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história das religiões e mística no pensamento de gershom ... - Unig

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não preten<strong>de</strong> fazer da <strong>história</strong> uma religião, uma <strong>mística</strong> 4 . Antes, o historiador ju<strong>de</strong>u<br />

aprimora a sua filologia a partir <strong>de</strong> uma teoria do objeto. É <strong>de</strong>sta maneira pela qual<br />

Scholem procura aproximar-se do conteúdo <strong>das</strong> tradições <strong>mística</strong>s e, assim, tornar<br />

compreensível as revelações dos elementos ocultos dos quais po<strong>de</strong>-se enten<strong>de</strong>r o processo<br />

histórico <strong>das</strong> <strong>religiões</strong> – sem <strong>de</strong>purá-las <strong>de</strong> suas contradições simbólicas (HABERMAS,<br />

1980, p. 123).<br />

2. A dinâmica religiosa<br />

Se para os historiadores alemães do século XIX a <strong>história</strong> era exclusivamente palco<br />

da evolução natural <strong>de</strong> uma <strong>de</strong>terminada cultura, diferentemente para Scholem, há três<br />

enfoques possíveis pelos quais a tradição po<strong>de</strong> entendida: “i) ela po<strong>de</strong> ser continuamente<br />

retomado; ii) po<strong>de</strong> transforma-se num progresso da metamorfose e adquirir uma <strong>no</strong>va<br />

roupagem; e iii) estar exposta a uma ruptura vinculada à rejeição da própria tradição”<br />

(SCHOLEM, 1999, p. 129).<br />

Para Scholem, a sua época manifestou <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> rupturas, <strong>de</strong> renúncias e, até<br />

mesmo, <strong>de</strong> negações que nascem <strong>de</strong> aspirações silenciosas <strong>de</strong> uma reconstrução ou,<br />

simplesmente, da reposição <strong>de</strong> uma or<strong>de</strong>m do sentido, da arqué originária (mas<br />

<strong>no</strong>stálgica). Contudo, diante <strong>de</strong>ste peremptório <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> rejeição, po<strong>de</strong>mos <strong>no</strong>s indagar o<br />

seguinte: existe realmente uma ruptura? a interdição <strong>de</strong> uma tradição e o início <strong>de</strong> uma<br />

outra se faz a partir da sobrevivência <strong>de</strong> qualquer fragmento do passado? Bem, para estas<br />

consi<strong>de</strong>rações, vamos <strong>no</strong>s valer da concepção <strong>de</strong> Scholem sobre a questão judaica e, assim,<br />

continuar aproveitando as suas teses como uma contribuição metodológica para uma<br />

possível <strong>história</strong> <strong>das</strong> <strong>religiões</strong>.<br />

4 “Contrariamente a Rosenzweig, Gershom (Gehard) Scholem não é teólogo, mas historiador. Sua obra<br />

representa não apenas um monumento impar <strong>de</strong> historiografia mo<strong>de</strong>rna, como também lança um <strong>no</strong>vo olhar<br />

sobre a tradição religiosa judaica, restituindo-lhe sua dimensão messiânica e apocalíptica, escamoteada pela<br />

leitura racionalista estreita da Wissenchaft <strong>de</strong>s ju<strong>de</strong>ntums (Graetz, Zung, Steinschnei<strong>de</strong>r) e da sociologia<br />

alemã. Max Weber e Werner Sombart não viram na espiritualida<strong>de</strong> judaica senão o racionalismo calculista:<br />

Scholem pôs em evidência as correntes religiosas subterrâneas, <strong>mística</strong>s, heréticas, escatológicas e anárquicas<br />

da <strong>história</strong> do judaísmo” (LÖWY, 1989, pp. 57-58).<br />

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