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A faculdade do pensar e as faculdades do - Sociedade Hegel ...

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José Pinheiro Pertille As <strong>faculdade</strong>s <strong>do</strong> <strong>pensar</strong> e <strong>as</strong> <strong>faculdade</strong> <strong>do</strong> espírito<br />

imanente. 10<br />

Ora, simetricamente, o movimento inicial da Introdução à Filosofia <strong>do</strong> Espírito<br />

na Enciclopédia d<strong>as</strong> Ciênci<strong>as</strong> Filosófic<strong>as</strong> (§§ 377-380) mostra também, via negationes,<br />

o que é “o espírito”, ou seja, que ele não é uma coleção de <strong>faculdade</strong>s, tal como o<br />

concebe <strong>as</strong> teori<strong>as</strong> psicológic<strong>as</strong> de seu tempo. A estratégia semelhante também revela<br />

uma ligação entre <strong>as</strong> du<strong>as</strong> questões, o problema da concepção <strong>do</strong> pensamento como uma<br />

<strong>faculdade</strong> subjetiva e a divisão <strong>do</strong> espírito em uma coleção de <strong>faculdade</strong>s. Isso porque,<br />

se o pensamento é toma<strong>do</strong> como uma <strong>faculdade</strong> ao la<strong>do</strong> de outr<strong>as</strong> como o sentir e o<br />

querer, a concepção que emb<strong>as</strong>a tal análise é aquela que pensa a alma, ou o espírito,<br />

justamente como uma conjunção dess<strong>as</strong> diferentes <strong>faculdade</strong>s em su<strong>as</strong> particularidades.<br />

A psicologia, enquanto <strong>do</strong>utrina <strong>do</strong> espírito, é por <strong>Hegel</strong> apresentada de três<br />

diferentes maneir<strong>as</strong>. Em um primeiro senti<strong>do</strong>, e de um ponto de vista de uma simples<br />

empiria, uma psicologia reduz-se àquel<strong>as</strong> observações dirigid<strong>as</strong> para a singularidade<br />

contingente <strong>do</strong> espírito, tal como no mau senti<strong>do</strong> de um “conhece-te a ti mesmo”, onde<br />

o pronome reflexivo é entendi<strong>do</strong> como apontan<strong>do</strong> para dentro da singularidade pessoal<br />

de quem se observa, ou n<strong>as</strong> singularidades <strong>do</strong>s homens que são observa<strong>do</strong>s. O<br />

problema, aqui, é a prevalência da singularidade, sem universalidade. Em um segun<strong>do</strong><br />

senti<strong>do</strong>, na perspectiva da psicologia racional, o espírito é investiga<strong>do</strong> em sua essência<br />

não fenomenal, ou seja, em seu ser em si, segun<strong>do</strong> seu conceito. Isso representa o<br />

contrário <strong>do</strong> primeiro senti<strong>do</strong>, pois, desse mo<strong>do</strong>, <strong>as</strong> singularidades são negad<strong>as</strong> em<br />

função <strong>do</strong> universal, pois se sou eu que penso, quero ou sinto, a pretensão da psicologia<br />

racional é mostrar a universalidade dess<strong>as</strong> <strong>faculdade</strong>s, enquanto universalmente<br />

presentes em cada alma una, perene, eterna, ou, segun<strong>do</strong> a terminologia da metafísica<br />

tradicional, a partir da alma em sua “simplicidade”. O problema da “alma simples” é a<br />

busca da universalidade, sem a contrapartida da singularidade. Em um terceiro senti<strong>do</strong>,<br />

entre a observação dirigida para a singularidade contingente e o raciocínio não<br />

fenomenal que visa à universalidade necessária, “situa-se a psicologia empírica, que<br />

tem em vista o observar e o descrever d<strong>as</strong> <strong>faculdade</strong>s particulares <strong>do</strong> espírito”. 11 Essa<br />

alternativa, que poderia ser uma via de mediação entre singular e universal através <strong>do</strong><br />

particular, contu<strong>do</strong>, também não perfaz <strong>as</strong> exigênci<strong>as</strong> da filosofia autenticamente<br />

especulativa. O problema aqui é não conseguir mostrar o encadeamento necessário d<strong>as</strong><br />

10 HEGEL 2005, § 31, Observação, p. 69-70.<br />

Revista Eletrônica Estu<strong>do</strong>s <strong>Hegel</strong>ianos ano. 7, n. 13, v.1<br />

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