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Resumo expandido - Unifenas

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A Adoção da classificação ABC Como instrumento de racionalização do inventário<br />

físico<br />

MARTINS, Neuza Ferreira. Administradora pela Faculdade de Viçosa.<br />

nmartins@ufv.br<br />

COSTA, Sérgio da. Administrador, professor da Faculdade de Viçosa, mestrando em<br />

Administração pela UNIPAC. sergicosta@tdnet.com.br<br />

<strong>Resumo</strong><br />

A proposta deste estudo foi verificar a viabilidade de implantação de uma classificação<br />

ABC para os itens de estoque de um laticínio, visando racionalizar, principalmente, os<br />

procedimentos de inventário físico, que é realizado mensalmente pela empresa. Os itens<br />

foram separados em dois grupos: matérias-primas e produtos acabados. Utilizou-se<br />

como amostra o histórico de estoque de todos os itens nos meses de janeiro, fevereiro e<br />

março de 2007. Os itens foram classificados por ordem de significância em relação ao<br />

valor total do estoque, o que permitiu a elaboração da classificação ABC, onde os<br />

materiais classificados como A apresentam maior relevância do que os classificados<br />

como B e estes são mais relevantes do que os classificados como C. Verificou-se a<br />

viabilidade de adoção da classificação ABC tanto para as matérias-primas quanto para<br />

os produtos acabados, pois em ambos os casos a distribuição obtida apresentou-se<br />

compatível com as situações preconizadas pelos diversos autores estudados.<br />

Palavras-chaves: classificação ABC, inventário físico, estoque.<br />

1) INTRODUÇÃO<br />

Na administração de materiais uma das formas mais utilizadas de controle é o<br />

inventário físico, principalmente dos estoques. Este instrumento consiste na contagem<br />

física dos bens materiais e patrimoniais da organização. Proporciona ao gestor uma<br />

ferramenta de apuração de índices como giro de estoques, perda de materiais por<br />

obsolescência, furto ou outros desvios, possibilitando a adoção de ações e controles que<br />

evitem estas perdas. Normalmente, envolve a contagem de todos os bens. Trata-se, pois,<br />

de tarefa trabalhosa e de duração prolongada, que ocupa muita mão-de-obra e exige a<br />

paralisação das atividades da empresa, gerando custos adicionais (DIAS, 1995).


Um dos métodos mais preconizados pelos estudiosos para a definição da<br />

amplitude e da periodicidade de realização da contagem física dos estoques é o<br />

estabelecimento da classificação ABC, que permite identificar quais os itens mais<br />

significativos para a organização, principalmente em relação ao valor destes materiais,<br />

proporcionalmente ao valor total do estoque. Assim, os bens mais significativos devem<br />

ser controlados de forma mais eficaz. (DIAS, 1995; PEREIRA, 1999).<br />

A classificação ABC também é muito utilizada na definição das prioridades de<br />

compras da organização, possibilitando ao gestor dar mais atenção aos itens mais<br />

significativos no momento de realização das compras. Itens mais importantes e críticos<br />

para a empresa devem ser monitorados constantemente e devem merecer mais cuidados<br />

em sua administração (MARTINS, 2001).<br />

O propósito deste trabalho foi realizar estudo de viabilidade para implantação da<br />

classificação ABC dos itens de estoque do Laticínio Viçosa, como instrumento de<br />

controle de estoques e de gerenciamento do processo de contagem física dos bens. O<br />

estudo permitiu identificar os itens mais significativos do estoque da empresa, bem<br />

como a proposição de medidas de racionalização do processo de contagem física dos<br />

bens, visando a redução dos custos desta operação.<br />

2) REVISÃO DA LITERATURA<br />

2.1) Inventário Físico<br />

No final de cada exercício, as empresas devem inventariar seus estoques de<br />

materiais, sejam eles produtos acabados ou matéria-prima e também as embalagens, o<br />

que permite uma analise da situação econômica da empresa e por meio das contas de<br />

resultado, determinar o lucro bruto ou prejuízo acumulado.<br />

Nogueira e Antunes (1998) propõem a subdivisão dos inventários em três<br />

métodos para se conhecer o valor do estoque: a) inventário periódico, que consiste em<br />

registrar apenas as entradas de mercadorias, por meio da contagem física determina-se o<br />

saldo e por diferença encontram-se as saídas de mercadorias; b) inventário permanente,<br />

que consiste em registrar todas as saídas; c) inventário rotativo, que é realizado aos<br />

poucos, no qual os itens a inventariar são classificados em ordem de prioridade e assim<br />

a fabricação não será interrompida no final do exercício por conta do inventário.<br />

Dias (1995) afirma que uma empresa de porte, decididamente organizada, tem<br />

estrutura de administração de materiais com políticas e procedimentos claramente<br />

definidos. Assim sendo, uma das funções do inventário é a precisão nos registros de<br />

estoque; então, toda a movimentação do estoque deve ser registrada pelos documentos<br />

adequados. Deste modo, o autor recomenda que periodicamente a empresa deve efetuar<br />

contagens físicas de seus itens de estoque e produtos em processo para verificar:<br />

discrepâncias em valor entre o estoque físico e o estoque contábil; discrepâncias entre<br />

registros contábeis e o físico (quantidade real na prateleira); apuração do valor do<br />

estoque (contábil) para efeito de balanços ou balancetes. Neste caso, o inventário é<br />

realizado próximo ao encerramento do ano fiscal.<br />

Francischini e Gurgel (2002) classificam os inventários em:<br />

a) Inventários Gerais - Efetuados ao final do exercício, eles abrangem todos os<br />

itens de estoque de uma só vez. São operações de duração relativamente prolongada,<br />

que, por incluir quantidade elevada de itens, impossibilitam as reconciliações, análise<br />

das causas de divergências e consequentemente ajustes na profundidade.<br />

b) Inventários por Determinação de Consumo - Consiste no levantamento dos<br />

materiais existentes em estoque para comparação com o estoque inicial, com a<br />

finalidade de determinar o consumo da empresa no período.


c) Inventários de Confirmação - É um serviço de auditoria para controle de<br />

consumo histórico apresentado pela valoração das requisições.<br />

d) Inventários Rotativos - Serviço permanente de confirmação e controle de<br />

existências físicas. Tal sistema é interessante em almoxarifados de grande valor, com<br />

rotação muito grande. Também é empregado quando se quer controlar com mais<br />

cuidado a execução de uma programação da produção. Visa distribuir as contagens ao<br />

longo do ano, com maior freqüência, porém concentrada cada mês em menor<br />

quantidade de itens. Este método reduz a duração da operação e possibilita melhores<br />

condições de análise das causas de ajustes, visando melhor controle. Abrange, por meio<br />

de contagens programadas, todos os itens de várias categorias de estoque e matériaprima,<br />

embalagens, suprimentos, produtos em processo e produtos acabados. Para<br />

utilização deste método, os autores propõem a divisão dos itens de estoque em grupos:<br />

Grupo 1 - neste caso serão enquadrados os itens mais significativos, os quais<br />

serão inventariados três vezes ao ano; por representarem maior valor em estoque e<br />

serem estratégicos e imprescindíveis à produção;<br />

Grupo 2 - será constituído de itens de importância intermediária quanto ao valor<br />

de estoque, estratégia e manejo. Estes itens serão inventariados duas vezes ao ano.<br />

Grupo 3 - será formado pelos demais itens. Caracteristicamente, será composto<br />

de muitos itens que representam pequeno valor de estoque. Os materiais deste grupo<br />

serão inventariados uma vez por ano.<br />

Para Francischini e Gurgel (2002), a contagem física poderá ser realizada uma<br />

vez por ano, para o encerramento do exercício fiscal, ou todos os dias, nos critérios do<br />

inventário rotativo, sendo este último como serviço permanente de confirmação e<br />

controle de existências físicas.<br />

Para Francischini e Gurgel (2002, p.243) “o objetivo do levantamento físico é<br />

propiciar a verificação periódica da exatidão dos registros contábeis para avaliar o lucro<br />

e transferir o resultado às diferenças apuradas”. A vantagem de haver contagem diária é<br />

a identificação de erros de lançamento em tempo para se verificar a origem do problema<br />

e adotar medidas corretivas.<br />

2.2) Procedimento de contagem física<br />

De acordo com Francischini e Gurgel (2002), antes da realização de um<br />

inventário, a administração deverá esquematizar o método a ser utilizado. Tal processo<br />

deverá ser amplamente divulgado entre os inventariantes, que deverão ser previamente<br />

treinados. Um inventário rotativo deverá sempre ser realizado em concordância com<br />

uma norma previamente redigida e que se aplique a todo o exercício. O inventario<br />

anual, quando necessário, deverá ser organizado mediante um planejamento cuidadoso,<br />

considerando-se os custos envolvidos e o perigo de que os resultados sejam piores que a<br />

situação anterior ao inventário.<br />

Deve-se formar uma equipe de inventário, com uma chefia composta de<br />

elementos das várias áreas envolvidas, responsável por todas as atividades e com ampla<br />

e generosa designação de recursos. A arrumação prévia das áreas produtivas, dos<br />

almoxarifados e dos armazéns é um pré-requisito muito importante.<br />

2.3) Curva ABC<br />

De acordo Pereira (1999), o principio da classificação ABC ou curva 80 – 20 é<br />

atribuído a Vilfredo Paretto, um renascentista italiano do século XIX, que em 1897<br />

executou um estudo sobre a distribuição de renda e constatou que a distribuição de


iqueza não era uniforme, tendo grande concentração (80%) nas mãos de uma pequena<br />

parcela de pessoas (20%).<br />

Segundo Slack et al. (1997), a curva ABC facilita no gerenciamento da produção<br />

e também é de grande utilidade na classificação de itens mantidos em estoques,<br />

auxiliando os gerentes nos controles mais significativos. A partir disso, os autores<br />

propõem a separação dos itens de estoque em três classes: A, B, e C.<br />

Os da classe A são aqueles 20% de itens de alto valor, que representam cerca de<br />

80% do valor total do estoque. Os itens da classe B são aqueles de valor médio.<br />

Usualmente são os 30% dos itens seguintes que representam cerca de 10% do valor total<br />

do estoque. Os itens da classe C são aqueles de baixo valor que, apesar de compreender<br />

cerca de 50% do total de itens estocados, representam somente cerca de 10% do valor<br />

total de itens estocados (MARTINS, 2001; MARTINS e LAUGENI, 2002).<br />

Já Bertaglia (2006), também baseado na regra de Pareto, propõe que os itens<br />

classificados como A correspondam a 20% em quantidades e a 80% em termos de valor<br />

estoque; os itens considerados como B representem 30% da quantidade e 15% do valor<br />

e que os itens C sejam 50% das quantidades e 5% do valor.<br />

O método de classificação ABC tem aplicação nas diversas áreas da<br />

administração, tanto no ramo industrial quanto no comercial. De acordo com Bianchi e<br />

Saldanha (2004), a utilização da classificação ABC tem os seguintes objetivos<br />

específicos:<br />

• identificar os diferentes itens trabalhados pela empresa, bem como seus<br />

respectivos custos unitários;<br />

• analisar os estoques de acordo com a classificação ABC, identificando<br />

aqueles materiais que pertencem às classes A, B ou C;<br />

• realizar o estudo da criticidade dos itens em estoque, considerando o seu<br />

grau de importância para a empresa;<br />

Nesta mesma linha de raciocínio, Vollmann et al. (2006) afirmam que a análise<br />

ABC fornece uma ferramenta para identificar os itens que têm um grande impacto no<br />

desempenho do custo geral de estoque da organização quando as melhorias nos<br />

procedimentos de controle de estoque são implementadas.<br />

Para Bianchi e Saldanha (2004, p.2) “O método da análise de classificação ABC<br />

é uma ferramenta que auxilia no gerenciamento de estoques, proporcionando<br />

informações relevantes sobre aqueles produtos que têm maior ou menor giro,<br />

relacionados com custo de obtenção.”<br />

A curva ABC é uma ferramenta gerencial que permite identificar quais itens<br />

justificam atenção e tratamento adequados quanto a sua importância relativa. É um<br />

instrumento importante para a administração de empresas e tem sido utilizado para a<br />

administração de estoques, planejamento da distribuição, programação da produção,<br />

dentre outros (DIAS, 1995; PEREIRA, 1999).<br />

Francischini e Gurgel, (2002) defendem a utilização da análise ABC já que<br />

analisar em profundidade vários itens de um estoque é uma tarefa difícil. É conveniente<br />

identificar os itens mais importantes, segundo algum critério, que tenham prioridades<br />

sobre os menos importantes. Para estes autores, torna-se necessário um método de<br />

priorização para facilitar a análise, uma vez que se deve concentrar atenção naqueles<br />

itens que trarão maiores benefícios na direção do objetivo. Esta identificação economiza<br />

tempo e recursos, pois manter estoque ocupa espaço, pessoas, equipamento, energia etc.<br />

O estabelecimento da classificação ABC requer a obtenção de dados sobre<br />

os estoques da empresa. A etapa para coleta dos dados envolve um volume grande de<br />

informações e exige também algum trabalho manual. Para efetuar os cálculos<br />

necessários utilizam-se sistemas apropriados como planilhas eletrônicas, como o


Excel®. Os dados a serem coletados correspondem à identificação do item, quantidade<br />

consumida ou projetada para o período e valor unitário (BERTAGLIA, 2006).<br />

Uma análise ABC deve obrigatoriamente refletir a dificuldade de controle de um<br />

item e o impacto deste item sobre os custos e a rentabilidade, o que de certa maneira<br />

pode variar de empresa para empresa. Deve-se ter em mente ainda que, apesar da<br />

análise ABC ser usualmente ilustrada por meio do valor de consumo anual, este é<br />

apenas um dos muitos critérios que pode proporcionar a classificação de um item<br />

(BERTAGLIA, 2006).<br />

2.3.1) Classificando os estoques e determinando prioridades<br />

Pereira (1999) relata que em várias empresas uma análise ABC é preparada<br />

frequentemente para determinar o método mais econômico para controlar itens de<br />

estoque, pois, com ela torna-se possível reconhecer que nem todos os itens estocados<br />

merecem a mesma atenção por parte da administração ou precisam manter a mesma<br />

disponibilidade para satisfazer os clientes. Assim, conduzir uma análise ABC é com<br />

freqüência um passo muito útil no projeto de um programa de ação para melhorar a<br />

performance dos estoques, reduzindo tanto o capital investido em estoques como os<br />

custos operacionais.<br />

Assim, decorre que os materiais considerados como classe A merecem um<br />

tratamento administrativo preferencial no que diz respeito à aplicação de políticas de<br />

controle de estoques, já que o custo adicional para um estudo mais minucioso destes<br />

itens é compensado. Em contrapartida, os itens tidos como classe C não justificam a<br />

introdução de controles muito precisos, devendo receber tratamento administrativo mais<br />

simples. Já os itens que foram classificados como B poderão ser submetidos a um<br />

sistema de controle administrativo intermediário entre aqueles classificados como A e C<br />

(PEREIRA, 1999).<br />

Particularmente no que diz respeito às atividades de gestão de estoque, é<br />

inegável a utilidade da aplicação do princípio ABC aos mais variados tipos de análise<br />

onde se busca priorizar o estabelecimento do que é mais ou menos importante num<br />

extenso universo de situações e, por conseqüência, estabelecer o que merece mais ou<br />

menos atenção por parte da administração (PEREIRA, 1999).<br />

2.3.2) MODELO PARA CONFECÇÃO DA CURVA ABC.<br />

Dias (1995, p.78) propõe um roteiro para confecção da curva ABC, conforme a<br />

seguir:<br />

Necessidade da Curva ABC<br />

1 Discussão Preliminar<br />

Definição dos Objetivos<br />

Verificação das Técnicas para Análise<br />

2 Tratamento de Dados<br />

Cálculo Manual, Mecanização ou Eletrônico<br />

Obtenção da Classificação A<br />

3 Classe B e Classe C sobre a Ordenação Efetuada<br />

Tabelas Explicativas e Traçado do Gráfico ABC<br />

4 Análise e Conclusões


5 Providências e Decisões<br />

Deve-se ter cuidados especiais com os problemas que surgem na fase de<br />

verificação e levantamentos dos dados a serem utilizados na confecção da curva ABC.<br />

Desse modo, Dias (1995) recomenda: (a) que o pessoal seja treinado e preparado para<br />

fazer os levantamentos; (b) a utilização de formulários apropriados para a coleta de<br />

dados e (c) o estabelecimento de rotinas para a realização do levantamento.<br />

3) METODOLOGIA<br />

Neste trabalho foi realizado um estudo de caso caracterizado como exploratório<br />

e descritivo, segundo Yin (2005). A escolha do método deu-se pela necessidade e<br />

interesse de focar a compreensão dos fatos (LAZZARINI, 1995 apud OLIVEIRA e<br />

COSTA, 2006), embora sua utilização não permita generalizações (YIN, 2005).<br />

Para obtenção e análise dos dados apurados foram utilizadas a pesquisa<br />

bibliográfica, que baseou-se na literatura sobre inventário físico, controle de estoques e<br />

classificação ABC; e a pesquisa documental, que utilizou dados históricos dos estoques<br />

dos meses de janeiro, fevereiro e março de 2007.<br />

Os dados foram obtidos diretamente do registro de inventário gerado pelo<br />

sistema informatizado gerencial da empresa e foram formatados com a apuração da<br />

média mensal das quantidades e preços de cada um dos itens de estoque, considerando o<br />

universo dos três meses pesquisados. Para fins de estabelecimento da curva ABC, os<br />

itens foram separados em duas categorias: matéria-prima e produto acabado.<br />

Para a elaboração da curva ABC foi utilizado o software Excel®, conforme<br />

preconizado por Bertaglia (2006), que possibilitou a classificação dos itens por seu<br />

valor em estoque no período considerado, bem como a geração dos gráficos das curvas.<br />

O estudo foi realizado na Fundação Arthur Bernardes (FUNARBE), localizada<br />

em Viçosa(MG), mais especificamente no setor de Laticínios.<br />

4) RESULTADOS E DISCUSSÃO<br />

Após analisar e sistematizar os dados obtidos foi possível elaborar uma curva<br />

ABC. Optou-se por dividir os itens em dois grupos em virtude de suas características:<br />

MATÉRIA-PRIMA e PRODUTO ACABADO.<br />

Os controles da empresa sobre as matérias-primas exigem ações junto aos<br />

fornecedores, já os controles de produtos acabados influenciam o relacionamento com<br />

os clientes. Assim, esses dois tipos de itens não devem ser administrados da mesma<br />

forma.<br />

4.1) Classificação das Matérias-Primas<br />

No período pesquisado a empresa tinha em seu estoque 79 itens de matériasprima.<br />

As informações disponibilizadas nos relatórios fornecidos pela empresa foram:<br />

código do item; preço; quantidades e valor total do estoque. Estes dados foram obtidos,<br />

em relatórios mensais, referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março de 2007. Os<br />

dados foram sistematizados com utilização de planilha eletrônica Excel®, para obtenção<br />

do preço médio do período, quantidade média do período e valor médio do estoque do<br />

período, para cada um dos itens.<br />

Posteriormente, apurou-se a participação percentual de cada um dos itens sobre<br />

o valor total do estoque de matérias-primas. Na seqüência os dados foram ordenados de


forma decrescente. No passo seguinte, criou-se uma coluna com a participação<br />

percentual acumulada dos itens no valor total do estoque. Após essa apuração os itens<br />

foram divididos em três classes, formando a distribuição ABC do estoque.<br />

4.1.1) Critérios para o Estabelecimento da Classificação ABC<br />

Dias (1995) e Bertaglia (2006), ressaltam que a definição das classes não deve<br />

obedecer regra única, uma vez que as empresas apresentam características peculiares.<br />

A definição para a classificação dos itens baseou-se em modelo proposto por<br />

Dias (1995), o qual recomenda que até 20% dos itens estejam na classe A, até 30% na<br />

classe B e o restante na classe C. Assim, o resumo da classificação dos itens avaliados é<br />

apresentado na Tabela 1. Ao final da etapa de apuração, a divisão dos itens em classes<br />

permitiu a elaboração da curva ABC.<br />

Tabela 1- Distribuição de matérias-primas por classe<br />

Classe Nº de itens % sobre nº itens % sobre valor de estoque<br />

A 12 15 70<br />

B 20 23 20<br />

C 47 62 10<br />

Fonte: Elaborado pelos autores<br />

A Figura 1 apresenta a curva ABC obtida para os itens de matéria-prima.<br />

Verificou-se que a distribuição dos itens de estoque da empresa apresentou<br />

compatibilidade com o modelo proposto por Dias (1995). Esta distribuição indica que a<br />

utilização da curva ABC pela empresa é viável. A distribuição por classe obtida<br />

proporciona à empresa direcionar seus esforços para o controle e gerenciamento de<br />

estoque, principalmente de seus itens mais significativos (classe A), que representam<br />

somente 15% do número de itens, porém significam 70% do valor do estoque.<br />

y<br />

100,00<br />

% sobre valor total<br />

80,00<br />

60,00<br />

40,00<br />

20,00<br />

0,00<br />

Figura 1 – Curva ABC dos itens de matéria-prima<br />

A<br />

0 10 20 30 40 50 60 70 80<br />

nº de itens<br />

Fonte: Elaborado pelos autores<br />

B<br />

Segundo Dias (1995, p. 81), os itens da classe A “merecem um tratamento<br />

administrativo preferencial em face dos demais no que diz respeito à aplicação de<br />

políticas de controles de estoques”. Assim, a empresa deve concentrar mais esforços na<br />

C<br />

x


administração desses itens, seja em suas decisões de compra, no controle do estoque ou<br />

na contagem física quando da realização dos inventários.<br />

Propõe-se então, que a empresa, ao realizar seus inventários físicos, adote o<br />

modelo constante na Tabela 2.<br />

Tabela 2 - Modelo proposto de periodicidade do inventário físico para matériasprimas<br />

Classe Nº de Itens Periodicidade do Inventário mensal<br />

A 12 Mensal<br />

B 20 Trimestral<br />

C 47 Semestral<br />

Fonte: Elaborado pelos autores<br />

A adoção desse modelo permitirá à empresa concentrar suas atenções na<br />

contagem dos itens mais importantes. Assim, ao invés de realizar a contagem de todos<br />

os seus itens de estoque (79 itens) mensalmente, como é feito atualmente, a empresa<br />

poderá realizar contagem mensal de somente 12 itens, o que permitirá maior<br />

confiabilidade no processo de contagem com menores esforços.<br />

A economia obtida em mão-de-obra e em recursos poderá ser utilizada em ações<br />

mais úteis para a empresa como por exemplo, na área de produção.<br />

4.2) Classificação dos Produtos Acabados<br />

No período pesquisado a empresa tinha em seu estoque 33 itens de produtos<br />

acabados. As informações disponibilizadas nos relatórios fornecidos pela empresa<br />

foram: código do item; preço; quantidades e valor total do estoque. Estes dados foram<br />

obtidos, em relatórios mensais, referentes aos meses de janeiro, fevereiro e março de<br />

2007. Os dados foram sistematizados com utilização de planilha eletrônica Excel®, para<br />

obtenção do preço médio do período, quantidade média do período e valor médio do<br />

estoque do período, para cada um dos itens.<br />

Posteriormente, apurou-se a participação percentual de cada um dos itens sobre<br />

o valor total do estoque de produto acabado. Na seqüência os dados foram ordenados de<br />

forma decrescente. No passo seguinte, criou-se uma coluna com a participação<br />

percentual acumulada dos itens no valor total do estoque. Após essa apuração, os itens<br />

foram divididos em três classes, formando a distribuição do ABC do estoque. No Anexo<br />

1 tem-se a Tabela de Classificação ABC de Produtos Acabados.<br />

4.2.1) Critérios para o Estabelecimento da Classificação ABC<br />

A definição para a classificação dos produtos acabados também se baseou em<br />

modelo proposto por Dias (1995), o qual recomenda que até 20% dos itens estejam na<br />

classes A, e até 30% na classe B e o restante na classe C. Assim, o resumo da<br />

classificação dos produtos acabados é apresentado conforme mostra a Tabela 3. Ao final<br />

da etapa da apuração, a divisão dos itens em classes permitiu a elaboração da curva<br />

ABC.<br />

Tabela 3- Distribuição de produtos acabados por classe<br />

Classe Nº de itens % sobre nº itens % sobre valor de estoque<br />

A 6 18 61


B 10 30 29<br />

C 17 52 10<br />

Fonte: Elaborado pelos autores<br />

A Figura 2 apresenta a curva ABC obtida para os itens de produtos acabados.<br />

Verificou-se que a distribuição dos itens de estoque de produtos acabados<br />

também apresentou compatibilidade com o modelo proposto por Dias (1995).<br />

% sobre valor total<br />

100<br />

90<br />

80<br />

70<br />

60<br />

50<br />

40<br />

30<br />

20<br />

10<br />

0<br />

Figura 2– Curva ABC dos itens de produtos acabados<br />

y<br />

A<br />

B<br />

0 5 10 15<br />

nº de itens<br />

20 25 30 35<br />

Fonte: Elaborado pelos autores<br />

Esta distribuição indica que a utilização da curva ABC pela empresa é também<br />

viável para os produtos acabados. A distribuição por classe obtida permite à empresa<br />

direcionar seus esforços para o controle e gerenciamento de estoque, principalmente de<br />

seus itens mais significativos (classe A), que representam somente 18% do número de<br />

itens, porém significam 61% do valor do estoque. Da mesma forma como foi observado<br />

para os itens de matérias-primas, prevalece a proposição de Dias (1995), que preconiza<br />

maior atenção da empresa na administração dos itens da classe A. Assim, a empresa<br />

deve concentrar mais esforços na administração desses itens, seja em suas decisões de<br />

compra, no controle do estoque ou na contagem física quando da realização dos<br />

inventários.<br />

Propõe-se que a empresa, ao realizar seus inventários físicos de produtos<br />

acabados, adote o modelo constante na Tabela 3.<br />

Tabela 3 - Modelo proposto de periodicidade do inventário físico para produtos<br />

acabados<br />

Classe Nº de Itens Periodicidade do Inventário mensal<br />

A 06 Mensal<br />

B 10 Trimestral<br />

C 17 Semestral<br />

Fonte: Elaborado pelos autores<br />

C<br />

x


5) CONCLUSÃO<br />

É fundamental para as empresas buscar novas ferramentas, que possam<br />

contribuir para a melhoria dos processos administrativos. A utilização de uma boa<br />

ferramenta de suporte à tomada de decisão, alinhada com os objetivos da organização, é<br />

um fator que contribui muito para o aumento de sua competitividade.<br />

Para qualquer indústria, a administração de materiais é de vital importância, pois<br />

os estoques representam grande parte do seu capital. As atenções devem estar voltadas<br />

tanto para a manutenção de um estoque baixo, que não comprometa as finanças da<br />

empresa (custo de oportunidade), quanto para um estoque suficiente para não<br />

comprometer o processo produtivo.<br />

Este trabalho teve como propósito básico a análise de viabilidade de implantação<br />

da classificação ABC, para obter maior eficiência no processo de inventário de matériaprima<br />

e produto acabado da empresa. Os resultados servem para a orientação da<br />

gerência da empresa na identificação daqueles produtos que merecem atenção<br />

diferenciada.<br />

Verificou-se a viabilidade de implantação da classificação ABC na organização,<br />

tendo em vista que a distribuição dos produtos nas classes apresentou-se compatível<br />

com o preconizado pelos autores pesquisados, mais especificamente Dias (1995) e<br />

Bertaglia (2006). Recomenda-se que a classificação ABC seja adotada separadamente<br />

para as matérias-primas e para os produtos acabados.<br />

Com a implantação da classificação ABC espera-se que as empresas<br />

racionalizem seus recursos materiais e humanos, possibilitando a utilização destes<br />

recursos em operações mais relevantes para a organização.<br />

6) REFERÊNCIAS<br />

BERTAGLIA, Paulo Roberto. Logística e gerenciamento da cadeia de abastecimento. 1<br />

ed. São Paulo: Saraiva, 2006.<br />

BIANCHI, R. C.; SALDANHA, M. D. Gerenciamento do estoque na cadeia de<br />

suprimentos de uma empresa de serviços e varejo de pneus. In: VII Seminários em<br />

Administração, 2004, São Paulo. VII Semead, 2004. Disponível em<br />

Acesso em: 01/05/2007.<br />

DIAS, Marco Aurélio P. Administração de Materiais: uma abordagem logística. 4. ed.<br />

São Paulo: Altas, 1995.<br />

FRANCISCHINI, Paulino G.; GURGEL, Floriano do Amaral. Administração de<br />

Materiais e do Patrimônio. 1. ed. São Paulo: Pioneira, 2002.<br />

MARTINS, Petrônio G. Administração de materiais e recursos patrimoniais. São Paulo:<br />

Saraiva, 2001.<br />

_____________; LAUGENI, Fernando P; Administração da Produção. São Paulo:<br />

Saraiva, 2002.<br />

NOGUEIRA, Elisberto; ANTUNES, Izido. Administração de materiais e da Produção.<br />

São Paulo: Érika, 1998.


OLIVEIRA, Josmária Lima Ribeiro; COSTA, Fagner Luiz Paiva. Ações estratégicas de<br />

compras e estoque na rede de farmácias Trade. In: Seminários em Administração, 9.,<br />

2006, São Paulo. Anais eletrônicos... São Paulo: USP, 2006. Disponível em:<br />

<br />

. Acesso em: 28/04/2007.<br />

PEREIRA, M. O uso da curva ABC nas empresas. Disponível em:<br />

. Acesso em: 12/03/2007<br />

SLACK, Nigel; CHAMBERS, Stuart; JOHNSTON, Robert; Administração da<br />

Produção. 2 ed. São Paulo: Atlas, 2002<br />

___________; CHAMBERS, Stuart; HARLAND, Christine; HARRISON, Alan;<br />

JOHNSTON, Robert. Administração da Produção. 1. ed. São Paulo: Atlas,1997.<br />

VOLLMANN, Thomas E.; WHYBARK, D. Clay; BERRY, L. William; JACOBS, F.<br />

Robert. Sistemas de planejamento & controle da produção: para o gerenciamento da<br />

cadeia de suprimentos. 5 ed. São Paulo: Bookman, 2006.<br />

YIN, Robert K. Estudo de caso: planejamento e métodos. 3 ed. Porto Alegre: Bookman,<br />

2005.<br />

ANEXO 1


Tabela de Classificação ABC de Produtos Acabados<br />

Preço Quant.<br />

% s/ %<br />

Item médio Média Valor (R$) valor acumulado Classe<br />

4001 2,11 7.008 14.786,88 27,37 27,37 A<br />

1080 2,20 3.185 7.007,00 12,97 40,34 A<br />

4032 7,46 432 3.222,72 5,96 46,30 A<br />

4003 2,30 1.328 3.054,40 5,65 51,96 A<br />

4999 1,08 2.276 2.458,08 4,55 56,51 A<br />

4035 0,63 3.840 2.419,20 4,48 60,98 A<br />

4002 20,86 100 2.086,00 3,86 64,84 B<br />

4004 22,77 82 1.867,14 3,46 68,30 B<br />

4008 1,20 1.468 1.761,60 3,26 71,56 B<br />

4044 0,98 1.715 1.680,70 3,11 74,67 B<br />

1070 1,21 1.327 1.605,67 2,97 77,64 B<br />

4005 0,12 12.669 1.520,28 2,81 80,46 B<br />

1011 1,19 1.274 1.516,06 2,81 83,26 B<br />

1081 20,38 70 1.426,60 2,64 85,90 B<br />

4020 0,13 7.130 926,90 1,72 87,62 B<br />

1079 1,11 808 896,88 1,66 89,28 B<br />

4015 0,12 6.437 772,44 1,43 90,71 C<br />

4018 1,20 617 740,40 1,37 92,08 C<br />

4038 0,61 924 563,64 1,04 93,12 C<br />

4023 1,22 457 557,54 1,03 94,15 C<br />

4793 14,72 34 500,48 0,93 95,08 C<br />

4030 40,36 12,16 490,78 0,91 95,99 C<br />

1069 0,40 1.035 414,00 0,77 96,76 C<br />

4045 0,64 565 361,60 0,67 97,42 C<br />

4006 0,39 907 353,73 0,65 98,08 C<br />

4039 0,54 514 277,56 0,51 98,59 C<br />

4016 0,38 571 216,98 0,40 98,99 C<br />

4021 0,38 393 149,34 0,28 99,27 C<br />

4013 1,20 100 120,00 0,22 99,49 C<br />

1078 11,03 8 88,24 0,16 99,66 C<br />

4009 10,90 8 87,20 0,16 99,82 C<br />

4024 10,98 5 54,90 0,10 99,92 C<br />

4019 10,84 4 43,36 0,08 100,00 C<br />

TOTAL 54.028,30 100,00

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