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esTruTura agrária e produção de açÚcar nas FaZendas ... - CCHLA

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início o verda<strong>de</strong>iro povoamento <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> Gerais.<br />

A corrida pelo ouro levou gente <strong>de</strong> toda a parte da colônia para aquela região,<br />

sobretudo vindos <strong>de</strong> São Paulo, Rio <strong>de</strong> Janeiro e Bahia, e também <strong>de</strong> Portugal.<br />

Em poucos anos, o território, então habitado ape<strong>nas</strong> por indíge<strong>nas</strong>, tem procura<br />

intensa. É tal a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> pessoas que se dirigem às mi<strong>nas</strong> <strong>de</strong> ouro que logo<br />

se formam arraiais.<br />

Nos anos finais do século XVII e princípios do XVIII, aventureiros à caça <strong>de</strong> ouro<br />

ampliaram o número <strong>de</strong> faisqueiras, catas e povoados. E na mesma proporção,<br />

acirrando conflitos <strong>de</strong> toda or<strong>de</strong>m, principalmente com os paulistas, que se julgavam<br />

donos das mi<strong>nas</strong> como pioneiros <strong>de</strong> sua <strong>de</strong>scoberta.<br />

Apesar dos métodos rudimentares <strong>de</strong> mineração, as primeiras extrações foram<br />

relativamente fáceis e lucrativas. Sérgio Buarque <strong>de</strong> Holanda registra que as remessas<br />

<strong>de</strong> ouro <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> Gerais para Portugal subiram <strong>de</strong> 725 quilos em 1699 para 1.785<br />

quilos em 1701 e para 4.350 em 1703 3 . Esse crescimento <strong>de</strong>u-se pela rápida<br />

expansão das áreas <strong>de</strong> mineração com os <strong>de</strong>scobertos <strong>de</strong> Ouro Preto, Mariana, São<br />

João <strong>de</strong>l Rei e São José <strong>de</strong>l Rei.<br />

Três caminhos se <strong>de</strong>stacavam <strong>nas</strong> rotas que se dirigiam as Mi<strong>nas</strong> Gerais. O<br />

Caminho do Rio São Francisco, que ligava a cida<strong>de</strong> da Bahia (Salvador) às mi<strong>nas</strong><br />

do rio das Velhas; o Caminho Geral do Sertão, conhecido por Caminho Velho, que<br />

partia da vila <strong>de</strong> São Paulo e se dirigia até Vila Rica, e o Caminho Novo dos Campos<br />

Gerais, chamado somente <strong>de</strong> Caminho Novo, que ligava as zo<strong>nas</strong> auríferas ao Rio<br />

<strong>de</strong> Janeiro. Ao longo dos caminhos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros anos do setecentos, surgiram<br />

as primeiras fazendas (terras utilizadas para a prática da pecuária) e roças (terras<br />

utilizadas para agricultura ou ativida<strong>de</strong>s mistas – agricultura e criação <strong>de</strong> animais)<br />

como ativida<strong>de</strong>s auxiliares da economia da mineração.<br />

A distância entre as áreas <strong>de</strong> extração do ouro e os centros <strong>de</strong> abastecimento dos<br />

produtos <strong>de</strong> primeira necessida<strong>de</strong>, que se localizavam na Bahia, em São Paulo e no<br />

Rio <strong>de</strong> Janeiro, os locais mais próximos <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> Gerais, ocasionou graves crises <strong>de</strong><br />

abastecimento alimentar. Ante a <strong>de</strong>sproporcional quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> bocas a alimentar<br />

e as pessoas que chegavam à região mineira, levando consigo ape<strong>nas</strong> as reservas<br />

alimentares necessárias a sua viagem <strong>de</strong> ida, os mineiros enfrentaram a fome nos<br />

períodos <strong>de</strong> 1697-1698, e 1700-1701.<br />

Além <strong>de</strong>sses fatores, outros se somavam às crises alimentares dos primeiros anos<br />

das Mi<strong>nas</strong> – a natureza muitas vezes intervinha ocasionando o transbordamento<br />

dos rios e seus afluentes, <strong>de</strong>ixando trilhas ao longo <strong>de</strong> suas margens intransitáveis<br />

para rebanhos <strong>de</strong> gado e transeuntes, isolando ainda mais os distritos mineiros dos<br />

centros populacionais costeiros. As crises alimentícias serviram como lembretes<br />

<strong>de</strong>sanimadores da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> auto-suficiência na <strong>produção</strong> <strong>de</strong> alimentos e<br />

certamente foram seguidas pela atenção dada ao <strong>de</strong>senvolvimento da agricultura<br />

e criação <strong>de</strong> gado 4 .<br />

3 HOLANDA, Sérgio Buarque <strong>de</strong>. Metais e pedras preciosas. In: HOLANDA, Sérgio Buarque <strong>de</strong> (Dir.).<br />

História geral da civilização brasileira: a época colonial – administração, economia, socieda<strong>de</strong>. Rio <strong>de</strong><br />

Janeiro: Bertrand Brasil, 1997, p. 259-310; p. 265.<br />

4 BERGARD, Laird W. Escravidão e história econômica: <strong>de</strong>mografia <strong>de</strong> Mi<strong>nas</strong> Gerais, 1720-1888.<br />

Trad. Beatriz Sidou. Bauru, SP: Edusc, 2004, p. 51.<br />

130 [18]; João Pessoa, jan/ jun. 2008.

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