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1ª Edição<br />
Rio de Janeiro<br />
2011
Todos os direitos reservados. Copyright © 2011 para a língua portuguesa <strong>da</strong> Casa Publicadora <strong>da</strong>s<br />
Assembleias de Deus. Aprovado pelo Conselho de Doutrina.<br />
Preparação dos originais: Daniele Pereira<br />
Capa: Josias Finamore<br />
Projeto gráfico e Editoração: Alexandre Soares<br />
CDD: 253 – Liderança<br />
ISBN: 978-85-263-0770-3<br />
As citações bíblicas foram extraí<strong>da</strong>s <strong>da</strong> versão Almei<strong>da</strong> Revista e Corrigi<strong>da</strong>, edição de 1995 <strong>da</strong><br />
Socie<strong>da</strong>de Bíblica do Brasil, salvo indicação em contrário.<br />
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Casa Publicadora <strong>da</strong>s Assembleias de Deus<br />
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20001-970, Rio de Janeiro, RJ, Brasil<br />
1ª edição: 2011
Agradecimentos<br />
Expresso os meus mais sinceros agradecimentos a todos que direta e indiretamente<br />
contribuíram para a concretização do meu curso de mestrado.<br />
A Deus, por suas muitas misericórdias e fideli<strong>da</strong>de para comigo.<br />
A meus pais, Benedito (in memoriam) e Juracy, pelo amor e esforços dedicados<br />
à minha criação e educação.<br />
À minha esposa Elizabeth e aos meus filhos Álvaro e Paulo, pela cooperação<br />
em termos de incentivo e paciência.<br />
Às minhas irmãs Cristiane e Ednalva, por existirem.<br />
Ao pastor Roberto José, pelo companheirismo e apoio.<br />
Ao pastor Claudionor de Andrade, pela gentileza de fazer o prefácio.<br />
A todos os meus professores, pela dedicação na arte de ensinar.<br />
A todos os meus amigos, por serem quem são.<br />
Ao meu orientador do Mestrado, Professor Rildo Almei<strong>da</strong>, pelas sugestões<br />
e motivação durante todo o processo de elaboração <strong>da</strong> Dissertação<br />
que resultou nesta obra.
Quando vieres, traze a capa que deixei em Trôade,<br />
em casa de Carpo, e os livros, principalmente os pergaminhos.<br />
Apóstolo Paulo (2 Tm 4.13)
Prefácio<br />
“PEGA E LÊ”<br />
Em sua mais profun<strong>da</strong> crise espiritual, Agostinho (século IV) ouviu<br />
umas palavras que o acaso jamais identificará: “Tolle, lege”. O santo de Hipona<br />
pega, então, as Sagra<strong>da</strong>s Escrituras e abre-as fortuitamente nas epístolas<br />
de Paulo. E põe-se a lê-las com a fome e a sede <strong>da</strong>queles romeiros que,<br />
suspirando, andejam continentes e palmilham desertos em busca de Sião.<br />
Ele mergulha na Palavra; sua vi<strong>da</strong> não é mais a mesma. É o que revela em<br />
suas Confissões. O filho de Mônica prontifica-se, então, a servir ao Cristo<br />
tão bem retratado nas cartas do apóstolo aos gentios.<br />
O que se consagrara a ler, unge-se agora a escrever. Sua pena, à semelhança<br />
do cajado de Arão, enflora-se, frutifica-se.<br />
“Pega e lê”, recomen<strong>da</strong> Altair Germano nesta obra. Embora talha<strong>da</strong><br />
com os rigores <strong>da</strong> academia, é dirigi<strong>da</strong> a todos os que cultivam o hábito <strong>da</strong><br />
boa e proveitosa leitura. Mas como ler com proveito? E como encontrar a<br />
boa leitura?<br />
À semelhança de Plínio, o Moço (62-114), recomen<strong>da</strong>-nos Altair:<br />
“Muito, e não muitas coisas”. O bom leitor é seletivo. Sabe que não dispõe<br />
do tempo necessário para repassar as páginas de to<strong>da</strong>s as obras que se fizeram<br />
primas.<br />
Como seria bom se os nossos dias fossem tão longevos quanto os de<br />
Matusalém. Os primeiros cem anos eu os dedicaria à beleza e aos donaires<br />
<strong>da</strong> língua portuguesa. Quanto ao segundo centenário, que fosse<br />
tributado aos filósofos. E a terceira centúria eu a devotaria aos historiadores.<br />
Mas o milênio todo dessa vi<strong>da</strong> larga de semanas e compri<strong>da</strong> de
O LíDER CRISTãO E O HÁBITO DE LEITura<br />
dias, eu o santificaria ao estudo dos santos profetas e dos apóstolos de<br />
Nosso Senhor.<br />
Nossa vi<strong>da</strong>, porém, não possui tantos séculos, nem tantas déca<strong>da</strong>s. Diz<br />
Moisés que os mais robustos logram alcançar setenta e, quando muito, oitenta<br />
anos. Por isso, a sabedoria do conselho de Plínio: “Muito, e não muitas<br />
coisas”. Nesse muito, porém, coloque esta obra que lhe chegou às mãos<br />
num <strong>da</strong>queles abençoados acasos: “Pega e lê”.<br />
Meu amigo Altair escreveu este livro naqueles remansos de Abreu e<br />
Lima, onde o silêncio ain<strong>da</strong> pode ser ouvido. Nesse pe<strong>da</strong>ço de Pernambuco,<br />
tudo convi<strong>da</strong> à leitura e à reflexão. Quando lá estive e quando por lá andei,<br />
pude entender por que, <strong>da</strong>quelas paragens, saem escritores peregrinos<br />
como Altair Germano. Ali, o livro é tão esperado como o pão cotidiano:<br />
diariamente e com todo o calor.<br />
“Pega e lê.”<br />
8<br />
Pr. Claudionor de Andrade<br />
Abril de 2011
Sumário<br />
Prefácio .................................................................................................................7<br />
Introdução .........................................................................................................11<br />
1. O Conceito de <strong>Leitura</strong> ...............................................................................15<br />
2. Aspectos Históricos <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> ...............................................................21<br />
1. A <strong>Leitura</strong> na Mesopotâmia...........................................................................21<br />
2. A <strong>Leitura</strong> no Egito .........................................................................................24<br />
3. A <strong>Leitura</strong> entre os Judeus .............................................................................26<br />
4. A <strong>Leitura</strong> na Grécia Arcaica e Clássica ......................................................28<br />
5. A <strong>Leitura</strong> e a Escrita no Mundo Romano .................................................33<br />
6. A <strong>Leitura</strong> no Brasil Colonial ........................................................................38<br />
7. A <strong>Leitura</strong> na I<strong>da</strong>de Moderna — Século XVI ao Século XVIII ..............39<br />
8. A <strong>Leitura</strong> no Mundo Contemporâneo — Século XIX<br />
aos Dias Atuais ...............................................................................................46<br />
3. A Importância do <strong>Hábito</strong> de <strong>Leitura</strong> .....................................................51<br />
1. A <strong>Leitura</strong> na Ótica de Escritores Não-Cristãos .......................................51<br />
1. 1. A leitura como agente de emancipação e<br />
desenvolvedora de critici<strong>da</strong>de.............................................................51<br />
1.2. A leitura como agente de apropriação dos bens culturais ..............54<br />
1.3. A leitura, o enriquecimento do vocabulário e <strong>da</strong> linguagem .........55<br />
1.4. A leitura como agente de desenvolvimento do intelecto ................57<br />
1.5. A Biblioterapia ........................................................................................58<br />
2. A <strong>Leitura</strong> na Ótica de Escritores Cristãos .................................................59<br />
2.1. Para obter avivamento espiritual e proveitoso ..................................59<br />
2.2. Tendo em vista o estímulo mental ......................................................59<br />
2.3. A fim de obter cultivo de estilo ............................................................59
O LíDER CRISTãO E O HÁBITO DE LEITura<br />
2.4. Com vistas a adquirir informações .....................................................59<br />
2.5. A fim de ter comunhão com as grandes mentes ...............................60<br />
4. A Importância <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> para a Liderança no<br />
Contexto Bíblico e Cristão ........................................................................63<br />
1. A Importância <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> no Antigo Testamento ...................................63<br />
2. A Importância <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> no Novo Testamento......................................66<br />
3. A Importância <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> entre os Pais <strong>da</strong> Igreja .....................................67<br />
4. A Importância <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> no Período Monástico ...................................69<br />
5. A Importância <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> para os Reformadores ....................................70<br />
6. A Importância <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> no Período dos Reavivamentos<br />
e <strong>da</strong>s Missões Modernas ...............................................................................73<br />
5. O Desenvolvimento do <strong>Hábito</strong> de <strong>Leitura</strong> para<br />
os <strong>Líder</strong>es Cristãos na Atuali<strong>da</strong>de ...........................................................75<br />
1. Ações Necessárias para o Desenvolvimento do <strong>Hábito</strong> de <strong>Leitura</strong> ........ 75<br />
2. Os Tipos de <strong>Leitura</strong> .......................................................................................78<br />
3. Como Aperfeiçoar a Prática <strong>da</strong> <strong>Leitura</strong> .....................................................78<br />
Conclusão ...........................................................................................................85<br />
Referências Bibliográficas ............................................................................89<br />
10
Introdução<br />
A<br />
atualização e contínua busca por conhecimento é um fator de fun<strong>da</strong>mental<br />
importância no mundo contemporâneo. A constante<br />
atualização é indispensável para o sucesso em qualquer ativi<strong>da</strong>de, inclusive<br />
a pastoral. Várias podem ser as fontes e ferramentas que proporcionam<br />
a atualização de nossos conhecimentos, entre elas citamos<br />
os materiais bibliográficos (livros e periódicos), o estudo acadêmico,<br />
palestras, seminários, congressos e pesquisas na internet.<br />
Conhecimento agrega tanto o que fazemos, como o que sabemos; é o<br />
conjunto total de informações, habili<strong>da</strong>des cognitivas e operacionais que os<br />
indivíduos utilizam para resolver problemas. Envolve assim, tanto questões<br />
teóricas quanto práticas, as regras do dia a dia e as instruções sobre como<br />
agir, baseando-se em <strong>da</strong>dos e informações, mas, ao contrário deles, está sempre<br />
ligado ao sujeito; é construído por indivíduos e representa suas crenças<br />
sobre relacionamentos casuais. 1 Conhecimento é agregação, interação e<br />
acumulação de informação. A busca constante por novos saberes exige dos<br />
pastores leitura especializa<strong>da</strong> e geral. A resistência à leitura é uma reali<strong>da</strong>de,<br />
e muitos ignoram os males resultantes <strong>da</strong> falta dessa prática salutar.<br />
1 COSTA, Patrícia. <strong>Hábito</strong> de leitura e compreensão de textos: uma análise <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de de pósgraduados<br />
em Administração. Dissertação (mestrado em Administração). universi<strong>da</strong>de Federal<br />
de Sta. Maria: Santa Maria, RS, 2006, p. 16.
O LíDER CRISTãO E O HÁBITO DE LEITura<br />
Nunca tantas informações foram disponibiliza<strong>da</strong>s e tão poucas foram<br />
absorvi<strong>da</strong>s. Essa constatação revela a grande importância dos estudos que<br />
envolvam a compreensão <strong>da</strong> leitura, que se relaciona à produção do conhecimento<br />
no nível individual, promovendo, dessa forma, o desenvolvimento<br />
ministerial do pastor.<br />
A leitura de livros permite ao ser humano refletir, socializar e disseminar<br />
o seu conhecimento com o propósito de construir novos conhecimentos.<br />
Apesar de todo o desenvolvimento <strong>da</strong>s tecnologias de informação, <strong>da</strong><br />
ampliação dos projetos de inclusão digital, na<strong>da</strong> substitui a importância<br />
<strong>da</strong> leitura. Na leitura está implícito o sujeito que escreve, que deixa suas<br />
marcas, e os sujeitos que leem, que, ao lerem, atualizam, dão vi<strong>da</strong> ao que<br />
foi escrito. 2 Desta forma, a leitura não é mera soletração, decodificação ou<br />
repetição do que está escrito; a leitura dá outra vi<strong>da</strong> ao texto pensado e<br />
escrito pelo autor, penetra nos sentimentos e ideias, no estilo de quem lê.<br />
As pesquisas demonstram que o hábito de ler está longe do ideal em<br />
nossa nação. No Brasil, o grau de analfabetismo é um grande obstáculo à<br />
geração de saberes provenientes <strong>da</strong> leitura. O baixo índice de leitura por<br />
habitante/ano (1,8 livro) comprova isso. uma pesquisa realiza<strong>da</strong> pelo Instituto<br />
Paulo Montenegro e a ação Educativa, em 2005, aponta que 74% <strong>da</strong><br />
população brasileira, entre 16 e 64 anos, não sabem ler ou possuem muita<br />
dificul<strong>da</strong>de em entender o que leem. O Instituto Pró-Livro, em 2008, informa<br />
que a Bíblia, apesar de ser o livro preferido dos brasileiros, ain<strong>da</strong> é li<strong>da</strong><br />
por uma minoria, 4,5 milhões de pessoas, menos de 2,5% <strong>da</strong> população.<br />
Apesar dos diversos programas em ativi<strong>da</strong>de, o líder cristão ain<strong>da</strong> não<br />
reconhece no ato de ler o seu valor para o desenvolvimento intelectual,<br />
adequação de comportamentos à nova reali<strong>da</strong>de cultural e social, sem falar<br />
<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de conduzir a igreja, o ministério ou grupo que lidera<br />
a um processo de desenvolvimento e entendimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de, fato este<br />
que produzirá uma igreja mais atuante, conhecedora dos grandes desafios<br />
deste século e capaz de adequar suas práticas ao novo contexto. Com isso<br />
produziria maior resultado para o Reino de Deus, sem, abrir mão dos princípios<br />
inegociáveis <strong>da</strong> Bíblia Sagra<strong>da</strong>. Negligenciar a competência em leitura<br />
e escrita gera uma restrição ao acesso às informações relativas à vi<strong>da</strong><br />
em socie<strong>da</strong>de, à cultura, à política e, por conseguinte, prejudica-se o desenvolvimento<br />
integral do indivíduo.<br />
2 MARQuES, M. O. Escrever é preciso: o princípio <strong>da</strong> pesquisa. 4. ed. Ijuí: uNIJuí, 2001, p. 20.<br />
12
13<br />
Introdução<br />
Essas questões estão presentes na maior parte <strong>da</strong>s igrejas evangélicas<br />
do Brasil. Até então, não houve iniciativa de estudá-las objetivando a elaboração<br />
futura de um programa que possa intervir para a transformação<br />
dessa reali<strong>da</strong>de. Diante desse quadro, temos as alternativas de nos penalizarmos<br />
ante a situação ou nos mobilizarmos para mudá-la. Existe uma<br />
consciência forma<strong>da</strong> quanto à importância do hábito de leitura entre os<br />
líderes evangélicos brasileiros? Quais os obstáculos que enfrentam? Quais<br />
ações podem ser implementa<strong>da</strong>s para o crescimento do hábito de leitura?<br />
Tais questões necessitam não apenas de respostas, mas, antes de tudo, de<br />
investigação, análise e ação.<br />
O objetivo geral desta obra é identificar a importância e as fun<strong>da</strong>mentações<br />
para a prática de leitura entre os líderes cristãos evangélicos. Para<br />
este fim, o primeiro capítulo tratará sobre o conceito de leitura numa perspectiva<br />
bastante ampla. O capítulo 2 resgatará a história <strong>da</strong> leitura desde<br />
a antigui<strong>da</strong>de até os dias atuais. Nos capítulos 3 e 4, respectivamente, será<br />
abor<strong>da</strong><strong>da</strong> a importância <strong>da</strong> leitura numa perspectiva de escritores nãocristãos,<br />
cristãos e numa perspectiva bíblica, considerando o Antigo e o<br />
Novo Testamento, além de sua importância no período dos Pais <strong>da</strong> Igreja,<br />
no monasticismo, na Reforma Protestante, nos avivamentos e missões<br />
modernas. O capítulo 5 trata <strong>da</strong> importância do hábito de leitura para os<br />
líderes <strong>da</strong> igreja na atuali<strong>da</strong>de.<br />
Esta obra se revela como relevante por várias razões. Primeiro, mediante<br />
os resultados obtidos, se buscará esclarecer alguns mitos, dentre os<br />
quais o de que a intelectuali<strong>da</strong>de é incompatível com a espirituali<strong>da</strong>de.<br />
Em segundo lugar, mostrar que do ponto de vista <strong>da</strong> liderança cristã,<br />
o hábito de leitura pode promover uma influência positiva sobre os liderados,<br />
o desenvolvimento <strong>da</strong> liderança cristã, do senso crítico do líder e de<br />
uma melhor percepção deste <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de.<br />
Em terceiro lugar, sendo a Bíblia nosso referencial de fé e conduta,<br />
acreditamos ser de máxima importância uma abor<strong>da</strong>gem hermenêutica<br />
sobre o referido tema.<br />
E por último, porque o resultado <strong>da</strong>s pesquisas que resultaram neste<br />
material pode apontar meios de esclarecer e orientar os líderes a superar as<br />
dificul<strong>da</strong>des encontra<strong>da</strong>s no desenvolvimento do hábito de leitura, viabilizando,<br />
desta forma, uma liderança cristã contextualiza<strong>da</strong> e eficaz.
1<br />
O Conceito de <strong>Leitura</strong><br />
O<br />
conceito de leitura é bem mais abrangente do que um simples decodificar<br />
<strong>da</strong> escrita. É um ato que implica a formação integral do indivíduo<br />
e sua relação com o mundo que o cerca. 1 A leitura ultrapassa os limites<br />
do texto escrito, permitindo uma melhor compreensão de ca<strong>da</strong> etapa<br />
do aprendizado <strong>da</strong>s coisas, ca<strong>da</strong> experiência. “Ampliar a noção de leitura<br />
em geral pressupõe transformação na visão de mundo em geral e na de<br />
cultura em particular”. 2 Ler é mais do que uma simples decifração do que<br />
está escrito, mas um ato que resulta na formação geral do indivíduo, e que<br />
faz com que ele se a<strong>da</strong>pte ao mundo em que vive, não se limitando apenas<br />
às vivências escolares, mas “enxergando” além <strong>da</strong>quilo que está escrito.<br />
Silva reforça tal conceito por meio de sua visão de leitura:<br />
A leitura deve ser vista como uma <strong>da</strong>s conquistas <strong>da</strong> espécie humana em seu processo<br />
evolutivo de hominização, mesmo porque o nascimento e a plenitude <strong>da</strong> razão estão<br />
condicionados pelo acúmulo de observações de outras mentes que nos precederam e<br />
que é transmiti<strong>da</strong> pela palavra oral ou escrita. 3<br />
1 MARTINS, Maria Helena. O que é leitura. 19. ed. São Paulo: Brasiliense, 2007, p. 22.<br />
2 Idem. DINIZ, Fátima Albuquerque; SANTOS, Fátima. Como despertar o interesse pela leitura no<br />
ensino fun<strong>da</strong>mental, especialmente nas 8ª séries, nas escolas públicas. Monografia (especialização<br />
em Língua Portuguesa). Fun<strong>da</strong>ção de Ensino superior de Olin<strong>da</strong> — FuNESO: Olin<strong>da</strong>-PE, 2001, p. 17.<br />
3 SILVA 1983, p. 22 apud DINIZ e SANTOS, Idem.
O LíDER CRISTãO E O HÁBITO DE LEITura<br />
Araújo declara que “ler é tudo isso — um processo complexo, devido<br />
aos diferentes aspectos que apresenta”. 4 Dessa forma, a leitura é compreendi<strong>da</strong><br />
como uma experiência linguística, um processo de comunicação de<br />
ideias, por meio de símbolos escritos que por sua vez substituem os orais:<br />
as palavras.<br />
A totali<strong>da</strong>de de percepção de leitura é mais que a soma de suas partes.<br />
Não se pode, pois, reduzir uma leitura a palavras, <strong>da</strong> mesma forma que<br />
não se reduz a música de um compositor a simples notas. 5 Neste sentido,<br />
Foucambert declara que:<br />
Existe uma grande diferença entre ver e examinar, ouvir e escutar [...] Ler não é ver o<br />
que está escrito, nem tampouco lhe atribuir uma versão oral. Quem ousaria dizer que<br />
sabe ler em latim só porque sabe pronunciar as frases que lhe são apresenta<strong>da</strong>s? Ler é<br />
ser questionado pelo mundo e por si mesmo, é saber que certas respostas podem ser<br />
encontra<strong>da</strong>s na produção escrita, é poder ter acesso ao escrito, é construir uma resposta<br />
que entrelace informações novas àquelas que já se possuía. 6<br />
Araújo cita Russel que define a leitura como “um ato sutil e complexo<br />
que abrange, simultaneamente, a sensação, a percepção, a compreensão e<br />
a integração”. 7 Com isso ele quer dizer que ler não se limita apenas a perceber<br />
as palavras, mas ao mesmo tempo entender o todo reagindo às ideias<br />
apresenta<strong>da</strong>s e procurando integrá-las as suas vivências.<br />
Por ser uma ferramenta de aquisição de conhecimentos, a leitura, se<br />
leva<strong>da</strong> a efeito crítica e reflexivamente, emerge como um trabalho de combate<br />
à alienação, capaz de facilitar ao gênero humano a realização de sua<br />
plenitude. É preciso saber se a organização social onde a leitura aparece e<br />
se localiza dificulta ou facilita o surgimento de homens — leitores críticos<br />
e transformadores. 8<br />
Freire, ao se referir à leitura, diz que esta não se detendo na decodificação<br />
pura <strong>da</strong> palavra escrita, mas se antecipando e se alongando na inteligência<br />
do mundo, promove o ser-crítico, o ser-mais, o sujeito-ator e trans-<br />
4 AraÚJO, Maria Yvonne Atalício de. Iniciação à leitura. Belo Horizonte: Virgília, 1972, p. 25.<br />
Apud Ibdem, p. 18.<br />
5 Ibidem.<br />
6 FOuCAMBERT apud MARIA, Luzia de. <strong>Leitura</strong> & colheita: livros, leitura e formação de leitores.<br />
2. ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2008, p. 21.<br />
7 AraÚJO, Maria Yvonne Atalício de. Iniciação à leitura. Belo Horizonte: Virgília, 1972, p. 11.<br />
Apud DINIZ e SANTOS, p. 18.<br />
8 Ibidem.<br />
16
17<br />
O Conceito de <strong>Leitura</strong><br />
formador <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de. 9 A leitura do mundo precede a leitura <strong>da</strong> palavra,<br />
<strong>da</strong>í que a posterior leitura desta não possa prescindir <strong>da</strong> continui<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />
leitura <strong>da</strong>quele. A leitura <strong>da</strong> palavra não é apenas precedi<strong>da</strong> pela leitura<br />
do mundo, mas por certa forma de “escrevê-lo” ou de “reescrevê-lo”, quer<br />
dizer, de transformá-lo por meio de nossa prática consciente. O ato de ler<br />
implica sempre percepção crítica, interpretação e “reescrita” do lido. 10<br />
Os Parâmetros Curriculares Nacionais 11 definem leitura como o processo<br />
pelo qual o leitor realiza um trabalho ativo de compreensão e interpretação<br />
do texto, a partir de seus objetivos, de seu conhecimento sobre<br />
o assunto, sobre o autor, de tudo o que se sabe sobre a linguagem, etc.<br />
Trata-se de uma ativi<strong>da</strong>de que implica estratégias de seleção, antecipação,<br />
inferência e verificação sem as quais não é possível proficiência.<br />
Essas argumentações são ratifica<strong>da</strong>s por Lajolo:<br />
Lê-se para entender o mundo, para viver melhor. Em nossa cultura, quanto mais<br />
abrangente a concepção do mundo e de vi<strong>da</strong>, mais intensamente se lê, numa espiral<br />
quase sem fim, que pode e deve começar na escola, mas não pode (nem costuma)<br />
encerrar-se nela. 12<br />
Jolibert afirma que ler “é atribuir diretamente um sentido a algo<br />
escrito”. 13 Diretamente, isto é, sem passar pelo intermédio nem <strong>da</strong> decifração<br />
(nem letra por letra, sílaba por sílaba, ou palavra por palavra); nem <strong>da</strong><br />
oralização (nem sequer grupo respiratório por grupo respiratório). Ler é<br />
questionar algo escrito como tal a partir de uma expectativa real (necessi<strong>da</strong>de-prazer)<br />
numa ver<strong>da</strong>deira situação de vi<strong>da</strong>. Ler é ler escritos reais,<br />
que vão desde um nome de rua numa placa até um livro, passando por um<br />
cartaz, uma embalagem, um jornal, um panfleto, etc., no momento em que<br />
se precisa realmente deles numa determina<strong>da</strong> situação de vi<strong>da</strong> “para valer”<br />
como dizem as crianças. É lendo de ver<strong>da</strong>de, desde o início, que alguém se<br />
torna leitor, e não aprendendo primeiro a ler.<br />
9 FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam. 46. ed. São<br />
Paulo: Cortez, 2005, p. 11.<br />
10 DINIZ e SANTOS, Ibidem.<br />
11 BraSIL. Ministério <strong>da</strong> Educação. Secretaria <strong>da</strong> Educação Fun<strong>da</strong>mental. Parâmetros Curriculares<br />
Nacionais: 5ª a 8ª série do Ensino Fun<strong>da</strong>mental — Introdução dos Parâmetros Curriculares.<br />
Brasília: MEC/SEF, 1998, p. 9.<br />
12 LAJOLO, 1994, p. 7 apud Ibidem.<br />
13 JOLIBERT, J. (org). Formando crianças leitoras. Tradução Bruno C. Magne. Porto<br />
Alegre: Artes Médicas, 1994, p. 15 apud Ibidem.
O LíDER CRISTãO E O HÁBITO DE LEITura<br />
Sandroni & Machado percebem a leitura como um processo amplo<br />
de compreensão e descoberta de sentido, fruto do diálogo com o que é<br />
lido, tornando relevante e consequente a postura do leitor diante do que<br />
lê; que o prazer <strong>da</strong> leitura não é inconsequente. 14 Nesse sentido, incentivar<br />
ou motivar o prazer pela leitura também implica criar condições para ler a<br />
própria reali<strong>da</strong>de. O ato de ler, então, vai além dos limites do texto.<br />
Ambos entendem que ler, no sentido profundo do termo, é o resultado<br />
<strong>da</strong> interação entre leitor e texto, isto é, um esforço de comunicação entre<br />
o escritor, que elaborou, escreveu e teve impresso seu pensamento, e o leitor,<br />
que se interessou, comprou ou ganhou, folheou e leu o texto atuando<br />
via capaci<strong>da</strong>de inferencial, como coautor do texto lido. Também por isso,<br />
a leitura é uma ativi<strong>da</strong>de individual e só a leitura direta, sem intermediário,<br />
é leitura ver<strong>da</strong>deira — a leitura silenciosa que mobiliza to<strong>da</strong> a capaci<strong>da</strong>de<br />
de uma pessoa é uma ativi<strong>da</strong>de quase tão criadora como a de escrever.<br />
Soares reforça de forma bastante eloquente essas afirmações:<br />
Ler um texto é instaurar uma situação discursiva. A leitura do ponto de vista <strong>da</strong> dimensão<br />
individual de letramento (a leitura como uma tecnologia) é um conjunto<br />
de habili<strong>da</strong>des linguísticas e psicológicas, que se estendem desde a habili<strong>da</strong>de de<br />
decodificar palavras escritas até a capaci<strong>da</strong>de de compreender símbolos escritos. Essas<br />
categorias não se opõem, completam-se; a leitura é um processo de relacionar<br />
símbolos escritos a uni<strong>da</strong>des de som e é também o processo de construir uma interpretação<br />
de textos escritos. 15<br />
Definir leitura não é algo simples em virtude de suas muitas variáveis.<br />
Fischer de forma mais ampla, diz que a leitura é “a capaci<strong>da</strong>de de extrair<br />
sentido de símbolos escritos ou impressos”. 16 Dessa forma, ele se utiliza<br />
dos símbolos para a sua orientação na recuperação de informações de sua<br />
memória, para em segui<strong>da</strong> criar, com essas informações, uma interpretação<br />
plausível <strong>da</strong> mensagem do escritor. 17<br />
Rangel entende que “Ler, assim como escrever, são atos de comunicação<br />
verbal caracterizados pela relação cooperativa entre o emissor e o<br />
14 SANDRONI, Laura C. & MACHADO, Luiz Raul (org). A criança e o livro. 2. ed. São Paulo:<br />
Ática, 1987, p. 72 apud Ibidem, p. 23.<br />
15 SOARES, Mag<strong>da</strong>. Letramento: um tema em três gêneros. Belo Horizonte: Autêntica,<br />
1998, p. 68.<br />
16 FISCHER, Steven Roger. História <strong>da</strong> leitura. Tradução de Claudia Freire. São Paulo: Editora<br />
uNESPE, 2006, p. 11.<br />
17 MITCHEEL, 1982 apud Idem.<br />
18
19<br />
O Conceito de <strong>Leitura</strong><br />
receptor, pela transmissão de intenções e conteúdos e por apresentarem<br />
uma forma adequa<strong>da</strong> à sua função”. 18<br />
Em seus primórdios, a leitura consistia na mera capaci<strong>da</strong>de de<br />
obtenção de informações visuais fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> em algum sistema<br />
de códigos, bem como na compreensão de seu significado. Ao passar<br />
dos anos, passou a significar a compreensão de um texto contínuo<br />
com sinais escritos sobre uma superfície grava<strong>da</strong>. Atualmente, está<br />
inseri<strong>da</strong> no conceito de leitura a extração de informações codifica<strong>da</strong>s<br />
de uma tela eletrônica. A definição de leitura tende a continuar se<br />
expandindo no futuro porque, assim como qualquer outra aptidão,<br />
ela também é um indicador do avanço <strong>da</strong> própria humani<strong>da</strong>de. 19<br />
Para Fischer duas teorias conflitam sobre a leitura.<br />
A primeira — defendi<strong>da</strong> pelos que acreditam que ela é um processo exclusivamente<br />
linguístico — analisa-a como um processo linear fonológico (relacionado ao sistema<br />
sonoro de um idioma) que se dá letra a letra, conectando o elemento <strong>da</strong> linguagem em<br />
uni<strong>da</strong>des compreensíveis crescentes, até que a elocução e, em segui<strong>da</strong>, a compreensão<br />
sejam obti<strong>da</strong>s. A segun<strong>da</strong> teoria, apoia<strong>da</strong> pelos que sustentam que a leitura é um processo<br />
semântico-visual, afirma que o grafema ou a forma gráfica — seja um logograma<br />
(sinal representante <strong>da</strong> palavra), seja um silabograma (sinal representante <strong>da</strong> sílaba),<br />
ou ain<strong>da</strong> uma combinação de letras (sinais de um sistema alfabético) — produzem<br />
significado sem necessariamente recorrerem à linguagem. Palavras e frases inteiras, até<br />
mesmo sentenças curtas, podem ser li<strong>da</strong>s “de uma só vez”, afirmam os autores dessa<br />
teoria; não é necessário desmembrá-las em letras pronuncia<strong>da</strong>s individualmente. 20<br />
Considerando as suas perspectivas, ca<strong>da</strong> uma dessas teorias está correta,<br />
ou seja, no nível elementar a leitura é um processo linear fonológico,<br />
enquanto que fluente a leitura é um processo semântico-visual.<br />
um levantamento <strong>da</strong> história <strong>da</strong> leitura poderá promover uma melhor<br />
compreensão de suas mu<strong>da</strong>nças em termos ideológicos, conceituais, metodológicos<br />
e práticos.<br />
18 raNGEL, Jurema Nogueira Mendes. <strong>Leitura</strong> na escola: espaço para gostar de ler. 2. ed. Porto<br />
Alegre: 2007, p. 18.<br />
19 Idem.<br />
20 Idem, p. 12.
2<br />
Aspectos Históricos<br />
<strong>da</strong> <strong>Leitura</strong><br />
A<br />
história <strong>da</strong> leitura pode ser reconstruí<strong>da</strong> com base em suas diferenças e<br />
singulari<strong>da</strong>des, nas diferentes formas de escrever e ler que marcaram as<br />
socie<strong>da</strong>des desde os tempos antigos. Para Cavallo e Chartier, “uma história<br />
sóli<strong>da</strong> <strong>da</strong>s leituras e dos leitores deve, portanto, ser a <strong>da</strong> historici<strong>da</strong>de dos<br />
modos de utilização, de compreensão e de apropriação dos textos”. 1 Quais as<br />
mu<strong>da</strong>nças fun<strong>da</strong>mentais que ao longo do tempo transformaram as práticas<br />
de leitura, e de que maneira o conhecimento dessa prática contribui com<br />
leitor do século XXI, é o que se pretende observar neste capítulo.<br />
“Quanto mais remoto for o passado observado, mais difícil se percebe a<br />
leitura”. 2 Quanto mais se investiga a antigui<strong>da</strong>de, mas se revela o fato de que<br />
apenas grupos seletos tinham acesso aos métodos de registros primitivos.<br />
1. A <strong>Leitura</strong> na Mesopotâmia<br />
Na Mesopotâmia nos deparamos com uma <strong>da</strong>s formas mais primitivas<br />
de leitura. Conforme Fischer, 3 os leitores dessa época apenas visualizavam<br />
1 CAVALLO, Guglielmo; CHARTIER, Roger (org.). História <strong>da</strong> leitura no mundo ocidental.<br />
São Paulo: Ática, 2002, p. 7.<br />
2 CHAuNu, 1994 apud FISCHER, Steven Roger. História <strong>da</strong> leitura. Tradução de Claudia Freire.<br />
São Paulo: Editora uNESPE, 2006, p. 13.<br />
3 Idem, p. 16.
O LíDER CRISTãO E O HÁBITO DE LEITura<br />
um esqueleto textual com nome, mercadoria e valor, cujo objetivo era o de<br />
<strong>da</strong>r poderes à oligarquia. A escrita suméria se desenvolve basea<strong>da</strong> não na<br />
ideia de reprodução de um discurso oral, mas para retenção de informações<br />
concretas na memória. Era uma leitura utilitarista que envolvia certa<br />
união lógica de fragmentos de informação, sem nenhuma preocupação<br />
com o discurso articulado.<br />
A Suméria perpetuou por séculos um acervo considerado vago e ambíguo<br />
com cerca de 18 mil pictogramas e símbolos.<br />
Houve simplificação e padronização e, por volta de 2700-2350 a.C., com as tábuas de<br />
Shurupak, o acervo foi reduzido a mais ou menos oitocentos, com mais utilização <strong>da</strong> lineari<strong>da</strong>de<br />
(escrita em linha de texto). Por volta de 2500 a.C., quase todos os elementos<br />
gráficos no método de escrita dos sumérios haviam se tornado uni<strong>da</strong>des sonoras. E em<br />
torno de 2000 a.C. cerca de apenas 570 logogramas faziam parte do dia a dia. 4<br />
Os sinais em forma de cunha substituíram os primeiros pictogramas,<br />
que eram impressos com estiletes feitos de cana (instrumento pontiagudo<br />
para escrita) sobre argila.<br />
Ler (ita) significava também para os sumérios “contar, ponderar, memorizar,<br />
declamar, ler em voz alta”. 5 Tal aptidão era muito restrita. Para se<br />
ter uma ideia, por volta de 200 a.C., em ur, a maior metrópole <strong>da</strong> região,<br />
com uma população de aproxima<strong>da</strong>mente 12 mil habitantes, uma em ca<strong>da</strong><br />
120 pessoas era capaz de ler e escrever. Semelhantemente, por volta de<br />
1850 a 1550 a.C., na ci<strong>da</strong>de-estado de Babilônia de Sippar, que contava<br />
com cerca de dez mil habitantes, havia apenas 185 escribas (escritores oficiais<br />
em tabuletas).<br />
A leitura se relacionava especificamente ao trabalho. Não era uma ativi<strong>da</strong>de<br />
solitária, silenciosa e prazerosa. Tratava-se de um meio para um<br />
fim, a apresentação pública.<br />
Por volta de 2550 a.C., com a preeminência dos sumérios-acádios,<br />
convencionou-se um silabário, que se tratava de um acervo de sinais sistemáticos<br />
usados puramente para seus valores sonoros silábicos. To<strong>da</strong> a<br />
tradição babilônica foi transmiti<strong>da</strong> nos idiomas sumério e acádio. 6<br />
Os escribas eram os grandes detentores <strong>da</strong> arte de ler. um escriba<br />
sumério possuía um grande senso de responsabili<strong>da</strong>de por deter essa<br />
4 POWELL, 1981 apud Idem, p. 16.<br />
5 Ibidem, p. 17.<br />
6 FISCHER, 2006, p. 18<br />
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