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a descrição da atividade intencional da consciência na obra ...

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A <strong>descrição</strong> <strong>da</strong> ativi<strong>da</strong>de <strong>intencio<strong>na</strong>l</strong> <strong>da</strong> <strong>consciência</strong><br />

concebeu que ideae seria uma relação <strong>intencio<strong>na</strong>l</strong> constituí<strong>da</strong> por dois pares de<br />

correlatos (ideia como representação e ideia representa<strong>da</strong>) e, por isso mesmo, encontrou<br />

<strong>na</strong> <strong>descrição</strong> cartesia<strong>na</strong> ape<strong>na</strong>s o último elemento do par de correlatos intencio<strong>na</strong>is, ou<br />

seja, a ideia representa<strong>da</strong>. Se essa relação <strong>intencio<strong>na</strong>l</strong> tivesse sido concebi<strong>da</strong> por<br />

Hobbes, ele teria percebido que o termo ideae tinha sido apresentado justamente por ser<br />

capaz de definir as relações que estruturavam as ativi<strong>da</strong>des psíquicas como “[...] eu<br />

represento um homem ou uma quimera, ou o céu, ou um anjo, ou mesmo Deus” 31 .<br />

Foi exatamente nesse ponto que Brentano encontrou a precisão <strong>da</strong> definição<br />

cartesia<strong>na</strong>, pois o segundo ponto fun<strong>da</strong>mental estava no novo estatuto <strong>da</strong>quilo que<br />

constituía o correlato do ato de representar: a objetivi<strong>da</strong>de. Assim, para Brentano, esse<br />

estatuto de objetivi<strong>da</strong>de explicitava-se <strong>na</strong> afirmação de Descartes, quando ele sustentou<br />

que “[...] quer eu imagine uma cabra ou uma quimera, não é menos ver<strong>da</strong>deiro que eu<br />

imagino tanto uma como outra” 32 . Vejamos os detalhes desse segundo ponto.<br />

Ain<strong>da</strong>, como esclarece Lebrun, se essa definição cartesia<strong>na</strong> reconheceu ape<strong>na</strong>s<br />

o caráter objetivo do correlato do ato de representar, então, no que concernia às ideias<br />

considera<strong>da</strong>s em si mesmas, “[...] elas não poderiam, propriamente falando, ser<br />

falsas” 33 , uma vez que a atribuição de ver<strong>da</strong>de ou falsi<strong>da</strong>de cabe ao juízo. Para<br />

Brentano, esse foi outro ponto fun<strong>da</strong>mental <strong>da</strong> análise cartesia<strong>na</strong>, pois a restrição <strong>da</strong><br />

ver<strong>da</strong>de e falsi<strong>da</strong>de à esfera de ativi<strong>da</strong>de psíquicas do juízo era outro modo de<br />

estabelecer a não existência de relação entre os elementos que compõem a ideae e algo<br />

exterior à <strong>consciência</strong>. Desse modo, tal como sustentou Descartes, “[...] se eu<br />

considerasse as ideias ape<strong>na</strong>s como certos modos ou formas de meu pensamento, sem<br />

querer relacioná-las a algo de exterior, mal poderiam elas <strong>da</strong>r-me ocasião de falhar” 34 .<br />

Assim, portanto, restrita à ativi<strong>da</strong>de do cogito, a ideae possuía, como afirma Lebrun,<br />

uma reali<strong>da</strong>de objetiva ou valor objetivo. Foi justamente essa objetivi<strong>da</strong>de que<br />

Brentano concebeu como existência não real do objeto imanente, abando<strong>na</strong>ndo<br />

definitivamente a terminologia aristotélico-tomista.<br />

O exposto é suficiente para apresentar a <strong>descrição</strong> <strong>da</strong> primeira classe de<br />

ativi<strong>da</strong>de psíquica e o modo como Brentano recepcio<strong>na</strong> um dos conceitos cartesianos <strong>na</strong><br />

<strong>obra</strong> Psicologia Descritiva.<br />

31 Idem, René. Meditações, p. 109.<br />

32 Idem, Ibidem.<br />

33 Idem, Ibidem.<br />

34 Idem, Ibidem.<br />

185 Kínesis, Vol. IV, n° 07, Julho 2012, p. 174-187

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