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acta pediátrica portuguesa - Sociedade Portuguesa de Pediatria

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Acta Pediatr Port 2008:39(6):253-9 Melo P et al – Cárie Dentária<br />

remineralização, as impurezas vão sendo retiradas e vão-se formando<br />

cristais <strong>de</strong> hidroxiapatite ou <strong>de</strong> fluorapatite que conferem<br />

uma resistência crescente do esmalte à <strong>de</strong>smineralização.<br />

A primeira manifestação clínica da cárie <strong>de</strong>ntária resulta da <strong>de</strong>smineralização<br />

subsuperficial da área afectada e <strong>de</strong>no mina-se<br />

“lesão branca do esmalte”. Na lesão subsuperficial po<strong>de</strong> resultar<br />

a perda <strong>de</strong> cerca <strong>de</strong> 50% da composição mineral do es malte,<br />

mantendo a sensação <strong>de</strong> que a camada superficial se encontra<br />

íntegra 37-40 , mas alterando a sua tonalida<strong>de</strong>. Esta tonalida<strong>de</strong> da<br />

lesão resulta da perda <strong>de</strong> mineral, que al tera o índice <strong>de</strong> refracção<br />

relativamente ao esmalte normal, apa recendo agora com<br />

um aspecto branco leitoso (Figura 3) 6,41 .<br />

Quando as lesões <strong>de</strong> cárie são diagnosticadas neste estádio,<br />

ainda é possível reverter a situação sem que se estabeleça uma<br />

cavida<strong>de</strong>. Actualmente existem meios <strong>de</strong> intervir nesta fase,<br />

possibilitando a remineralização do <strong>de</strong>nte e contrariando a<br />

acção dos factores cariogénicos.<br />

Quando este processo, que se inicia no esmalte e não é controlado,<br />

po<strong>de</strong> continuar até à <strong>de</strong>ntina, <strong>de</strong>struindo gradual -<br />

mente a estrutura <strong>de</strong>ntária e originando a cavida<strong>de</strong> <strong>de</strong> cárie.<br />

4 – Diagnóstico <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária<br />

Ao alterar o paradigma da cárie <strong>de</strong>ntária, aceitando estes<br />

novos conceitos, passa a ser fundamental a noção da exis -<br />

tência <strong>de</strong> lesões não cavitadas para o diagnóstico precoce da<br />

doença6,35 . Esse diagnóstico passa pelo entendimento da<br />

necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tratar a doença e não o <strong>de</strong>nte, e que não existem<br />

indivíduos imunes à doença, a cárie <strong>de</strong>ntária po<strong>de</strong> atingir<br />

qualquer indivíduo em qualquer fase da sua vida42 .<br />

Ao i<strong>de</strong>ntificar precocemente a doença, existe a possibilida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> intervir e reverter a situação promovendo a reminerali -<br />

zação da estrutura <strong>de</strong>ntária, sem a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> a per<strong>de</strong>r.<br />

O papel do pediatra po<strong>de</strong> ser prepon<strong>de</strong>rante no <strong>de</strong>spiste e controlo<br />

da doença nos primeiros anos <strong>de</strong> vida e sempre que ocorram<br />

condições para que o equilíbrio seja perturbado35 . Por tanto<br />

a primeira preocupação que <strong>de</strong>verá existir é em i<strong>de</strong>ntificar, nos<br />

indivíduos com baixa experiência <strong>de</strong> cárie <strong>de</strong>ntária ou que se<br />

encontram numa fase estável, os primeiros sinais duma lesão <strong>de</strong><br />

cárie <strong>de</strong>ntária, ou seja, as lesões <strong>de</strong> <strong>de</strong>smineralização (Figura 3).<br />

A <strong>de</strong>tecção <strong>de</strong>stas lesões significa que está a ocorrer uma alteração<br />

do equilíbrio ecológico da cavida<strong>de</strong> oral e que é ne ces sária<br />

uma intervenção rápida no sentido <strong>de</strong> tentar reverter a situação43 .<br />

A presença <strong>de</strong> lesões cavitadas é um sinal <strong>de</strong> que algo <strong>de</strong> grave<br />

está a acontecer e que a intervenção já vai obrigar a procedimentos<br />

restauradores com obturação das cavida<strong>de</strong>s.<br />

Convém alertar que nem sempre o diagnóstico po<strong>de</strong> ser realizado<br />

com facilida<strong>de</strong>, pois também existem casos <strong>de</strong> cavida<strong>de</strong>s<br />

que se <strong>de</strong>senvolvem na <strong>de</strong>ntina, mantendo o esmalte praticamente<br />

todo integro (Figura 6).<br />

O pediatra acompanha o <strong>de</strong>senvolvimento da criança até à<br />

adolescência, durante este período verifica-se a erupção <strong>de</strong><br />

todos os <strong>de</strong>ntes na cavida<strong>de</strong> oral, havendo alguns que são<br />

mais susceptíveis a <strong>de</strong>smineralizar durante o seu processo <strong>de</strong><br />

maturação pós-eruptiva e sobre os quais <strong>de</strong>verá ser prestada<br />

maior atenção.<br />

Figura 6 – <strong>de</strong>nte com cárie <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntina e <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> removido o tecido<br />

cariado<br />

A cárie precoce <strong>de</strong> infância é a manifestação mais precoce da<br />

cárie <strong>de</strong>ntária (Figura 7) e po<strong>de</strong> ser diagnosticada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a<br />

erupção do primeiro <strong>de</strong>nte até aos 48 meses 30 . Nesta ida<strong>de</strong> o<br />

primeiro sinal <strong>de</strong> doença é a <strong>de</strong>smineralização (mancha branca)<br />

ou mesmo já uma cavida<strong>de</strong> encontrada em qualquer incisivo<br />

superior. Esta forma <strong>de</strong> manifestação da cárie <strong>de</strong>ntária<br />

tem a particularida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser bastante rápida e agressiva, resultando<br />

na <strong>de</strong>struição das coroas dos <strong>de</strong>ntes anteriores em<br />

pouco tempo (cárie rompante) 29 (Figura 2). Para a resolução<br />

<strong>de</strong>ste problema, pela complexida<strong>de</strong> da situação, os pais da<br />

criança <strong>de</strong>vem ser alertados para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> corrigir os<br />

<strong>de</strong>svios alimentares que se encontram na origem da doença e<br />

a criança <strong>de</strong>ve ser encaminhada para o médico <strong>de</strong>ntista (odontopediatra)<br />

on<strong>de</strong> mais facilmente se po<strong>de</strong>rá tentar controlar ou<br />

<strong>de</strong>belar a doença.<br />

Figura 7 – Cárie Precoce <strong>de</strong> Infância<br />

Existem mais duas fases muito importantes em que os pediatras<br />

<strong>de</strong>verão estar atentos aos primeiros molares permanentes<br />

entre os 5 e os 8 anos e aos segundos molares permanentes<br />

entre os 11 e os 14 anos.<br />

5 – Papel do pediatra<br />

Depois <strong>de</strong> diagnosticados os problemas, o médico <strong>de</strong> família, ou<br />

o pediatra, <strong>de</strong>veria proce<strong>de</strong>r à orientação preventiva e ao encaminhamento<br />

do paciente para realizar os tratamentos necessários.<br />

No entanto, os profissionais <strong>de</strong> saú<strong>de</strong> que lidam diaria -<br />

mente com a população constatam que a saú<strong>de</strong> oral está a piorar<br />

gradualmente, sem que haja gran<strong>de</strong>s hipóteses <strong>de</strong> encaminhamento<br />

no âmbito do SNS. Na impossibilida<strong>de</strong> do doente recorrer<br />

à consulta privada <strong>de</strong> medicina <strong>de</strong>ntária, existem alguns conselhos<br />

preventivos que <strong>de</strong>vem ser passados a qualquer paciente<br />

e nos quais o pediatra po<strong>de</strong>rá ter um papel prepon<strong>de</strong>rante.<br />

A primeira questão relaciona-se com higiene oral e a necessida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> se terem que realizar, pelo menos, duas escovagens<br />

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