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Análise da cadeia de suprimentos da indústria de laticínio ... - Abepro

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XXIII Encontro Nac. <strong>de</strong> Eng. <strong>de</strong> Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 <strong>de</strong> out <strong>de</strong> 2003<br />

<strong>Análise</strong> <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> <strong>suprimentos</strong> <strong>da</strong> <strong>indústria</strong> <strong>de</strong> <strong>laticínio</strong> <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong><br />

Mata Mineira: Integração <strong>da</strong>s empresas<br />

José Geraldo Vi<strong>da</strong>l Vieira (USP) jose.geraldo.vieira@poli.usp.br<br />

Resumo<br />

Este artigo tem o objetivo <strong>de</strong> analisar a <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> <strong>suprimentos</strong> <strong>de</strong> <strong>laticínio</strong>s, tendo como foco<br />

os processos <strong>de</strong> gerenciamento proposto por Lambert and Cooper (2000). Para este estudo<br />

foi escolhi<strong>da</strong> a região <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata Mineira, segun<strong>da</strong> maior bacia leiteira do Estado <strong>de</strong><br />

Minas Gerais. O artigo enfatiza o relacionamento entre os elos estratégicos <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong><br />

<strong>laticínio</strong>s, a formação <strong>da</strong> parcela do valor (bruto) <strong>de</strong> um dos produtos lácteos retido em ca<strong>da</strong><br />

elo, além <strong>de</strong> indicar a empresa focal (<strong>laticínio</strong>) como forte candi<strong>da</strong>ta a gerenciar a <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>.<br />

Conclui-se que se as <strong>indústria</strong>s <strong>de</strong>ssa região tivessem uma parte <strong>de</strong> seus processos-chave<br />

gerenciados, po<strong>de</strong>riam ser mais competitivas no mercado regional e nacional.<br />

Key Words: Supply chain management, Dairy, Value chain.<br />

1. Introdução<br />

O mo<strong>de</strong>lo estrutural proposto por Lambert e Cooper (2000) para o gerenciamento <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> suprimento (Supply Chain Management – SCM) evi<strong>de</strong>ncia a integração <strong>de</strong> todos os<br />

negócios chaves e os processos gerenciados envolvidos <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a matéria-prima que origina o<br />

produto até o consumidor final, incluindo os serviços e informações que adicionam valor para<br />

os consumidores e outros diretamente envolvidos.<br />

Acredita-se que para manter a competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong>s empresas na região <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata<br />

Mineira, segun<strong>da</strong> maior bacia leiteira do Estado, não basta aumentar a eficiência <strong>da</strong>s empresas<br />

isola<strong>da</strong>mente, pois os ganhos <strong>de</strong> competitivi<strong>da</strong><strong>de</strong> não estão restritos à sua gerência interna<br />

mas sim na <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> como um todo. A idéia do SCM parece permitir uma melhor integração <strong>da</strong>s<br />

instituições, fornecedores, <strong>indústria</strong>s e clientes na busca <strong>de</strong> maior conhecimento <strong>de</strong>sse<br />

ambiente competitivo.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste trabalho foi aplicar esse mo<strong>de</strong>lo na <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> <strong>laticínio</strong>s estu<strong>da</strong><strong>da</strong> e avaliar a<br />

forma <strong>de</strong> gerenciamento dos seus processos em oito <strong>indústria</strong>s do setor, com intuito <strong>de</strong><br />

apontar problemas e i<strong>de</strong>ntificar melhorias para ganhos estratégicos na <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>, permitindo<br />

auferir economias aos seus membros.<br />

2. A Estrutura <strong>de</strong> Lambert e Cooper<br />

Segundo Lambert e Cooper o mo<strong>de</strong>lo estrutural para implantação do SCM é composto pela<br />

estrutura <strong>de</strong> re<strong>de</strong>, processos e os componentes gerenciais como mostra a Figura 1.<br />

A. Estrutura <strong>da</strong> re<strong>de</strong>: os membros que<br />

integram as firmas e a topologia <strong>de</strong> suas<br />

ligações.<br />

C. Componentes gerenciais: qual o nível <strong>de</strong><br />

integração e <strong>de</strong> gerenciamento que ca<strong>da</strong><br />

processo <strong>de</strong>verá ter.<br />

B. Processos relacionados aos negócios <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>:<br />

quais os processos que criam elos importantes entre os<br />

membros <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>.<br />

Fonte: Lambert e Cooper, 2000. In Vieira e Lustosa, 2001.<br />

Figura 1 - Estrutura conceitual <strong>de</strong> gerenciamento <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> <strong>suprimentos</strong><br />

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XXIII Encontro Nac. <strong>de</strong> Eng. <strong>de</strong> Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 <strong>de</strong> out <strong>de</strong> 2003<br />

A Figura 1 mostra a importância <strong>da</strong> interação entre as partes <strong>da</strong> estrutura. Quanto maior a sua<br />

interação, maior será a ligação entre os membros na supply chain, (VIEIRA, 2002). A<br />

presente pesquisa focou nos processos relacionados aos negócios <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>.<br />

3. Metodologia <strong>de</strong> Pesquisa<br />

O universo <strong>da</strong> pesquisa é composto por 242 empresas <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata (segun<strong>da</strong> maior<br />

produtora <strong>de</strong> leite do Estado e on<strong>de</strong> se concentra cerca <strong>de</strong> 28% do total <strong>de</strong> <strong>laticínio</strong>s sob algum<br />

tipo <strong>de</strong> registro <strong>de</strong> inspeção do Estado) que fazem o processamento do leite e seus <strong>de</strong>rivados<br />

(queijos, requeijão, manteiga, leite fluido e bebi<strong>da</strong> láctea, entre outros).<br />

A amostra <strong>da</strong>s empresas foi seleciona<strong>da</strong> segundo os seguintes critérios: empresas com registro<br />

no Serviço <strong>de</strong> Inspeção Fe<strong>de</strong>ral (SIF) e com mínima estrutura gerencial on<strong>de</strong> os processos<br />

pu<strong>de</strong>ssem ser claramente i<strong>de</strong>ntificados. O seu registro no SIF permite às empresas<br />

comercializar seus produtos em outras regiões do país. Dado o elevado número <strong>de</strong> empresas<br />

ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s no SIF utilizou-se os seguintes critérios <strong>de</strong> conveniência: volume mínimo <strong>de</strong> leite<br />

processado (20.000 litros/dia), uma vez que essas empresas representariam uma capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

produtiva eleva<strong>da</strong>, com um mínimo <strong>de</strong> organização dos processos a serem analisados e que<br />

melhor representariam a região geograficamente, já que se trata <strong>de</strong> produtos perecíveis e,<br />

consequentemente, <strong>de</strong> custo <strong>de</strong> comercialização sensível à distância geográfica do mercado.<br />

Os critérios foram responsáveis por reduzir a amostra para 10 empresas. Destas, oito (que<br />

contribuem com aproxima<strong>da</strong>mente 64% do total do leite processado) concor<strong>da</strong>ram em<br />

participar do estudo, i<strong>de</strong>ntifica<strong>da</strong>s como Empresas L1 a L8.<br />

4. Estudo dos casos: apresentação e análise dos <strong>da</strong>dos<br />

4.1. Dados gerais <strong>da</strong>s Empresas<br />

A seguir são apresentados alguns aspectos <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s Empresas <strong>da</strong>ndo ênfase ao que se<br />

refere à produção <strong>de</strong> leite “Longa Vi<strong>da</strong>” (LLV), manteiga, queijos e similares, ou seja, sem<br />

consi<strong>de</strong>rar os aspectos ligados à produção <strong>de</strong> leite empacotado e à bebi<strong>da</strong> láctea. O Quadro 1<br />

mostra, <strong>de</strong> forma resumi<strong>da</strong>, algumas características <strong>da</strong>s Empresas.<br />

Empresas L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8<br />

Ano <strong>de</strong> fun<strong>da</strong>ção 1991 1973 1965 1974 1991 1970 1982 1943<br />

Número <strong>de</strong> produtos 8 4 30 10 15 25 15 16<br />

Foco <strong>da</strong> Empresa quanto à<br />

Alta Baixa Média/<br />

Alta Média Baixa Baixa Baixa<br />

perecibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos produtos*<br />

Capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Produção 35.000 59.000 55.000 70.000 25.000 50.000 150.000 280.000<br />

Volume Processado 35.000 52.000 55.000 60.000 25.000 30.000 150.000 220.000<br />

*<strong>de</strong>finido a partir dos principais tipos <strong>de</strong> produtos (que respon<strong>de</strong>m pelo maior volume <strong>de</strong> produção) <strong>da</strong>s empresas.<br />

Fonte: Vieira, 2002.<br />

Quadro 1 - Características gerais <strong>da</strong>s Empresas.<br />

Po<strong>de</strong>-se verificar pelo Quadro 1 que são Empresas <strong>de</strong> pequeno a médio porte, com capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> produção entre 25.000 litros/dia a 280.000 litros/dia. A maioria <strong>de</strong>las está trabalhando no<br />

seu limite <strong>de</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> produtiva. A L5 e a L7 estão atualmente dobrando as suas<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção, <strong>de</strong>vido ao aumento <strong>da</strong> <strong>de</strong>man<strong>da</strong> nos últimos anos. No caso <strong>da</strong> L7,<br />

os investimentos em marketing em 1999 e o aumento <strong>da</strong> produção <strong>de</strong> LLV contribuíram<br />

expressivamente para a solidificação <strong>da</strong> marca. Já a L5 se justifica pela conquista do mercado<br />

mineiro, em especial, a região metropolitana <strong>de</strong> Belo Horizonte. Nas Empresas sempre há<br />

reestruturação <strong>de</strong> seu espaço físico ou aumento <strong>da</strong> carga horária <strong>de</strong> trabalho quando ocorrem<br />

picos <strong>de</strong> produção, que acontecem geralmente no período <strong>de</strong> safra, quando o volume<br />

processado aumenta em torno <strong>de</strong> 20%. A varie<strong>da</strong><strong>de</strong> dos produtos, e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong><br />

novos produtos, também são fatores importantes nas Empresas.<br />

ENEGEP 2003 ABEPRO 2<br />

Alta


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O estudo permitiu algumas <strong>de</strong>duções gerais:<br />

- Os maiores investimentos seriam na linha <strong>de</strong> produtos <strong>de</strong> baixas e médias perecibili<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

fato esse observado nas L2, L3, L6, L7 e L8. Como conseqüência tem-se: produção em maior<br />

escala, diversificação dos queijos e aumento dos estoques reguladores <strong>da</strong>s Empresas. Essas<br />

são Empresas antigas que, segundo os seus empresários, preferem os produtos <strong>de</strong> baixa<br />

perecibili<strong>da</strong><strong>de</strong> porque po<strong>de</strong>m ser estocados (facilitando o ajuste à <strong>de</strong>man<strong>da</strong> e à oferta <strong>de</strong> leite<br />

variável) e possui maior valor agregado, além <strong>de</strong> favorecer o sistema <strong>de</strong> logística quanto à<br />

distribuição e armazenagem.<br />

- Produtos <strong>de</strong> alta perecibili<strong>da</strong><strong>de</strong> como ricota e queijos minas frescal, não são priori<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />

fabricação pela maioria <strong>da</strong>s Empresas, pois representam um nicho <strong>de</strong> mercado on<strong>de</strong><br />

competem com <strong>indústria</strong>s menores que aten<strong>de</strong>m mercados regionais e locais com vantagens<br />

logísticas. É o caso <strong>da</strong> L4, por se tratar <strong>de</strong> uma empresa tradicional na produção <strong>de</strong> queijos<br />

frescos, e <strong>da</strong> L1, por <strong>de</strong>scobrir uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> no mercado fluminense <strong>de</strong> baixa ren<strong>da</strong>.<br />

- O elevado número <strong>de</strong> produtos <strong>da</strong>s L3 e L6 mostra maior diversificação <strong>da</strong> produção com<br />

eleva<strong>da</strong> economia <strong>de</strong> escopo, enquanto que a L7 e L8 se concentram na escala <strong>de</strong><br />

multiproduto (produção em escala com economia <strong>de</strong> escopo).<br />

A abrangência do mercado <strong>da</strong> distribuição <strong>da</strong>s Empresas concentra-se no Su<strong>de</strong>ste, com ênfase<br />

no Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro e em outras regiões como Norte, Nor<strong>de</strong>ste e Centro-Oeste.<br />

O Quadro 2 mostra a atuação <strong>da</strong>s Empresas por estados <strong>da</strong> Fe<strong>de</strong>ração.<br />

Mercado/Empresa L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro 95% 7% 90% 65% 0% 65% 70% 60%<br />

Minas Gerais 0% 3% 3% 35% 100% 15% 12% 10%<br />

Espírito Santo 0% 0% 0% 0% 0% 5% 18% 10%<br />

São Paulo 5% 5% 0% 0% 0% 0% 0% 0%<br />

Norte e Nor<strong>de</strong>ste e Centro-Oeste 0% 85% 7% 0% 0% 15% 0% 20%<br />

Fonte: Vieira, 2002.<br />

Quadro 2 - Distribuição geográfica dos mercados <strong>da</strong>s Empresas.<br />

Po<strong>de</strong>-se verificar que o Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro (com exceção <strong>da</strong> L2 e L5 por ter pouca ou<br />

nenhuma representação, respectivamente) contribui com 74,16% do mercado consumidor dos<br />

produtos <strong>da</strong>s sete Empresas. Isso se justifica pela pouca produção fluminense, pela<br />

proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata <strong>de</strong>sse mercado (facilitando a distribuição dos produtos,<br />

principalmente os <strong>de</strong> alta e média perecibili<strong>da</strong><strong>de</strong>) e por ser um Estado com alto potencial <strong>de</strong><br />

consumo <strong>de</strong> leite e <strong>de</strong>rivados. O Estado <strong>de</strong> Minas Gerais, em especial, a meso-região <strong>da</strong> Zona<br />

<strong>da</strong> Mata, ocupa o segundo lugar, pela proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> que facilita todo o sistema logístico e por<br />

ser uma região <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque na produção <strong>de</strong> leite, o que sugere um alto consumo <strong>de</strong>ste produto<br />

e <strong>de</strong> seus <strong>de</strong>rivados. Outro fato observado é que Minas Gerais, embora tenha um mercado<br />

consumidor bem maior do que o suprido por essas Empresas em gran<strong>de</strong> parte é atendido por<br />

<strong>laticínio</strong>s locais, assim como acontecem nos outros Estados.<br />

Já o Estado <strong>de</strong> São Paulo, embora seja o maior mercado, <strong>de</strong>ve ser abastecido pelas <strong>indústria</strong>s<br />

do sul <strong>de</strong> Minas Gerais, por <strong>indústria</strong>s localiza<strong>da</strong>s no próprio Estado ou por <strong>indústria</strong>s do Sul<br />

do país. No caso do Centro-Oeste se justifica por ser um importante mercado consumidor.<br />

Acredita-se que com a evolução do setor <strong>de</strong> <strong>laticínio</strong>s no Estado <strong>de</strong> Goiás tal região perca sua<br />

importância como mercado para os <strong>laticínio</strong>s <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong> Mata Mineira. No caso do Norte e<br />

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Nor<strong>de</strong>ste, a justificativa é o fornecimento <strong>de</strong> um tipo especial <strong>de</strong> queijo. O Estado do Espírito<br />

Santo é um mercado que tem crescido e <strong>de</strong> bom potencial, porém ain<strong>da</strong> são incipientes as<br />

ven<strong>da</strong>s dos produtos para esta região e falta maior incentivo ao consumo dos produtos lácteos.<br />

As L1, L3, L4, L6, L7 e L8 são Empresas com segmentação nos mercados dos Estados do Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro e <strong>de</strong> Minas Gerais. A L7 tem bom <strong>de</strong>staque no Estado do Espírito Santo por ser<br />

uma região estratégica sob o ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> distribuição dos produtos e por apresentar um<br />

mercado pouco assediado por outras empresas.<br />

Os clientes são na maioria re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> supermercados e varejistas em geral. Com exceção <strong>da</strong>s<br />

L4, L5 e L8, as <strong>de</strong>mais Empresas são auxilia<strong>da</strong>s por centros <strong>de</strong> distribuição localizados em<br />

lugares estratégicos com intuito <strong>de</strong> facilitar a distribuição, a previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s e o<br />

relacionamento.<br />

O Quadro 3 mostra as Empresas e seus principais mercados consumidores.<br />

Mercado/Empresa L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8<br />

Supermercados 80% 70% 90% 70% 88% 55% 90% 90%<br />

Pequeno Varejo 20% 30% 8% 28% 10% 12% 9% 8%<br />

Loja própria - - - - - - 1% 2%<br />

Mercado Institucional* 0% 0% 2% 2% 2% 33% 0% 0%<br />

*Empresas que utilizam os <strong>de</strong>rivados do leite como subproduto para a fabricação <strong>de</strong> outros alimentos.<br />

Fonte: Vieira, 2002.<br />

Quadro 3 - Principais canais <strong>de</strong> comercialização.<br />

Nota-se que 79.13% <strong>da</strong>s ven<strong>da</strong>s agrega<strong>da</strong>s são <strong>de</strong>stina<strong>da</strong>s às re<strong>de</strong>s supermercadistas. Este fato<br />

se justifica pelo elevado po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> compra <strong>de</strong>ssas re<strong>de</strong>s, o que permite manter estoques altos<br />

dos produtos em períodos <strong>de</strong>sejados ou fazer promoções <strong>de</strong> curta duração. Confrontando os<br />

<strong>da</strong>dos dos Quadros 1, 2 e 3, verifica-se que o mix <strong>de</strong> produtos <strong>da</strong> L6 permite maior<br />

abrangência geográfica e segmentação do mercado (com elevado volume <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s para<br />

outras <strong>indústria</strong>s alimentícias) e menor oscilação dos estoques <strong>de</strong> produtos acabados.<br />

4.2. <strong>Análise</strong> <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> valor<br />

Embora a pesquisa tenha focado na <strong>indústria</strong> (o <strong>laticínio</strong>), a maior parcela do valor agregado<br />

dos produtos lácteos se encontra fora <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>. A análise <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> valor <strong>de</strong>sses<br />

produtos é importante, já que por mais que uma empresa lí<strong>de</strong>r gerencie internamente os seus<br />

processos, ain<strong>da</strong> é pequena a contribuição <strong>de</strong> valor do produto final.<br />

To<strong>da</strong> a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> valor cria e usa informação <strong>de</strong> alguma espécie (PORTER, 1999). No caso<br />

do gerenciamento <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> dos lácteos, todos os processos <strong>de</strong> suprimento e distribuição<br />

adicionam valor aos produtos. Estas ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s e suas intermediárias (controle <strong>de</strong> estoques,<br />

produção, entre outras) expan<strong>de</strong>m as fronteiras <strong>de</strong> comunicação na <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>.<br />

A Figura 2 mostra a porcentagem do valor (bruto) do LLV retido em ca<strong>da</strong> elo <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>.<br />

Embora estes valores mostrem que a <strong>indústria</strong> possui a maior parcela do valor agregado do<br />

produto, uma gran<strong>de</strong> parcela fica nos supermercados que, além <strong>de</strong> terem custos menores <strong>de</strong><br />

operação em comparação com os <strong>da</strong> <strong>indústria</strong>, eles têm lucro na bonificação em relação ao<br />

volume <strong>de</strong> compra.<br />

ENEGEP 2003 ABEPRO 4


Porcentagem (%)<br />

100<br />

80<br />

60<br />

40<br />

20<br />

0<br />

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Percentual bruto do LLV retido pelos principais elos <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

31,5789474<br />

45,2631579<br />

23,1578947<br />

1 Leite Longa Vi<strong>da</strong><br />

Figura 2 - Principais canais <strong>de</strong> comercialização.<br />

Sup erm ercado<br />

Indústria<br />

Produtor<br />

Essa discrepância <strong>de</strong> valores é ain<strong>da</strong> maior quando a análise é feita para período <strong>de</strong> entre-safra<br />

e para produtos <strong>de</strong> maior valor agregado como queijos maturados, iogurtes, etc. Como a<br />

<strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> tem como base um oligopólio, os reajustes dos preços não são repassados na mesma<br />

proporção <strong>de</strong> jusante a montante. A margem <strong>de</strong> lucro <strong>da</strong>s empresas po<strong>de</strong> ser melhora<strong>da</strong> com<br />

um eficiente controle logístico ao longo do canal.<br />

4.3. Aplicação dos processos segundo Lambert e Cooper<br />

A i<strong>de</strong>ntificação dos processos gerenciáveis procura, na medi<strong>da</strong> do possível, <strong>de</strong>screver os tipos<br />

<strong>de</strong> ligações existentes entre os membros <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>. Assim serão analisados os processos<br />

consi<strong>de</strong>rados por Lambert e Cooper com a<strong>da</strong>ptações para as Empresas estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s, conforme<br />

mostra o Quadro 4.<br />

Processos/Empresa L1 L2 L3 L4 L5 L6 L7 L8<br />

Relacionamento com o<br />

cliente<br />

Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

SAC<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Previsão <strong>de</strong> Deman<strong>da</strong><br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia Monitora<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Atendimento ao Pedido Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Manufatura Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia Gerencia<br />

Suprimento <strong>de</strong> insumos<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Aquisição <strong>de</strong> leite Monitora Monitora Monitora Monitora Monitora Monitora Monitora Gerencia<br />

Comercialização/Lançamento<br />

<strong>de</strong> produtos<br />

Monitora<br />

Não<br />

Gerencia Monitora Monitora Gerencia Gerencia<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Retorno<br />

Fonte: Vieira, 2002.<br />

Não<br />

Gerencia<br />

Não<br />

Monitora Gerencia Monitora Gerencia Gerencia Monitora<br />

Gerencia<br />

Quadro 4 - Processos gerenciados, monitorados e não-gerenciados pelas Empresas.<br />

O Quadro 4 (resumo) mostra que, no geral, as Empresas gerenciam e monitoram os mesmos<br />

processos. Destacam-se os seguintes processos:<br />

- Previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s: a maioria <strong>da</strong>s Empresas faz previsão <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s <strong>de</strong> maneira informal,<br />

ora pelos ven<strong>de</strong>dores e promotores <strong>de</strong> ven<strong>da</strong>s que informam à fábrica via fax ou telefone<br />

quais foram os produtos <strong>de</strong> maior consumo <strong>da</strong>quela semana, ora pela própria gerência <strong>da</strong><br />

produção que se orienta com base na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> leite recebi<strong>da</strong> diariamente, no estoque<br />

regulador e nas ven<strong>da</strong>s programa<strong>da</strong>s <strong>de</strong> produtos acabados. Em si tratando <strong>de</strong> produtos<br />

perecíveis, este processo é <strong>de</strong> importância estratégica para as Empresas;<br />

- Suprimento <strong>de</strong> insumos: as Empresas confiam na gerência <strong>de</strong> seus fornecedores e,<br />

portanto, apenas os monitoram;<br />

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XXIII Encontro Nac. <strong>de</strong> Eng. <strong>de</strong> Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 <strong>de</strong> out <strong>de</strong> 2003<br />

- manufatura: as Empresas têm procurado aumentar sua produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, embora ain<strong>da</strong> tenham<br />

o que melhorar na gestão <strong>de</strong> quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> matéria prima. O gerenciamento do processo <strong>de</strong><br />

aquisição <strong>de</strong> leite seria um começo. O maior problema no gerenciamento <strong>de</strong>ste processo é a<br />

sua pouca integração e a falta <strong>de</strong> sincronismo com os processos externos à empresa, ou seja,<br />

em to<strong>da</strong> a <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>, <strong>de</strong> montante e a jusante;<br />

- Relacionamento com clientes: po<strong>de</strong> ser melhor gerenciado, pois ocorrem falhas no seu<br />

relacionamento com o pequeno varejo, privilegiando o relacionamento com as re<strong>de</strong>s<br />

supermercadistas;<br />

- Serviço <strong>de</strong> atendimento ao cliente (SAC): reconhecido por apenas 25% <strong>da</strong>s Empresas<br />

(VIEIRA, 2002);<br />

- Comercialização e lançamento <strong>de</strong> produto: no geral, as Empresas pouco têm feito para<br />

divulgação <strong>de</strong> seus produtos. Os canais <strong>de</strong> marketing utilizados, na sua maioria, têm pouca<br />

área <strong>de</strong> cobertura na mídia como o rádio, fol<strong>de</strong>rs, outdoors, feiras e congressos. Na maioria<br />

<strong>da</strong>s vezes as Empresas esperam o lançamento dos produtos <strong>da</strong>s empresas <strong>de</strong> maior po<strong>de</strong>r na<br />

<strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> para lançar o seu.<br />

4.4. Elos <strong>de</strong> processos gerenciados, monitorados, não-gerenciados e não-membros.<br />

A Figura 3 mostra, <strong>de</strong> forma generaliza<strong>da</strong>, as diferentes ligações (gerencia, monitora, nãogerencia<br />

e não-membro) entre os membros <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> observa<strong>da</strong> no estudo.<br />

3º Cama<strong>da</strong><br />

fornecedor<br />

Banco <strong>de</strong><br />

Sêmen<br />

Veterinári<br />

Ração<br />

Outros<br />

Insumos<br />

Fornecedor<br />

Empresa<br />

Focal<br />

2º Cama<strong>da</strong><br />

fornecedor<br />

Fornecedor<br />

Produtor<br />

Laboratório<br />

Externo<br />

Fornecedor<br />

1º Cama<strong>da</strong><br />

fornecedor<br />

Fornecedor<br />

Órgão<br />

Público<br />

Transporte<br />

Cooperativa<br />

Fazen<strong>da</strong><br />

Laboratório<br />

Interno<br />

Outros<br />

Laboratório<br />

Membro <strong>da</strong><br />

<strong>ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

Outros<br />

Laticínios<br />

Laticínio<br />

Outras<br />

<strong>indústria</strong>s <strong>de</strong><br />

alimento<br />

Não<br />

Membro<br />

1º Cama<strong>da</strong><br />

cliente<br />

Fonte: A<strong>da</strong>pta<strong>da</strong> <strong>de</strong> Lambert e Cooper, 2000.<br />

Figura 3 - Tipos <strong>de</strong> Elos <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> estu<strong>da</strong><strong>da</strong>.<br />

Institucional Mercado<br />

Loja<br />

Própria<br />

Centro <strong>de</strong><br />

Distribuição<br />

Gerencia<br />

Monitora<br />

Pa<strong>da</strong>ria<br />

Casa <strong>de</strong> Frios<br />

Supermercado<br />

Os elos mais importantes e que têm o seu relacionamento crítico com a Empresa Focal (EF),<br />

no caso o <strong>laticínio</strong>, são aqueles que <strong>de</strong>vem ser melhores gerenciados. Neste caso, percebe-se<br />

ENEGEP 2003 ABEPRO 6<br />

Outros<br />

CDs<br />

2º Cama<strong>da</strong><br />

cliente<br />

3º Cama<strong>da</strong><br />

cliente<br />

C<br />

o<br />

n<br />

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F<br />

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l<br />

Não-gerencia<br />

Não-membro


XXIII Encontro Nac. <strong>de</strong> Eng. <strong>de</strong> Produção - Ouro Preto, MG, Brasil, 21 a 24 <strong>de</strong> out <strong>de</strong> 2003<br />

que são a maioria dos elos com quem a EF tem relação direta. O relacionamento com os<br />

membros extremos <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> geralmente não é consi<strong>de</strong>rado importante pela EF. O elo <strong>de</strong><br />

relacionamento direto <strong>da</strong> EF (p. ex. através do SAC) com o consumidor final não tem sua<br />

importância reconheci<strong>da</strong> pela maioria <strong>da</strong>s Empresas.<br />

A Figura 3 também apresenta elos (não-membros) que, embora não façam parte <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>,<br />

po<strong>de</strong>m influenciar <strong>de</strong> forma negativa a EF, como no caso do relacionamento <strong>da</strong>s re<strong>de</strong>s<br />

supermercadistas com outras empresas <strong>de</strong> alimentos. Assim, uma nova regra <strong>de</strong><br />

comercialização estabeleci<strong>da</strong> por essas empresas com os supermercados po<strong>de</strong> se refletir em<br />

mu<strong>da</strong>nças relevantes para a <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> <strong>laticínio</strong>s, em especial para a EF. A figura ain<strong>da</strong> mostra<br />

o elo (monitorado) com os outros <strong>laticínio</strong>s, que têm crescido muito no tocante à troca <strong>de</strong><br />

informações e ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> parcerias (produtos lácteos sendo <strong>de</strong>senvolvidos com<br />

tecnologia <strong>de</strong> diferentes empresas).<br />

4.5. Relações <strong>de</strong> Mercado<br />

O Quadro 5 mostra a relação entre os membros participantes a jusante <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>, (como<br />

mostra Vieira 2002 para <strong>de</strong>scrição completa <strong>da</strong>s relações). A seguir serão <strong>de</strong>scritas as<br />

principais relações <strong>de</strong>ntro do proposto no artigo.<br />

Relação Empresas CD Supermercado Consumidores<br />

Empresas 1 x 1 1 x 2 1 x 3 1 x 4<br />

CD 2 x 1 2 x 2 2 x 3 2 x 4<br />

Supermercado 3 x 1 3 x 2 3 x 3 3 x 4<br />

Consumidores 4 x 1 4 x 2 4 x 3 4 x 4<br />

Fonte: Vieira, 2002.<br />

Quadro 5 - Relações <strong>de</strong> mercado.<br />

1) Relação 1 x 3 (Empresa x Supermercado) Relação 3 x 1 (Supermercado x<br />

Empresa): A Empresa Focal é a que tem melhores condições para gerenciar os elos <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>laticínio</strong>s. Embora seja crescente o po<strong>de</strong>r dos supermercados, estes não têm condições <strong>de</strong><br />

gerenciar to<strong>da</strong> esta <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>, pois têm dimensão vertical muito gran<strong>de</strong> à montante (trabalham<br />

com milhares <strong>de</strong> outros itens e diversas informações ao mesmo tempo). O bom<br />

relacionamento <strong>de</strong>ste elo permitiria redução dos prejuízos ao longo <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>, em especial dos<br />

seus elos extremos.<br />

Como visto na pesquisa o relacionamento é unilateral. Ora as Empresas não aten<strong>de</strong>m os<br />

pedidos nas quanti<strong>da</strong><strong>de</strong>s e tempo <strong>de</strong>sejados, ora o varejo privilegia o preço e a quali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos<br />

produtos. É preciso fortalecer a relação com os clientes <strong>de</strong> forma a dificultar a entra<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

concorrentes. O conhecimento <strong>da</strong> potenciali<strong>da</strong><strong>de</strong> dos clientes e o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> suas<br />

capaci<strong>da</strong><strong>de</strong>s competitivas passaram a ser tarefa <strong>da</strong>s Empresas.<br />

2) Relação 1 x 4 (Empresa x Consumidor) Relação 4 x 1 (Consumidor x Empresa): A<br />

maioria <strong>da</strong>s Empresas não reconhece o consumidor final. No geral as Empresas não<br />

aproveitam a oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para se expor com serviços <strong>de</strong> atendimento direto ao consumidor<br />

na tentativa <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>lização do mesmo e feedback <strong>de</strong> aceitação do produto. Para o consumidor<br />

final a associação <strong>da</strong> marca à quali<strong>da</strong><strong>de</strong> parece ser muito forte. O po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> conquistar<br />

mercado po<strong>de</strong> elevar o po<strong>de</strong>r <strong>da</strong> empresa na <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> e, principalmente, a fi<strong>de</strong>lização do<br />

consumidor final. Por outro lado, os consumidores parecem comprar por marca, preço e, por<br />

último, por quali<strong>da</strong><strong>de</strong> em si mesma. Na maioria <strong>da</strong>s vezes, os consumidores só <strong>de</strong>ci<strong>de</strong>m qual<br />

produto levar no ato <strong>da</strong> compra (compra por impulso). Logo uma atenção direta aos<br />

consumidores através <strong>de</strong> um sítio na Internet, disponibilizando serviços <strong>de</strong> atendimento on<br />

line (receitas e dúvi<strong>da</strong>s <strong>de</strong> consumo dos produtos), viabilizando ca<strong>da</strong>stro para saber o perfil <strong>de</strong><br />

consumo como locais <strong>de</strong> preferência para compra, entre outros, seria uma alternativa<br />

perfeitamente viável na divulgação do produto, mas não dispensa a visibili<strong>da</strong><strong>de</strong> na gôndola.<br />

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3) Relação 3 x 4 (Supermercado x Consumidor) Relação 4 x 3 (Consumidor x<br />

Supermercado): Esta relação tem maior importância quanto ao preço, marketing dos<br />

produtos e os serviços que estes proporcionam ao consumidor. Quanto aos preços, os<br />

supermercados nem sempre repassam para os consumidores, na mesma proporção, os ganhos<br />

oferecidos pelas promoções. O marketing dos produtos não é <strong>de</strong> interesse dos supermercados,<br />

pois não há fi<strong>de</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> à marca, salvo marcas tradicionais que têm maior espaço <strong>de</strong> gôndola,<br />

pois sua a contribuição para ven<strong>da</strong>s é maior. Alguns serviços, como as linhas <strong>de</strong> fatiados e<br />

fracionados são oferecidos pelos supermercados que colocam sua etiqueta mascarando a<br />

marca do produto. A linha <strong>de</strong> fracionados e fatiados po<strong>de</strong>ria ser uma outra alternativa para as<br />

Empresas agregarem valor a seu produto.<br />

5. Conclusão<br />

Conclui-se que é preciso maior conscientização dos membros <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>, em especial a<br />

Empresa Focal (o <strong>laticínio</strong>), para o investimento em marketing e gerenciamento <strong>de</strong> processoschave,<br />

visto que a maior parte do valor agregado do produto está diretamente relacionando à<br />

<strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> dos lácteos (em especial aos processos a jusante <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>) e não somente ao <strong>laticínio</strong><br />

em si (como no processo <strong>de</strong> manufatura). O pequeno po<strong>de</strong>r junto aos varejistas, em particular<br />

aos supermercados, parece também inibir as iniciativas dos <strong>laticínio</strong>s para assumir controle<br />

gerencial <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>. De outro lado, o gran<strong>de</strong> número <strong>de</strong> fornecedores e a pouca diferenciação<br />

dos produtos oferecidos pelos <strong>laticínio</strong>s tornam <strong>de</strong>sinteressante para os gran<strong>de</strong>s varejistas<br />

assumir o gerenciamento <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>.<br />

Há, portanto, indicações <strong>de</strong> que há muito potencial para ganhos na <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> por meio <strong>da</strong> gestão<br />

integra<strong>da</strong> dos processos que formam os diversos elos entre as Empresas. Além disso, as re<strong>de</strong>s<br />

supermercadistas teriam ganhos por meio <strong>da</strong> integração com fornecedores e, sendo elas o<br />

grupo <strong>de</strong> clientes diretos mais importantes para competir com as gran<strong>de</strong>s multinacionais (mais<br />

aptas para essa integração), o SCM po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong> vital importância.<br />

Assim, o estudo indicou que há potencial para melhoria <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> por meio <strong>de</strong> um<br />

gerenciamento mais efetivo <strong>de</strong> seus processos com o <strong>laticínio</strong> ocupando a posição central.<br />

Pois, a análise <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> do ponto <strong>de</strong> vista <strong>de</strong> mercado é complexa, por fazer parte <strong>de</strong> outras<br />

<strong>ca<strong>de</strong>ia</strong>s, dificultando o gerenciamento dos fluxos <strong>de</strong> materiais e <strong>de</strong> informações na supply<br />

chain.<br />

6. Referências bibliográficas<br />

LAMBERT, D. M. e COOPER, M. C.. Issues in Supply Chain Management. Industrial Marketing<br />

Management. Vol. 29, pp.65-83. New York: 2000.<br />

PORTER, M. E.. Competição (On Competition): Estratégias competitivas essenciais. Traduzido por Serra,<br />

Afonso Celso <strong>da</strong> Cunha. 6 Ed. Campus: Rio <strong>de</strong> Janeiro, 1999.<br />

SERVIÇO DE APOIO ÀS MICRO E PEQUENAS EMPRESAS. Diagnóstico <strong>da</strong> Indústria <strong>de</strong> Laticínios do<br />

Estado <strong>de</strong> Minas Gerais. Belo Horizonte: SEBRAE-MG, 1997. 270 p.<br />

TERRA VIVA – Emp. E Consultoria Emp. Lt<strong>da</strong>. Banco <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos. Capturado em 05 novembro, 2001.<br />

Disponível na Internet http://www.terraviva.com.br<br />

VIEIRA, J. G. V.. Gerenciamento <strong>da</strong> <strong>ca<strong>de</strong>ia</strong> <strong>de</strong> <strong>laticínio</strong>s: uma oportuni<strong>da</strong><strong>de</strong> para as empresas <strong>da</strong> Zona <strong>da</strong><br />

Mata <strong>de</strong> Minas Gerais. Dissertação <strong>de</strong> mestrado – PUC – Pontifícia Universi<strong>da</strong><strong>de</strong> Católica do Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro, janeiro <strong>de</strong> 2002.<br />

VIEIRA, J. G. V., LUSTOSA, L. J.. Gestão <strong>da</strong> Ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> Suprimento <strong>de</strong> um Laticínio: Um Estudo <strong>de</strong><br />

Caso. Anais do XXI Congresso Nacional <strong>de</strong> Engenharia <strong>de</strong> Produção. Salvador/BA, 2001.<br />

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