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Nº 216 Dezembro 2011 - Clube de Campismo do Concelho de ...

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16<br />

tema <strong>de</strong> capa<br />

Não é <strong>do</strong>ença... mas mata muito lentamente.<br />

Não é síntoma mas gera síntomas. Definha e<br />

corrói a nossa alma, corrompe o nosso ser,<br />

<strong>de</strong>licera-nos o espírito, priva-nos <strong>de</strong> sermos quem<br />

verda<strong>de</strong>iramente somos, <strong>de</strong> sermos felizes e <strong>de</strong><br />

vermos a vida com a esperança que merecemos.<br />

A solidão, actualmente, é um <strong>do</strong>s mais sérios e mais<br />

graves problemas socio-culturais. Que, na maioria<br />

<strong>do</strong>s casos, nos passa completamente ao largo...<br />

ou não tanto. Por vezes, <strong>de</strong> tão instalada em nós<br />

já estar, nem nos apercebemos até ao último momento,<br />

que muitas vezes <strong>de</strong>ci<strong>de</strong> a nossa existência<br />

nesta terra.<br />

Este perigoso fenómeno é resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> uma diversida<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> razões: <strong>de</strong>sejo voluntário <strong>de</strong> isolamento<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> exterior, agorafobia (me<strong>do</strong>, pavor <strong>do</strong>s<br />

exteriores e/ou multidões), o falecimento <strong>de</strong> um familiar,<br />

companheiro ou amigo chega<strong>do</strong> ou algum<br />

tipo <strong>de</strong> <strong>do</strong>ença psiquiátrica mais grave, como Alzheimer.<br />

E é um fenómeno que se procura a si mesmo,<br />

ou seja, a solidão traz mais solidão a si, é um<br />

íman atractor <strong>de</strong> negativismo. Quan<strong>do</strong> as pessoas<br />

se apercebem que estão sós, o pensamento é invadi<strong>do</strong><br />

por uma aura negra, pesada e <strong>do</strong>lorosa,<br />

a pessoa torna-se <strong>de</strong>primida, enfraquecida e <strong>de</strong>sprovida<br />

<strong>de</strong> qualquer esperança.<br />

Estu<strong>do</strong>s revelam que os habitantes <strong>do</strong>s países mais<br />

<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, pelos seus hábitos <strong>do</strong> quotidiano e<br />

<strong>de</strong> vida, são os mais propensos a “contrair” este<br />

tipo <strong>de</strong> “<strong>do</strong>ença”, nomeadamente nas gran<strong>de</strong>s<br />

cida<strong>de</strong>s da Europa e América, on<strong>de</strong> se vem verifican<strong>do</strong><br />

que o número <strong>de</strong> casos tem vin<strong>do</strong> a aumentar.<br />

Igualmente confirma-se que existe uma relação<br />

quase proporcional entre a solidão e o risco<br />

<strong>de</strong> se contrair um da<strong>do</strong> número <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças e patologias<br />

físicas, psíquicas e até imunológicas. Desta<br />

forma as pessoas em questão encontram-se mais<br />

expostas ao risco <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças graves ou crónicas.<br />

Segun<strong>do</strong> estu<strong>do</strong>s da Medizin Populaer, uma revista<br />

austríaca da especialida<strong>de</strong>, os homens divorcia<strong>do</strong>s<br />

contraem três vezes mais <strong>do</strong>enças <strong>do</strong> que<br />

os casa<strong>do</strong>s e o índice <strong>de</strong> mortalida<strong>de</strong> masculina<br />

<strong>de</strong>pois da viuvez regista um aumento <strong>de</strong> 40%. O<br />

enfarte <strong>do</strong> miocárdio é a causa mais comum <strong>de</strong><br />

morte, para estes mesmos casos. Nas mulheres, o<br />

maior problema resi<strong>de</strong> no cancro, sen<strong>do</strong> que a esperança<br />

média <strong>de</strong> vida é <strong>de</strong> um ano após a morte<br />

<strong>do</strong> mari<strong>do</strong> ou companheiro. A perda repentina<br />

ou gradual <strong>de</strong> um companheiro <strong>de</strong> longa vida faz<br />

privar as pessoas da sua alegria e da sua vonta<strong>de</strong><br />

<strong>de</strong> viver, levan<strong>do</strong> a crises <strong>de</strong> <strong>de</strong>pressão, “stress” e<br />

a quebras na alimentação diária necessária e a<br />

recorrer ao consumo (em muitos casos, excessivo)<br />

<strong>de</strong> álcool, medicamentos, drogas ou uma mistura<br />

<strong>de</strong>stes. Isto, naturalmente, aumenta o risco <strong>de</strong><br />

O <strong>Campismo</strong> no co<br />

Tinhamos, na nossa planificação, <strong>de</strong>cidi<strong>do</strong> que os t<br />

tema Saú<strong>de</strong>. Embora não sen<strong>do</strong> propriamente uma d<br />

ma, faz sofrer e também mata. Assim <strong>de</strong>cidimos hoj<br />

afecta, e às vezes ro<strong>de</strong>a<strong>do</strong>s <strong>de</strong> multidões, sofrem d<br />

atenção para que olhemos um pouco à nossa volta<br />

palavra amiga é suficiente - contribuamos para mini<br />

contrair úlceras no sistema digestivo<br />

e problemas hepáticos,<br />

associa<strong>do</strong>s a <strong>do</strong>res <strong>de</strong> cabeça<br />

(cefaleias) graves ou crónicas.<br />

Como menciona<strong>do</strong> anteriormente,<br />

o risco <strong>de</strong> <strong>do</strong>enças <strong>do</strong><br />

foro cardíaco aumenta com<br />

a solidão, mais precisamente<br />

para o <strong>do</strong>bro, segun<strong>do</strong> Georg<br />

Gaul, da Socieda<strong>de</strong> Austríaca<br />

<strong>de</strong> Cardiologia. Verda<strong>de</strong>iramente<br />

o nosso coração funciona<br />

por si para nos fazer viver,<br />

mas para viver por si necessita<br />

<strong>de</strong> companhia.<br />

A solidão é, tecnicamente falan<strong>do</strong> um défice, um<br />

<strong>de</strong>sequilíbrio (uma falha, se quisermos) em quantida<strong>de</strong><br />

e em qualida<strong>de</strong> numa relação interpessoal<br />

e/ou social, que se torna numa <strong>de</strong>sagradável experiência<br />

e que se manifesta na maioria <strong>do</strong>s casos,<br />

como vimos, nos países mais <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s - on<strong>de</strong><br />

os contrastes sociais são mais notórios - nos mais<br />

marginaliza<strong>do</strong>s, nos mais i<strong>do</strong>sos e nas classes economicamente<br />

mais ou menos <strong>de</strong>sfavorecidas.<br />

No panorama <strong>do</strong>s mais marginaliza<strong>do</strong>s, a socieda<strong>de</strong><br />

urbana actual, pelas suas dinâmicas sociais<br />

ten<strong>de</strong>rão sempre a apagar e a riscá-los <strong>do</strong> mapa,<br />

<strong>de</strong>moven<strong>do</strong>-lhes da sua interacção social. Verifica-se<br />

que a socieda<strong>de</strong> tem vin<strong>do</strong> a tornar-se progressivamente<br />

mais egoísta e mais egocêntrica e a<br />

“pôr <strong>de</strong> parte” ou mesmo a consi<strong>de</strong>rar como “lixo”<br />

alguns <strong>do</strong>s marginaliza<strong>do</strong>s que vivem to<strong>do</strong>s os dias<br />

nas nossas ruas e, quem sabe, à porta <strong>do</strong> nosso<br />

prédio. Mas não saberemos ao<br />

certo o porquê <strong>de</strong> essas pessoas<br />

ali estarem se não intervirmos<br />

proactivamente na resolução<br />

<strong>de</strong>stes problemas. Elas são um<br />

“dramático” exemplo da solidão<br />

no nosso dia-a-dia, talvez<br />

resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> alguns <strong>do</strong>s motivos<br />

já apresenta<strong>do</strong>s.<br />

Os mais i<strong>do</strong>sos são igualmente<br />

um pequeno gran<strong>de</strong> grupo<br />

etário em risco. Envelhecer, hoje

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