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Dois aprendizados<br />

sobre igualdade racial<br />

Nº 18<br />

Dezembro<br />

de 2007<br />

R$ 2,00 Constituição<br />

C&D<br />

Retrato colorido:<br />

universidade em cores<br />

Entrevista: Timothy<br />

Mulholland, reitor da UnB<br />

& Democracia<br />

Ações afirmativas e inclusão


02 | UnB – SindjusDF CONSTITUIÇÃO & DEMOCRACIA | DEZEMBRO DE 2007<br />

EDITORIAL<br />

Observatório da Constituição e da Democracia<br />

Final de ano é sempre tempo de balanço e analise de realizações.<br />

Esta edição, derradeira de 2007, a de número dezoito, é<br />

exemplo de um ano frutífero dentro da proposta deste Observatório<br />

da Constituição e da Democracia: ampliar o debate sobre<br />

as leis, sobre a Constituição e a vida da sociedade brasileira, propor novos<br />

rumos ao debate das idéias, promover a inclusão, a igualdade e a<br />

justiça social. Enfim, tematizar a relação entre direito e democracia. Em<br />

várias edições fechamos nosso foco em temas especiais, como a questão<br />

indígena, direito e arte, e a questão da memória. Foram edições que<br />

aprofundaram discussões, sem fugir ao nosso sentido maior, o de acrescentar<br />

diferentes visões de mundo ao dia-a-dia da prática do direito e<br />

da democracia. Na defesa de todos esses valores este número aborda<br />

uma questão central: o papel de ações afirmativas como políticas de inclusão,<br />

na luta pela integração das mais distintas camadas da sociedade<br />

brasileira - uma questão, aliás, na qual a Universidade de Brasília foi<br />

pioneira no âmbito do ensino superior. Para este ponto, chama-se a<br />

atenção para a entrevista do reitor da UnB, Timothy Mulholland. Em<br />

2008, quando celebraremos 20 anos da Constituição Federal, aprofundaremos<br />

ainda mais a nossa observação participativa.<br />

Grupo de pesquisa Sociedade, Tempo e Direito<br />

Faculdade de Direito – Universidade de Brasília<br />

EXPEDIENTE<br />

Caderno mensal concebido, preparado e<br />

elaborado pelo Grupo de Pesquisa<br />

Sociedade, Tempo e Direito (Faculdade<br />

de Direito da UnB – Plataforma Lattes<br />

do CNPq).<br />

Coordenação<br />

Alexandre Bernardino Costa<br />

Cristiano Paixão<br />

José Geraldo de Sousa Junior<br />

Menelick de Carvalho Netto<br />

Comissão de redação<br />

Adriana Andrade Miranda<br />

Giovanna Maria Frisso<br />

Janaina Lima Penalva da Silva<br />

Leonardo Augusto Andrade Barbosa<br />

Mariana Siqueira de Carvalho Oliveira<br />

Marthius Sávio Cavalcante Lobato<br />

Paulo Henrique Blair de Oliveira<br />

Ricardo Machado Lourenço Filho<br />

Integrantes do Observatório<br />

Alex Lobato Potiguar<br />

Aline Lisboa Naves Guimarães<br />

Beatriz Cruz da Silva<br />

Carolina Pinheiro<br />

Damião Azevedo<br />

Daniel Augusto Vila-Nova Gomes<br />

Daniel Barcelos Vargas<br />

Daniela Diniz<br />

Douglas Antônio Rocha Pinheiro<br />

Eduardo Rocha<br />

Fabiana Gorenstein<br />

Fabio Costa Sá e Silva<br />

Fernanda-Cristinne Rocha de Paula<br />

Guilherme Cintra Guimarães<br />

Guilherme Scotti<br />

Gustavo Rabay Guerra<br />

Henrique Smidt Simon<br />

Jan Yuri Amorim<br />

Jean Keiji Uema<br />

Jorge Luiz Ribeiro de Medeiros<br />

Juliano Zaiden Benvindo<br />

Laura Schertel Ferreira Mendes<br />

Lúcia Maria Brito de Oliveira<br />

Maurício Azevedo Araújo<br />

Paulo Rená da Silva Santarém<br />

Paulo Sávio Peixoto Maia<br />

Pedro Diamantino<br />

Ramiro Nóbrega Sant´Ana<br />

Renato Bigliazzi<br />

Rosane Lacerda<br />

Silvia Regina Pontes Lopes<br />

Sven Peterke<br />

Vanessa Dorneles Schinke<br />

Vitor Pinto Chaves<br />

Projeto editorial<br />

R&R Consultoria e Comunicação Ltda<br />

Editor responsável<br />

Luiz Recena (MTb 3868/12/43v-RS)<br />

Editor assistente<br />

Rozane Oliveira<br />

Diagramação<br />

Gustavo Di Angellis<br />

Ilustrações<br />

Flávio Macedo Fernandes<br />

Contato<br />

observatorio@unb.br<br />

www.fd.unb.br<br />

Sindicato dos Bancários<br />

de Brasília<br />

SindPD-DF<br />

Greve como direito fundamental<br />

José Geraldo de Sousa Júnior - Professor da Faculdade de Direito da UnB, membro dos<br />

grupos de pesquisa Sociedade, Tempo e Direito e O Direito Achado na Rua, da UnB e da<br />

Comissão de Defesa da República e da Democracia, do Conselho Federal da OAB<br />

Cristiano Paixão - Professor da Faculdade de Direito da UnB. Integrante dos grupos de<br />

pesquisa Sociedade, Tempo e Direito e Direito achado na rua. Procurador do<br />

Ministério Público do Trabalho em Brasília 03<br />

Educação para todos e entre todos: o processo recíproco da formação superior<br />

Loussia Musse Felix - Professora da Faculdade de Direito da UnB, mestre em Direito (PUC-RJ)<br />

e doutora em Educação (UFSCAR), membro da Comissão do Programa Internacional de<br />

Bolsas de Pós-Graduação da Fundação Ford e coordenadora Latino-Americana na<br />

área de Direito do Projeto ALFA-Tunning 04<br />

As ações afirmativas e desigualdades raciais<br />

Francisco Luciano de Azevedo Frota - Juiz do Trabalho 06<br />

Crônica de dois aprendizados sobre igualdade racial<br />

Fabio Morais de Sá e Silva - Advogado, mestre pela UnB; doutorando em Direito,<br />

Política e Sociedade na Northeastern University (Boston, EUA).<br />

Michelle Morais de Sá e Silva - Bacharel em relações internacionais, mestre pelo<br />

Institute of Social Studies (A Haia, Holanda); doutoranda em Educação Comparada<br />

e Internacional na Columbia University (Nova Iorque, EUA).<br />

Retrato colorido ou a Universidade em Cores<br />

Damião Alves de Azevedo - Advogado, mestre em Direito pela UnB, membro do<br />

grupo de pesquisas Sociedade, Tempo e Direito 10<br />

Entrevista: Timothy Mullholand, reitor da Universidade de Brasília<br />

Ação Afirmativa: compromisso com a inclusão<br />

José Geraldo de Sousa Júnior 12<br />

Educação inclusiva e os portadores de necessidades especiais<br />

Silvia Regina Pontes Lopes - Procuradora Federal, professora de Direito Público,<br />

membro do grupo de pesquisa Sociedade, Tempo e Direito 14<br />

OBSERVATÓRIO DO JUDICIÁRIO<br />

Ação afirmativa e a Constituição<br />

Carlos Alberto Reis de Paula - professor adjunto da UnB e ministro do Tribunal<br />

Superior do Trabalho 16<br />

OBSERVATÓRIO DOS MOVIMENTOS SOCIAIS<br />

Judiciário e Lei Maria da Penha: gritos no privado, silêncio no público<br />

Soraia da Rosa Mendes - Mestre em Ciência Política pela UFRGS, pós-graduada em<br />

Direitos Humanos pelo CESUSC, professora da Faculdade de Direito da UniDF e UnB 18<br />

OBSERVATÓRIO DO LEGISLATIVO<br />

Palavras e silêncios<br />

Jorge Luiz Ribeiro de Medeiros - Advogado, mestre em Direito, Estado e Constituição<br />

pela UnB, professor Universitário - UniCEUB e IESB 20<br />

OBSERVATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO<br />

Políticas de inclusão e ações afirmativas<br />

Luiza Cristina Fonseca Frischeisen - Procuradora Regional da República, Bacharel em Direito<br />

pela UERJ, Mestre em Direito do Estado pela PUC/SP e Doutora em Direito pela USP 22<br />

A importância de entender direito<br />

Paulo Rená da Silva Santarém - Bacharel em direito pela UnB, servidor do Tribunal Superior<br />

do Trabalho e integrante do grupo de pesquisa Sociedade, Tempo e Direito 23<br />

Porqué no te callas?<br />

Boaventura de Sousa Santos - Diretor do Centro de Estudos Sociais da<br />

Universidade de Coimbra 24<br />

Assine C&D<br />

assinecd@gmail.com<br />

08


22 | UnB – SindjusDF CONSTITUIÇÃO & DEMOCRACIA | DEZEMBRO DE 2007<br />

OBSERVATÓRIO DO MINISTÉRIO PÚBLICO<br />

Políticas de inclusão e<br />

ações afirmativas<br />

Luiza Cristina Fonseca Frischeisen<br />

Muito se fala de da exclusão<br />

social em nosso país, quais<br />

seriam suas causas e políticas<br />

possíveis para que grupos da sociedade<br />

brasileira historicamente<br />

excluídos do acesso a bens e direitos<br />

que a Constituição Federal prevê<br />

como universais na nossa sociedade,<br />

pudessem exercer melhor a<br />

sua cidadania.<br />

É verdade que nosso país tem desigualdades<br />

sociais e regionais e que<br />

políticas universais como a melhoria<br />

do ensino público como um todo<br />

contribui para a diminuição de tais<br />

desigualdades. Entretanto, existem<br />

desigualdades que devem ser combatidas<br />

com políticas específicas para<br />

determinado grupo tido como<br />

vulnerável face aos grupos majoritários<br />

ou mais favorecidos de uma determinada<br />

sociedade.<br />

Essas políticas são conhecidas<br />

como ações afirmativas, que são um<br />

conjunto de ações que pode ser diretamente<br />

implementado pela legislação<br />

ou incentivado a partir de um<br />

programa estabelecido e que tem<br />

como objetivo superar desigualdades<br />

de grupos específicos no acesso<br />

a bens, direitos e serviços considerados<br />

essenciais em uma determinada<br />

sociedade.<br />

Em vários países europeus, ações<br />

afirmativas foram implementadas<br />

para a defesa dos direitos das mulheres<br />

quanto ao acesso ao mercado de<br />

trabalho. Neste caso, a adoção de política<br />

de ação afirmativa consiste em<br />

eliminar as desigualdades que afetam<br />

as mulheres na sua vida, no trabalho<br />

e destina-se a promoção de<br />

um melhor equilíbrio entre os sexos<br />

no emprego. Procura também incentivar<br />

a presença da mulher nos<br />

altos níveis de responsabilidade, a<br />

fim de obter o melhor uso de todos<br />

os recursos humanos.<br />

As ações afirmativas pressupõem<br />

uma renúncia do Estado e das insti-<br />

tuições a uma neutralidade baseada<br />

no princípio da igualdade jurídicoformal,<br />

pois para promover a igualdade<br />

material é necessária uma atuação<br />

voltada para os grupos mais excluídos<br />

e vulneráveis da sociedade.<br />

As ações afirmativas não ferem o<br />

direito à igualdade, pois este significa<br />

aplicar a mesma norma a pessoas<br />

que se encontram em uma mesma<br />

situação básica, havendo diferenças<br />

na situação-base, normas diferentes<br />

poderão ser aplicadas.<br />

Em nosso país, a Constituição Federal<br />

prevê em seu artigo 37, inciso<br />

VII, ação afirmativa em relação às<br />

pessoas portadoras de deficiência<br />

quando ao acesso às concursos públicos,<br />

prevendo que nos editais de<br />

concursos haverá um a percentual<br />

reservado àqueles, que, em regra<br />

tem sido de 5% . Sendo certo que o<br />

Estatuto do Servidor Público Civil<br />

Federal prevê também que essa reserva<br />

não poderá superar 20%.<br />

Para a iniciativa privada, a Lei nº<br />

8212/1991 em seu artigo 93 prevê<br />

que as empresas devem ter entre 2%<br />

e 5% de trabalhadores portadores de<br />

deficiência de acordo com o número<br />

de total de empregados.<br />

Nos últimos anos, universidades<br />

públicas brasileiras, com base no<br />

princípio constitucional da autonomia<br />

na sua administração, passaram<br />

a estabelecer ações afirmativas nas<br />

suas regras de ingresso relativamente<br />

a grupos diversos, como estudantes<br />

oriundos de escolas públicas,<br />

que se declarem negros e/ou pardos<br />

(segundo critérios do IBGE) ou indígenas.<br />

Cada universidade em razão<br />

da formação da população local e do<br />

que considera mais benéfico para<br />

contar com a diversidade de alunos<br />

em seus quadros, tem adotado regras<br />

próprias, algumas adotam sistema<br />

de acréscimo de pontos (como a<br />

Unicamp), outras como a UNB, a reserva<br />

de vagas para os candidatos<br />

que se declaram negros, outras situadas<br />

em estados com grande população<br />

de povos indígenas tem programas<br />

específicos para a formação<br />

de professores indígenas destinados<br />

à educação destas comunidades.<br />

Vê-se, portanto, que as ações afirmativas<br />

são políticas dentre as várias<br />

que podem e devem ser adotadas<br />

para combater a exclusão social de<br />

grupos vulneráveis, que podem variar<br />

de país para país. O importante é<br />

construir mais igualdade.

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