carnavalescos: Edson Pereira e Junior Schall<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 24/06/1946<br />

Cores: Vermelho e Branco<br />

37


G.R.E.S. Unidos do Viradouro<br />

“México, o Paraíso <strong>da</strong>s Cores, sob o Signo do Sol”<br />

Feche os olhos. Se permita aflorar os sentidos.<br />

Se faça pleno de emoção, para viajar e experimentar.<br />

Sinta o calor do sol que nos abraça e nos convoca a sorrir e<br />

a comemorar<br />

O sinal vital do tempo de festejar.<br />

Da honra de coroar, com to<strong>da</strong> paixão, nossa união com a<br />

vi<strong>da</strong>,<br />

Traduzi<strong>da</strong> em forma de carnaval.<br />

É a hora de homenagear uma nação guerreira,<br />

Irmã de alma, quente e tenaz, Latina.<br />

Pela mágica retina <strong>da</strong> folia, celebrar “A criação”.<br />

Nasci<strong>da</strong> nos esboços em carvão de um artista,<br />

Na paleta <strong>da</strong>s cores geniais de Rivera e Fri<strong>da</strong>,<br />

Criar, valorizar, misturar as raças.<br />

Reclamar a ideologia mestiça!<br />

Inspirar uma arte a serviço do povo!<br />

Arte que vibra. Transbor<strong>da</strong> de alegria.<br />

Pintar nos murais, as cores intensas, vivas de liber<strong>da</strong>de<br />

Para invadir as facha<strong>da</strong>s, ganhar as ruas<br />

Em desenhos radiantes, explodir em criativi<strong>da</strong>de<br />

espontânea;<br />

E contar as narrativas do dia-a-dia...<br />

Nas antigas lições do passado, agregar o valor <strong>da</strong>s<br />

memórias,<br />

De fábulas de lutas e glórias.<br />

Fazer florescer, em meio às sombras,<br />

Ci<strong>da</strong>des dos sonhos.<br />

“Lugar onde se fazem os Deuses”...<br />

41


42<br />

Carnaval 2010<br />

Relembrar o resplandecer dos templos sagrados de Deuses<br />

agrários,<br />

Das pirâmides do sol e <strong>da</strong> lua,<br />

Dos palácios bor<strong>da</strong>dos com pedras de jade e turquesa,<br />

Perdidos no crepúsculo do fin<strong>da</strong>r de mitos e crenças,<br />

Do legado ceifado pelas mãos do invasor.<br />

O ouro e prata, maculados, tesouros cobiçados por piratas<br />

Cruzam o Caribe rumo a além-mar.<br />

E nas batalhas <strong>da</strong> ambição, regi<strong>da</strong>s pela dor,<br />

Sem honras nem glórias, o baú que encontram é o <strong>da</strong>s almas<br />

No fundo do mar.<br />

A lâmina afia<strong>da</strong> <strong>da</strong> degra<strong>da</strong>ção é a catequese do medo,<br />

Irmana<strong>da</strong> com as novas doenças e a fome<br />

Que se aflige porém, com os sinos que dobram e anunciam<br />

o brado <strong>da</strong> luta.<br />

O “grito” que ecoa evoca uma independência páli<strong>da</strong>, sem<br />

cor,<br />

Sem “terra e liber<strong>da</strong>de”.<br />

Que clama por seus heróis nacionais, “Caudillos” generais<br />

do povo,<br />

De lenços vermelhos, sangue guerreiro, dos camponeses,<br />

dos “Rancheros”<br />

Lìderes mestiços de “Sombrero”, Pancho Villa e Zapata,<br />

Salve a revolução!<br />

Salve a mistura de ingredientes que temperam esta terra,<br />

De sol e tequila, de “señoritas” de olhos negros e cabelos<br />

sedosos,<br />

De “Mariachis” e ìndios, de corações nobres e sentimentais<br />

Com uma pita<strong>da</strong> de sau<strong>da</strong>de, do sorriso de Cantinflas.<br />

Vivo na alegria dos aromas e sabores, dos “Tacos, Tortillas<br />

e Chiles”.


G.R.E.S. Unidos do Viradouro<br />

No clima dos costumes, dos dias de festas,<br />

Em que a música e a <strong>da</strong>nça, enchem de vi<strong>da</strong> belos vestidos<br />

de ren<strong>da</strong><br />

Que rodopiam num bailado multicor de tradição nativa.<br />

Fantasia<strong>da</strong> de esqueleto, bem-humorado, que celebra o dia<br />

de finados.<br />

Um paraíso natural que não rima com tristeza.<br />

Pátria maior, orgulhosa <strong>da</strong> capital, a Ci<strong>da</strong>de Monstro,<br />

Da Babilônia <strong>da</strong> Fronteira, do “Pote de Ouro”,<br />

Da “Capital <strong>da</strong> Prata”, <strong>da</strong> “Ci<strong>da</strong>de dos Anjos”,<br />

De cenários mágicos de se perder o fôlego,<br />

De lembranças doces, com o gosto <strong>da</strong> vitória,<br />

Sob o aceno dos “sombreros” a conquista verde e amarela.<br />

Numa terra gloriosa, dona de uma história esculpi<strong>da</strong> em<br />

pedra,<br />

Conta<strong>da</strong> na arte <strong>da</strong>s paredes que falam,<br />

Real, pelo suor de filhos fortes que teimam em renascer.<br />

Para rogar à Virgem padroeira, sua benção.<br />

A Viradouro então abre o coração,<br />

Com seus sentidos aflorados, se une ao México pleno de<br />

amor e coragem,<br />

Para seguir o caminho <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de,<br />

Coberto por rosas, sem espinhos,<br />

Iluminado pelo eterno Signo do Sol e pela fé em<br />

Gua<strong>da</strong>lupe.<br />

É Carnaval, é Alegria, é México!<br />

Autores <strong>da</strong> sinopse: Edson Pereira e Junior Schall.<br />

<strong>Presidente</strong>: Marco Lira.<br />

43


Bibliografia -Obras Consulta<strong>da</strong>s:<br />

Angulo, <strong>Jorge</strong> Teotihuacan- City Of The Gods.<br />

Editora: Bonechi.<br />

Guirao,P.O Enigma dos Maias. Uma Civilização<br />

Superior na América Pré-Colombiana. Editora:<br />

Hemus.<br />

Kettenmann, Andrea. Rivera. Editora: Taschen.<br />

Lessa, Ana. América Central, México e Ilhas do<br />

Caribe. Editora: Seleções / Reader’s Digest<br />

44<br />

Carnaval 2010<br />

Matthews, John. Galeria de Piratas. Editora: Ciran<strong>da</strong><br />

Cultural.<br />

Mc Lynn, Frank. Heróis e Vilões. Editora: Larousse.<br />

Sal<strong>da</strong>ña, Yolan<strong>da</strong> Bravo. Ciu<strong>da</strong>d de México- História<br />

– arte- Monumentos. Editora: Bonechi<br />

Shorris, Earl. Pancho Villa- O Revolucionário<br />

Mexicano. Editora: Francisco Alves.<br />

Tarullo, Pietro. México. Tradução: Salo Vino Cur.<br />

Editora: Manole Lt<strong>da</strong>.<br />

Revista História Viva nº 68. Editora: Duetto.<br />

Revista História Viva nº 44. Editora: Duetto.<br />

Revista Set / Cinema- DVD- Entretenimento. Editora:<br />

Peixes.<br />

Revista Set / Cinema e DVD. Editora: Peixes.


“Histórias Sem Fim”<br />

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO<br />

SALGUEIRO<br />

<strong>Presidente</strong>: Regina Celi Fernandes Duran<br />

Carnavalesco: Renato Lage<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 05/03/1953<br />

Cores: Vermelho e Branco<br />

45


G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro<br />

“Histórias Sem Fim”<br />

"Dos diversos instrumentos do homem, o mais<br />

assombroso é, sem dúvi<strong>da</strong>, o livro. Os demais são<br />

extensão do seu corpo... mas o livro é outra coisa,<br />

o livro é uma extensão <strong>da</strong> memória e <strong>da</strong> imaginação"<br />

(<strong>Jorge</strong> Luís Borges)<br />

Um dia, Johannes Gutemberg sonhou que queria ser livre, que<br />

queria ser livro. Queria ser palavra escrita, mu<strong>da</strong>r o rumo <strong>da</strong><br />

História. Ser história. Inquieto e curioso, começou a<br />

transformar seu sonho em reali<strong>da</strong>de na Alemanha do século<br />

XV, quando pressionou o último bloco de chumbo sobre o<br />

papel e colocou o ponto final em sua obra-prima: a Bíblia<br />

impressa.<br />

- Deem-me 26 cavalinhos de chumbo e eu conquistarei o<br />

mundo!<br />

Conquista pelas palavras e pelos livros, agora impressos a<br />

partir de seus inventos e criações. Ficavam para trás<br />

rudimentares papiros, tipos chineses, pergaminhos, códices e<br />

os inacessíveis manuscritos copiados à mão por monges<br />

medievais. Os tipos móveis sujos de tinta, que um dia fizeram<br />

parte de seus sonhos, imprimem páginas de um novo e<br />

importante capítulo. A primeira impressão, que ficou para a<br />

eterni<strong>da</strong>de.<br />

Estava aberto o portal para a divulgação de ideias e ideais que<br />

passaram a ser difundidos mundo afora. Senha para o início <strong>da</strong><br />

era dos grandes livros, <strong>da</strong>s maravilhosas Histórias Sem Fim!<br />

49


50<br />

Carnaval 2010<br />

Mãos e máquinas à obra! As páginas impressas resgatam o<br />

passado glorioso de impérios erguidos sob o signo <strong>da</strong><br />

compaixão e <strong>da</strong> fúria de heróis, mitos e deuses. Feitos épicos<br />

imortalizados em Epopeias que exaltam valores e virtudes de<br />

civilizações. As mesmas palavras edifica<strong>da</strong>s às glórias<br />

humanas também descrevem o renascer de uma era,<br />

personifica<strong>da</strong> na figura de um cavaleiro errante. Os moinhos<br />

de vento sopram os ares <strong>da</strong> esperança, guiando o homem a<br />

uma jorna<strong>da</strong> espiritual rumo ao paraíso, por tortuosos<br />

caminhos...<br />

... que conduzem o leitor às intrigas dos nobres encastelados e<br />

as revoluções <strong>da</strong> plebe nos poderosos reinos do velho mundo.<br />

Enredos de delírios de reis e rainhas, <strong>da</strong>s tramas de um<br />

triângulo formado por donzelas, cavaleiros e cortesãs. É o<br />

tempo dos heróis de capa e espa<strong>da</strong>, dos duelos em nome do<br />

coração <strong>da</strong> bela <strong>da</strong>ma. Abrem-se as páginas de um romântico<br />

jogo de olhares na cena de um vilão cínico. Ligações perigosas<br />

descritas com minúcia em textos que revelam juras secretas,<br />

pactos, ódios, romances proibidos, suspiros, promessas de<br />

amor eterno...<br />

... que vão influenciar a literatura de um novo mundo,<br />

traduzi<strong>da</strong> na face <strong>da</strong> fi<strong>da</strong>lga portuguesa enamora<strong>da</strong> pelo<br />

nativo. Está consumado o enlace que forja o capítulo<br />

romântico de um Brasil miscigenado. Palavras que navegam<br />

sobre um mar de imagens poéticas, descrevendo a dramática<br />

travessia nos porões dos tumbeiros. Na embarcação, negros e<br />

negras que aqui aportam para transformar e fortalecer as raízes<br />

de uma nação. A ca<strong>da</strong> obra, a crônica de um país que abriga a<br />

saga dos heróis mestiços, do Rio de Janeiro de tantos tipos<br />

urbanos e suburbanos, dos homens e mulheres <strong>da</strong> Bahia de<br />

São Salvador, dos valentes desbravadores de um sertão fértil<br />

de sonhos...


G.R.E.S. Acadêmicos do Salgueiro<br />

... e devaneios literários evocados por palavras mágicas,<br />

adormeci<strong>da</strong>s à sombra do livro <strong>da</strong> sau<strong>da</strong>de: “Pirlimpimpim”,<br />

“Abre-te-Sésamo”, “Abraca<strong>da</strong>bra!”. Num piscar de olhos,<br />

voamos ao tempo do “Era uma Vez... Uma outra vez!”.<br />

Adentramos o portal <strong>da</strong> fantasia. Aqui, a imaginação é a<br />

máquina veloz que nos leva a qualquer tempo, a qualquer<br />

lugar! Vamos botar o mundo de pernas pro ar em busca <strong>da</strong><br />

trilha dos contos fantásticos e lá encontrar a ci<strong>da</strong>de dos<br />

sonhos, o país <strong>da</strong>s maravilhas, o universo <strong>da</strong>s fábulas<br />

inesquecíveis. Veja: bonecos ganham vi<strong>da</strong>... Ouça: a canção<br />

do herói favorito... Sinta: o pulsar <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de inocente nas<br />

histórias conta<strong>da</strong>s pela avó... Quitutes de palavras que trazem<br />

cheiros e sabores <strong>da</strong> infância, escritas para sempre no coração.<br />

É a chave para despertar a criança que nunca deixou de existir<br />

em ca<strong>da</strong> um de nós na grande aventura de brincar de viver<br />

em...<br />

... um instante: siga o conselho e tome fôlego antes de<br />

prosseguir. Pronto? Lá vamos nós. Aqui começa nossa viagem<br />

pelo mundo <strong>da</strong> aventura e do suspense, com personagens e<br />

ações se sucedendo num ritmo alucinante para desven<strong>da</strong>r o<br />

intrigante enigma, encontrar o caminho para outras dimensões<br />

onde habitam monstros, bruxos e seres sobrenaturais<br />

transportados de tempos e espaços imaginários, guiados por<br />

engenhosas palavras que nos fazem prender a respiração e,<br />

num só fôlego, acompanhar todo o mistério que envolve a<br />

trama do primeiro ao último instante, conduzidos por pistas<br />

falsas, cila<strong>da</strong>s, tramas cruza<strong>da</strong>s, perigos, vilões acuados,<br />

quebra-cabeças de peças incompletas, fragmentos que aguçam<br />

a curiosi<strong>da</strong>de num ritmo ca<strong>da</strong> vez mais frenético, até que<br />

surge... ufa!<br />

A reviravolta.<br />

O desfecho.<br />

A revelação.<br />

51


52<br />

Carnaval 2010<br />

“Como é que não pensei nisso antes?” A ver<strong>da</strong>de estava diante<br />

dos nossos olhos...<br />

... que avançam no tempo e leem um futuro escrito pelas tintas<br />

<strong>da</strong> incerteza. Ao perder o domínio sobre as máquinas que<br />

inventou, o homem vira refém <strong>da</strong> própria criação. São abertas<br />

as páginas <strong>da</strong>s ficções revelando um planeta vigiado por olhos<br />

eletrônicos, a serviço do grande Deus-Máquina que zela por<br />

nós. Cérebros artificiais altamente avançados, capazes de<br />

viajar pelo universo e simular uma reali<strong>da</strong>de toma<strong>da</strong> pelo caos<br />

num cenário futurista. Estaríamos diante do último capítulo<br />

dessa nova Odisseia? O futuro dirá...<br />

... que é hora de abrir um novo capítulo, escrever sobre a<br />

página em branco a história que escolhermos. Recriar a<br />

própria biografia, desven<strong>da</strong>r no grande livro <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> o segredo<br />

<strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de, do equilíbrio e <strong>da</strong> paz. Os ensinamentos <strong>da</strong><br />

Filosofia que nos apontam os caminhos <strong>da</strong> sabedoria, <strong>da</strong>s bem<br />

ou mal traça<strong>da</strong>s linhas escritas no livro místico do destino.<br />

Nascerá, enfim, a obra imortal onde haverá sempre um novo<br />

capítulo, uma nova edição. Um enredo infinito, recontado e<br />

ampliado ca<strong>da</strong> vez que alguém folhear as páginas de tantas<br />

Histórias Sem...<br />

... Fim...<br />

Renato Lage e Departamento Cultural<br />

Junho de <strong>2009</strong>


“Brilhante ao sol do novo<br />

mundo, Brasília do sonho à<br />

reali<strong>da</strong>de, a capital <strong>da</strong><br />

esperança”<br />

G.R.E.S. BEIJA-FLOR<br />

DE NILÓPOLIS<br />

<strong>Presidente</strong>: Farid Abrahão David<br />

Carnavalescos: Alexandre Louza<strong>da</strong>, Fran Sérgio,<br />

Laila e Ubiratan Silva<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 25/12/1948<br />

Cores: Azul e Branco<br />

53


G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis<br />

“Brilhante ao sol do novo mundo, Brasília do<br />

sonho à reali<strong>da</strong>de, a capital <strong>da</strong> esperança”<br />

Reluz meu samba como cristal brilhante, a refletir neste<br />

instante, mais um sonho encantado, a emanar sua energia,<br />

como alvora<strong>da</strong> que anuncia o dia, resplandecendo o Planalto<br />

Central.<br />

Vai Beija-Flor aventureiro, abre as asas, abraça o cerrado<br />

brasileiro, traz Brasília em seu carnaval...<br />

Faz a anunciação <strong>da</strong> terra prometi<strong>da</strong>, entressonha<strong>da</strong> e<br />

celestial, <strong>da</strong> divina visão de Dom Bosco, em sua viagem no<br />

espaço do tempo, nos paralelos do futuro virtual. E torna o<br />

mito “Goyaz”, uma ver<strong>da</strong>de, uma história de amor pra<br />

eterni<strong>da</strong>de, de Paranoá, guerreiro, um lago de lágrimas, de<br />

Jaci, um luar de paixão, a espreitar, num olhar azulado, a<br />

bela índia ala<strong>da</strong>, que jaz, por Tupã enfeitiça<strong>da</strong>, deita<strong>da</strong> pra<br />

sempre em seu chão.<br />

Emerge do passado a sua herança, do coração do Egito,<br />

coincidência, inspiração... Aketaton, gêmea ancestral do<br />

deserto, que se esplanou em largos espaços abertos, em<br />

templos, “estelas”, em reverência ao sol, abrindo-se, feito<br />

asas, norte e sul, qual vôo de íbis, ave sagra<strong>da</strong>, em seu vôo<br />

na imensidão.<br />

Que se abram suas páginas de história, de desbravamento e<br />

bravura, de onde em busca de riquezas se ergueram<br />

bandeiras, que rasgaram o seu coração, que ain<strong>da</strong> criança,<br />

pulsava invisível e sereno, entre as matas desse sertão.<br />

57


58<br />

Carnaval 2010<br />

Mostre que sempre foste um sentimento, sonho e<br />

predestinação, por ser de fato o centro, deste imenso florão e<br />

que <strong>da</strong> colônia ao império, adormeceste em ideais, como um<br />

ponto de vista de quem enxergou à frente, além <strong>da</strong> própria<br />

visão pois viste correr o tempo, entre tormentas, revoltas e<br />

insurreições e que <strong>da</strong> tempestade, sentiste os novos ventos,<br />

que ain<strong>da</strong> que tarde sopraram a liber<strong>da</strong>de e que após “o<br />

brado forte e retumbante”, o patriarca te batiza, de Brasìlia,<br />

afinal.<br />

Que <strong>da</strong> inquietude <strong>da</strong> República foste sempre um desejo, a<br />

ânsia de realizar, e foi assim disposta na carta magna, como<br />

um vislumbre, um definitivo olhar. Viste então a missão<br />

científica, em grande marcha para o Oeste desbravar, e a<br />

medi<strong>da</strong> que ela avança, abrindo a terra agreste e mansa, veio<br />

então te visitar.<br />

Traçaram em seu planalto, um quadrilátero, entre as tortas<br />

árvores do cerrado, fauna e flora a se revelar e <strong>da</strong>s entranhas<br />

do seu solo rubro, rochas cristalinas que apontam e<br />

despontam ao sol a brilhar, de suas vere<strong>da</strong>s, um seio que<br />

esbanja ricos mananciais, desnu<strong>da</strong> o seu berço esplêndido e<br />

líquido, sul e norte a desaguar.<br />

Por fim um marco te fecun<strong>da</strong> a terra, como sêmem de pedra,<br />

que do alto <strong>da</strong> serra vigia teu sono derradeiro e sob o imenso<br />

céu a contemplar o cruzeiro faz seu ventre guar<strong>da</strong>r<br />

ternamente, o alvorecer do novo tempo brasileiro.<br />

Mas eis que do horizonte faz luzir a moderni<strong>da</strong>de como um<br />

raio intenso e ver<strong>da</strong>deiro e de Minas sopra “Venturis”,<br />

varrendo os anos dourados, de esperança e prosperi<strong>da</strong>de, e<br />

JK segue adiante, acor<strong>da</strong>ndo enfim, o gigante, com seu<br />

ímpeto aventureiro.


G.R.E.S. Beija-Flor de Nilópolis<br />

E um país se redescobre ao mirar-se no espelho do futuro, é<br />

o querer, a coragem, o poder e fazer... E uma caravana parte,<br />

épica, qual êxodo caboclo, epopéia de pioneiros, desterrados<br />

can<strong>da</strong>ngos, operários guerreiros, vários Brasis, num só<br />

Brasil que se juntam a construir e a crescer...<br />

De uma cruz esboça<strong>da</strong> em papel, ergue-se em aço uma<br />

ci<strong>da</strong>de, elevando-se ao céu em silhueta de arrojo, um<br />

prodígio em traços simétricos, de volume e equilíbrio,<br />

abstrata e concreta, o contraste. Brasília nasce, num parto de<br />

vitória sobre as mentes conformistas e se faz triunfo de<br />

Juscelino, de Lúcio e Oscar, viva e ávi<strong>da</strong>, pássaro dos<br />

sonhos, o próprio sonho querendo voar. E se mostra assim,<br />

branca de luz de sol de abril, de tantas mentes, de tantos<br />

braços, tanto suor, tantas lágrimas, de tantos, de todos nós,<br />

do Brasil!<br />

Hoje, do Sonho à reali<strong>da</strong>de, ela brilha! E a ca<strong>da</strong> alvora<strong>da</strong>, se<br />

reinventa e re-existe, virtual e jovem, eclética e mística,<br />

ci<strong>da</strong>de criança e <strong>da</strong> esperança, a “esquina do Brasil”, Babel<br />

de sotaques, mistura, um caldeirão cultural, alfabética e<br />

numérica, superlativa, absoluta, sintética, artística, letra e<br />

música, Bossa, nova, nossa, capital... Somos todos partes<br />

desse corpo, <strong>da</strong> nave-mãe de asas abertas em seu imenso<br />

abraço norte e sul, como ave que hoje voa em nosso mundo<br />

encantado, a terra do carnaval.<br />

Somos todos “can<strong>da</strong>ngos” a construir um sonho, somos<br />

“calangos” irmãos sob o mesmo céu estrelado, somos você,<br />

Brasília, nas asas de um Beija-Flor que vem te beijar agora,<br />

como se fosse flor, A flor do cerrado!<br />

Alexandre Louza<strong>da</strong>, Fran Sérgio, Laíla e Ubiratan Silva<br />

Comissão de Carnaval 2010<br />

59


“Do Paraíso de Deus ao<br />

Paraíso <strong>da</strong> Loucura, ca<strong>da</strong> um<br />

sabe o que procura”<br />

G.R.E.S. MOCIDADE<br />

INDEPENDENTE<br />

DE PADRE MIGUEL<br />

<strong>Presidente</strong>: Paulo Vianna<br />

Carnavalesco: Cid Carvalho<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 10/11/1955<br />

Cores: Verde e Branco<br />

61


G.R.E.S. Moci<strong>da</strong>de Independente de Padre Miguel<br />

“Do Paraíso de Deus ao Paraíso <strong>da</strong> Loucura,<br />

ca<strong>da</strong> um sabe o que procura”<br />

O Paraíso é a imagem primeira.<br />

Uma imagem <strong>da</strong> fartura e <strong>da</strong> felici<strong>da</strong>de; um sagrado jardim<br />

onde Deus semeou a fecundi<strong>da</strong>de numa divina evocação <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>; um abençoado recanto sem doenças, sem inverno e<br />

sem envelhecimento, transmitindo uma mensagem<br />

simbólica e alegórica de paz e harmonia.<br />

A nostalgia deste estado de graça, arrancado em<br />

conseqüência de uma grave desobediência às leis do<br />

Criador, faz despertar no homem, desde tempos imemoriais,<br />

o desejo de encontrar o Paraíso perdido.<br />

Na I<strong>da</strong>de Média, alimenta<strong>da</strong> por uma cruel reali<strong>da</strong>de de<br />

fomes, epidemias e guerras devastadoras, essa nostalgia fez<br />

do Paraíso a própria antítese <strong>da</strong>quela reali<strong>da</strong>de decadente e<br />

sombria; um “novo” começo onde a pobreza e a fome<br />

acabariam diante de uma terra “sem males”.<br />

Enquanto profetas e visionários desejavam “ver” o paraìso,<br />

cavaleiros e aventureiros se juntavam em fantásticas<br />

caravanas e partiam por terra em busca <strong>da</strong> “Fonte <strong>da</strong><br />

Juventude Eterna e <strong>da</strong> Árvore <strong>da</strong> Vi<strong>da</strong>”.<br />

Porém, novos ventos sopravam em direção ao “Velho<br />

Continente”. O pavor que o “inferno” e a crença na<br />

proximi<strong>da</strong>de do “Fim dos tempos” provocavam ia ficando<br />

para trás diante de uma Europa entusiasma<strong>da</strong> com os<br />

renovados horizontes renascentistas.<br />

65


66<br />

Carnaval 2010<br />

Os oceanos já não causavam tanto temor e, navegando rumo<br />

ao Oriente, poder-se-ia chegar às Índias, com seus mistérios<br />

e magia. Ain<strong>da</strong>, quem sabe, desembarcar nas fabulosas<br />

terras de Ofir, guardiãs <strong>da</strong>s Minas do Rei Salomão, ou até<br />

mesmo encontrar o suntuoso Reino Africano de Preste João<br />

e, assim, localizar os “Portais do Paraìso”.<br />

Foi navegando em direção às Índias que, em 1500, treze<br />

naus portuguesas “esbarraram” no Brasil.<br />

Nas areias <strong>da</strong> praia, o nativo <strong>da</strong>nçava em alegre ritual.<br />

Guiados pelos Xamãs, os donos <strong>da</strong> terra migraram do<br />

interior para o litoral em busca de “Yvy Mara Ey”, a “Terra<br />

dos Sem Males”, o paraìso Tupi-guarani, e que, na visão dos<br />

pajés, estaria do outro lado <strong>da</strong> imensidão <strong>da</strong>s águas.<br />

Em sua pureza e ingenui<strong>da</strong>de, o índio viu naquela gente que<br />

saía do mar ver<strong>da</strong>deiros Deuses que, finalmente, o<br />

conduziriam aos “Jardins Purificados”.<br />

Já os navegadores, deslumbrados com a nudez e a aparente<br />

inocência dos nativos, viram neles a própria imagem do<br />

homem antes de ser expulso do Paraíso, materializando na<br />

América a visão renascentista do Éden terrestre.<br />

Afinal, as sugestões edênicas estavam por to<strong>da</strong> parte e<br />

faziam uma mágica ligação entre o “Velho” e o “Novo”<br />

Mundo. Dessa maneira, o maracujá se transforma em pomo<br />

edênico, assim como as bananas corta<strong>da</strong>s exibiam aquele<br />

sinal à maneira de crucifixo por elas manifesto.


G.R.E.S. Moci<strong>da</strong>de Independente de Padre Miguel<br />

A Fênix é o Guainumbi ou Guaraciaba; outros acreditavam<br />

mesmo tê-la visto na figura do beija-flor, enquanto os<br />

papagaios, para muitos, eram, na ver<strong>da</strong>de, anjos castigados<br />

que ganharam a forma de pássaros.<br />

Mas os boatos sobre ci<strong>da</strong>des bor<strong>da</strong><strong>da</strong>s de ouro e pedras<br />

preciosas, as notícias de montanhas resplandecentes e lagoas<br />

doura<strong>da</strong>s, comuns entre os indígenas, rapi<strong>da</strong>mente levaram<br />

o invasor europeu a embrenhar-se pelos sertões<br />

desconhecidos, maculando o “Paraìso Brasil”.<br />

E, assim, os índios <strong>da</strong>nçaram e o Brasil sambou!<br />

O que de bom encontrava-se aqui foi parar na Europa.<br />

Animais, plantas e até mesmo “exemplares” do nosso “bom<br />

selvagem” foram “exportados”, causando enorme rebuliço<br />

do outro lado do Atlântico.<br />

Enquanto, do lado de cá, o povo sofria com a “Derrama” –<br />

um ver<strong>da</strong>deiro “Quinto” dos infernos – no lado de lá, as<br />

farras <strong>da</strong>s Cortes de Portugal e Inglaterra eram banca<strong>da</strong>s<br />

com o ouro do Brasil. O jeito era rezar uma novena para o<br />

“santo do pau oco”!<br />

O tempo passou, mas continuamos cortando o pau, matando<br />

os bichos, vendendo as plantas, envenenando as águas,<br />

queimando os índios e man<strong>da</strong>ndo pra longe nossas riquezas!<br />

Calculistas e mercenários, criamos o nosso próprio Paraíso<br />

terrestre e batizamos com o nome de “Paraìso Fiscal”. Ali,<br />

abençoados pela generosi<strong>da</strong>de financeira, protegemos<br />

nossas “verdinhas” em “espécie”. Mas não se enganem<br />

67


68<br />

Carnaval 2010<br />

pensando que se trata <strong>da</strong> flora tropical bem preserva<strong>da</strong>.<br />

Neste caso, nos referimos às cédulas de dólar deposita<strong>da</strong>s<br />

em contas pra lá de suspeitas.<br />

Já os exemplares <strong>da</strong> nossa fauna contrabandea<strong>da</strong> desde<br />

sempre, agora, são enviados do “Paraìso Brasil” diretamente<br />

ao “Paraìso Fiscal”, sem taxação, estampa<strong>da</strong>s nas notas do<br />

nosso Real.<br />

No fundo, queremos mesmo é preservar as “araras” que<br />

valem “dez reais”. Defendemos, bravamente, os “micosleões-dourados”<br />

que estão cotados a “vinte”. Brigamos<br />

como loucos pelas “onças pinta<strong>da</strong>s”, ou seria por “cinquenta<br />

reais”? Tira a mão que ninguém vai “pescar” minha<br />

“garoupa” de cem reais, não! Ora, quem sabe se numa<br />

sombrinha agradável lá nas Ilhas Caymãs elas não se<br />

reproduzam rapi<strong>da</strong>mente?<br />

Diante desse “Capitalismo selvagem”, até mesmo um<br />

“pe<strong>da</strong>cinho do Paraìso” é possìvel se comprar. Um carrão<br />

novinho também dá direito a chegar lá. E o que falar <strong>da</strong> i<strong>da</strong><br />

ao shopping com dinheiro pra gastar? E se faltar din din, há<br />

cartões de crédito, cheque especial e crediário, to<strong>da</strong>s as<br />

facili<strong>da</strong>des do mundo no “Paraìso do Consumo”!<br />

Mas nós somos a Moci<strong>da</strong>de e, independentes, podemos ir a<br />

qualquer lugar.<br />

Vamos fazer a nossa parte! Querer é poder, e o amor<br />

constrói. É possível descobrir o nosso próprio paraíso,<br />

afinal, ele está perto de nós, dentro de nós mesmos, em<br />

nosso interior.


G.R.E.S. Moci<strong>da</strong>de Independente de Padre Miguel<br />

Vamos jogar fora as amarguras do dia-a-dia e nos vestir<br />

com a fantasia que sempre sonhamos: milionário ou plebeu,<br />

rainha ou camelô, desempregado ou doutor, um nobre ou<br />

apenas um sonhador.<br />

Afinal, hoje é carnaval, e se você sabe o que procura, tudo é<br />

possìvel no “Paraìso <strong>da</strong> Loucura”!<br />

Está esperando o que pra ser feliz?<br />

69<br />

Cid Carvalho


“Com que roupa... eu vou? Pro<br />

samba que você me convidou.”<br />

G.R.E.S. UNIDOS<br />

DO PORTO DA PEDRA<br />

<strong>Presidente</strong>: Uberlan <strong>Jorge</strong> de Oliveira<br />

Carnavalesco: Paulo Menezes<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 08/03/1978<br />

Cores: Vermelho e branco<br />

71


G.R.E.S. Unidos do Porto <strong>da</strong> Pedra<br />

“Com que roupa... eu vou?<br />

Pro samba que você me convidou”<br />

Mo<strong>da</strong> e arte sempre caminharam juntas, mesmo que<br />

inconscientemente.<br />

A ca<strong>da</strong> mu<strong>da</strong>nça de pensamento, de comportamento e de<br />

linguagem artística, o homem acompanhava com a sua<br />

maneira de vestir esta evolução.<br />

É possível contar a história <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de de diversas<br />

maneiras, mas sempre que nosso interesse for a arte,<br />

veremos a mo<strong>da</strong>, ao seu lado, se apropriando destas<br />

características artísticas para si, e então, poderemos<br />

compreender, através <strong>da</strong> maneira do homem se vestir, como<br />

ele se comportou social, política e economicamente, pois a<br />

maneira de pensar vai influir diretamente nas suas escolhas<br />

estéticas.<br />

A Mo<strong>da</strong> é uma arte que não veste telas nem muros, ela se<br />

expressa no movimento dos corpos, de acordo com a<br />

ideologia, o desejo de ca<strong>da</strong> um. Como os belos quadros, ela<br />

representa a voz do seu criador.<br />

Antes <strong>da</strong> Mo<strong>da</strong><br />

“A mo<strong>da</strong> é passageira, sua história, não”<br />

Marco Sabino<br />

O homem nasceu nu.<br />

Não se sabe ao certo a partir de quando ele começou a se<br />

vestir, aliás, a se cobrir com a pele dos animais. Terá sido<br />

por proteção? Por misticismo? Isto nunca saberemos, mas, a<br />

partir <strong>da</strong>li, estava planta<strong>da</strong> a semente <strong>da</strong> vai<strong>da</strong>de no ser<br />

humano e a sua vestimenta vai passar, durante muitos<br />

séculos, a determinar a sua condição social.<br />

75


76<br />

Carnaval 2010<br />

E a arte já estava presente ali, pois o homem passa a se<br />

expressar através de pinturas e desenhos nas cavernas. O<br />

conceito ain<strong>da</strong> não estava formado, mas era um embrião.<br />

Quando falamos em mo<strong>da</strong> na pré-história a primeira<br />

imagem que nos vem à mente são os Flintstones, que nos<br />

leva a fantasiar que naquela época tudo era “fashion”,<br />

divertido. Mas <strong>da</strong>s peles costura<strong>da</strong>s com tripas de animais<br />

por agulhas de marfim até a invenção do tear, vão-se muitos<br />

milhares de anos.<br />

Na Antigui<strong>da</strong>de, tivemos o surgimento de grandes<br />

civilizações, que se caracterizavam principalmente pela<br />

religiosi<strong>da</strong>de. A distinção social vai ficar muito acentua<strong>da</strong><br />

neste período, pois quanto mais tecido, maior o poder. Neste<br />

período os ornamentos e as jóias vão começar a ganhar<br />

destaque.<br />

Nem sempre os homens usavam calças e as mulheres saias,<br />

isso é coisa moderna. Algumas vezes já foi o contrário, pois<br />

de um quadrado de pano, eram feitos saias, saiotes, túnicas<br />

que eram amarra<strong>da</strong>s, costura<strong>da</strong>s ou drapea<strong>da</strong>s, que em<br />

alguns momentos nos remetem à arquitetura lembrando as<br />

colunas dos templos.<br />

E a roupa escurece, ganha tons sóbrios, a arte também. A<br />

religiosi<strong>da</strong>de aflora. A arte era inspira<strong>da</strong> pela fé e a roupa<br />

segue o mesmo caminho. A silhueta não era o mais<br />

importante, e sim a quanti<strong>da</strong>de de tecido que a cobria.<br />

A intenção era tocar a Deus, chegar mais perto do céu, e<br />

assim a silhueta foi se alongando, lembrando as torres <strong>da</strong>s<br />

catedrais. Os vitrais góticos vão influenciar em cores a<br />

indumentária, mas sempre com ares sombrios.


G.R.E.S. Unidos do Porto <strong>da</strong> Pedra<br />

Este período marca uma descoberta que vai acompanhar o<br />

homem até nossos dias e vai exercer um papel fun<strong>da</strong>mental<br />

na sua vai<strong>da</strong>de: o espelho.<br />

Narciso mandou lembranças!<br />

No renascer do homem, nasce a mo<strong>da</strong><br />

Renasce o homem, surge a burguesia, o brocado, o veludo, e<br />

com eles o alfaiate. Os tempos eram outros, e a roupa<br />

mudou. A busca do ideal de perfeição, representa<strong>da</strong> nas<br />

artes, também se faz presente nas roupas.<br />

O homem voltou a olhar para si.<br />

O mundo começou a se movimentar, e o homem vai<br />

começar a movimentar também a sua maneira de vestir, e<br />

essas mu<strong>da</strong>nças se tornarão ca<strong>da</strong> vez mais freqüentes.<br />

A ciência e a razão são mais fortes que a emoção, e com<br />

isso surgem as golas, que vão se tornar ca<strong>da</strong> vez maiores,<br />

para valorizar a mente, em sobreposição ao corpo, e aos<br />

mais pobres também.<br />

Em contraposição a este ideal, vemos surgir mais tarde, um<br />

novo movimento que mostra certa tendência ao bizarro, ao<br />

assimétrico, ao extravagante, ao apelo emocional. O Rei<br />

francês <strong>Luiz</strong> XIV vai marcar este período como o grande<br />

responsável pelas extravagâncias <strong>da</strong> época, que serão<br />

assimila<strong>da</strong>s por to<strong>da</strong> a Europa.<br />

As roupas masculinas se sobrepõem às femininas, ganhando<br />

ares de fantasia, com as silhuetas mais amplas.<br />

Perucas, ren<strong>da</strong>s, fitas, salto alto, plumas... E as mulheres<br />

ficam para trás.<br />

77


78<br />

Carnaval 2010<br />

E as artes seguem este mesmo caminho barroco,<br />

caracterizado pela monumentali<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s dimensões,<br />

opulência <strong>da</strong>s formas e excesso de ornamentação.<br />

O homem, aos poucos, vai se tornando mais romantico, sem<br />

deixar de lado os exageros. Tudo é mais leve, foi um<br />

período de liber<strong>da</strong>de de movimentos, <strong>da</strong> sensibili<strong>da</strong>de e do<br />

espírito.<br />

As pessoas pareciam bonecos de porcelana, com perucas e<br />

cabelos empoados, lembrando ver<strong>da</strong>deiros bibelôs.<br />

Os homens vão ficando mais esbeltos no vestir deixando de<br />

lado a exuberância e entregaram-na as mulheres, que<br />

trouxeram para si o direito as transformações, com anáguas<br />

imensas e cinturas finíssimas.<br />

O homem do rococó é um cortesão, amante <strong>da</strong> boa vi<strong>da</strong> e <strong>da</strong><br />

natureza.<br />

Com o período neo clássico, vão surgir os primeiros<br />

figurinos de mo<strong>da</strong>, e a influência grega vai determinar não<br />

somente a arte como a mo<strong>da</strong>. A silhueta se afina e se alonga,<br />

desaparecem as cau<strong>da</strong>s, lembrando novamente colunas, e o<br />

homem se simplifica ca<strong>da</strong> vez mais.<br />

Um novo tempo<br />

Vira o século, novos rumos, novos ares, novas artes.<br />

Uma arte nova vai <strong>da</strong>r à mo<strong>da</strong> uma nova linguagem. A<br />

mulher fica mais sinuosa, as linhas são mais leves, chapéus,<br />

laços e flores. O mundo fica mais rápido e isto vai<br />

influenciar o vestir. As mu<strong>da</strong>nças são mais rápi<strong>da</strong>s, assim<br />

como os movimentos dos artistas.


G.R.E.S. Unidos do Porto <strong>da</strong> Pedra<br />

Começam a surgir os primeiros estilistas e a ca<strong>da</strong> dia<br />

surgem mais e melhores.<br />

O mundo avança, novos movimentos vêm em contraponto a<br />

esta nova arte, mais moderna, mais geométrica.<br />

A mo<strong>da</strong> já tomou conta do mundo, ele se torna ca<strong>da</strong> vez<br />

menor e mais rápido. E ela vai se tornando ca<strong>da</strong> vez mais<br />

efêmera.<br />

A ca<strong>da</strong> dia, novos traços, novos modelos, novas coleções e o<br />

homem quer sempre mais, pois mo<strong>da</strong> é tudo, menos tédio.<br />

O que ficará de herança para a história neste século? É<br />

difícil saber, mas temos certeza que alguns momentos se<br />

eternizarão: a invenção <strong>da</strong> mini-saia, do jeans e <strong>da</strong> camiseta.<br />

Isto ficará para a história, juntamente com um personagem<br />

desse tempo que jamais será esquecido: Mademoiselle Coco<br />

Chanel. Ela deixou de criar mo<strong>da</strong> para criar estilo.<br />

Antropofagia<br />

E o Brasil?<br />

Como num movimento antropofágico, nós absorvemos<br />

to<strong>da</strong>s essas influências e hoje fazemos uma mo<strong>da</strong> com a<br />

cara do Brasil, atraindo os olhares do mundo para a nossa<br />

arte. Arte sim, pois fazer mo<strong>da</strong> é fazer arte, é contar<br />

História, observando e utilizando as formas que também<br />

estão na arquitetura, na escultura, na pintura, na musica, na<br />

literatura e, sobretudo, no véu cultural que já cobriu ou irá<br />

cobrir nossa socie<strong>da</strong>de.<br />

“Mo<strong>da</strong> é oferta. Estilo é escolha. Faça as suas”<br />

Glória Kalil<br />

79


80<br />

Carnaval 2010<br />

Desde muito tempo, quando o homem cobriu seu corpo pela<br />

primeira vez, seja por necessi<strong>da</strong>de de proteção, magia ou<br />

poder, ele descobriu um sentimento que, a partir de então,<br />

iria definir to<strong>da</strong> a sua conduta: a vai<strong>da</strong>de.<br />

E é este sentimento que estará presente em todo o processo<br />

histórico <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong> humani<strong>da</strong>de. Seja na pré-história,<br />

no surgimento <strong>da</strong>s grandes civilizações, nas i<strong>da</strong>des <strong>da</strong>s<br />

trevas e <strong>da</strong> luz, no período moderno ou contemporâneo,<br />

veremos o homem sempre em busca do “belo”, espelho fiel<br />

<strong>da</strong>s mu<strong>da</strong>nças sociais e culturais, e <strong>da</strong> multiplici<strong>da</strong>de de<br />

formas nas quais se exprime a criativi<strong>da</strong>de humana.<br />

Paulo Menezes


“Derrubando fronteiras,<br />

conquistando liber<strong>da</strong>de... Rio<br />

de paz em estado de graça!”<br />

G.R.E.S.<br />

PORTELA<br />

<strong>Presidente</strong>: Nilo Mendes Figueiredo<br />

Carnavalescos: Alex de Oliveira e Amauri Santos<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 11/04/1923<br />

Cores: Azul e Branco<br />

81


G.R.E.S. Portela<br />

Derrubando fronteiras, conquistando liber<strong>da</strong>de...<br />

Rio de paz em estado de graça!<br />

"O homem vive de razão e sobrevive de sonhos"<br />

La Rochefoucauld*<br />

Tens um computador,<br />

finalmente a nova era chegou...<br />

Ligado à rede mundial<br />

És um doutor, um sábio, mestre.... Educador<br />

Em saber universal;<br />

Basta pesquisar, para novos vôos alcançar,<br />

E tens muito a colher;<br />

Para estu<strong>da</strong>r<br />

E aprender;<br />

Podes trabalhar e se atualizar<br />

Ou usá-lo para lazer;<br />

Podes ensinar<br />

E aprender,<br />

Com paciência<br />

E algum vigor;<br />

Descobrir a ciência,<br />

Ou ser um jogador;<br />

Tens poder para comunicar,<br />

Ler e escrever;<br />

Para seres um pesquisador;<br />

Sem saíres do teu lugar<br />

Podes ser um ator;<br />

Podes viajar, acreditar<br />

Podes lutar;<br />

Ter um saber para ganhar<br />

85


86<br />

Carnaval 2010<br />

E ser carioca, para sonhar, num outro plano acreditar<br />

Se tiveres informatizado<br />

Conquistar é preciso...<br />

Derrube as barreiras... Acredite!<br />

Viva a liber<strong>da</strong>de com a paz do amanhecer<br />

Num Rio de Janeiro que, vislumbra melhorias<br />

Através dessa ferramenta de inclusão e socialização...<br />

Vamos viver em estado de graça!<br />

* Moralista francês do século XVII, célebre por suas<br />

máximas<br />

INTRODUÇÃO<br />

“... Um grito proclamado pelas vozes do silêncio, pelos<br />

navegantes democráticos, pelos marginalizados<br />

tecnológicos, pelos “infonautas” do desejo enseja o atual<br />

momento. Vivemos numa socie<strong>da</strong>de parti<strong>da</strong>/reparti<strong>da</strong> pela<br />

exclusão econômica e social. Agora, o acesso à informação<br />

transformou-se em instrumento de inclusão <strong>da</strong>s<br />

comuni<strong>da</strong>des excluí<strong>da</strong>s devido ao seu potencial interativo,<br />

dinâmico, formador de opiniões e disseminador de idéias .<br />

Nesse contexto, surgem, nos mais diversos “cibercantos”<br />

do país, grupos, enti<strong>da</strong>des, intelectuais, artistas, reunidos<br />

num grande cordão interativo, em busca do acesso pleno <strong>da</strong><br />

informação e <strong>da</strong> comunicação em tempo real. Esse<br />

movimento possibilita ligar os mais variados segmentos,<br />

romper o isolamento e tem influído na inclusão dos<br />

excluídos na instauração do processo <strong>da</strong> “cibermania”. As<br />

pessoas e a vi<strong>da</strong> <strong>da</strong>s ci<strong>da</strong>des estão ca<strong>da</strong> vez mais


G.R.E.S. Portela<br />

articula<strong>da</strong>s com a tecnologia e a ciência <strong>da</strong> informação.É<br />

urgente a necessi<strong>da</strong>de de tornar acessíveis esses novos<br />

conhecimentos e recursos, sobretudo para os setores<br />

marginalizados pela exclusão social. Nesse sentido, a nossa<br />

luta pela democratização <strong>da</strong> informação representa um<br />

grande passo para a ampliação do exercício <strong>da</strong> ci<strong>da</strong><strong>da</strong>nia e<br />

pela difusão do bom uso <strong>da</strong>s novas tecnologias.<br />

Desnecessário falar <strong>da</strong> importância de você chegar e<br />

“plugar-se”. Saiamos <strong>da</strong> imobili<strong>da</strong>de e conectemos os laços<br />

que nos unem, visando criar uma nova reali<strong>da</strong>de, não<br />

somente virtual mas também que seja palpável,<br />

transformável, interagível... Precisamos agir velozmente,<br />

pois o “tempo não para”, nem espera, porém o agir exige<br />

precisão e rumo...<br />

Micreiros e micreiras de todo mundo, uni-vos on line!.”<br />

SÍNTESE<br />

Um novo mundo é possível em função do rápido avanço <strong>da</strong><br />

ciência e <strong>da</strong>s tecnologias de informação.<br />

Dar-se-á o “login” ao nosso Rio de Janeiro como Portal<br />

Digital do Brasil… Centro de referência tecnológica,<br />

“host” que proporcionará, assim, a utilização <strong>da</strong> “Internet”<br />

como ferramenta de melhoria em nossa quali<strong>da</strong>de de vi<strong>da</strong>…<br />

Os benefícios são muitos, em várias áreas de atuação, que<br />

contribuirão para chegarmos ao tão sonhado estado de<br />

graça, tais como: inclusão social, democracia, cultura, arte,<br />

sustentabili<strong>da</strong>de, educação, saúde, desenvolvimento humano<br />

e paz... Portanto, o objetivo desse enredo é estimular a<br />

reflexão sobre os múltiplos usos dessa nova ferramenta de<br />

87


88<br />

Carnaval 2010<br />

conexão interpessoal, que está transformando nossas vi<strong>da</strong>s<br />

por completo e propiciando a redução <strong>da</strong>s desigual<strong>da</strong>des<br />

históricas em nossa socie<strong>da</strong>de… Ban<strong>da</strong> larga, intervenção<br />

cirúrgica por robótica, educação à distância,<br />

videoconferência, “games” e “download” de áudios e de<br />

vídeos são apenas alguns dos vários recursos<br />

disponibilizados com a chega<strong>da</strong> dessas novas tecnologias.<br />

Diferentes serviços estão disponíveis e outros tantos estão a<br />

caminho. A previsão do futuro é “up<strong>da</strong>te”! Digite sua<br />

“password”, pois o acesso é personalizado e único, e<br />

encontre-se com a magia do samba que irá te transportar ao<br />

infinito e fazer navegar pelo browser universal “por um<br />

mundo desconhecido”… Assim, o GRES.PORTELA<br />

escolheu para 2010 o tema <strong>da</strong> Inclusão Social por meio dos<br />

acessos às novas tecnologias de informação. Acreditamos<br />

que, através <strong>da</strong> inclusão social, os poderosos podem se<br />

redimir <strong>da</strong>s iniqüi<strong>da</strong>des que sempre cometeram contra os<br />

menos favorecidos, voltando-lhes as costas e mantendo-os<br />

afastados do acesso ao conhecimento, fator principal <strong>da</strong><br />

criação de oportuni<strong>da</strong>des para o progresso humano. Ao<br />

adotá-lo, assim, se identifica com nosso festejado e imortal<br />

compositor Candeia, em sua obra-prima “Dia de Graça”,<br />

na qual vislumbrava uma socie<strong>da</strong>de em que os excluídos<br />

conseguiriam ascender socialmente....


G.R.E.S. Portela<br />

GLOSSÁRIO<br />

Acesso: Entra<strong>da</strong> em um web site ou entrar na própria<br />

Internet através de uma conexão.<br />

Backbone: É a “espinha dorsal” <strong>da</strong> internet. É o<br />

conjunto de equipamentos que faz a conexão <strong>da</strong> internet<br />

entre o Brasil e o mundo.<br />

Baixar: O mesmo que download, ou seja, trazer para seu<br />

computador um programa, um texto ou uma imagem.<br />

Ban<strong>da</strong> Larga: tipo de conexão rápi<strong>da</strong> pela Internet.<br />

Chat: Um bate-papo através do uso de computadores.<br />

Ciberespaço: É o ambiente <strong>da</strong> Internet.<br />

Conexão Móvel – Uma ligação que continua ativa,<br />

mesmo quando o usuário se desloca por uma região <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de.<br />

E-mail: Correio eletrônico.<br />

E-topia: A utopia, o “sonho” de um mundo melhor,<br />

construído com o apoio <strong>da</strong> tecnologia digital.<br />

Internautas: Os usuários <strong>da</strong> Internet.<br />

Internet: Imensa rede de redes que se estende por todos<br />

os países. Os meios de ligação são: rádios, linhas<br />

telefônicas, roteadores, satélite, bridges, hubs e switches.<br />

Login: Identificação de um usuário em um computador.<br />

Fazer login é o ato de <strong>da</strong>r a sua identificação de usuário<br />

ao computador.<br />

Listas de Discussão: Um serviço <strong>da</strong> Internet que um<br />

grupo de pessoas troca de mensagens por e-mail entre<br />

todos os membros do grupo.<br />

89


90<br />

Carnaval 2010<br />

On line: Significa “estar em linha”, estar ligado a um<br />

computador.<br />

Robótica: Parte <strong>da</strong> tecnologia que estu<strong>da</strong> e desenvolve<br />

equipamentos compostos de partes mecânicas<br />

controla<strong>da</strong>s por computador. Ou seja, é o ramo <strong>da</strong><br />

ciência que estu<strong>da</strong> como podemos construir e utilizar<br />

robôs.<br />

Smartphone: Telefone celular que possui, entre outros<br />

recursos, o recurso de acesso à Internet.<br />

Videoconferência: Uma conversa entre pessoas que<br />

estão separa<strong>da</strong>s geograficamente, mas que, com o auxílio<br />

de recursos tecnológicos, podem ter o contato visual e<br />

sonoro.<br />

(World Wide Web| www: Rede de comunicação que<br />

permite o uso de imagens e textos na Internet.<br />

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS &<br />

HEMEROGRAFIA<br />

CANTON, James, Technofutures.; Como a tecnologia de<br />

ponta transformara a vi<strong>da</strong> no século 21. São Paulo:<br />

Best Seller LTDA, 2004.<br />

DAVIS, Mike, Planeta Favela/ Mike Davis. São Paulo:<br />

Boitempo, 2006.<br />

http://www.cdi.org.br/cdi. No Brasil.<br />

http://www.dhnet.org.br/ciber/democratizar/semtelas/ma<br />

nst.htm, em 12 de julho de <strong>2009</strong>.<br />

Colaboração: Artur Gomes, Carlos Monte e Marcio<br />

Egydio.


“Das Arquibanca<strong>da</strong>s ao<br />

Camarote nº. 1. Um “Grande<br />

Rio” de Emoção na Apoteose<br />

do Seu Coração”<br />

G.R.E.S. ACADÊMICOS DO<br />

GRANDE RIO<br />

<strong>Presidente</strong>: Hélio Ribeiro de Oliveira<br />

Carnavalesco: Cahê Rodrigues<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 22/09/1988<br />

Cores: Vermelho, Verde e Branco<br />

91


G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio<br />

“Das Arquibanca<strong>da</strong>s ao Camarote Nº1. Um “Grande Rio”<br />

de Emoção na Apoteose do Seu Coração”<br />

A SINOPSE<br />

Carnaval<br />

Pioneiro deste palco iluminado<br />

Sou brasileiro, sou carioca, apaixonado!<br />

Da Ci<strong>da</strong>de Maravilhosa que canta, samba e é feliz<br />

Da festa de maior grandeza e criativi<strong>da</strong>de<br />

Ta aí o nosso carnaval<br />

Melhor e maior do mundo<br />

Uma reali<strong>da</strong>de...<br />

Sou sambista nº1, e por sê-lo, assisto tudo de Camarote.<br />

Sou vi<strong>da</strong> e emoção, sou passado e recor<strong>da</strong>ção<br />

Do berço do samba à aveni<strong>da</strong><br />

Do sonho à construção<br />

Do concreto frio, nasce a apoteose <strong>da</strong> emoção<br />

Sorriso estampado no rosto do folião<br />

Ambicioso e determinado, faço aflorar nos corações<br />

A magia que existe nas mãos dos artistas<br />

São desenhos que pousam no papel<br />

Pinturas que brotam <strong>da</strong> ilusão<br />

Adoráveis loucuras <strong>da</strong> imaginação<br />

Que surgem <strong>da</strong>s mentes na criação<br />

Magos de empreita<strong>da</strong>s que transformam lixo em luxo<br />

Rico em pobre, Rei em mendigo.<br />

Sou o centro <strong>da</strong> atenção.<br />

95


Sou João, do povo, do novo<br />

Que mesmo proibido, não deixou de brilhar<br />

Máquinas a costurar, tecidos a bailar<br />

Do prego, do ferro do isopor<br />

Vou esculpindo a minha história de amor<br />

Protagonista anônimo do carnaval<br />

Que transforma o sonho num momento real<br />

Na mágica fábrica de sonhos<br />

Numa ci<strong>da</strong>de que não para de sambar<br />

96<br />

Carnaval 2010<br />

No soar <strong>da</strong> sirene, o coração bate na boca<br />

Na pista disputa de bandeiras, rufar <strong>da</strong>s baterias<br />

Cenários sobre ro<strong>da</strong>s, estilos eternizados, moderni<strong>da</strong>de e<br />

futuro<br />

O júri escolhe, o povo aplaude<br />

Momentos inesquecíveis, únicos de emoção<br />

Fazendo o homem voar, surpreendendo o folião<br />

Do fogo a consagração do mito, a superação<br />

Explode setor 1, é a campeã do povão!<br />

Hinos consagrados, vozes dessa história<br />

Do morro sim senhor!<br />

Tenho a marca <strong>da</strong> raiz, cor e sabor<br />

Não sou puxador! Simplesmente um cantor<br />

Sou mangueira que dá Jamelão<br />

Sou raça, garra, determinação<br />

Sou a música divinal<br />

Aquarela magistral<br />

Da magia que envolve a alma


G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio<br />

Sou mais que um país, sou um planeta<br />

De nome, carnaval!<br />

Sou fé, folclore e miscigenação<br />

Sou o futuro, o amanhã<br />

Sou o tempo, movimento, o momento<br />

Sou a estrela do espetáculo, viajo rumo ao desconhecido<br />

Sou do povo, dessa gente de real valor<br />

Vou varrendo a tristeza para longe de nós<br />

Com “sorriso” estampado no rosto sou torcedor<br />

Grito, canto, choro quando a minha história por aqui passar<br />

Nesse “Grande Rio” de emoção<br />

Que deságua na apoteose delirante do seu coração<br />

Com todo carinho e respeito aos grandes homens, mulheres,<br />

Escolas de Samba e à força de suas comuni<strong>da</strong>des, que muito<br />

contribuíram para o sucesso do Carnaval Carioca, parabéns!<br />

A homenagem <strong>da</strong> Acadêmicos do Grande Rio à todos vocês<br />

sambistas brasileiros.<br />

97<br />

Cahê Rodrigues


O ENREDO<br />

O Maior Espetáculo Democrático do Planeta<br />

É carnaval, a festa do povo!<br />

A maior ópera popular do planeta.<br />

Chegou à hora de deixar a emoção tomar conta de nós.<br />

98<br />

Carnaval 2010<br />

E de braços abertos receber mais uma vez o povo, para o<br />

maior espetáculo a céu aberto do mundo.<br />

Uma festa de cores, sabores, alegria, fantasia e ilusão.<br />

Uma festa do povo para o povo e que milhões de pessoas já<br />

assistiu.<br />

Por aqui já passaram ver<strong>da</strong>deiros Reis e Rainhas, Príncipes<br />

e Princesas, Políticos de diversas áreas, Autori<strong>da</strong>des de<br />

vários países, Astros Hollywoodianos e grandes<br />

Celebri<strong>da</strong>des do jet-set Nacional e Internacional.<br />

Ao longo desses anos de carnaval, vimos muitos foliões por<br />

aqui, sejam nas eufóricas e anima<strong>da</strong>s arquibanca<strong>da</strong>s ou nos<br />

inúmeros camarotes que cercam o Sambódromo carioca.<br />

E para revivermos esses momentos gloriosos do carnaval,<br />

vamos recebê-los no grande camarote <strong>da</strong> folia, o nº1 <strong>da</strong><br />

Passarela do Samba, para que todos possam reviver as<br />

grandes emoções que marcaram a história de sucesso do<br />

carnaval carioca.


G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio<br />

Nessa festa onde o pobre vira rico e o rico vira pobre, é<br />

possível sonhar e para realizar só depende de você.<br />

Na explosão de energia do setor 1, aos gritos de - É<br />

Campeã! Do setor 13, o coração bate mais forte, num passe<br />

de mágica os pés se soltam do chão e a mente começa a<br />

girar. Somos loucos, gênios, artistas, reis e rainhas desse<br />

mundo encantado <strong>da</strong> folia.<br />

Então pegue sua fantasia e venha com a gente brincar o<br />

carnaval.<br />

Da Praça Onze à Praça <strong>da</strong> Apoteose - “A Praça é do<br />

Povo”<br />

Se em outros tempos, os espaços desta festa eram outros,<br />

esses foram insuficientes para a proposta <strong>da</strong> grandiosi<strong>da</strong>de<br />

<strong>da</strong> festa, que já possuía todo o apelo cultural compatível a<br />

ci<strong>da</strong>de do Rio de Janeiro.<br />

Era um esforço sobre-humano a montagem e desmontagem<br />

do espetáculo. Até que a sensibili<strong>da</strong>de do olhar de um grupo<br />

de visionários, fez com que o tão sonhado espaço do<br />

carnaval se tornasse reali<strong>da</strong>de.<br />

Eles eram a própria “cara” <strong>da</strong> construção desse sonho, um<br />

mix político, cultural e social, empare<strong>da</strong>ndo-se na idéia <strong>da</strong><br />

construção e realização desse palco tão sonhado.<br />

Partindo <strong>da</strong> idéia de que no carnaval tudo começa pelo<br />

desenho, assim também começou a ser costura<strong>da</strong> a idéia do<br />

espaço que partiria <strong>da</strong> Praça Onze, berço do samba carioca<br />

99


100<br />

Carnaval 2010<br />

em direção a Praça <strong>da</strong> Apoteose, num pensamento<br />

sociabilizado de que “a Praça é do povo” e é nela que o<br />

povo manifesta a sua cultura.<br />

A partir <strong>da</strong>í, sobre os traços preciosos e arquitetônicos de<br />

Oscar Niemeyer, sob a visão antropológica de Darcy<br />

Ribeiro, numa parceria perfeita inspira<strong>da</strong> em Amaury Jório<br />

e Ismael Silva, onde nesse espaço conviveriam<br />

harmoniosamente cultura e educação e na liderança política<br />

do, então governador Leonel Brizola, nasce em tempo<br />

recorde o grande palco <strong>da</strong>s Escolas de Samba <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de do<br />

Rio de Janeiro.<br />

Com a realização <strong>da</strong> Passarela do Samba, abre-se um espaço<br />

maior para a imprensa apresentar o nosso espetáculo ao<br />

mundo, quer seja ela nos jornais, revistas, rádio ou televisão,<br />

com penetração nacional e internacional, além <strong>da</strong> internet<br />

que faz acontecer em tempo real às notícias que inserem as<br />

Escolas de Samba como ver<strong>da</strong>deiras protagonistas do<br />

carnaval, que passam pela Aveni<strong>da</strong> como um “Grande Rio”<br />

de emoções que deságua na apoteose de nossos corações.<br />

Mentes Loucas e Brilhantes<br />

A Grande Aveni<strong>da</strong> viria a ser a conclusão final <strong>da</strong> visão<br />

sonhadora e inicial de Fernando Pamplona, que com seu<br />

olhar tridimensional e aéreo, voltado para um desfile show,<br />

um desfile espetáculo, organizado como num grande teatro.<br />

Sonhar era do artista, afinal, antes de sermos reais, somos<br />

sonhados, mas tudo haveria de ter um perfeito entrosamento<br />

de espetáculo.


G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio<br />

Dele, muitos nasceram e do desencadear dos nascimentos<br />

vieram os estilos que marcaram e marcam o carnaval até<br />

hoje na era Sambódromo.<br />

Como a própria africani<strong>da</strong>de de Pamplona; o requinte<br />

barroco de Arlindo Rodrigues; o olhar de Lince de Maria<br />

Augusta; o tropicalismo de Fernando Pinto; a essência do<br />

traço de Viriato comparado a Erté; o rococó de Rosa<br />

Magalhães; a paleta mágica de Max Lopes; o high tech e as<br />

formas modernas de Renato Lage; o corpo em movimento<br />

de Paulo Barros; a geniali<strong>da</strong>de de Joãozinho 30, que com<br />

seus ratos, mendigos e urubus encantaram a passarela, num<br />

momento único do carnaval, assim como outros brilhantes<br />

artistas que nos presenteiam a ca<strong>da</strong> ano com suas fantásticas<br />

criações.<br />

Todos representantes de uma imensa classe, que em seus<br />

sonhos de criação, mantém viva a grande ópera popular do<br />

Brasil.<br />

Operários Guerreiros <strong>da</strong> Folia<br />

A arte é um dom de Deus e nessa grande alquimia <strong>da</strong><br />

construção, processa<strong>da</strong> a várias mãos, um exército de mãode-obra<br />

traduz em reali<strong>da</strong>de, o sonho <strong>da</strong> criação.<br />

O produto final esconde muitas <strong>da</strong>s vezes milhares de<br />

varetas de sol<strong>da</strong>s, pregos, blocos de isopor, tintas, pincéis,<br />

quilômetros de fios e linhas, variados tipos de tecidos, cola,<br />

plumas e tudo o mais que possam reproduzir essa sinfonia<br />

carnavalesca não mais sonha<strong>da</strong> e cria<strong>da</strong> por uma mente, mas<br />

num grande trabalho de equipe, onde o que brilha menos é o<br />

suor dedicado.<br />

101


102<br />

Carnaval 2010<br />

Em suas máquinas, centenas de costureiras, muitas de suas<br />

próprias comuni<strong>da</strong>des, começam a <strong>da</strong>r vi<strong>da</strong> aos figurinos<br />

que ilustram o espetáculo. Da simplici<strong>da</strong>de às fantasias<br />

luxuosas, os foliões se deliciam em poder se transformar em<br />

qualquer personagem imaginário.<br />

Se um dia fui pobre, não me recordo, hoje moro num<br />

condomínio de luxo com to<strong>da</strong>s as mordomias, que um<br />

operário <strong>da</strong> folia merece; desses novos visionários nasceu<br />

uma ci<strong>da</strong>de, mas precisamente uma Ci<strong>da</strong>de do Samba, uma<br />

grande e fantástica fábrica de sonhos que através de homens<br />

e mulheres dotados de dons naturais, transformam sonhos<br />

em reali<strong>da</strong>de.<br />

Momentos Inesquecíveis...<br />

Na concentração to<strong>da</strong>s as escolas são campeãs.<br />

Do soar <strong>da</strong> sirene que marca o início do desfile, ao abrir dos<br />

envelopes, o seleto grupo de jurados, amados por uns e<br />

odiados por outros, independente do voto popular ou gosto<br />

individual por bandeira, determinam campeã, aquela que<br />

menos erros cometerem em seu desfile.<br />

Nesse momento, o técnico e o artístico an<strong>da</strong>rão de mãos<br />

<strong>da</strong><strong>da</strong>s na busca de promover sensações inusita<strong>da</strong>s capaz de<br />

retirar <strong>da</strong>s mãos dos jurados, o tão esperado 10.<br />

Canto, <strong>da</strong>nça, harmonia, conjunto, cores, movimentos,<br />

mecânica, fogos, muita garra, associados a fantasias e belas<br />

alegorias, poderão ser os elementos que definirão a escola<br />

campeã. Porém essa vitória será ou não no futuro, uma<br />

marca na história do carnaval.


G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio<br />

Surgiram então as primeiras campeãs, depois as<br />

supercampeãs; vimos Braguinha desfilar, vimos contos de<br />

areia brilhar, vimos o inesquecível Ziriguidum 2001, vimos<br />

a Vila vesti<strong>da</strong> de palha kizombar, vimos o nu, “sambar” em<br />

todos os sentidos, vimos mendigos brincar, vimos a<br />

Moci<strong>da</strong>de virar e virou! Vimos o ITA Salgueirar, vimos a<br />

Viradouro incendiar, vimos até um homem voar.<br />

A Voz do Morro, Sim Senhor !!!<br />

Silas de Oliveira, Donga, Ismael Silva, Pixinguinha, Noel,<br />

Cartola, Candeia, Xangô, Nelson Sargento, Beto sem Braço,<br />

João Nogueira, Aroldo Melodia, Martinho <strong>da</strong> Vila, D. Ivone<br />

Lara, Beth Carvalho, Clara Nunes, Leci Brandão, Paulinho<br />

<strong>da</strong> Viola e muitos outros bambas.<br />

São as ver<strong>da</strong>deiras raízes desse samba carioca, as vozes do<br />

morro são eles mesmos, sim senhor! Assim foram e sempre<br />

serão, esses ilustres compositores e intérpretes, cuja arte<br />

lhes é nata.<br />

Capazes de promover o elemento vital para o que<br />

conhecemos como o ver<strong>da</strong>deiro sentimento do termo<br />

“Harmonia” chegam muitas <strong>da</strong>s vezes ao brilhantismo <strong>da</strong>s<br />

rimas preciosas.<br />

Suas faces na maioria <strong>da</strong>s vezes desconheci<strong>da</strong>s do grande<br />

público são suas obras, entregando o estrelato maior aos<br />

intérpretes que também lutaram em seus percursos<br />

profissionais e por seus devidos reconhecimentos, que vem<br />

dos tempos em que eram rotulados como “boca de ferro” e<br />

“puxadores de samba”, como dizia o grande mestre Jamelão<br />

103


104<br />

Carnaval 2010<br />

- “eu não sou puxador coisa nenhuma eu sou simplesmente<br />

um cantor”.<br />

Numa grande aquarela musical, muitas Ro<strong>da</strong>s de Samba<br />

ocorri<strong>da</strong>s nas quadras <strong>da</strong>s Escolas, botecos, ou até mesmo<br />

em casas de bambas inspira<strong>da</strong>s em Tia Ciata, divulgaram e<br />

projetaram vários músicos que tiveram seus nomes<br />

endossados pelos grandes astros do cenário musical do<br />

samba e do carnaval.<br />

Planeta Carnaval - O Futuro é Nosso!<br />

E diga que isso aqui não é um planeta!<br />

A maior festa popular do Brasil, conquista o mundo, e em<br />

2010, o sonho <strong>da</strong> “Feliz Ci<strong>da</strong>de”, representado pela<br />

Acadêmicos do Grande Rio, fará uma grande homenagem<br />

ao Carnaval Carioca, revivendo momentos que marcaram<br />

época; grandes homens e mulheres que aju<strong>da</strong>ram a<br />

construir a história do maior espetáculo a céu aberto do<br />

mundo.<br />

Em 1985, Fernando Pinto sonhou com um carnaval nas<br />

estrelas, imaginando como seria o carnaval no futuro;<br />

estamos em 2010 e muita coisa mudou, mas ain<strong>da</strong> não<br />

fomos parar nas estrelas, quem sabe no ano 3000.<br />

Personagens populares do carnaval ganham uma nova<br />

versão, para representar a folia carioca.<br />

Sonho? Reali<strong>da</strong>de? Onde vamos parar? Como estaria o<br />

Sambódromo no Ano 3000? Nossas fantasias e alegorias?<br />

Enfim! Vamos sonhar, pois o carnaval nos permite sonhar e


G.R.E.S. Acadêmicos do Grande Rio<br />

viajar nesse mundo que de faz-de-conta não tem na<strong>da</strong>, um<br />

mundo real onde a emoção toma conta de todos nós, que<br />

embalados pela magia do samba, transformamos o<br />

impossível em reali<strong>da</strong>de.<br />

Nesse momento em que a união faz a diferença e transforma<br />

o carnaval nesse planeta mundial, elegemos como porta-voz<br />

dessa mensagem, o gari mais famoso do Brasil, Renato<br />

Sorriso, símbolo de nosso povo, <strong>da</strong> força <strong>da</strong>s comuni<strong>da</strong>des,<br />

dessa gente simples que protesta cantando e reage<br />

sambando, que faz a diferença com to<strong>da</strong> a humil<strong>da</strong>de, mas<br />

mostrando seu valor como protagonista desse grande<br />

espetáculo.<br />

Um povo que lota as arquibanca<strong>da</strong>s transformando-a num<br />

grande camarote de calor humano e que vibram com sua<br />

agremiação, comportando-se como ver<strong>da</strong>deiros termômetros<br />

de emoção.<br />

E é a você folião brasileiro, que canta, <strong>da</strong>nça, chora, vibra<br />

que a Grande Rio quer homenagear, ao seu empenho<br />

indispensável no resultado positivo no desfile <strong>da</strong>s Escolas<br />

de Samba.<br />

Deixe-me, portanto envolver-me no campo magnético dessa<br />

nave apoteótica rumo ao futuro e viajar com vocês de<br />

encontro às estrelas.<br />

Afinal,<br />

Como será o amanhã?<br />

Carnavalesco – Cahê Rodrigues<br />

Colaboração – Hiram Araújo<br />

Lucas Pinto<br />

105


106


“Noel:<br />

A Presença do Poeta <strong>da</strong> Vila”<br />

G.R.E.S. UNIDOS DE<br />

VILA ISABEL<br />

<strong>Presidente</strong>: Wilson Vieira Alves<br />

Carnavalesco: Alex de Souza<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 04/04/1946<br />

Cores: Azul e Branco<br />

107


108


109


110


G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel<br />

“Noel: A Presença do Poeta <strong>da</strong> Vila”<br />

1910. Ano marcado por grandes transformações,<br />

prenuncia<strong>da</strong>s com a passagem do Cometa de Halley. Entre<br />

outros fatos: a Revolta <strong>da</strong> Chibata, lidera<strong>da</strong> pelo “Almirante<br />

Negro”, João Cândido, cujo motim ameaçou bombardear o<br />

Rio de Janeiro, e o nascimento de Noël de Medeiros Rosa,<br />

popularmente conhecido como Noël Rosa, em 11 de<br />

dezembro. A partir deste dia, a música popular brasileira<br />

nunca mais seria a mesma.<br />

O pai era um amante <strong>da</strong> cultura francesa. Pela proximi<strong>da</strong>de<br />

com o período <strong>da</strong>s festas natalinas deu ao filho o nome de<br />

Noël, termo que equivale a Natal entre os franceses.<br />

Também era tradição no bairro de Vila Isabel, no período<br />

natalino, passar o rancho, quando todos iam ouvir o canto<br />

<strong>da</strong>s “Pastorinhas”.<br />

Desde sua infância, Noël se revelava irreverente. Ele era <strong>da</strong><br />

rua. Na escola, gostava <strong>da</strong>s pia<strong>da</strong>s proibi<strong>da</strong>s e <strong>da</strong>s<br />

brincadeiras obscenas. Começou estu<strong>da</strong>ndo numa escola<br />

pública, e, depois se transferiu para o tradicional São Bento,<br />

onde imperavam os rigores educacionais.<br />

A rua e os seus tipos eram a sua grande paixão. “Poetacronista”<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de; ci<strong>da</strong>de que cabia em Vila Isabel. Bairro<br />

síntese dos personagens cariocas: os pequenos burgueses, o<br />

bicheiro, os malandros, o seresteiro, o sinuqueiro, o<br />

carteador, o mendigo, o vigarista, o proxeneta, o valentão,<br />

entre tantos outros.<br />

111


112<br />

Carnaval 2010<br />

Noël preferia a luz <strong>da</strong>s estrelas à luz solar. Ele acompanhava<br />

os cantores <strong>da</strong> madruga<strong>da</strong> com o seu inseparável violão.<br />

Ficou conhecido pelo bairro. No ano de 1929, um grupo<br />

formado por jovens de classe média do conjunto musical<br />

Flor do Tempo o convidou para formar um novo grupo: o<br />

Bando dos Tangarás, grupo composto por Almirante,<br />

Braguinha, Henrique Brito e Alvinho. O conjunto se<br />

dedicou à mo<strong>da</strong> <strong>da</strong> época: a música nordestina; embola<strong>da</strong>s;<br />

sambas com tempero do nordeste; embora, seus trajes e<br />

sotaques mais pareciam de caipiras. A indústria e o<br />

comércio fonográfico cresciam bastante no Rio de Janeiro,<br />

quando foram convi<strong>da</strong>dos para gravar pela Parlophon,<br />

subsidiária <strong>da</strong> Odeon.<br />

A inserção no Bando dos Tangarás abriu o caminho para<br />

Noël iniciar sua carreira como compositor popular. Ain<strong>da</strong><br />

em 1929, ele escreveu a sua primeira composição, uma<br />

embola<strong>da</strong>, intitula<strong>da</strong> “Minha Viola”.<br />

Noël Rosa tinha grande admiração por Sinhô, freqüentador<br />

assíduo <strong>da</strong> Casa <strong>da</strong> Tia Ciata, localiza<strong>da</strong> na Praça Onze,<br />

onde os batuques do samba, influenciado pelo maxixe,<br />

ecoavam livremente. O “Poeta <strong>da</strong> Vila”, contudo, se<br />

integrou a outro tipo de samba, que veio do bairro do<br />

Estácio, onde vivia Ismael Silva, e se espalhou pelos morros<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de como Salgueiro, Mangueira, Favela, Saúde,<br />

Macacos. Noël subiu o morro e se integrou aos sambistas<br />

que lá viviam e compôs com alguns deles, como Cartola, do<br />

morro <strong>da</strong> Mangueira, e Canuto e Antenor Gargalha<strong>da</strong>, do<br />

Salgueiro. O “poeta” e Francisco Alves (que juntos fizeram<br />

parceria no grupo Ases do Samba) foram os maiores<br />

responsáveis pela consagração de diversos compositores<br />

negros de samba.


G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel<br />

Este tipo de samba que veio do Estácio, mais marcheado e<br />

acompanhado por instrumentos de percussão, era aquele<br />

tocado nos blocos, como o “Deixa Falar”, que deu origem à<br />

primeira “Escola de Samba”.<br />

Desde a adolescência, Noël adorava as serenatas e serestas.<br />

O local favorito <strong>da</strong>s noita<strong>da</strong>s era o cruzamento do Ponto dos<br />

Cem Réis, em Vila Isabel, onde os bondes “mu<strong>da</strong>vam de<br />

seção”, ponto de botequins e esquinas. Era ali que se reunia<br />

com os amigos e tomava a sua cerveja preferi<strong>da</strong>, a<br />

Cascatinha. No Café Vila Isabel, ele compôs a maior parte<br />

<strong>da</strong>s suas composições. De bar em bar, em “Conversa de<br />

Botequim”, e de amores em amores, como o que sentia por<br />

Fina, para quem fez “Os Três Apitos”, teceu suas canções.<br />

Freqüentava também os prostíbulos do Mangue, e era<br />

fascinado pelos malandros, homens que exploravam as<br />

mulheres, minas ou mariposas, e viviam <strong>da</strong> jogatina. Na<br />

Lapa chegou a conhecer o famoso Ma<strong>da</strong>me Satã, como<br />

também Ceci, a sua “Dama do Cabaré”.<br />

No carnaval de Vila Isabel havia dois blocos: o Cara de<br />

Vaca, organizado, com componentes selecionados e<br />

cercados por um cordão de isolamento, e o Faz Vergonha,<br />

composto por populares e com sambas improvisados, do<br />

qual fazia parte Noël Rosa. As batalhas de confete no<br />

Boulevard eram o ponto alto do desfile de blocos.<br />

O ano de 1930 mudou a história do Brasil e a vi<strong>da</strong> de Noël<br />

Rosa. Na política nacional, Getúlio Vargas assumiu a<br />

presidência do país por meio <strong>da</strong> chama<strong>da</strong> Revolução de 30.<br />

Nosso “Poeta” gravou o seu primeiro samba de sucesso:<br />

“Com que Roupa?”, que fazia alusão, de forma humora<strong>da</strong>, a<br />

113


114<br />

Carnaval 2010<br />

um Brasil de tanga, ilhado em pobreza, a fome e a miséria<br />

alastrando-se como praga, conseqüência imediata <strong>da</strong> crise<br />

<strong>da</strong> bolsa de Nova York que abalou o mundo inteiro. O<br />

samba conquistou a ci<strong>da</strong>de. A composição de sucesso<br />

passou a integrar o programa de diversas peças do teatro de<br />

Revista, to<strong>da</strong>s encena<strong>da</strong>s nos palcos <strong>da</strong> Praça Tiradentes,<br />

que vivia dias de fulgor e esplendor. No mesmo ano,<br />

conseguiu ser aprovado no vestibular para a Facul<strong>da</strong>de de<br />

Medicina. Contudo, ficou insatisfeito com o curso e<br />

abandonou-o. Ain<strong>da</strong> assim compôs “Coração”, conhecido<br />

como “um samba anatômico”. O “novo regime” de Vargas e<br />

suas medi<strong>da</strong>s governamentais também não passariam<br />

desapercebi<strong>da</strong>s pelo compositor, ganhando tons de crítica<br />

bem humora<strong>da</strong>s nas letras de alguns de seus sambas como<br />

“O Pulo <strong>da</strong> Hora” ou “Que Horas São?” sobre a criação do<br />

horário de verão; “Psilone” composto em função <strong>da</strong> nova<br />

reforma ortográfica; “Samba <strong>da</strong> Boa Vontade”, sobre o<br />

pedido de Vargas aos brasileiros para manter o sorriso,<br />

mesmo num momento de crise; e, ain<strong>da</strong> “Tenentes...do<br />

Diabo”, samba jocoso quanto aos tenentes getulistas, rivais<br />

dos “Democratas”.<br />

No começo de 1934 teve início a famosa polêmica<br />

envolvendo os compositores Noël Rosa e Wilson Batista.<br />

Este último compôs “Lenço no Pescoço”. Noël rebateu com<br />

“Rapaz Folgado”. Em resposta, Wilson compôs “Mocinho<br />

<strong>da</strong> Vila”. Ain<strong>da</strong> no mesmo ano, no perìodo <strong>da</strong> primavera,<br />

Noël compôs “Feitiço <strong>da</strong> Vila”, uma homenagem para a<br />

rainha primaveril de Vila Isabel, Lela Casatle, samba que<br />

colocou Noël em evidência, uma vez que o Brasil inteiro<br />

cantou a composição. A polêmica deu uma trégua e<br />

reacendeu no ano seguinte. O sucesso do “Filósofo do


G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel<br />

Samba” incomodou Wilson Batista, que gravou “Conversa<br />

Fia<strong>da</strong>”. Noel reagiu com “Palpite Infeliz”. Wilson<br />

respondeu com dois novos sambas: “Frankstein <strong>da</strong> Vila” e<br />

“Terra de Cego”.<br />

Os anos trinta foram a chama<strong>da</strong> Era do Rádio, consagra<strong>da</strong><br />

com a criação <strong>da</strong> Rádio Nacional. Em pouco tempo, o país<br />

inteiro ouviria suas rádio-novelas, seus programas de<br />

auditório e veria surgir muitas estrelas <strong>da</strong> nossa música, as<br />

chama<strong>da</strong>s cantoras do rádio. Aracy de Almei<strong>da</strong> e Marília<br />

Baptista foram as maiores intérpretes <strong>da</strong>s canções de Noël.<br />

Este também atuou no rádio. No Programa do Casé, de<br />

Adhemar Casé, na Rádio Philips, Noël cantava e trabalhava<br />

como contra-regra. E, em 1935, Almirante conseguiu-lhe<br />

um emprego na Rádio Clube do Brasil, trabalhando como<br />

libretista no programa “Como se as óperas célebres do<br />

mundo houvessem nascido aqui no Rio”. Escreveu o libreto<br />

<strong>da</strong> ópera “O Barbeiro de Niterói”, uma paródia ao “Barbeiro<br />

de Sevilha”. Fez também as revistas radiofônicas “Ladrão<br />

de Galinhas” e a “Noiva do Condutor”. As composições de<br />

Noël também foram utiliza<strong>da</strong>s no cinema. Em Alô, Alô,<br />

Carnaval (1936), compôs “Pierrot Apaixonado”, em<br />

parceria com Heitor dos Prazeres. Para o filme Ci<strong>da</strong>de<br />

Mulher (1936), ele compôs seis músicas, dentre as quais<br />

“Tarzan, Filho do Alfaiate”, em parceria com Vadico.<br />

No ano de 1937, os céus do Brasil foram atravessados pelo<br />

cometa de Hermes. Os cometas inspiraram durante milénios<br />

profundos temores na humani<strong>da</strong>de, que os considerava<br />

sinais divinos de maus presságios. O medo persistia. Foi<br />

assim com o cometa de Halley naquele ano de 1910 e voltou<br />

a ser vinte sete anos depois. E, de fato, realmente foi. Na<br />

115


116<br />

Carnaval 2010<br />

noite do dia 04 de maio, no mesmo chalé onde nasceu na rua<br />

Theodoro <strong>da</strong> Silva, em Vila Isabel, faleceu Noël Rosa,<br />

acometido pelo “mal do século”.<br />

Da mesma forma que nasceu num ano turbulento, Noël<br />

disse “Adeus” num ano de grandes transformações,<br />

cumprindo assim um ciclo de mu<strong>da</strong>nças. Ele mudou a<br />

história <strong>da</strong> música popular brasileira. As serestas e serenatas<br />

aqui na Terra não seriam mais as mesmas sem a sua<br />

presença. Uma outra “Festa no Céu” faria ele entre anjos e<br />

arcanjos. Para sua felici<strong>da</strong>de, não viu a instalação do Estado<br />

Novo, com seu caráter repressivo e censurador, nem mesmo<br />

a chega<strong>da</strong> do “Tio Sam”. Não viu também a vi<strong>da</strong> boêmia <strong>da</strong><br />

Lapa ser susbtituí<strong>da</strong> pelas boates chiques de Copacabana,<br />

onde Aracy de Almei<strong>da</strong> o imortalizou. Também não teve o<br />

prazer de ver a fun<strong>da</strong>ção do GRES Unidos de Vila Isabel,<br />

Agremiação carnavalesca do bairro que tanto cantou. No<br />

firmamento do samba, assim como a estrela Dalva, a estrela<br />

de Noël, finalmente, no céu despontou e jamais se apagou.<br />

Foi o seu “Último Desejo”. Por isso, cantamos: “Quem<br />

nasce lá na Vila, nem sequer vacila, ao abraçar o samba”.<br />

Sau<strong>da</strong>des de ti, Noël!!!<br />

Carnavalesco: Alex de Souza<br />

Autores do Enredo: Alex de Souza, Alex Varela<br />

(historiador) & Martinho <strong>da</strong> Vila.<br />

Roteiro e Pesquisa do Enredo: Alex Varela & Alex de<br />

Souza<br />

Texto <strong>da</strong> Sinopse: Alex Varela


G.R.E.S. Unidos de Vila Isabel<br />

Bibliografia:<br />

CABRAL, Sérgio. No Tempo de Almirante. Rio de Janeiro:<br />

Francisco Alves, 1991.<br />

. As Escolas de Samba do Rio de Janeiro.<br />

Rio de Janeiro: Lumiar Editora, 1996.<br />

CALDEIRA, <strong>Jorge</strong>. A construção do Samba. São Paulo:<br />

Mameluco, 2007.<br />

MÁXIMO, João; DIDIER, Carlos. Noel Rosa: Uma<br />

biografia. Brasília: Editora Universi<strong>da</strong>de de Brasília, 1990.<br />

Gostaríamos de registrar um agradecimento especial aos<br />

jornalistas João Máximo e Sérgio Cabral pelas sugestões<br />

que apresentaram para o enredo.<br />

117


118


“Mangueira é música do<br />

Brasil”<br />

G.R.E.S. ESTAÇÃO PRIMEIRA<br />

DE MANGUEIRA<br />

<strong>Presidente</strong>: Ivo Meirelles<br />

Carnavalescos: <strong>Jorge</strong> Caribé e Jaime Cezário<br />

Fun<strong>da</strong>ção: 28/04/1928<br />

Cores: Verde e Rosa<br />

119


120


121


122


G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira<br />

“Mangueira é música do Brasil”<br />

Com sua marcação de primeira, lá vem Mangueira Estação<br />

Primeira... Apresentando seu enredo: Mangueira é Música<br />

do Brasil.<br />

Tanta vi<strong>da</strong>, tanta história... “Mangueira teu passado de<br />

glória está gravado na memória” e nos sambas-enredos que<br />

enaltecem a sua lin<strong>da</strong> trajetória. Mangueira que nasceu <strong>da</strong><br />

humil<strong>da</strong>de, <strong>da</strong> união, de ca<strong>da</strong> amanhecer à inspiração, é ela<br />

quem passa altiva, garbosa, alegre e faceira. Proclama em<br />

seus versos que seus barracos são castelos, seu morro é o<br />

senhor e o samba sua raiz.<br />

“A Mangueira é tão grande, que até o portelense Paulinho <strong>da</strong><br />

Viola fez música para ela. E chegou a vez desta árvore<br />

frondosa abarcar a música brasileira como um todo. Afinal,<br />

muitos de seus frutos vieram <strong>da</strong>s raízes planta<strong>da</strong>s pela<br />

Estação Primeira.” (Tárik de Souza)<br />

Lá vem Mangueira... Exaltando a Música Brasileira. Entre<br />

“cantos imortais” e “inesquecìveis carnavais”, ecoam dos<br />

“frutos sagrados” <strong>da</strong> Estação Primeira: Cartola, Carlos<br />

Cachaça, Nelson Cavaquinho, Nelson Sargento, Jamelão,<br />

Padeirinho, Hélio Turco, Tantinho, Alcione, Beth Carvalho,<br />

Leci Brandão, Emílio Santiago, Rosemary e muitos mais.<br />

Suas obras inspiram as novas gerações de compositores e<br />

cantores a compor e a cantar novas canções que enaltecem<br />

seu manto verde e rosa, e que guar<strong>da</strong>mos em nossos<br />

corações.<br />

123


124<br />

Carnaval 2010<br />

Mangueira, fonte de inspiração dos artistas, é o berço do<br />

samba, e a alma dos sambistas!<br />

Nessa troca musical, em seu cenário abençoado pela<br />

natureza, muitos poetas foram homenageados, e em seus<br />

sambas-enredos imortalizados em memoráveis desfiles,<br />

entre eles: Braguinha, Dorival Caymmi e Chico Buarque.<br />

E lá vem Mangueira, cheia de novas bossas...<br />

Sem, jamais, desmerecer a riqueza musical do passado,<br />

inicia sua pauta nesse carnaval com a Bossa Nova, que <strong>da</strong><br />

Zona Sul carioca, sob influências jazzísticas, aparece como<br />

um novo estilo, uma nova forma de se tocar e cantar o<br />

samba brasileiro. Transformado pelo toque criativo de<br />

jovens músicos, no final dos anos 50, a Bossa Nova<br />

revoluciona, rompe fronteiras e leva o novo som do Brasil<br />

aos quatro cantos do mundo.<br />

“A maior quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> música brasileira é a sua diversi<strong>da</strong>de.<br />

É o nosso melhor, mais bem acabado e mais competitivo<br />

produto de exportação. E na nossa História não há história<br />

mais bonita, mais rica, mais emocionante e mais vitoriosa do<br />

que a de nossa música popular. E para contar esta história de<br />

paixão e glória nenhum formato poderia ser mais adequado<br />

do que o enredo de uma escola de samba. É o que a<br />

Mangueira vai cantar no Carnaval.” (Nelson Motta)<br />

Na linha do tempo, a Mangueira apresenta mais um novo<br />

momento musical, que em meados dos anos 60 explode no<br />

Brasil com uma nova musicali<strong>da</strong>de, batiza<strong>da</strong> de “som do iêiê-iê”.<br />

A Jovem Guar<strong>da</strong> mobilizou a juventude nacional<br />

como jamais ocorrera na história cultural do país.


G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira<br />

Lidera<strong>da</strong> pelo “Rei” Roberto Carlos – seu maior expoente –,<br />

pelo “Tremendão” Erasmo Carlos e pela “Ternurinha”<br />

Wanderléia, a Jovem Guar<strong>da</strong> com os hits “Parei na<br />

Contramão”, “O Calhambeque” e “É Proibido Fumar”<br />

escreveu um dos capítulos fun<strong>da</strong>mentais <strong>da</strong> história do pop<br />

brasileiro.<br />

A partir de 1965, com o início dos Festivais <strong>da</strong> Canção, a<br />

sigla MPB passa a identificar a música popular brasileira,<br />

que revelam novos talentos, rompendo com regionalismo, se<br />

projetando nacionalmente, como as canções “Dispara<strong>da</strong>”,<br />

“Ponteio”, “A Ban<strong>da</strong>”, “Ro<strong>da</strong> Viva” e “Arrastão” entre<br />

outras.<br />

As canções “Alegria, Alegria” e “Domingo no Parque”<br />

lançam sementes do Tropicalismo, um movimento de<br />

ruptura que “revolucionou” o ambiente <strong>da</strong> música popular,<br />

incorporou à MPB elementos do rock, dos ritmos<br />

estrangeiros e <strong>da</strong> cultura de massa.<br />

Já no final dos anos 60 caminhavam e cantavam seguindo a<br />

canção... Sob os sombrios anos de ditadura, a música<br />

brasileira soube driblar os rigores <strong>da</strong> censura de forma<br />

criativa, afirmando ca<strong>da</strong> vez mais o seu papel de porta-voz<br />

<strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de democrática em canções intitula<strong>da</strong>s músicas de<br />

protestos.<br />

Oriun<strong>da</strong> dos festivais, a MPB, na déca<strong>da</strong> seguinte, consagrase<br />

como forma característica dos centros urbanos, que<br />

passam a atrair e reunir compositores e intérpretes até então<br />

espalhados pelo Brasil.<br />

125


126<br />

Carnaval 2010<br />

Nos anos 80 a Música Popular Brasileira alcança êxito<br />

expressando varie<strong>da</strong>des de gêneros e fusão de estilos como,<br />

por exemplo, o samba-canção e o pop. Marca essa época a<br />

interpretação de Sandra de Sá em “Demônio Colorido”,<br />

incorporando elementos <strong>da</strong> música erudita de vanguar<strong>da</strong>, do<br />

reggae e do funk. Este período tinha também como ícone<br />

Tim Maia.<br />

O Rock Brasil mostra a sua cara!<br />

Os sons eletrizantes <strong>da</strong>s guitarras dão o tom ao Rock<br />

Nacional. Em letras e melodias, jovens roqueiros e ban<strong>da</strong>s<br />

de rock que saíam <strong>da</strong>s garagens, assumiam um papel<br />

importante no cenário musical brasileiro. Com um “som”<br />

divertido, exagerado, irônico e até ingênuo o rock firma-se<br />

no mercado com Rita Lee, Raul Seixas, Marina Lima,<br />

Lobão e ban<strong>da</strong>s como Blitz, Barão Vermelho, Titãs, Os<br />

Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor e Legião Urbana.<br />

Contudo, o rock dos anos 80 trouxe varia<strong>da</strong>s influências<br />

como, por exemplo, a do new wave e do punk.<br />

A música do povo brasileiro transcende a um princípio de<br />

uni<strong>da</strong>de geral. Letra, melodia, ritmo, som, pausa, voz e<br />

instrumentos a definem... No ecoar de todos os cantos tem<br />

sertanejo, tem baião, tem axé, tem toa<strong>da</strong>, tem carimbó e até<br />

eletrônico. O Brasil é musical.<br />

“O público do Sambódromo e <strong>da</strong> televisão será testemunha de<br />

um fato marcante do Carnaval de 2010: a escola de samba<br />

mais canta<strong>da</strong> pela música popular brasileira cantará a<br />

própria música popular brasileira. A Mangueira e a nossa<br />

música se abraçarão como dois seres que se amam e se<br />

amarão sempre. Imperdível.” (Sérgio Cabral)


G.R.E.S. Estação Primeira de Mangueira<br />

Aplausos! Mangueira Estação Primeira... É a voz do samba,<br />

é a voz do gueto.<br />

O som do gueto é samba-reggae que ecoa lá do Curuzu. É<br />

Timbala<strong>da</strong>, é o ritmo do Olodum, é Manguebeat! É Afro<br />

Reggae, é Funk’n’ Lata. Da Black Rio ao Funk Carioca. Do<br />

Charme ao Hip-Hop. É o som <strong>da</strong> Galera!<br />

“A história <strong>da</strong> MPB é o retrato mais fiel <strong>da</strong> alma do Brasil. O<br />

grande caldeirão onde crepitam a miscigenação <strong>da</strong>s três<br />

raças, capazes de produzir o mais belo conjunto de gêneros<br />

musicais e de compositores populares de que o mundo tem<br />

notícia. A Mangueira – tão íntima dessa história de que ela<br />

mesma é personagem desde Cartola e Jamelão – vai<br />

reproduzir na Aveni<strong>da</strong> em 2010 a maior paixão dos<br />

brasileiros. E – sem dúvi<strong>da</strong> – a melhor e mais estimulante de<br />

suas histórias, a <strong>da</strong> música popular.” (Ricardo Cravo<br />

Albin).<br />

O carnaval é o show! Os sambas-enredo são um espetáculo<br />

à parte na história <strong>da</strong> Música Popular Brasileira, e a Estação<br />

Primeira de Mangueira, tão canta<strong>da</strong> e exalta<strong>da</strong> na nossa<br />

música, foi e continua sendo fonte de inspiração de<br />

inúmeras composições, e cita<strong>da</strong> em enredos de diversas<br />

agremiações, estende seu manto verde e rosa neste encontro<br />

mágico e universal chamado Carnaval.<br />

Na verde e rosa de Cartola, cabem todos os ritmos. Sua<br />

bateria, inconfundìvel, é o próprio “batidão”. Todo mundo<br />

reconhece, ao longe, e é ela quem anuncia: A Mangueira,<br />

chegou.<br />

127<br />

Comissão de Carnaval


128


<strong>LIESA</strong> - Liga Independente <strong>da</strong>s Escolas de Samba do Rio de Janeiro<br />

Av. Rio Branco, n o 04 - 2 o , 17 o , 18 o e 19 o an<strong>da</strong>res – Centro<br />

Rio de Janeiro – RJ CEP.: 20.090-000<br />

Tel.: (21) 3213-5151 Fax.: (21) 3213-5152<br />

Home Page: www.liesa.com.br E-mail: liesarj@liesa.com.br<br />

Digitação e Diagramação:<br />

Fernando Benvindo Neto e Mauro Antonio <strong>da</strong> Silva<br />

129

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!