beatriz helena dal molin do tear à tela: uma tessitura de ... - UFSC
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UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA<br />
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM ENGENHARIA DE PRODUÇÃO<br />
ÁREA DE CONCENTRAÇAO: MÍDIA E CONHECIMENTO<br />
BEATRIZ HELENA DAL MOLIN<br />
DO TEAR À TELA:<br />
UMA TESSITURA DE LINGUAGENS E SENTIDOS<br />
PARA O PROCESSO DE APRENDÊNCIA<br />
Florianópolis, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.
BEATRIZ HELENA DAL MOLIN<br />
DO TEAR À TELA:<br />
UMA TESSITURA DE LINGUAGENS E SENTIDOS PARA O<br />
PROCESSO DE APRENDÊNCIA<br />
Tese submetida ao Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em<br />
Engenharia <strong>de</strong> Produção da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa<br />
Catarina para a obtenção <strong>do</strong> titulo <strong>de</strong> Doutora em<br />
Engenharia <strong>de</strong> Produção, Área <strong>de</strong> Concentração em Mídia e<br />
Conhecimento.<br />
Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Francisco Antônio Pereira Fialho, Dr.<br />
Co-orienta<strong>do</strong>r: Prof. Norberto Jacob Etges, Dr.<br />
Florianópolis, <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.<br />
2
Dal Molin, Beatriz Helena.<br />
DO TEAR A TELA: Uma Tessitura <strong>de</strong> Linguagens e Senti<strong>do</strong>s para o<br />
Processo <strong>de</strong> Aprendência/ Beatriz Helena Dal Molin. Florianópolis,<br />
<strong>UFSC</strong>/CTE, 2003.<br />
VII 237 p<br />
Orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Francisco Antônio Pereira Fialho<br />
Co-orienta<strong>do</strong>r: Prof. Dr. Norberto Etges<br />
Tese – Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, Centro Tecnológico.<br />
1. Linguagem. 2.Tecnologia. 3.Aprendência.4. Subjetivida<strong>de</strong> 5. <strong>tela</strong><br />
I Título.<br />
3
BEATRIZ HELENA DAL MOLIN<br />
DO TEAR A TELA:<br />
UMA TESSITURA DE LINGUAGENS E SENTIDOS PARA O<br />
PROCESSO DE ENSINO APRENDÊNCIA<br />
Esta tese foi julgada a<strong>de</strong>quada para a obtenção da titulação <strong>de</strong> Doutor em<br />
Engenharia <strong>de</strong> Produção – área <strong>de</strong> concentração Mídia e Conhecimento, e<br />
aprovada em sua forma final pelo Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia<br />
<strong>de</strong> Produção da Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />
Florianópolis, 11 <strong>de</strong> <strong>de</strong>zembro <strong>de</strong> 2003.<br />
____________________________<br />
Prof. Edson Pacheco Paladini, Dr.<br />
Coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Curso <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia <strong>de</strong> Produção<br />
Banca Examina<strong>do</strong>ra<br />
Prof. Francisco Antônio Pereira Fialho Dr.<br />
Orienta<strong>do</strong>r<br />
Prof. Norberto Jacob Etges Dr.<br />
Co-Orienta<strong>do</strong>r<br />
Prof. Lauro Carlos Wittmann Dr.<br />
Prof. Alejandro Martins Rodrigues Dr.<br />
Profa. Silvia Mo<strong>de</strong>sto Nassar Dra.<br />
Profa. Zeina Correa Rebouças Thomé, Dra. Profa. Araci Hack Catapan, Dra.<br />
4
5<br />
Reverencio<br />
A memória <strong>do</strong>s meus avós<br />
Josaphat e Rosália Frigotto Dal Molin;<br />
João e Égi<strong>de</strong> Rech Oldra,<br />
raízes primeiras <strong>de</strong> minha existência atual.
Dedico<br />
esta tese<br />
a <strong>uma</strong> pessoa<br />
muito especial que é<br />
o anjo mensageiro<br />
<strong>de</strong> minha vida. É também<br />
mensagem, <strong>tear</strong>, tecelagem e<br />
<strong>tela</strong>. É fé, esteio e, acima <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> mulher:<br />
tu<strong>do</strong>,<br />
minha mãe<br />
NOELI.<br />
Dedico-a,<br />
também a um homem que<br />
fez <strong>de</strong> sua vida trabalho,<br />
distância e um silêncio<br />
inexplicável, <strong>do</strong>lori<strong>do</strong> e<br />
revela<strong>do</strong>r <strong>de</strong> muitas outras<br />
coisas silenciadas e<br />
intraduzíveis,<br />
mas que compuseram<br />
a marcha <strong>de</strong> minha vida:<br />
Meu pai:<br />
BENJAMIN.<br />
6
7<br />
Compõem-na:<br />
minhas irmãs:<br />
Noemi Maria,<br />
retrato <strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação ao esposo, aos filhos, <strong>à</strong> nossa família e <strong>à</strong> sua profissão.<br />
Educa<strong>do</strong>ra exemplar que sabe fazer <strong>do</strong> ato pedagógico um evento sempre <strong>à</strong><br />
frente <strong>de</strong> seu tempo, irmã-ternura: nossa “Pepózinha”;<br />
Neli Rita,<br />
Símbolo <strong>de</strong> competência,<br />
arte e agilida<strong>de</strong> no tecer suas rendas, em suas mãos-<strong>tear</strong>es/<br />
na vida/ teia<br />
<strong>de</strong> esposa, mãe, mulher e irmã “Ximiriquenta” que <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> sabe tirar gosto,<br />
também por trazer para nossas vidas Rui Alex, Rafael Antonio, Ione e Alan ;<br />
Ana Maria,<br />
mulher-guerreira que sabe lançar mão da coragem,<br />
da fé e <strong>de</strong> suas forças para conseguir o que <strong>de</strong>seja, nossa “Anarteira”, artista,<br />
prendada e ren<strong>de</strong>ira;<br />
Elisabete,<br />
a irmã que o sangue não confere,<br />
mas que o coração sempre aceitou como tal, a “Biscoito” que sempre esquece<br />
tu<strong>do</strong>, mas não po<strong>de</strong> esquecer que a vida é também o amor fraternal que lhe<br />
temos;
8<br />
Acalentaram minha jornada:<br />
Meus a<strong>do</strong>ra<strong>do</strong>s sobrinhos:<br />
Keyla,<br />
primeiro encanto, primeiro berço curti<strong>do</strong> em bolas, tules e véus,<br />
primeiro colo preenchi<strong>do</strong>. Uma linda criança ativa, <strong>uma</strong> bela jovem inquieta, <strong>uma</strong><br />
fisioterapeuta competente e um ser h<strong>uma</strong>no pleno: nossa “Mana” amada;<br />
Tobias,<br />
Dos olhos <strong>de</strong> céu e mar,<br />
um bebê imenso, como imenso é seu coração <strong>de</strong> lí<strong>de</strong>r,<br />
um garoto bonito e muito ativo, um príncipe para nossos olhos que não se<br />
cansam <strong>de</strong> admirar sua inteligência, seu senso <strong>de</strong> humor, sua perspicácia, sua<br />
total beleza: nosso “Thobiza”;<br />
Rayza,<br />
que guarda em seus olhos a amplidão e a profun<strong>de</strong>za <strong>do</strong>s mares to<strong>do</strong>s, pequena<br />
e <strong>do</strong>ce boneca <strong>de</strong> carne que sempre nos encantou e ensinou-me a recuperar a<br />
serenida<strong>de</strong> e a placi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> ser sempre criança para crer em Papai-Noel.<br />
esperar que o sapatinho sempre traga um gosto <strong>de</strong> bombom-surpresa,<br />
que a escola um dia , <strong>de</strong> fato, abrigue os que andam na contra-mão <strong>de</strong> seu<br />
tempo,<br />
que a gente <strong>de</strong>ve acreditar na vida, mesmo que na garganta o cordão aperte:<br />
nossa a<strong>do</strong>rável “Pimpo”;<br />
Victória Reggina,<br />
que, como o nome diz, rege a Vitória e sempre me ensinou que nascemos para<br />
cumprir senda,<br />
ocupar os espaços permiti<strong>do</strong>s e nega<strong>do</strong>s com a mesma altivez e dignida<strong>de</strong>,<br />
pequena rainha <strong>de</strong> seu e <strong>de</strong> nosso mun<strong>do</strong>,<br />
convite vivo <strong>à</strong> esperança, <strong>à</strong> coragem e ao amor-maior apesar e por causa <strong>de</strong><br />
tu<strong>do</strong>: nossa pequena gran<strong>de</strong>”Muzambeque”;<br />
cunha<strong>do</strong>s Celito e Rui,<br />
Meus<br />
lições <strong>de</strong> dignida<strong>de</strong> na vida pública e privada cujas marcas <strong>de</strong> honestida<strong>de</strong>,<br />
Pelas<br />
competência e carinho engran<strong>de</strong>cem nossa família;<br />
primo Gerson Vitor,<br />
Meu<br />
ser h<strong>uma</strong>no ímpar em sua gran<strong>de</strong>za, competência, <strong>de</strong>dicação e sabe<strong>do</strong>ria.<br />
um<br />
Deus permitiu viver mais ao nosso la<strong>do</strong> para enriquecer nossas vidas e<br />
que<br />
<strong>à</strong> sua família que completa nossa mesa <strong>do</strong>minical e nossos dias comuns;<br />
também<br />
prima Rafaela Oldra Paliosa<br />
Minha<br />
mulher maravilhosa, empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>ra, ousada, marcante, profissional<br />
<strong>uma</strong><br />
competente, seu mari<strong>do</strong> Paulo e seu filho, príncipe Árthur.
9<br />
Agra<strong>de</strong>ço:<br />
Às Faculda<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Palmas/FAFI, hoje FACIPAL<br />
e Facimar, hoje UNIOESTE,<br />
que com seus corpos <strong>do</strong>centes e discentes,<br />
na crença ou <strong>de</strong>scrença <strong>de</strong> minha capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ir,<br />
confirmaram a lição que aprendi com a poetisa paranaense Helena Kolody: “para<br />
quem viaja ao encontro <strong>do</strong> sol,<br />
é sempre madrugada”;<br />
À CAPES/PICD<br />
pela bolsa <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>s<br />
que aliviou um pouco a imensa <strong>de</strong>fasagem salarial que nos separa cotidiana e<br />
paulatinamente <strong>de</strong> dias mais dignos;<br />
À <strong>UFSC</strong>/ Engenharia <strong>de</strong> Produção:<br />
<strong>uma</strong> extraordinária, mo<strong>de</strong>rna e avançada experiência educativa<br />
que a inveja tentou estrangular, com suas garras <strong>de</strong> velhice-surpresa<br />
e seu discurso <strong>de</strong> incompetência magoada;<br />
Aos Apren<strong>de</strong>ntes to<strong>do</strong>s,<br />
<strong>de</strong> ontem, <strong>de</strong> hoje e <strong>de</strong> amanhã que acreditaram e acreditam n<strong>uma</strong> educação<br />
mais competente, viva e dinâmica, capaz <strong>de</strong><br />
produzir conhecimentos que façam nosso hoje melhor,<br />
especialmente<br />
aos apren<strong>de</strong>ntes da TCDI,TCDII,TCDIII,TCDIV que tornaram minha pesquisa<br />
possível e são co -autores <strong>de</strong>sta tese mas, acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, enlaçaram-se para<br />
sempre em meu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> conhecer a ciência e o belo, vivenciar o ato pedagógico<br />
e ser mais plena em tu<strong>do</strong> o que faço.
10<br />
Cito estas Pessoas especiais:<br />
Ana Matil<strong>de</strong> Hmeljeviski,<br />
um encontro maravilhoso que os <strong>de</strong>uses <strong>do</strong>s cinzéis,<br />
das cores, <strong>do</strong>s pincéis e <strong>de</strong> todas as artes e artimanhas propiciaram,<br />
para meu crescimento, alegria e Aprendência; e por presen<strong>tear</strong>-me com as<br />
presenças <strong>de</strong> Jorge, e <strong>de</strong> toda sua família.<br />
Melissa e Lucas<br />
Ana,Iraci,<br />
família muito especial que foi meu abrigo e teto nos primeiros momentos <strong>de</strong>,<br />
<strong>uma</strong><br />
chegada nesta Bela e Santa Catarina. As palavras não traduzem minha<br />
minha<br />
pelo gesto impagável;<br />
gratidão<br />
“Aurora”,<br />
Araci,<br />
gosta <strong>de</strong> alvorecer sempre, mesmo quan<strong>do</strong> o ocaso insiste em ser maior,<br />
que<br />
como toda a aurora, aglutina ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> si o brilho <strong>de</strong> Betinha, Maninha,<br />
que,<br />
e Paulinho;<br />
Xandy<br />
educa<strong>do</strong>ra,<br />
Araci,<br />
dividiu comigo o espaço <strong>do</strong> estu<strong>do</strong>, da pesquisa, mas principalmente o<br />
que<br />
encanto das somas cotidianas <strong>do</strong> Acontecimento da Aprendência e da vida;<br />
Sisto,<br />
Celso<br />
hora <strong>de</strong> ir embora dá <strong>uma</strong> vonta<strong>de</strong> danada <strong>de</strong> chorar. Mas levo comigo aquilo<br />
na<br />
nos fez amigos: a coragem <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar o rio nascer nos meus olhos ao ouvir<br />
que<br />
contar histórias em tempos <strong>de</strong> Proler, <strong>de</strong> Ver <strong>de</strong> ver Meu Pai, <strong>do</strong> menino <strong>do</strong><br />
você<br />
poeta e escritor, <strong>do</strong> menestrel cria<strong>do</strong>r <strong>do</strong> Grupo História Fiada na magia da<br />
Rio,<br />
Lagoa;<br />
Carlos,<br />
nunca ninguém colocará na minha boca o gosto in<strong>de</strong>scritível <strong>do</strong> “claro<br />
acredite:<br />
que você carinhosamente prepara na mimosa cozinha <strong>do</strong> maravilhoso,<br />
enigma”<br />
e apoteótico Literatura Café;<br />
marcante<br />
Etges,<br />
Clarice<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>çura, atenção, carinho e participação plena<br />
ícone<br />
tar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> orientação, nos encontros <strong>de</strong> estu<strong>do</strong><br />
nas<br />
sempre culminavam ao re<strong>do</strong>r <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mesa com pratos caprichosamente<br />
que<br />
prepara<strong>do</strong>s.<br />
também por ser presença <strong>de</strong> Deh e Gui resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong> amor e da ternura <strong>de</strong><br />
Mas<br />
almas maravilhosas que geraram duas outras <strong>de</strong> igual riqueza e<br />
duas<br />
completu<strong>de</strong>;<br />
Cristiano,<br />
me ensinou que um castelo <strong>de</strong> areia dura o tempo necessário para ser<br />
que<br />
inesquecível;<br />
Dulce e Sr. Olívio,<br />
D.<br />
maravilhosas que Deus pôs no meu caminho, presentean<strong>do</strong>-me<br />
pessoas<br />
com suas companhias e com o meu maravilhoso cantinho no<br />
duplamente<br />
<strong>do</strong>s Reis;<br />
Miramar<br />
Geraldina ”Ge”
11<br />
h<strong>uma</strong>no maravilhoso, <strong>uma</strong> profissional competente,<br />
ser<br />
sempre pronta<br />
atenta,<br />
forma, mas principalmente <strong>à</strong> essência.<br />
<strong>à</strong><br />
sua reaparição em minha vida foi fundamental, <strong>de</strong>u a minha escrituração<br />
Ge,<br />
mais segurança e incentivo;<br />
e Zé Arara, Fábio, Fabíola e Pequeno, Fabiane e Jorge<br />
Il<strong>de</strong>nice<br />
maravilhosas que com seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser, suas idiossincrasias e suas<br />
pessoas<br />
compuseram em mim <strong>uma</strong> sinfonia <strong>de</strong> acontecimentos e experiências que soarão<br />
vidas<br />
sempre em meu viver.<br />
para<br />
Nadir,“Nana”,<br />
muitos dias e noites, <strong>de</strong> muitas andanças e paradas, Nana da ajuda,<br />
<strong>de</strong><br />
socorro,<br />
<strong>do</strong><br />
dança <strong>do</strong> ventre,<br />
da<br />
embalo <strong>do</strong> copo, da digitação primeira, da revisão última...Naná <strong>do</strong> coração<br />
<strong>do</strong><br />
que a gente nunca esquece;<br />
mole<br />
“Nê”,<br />
Nelita<br />
primeiros anos <strong>do</strong> mestra<strong>do</strong> aos anos <strong>de</strong> sempre,<br />
<strong>do</strong>s<br />
presença marcante, pelo seu exemplo <strong>de</strong> profissional competente e atenta<br />
pela<br />
<strong>de</strong>talhes e minúcias <strong>do</strong> essencial;<br />
ao<br />
bonda<strong>de</strong> <strong>de</strong> me oferecer <strong>uma</strong> família maravilhosa que aprendi a amar, pela<br />
pela<br />
<strong>de</strong> me ensinar que o amor sempre vale <strong>à</strong> pena<br />
<strong>do</strong>çura<br />
mesmo que em solidão e espera;<br />
Sá”,<br />
Salésio“<br />
almirante das minhas primeiras cibernavegações,<br />
o<br />
hipercondutos da web,<br />
pelos<br />
<strong>de</strong>scobertas <strong>do</strong> Flash, Dreamweaver, Photoshop, e Cool Edit,<br />
das<br />
acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, pelas lições <strong>de</strong> parceria, incentivo e entusiasmo tecnológico, a<br />
mas,<br />
Renatinho e Renan que compreen<strong>de</strong>ram os momentos <strong>de</strong> trabalho e ausência;<br />
Rosane,<br />
a mo<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>ra por Excelência!,<br />
Silvia,<br />
encontra<strong>do</strong> creio ter si<strong>do</strong> <strong>uma</strong> obra <strong>do</strong>s Deuses, ou <strong>do</strong>s Ventos, ou das<br />
tê-la<br />
ou <strong>do</strong> Fogo, ou <strong>de</strong> Gaya, mais precisamente creio ser <strong>uma</strong> obra <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s<br />
Águas,<br />
bons elementos da natureza, <strong>do</strong>s Delfos, sílfi<strong>de</strong>s ondinas e salamandras, e por<br />
os<br />
sinto-me mais <strong>uma</strong> vez presenteada com sua competência, sua <strong>do</strong>çura e<br />
isso<br />
presença em minha vida;<br />
sua<br />
“A Po<strong>de</strong>rosa”,<br />
Zeina<br />
assim o é pela competência,<br />
porque<br />
garra, pela inteligência, pelo fazer que expressa em cada gesto,<br />
pela<br />
cada ato, por ser motivo também das presenças <strong>de</strong><br />
em<br />
Thomé Netto (nosso Julinho)<br />
Julio<br />
José Lauro Thomé (in memóriam),<br />
e<br />
família que foi minha, na terra exílio-familiar, mas terra-sempre-magia.<br />
<strong>uma</strong>
12<br />
Eternizo<br />
Sou <strong>de</strong>ssas pessoas que têm a sorte gran<strong>de</strong> <strong>de</strong> receber da vida presentes<br />
in<strong>de</strong>scritíveis, dádivas incomensuráveis, estrelas vivas,<br />
sabe<strong>do</strong>ria diária, relíquias cotidianas nos encontros e orientações com meus<br />
mestres.<br />
Quero neste espaço registrar meus profun<strong>do</strong>s agra<strong>de</strong>cimentos e minha<br />
admiração eternal aos meus caros orienta<strong>do</strong>res:<br />
Professor Dr. Francisco Antonio Pereira Fialho<br />
Levo <strong>de</strong> ti, mestre!<br />
a poesia da serenida<strong>de</strong> feita confiança, feita voto <strong>de</strong> fé e crença na capacida<strong>de</strong><br />
que os seres h<strong>uma</strong>nos guardam <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> si. Levo a canção da sabe<strong>do</strong>ria<br />
<strong>de</strong>s<strong>do</strong>brada em tons <strong>de</strong> paciência, <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, incentivo, competência e <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
presença que <strong>de</strong>sconhece fronteiras cansadas.<br />
Professor Dr. Norberto Etges<br />
Levo comigo a partitura plena que suas palavras,<br />
seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser, suas orientações compuseram, em tom maior. Deixo-lhe a<br />
certeza <strong>de</strong> que as notas <strong>de</strong>ssa partitura soarão aos meus ouvi<strong>do</strong>s e darão <strong>à</strong><br />
minha caminhada profissional o tom que faltava para completar a composição <strong>de</strong><br />
minha Aprendência e a cadência que minha alma sempre buscou.
13<br />
Destaco com <strong>de</strong>ferência:<br />
Professor Dr. Francisco Antonio Pereira Fialho;<br />
Professor Dr. Norberto Jacob Etges;`<br />
Professora Dra. Araci Hack Catapan<br />
;<br />
Professora Dra. Silvia Mo<strong>de</strong>sto Nassar;<br />
Professor Dr. Lauro Carlos Wittmann;<br />
Professora Dra. Zeina Correa Rebouças Thomé;<br />
Professor Dr. Alejandro Martins Rodrigues;<br />
Egrégia Banca que sacramenta institucionalmente este trabalho, estu<strong>do</strong>, pesquisa<br />
e empenho <strong>de</strong> vida.
14<br />
Louvo com a alma<br />
O Mestre <strong>do</strong>s mestres, o Tecelão por excelência, o Rei <strong>do</strong>s reis, Princípio<br />
e Fim <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, Gran<strong>de</strong> Arquiteto <strong>do</strong> irrepetível, Profeta <strong>do</strong> sempre,<br />
Artista-Mor <strong>do</strong> universo to<strong>do</strong>, Energia plena que aprendi a chamar <strong>de</strong><br />
YAVEH!
15<br />
Canto com o coração<br />
toda sua obra prima, a vida que me <strong>de</strong>u, tu<strong>do</strong> o que me oportunizou, o aqui, o<br />
acolá, o alhures,o principal e o secundário, as companhias todas e a solidão<br />
necessária, o ontem e o hoje nesta bela ilha perenentemente linkada com o<br />
belo, que me tornou cativa <strong>de</strong> sua magia <strong>de</strong> filha predileta <strong>do</strong> sol pleno e amante<br />
inveterada <strong>de</strong> sua poesia <strong>à</strong> luz da lua cheia.<br />
Florianópolis cuja alcunha <strong>de</strong>veria ser: terra <strong>de</strong> lualuar, morada divina <strong>de</strong> solmar.<br />
Atualizan<strong>do</strong> links:<br />
Florianópolis você é <strong>uma</strong> ilha real!<br />
e
RESUMO<br />
DAL MOLIN, Beatriz Helena. Do Tear <strong>à</strong> Tela: <strong>uma</strong> <strong>tessitura</strong> <strong>de</strong> linguagens e<br />
senti<strong>do</strong>s para o processo <strong>de</strong> aprendência 237 f. 2003. Tese. (Doutora<strong>do</strong> em<br />
Engenharia <strong>de</strong> Produção), Programa <strong>de</strong> Pós-Graduação em Engenharia <strong>de</strong><br />
Produção, <strong>UFSC</strong>, Florianópolis.<br />
A tese <strong>de</strong>nominada Do Tear <strong>à</strong> Tela <strong>uma</strong> <strong>tessitura</strong> <strong>de</strong> linguagens e senti<strong>do</strong>s<br />
para o processo <strong>de</strong> aprendência aponta para um fazer pedagógico em cujo<br />
contexto a tecnologia e a linguagem, em suas mais variadas formas <strong>de</strong><br />
expressão, são elementos estruturantes da cognição e da subjetivida<strong>de</strong>. Um fazer<br />
no qual a totalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser vista, apreendida, reor<strong>de</strong>nada <strong>de</strong> forma mais ampla<br />
e significativa. Realiza experiências voltadas para as articulações possíveis entre<br />
a tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital e a linguagem, procuran<strong>do</strong>, em relação a<br />
essa última, abarcar, pela exploração <strong>de</strong> seu potencial, as várias dimensões em<br />
que se constitui, bem como entre os senti<strong>do</strong>s produzi<strong>do</strong>s em seu emprego em<br />
sala <strong>de</strong> aula, entrelaçan<strong>do</strong> nessa <strong>tessitura</strong> palavras, imagens, formas, cores,<br />
sons, movimento, multimídia, ciberespaço como caminhos possíveis <strong>à</strong> condução<br />
<strong>de</strong> novas práticas <strong>de</strong> Aprendência no espaço educacional da cibercultura aberta<br />
para a pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s. Repensa o fazer pedagógico como o espaço on<strong>de</strong><br />
as novas relações simbólicas entre sujeitos, instituições <strong>de</strong> ensino e socieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>vem ser redimensionadas a partir da atuação interativa entre h<strong>uma</strong>nos e nãoh<strong>uma</strong>nos.<br />
Apresenta ainda aplicativos pedagógicos produzi<strong>do</strong>s com base neste<br />
outro mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer pedagógico realiza<strong>do</strong> como pesquisa-ação no Laboratório <strong>de</strong><br />
Novas Tecnologias (LANTEC) da <strong>UFSC</strong>, como também o exercício <strong>do</strong><br />
entrelaçamento entre o discurso científico, o discurso da pesquisa<strong>do</strong>ra e o<br />
discurso proferi<strong>do</strong> pelos apren<strong>de</strong>ntes durante as vivências educativas das quatro<br />
turmas <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital e Transposição Didática (TCD) no<br />
lócus virtual real <strong>do</strong> Atelier que se atualizou e se atualiza cotidianamente no<br />
LANTEC e na vida <strong>de</strong> cada apren<strong>de</strong>nte.<br />
Palavras-chaves: Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital, Subjetivida<strong>de</strong>, Linguagem,<br />
Fazer Pedagógico, Aprendência.<br />
16
ABSTRACT<br />
DAL MOLIN, Beatriz Helena. Of Tear to the Screen: a <strong>tessitura</strong> of languages and<br />
senses for the process of teaching aprendência. 237 f. 2003. Thesis. (Doctorate in<br />
Engineering of Production), Program of Doctors <strong>de</strong>gree in Engineering of<br />
Production, <strong>UFSC</strong>, Florianópolis.<br />
The thesis entitled From Weaver to Screen: a texture of languages and senses<br />
for the learning process points to a pedagogical <strong>do</strong>ing in which context, technology<br />
and language, in their most varied forms of expression, are structuring elements of<br />
cognition and subjectivity. A <strong>do</strong>ing in which the whole can be seen, apprehen<strong>de</strong>d<br />
and reor<strong>de</strong>red in a wi<strong>de</strong>r and more meaningful way. It carries out experiences<br />
bound to the possible articulations between technology and language, attempting,<br />
in what concerns the latter, to comprehend, by means of its various dimensions<br />
the exploration of its potential, as well as among the senses produced in its<br />
application in the classroom, the interlacement in this contexture of words, images,<br />
shapes, colors, sounds, movements, multimedia, cyberspace as possible paths for<br />
the conduction of new Learning practices in the cyber culture educational space<br />
open to the plurality of senses. It rethinks the pedagogical <strong>do</strong>ing as the space<br />
where the new symbolic relations between subjects, teaching institutions and<br />
society must be redimensioned starting from the interaction between h<strong>uma</strong>n and<br />
non-h<strong>uma</strong>n agents. It also presents pedagogical applications with basis on this<br />
diverse pedagogical <strong>do</strong>ing carried out as a research-action at Laboratório <strong>de</strong><br />
Novas Tecnologias (LANTEC) – <strong>UFSC</strong>, New Technology Laboratory (LANTEC),<br />
<strong>UFSC</strong>, as well as the interlacement exercise between the scientific discourse, the<br />
researcher's discourse and the learners' discourse <strong>de</strong>livered along the educational<br />
experiences of the four groups of Digital Communication Technology and Didactic<br />
Transposition (DCT) the Atelier real virtual locus which has been, and keeps<br />
updated daily in LANTEC and in each learner's life.<br />
Key words: Language, Digital Communication Technology, Subjetivity,<br />
Learning.<br />
17
SUMÁRIO<br />
RESUMO 16<br />
ABSTRACT 17<br />
1 FIO 21<br />
1.1 Introdução 22<br />
1.2 Urdume: Problema, Hipótese e Objetivos da Tese 30<br />
1.3 Traça<strong>do</strong>: Plano Meto<strong>do</strong>lógico 36<br />
1.4 Pontean<strong>do</strong>: A Sistematização da Tese 45<br />
2 TEAR 49<br />
2.1 Linguagem: <strong>uma</strong> trama intensa 50<br />
2.2 Tecnologia: re<strong>de</strong> <strong>à</strong> flor da <strong>tela</strong> 62<br />
3 TRAMA 79<br />
3.1 Aprendência: o fio que retece a vida 80<br />
3.2 Uma Exposição: outras <strong>tela</strong>s 99<br />
3.3 Do Atelier <strong>à</strong>s <strong>tela</strong>s: em rápidas pinceladas 112<br />
3.3.1 Tela: As Aventuras <strong>de</strong> Lana e Lara 113<br />
3.3.2 Tela: As Infâncias da Vida Real 114<br />
3.3.3 Tela: A Invasão 114<br />
3.3.4 Tela: Escreven<strong>do</strong> com luz 115<br />
3.3.5 Tela: Filosofia: A Arte <strong>de</strong> Viver 115<br />
3.3.6 Tela: Mitologia Grega 116<br />
3.3.7 Tela: O Gosto da Vida 117<br />
3.3.8 Tela: Os Gran<strong>de</strong>s Pensa<strong>do</strong>res 118<br />
3.3.9 Tela Os Senti<strong>do</strong>s da Cor 118<br />
3.3.10 Tela: O Mito <strong>do</strong> Eterno Retorno 119<br />
3.3.11 Tela: Oulipo 120<br />
3.3.12 Tela: Paidéia Digital 121<br />
3.3.13 Tela: Paraíso 122<br />
3.3.14 Tela: Sítio 123<br />
3.3.15 Tela: Tânia com cereja Dada 124<br />
3.3.16 Tela: Tecnologia e escola 125<br />
3.3.17 Tela: Triangulan<strong>do</strong> 126<br />
3.3.18 Tela: Um olhar sobre a educação 127<br />
3.3.19 Tela: Toques 128<br />
3.3.20 Tela: Ca<strong>de</strong>iras vazias 129<br />
3.3.21 Tela: Arremate 130<br />
4 TESSITURA 132<br />
4.1 Processos <strong>de</strong> Subjetivação: Teci<strong>do</strong> e Tecelagem <strong>do</strong> Universo 134<br />
4.1.1 Linguagem e subjetivida<strong>de</strong> 134<br />
4.2 Processos <strong>de</strong> Subjetivação no Atelier 145<br />
5 TELA 159<br />
5.1 Da Mostra: Telas Mistas 160<br />
5.2 Da mostra: Manifesto 166<br />
5.3 Mostra Digital 171<br />
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 172<br />
ANEXOS 184<br />
18
LISTA DE ANEXOS<br />
1 Perfil TCD I 2002.1 185<br />
2 Perfil TCD II 2002.2 189<br />
3 Perfil TCD III 2003.1 192<br />
4 Perfil TCD IV 2003.2 195<br />
5 Perfil das quatro turmas <strong>do</strong> atelier TCD 198<br />
6 Atelier TCD: <strong>do</strong> cotidiano 200<br />
7 En<strong>de</strong>reço <strong>do</strong>s Bloggers TCD IV 204<br />
8 Da Legalida<strong>de</strong>: Ementário / Programa 205<br />
9 Atelier – Pesquisa 206<br />
10 Listagem Oficial das Turmas <strong>do</strong> TCD 207<br />
11 Story Board: Exemplifican<strong>do</strong> 210<br />
12 Da Avaliação Cooperativa / Navegar ë Preciso 211<br />
19
21<br />
O simbolismo <strong>do</strong> Fio é<br />
essencialmente o <strong>do</strong> agente que<br />
liga esta<strong>do</strong>s da existência entre si<br />
e ao seu princípio (Guénon).<br />
Este simbolismo<br />
exprime-se, sobretu<strong>do</strong> nos<br />
Upanixa<strong>de</strong>s, on<strong>de</strong> se diz que o fio<br />
(sutra), com efeito, liga este<br />
mun<strong>do</strong> e o outro mun<strong>do</strong> e to<strong>do</strong>s os<br />
seres. O fio é ao mesmo tempo<br />
Atma (self) e prana (sopro). A fim<br />
<strong>de</strong> que seja alcançada a ligação<br />
com o centro principal, <strong>à</strong>s vezes<br />
representa<strong>do</strong> pelo sol, é<br />
necessário que o fio seja segui<strong>do</strong><br />
passo a passo em todas as coisas.<br />
O que não po<strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> evocar<br />
o simbolismo <strong>do</strong> fio <strong>de</strong> Ariadne,<br />
que é o agente <strong>de</strong> ligação <strong>do</strong><br />
retorno <strong>à</strong> luz. Ainda sobre o<br />
mesmo tema <strong>de</strong>veríamos citar que<br />
os fios ligam as marionetes <strong>à</strong><br />
vonta<strong>de</strong> central <strong>do</strong> homem, seu<br />
anima<strong>do</strong>r.<br />
(Jean Chevalier)
1.1 INTRODUÇÃO<br />
I- FIO<br />
que tenciono encontrar é outro fio <strong>de</strong> Ariadne – outro Topofil<br />
O<br />
– para surpreen<strong>de</strong>r o mo<strong>do</strong> como Dé<strong>dal</strong>o entrelaça, tece,<br />
Chaix<br />
planeja e <strong>de</strong>scobre soluções on<strong>de</strong> nenh<strong>uma</strong> era visível, sem<br />
ur<strong>de</strong>,<br />
valer <strong>de</strong> nenhum expediente, nas fendas e abismos das rotinas<br />
se<br />
trocan<strong>do</strong> proprieda<strong>de</strong> entre materiais inertes, animais,<br />
comuns,<br />
e concretos.<br />
simbólicos<br />
Bruno Latour<br />
Bruno Latour dá o mote <strong>de</strong>ste trabalho, pois, <strong>de</strong> certo mo<strong>do</strong>, qual Ariadne,<br />
também buscamos um outro fio, que conduza a <strong>tessitura</strong> educativa por caminhos<br />
outros, capazes <strong>de</strong> promover um fazer pedagógico criativo, flexível, atento <strong>à</strong>s<br />
singularida<strong>de</strong>s e sensibilida<strong>de</strong>s, harmoniza<strong>do</strong> com a construção <strong>de</strong><br />
conhecimentos e os avanços tecnológicos, fugin<strong>do</strong> das rotinas e <strong>do</strong>s <strong>de</strong>sgastes<br />
que historicamente tornaram os atos <strong>de</strong> ensinar e apren<strong>de</strong>r <strong>uma</strong> tarefa enfa<strong>do</strong>nha<br />
e <strong>uma</strong> constante reprodução <strong>de</strong> conhecimentos ultrapassa<strong>do</strong>s, muitas vezes<br />
inoperantes e em <strong>de</strong>scompasso com a vida.<br />
Assim <strong>do</strong> Tear <strong>à</strong> Tela: <strong>uma</strong> <strong>tessitura</strong> <strong>de</strong> linguagens e senti<strong>do</strong>s para o<br />
processo <strong>de</strong> Aprendência é <strong>uma</strong> tese que se ocupa <strong>do</strong> percurso teórico-prático<br />
<strong>de</strong> um processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem que incorpora, em seu fazer, a<br />
tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital como um actante <strong>do</strong> ato pedagógico, ten<strong>do</strong> por<br />
base o entendimento <strong>de</strong> que a escola não po<strong>de</strong> prescindir da potencialização<br />
<strong>de</strong>sta h<strong>uma</strong>na condição. Resulta <strong>de</strong> um processo que enlaça linguagem,<br />
tecnologia, conhecimento, “sentires” e senti<strong>do</strong>s como elementos para a formação<br />
22
<strong>do</strong> homem contemporâneo. Tece a concepção <strong>de</strong> um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino–<br />
aprendizagem que se assemelha em muito ao jogo em Alice no País das<br />
Maravilhas e que Gilles Deleuze (2000, p. 63) apresenta como <strong>uma</strong> “distribuição<br />
nôma<strong>de</strong> e não se<strong>de</strong>ntária, em que cada sistema <strong>de</strong> singularida<strong>de</strong>s comunica e<br />
ressoa com os outros, ao mesmo tempo implica<strong>do</strong> pelos outros e implican<strong>do</strong>-os<br />
no jogo maior”. Essa distribuição nôma<strong>de</strong> materializa-se no mo<strong>do</strong> como os<br />
apren<strong>de</strong>ntes transitam pelos diversos níveis e formas <strong>do</strong> conhecimento <strong>de</strong> que se<br />
ocupa o espaço <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> e das reflexões. Nôma<strong>de</strong> no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s temas<br />
imiscuírem-se uns nos outros, as disciplinas e os conhecimentos migrarem <strong>de</strong> um<br />
território para outro (ainda somos territoriais), sem culpa <strong>de</strong> invasões e sem riscos<br />
<strong>de</strong> trata<strong>do</strong>s <strong>de</strong>srespeita<strong>do</strong>s. Conhecimento nôma<strong>de</strong>, incansavelmente nôma<strong>de</strong>,<br />
ágil e veloz, promoven<strong>do</strong> “aconteceres” na vida <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes.<br />
Neste jogo ter em conta o respeito pelo outro implica dar vez <strong>à</strong>s<br />
singularida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada qual, observan<strong>do</strong> que estas têm importância fundamental<br />
no to<strong>do</strong>, porque cada <strong>uma</strong> <strong>de</strong>las é o to<strong>do</strong> em si, ou seja, os participantes <strong>do</strong> ato<br />
educativo têm um ritmo, <strong>uma</strong> competência, <strong>uma</strong> habilida<strong>de</strong> e <strong>uma</strong> história que seu<br />
contexto também cunhou, e que no contacto com as <strong>de</strong>mais singularida<strong>de</strong>s serão<br />
por elas afeta<strong>do</strong>s ao mesmo tempo em que afetarão o conjunto como um to<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>an<strong>do</strong>, assim, <strong>uma</strong> seqüência <strong>de</strong> pequenos Acontecimentos que irão<br />
culminar no Acontecimento maior da Aprendência 1<br />
Em nossa tese a<strong>do</strong>tamos o termo Aprendência no lugar <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, toma<strong>do</strong> da<br />
1<br />
<strong>de</strong> Hugo Assmann, Reencantar a Educação, pois queremos igualmente tratar <strong>do</strong> processo<br />
obra<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que <strong>de</strong> fato traduza um esta<strong>do</strong> perene <strong>de</strong> “estar-em-processo-<strong>de</strong>-apren<strong>de</strong>r”,<br />
educativo<br />
função <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r que constrói e se constrói, e seu estatuto <strong>de</strong> ato existencial<br />
<strong>uma</strong><br />
efetivamente o ato <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r, indissociável da dinâmica <strong>do</strong> vivo. Por Aprendência<br />
caracterize<br />
um processo que muito embora expresse naturezas <strong>de</strong> um fazer diferencia<strong>do</strong> estão<br />
enten<strong>de</strong>mos<br />
ligadas ao no novo mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> escola.Esse jogo <strong>de</strong> alternância e interação <strong>de</strong>verá ser<br />
intimamente<br />
enfático, acaban<strong>do</strong> <strong>de</strong> vez com as dicotomias aluno-professor, ensino-aprendizagem,<br />
altamente<br />
23
Trabalhamos com o conceito <strong>de</strong> Acontecimento que Gilles Deleuze <strong>de</strong>fine<br />
como sen<strong>do</strong> efeitos, verbos, resulta<strong>do</strong>s, infinitivos. Para ele e para efeito <strong>do</strong> que<br />
aqui queremos <strong>de</strong>nominar como um Acontecimento, este não é o que acontece<br />
(aci<strong>de</strong>nte), mas o Acontecimento se dá no que acontece, ou seja, é “o puro<br />
expresso que nos dá sinal e nos espera, ele é o que <strong>de</strong>ve ser compreendi<strong>do</strong>, o<br />
que <strong>de</strong>ve ser queri<strong>do</strong>, o que <strong>de</strong>ve ser representa<strong>do</strong> no que acontece e seu brilho<br />
e esplen<strong>do</strong>r é o senti<strong>do</strong>”. Gilles Deleuze nos ensina que o Acontecimento é um<br />
tornar-se digno daquilo que nos ocorre, logo, querer e capturar o Acontecimento é<br />
tornarmo-nos filhos <strong>de</strong> nossos próprios Acontecimentos e por aí renascer, refazer<br />
para nos mesmos um nascimento, rompen<strong>do</strong> com o nascimento <strong>de</strong> carne. Ser<br />
filhos <strong>de</strong> nossos Acontecimentos e não mais daquilo que fazemos,<br />
compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> que o que fazemos é produzi<strong>do</strong> por nossa filiação ao<br />
Acontecimento (DELEUZE, 2000, p. 152).<br />
Uma das preocupações que se fez presente em nossa trajetória <strong>de</strong><br />
educa<strong>do</strong>ra diz respeito ao <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um fazer pedagógico que possa<br />
apresentar <strong>uma</strong> estreita e amalgamada relação entre apren<strong>de</strong>r e ensinar capaz <strong>de</strong><br />
diluir as tão <strong>de</strong>marcadas fronteiras mantidas no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino tradicional.<br />
Conduzi<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta forma, o processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem po<strong>de</strong>rá fazer com<br />
que pequenos Acontecimentos ocorri<strong>do</strong>s no espaço escolar redun<strong>de</strong>m naquilo<br />
que <strong>de</strong>nominamos Acontecimento maior da Aprendência, concebida como um<br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino-aprendizagem no qual a aquisição <strong>de</strong> saberes, a construção <strong>de</strong><br />
conhecimentos, a lida com as tecnologias <strong>de</strong> comunicação digital, efetivam-se<br />
aquele que ensina apren<strong>de</strong> e quem apren<strong>de</strong> por sua vez ensina, num processo contínuo <strong>de</strong><br />
pois<br />
porque <strong>de</strong> ressignificação <strong>de</strong> contextos, n<strong>uma</strong> escola viva/vida. Logo, o termo<br />
construção,<br />
no contexto <strong>de</strong>ste trabalho, açambarca tanto professor quanto aluno, inseri<strong>do</strong>s<br />
Aprendência,<br />
processo.<br />
nesse<br />
24
num jogo <strong>de</strong> alternância e simbiose entre professor e aluno – apren<strong>de</strong>ntes –<br />
ambos em constantes trocas. <strong>de</strong> vivências educativas que se movem por entre os<br />
conhecimentos vários, as linguagens múltiplas, os saberes possíveis, os contatos<br />
varia<strong>do</strong>s (presenciais e a distância, que a tecnologia e sua virtualida<strong>de</strong> permitem)<br />
sem a preocupação <strong>de</strong> estabelecer fronteiras e pré-requisitos, porém, ocupa<strong>do</strong>s<br />
to<strong>do</strong>s em reorientar o próprio viver.<br />
O ler, o estudar, o escrever, o analisar, o vivenciar experiências educativas<br />
nesses anos <strong>de</strong> magistério nos permitiram ver claramente, no panorama universal<br />
que se configura, que o ato <strong>de</strong> ensinar-apren<strong>de</strong>r, ou seja, a Aprendência, se<br />
tornará substancialmente mais eficaz, mais rica, mais producente e a<strong>de</strong>quada <strong>à</strong>s<br />
exigências <strong>do</strong> homem hodierno, <strong>à</strong> medida que incorpore em seu fazer novas<br />
ferramentas tecnológicas que permitam, com maior competência e agilida<strong>de</strong>,<br />
tornar o conhecimento em algo importante e pertinente <strong>à</strong> vida <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes 2 .<br />
Com a tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital virá to<strong>do</strong> um espírito <strong>de</strong> agilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong><br />
flexibilida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> interativida<strong>de</strong>, <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong> 3 .<br />
O termo, segun<strong>do</strong> Hugo Assmann (1998), surgiu nos anos 1980/90 na esteira das teorias<br />
2<br />
e referia-se ao contexto complexo das inter-relações h<strong>uma</strong>nas, incluin<strong>do</strong> as que<br />
gerenciais<br />
entre seres h<strong>uma</strong>nos e máquinas “inteligentes”, em empresas tecnicamente sofisticadas.<br />
ocorrem<br />
são chamadas, em termos gerais, <strong>de</strong> organizações apren<strong>de</strong>ntes, aquelas nas quais os<br />
Também<br />
envolvi<strong>do</strong>s têm a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> aumentar seu potencial cria<strong>do</strong>r, quer no nível individual,<br />
agentes<br />
no âmbito da coletivida<strong>de</strong>, aumentan<strong>do</strong> sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> produzir resulta<strong>do</strong>s pré-<br />
quer<br />
no caso das técnicas e tecnologias, ou atingir objetivos aos quais estão<br />
programa<strong>do</strong>s,<br />
volta<strong>do</strong>s, no caso <strong>do</strong>s sistemas h<strong>uma</strong>nos. Frisa ainda Assmann que é <strong>de</strong> capital<br />
efetivamente<br />
saber que das premissas básicas <strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> organização apren<strong>de</strong>nte fazem parte<br />
importância<br />
criativida<strong>de</strong> individual e coletiva capaz <strong>de</strong> inventar e assumir mudanças. No que tange aos<br />
a<br />
cognitivos apren<strong>de</strong>ntes nos quais os agentes h<strong>uma</strong>nos são o fator prepon<strong>de</strong>rante,<br />
sistemas<br />
três tipos <strong>de</strong> organizações apren<strong>de</strong>ntes, cada <strong>uma</strong> ten<strong>do</strong> premissas básicas que<br />
distinguem-se<br />
em parte coinci<strong>de</strong>ntes e em parte diferentes, a saber: organizações apren<strong>de</strong>ntes pequenas e<br />
são<br />
macro organizações apren<strong>de</strong>ntes e organizações apren<strong>de</strong>ntes híbridas.<br />
médias,<br />
“(no prelo), a velocida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ver ser vista, hoje, mais como um conceito <strong>do</strong> que como um ritmo,<br />
3<br />
ela seria a capacida<strong>de</strong> que um ser h<strong>uma</strong>no teria <strong>de</strong> se antecipar <strong>à</strong>s necessida<strong>de</strong>s e<br />
pois<br />
<strong>do</strong>s outros. Seria po<strong>de</strong>r criar soluções antes mesmo que os problemas se<br />
aspirações<br />
saber organizar a cida<strong>de</strong> por projetos <strong>de</strong> pertencimento, <strong>de</strong> attachment,<br />
materializassem,<br />
<strong>de</strong> valorização <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s através <strong>de</strong> <strong>uma</strong> construção conjunta <strong>de</strong> equipes, ou coletivos<br />
participação,<br />
Seria, ainda, a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>safios das tecnologias, <strong>do</strong><br />
auto<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s.<br />
25
Esse espírito permeia nosso trabalho cuja <strong>tessitura</strong> organizativa daquilo<br />
que concebemos como um processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem para o contexto <strong>de</strong><br />
nossos dias, atualiza e utiliza as metáforas da tecelagem, <strong>do</strong> <strong>tear</strong>, da <strong>tessitura</strong> e<br />
<strong>do</strong>s tecelões, entrelaçan<strong>do</strong> mito e realida<strong>de</strong>, literatura e arte, simbologia, fatos e<br />
feitos.Temos, neste jogo construtivo, o objetivo <strong>de</strong> chamar atenção para as<br />
amplas possibilida<strong>de</strong>s que se abrem para escola, ao utilizar os recursos da<br />
tecnologia digital.<br />
Tear, tecelagem, <strong>tessitura</strong>, <strong>tela</strong>, fio, trama, urdidura remetem <strong>à</strong>s ações <strong>de</strong><br />
repetição, ruptura, movimento, produção, envolvimento e criação, evocan<strong>do</strong>, no<br />
contexto <strong>de</strong>ste trabalho, os enlaça<strong>do</strong>s atos <strong>de</strong> ensinar, mover-se, construir e<br />
construir-se, transformar-se e transformar, pelas mediações com atuantes<br />
h<strong>uma</strong>nos e não-h<strong>uma</strong>nos 4 <strong>de</strong> que a vida se constitui.<br />
Tecer com <strong>tear</strong> é um enlaçar fios a partir <strong>de</strong> <strong>do</strong>is conjuntos: os fios <strong>do</strong><br />
urdume e os fios da trama que se oferecem para <strong>uma</strong> infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> combinações<br />
que resultarão em teci<strong>do</strong>s/<strong>tela</strong>s cujo limite é a nossa imaginação. Este ato tão<br />
primevo e ao mesmo tempo tão atual evi<strong>de</strong>ncia que <strong>uma</strong> maior observação <strong>de</strong><br />
tramas, retículas e padrões no universo estabelecem a ponte entre o mun<strong>do</strong> e a<br />
nossa existência. Uma comunhão entre o homem e o mun<strong>do</strong>, entre o que o<br />
da ciência cartesiana to<strong>do</strong>-po<strong>de</strong>rosa que não dava lugar <strong>à</strong> discussão-participação.<br />
biopo<strong>de</strong>r,<br />
portanto, não seria correr atrás <strong>de</strong> toda novida<strong>de</strong> e integrá-la <strong>de</strong> qualquer jeito <strong>à</strong>s<br />
Velocida<strong>de</strong>,<br />
nossas vidas”;<br />
4 Expressão empregada por Bruno Latour em A Esperança <strong>de</strong> Pan<strong>do</strong>ra (2001, p. 352) em<br />
cuja obra assim se refere: esse conceito só significa alg<strong>uma</strong> coisa na diferença entre o par<br />
“h<strong>uma</strong>no – não- h<strong>uma</strong>no” e a dicotomia sujeito-objeto. Associações <strong>de</strong> h<strong>uma</strong>nos e nãoh<strong>uma</strong>nos<br />
alu<strong>de</strong>m a um regime político diferente da guerra movida contra nós pela distinção<br />
entre sujeito e objeto. Um não-h<strong>uma</strong>no é, portanto, a versão <strong>de</strong> tempo <strong>de</strong> paz <strong>do</strong> objeto:<br />
aquilo que este pareceria se não estivesse meti<strong>do</strong> na guerra para atalhar o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> processo<br />
político.O par h<strong>uma</strong>no - não-h<strong>uma</strong>no não constitui <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> “superar” a distinção<br />
sujeito – objeto, mas <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> ultrapassá-la completamente.<br />
26
homem é e o que ele faz media<strong>do</strong> pelos objetos e artefatos que se interpõem e<br />
que o põem no jogo das permutas <strong>de</strong> competências entre h<strong>uma</strong>nos e não-<br />
h<strong>uma</strong>nos.<br />
Tear e <strong>tela</strong>, computa<strong>do</strong>r e écran, tecelões e apren<strong>de</strong>ntes, atelier, sala <strong>de</strong><br />
aula, laboratório <strong>de</strong> tecnologia, anotações, <strong>de</strong>poimentos orais, filma<strong>do</strong>ra e<br />
conhecimento, constituem-se no conjunto forma<strong>do</strong> por essas duas categorias,<br />
enfoque nesta pesquisa. Temos assim a pretensão <strong>de</strong> que, ao final <strong>de</strong>sta, se<br />
configurem como a “referência circulante” até agora invisível, dispersa em<br />
alg<strong>uma</strong>s práticas escolares, encerrada nos conhecimentos que revelamos neste<br />
trabalho, enquanto relemos anotações, assistimos a ví<strong>de</strong>os, consultamos autores<br />
e miramos a beleza <strong>do</strong> mar, neste momento mágico <strong>de</strong> energias múltiplas e<br />
expectativas tantas 5 .<br />
Na ação <strong>de</strong> tecer existe <strong>uma</strong> repetição que em cada tecelagem apresenta<br />
um novo teci<strong>do</strong>/<strong>tela</strong>, porque o tecelão, na repetição <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> tecer, será um<br />
tecelão diferente a cada nova tecelagem produzida, por contrair a repetição, por<br />
apreen<strong>de</strong>r com as sucessivas repetições <strong>do</strong> ato <strong>de</strong> tecer, que lhe acrescentam,<br />
repetição a repetição, um novo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> combinar fios, cores e formas. Quer<br />
dizer, a repetição sempre acrescenta algo novo ao tecelão, por diferenças<br />
5 Este trecho é <strong>uma</strong> paráfrase <strong>do</strong> que Bruno Latour escreve ao <strong>de</strong>scobrir o fenômeno da<br />
referência circulante quan<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu acompanhamento a <strong>uma</strong> excursão que estudava a<br />
savana e a floresta em Boa Vista, Esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> Roraima. O trecho original está assim<br />
expresso: “Eu é claro, mal-equipa<strong>do</strong> e, portanto carente <strong>de</strong> rigor, trago <strong>de</strong> volta para meus<br />
leitores, mediante a superposição <strong>de</strong> fotografias e textos um fenômeno: a referência<br />
circulante*, até agora invisível, propositadamente escamoteada pelos epistemologistas,<br />
dispersa na prática <strong>do</strong>s conhecimentos que revelo agora, calmamente, toman<strong>do</strong> chá em<br />
minha casa <strong>de</strong> Paris, enquanto relato o que observei na fronteira <strong>de</strong> Boa Vista”. (Latour<br />
2001, p. 68).<br />
27
infinitamente pequenas que se vão acrescentan<strong>do</strong>, produzin<strong>do</strong> mudanças como<br />
novas paisagens que aparecem na <strong>tela</strong>, pela mudança que nele introduz.<br />
Analogamente, quan<strong>do</strong> se <strong>de</strong>senvolve um processo educativo flexível, em<br />
sintonia com os avanços científicos e tecnológicos, consoantes com <strong>uma</strong> vonta<strong>de</strong><br />
política embasada na clareza <strong>de</strong> objetivos e em ações <strong>de</strong>cisivas <strong>de</strong> mudança<br />
comprometidas com a verda<strong>de</strong>ira renovação <strong>do</strong> fazer pedagógico, cada ato <strong>de</strong><br />
ensinar será sempre <strong>uma</strong> ação diferente seja pelas mediações das tecnologias<br />
digitais e outros actantes não-h<strong>uma</strong>nos presentes, seja pelas trocas com o<br />
<strong>do</strong>cente ou com os colegas que vão alteran<strong>do</strong> e acrescentan<strong>do</strong> nos apren<strong>de</strong>ntes<br />
algo substancial <strong>à</strong>s suas vidas privadas e ao coletivo escolar e social.<br />
Estamos falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> mudanças nos sujeitos e no objeto. Se na relação com<br />
o <strong>tear</strong> o sujeito muda, o objeto técnico <strong>de</strong> sua lida também muda, pois o <strong>tear</strong><br />
nunca foi não é nem será apenas um instrumento constituí<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is rolos <strong>de</strong><br />
ma<strong>de</strong>ira sustenta<strong>do</strong>s por <strong>do</strong>is montantes e <strong>uma</strong> moldura simples. Ele é um<br />
media<strong>do</strong>r, e como to<strong>do</strong> media<strong>do</strong>r, ele também atua, surpreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> o tecelão a<br />
to<strong>do</strong> instante.Os povos árabes já sabiam muito bem da vida implicada no <strong>tear</strong>,<br />
ten<strong>do</strong> na relação com essas ativida<strong>de</strong>s muitas conotações emocionais e culturais:<br />
ele era mais <strong>do</strong> que <strong>uma</strong> simples ferramenta. O rolo <strong>de</strong> cima recebia o nome <strong>de</strong><br />
rolo <strong>do</strong> céu, o <strong>de</strong> baixo representava a terra. Esses quatro pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />
representavam to<strong>do</strong> o universo no seio <strong>do</strong> qual o tecelão não tramava apenas fios<br />
<strong>de</strong> linha para um teci<strong>do</strong>, mas urdia a própria vida na escolha <strong>de</strong> como, a cada<br />
tecelagem, enlaçar os fios, as lacunas e os nós, crian<strong>do</strong> novos teci<strong>do</strong>s e, ao<br />
mesmo tempo, retecen<strong>do</strong>-se como sujeito da tecelagem e <strong>de</strong> sua própria trama<br />
existencial.<br />
28
Evi<strong>de</strong>nciamos, aqui, a tecnologia como mais um <strong>do</strong>s elementos<br />
estruturantes <strong>do</strong> fazer pedagógico, que possibilita um outro fazer individual e<br />
coletivo. Um fazer que privilegia a singularida<strong>de</strong>, ou seja, <strong>uma</strong> singularida<strong>de</strong> que<br />
não significa aquilo que é individual, mas o caso em si, o Acontecimento, um <strong>de</strong>vir<br />
ativo, <strong>uma</strong> <strong>de</strong>cisão. Este mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer leva em conta o <strong>de</strong>vir ativo como<br />
movimento natural que se entrelaça com conexões não preestabelecidas, in<strong>do</strong>,<br />
pois, <strong>do</strong> coletivo ao individual e <strong>de</strong>ste para o coletivo sem ser um movimento<br />
imposto, força<strong>do</strong>, mas algo fluídico, um presente, no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> um agora, um já,<br />
<strong>uma</strong> velocida<strong>de</strong> (mais como capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> se antecipar <strong>à</strong>s necessida<strong>de</strong>s <strong>do</strong><br />
outro e estar apto a supri-las <strong>do</strong> que como um ritmo).<br />
Trata-se, portanto, <strong>de</strong> um tema <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>r que busca, essencialmente,<br />
vivenciar e fomentar um processo <strong>de</strong> Aprendência, no qual o conhecimento, a<br />
tecnologia e a linguagem, como poesia, imagem, arte, sejam elementos<br />
estruturantes <strong>de</strong> um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendizagem (Aprendência), mais aberto,<br />
flexível e condizente com inovações científicas e tecnológicas, levan<strong>do</strong>-se em<br />
conta que a vida h<strong>uma</strong>na, <strong>de</strong> uns tempos para cá, tem si<strong>do</strong> inexoravelmente<br />
permeada pela revolução da eletrônica que se enlaçou nas várias ativida<strong>de</strong>s<br />
individuais e sociais, provocan<strong>do</strong> mudanças radicais no ser e fazer <strong>do</strong>s homens.<br />
Ressaltamos que <strong>uma</strong> das preocupações iniciais ao empreen<strong>de</strong>r este<br />
trabalho foi afastar-nos da compreensão ingênua, segun<strong>do</strong> a qual no emprego da<br />
tecnologia residiriam todas as soluções para as mudanças <strong>do</strong> processo educativo,<br />
assim como enten<strong>de</strong>mos não ser a tecnologia a solução para os males da<br />
h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>. Também temos a consciência <strong>de</strong> não nos inspirarmos na prática <strong>do</strong>s<br />
29
que usam a tecnologia apenas para revestir o processo educacional <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
roupagem nova, sem operar transformações <strong>de</strong> base.<br />
A busca pela compreensão <strong>do</strong> quanto e <strong>do</strong> como a tecnologia <strong>de</strong><br />
comunicação digital vai interferir nos encaminhamentos para a construção <strong>de</strong> um<br />
outro <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino-aprendizagem levou-nos a mergulhar fun<strong>do</strong> em autores<br />
como Bruno Latour, Michel Serres, Felix Guattari, Pierre Lévy, Gilles Deleuze,<br />
entre outros, num esforço continuo <strong>de</strong> bem enten<strong>de</strong>r e melhor expressar o<br />
conhecimento por eles elabora<strong>do</strong>.<br />
1.2 URDUME: PROBLEMA, HIPÓTESE E OBJETIVOS DA TESE<br />
Os inventos da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> tais como a imprensa, o rádio e o cinema,<br />
apesar <strong>de</strong> terem si<strong>do</strong> responsáveis por modificações econômicas e<br />
comportamentais, não tiveram o mesmo impacto que estamos ten<strong>do</strong> na era da<br />
revolução da eletrônica.<br />
À época, tanto os signos icônicos quanto os verbais escritos, circulavam<br />
apenas em alguns segmentos da socieda<strong>de</strong>, porém os setores produtivos<br />
in<strong>de</strong>pendiam <strong>de</strong>les para que pu<strong>de</strong>ssem funcionar. Hoje, diferentemente, quase<br />
tu<strong>do</strong> passa pela tecnologia para po<strong>de</strong>r ser acessa<strong>do</strong> e posto em movimento.<br />
Enfim, se repararmos bem, a religião, a indústria, o comércio, a ciência e a<br />
educação estão intensa e gradativamente sen<strong>do</strong> envolvi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> cada<br />
vez mais da tecnologia. Com a linguagem e a arte não ocorre diferente, pois elas,<br />
dia-a-dia, ligam-se direta e efetivamente <strong>à</strong> tecnologia e <strong>à</strong> vida, levan<strong>do</strong>-nos a<br />
repensar nossa própria condição h<strong>uma</strong>na. Enfrentamos <strong>uma</strong> guerra não<br />
30
convencional: <strong>uma</strong> guerra tecnológica e <strong>uma</strong> guerra <strong>de</strong> informações que tem um<br />
papel estratégico na formação <strong>de</strong> valores, conceitos, ações e reações vitais para<br />
os seres h<strong>uma</strong>nos.<br />
Essas e outras realida<strong>de</strong>s introduzem novos valores que marcam o século<br />
XXI, o que não quer dizer que <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>remos o fato <strong>de</strong> que a h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong><br />
sempre evoluiu em função da mediação com os objetos técnicos, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o<br />
primeiro macha<strong>do</strong> <strong>de</strong> pedra até as mais recentes <strong>de</strong>scobertas tecnológicas.<br />
Desse mo<strong>do</strong>, a escola necessita se preparar e repensar o que significará a<br />
introdução ou não das novas tecnologias nos processos <strong>de</strong> Aprendência. Os<br />
educa<strong>do</strong>res necessitam discutir e reelaborar um outro fazer para a escola,<br />
levan<strong>do</strong> em conta que o mun<strong>do</strong> se modifica com os processos tecnológicos e<br />
comunicacionais que avançam <strong>de</strong> forma avassala<strong>do</strong>ra.<br />
Inseri<strong>do</strong>s nesse contexto elaboramos <strong>uma</strong> proposta <strong>de</strong> pesquisa, estu<strong>do</strong> e<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> aplicativos pedagógicos que empregam a linguagem e a<br />
tecnologia como meios eficazes e propicia<strong>do</strong>res <strong>de</strong> novos <strong>de</strong>safios e novos<br />
conhecimentos capazes <strong>de</strong> auxiliar na construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> outra estética e outra<br />
ética, outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida e novas possibilida<strong>de</strong>s para pensar o processo <strong>de</strong><br />
Aprendência e formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res.<br />
Buscamos tecer consi<strong>de</strong>rações, armar propostas, compor reflexões em<br />
torno das quais se configuram:<br />
a) o esboço <strong>de</strong> um processo da Aprendência entrelaça<strong>do</strong> com tecnologia<br />
<strong>de</strong> comunicação digital, linguagem, conhecimento senti<strong>do</strong>s e “sentires”<br />
no qual entrecruzam-se formas e meios mais eficazes para a (re) leitura<br />
31
<strong>de</strong> um mun<strong>do</strong> sem fronteiras, monitora<strong>do</strong> por sons, visualida<strong>de</strong>s,<br />
virtualida<strong>de</strong>s e velocida<strong>de</strong>s;<br />
b) a potência da linguagem, em suas mais variadas formas <strong>de</strong> expressão,<br />
como <strong>uma</strong> <strong>tessitura</strong>, on<strong>de</strong> se po<strong>de</strong> ler e problematizar o real, em toda a<br />
sua complexida<strong>de</strong>, retecen<strong>do</strong> e entrecruzan<strong>do</strong> textos, hipertextos,<br />
imagens, cores, movimento e formas, capazes <strong>de</strong> compor sucessivos<br />
Acontecimentos;<br />
c) a tecnologia como o próprio <strong>de</strong>vir <strong>do</strong> h<strong>uma</strong>no; como virtualização e<br />
potencialização <strong>do</strong> homem, em que os limites <strong>do</strong> h<strong>uma</strong>no e não-<br />
h<strong>uma</strong>no alteram as convenções <strong>de</strong> tempo, espaço e mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> vida.<br />
Tece-se, portanto, este trabalho com base em <strong>uma</strong> elaboração conceitual<br />
que leva em conta os avanços tecnológicos e suas implicações no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
educar, “amarran<strong>do</strong>” da<strong>do</strong>s e conceitos com o intuito <strong>de</strong> questionar que mudanças<br />
po<strong>de</strong>r-se-iam efetivar a partir <strong>do</strong> emprego da tecnologia para a configuração <strong>de</strong><br />
um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino-aprendizagem sustentan<strong>do</strong> a hipótese que a relação<br />
entre tecnologia digital e o apren<strong>de</strong>nte atualiza não somente saberes formais,<br />
mas novas formas <strong>de</strong> produzir conhecimentos e <strong>de</strong> viver, portanto, é produto <strong>de</strong><br />
inúmeros <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos e ressignificações prenhes <strong>de</strong> imprevisibilida<strong>de</strong>s,<br />
todavia perfeitamente realizáveis e próximas <strong>de</strong> um processo educativo mais rico<br />
e atual, que chamaremos <strong>de</strong> Aprendência.<br />
Tal premissa leva em conta que a vida constitui-se intrinsecamente por um<br />
processo <strong>de</strong> aprendizagem contínua no qual educar é o ato que faz emergir<br />
vivências <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> conhecimento, e esta <strong>de</strong>ve ser a preocupação principal<br />
32
<strong>de</strong> quem é educa<strong>do</strong>r. Uma preocupação com a trama auto-organizativa da<br />
morfogênese <strong>do</strong> conhecimento que “é singular em cada caso, justamente porque<br />
a inscrição corporal <strong>do</strong> conhecimento acontece mediante vibrações auto-<br />
organizativas, que têm tu<strong>do</strong> a ver com níveis <strong>de</strong> auto-estima e expectativas e não<br />
apenas com conteú<strong>do</strong>s específicos das diferentes disciplinas” (ASSMANN, 1998,<br />
p. 4-5).<br />
Importa, pois, construir <strong>uma</strong> outra ótica <strong>de</strong> conhecimento da<br />
“complexida<strong>de</strong>” e novas formas <strong>de</strong> pesquisa e estu<strong>do</strong> que ultrapassem o enfoque<br />
das disciplinas cindidas, seccionadas, mas que ao mo<strong>do</strong> das “palavras-valise” 6 ,<br />
sempre ramifiquem a série em que se inserem, assim, cada um <strong>do</strong>s<br />
conhecimentos trabalha<strong>do</strong>s nesta ambiência educativa, tornar-se-á um conduto<br />
por on<strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> conhecimento transitará pelos <strong>de</strong>mais conhecimentos<br />
através <strong>de</strong> <strong>uma</strong> infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trajetos aos mol<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong> hipertexto que,<br />
para cada leitor e em cada nova leitura se oferece <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> outro, sempre novo,<br />
com novos percursos e <strong>de</strong>svios a serem segui<strong>do</strong>s e recria<strong>do</strong>s; um estu<strong>do</strong> que não<br />
trate apenas <strong>de</strong> um tema, mas <strong>de</strong> <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> temas que ur<strong>de</strong>m o próprio viver;<br />
propostas que teçam <strong>uma</strong> outra linha <strong>de</strong> pensamento que se entrelace <strong>à</strong><br />
complexida<strong>de</strong> das realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scobertas pela ciência pós-Einstein.<br />
Gilles Deleuze, em sua obra intitulada Lógica <strong>do</strong> Senti<strong>do</strong> (2000, p. 49), apresenta a palavra-<br />
6<br />
como sen<strong>do</strong> fundada em <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> síntese disjuntiva que contém em cada palavra<br />
valise<br />
palavras e vários senti<strong>do</strong>s contraí<strong>do</strong>s que se organizam em <strong>uma</strong> só série para compor um<br />
várias<br />
global que acaba por evi<strong>de</strong>nciar a disjunção escondida. Gilles Deleuze ainda enfatiza que<br />
senti<strong>do</strong><br />
função da palavra-valise consiste sempre em ramificar a série em que se insere, dan<strong>do</strong> sinal a<br />
a<br />
palavras-valise que a prece<strong>de</strong>m ou seguem e que fazem com que toda a série seja<br />
outras<br />
em princípio ramificável. Exemplifica a palavra-valise comentan<strong>do</strong> Carroll no prefácio<br />
ramificada<br />
A caça ao Snark. ”Colocam-me a questão: sob que rei, diga, seu ordinário? Fala ou morre! Não<br />
<strong>de</strong><br />
se o rei William ou Richard. Então respon<strong>do</strong> Rilchiam”.Gilles Deleuze explicita ainda que “as<br />
sei<br />
operam <strong>uma</strong> ramificação infinita das séries coexistentes e recaem, ao mesmo<br />
palavras-valise<br />
tempo, sobre as palavras e os senti<strong>do</strong>s, os elementos silábicos e semiológicos (disjunção)”.<br />
33
Levan<strong>do</strong> em conta os avanços tecnológicos e sociais <strong>de</strong> nosso tempo,<br />
concebemos e <strong>de</strong>senvolvemos, no âmbito educacional da sala <strong>de</strong> aula, um outro<br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento, no qual os saberes multidisciplinares<br />
disponíveis aos apren<strong>de</strong>ntes juntamente com a estrutura material da tecnologia<br />
digital entraram em cena. Neste outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aprendência trabalhamos com a<br />
heterogeneida<strong>de</strong> constitutiva, micro e macrocósmica, prenhe <strong>de</strong> elementos<br />
técnicos, semióticos, energéticos, em cujo entorno a produção <strong>do</strong> homem tornou-<br />
se algo pensável nesta outra circularida<strong>de</strong> entre h<strong>uma</strong>nos e não-h<strong>uma</strong>nos.<br />
Reconhecemos essas duas categorias como <strong>uma</strong> sen<strong>do</strong> o avesso da<br />
outra, tal qual o anel <strong>de</strong> Moébius, 7 aceitan<strong>do</strong> que o não-h<strong>uma</strong>no é parte integrante<br />
da subjetivida<strong>de</strong> que <strong>de</strong>ve ser compreendida no intenso fluxo que abriga<br />
fragmentos, traços <strong>de</strong> expressão e territórios existenciais em formação.<br />
Na categoria não-h<strong>uma</strong>no estão inseridas as máquinas tecnológicas <strong>de</strong><br />
comunicação e informação sentidas e vistas como elementos estruturantes que<br />
“operam no coração mesmo da subjetivida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na. Subjetivida<strong>de</strong><br />
compreendida como produção das gran<strong>de</strong>s máquinas sociais, mass-mediáticas e<br />
lingüísticas, não qualificáveis como produção h<strong>uma</strong>na (GUATTARI, 1998, p. 20)”.<br />
Assim, trouxemos para o contexto <strong>de</strong>ste trabalho reflexões com o intuito <strong>de</strong><br />
percebermos, mais <strong>de</strong>talhadamente, a constituição da subjetivida<strong>de</strong> nos seguintes<br />
âmbitos:<br />
7 Anel <strong>de</strong> Moébius representa a passagem contínua <strong>do</strong> interior para o exterior, mostran<strong>do</strong> a<br />
fragilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s raciocínios lineares.Também carrega um forte simbolismo que explicita a<br />
ligação entre elementos e foi para esta analogia que empregamos a referida expressão.<br />
34
a) <strong>do</strong> emprego da Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital, <strong>à</strong> medida que<br />
fomos levantan<strong>do</strong> dificulda<strong>de</strong>s, avalian<strong>do</strong> e redimensionan<strong>do</strong><br />
procedimentos e produções;<br />
b) <strong>de</strong> um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino-aprendizagem (Aprendência), <strong>à</strong> medida<br />
que analisamos as relações entre os apren<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>stes com a<br />
tecnologia, esta como actante das vivências educativas na produção <strong>de</strong><br />
Acontecimentos;<br />
c) da construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> outra escola (<strong>uma</strong> ciberescola, quiçá?), na<br />
proporção <strong>do</strong> quanto é fundamental sua atualização tecnológica e<br />
meto<strong>do</strong>lógica, <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> um outro mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer pedagógico, que<br />
propicie aos apren<strong>de</strong>ntes a construção <strong>de</strong> conhecimentos e <strong>de</strong> um outro<br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> olhar, perceber, ler, ressignificar e atuar no mun<strong>do</strong>, media<strong>do</strong>s<br />
pela tecnologia <strong>de</strong> comunicação que se traduz neste outro actante<br />
constitutivo <strong>de</strong> nosso mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser.<br />
Na era da tecnologia, os princípios fundamentais da Aprendência são a<br />
flexibilida<strong>de</strong>, a integração e o compartilhamento das idéias e saberes. Em face<br />
disso, um <strong>do</strong>s papéis <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r é ajudar e orientar os apren<strong>de</strong>ntes a interpretar<br />
e selecionar a enorme gama <strong>de</strong> informações e <strong>de</strong> fontes disponíveis, <strong>de</strong>ntro<br />
daquilo que representará a essência <strong>de</strong> seu contexto vivencial e, como eterno<br />
apren<strong>de</strong>nte, comungar da vitalida<strong>de</strong>, da curiosida<strong>de</strong>, <strong>do</strong> <strong>de</strong>safio, das <strong>de</strong>scobertas<br />
e experimentos que seus educan<strong>do</strong>s-apren<strong>de</strong>ntes lhe propiciem, efetivan<strong>do</strong> a<br />
troca <strong>de</strong> experiências que tanto enriquecem a vivência educativa.<br />
Para acompanhar os avanços tecnológicos e sociais <strong>de</strong> nosso tempo, faz-<br />
se fundamental, no âmbito educacional, pensar a escola como um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
35
construção <strong>do</strong> conhecimento, no qual os saberes estejam disponíveis aos<br />
apren<strong>de</strong>ntes, <strong>de</strong> maneira que não apenas a estrutura material da tecnologia digital<br />
entre em jogo, mas também o imenso universo <strong>de</strong> informações e conhecimentos<br />
que este outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aprendência abrigaria.<br />
Três são os objetivos primordiais da tese. O primeiro preten<strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar<br />
as múltiplas possibilida<strong>de</strong>s que a tecnologia po<strong>de</strong> oferecer para a construção <strong>de</strong><br />
um outro fazer pedagógico que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> Aprendência, pela sua natureza<br />
diversa <strong>de</strong> condução e construção <strong>de</strong> conhecimentos. O segun<strong>do</strong> visa produzir<br />
aplicativos pedagógicos que efetivem o emprego da tecnologia e da multiplicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> linguagens e programas digitais, <strong>de</strong>monstran<strong>do</strong> que existem muitas<br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> promover um fazer pedagógico em outros mol<strong>de</strong>s, mais livre,<br />
flexível, integra<strong>do</strong> e rico em vivências, trocas e construção <strong>de</strong> conhecimentos<br />
novos. E um terceiro é apontar, sublinearmente, para a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
repensarmos os cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res, ou seja, a partir <strong>do</strong> momento<br />
em que <strong>de</strong>linearmos o professor necessário para o <strong>de</strong>vi<strong>do</strong> entrelaçamento <strong>do</strong><br />
fazer pedagógico com mediação tecnológica, por inferência e atualização,<br />
<strong>de</strong>spontará a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> reestruturação, nas universida<strong>de</strong>s, <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong><br />
formação <strong>de</strong> profissionais da educação.<br />
Este último objetivo, portanto, se presentifica na tese mais como <strong>uma</strong><br />
intenção, como um índice que aponta para um outro trabalho que possa ser<br />
melhor e mais profundamente explora<strong>do</strong> e trabalha<strong>do</strong>. Temos a consciência <strong>de</strong><br />
que ele não está especificamente materializa<strong>do</strong> nesta tese, mas nela subjaz,<br />
disperso nas páginas que a compõem, apontan<strong>do</strong>-nos <strong>uma</strong> outra margem <strong>do</strong><br />
caminho a ser melhor perquirida.<br />
36
1.3 TRAÇADO: PLANO METODOLÓGICO<br />
Toda tecelagem po<strong>de</strong> ter vários <strong>de</strong>stinos: ser utilitária, <strong>de</strong>corativa e<br />
expressiva <strong>de</strong> nossa criativida<strong>de</strong> e sensibilida<strong>de</strong> e, se importa o motivo pelo qual<br />
<strong>uma</strong> tecelagem se origina, importa bem mais saber que o leque <strong>de</strong> suas<br />
aplicações é amplo e <strong>de</strong>safiante. Neste trabalho, tal qual a trama <strong>de</strong> fios <strong>de</strong> um<br />
<strong>tear</strong>, cada conceito, cada experiência observada, analisada, vivenciada, expressa<br />
to<strong>do</strong> um empenho no qual se configura um outro processo <strong>de</strong> ensino-<br />
aprendizagem que, por apresentar diferenças no mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua concepção e<br />
condução, resultará no que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> Aprendência, foco central <strong>de</strong>sta<br />
tese. Tecelagem e <strong>tessitura</strong> se apresentam neste trabalho como ícones <strong>de</strong> um<br />
fazer educativo que articula tecnologia, conhecimento e linguagem para a<br />
construção <strong>de</strong> um fazer pedagógico como <strong>tela</strong> final <strong>de</strong>ste atelier intelectual. A<br />
primeira como a arte milenar <strong>de</strong> articular fios, linhas, cores, conhecimentos,<br />
agentes h<strong>uma</strong>nos e técnicas para formar um teci<strong>do</strong>, metaforiza o também ato<br />
milenar <strong>de</strong> articular procedimentos, temas e tecnologias para promover<br />
conhecimentos individuais e coletivos. A segunda como <strong>uma</strong> contextura, <strong>uma</strong><br />
organização que objetiva juntar da<strong>do</strong>s, vivências e análises que fizeram parte <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> ambiência educativa <strong>de</strong> movimento transversal e tranversátil que comprova a<br />
hipótese que ancora este trabalho.<br />
A investigação <strong>de</strong>senvolve-se pelo Méto<strong>do</strong> Qualitativo, Estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> Caso <strong>do</strong><br />
tipo Pesquisa-Ação, num exercício dinâmico <strong>de</strong> construção teórico conceitual e<br />
37
prática que procura explicitar, na profundida<strong>de</strong> que este estu<strong>do</strong> requer e <strong>de</strong>ntro<br />
<strong>do</strong>s limites que se nos impõem:<br />
a) como a tecnologia, além <strong>de</strong> produzir os resulta<strong>do</strong>s específicos, induz a<br />
inúmeras ações pelas quais os atores h<strong>uma</strong>nos acontecem, nas<br />
dimensões científicas, artísticas, administrativas e sociais;<br />
b) o nível <strong>de</strong> conhecimento, experiência e contacto <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes com<br />
as tecnologias <strong>de</strong> comunicação digital;<br />
c) <strong>de</strong> que mo<strong>do</strong> ocorrem as relações entre apren<strong>de</strong>ntes e <strong>de</strong>stes com a<br />
tecnologia;<br />
d) até que ponto a conjunção <strong>de</strong> elementos teórico-meto<strong>do</strong>lógicos,<br />
técnicos, pedagógicos e afetivos mostram-se favoráveis <strong>à</strong> reflexão e <strong>à</strong><br />
produção <strong>do</strong> conhecimento;<br />
e) como se constituíram os movimentos <strong>de</strong> Aprendência coletivos e<br />
singulares, <strong>à</strong> medida que registramos e analisamos comportamentos,<br />
discursos e manifestações orais e escritas, bem como a apresentação<br />
<strong>de</strong> aplicativos pedagógicos produzi<strong>do</strong>s durante as vivências educativas<br />
ocorridas no <strong>de</strong>correr da pesquisa;<br />
f) indicativos para <strong>uma</strong> universida<strong>de</strong> forma<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res, cujo<br />
contexto educacional seja promotor da Aprendência <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> aberto,<br />
atual, flexível e condizente com os avanços tecnológicos e científicos;<br />
g) o perfil <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r necessário a um tempo outro.<br />
38
Nosso trabalho <strong>de</strong> pesquisa procurou ser, na sua práxis, um plano <strong>de</strong><br />
transcendência 8 , na medida em que, ao realizar o enfoque <strong>do</strong> problema das<br />
<strong>de</strong>fasagens curriculares nas universida<strong>de</strong>s, se ocupa igualmente em fazer com<br />
que se engendre um fazer pedagógico que encontre saídas em meio a esta<br />
<strong>de</strong>fasagem e aos problemas curriculares cristaliza<strong>do</strong>s; um plano <strong>de</strong> analogia<br />
enquanto instrumento que estabelece diferenças entre o posto e o possível, "seja<br />
porque assinala o termo iminente <strong>de</strong> um <strong>de</strong>senvolvimento, seja por que<br />
estabelece as relações proporcionais da [sua] estrutura po<strong>de</strong>n<strong>do</strong> estar no<br />
inconsciente da vida, da alma ou da linguagem: <strong>uma</strong> vez que concluí<strong>do</strong> e inferi<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> seus próprios efeitos, e mesmo que o digamos imanente, ele só o é por<br />
ausência, analogicamente (metaforicamente, metonimicamente, etc.)” (GILLES<br />
DELEUZE; GUATTARI, 1997, p. 54).<br />
A meto<strong>do</strong>logia escolhida reflete a concepção teórica e o conjunto <strong>de</strong><br />
técnicas e ações que envolveram pesquisa<strong>do</strong>ra e pesquisa<strong>do</strong>s no dinâmico<br />
exercício das vivências educativas ocorridas na unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> observação LANTEC.<br />
Com o objetivo <strong>de</strong> aprofundar e ampliar as reflexões e práticas <strong>do</strong> trabalho<br />
Gilles Deleuze e Félix Guattari (2002, p.54-63) em Mil Platôs Capitalismo e Esquizofrenia (vol.4)<br />
8<br />
Lembranças <strong>de</strong> um Planeja<strong>do</strong>r referem-se ao plano <strong>de</strong> transcendência e imanência que<br />
e<br />
seja li<strong>do</strong>. Segun<strong>do</strong> nosso entendimento, por plano <strong>de</strong> transcendência po<strong>de</strong>-se<br />
recomendamos<br />
o plano no qual “a forma não pára <strong>de</strong> ser dissolvida para liberar tempos e<br />
compreen<strong>de</strong>r<br />
que se revelam ainda em parte, ou o seja, plano está sempre em construção e<br />
velocida<strong>de</strong>s”<br />
portanto transcen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> ao que seria sua realização e se revela somente em parte<br />
dissolução,<br />
que <strong>de</strong>ixa transparecer <strong>do</strong> que po<strong>de</strong>ria ter si<strong>do</strong> sua origem ou constituiçao. Mais<br />
naquilo<br />
esclarecem planos <strong>de</strong> consistência no volume cinco <strong>de</strong> Mil Platôs (1997 p.222).<br />
<strong>de</strong>talhadamente<br />
plano <strong>de</strong> consistência se inscrevem: as hecceida<strong>de</strong>s, acontecimentos, transformações<br />
Nesse<br />
apreendidas, por si mesmas; as essências nôma<strong>de</strong>s ou vagas, e, contu<strong>do</strong> rigorosas;<br />
incorporais<br />
continuums <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong> ou variações contínuas, que extravasam as constantes e as<br />
os<br />
ou <strong>de</strong>vires, que não possuem termo nem sujeito, mas arrastam um e outro a zonas <strong>de</strong><br />
variáveis;<br />
ou <strong>de</strong> in<strong>de</strong>cibilida<strong>de</strong>s os espaços que se compõem através <strong>do</strong> espaço estria<strong>do</strong>.<br />
vizinhança<br />
a cada vez, que corpos sem órgãos, (platôs) intervêm: para a individuação por<br />
Diríamos,<br />
para a matéria da variação, por meio <strong>do</strong> <strong>de</strong>vir ou da transformação, para alisamento<br />
hecceida<strong>de</strong>,<br />
espaço. Po<strong>de</strong>rosa vida não-orgânica que escapa <strong>do</strong>s estratos atravessa os agenciamentos e<br />
<strong>do</strong><br />
traça <strong>uma</strong> linha abstrata sem contorno, linha da arte nôma<strong>de</strong> e da metalurgia itinerante.<br />
39
<strong>do</strong>cente em sala <strong>de</strong> aula com o emprego da tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital,<br />
esta pesquisa-ação foi tecen<strong>do</strong> práticas e reven<strong>do</strong> conceitos <strong>à</strong> medida que, em<br />
seu <strong>de</strong>senrolar, os envolvi<strong>do</strong>s foram apresentan<strong>do</strong> Acontecimentos que alteram<br />
ou po<strong>de</strong>m alterar, no espaço trabalha<strong>do</strong>, os paradigmas educacionais vigentes.<br />
Em nossa pesquisa pu<strong>de</strong>mos, ainda, <strong>de</strong>senvolver vários aplicativos<br />
pedagógicos que empregaram a linguagem em suas múltiplas manifestações e<br />
tais aplicativos fazem parte <strong>do</strong> conjunto <strong>de</strong> produções que resultaram <strong>do</strong> processo<br />
<strong>de</strong> Aprendência <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> durante a elaboração <strong>de</strong>sta tese, na referida<br />
disciplina.<br />
Para a realização da pesquisa empregamos aparatos tecnológicos tais<br />
como: filma<strong>do</strong>ra que se ocupou <strong>do</strong> registro <strong>do</strong>cumental oral e visual das<br />
ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>senvolvidas; computa<strong>do</strong>res que atuaram como o coletivo <strong>de</strong> não-<br />
h<strong>uma</strong>nos, media<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fazer coletivo <strong>de</strong> h<strong>uma</strong>nos que, na produção <strong>de</strong> aplicativos<br />
pedagógicos, interagia n<strong>uma</strong> dimensão flexível e aberta <strong>à</strong> polifonia <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s.<br />
As etapas da pesquisa tramaram-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> intenso e harmônico,<br />
enlaçan<strong>do</strong> pesquisa bibliográfica na qual se ancora o lastro teórico-conceitual com<br />
as ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> Aprendência <strong>de</strong>senvolvidas no LANTEC, objetivan<strong>do</strong> atingir a<br />
confirmação <strong>de</strong> nossa hipótese e consecução <strong>de</strong> nossos objetivos explicita<strong>do</strong>s no<br />
<strong>de</strong>correr <strong>de</strong>sta seção.<br />
O fazer pedagógico efetivou-se por meio da disciplina Tecnologia <strong>de</strong><br />
Comunicação Digital e Transposições Didáticas, ofertada como optativa pelo<br />
Departamento <strong>de</strong> Educação da <strong>UFSC</strong>, sob o registro oficial MEN 5105, turmas:<br />
0387A (TCDI2002. 1), 0387B (TCDII2002. 2) e 0387C (TCDIII2003. 1) 0387D<br />
(TCDIV2003. 2), com <strong>uma</strong> oferta <strong>de</strong> vinte vagas e quatro créditos, <strong>de</strong>senvolvida<br />
40
no LANTEC, todas as quartas-feiras pela manhã das oito <strong>à</strong>s <strong>do</strong>ze horas, por<br />
quatro semestres, cujo início <strong>de</strong>u-se no ano <strong>de</strong> <strong>do</strong>is mil e <strong>do</strong>is (2002), intercala<strong>do</strong><br />
por <strong>do</strong>is longos perío<strong>do</strong>s <strong>de</strong> greve nas universida<strong>de</strong>s nacionais e logicamente na<br />
<strong>UFSC</strong>.<br />
Os apren<strong>de</strong>ntes, (acadêmicos e professores), sen<strong>do</strong> aqueles <strong>de</strong> vários<br />
cursos e estes das áreas <strong>de</strong> Pedagogia, Artes Plásticas, Lingüística e Sociologia<br />
pensavam e repensavam juntos os conteú<strong>do</strong>s sempre a partir das apresentações<br />
<strong>do</strong>s trabalhos e da discussão <strong>de</strong> textos, filmes, <strong>do</strong>cumentários que eram<br />
trabalha<strong>do</strong>s nas ativida<strong>de</strong>s cotidianas <strong>do</strong> Atelier-TCD 9 (Atelier: um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Aprendência – Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital e Transposição Didática).<br />
O projeto inicial <strong>de</strong> pesquisa teve <strong>do</strong>is <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos: um relativo <strong>à</strong>s<br />
ativida<strong>de</strong>s previstas para o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> ementário da disciplina optativa e<br />
outro como resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer pedagógico, cujos apren<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>s<strong>do</strong>braram as<br />
ativida<strong>de</strong>s iniciadas na primeira etapa em um trabalho <strong>de</strong> pesquisa que se<br />
<strong>de</strong>nominou Atelier-Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital: um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aprendência<br />
ou Atelier-Pesquisa 10 , que abrigou os seguintes projetos:<br />
a) O circo vai <strong>à</strong> escola, objetivan<strong>do</strong> a elaboração <strong>de</strong> <strong>uma</strong> obra didática<br />
(em mídia impressa e digital) para o ensino <strong>de</strong> alemão nas escolas <strong>de</strong><br />
primeiro grau <strong>do</strong>s colégios públicos;<br />
O termo TCD que <strong>de</strong>signa Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital não goza ainda <strong>de</strong> popularida<strong>de</strong>,<br />
9<br />
foi por nós a<strong>do</strong>ta<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> por base a tese: Tertium: O Novo Mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> Ser, <strong>do</strong> Saber e <strong>do</strong><br />
mas<br />
(Construin<strong>do</strong> <strong>uma</strong> Taxionomia para a Mediação Pedagógica em Tecnologia <strong>de</strong><br />
Apren<strong>de</strong>r<br />
Digital) <strong>de</strong> autoria da professora Dra. Araci Hack Catapan (2001), que o emprega<br />
Comunicação<br />
amplamente.<br />
Atelier-Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital: um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> aprendência enquanto projeto<br />
10<br />
no laboratório <strong>de</strong> Novas Tecnologias da <strong>UFSC</strong> como disciplina optativa <strong>do</strong> MEN 5105 e<br />
vivencia<strong>do</strong><br />
enquanto projeto para o CNPq que objetiva financiamento expansão<br />
Atelier-Pesquisa<br />
interinstitucional.<br />
41
) Da Lagarta <strong>à</strong> Borboleta – O Ensino a Distância: Uma Possibilida<strong>de</strong><br />
Inova<strong>do</strong>ra com o objetivo <strong>de</strong> analisar as meto<strong>do</strong>logias mais utilizadas<br />
nos aplicativos <strong>de</strong> Ead e construir um mo<strong>de</strong>lo conceitual para mapear<br />
as estruturas nas quais está inserida, propon<strong>do</strong> <strong>uma</strong> abordagem<br />
inova<strong>do</strong>ra;<br />
c) Atrás <strong>do</strong> Espelho – Iconografia: <strong>uma</strong> história <strong>de</strong> formação <strong>do</strong>s<br />
educa<strong>do</strong>res <strong>de</strong> Santa Catarina, cujo objetivo é resgatar a história da<br />
formação <strong>de</strong> professores em Santa Catarina, no perío<strong>do</strong> que se situa<br />
entre as décadas <strong>de</strong> 30 e 40 <strong>do</strong> século XX, através <strong>de</strong> acervo<br />
iconográfico (PIBIC);<br />
d) Do pica<strong>de</strong>iro <strong>à</strong> Tela – Uma proposta para a elaboração <strong>de</strong> aplicativos<br />
pedagógicos digitais para o ensino <strong>de</strong> alemão nas escolas <strong>de</strong> primeiro<br />
grau, bem como utilizar a tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital para<br />
propiciar o contacto virtual entre estudantes alemães e os estudantes<br />
<strong>do</strong> alemão no Brasil.<br />
Esse segun<strong>do</strong> momento agregou outros pesquisa<strong>do</strong>res e estudiosos que<br />
não haviam participa<strong>do</strong> da primeira etapa <strong>do</strong> trabalho, mas integraram-se por<br />
interesse em razão <strong>de</strong>ste oferecer-se como proposta para um outro fazer<br />
pedagógico. Importa também salientar que esse trabalho <strong>de</strong>u-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />
presencial atual e também media<strong>do</strong> pela internet: inicialmente através <strong>de</strong> um e-<br />
mail <strong>do</strong> grupo, on<strong>de</strong> os apren<strong>de</strong>ntes colocavam seus reca<strong>do</strong>s, textos e dúvidas<br />
que to<strong>do</strong>s partilhavam; porque, embora o trabalho pedagógico cessasse no tempo<br />
institucional, o contacto entre as turmas continua. Mais recentemente, ou seja, na<br />
turma Atelier-TCDIV os contactos atualizaram-se pelo uso <strong>do</strong> blogger, no qual<br />
42
todas as “<strong>tela</strong>s” (assim eram chamadas as produções escritas, fossem elas textos<br />
lingüísticos ou icônicos que os apren<strong>de</strong>ntes registravam) são registradas e<br />
permanecem visíveis a to<strong>do</strong>s os apren<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong> todas as turmas. Este mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Aprendência e condução <strong>do</strong> fazer pedagógico e vivencial passou a ser também o<br />
germe da constituição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> Comunida<strong>de</strong> Virtual <strong>de</strong> Aprendizagem 11 , que<br />
ainda se estrutura e ganha corpo, mas que não cabe ser <strong>de</strong>talhada nesta tese,<br />
porque o processo ainda prossegue, enquanto a tese chega ao limite<br />
regulamentar da <strong>de</strong>fesa. Mas certamente, aqui, acolá, alhures, no espaço da<br />
<strong>UFSC</strong>, da UNIOESTE 12 , no ciberespaço <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s nós ela se efetivará. (Nos<br />
anexos indicamos o en<strong>de</strong>reço <strong>do</strong> blogger da turma on<strong>de</strong> consta o en<strong>de</strong>reço <strong>de</strong><br />
to<strong>do</strong>s os participantes <strong>do</strong> Atelier -TCDIV).<br />
O discurso <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes manifesta<strong>do</strong> quer <strong>de</strong> forma oral, quer <strong>de</strong> forma<br />
escrita são, neste contexto <strong>de</strong> análise, o que Gilles Deleuze (2000, p. 187-90)<br />
<strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> Acontecimentos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>.<br />
As significações-Acontecimentos, portanto, compõem a <strong>tessitura</strong> <strong>de</strong>sta tese<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>marca<strong>do</strong>, mas estão presentes na feitura <strong>do</strong> to<strong>do</strong>, imbrican<strong>do</strong>-se<br />
como fios finos e retorci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mecha que se <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra <strong>do</strong> começo ao fim <strong>do</strong><br />
trabalho.<br />
Segun<strong>do</strong> Lévy (1999), <strong>uma</strong> comunida<strong>de</strong> virtual é formada a partir <strong>de</strong> afinida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interesses,<br />
11<br />
conhecimentos, <strong>de</strong> projetos mútuos e valores <strong>de</strong> troca, estabeleci<strong>do</strong>s num processo <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong><br />
Elas não são baseadas em lugares e filiações institucionais. Nessas comunida<strong>de</strong>s<br />
cooperação.<br />
<strong>de</strong> aprendizagem, as relações on-line estão muito longe <strong>de</strong> serem frias. Elas não excluem<br />
virtuais<br />
emoções. A responsabilida<strong>de</strong> individual, a opinião pública e seu julgamento aparecem<br />
as<br />
no ciberespaço. No entanto, a comunicação via re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> computa<strong>do</strong>res é um<br />
fortemente<br />
ou um adicional, e não irá <strong>de</strong> forma alg<strong>uma</strong> substituir os encontros físicos. Na<br />
complemento<br />
as relações entre antigos e novos dispositivos <strong>de</strong> comunicação não po<strong>de</strong>m ser pensadas<br />
verda<strong>de</strong>,<br />
termos <strong>de</strong> substituição.<br />
em<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>do</strong> Oeste <strong>do</strong> Paraná, da qual sou professora e na qual preten<strong>do</strong> criar<br />
12<br />
Comunida<strong>de</strong> Virtual <strong>de</strong> Aprendizagem para dar continuida<strong>de</strong> a um trabalho educativo-<br />
<strong>uma</strong><br />
media<strong>do</strong> pela tecnologia, nos mol<strong>de</strong>s concebi<strong>do</strong>s em Atelier-TCD inicia<strong>do</strong> na<br />
pedagógico<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina, por ocasião <strong>de</strong>sta pesquisa.<br />
43
Para efeito didático, apenas <strong>de</strong>nominaremos <strong>de</strong> significações os<br />
<strong>de</strong>poimentos seleciona<strong>do</strong>s, enumeran<strong>do</strong>-os em (S01, S02, S03, etc..), e TCDI, II,<br />
III e IV as turmas das quais os apren<strong>de</strong>ntes fizeram parte. Embora achássemos<br />
produtivo colocar o nome <strong>do</strong>s acadêmicos entre parênteses, ao consultarmos<br />
alg<strong>uma</strong>s das turmas, estas opinaram por atribuir um número a cada apren<strong>de</strong>nte<br />
cujo <strong>de</strong>poimento seja seleciona<strong>do</strong>, juntamente com a indicação da turma na qual<br />
o apren<strong>de</strong>nte cursou a disciplina. Assim proce<strong>de</strong>mos então, colocan<strong>do</strong><br />
inicialmente o <strong>de</strong>poimento <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> por (Sn), seguin<strong>do</strong>-se a turma da disciplina<br />
Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital e Transposição Didática I (TCDI) e assim<br />
sucessivamente (TCDII), (TCDII) e (TCDIV), compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> os diferentes<br />
perío<strong>do</strong>s nos quais se <strong>de</strong>u a pesquisa e A01, A02, A03 para indicar o número <strong>do</strong><br />
apren<strong>de</strong>nte que proferiu o cita<strong>do</strong> discurso. O número que <strong>de</strong>signa o apren<strong>de</strong>nte<br />
obe<strong>de</strong>ce <strong>à</strong> seqüência da or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> chamada <strong>de</strong> cada turma, porém, n<strong>uma</strong><br />
seqüência somatória das quatro turmas. Os referi<strong>do</strong>s discursos entram em cena<br />
nos capítulos Trama e Tessitura, mais especificamente, sen<strong>do</strong> que, nesse último<br />
capítulo, a contagem das Significações segue progressivamente, para que<br />
diferentes apren<strong>de</strong>ntes não tenham o mesmo número em diferentes recortes<br />
discursivos. Há também duas naturezas <strong>de</strong> discurso: um escrito e outro oral,<br />
grava<strong>do</strong> em fita VHS. As fitas VHS partem sempre <strong>de</strong> 01 para cada turma <strong>do</strong><br />
TCD, logo, a i<strong>de</strong>ntificação mais específica <strong>do</strong> discurso oral está atrelada também<br />
<strong>à</strong> indicação da turma na qual o apren<strong>de</strong>nte cursou a referida disciplina. Assim<br />
teremos: S xz, A oy, TCD I, TCD II, TCD III, TCD IV e VHS oo... Para efeito <strong>de</strong><br />
compreensão e melhor organização didática, os discursos orais levam a indicação<br />
<strong>do</strong> número da fita na qual se encontram registra<strong>do</strong>s e, na tese estão transcritos,<br />
44
tanto quanto possível, sem as marcas inerentes <strong>à</strong> oralida<strong>de</strong>. Já os discursos<br />
escritos em <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s momentos <strong>do</strong> <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s, mais<br />
especificamente nos momentos <strong>de</strong> apresentação <strong>do</strong>s trabalhos que se realizavam<br />
nas mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong>s exposição e mostra serão apenas transcritos e estarão<br />
presentes nos anexos da tese. Também é importante dizer que certos discursos<br />
trazi<strong>do</strong>s para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> corpo da tese são fragmentos <strong>de</strong> textos escritos ou<br />
fala<strong>do</strong>s pelos apren<strong>de</strong>ntes e que, por apren<strong>de</strong>nte, estamos <strong>de</strong>signan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os<br />
envolvi<strong>do</strong>s na vivência. Do mesmo mo<strong>do</strong> esclarecemos que em certos momentos<br />
as seqüências discursivas apresentam <strong>do</strong>is, três ou quatro números para <strong>de</strong>signar<br />
os autores, porque nesse caso é a opinião das duplas ou <strong>do</strong> grupo que realizou o<br />
trabalho.<br />
Quanto <strong>à</strong>s mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong>s das apresentações, escolhemos fazer exposição e<br />
mostra, sen<strong>do</strong> a primeira <strong>de</strong> âmbito mais restrito, apenas aos apren<strong>de</strong>ntes e como<br />
resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> primeira construção <strong>do</strong> grupo, que recebia as análises e<br />
sugestões <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s e, portanto, podia ser realimentada. Já no momento das<br />
mostras, a apresentação era aberta ao público, convida<strong>do</strong> por fol<strong>de</strong>rs coloca<strong>do</strong>s<br />
em lugares públicos e também por meio <strong>de</strong> pequenos convites que os<br />
apren<strong>de</strong>ntes po<strong>de</strong>riam oferecer aos seus convida<strong>do</strong>s. As palavras Exposição e<br />
Mostra fazem parte <strong>do</strong> campo semântico da arte, assim como Atelier e Tessitura e<br />
<strong>de</strong>signam o espírito <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>, respeito <strong>à</strong>s singularida<strong>de</strong>s, movimento aberto,<br />
flexível, transversal e tranversátil que imprimimos a esta vivência educativa.<br />
No corpus geral <strong>do</strong> trabalho foram sessenta e quatro os participantes, cujos<br />
discursos ou significações serão transcritos e discuti<strong>do</strong>s para compor-lhe a trama<br />
e cujos gráficos <strong>de</strong> amostragem integram-no como anexos. Tais significações<br />
45
ealmente apresentam um valor fundamental no contexto <strong>de</strong>sta tese por<br />
constituírem-se no <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramento <strong>do</strong> que buscamos em teoria e na prática,<br />
nesses <strong>do</strong>is anos <strong>de</strong> pesquisa e trabalho integra<strong>do</strong>. Muito embora nem to<strong>do</strong>s os<br />
discursos sejam chama<strong>do</strong>s a cena, eles permeiam esta tese quer como<br />
materialida<strong>de</strong>, quer como energia que a compõe e traduziram-se ou traduzir-se-<br />
ão em ações.<br />
Também <strong>do</strong>s anexos fazem parte alguns Story Boards, ou roteiros <strong>de</strong><br />
alguns <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s. Tais roteiros representaram um instrumento<br />
nortea<strong>do</strong>r para o <strong>de</strong>sempenho e realização <strong>do</strong>s aplicativos pedagógicos, cujo CD-<br />
ROM também faz parte <strong>de</strong>ssa tese, compon<strong>do</strong> a <strong>tela</strong> final <strong>do</strong> quinto momento<br />
intitula<strong>do</strong> V Tela e cuja <strong>de</strong>scrição sucinta está no capitulo III intitula<strong>do</strong> Trama.<br />
Frisamos mais <strong>uma</strong> vez que não estamos interessa<strong>do</strong>s, neste trabalho, em<br />
fazer <strong>uma</strong> análise <strong>de</strong> discurso, segun<strong>do</strong> as suas idiossincrasias e concepções,<br />
mas apenas trazer os discursos, tanto os orais quanto os escritos, como<br />
testemunhos daquilo que buscamos averiguar mais <strong>de</strong> perto, ou seja, a<br />
subjetivida<strong>de</strong> e o movimento da Aprendência.<br />
1.4 PONTEANDO: A SISTEMATIZAÇÃO DA TESE<br />
A temática da tese <strong>de</strong>senvolve-se em cinco momentos que se tecem e a<br />
expõe sem, no entanto esgotar a sua abrangência e as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> análise<br />
e aplicabilida<strong>de</strong>. Assim sen<strong>do</strong>, em I Fio tecemos a introdução, conten<strong>do</strong> os<br />
indicativos conceituais que permeiam os <strong>de</strong>mais capítulos, bem como a<br />
46
problematização, a meto<strong>do</strong>logia os objetivos e a hipótese <strong>de</strong> que se ocupa esta<br />
tese.<br />
Em II Tear nos ativemos em discorrer sobre a linguagem e a conotação<br />
que lhe damos neste trabalho, bem como tratamos da tecnologia e o que ela<br />
significa para o contexto social e educativo. Enfatizamos a necessida<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
emprego da linguagem em sua multipotencialida<strong>de</strong>, associada agora ao<br />
tecnológico, para um fazer educativo mais consoante com o a realida<strong>de</strong> vivencial.<br />
Em III Trama ocupamo-nos em interpretar e aplicar os conceitos <strong>de</strong><br />
Aprendência, h<strong>uma</strong>no e não-h<strong>uma</strong>no bem como os conceitos <strong>de</strong> Acontecimento,<br />
Diferença e Repetição segun<strong>do</strong> a compreensão que tivemos <strong>de</strong> Gilles Deleuze,<br />
entrelaçan<strong>do</strong> nosso discurso ao discurso <strong>do</strong>s teóricos e ao discurso <strong>do</strong>s<br />
apren<strong>de</strong>ntes que participaram da pesquisa. Tais discursos são as significações<br />
que reforçaram os conceitos aqui trata<strong>do</strong>s e a hipótese levantada.<br />
Em IV Tessitura versamos sobre os processos <strong>de</strong> subjetivação tentan<strong>do</strong><br />
dar conta <strong>de</strong> sua complexida<strong>de</strong> e implicações para a compreensão da<br />
revitalização <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> Aprendência. Buscamos mostrar as articulações<br />
entre linguagem, e tecnologia em sua dimensão teórico-prática, bem como a<br />
necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> <strong>uma</strong> outra ética e <strong>uma</strong> outra estética no campo da<br />
educação. Para tanto apresentamos as diversas mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> links entre<br />
educação e os processos <strong>de</strong> subjetivação, em sua relação com a linguagem, <strong>à</strong><br />
mediação tecnológica e a cultura <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes. Também neste capítulo<br />
apresentamos entrelaçamentos entre o discurso <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes, o discurso <strong>do</strong>s<br />
teóricos e o discurso da pesquisa<strong>do</strong>ra, que se tecem e entretecem e<br />
47
fundamentam o conceito <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong>, procuran<strong>do</strong> levantar da<strong>do</strong>s <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
subjetivida<strong>de</strong> em transformação.<br />
Em V Tela apresentamos o resulta<strong>do</strong> <strong>do</strong> enredamento entre vonta<strong>de</strong>s,<br />
estu<strong>do</strong>, conhecimentos, fazer-pedagógico e compromisso profissional teci<strong>do</strong>s nas<br />
vivências <strong>do</strong> Atelier-TCD e Atelier-Pesquisa, com o espírito <strong>de</strong> que a <strong>tessitura</strong><br />
continua, evocan<strong>do</strong> a paciência <strong>de</strong> Penélope, a astúcia <strong>de</strong> Ariadne e a fluência<br />
<strong>do</strong>s Acontecimentos <strong>de</strong>leuzianos.<br />
48
50<br />
Na tradição <strong>do</strong> islã o Tear<br />
simboliza a estrutura <strong>do</strong> universo.<br />
Na África <strong>do</strong> Norte,<br />
nas humil<strong>de</strong>s choupanas <strong>do</strong>s<br />
maciços montanhosos, a <strong>do</strong>na <strong>de</strong><br />
casa possui um <strong>tear</strong>:<br />
<strong>do</strong>is rolos <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira sustenta<strong>do</strong>s<br />
por <strong>do</strong>is montantes;<br />
<strong>uma</strong> moldura simples.<br />
O rolo <strong>de</strong> cima recebe o nome <strong>de</strong> rolo<br />
<strong>do</strong> céu,<br />
o <strong>de</strong> baixo representa a terra. Esses<br />
quatro pedaços <strong>de</strong> ma<strong>de</strong>ira<br />
representam o universo.<br />
(Jean Chevalier)
II- TEAR<br />
2.1 LINGUAGEM: UMA TRAMA INTENSA<br />
óbvio que nada se po<strong>de</strong> contrapor a isto. Mas a encarnação <strong>do</strong> saber<br />
É<br />
corpo <strong>do</strong>cente data <strong>de</strong> épocas em que apenas <strong>uma</strong> pessoa rara era<br />
no<br />
<strong>do</strong> saber: ancião experiente, padre, mestre, autor respeita<strong>do</strong>,<br />
porta<strong>do</strong>ra<br />
venera<strong>do</strong>; dizia-se habitualmente <strong>de</strong>les que, quan<strong>do</strong><br />
consulta<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong>saparecia <strong>uma</strong> biblioteca inteira. Este remorso significava,<br />
morressem,<br />
contrário, creio, que, a partir da invenção <strong>de</strong> novos suportes: escrita,<br />
pelo<br />
livros e livrarias, nunca mais morreu o corpo vivo e presente<br />
imprensa,<br />
ou tabernáculo <strong>do</strong> saber. Este é o meu corpo: o livro que<br />
receptáculo<br />
é mais a carne da minha carne <strong>do</strong> que a minha própria carne. E,<br />
escrevo<br />
como o <strong>de</strong> um anjo, este corpo sutil po<strong>de</strong>, virtualmente, partir,<br />
também,<br />
falar em lugares on<strong>de</strong> não está o corpo presente. O ensino <strong>à</strong><br />
voar,<br />
nasce com a escrita, para se <strong>de</strong>senvolver através da imprensa.<br />
distância<br />
Michel Serres<br />
Por muitos séculos a h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> valeu-se da oralida<strong>de</strong> como principal<br />
fonte <strong>de</strong> transmissão <strong>de</strong> suas idéias, saberes, conhecimento e cultura. Um outro<br />
longo perío<strong>do</strong> foi marca<strong>do</strong> pela escrita, que se associou <strong>à</strong> oralida<strong>de</strong>, operan<strong>do</strong><br />
transformações nas socieda<strong>de</strong>s letradas e trazen<strong>do</strong>, além <strong>do</strong> conhecimento,<br />
inúmeras novas formas <strong>de</strong> relacionamento entre os povos. No momento em que<br />
vivemos, presenciamos o nascimento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> outra forma <strong>de</strong> comunicação, em<br />
<strong>de</strong>corrência da qual, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> já, po<strong>de</strong>mos observar profun<strong>do</strong>s abalos no mo<strong>do</strong> <strong>do</strong><br />
ser e <strong>do</strong> fazer <strong>do</strong>s homens, das instituições e <strong>do</strong> conhecimento. Referimo-nos <strong>à</strong><br />
tecnologia que marca <strong>uma</strong> nova era na trajetória da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>.<br />
Analisar um pouco mais <strong>de</strong> perto as várias fases da evolução h<strong>uma</strong>na<br />
ajuda-nos a compreen<strong>de</strong>r em que medida os avanços tecnológicos foram<br />
mudan<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer e <strong>de</strong> ser da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>.<br />
51
Da Era da Oralida<strong>de</strong> para a Era da Escrita, a relação entre os homens e a<br />
memória social mu<strong>do</strong>u significativamente. Com a escrita, o homem, para dar a<br />
conhecer suas idéias, pensamentos sentimentos, vivências e comunicar-se,<br />
passou a fazer uso <strong>de</strong> outros tipos <strong>de</strong> materiais, mais concretos, tais como lousas,<br />
pergaminhos, papel. Essa materialização permitiu-lhe um certo distanciamento<br />
entre seu pensamento e o que produzia, oferecen<strong>do</strong>, assim, oportunida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
analisar seu próprio conhecimento e, também, fazer com que ele chegasse ao<br />
conhecimento <strong>de</strong> outras pessoas e povos, superan<strong>do</strong> o espaço e o tempo. De<br />
mo<strong>do</strong> concreto, o material da consciência <strong>do</strong>s homens da época se objetivava na<br />
escrita e lhes servia <strong>de</strong> análise e estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua expressão, valores e cultura.<br />
A escrita passa a ser como <strong>uma</strong> nova memória, ou seja, <strong>uma</strong> tecnologia<br />
que ajuda o la<strong>do</strong> psicobiológico <strong>do</strong> ser que já não precisa reter tu<strong>do</strong> na memória<br />
pessoal. O surgimento da escrita está, pois, liga<strong>do</strong> a <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> mudanças no<br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensar e agir <strong>do</strong>s homens da época. O saber que era condiciona<strong>do</strong> pela<br />
subjetivida<strong>de</strong>, passa a ser objetiva<strong>do</strong> e possível <strong>de</strong> ser analisa<strong>do</strong> e conheci<strong>do</strong><br />
pelo outro.<br />
Em pedras, argila, granito, mármore, pergaminhos, papel, a escrita, em<br />
traços e linhas, tece e eterniza o pensar <strong>do</strong>s homens que fizeram época, que<br />
produziram leis, conhecimento, invenções e avanços, enfim, que escreveram a<br />
história.<br />
A escrita <strong>de</strong>termina que a memória <strong>de</strong> <strong>uma</strong> cultura não cabe somente em<br />
contos e narrativas, espalha<strong>do</strong>s pelas bocas <strong>do</strong>s menestréis, e passa a constituí-<br />
la em <strong>do</strong>cumentos e registros, inscreven<strong>do</strong>-a através <strong>do</strong>s tempos. Muda a lógica<br />
da justaposição <strong>de</strong> idéias, presente na oralida<strong>de</strong>, pela lógica <strong>do</strong> enca<strong>de</strong>amento. A<br />
52
ótica <strong>de</strong> autorida<strong>de</strong> <strong>do</strong> autor-narra<strong>do</strong>r sem obra material contrapõe-se <strong>à</strong><br />
autorida<strong>de</strong> da obra sem a necessida<strong>de</strong> da presença <strong>de</strong> seu autor, <strong>uma</strong> vez que o<br />
texto fala por si.<br />
A situação comunicacional é totalmente nova com os discursos afasta<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> seu contexto <strong>de</strong> produção. A mediação h<strong>uma</strong>na intimista e singular <strong>do</strong><br />
narra<strong>do</strong>r, que dava <strong>à</strong>s suas mensagens um caráter idiossincrático, é cindida, e em<br />
seu lugar surge o escriba, que institui <strong>uma</strong> familiarida<strong>de</strong> apenas relativa entre o<br />
autor e o leitor que a imprensa <strong>de</strong> Gutenberg acelera e multiplica. Assim, se por<br />
um la<strong>do</strong>, a escrita trouxe possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um tratamento mais cuida<strong>do</strong>so com a<br />
palavra, com o texto, por outro, instaura a dúvida quanto ao entendimento e<br />
interpretação da mensagem. Na época da oralida<strong>de</strong>, os ouvintes não somente<br />
participavam <strong>do</strong> momento comunicacional como podiam dirimir suas dúvidas em<br />
relação <strong>à</strong> compreensão da mensagem, junto ao narra<strong>do</strong>r.<br />
Na vivência comunicativa com o texto escrito a interpretação e a<br />
significação <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m <strong>do</strong> leitor-locutor, que po<strong>de</strong> alterar, acrescentar e<br />
enriquecer seu significa<strong>do</strong> primeiro, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> sua ótica e interesse. A<br />
dualida<strong>de</strong> – senti<strong>do</strong> inicial, interpretação <strong>do</strong> leitor – leva a um rigor maior para<br />
com a objetivida<strong>de</strong> da escrita.<br />
Modificam-se as relações entre os homens. A oralida<strong>de</strong>, como forma <strong>de</strong><br />
saber, é <strong>de</strong>svalorizada e a palavra escrita adquire prestígio <strong>de</strong>terminante no<br />
social: quem sabe ler e escrever ascen<strong>de</strong> aos melhores postos <strong>de</strong> trabalho e <strong>de</strong><br />
coman<strong>do</strong>. Ser ou não alfabetiza<strong>do</strong> traz implicações na or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> trabalho, <strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> conhecimento, <strong>do</strong> viver. Essa mudança na subjetivida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na se,<br />
53
por um la<strong>do</strong>, trouxe vantagens, por outro, esmagou a cultura <strong>de</strong> muitos povos,<br />
<strong>de</strong>struiu sua memória.<br />
Importa perceber, no cita<strong>do</strong> rito <strong>de</strong> passagem <strong>de</strong> um estágio da linguagem<br />
para outro, que tais tecnologias não são apenas mo<strong>do</strong>s diversos e externos <strong>de</strong><br />
comunicação, mas transformações <strong>de</strong> nossos processos <strong>de</strong> subjetivação, nos<br />
quais a linguagem escrita contribuiu, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>terminante, para cunhar a<br />
natureza h<strong>uma</strong>na, o pensamento e a cultura como a conhecemos.<br />
Ong (1998, p.32) reforça o que acabamos <strong>de</strong> afirmar:<br />
a escrita a mente letrada não pensaria e não po<strong>de</strong>ria pensar<br />
Sem<br />
pensa, não apenas quan<strong>do</strong> se ocupa da escrita, mas<br />
como<br />
normalmente, quan<strong>do</strong> está compon<strong>do</strong> seus<br />
também<br />
<strong>de</strong> forma oral. Mais <strong>do</strong> que qualquer outra invenção<br />
pensamentos<br />
individual, a escrita transformou a consciência h<strong>uma</strong>na.<br />
A intenção <strong>de</strong> recordar, neste contexto, a passagem da oralida<strong>de</strong> para a<br />
escrita visa, apenas, chamar a atenção sobre as mudanças que esse fato operou<br />
na subjetivida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na, bem como fazer <strong>uma</strong> ponte para reflexões sobre as<br />
mudanças que estão se configuran<strong>do</strong> com base na tecnologia como actante <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> nova forma <strong>de</strong> pensar e <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r a partir <strong>de</strong> ambientes tecnológicos,<br />
virtualida<strong>de</strong>s, hipertextos, ciberespaço e cibercultura, conceitos <strong>do</strong>s quais adiante<br />
nos ocuparemos.<br />
Importante salientar que <strong>uma</strong> construção em hipermídia não significa, por<br />
si só e <strong>de</strong> pronto, <strong>uma</strong> melhoria <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> tradicional <strong>de</strong> ensino e das relações com<br />
a linguagem e a tecnologia na escola. O que propomos é um processo amplo que<br />
envolva <strong>uma</strong> concepção <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> entre os apren<strong>de</strong>ntes, a tecnologia, a<br />
linguagem, a transversalida<strong>de</strong> que perpassa pelo contexto social individual <strong>do</strong>s<br />
apren<strong>de</strong>ntes. Um trabalho com a linguagem e a tecnologia que potencialize a<br />
54
subversão da lida com a escrita linear, materializada pelo hipertexto, como <strong>uma</strong><br />
construção feita com muitas idéias, por muitas mãos, aberto para muitos links e<br />
senti<strong>do</strong>s possíveis.<br />
É <strong>uma</strong> cultura polifônica que se instaura no viver h<strong>uma</strong>no e ela não po<strong>de</strong><br />
apenas ser um tema <strong>de</strong> discussões improfícuas no âmbito escolar, mas um<br />
princípio básico para a instauração das mudanças necessárias ao fazer<br />
pedagógico. Ao reencontrarmo-nos diante <strong>de</strong> <strong>uma</strong> polifonia presentificada e<br />
potencializada pela tecnologia, lembramos das teses <strong>de</strong> Bakhtin quan<strong>do</strong> se<br />
contrapõe <strong>à</strong> visão <strong>de</strong> Saussure, rejeitan<strong>do</strong> a concepção <strong>de</strong> “estrutura” (<strong>de</strong> caráter<br />
estático, fecha<strong>do</strong>) e apresenta a metáfora da ca<strong>de</strong>ia que, por analogia, po<strong>de</strong>mos<br />
subenten<strong>de</strong>r como re<strong>de</strong>, associan<strong>do</strong> linguagem e subjetivida<strong>de</strong>. Propõe o autor<br />
<strong>uma</strong> <strong>de</strong>scrição plástica e dinâmica para o fenômeno da linguagem, explicitan<strong>do</strong><br />
que, ao passar <strong>de</strong> um ao outro elo da ca<strong>de</strong>ia semiótica, o sujeito passa a mover-<br />
se n<strong>uma</strong> re<strong>de</strong> <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> compreensão i<strong>de</strong>ológica. Tal percurso é a<br />
realização intersubjetiva.<br />
ca<strong>de</strong>ia i<strong>de</strong>ológica esten<strong>de</strong>-se <strong>de</strong> consciência em consciência<br />
Essa<br />
ligan<strong>do</strong> <strong>uma</strong>s <strong>à</strong>s outras. Os signos só emergem,<br />
individual,<br />
<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> interação entre <strong>uma</strong> consciência<br />
<strong>de</strong>cididamente,<br />
e outra (BAKHTIN, 1997, p. 56).<br />
individual<br />
Nos dias atuais, Lévy, ao referir-se <strong>à</strong> linguagem, mostra <strong>uma</strong> concepção<br />
bem próxima <strong>de</strong> Bakhtin, usan<strong>do</strong> o termo “jogo”, <strong>uma</strong> vez que, para ele, cada<br />
enuncia<strong>do</strong> aciona o contexto e é questiona<strong>do</strong>, sen<strong>do</strong> a significação da mensagem<br />
<strong>de</strong>terminada pelo conjunto <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s construí<strong>do</strong>s pelos interlocutores, n<strong>uma</strong><br />
dinâmica partilhada <strong>de</strong> negociação e perene construção coletiva <strong>do</strong> contexto – <strong>à</strong><br />
moda <strong>do</strong>s antigos, mas não menos ricos contatos entre “menestréis e seu<br />
55
público”. Há <strong>uma</strong> volta a um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> comunicação <strong>do</strong> passa<strong>do</strong>, mas<br />
ressignifica<strong>do</strong> e potencializa<strong>do</strong> pelos avanços da comunicação digital.<br />
56<br />
frases, letras, sinais ou caretas interpretam cada<br />
Palavras,<br />
a sua maneira, a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> mensagens anteriores e<br />
um<br />
influir sobre o significa<strong>do</strong> das mensagens futuras. O<br />
tentam<br />
emerge e se constrói no contexto, é sempre local,<br />
senti<strong>do</strong><br />
data<strong>do</strong>, transitório (LÉVY, 1999, p. 28).<br />
Assim, por meio <strong>de</strong> palavras ou imagens o homem se faz inventor <strong>de</strong><br />
símbolos que transmitem idéias complexas sob novas formas, porque a re<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
significações que se entretece ao contacto com os signos é imensa e prenhe <strong>de</strong><br />
novos significa<strong>do</strong>s e novas teias emaranhan<strong>do</strong>-se entre si. É como se<br />
ativássemos <strong>uma</strong> infinida<strong>de</strong> <strong>de</strong> nós <strong>do</strong> campo semântico ou da re<strong>de</strong> a que<br />
estamos vincula<strong>do</strong>s pela nossa história <strong>de</strong> vida pessoal e histórico-social.<br />
Nas re<strong>de</strong>s hipertextuais diferentes atores <strong>de</strong> um mesmo ato comunicativo<br />
colocam em cena diferentes senti<strong>do</strong>s que lhe são idiossincráticos, mas que irão<br />
ao contexto geral enriquecer <strong>de</strong> significações o que foi dito, forman<strong>do</strong> assim <strong>uma</strong><br />
rica pluralida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acontecimentos, compon<strong>do</strong> um coro <strong>de</strong> muitas vozes que<br />
quebram a concepção da unicida<strong>de</strong> da palavra, que Bakhtin tanto criticou. O texto<br />
será comum, mas o hipertexto mental que se tecerá a partir <strong>de</strong>le, será fruto da<br />
subjetivida<strong>de</strong>, isto porque, se por um la<strong>do</strong> o texto é o mesmo para cada um, por<br />
outro o hipertexto po<strong>de</strong> diferir completamente. O que conta é a re<strong>de</strong> <strong>de</strong> relações<br />
pela qual a mensagem será capturada, a re<strong>de</strong> semiótica que o interpretante usa<br />
para captá-la.<br />
Falar da linguagem neste trabalho significa dizer que não nos referimos<br />
unicamente aos signos lingüísticos, ”mas ao conjunto <strong>de</strong> práticas que formam os
objetos <strong>de</strong> que falam” (Foucault, 1986, p. 56) e por meio das quais o homem se<br />
vale para dizer <strong>de</strong> si e <strong>de</strong> seu entorno, ou seja, a palavra, a arte, em suas mais<br />
variadas formas e manifestações, a tecnologia e sua gama <strong>de</strong> novas conexões e<br />
novos senti<strong>do</strong>s, a música com suas pautas e pausas, a poesia da vida e a vida<br />
em poesia, os “aconteceres” e acontecimentos <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s envolvi<strong>do</strong>s e <strong>de</strong><br />
cada novo evento educativo e vivencial.<br />
Essas múltiplas formas <strong>de</strong> manifestação da linguagem nos mostram que<br />
a linearida<strong>de</strong> da escrita foi quebrada. A palavra está amalgamada com a<br />
imagem, com o som, a cor, o movimento, e aberta <strong>à</strong> intervenção <strong>de</strong> quem<br />
<strong>de</strong>seja interagir com ela, com o texto, o discurso, a obra. Vivenciamos <strong>uma</strong><br />
espécie <strong>de</strong> retorno <strong>à</strong> significação <strong>do</strong> contexto, muito embora esse retorno seja<br />
outro.<br />
Referin<strong>do</strong>-se <strong>à</strong> palavra, Lévy (2001, p. 138) assim se expressa:<br />
palavra é <strong>uma</strong> maneira <strong>de</strong> partilhar o espírito, <strong>de</strong> propagar os<br />
A<br />
<strong>de</strong> entretecer as virtualida<strong>de</strong>s que alcançam os espíritos<br />
sonhos,<br />
junto <strong>de</strong>le, fabricar o gran<strong>de</strong> mun<strong>do</strong> virtual da cultura, esse<br />
para,<br />
invisível que é a nossa mãe comum. Nossa mãe nutriz,<br />
mun<strong>do</strong><br />
pois o h<strong>uma</strong>no que não foi alimenta<strong>do</strong> com seu leite<br />
literalmente,<br />
signos e <strong>de</strong> amor em sua infância não será jamais um ser<br />
<strong>de</strong><br />
completo.<br />
As portas <strong>de</strong> entrada ao mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> ciberespaço, da cibercultura, <strong>do</strong>s<br />
ciberpoemas, da ciberarte, da ciberescola, da cibereducação estão abertas. É<br />
preciso, no entanto, que o me<strong>do</strong> e o ranço <strong>do</strong> preconceito fiquem <strong>de</strong> fora e se<br />
instaure <strong>uma</strong> firme vonta<strong>de</strong> política, por parte <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os envolvi<strong>do</strong>s no processo<br />
educativo, para que se vivencie plenamente esta nova aventura <strong>de</strong> participar,<br />
plenamente, <strong>de</strong> nosso tempo.<br />
57
Com a linguagem e a tecnologia é possível exprimir e <strong>de</strong>svelar <strong>uma</strong> beleza,<br />
um conhecimento, um saber que revele a poética em sua completu<strong>de</strong> e<br />
transversalida<strong>de</strong>. Por meio <strong>de</strong>ssa trama perceberemos <strong>uma</strong> totalida<strong>de</strong> que não<br />
separa o geral das manifestações particulares, a lei <strong>de</strong> suas aplicações, o fim <strong>do</strong><br />
meio, <strong>uma</strong> vez que não se concebe nenhum <strong>de</strong>les senão em relação com o outro.<br />
Por isso não exprime somente um conteú<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> sob o aspecto <strong>de</strong> sua<br />
generalida<strong>de</strong>, mas faz ressaltar a unida<strong>de</strong> substancial que ignora a separação e<br />
não admite a existência <strong>de</strong> simples relações exteriores entre o geral e o particular.<br />
A linguagem em suas múltiplas dimensões, mas especialmente como<br />
forma e força poética <strong>de</strong> expressão, e a tecnologia, por longo tempo relegadas a<br />
um segun<strong>do</strong> plano nas discussões escolares, <strong>de</strong>vem ocupar seus espaços como<br />
elementos estruturantes da formação <strong>do</strong>s seres h<strong>uma</strong>nos. Corroboran<strong>do</strong>, Lévy<br />
(2001, p. 139-40) expressa que:<br />
imenso hiper<strong>do</strong>cumento planetário da WEB integrará<br />
O<br />
o conjunto das obras <strong>do</strong> espírito. Se somarmos<br />
progressivamente<br />
isso o correio eletrônico e os grupos <strong>de</strong> discussão, a<br />
a<br />
mundial <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res passa a adquirir um<br />
interconexão<br />
diante <strong>de</strong> nossos olhos: ele materializa (<strong>de</strong> maneira<br />
senti<strong>do</strong><br />
parcial, mas significativa) o contexto vivo, mutante em<br />
certamente<br />
expansão, da comunicação h<strong>uma</strong>na. O mesmo quanto <strong>à</strong><br />
contínua<br />
cultura.<br />
Num mun<strong>do</strong> em transformação, no qual a tecnologia, dia a dia, é o link da<br />
mente e um instrumento essencial <strong>de</strong> trabalho, as instituições <strong>de</strong> ensino não<br />
po<strong>de</strong>m preparar os futuros profissionais para um mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> subalternida<strong>de</strong>, tanto<br />
<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista individual quanto na perspectiva <strong>do</strong> coletivo. Enfatizamos,<br />
portanto, que a inclusão digital significa muito mais <strong>do</strong> que ensinar o emprego da<br />
tecnologia ou disponibilizar o acesso <strong>à</strong> re<strong>de</strong>: faz-se necessário um trabalho sério<br />
58
e aprofunda<strong>do</strong> a fim <strong>de</strong> conhecer as <strong>de</strong>mandas relativas <strong>à</strong> capacitação <strong>do</strong>s<br />
cidadãos para a lida com a tecnologia. Os encaminhamentos didático-<br />
pedagógicos e o conhecimento a ser trabalha<strong>do</strong> <strong>de</strong>vem ser um procedimento e<br />
<strong>uma</strong> estratégia importante no processo <strong>de</strong> inclusão, soman<strong>do</strong>-se aos <strong>de</strong>mais<br />
esforços, como formação e capacitação <strong>de</strong> profissionais multiplica<strong>do</strong>res <strong>de</strong><br />
conhecimento, criação <strong>de</strong> re<strong>de</strong>s locais e comunida<strong>de</strong>s virtuais, bem como<br />
integração com políticas públicas e ações realmente voltadas a aten<strong>de</strong>r as<br />
<strong>de</strong>mandas levantadas.<br />
O mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> atuar no espaço escolar como aqui o concebemos apresenta,<br />
assim, tu<strong>do</strong> o que po<strong>de</strong> ser apreendi<strong>do</strong> sob a forma <strong>de</strong> <strong>uma</strong> totalida<strong>de</strong> completa.<br />
Apresenta <strong>uma</strong> gran<strong>de</strong> riqueza <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s e <strong>uma</strong> multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
circunstâncias, ações, acontecimentos, sentimentos e senti<strong>do</strong>s, mostran<strong>do</strong> o<br />
vasto conjunto <strong>de</strong> particularida<strong>de</strong>s, subordina<strong>do</strong> a um só princípio segun<strong>do</strong> o que<br />
todas essas particularida<strong>de</strong>s não seriam mais <strong>do</strong> que outras tantas emanações.<br />
Guattari (1998, p. 130-131) observa:<br />
potência estética <strong>de</strong> sentir, embora igual em direito <strong>à</strong>s outras –<br />
A<br />
<strong>de</strong> pensar filosoficamente, <strong>de</strong> conhecer cientificamente,<br />
potências<br />
agir politicamente –, talvez esteja em vias <strong>de</strong> ocupar <strong>uma</strong><br />
<strong>de</strong><br />
privilegiada no seio <strong>do</strong>s agenciamentos coletivos <strong>de</strong><br />
posição<br />
<strong>de</strong> nossa época. (...) O território existencial, aqui, se<br />
enunciação<br />
ao mesmo tempo terra natal, pertencimento <strong>do</strong> eu, amor <strong>do</strong><br />
faz<br />
efusão cósmica. Estratos espaciais polifônicos,<br />
clã,<br />
concêntricos, parecem atrair, colonizar, to<strong>do</strong>s os<br />
freqüentemente<br />
<strong>de</strong> alterida<strong>de</strong> que, por outro la<strong>do</strong>, eles próprios engendram.<br />
níveis<br />
objetos instauram-se em relação a tais espaços em posição<br />
Os<br />
vibratória, conferin<strong>do</strong>-lhes <strong>uma</strong> alma, um <strong>de</strong>vir<br />
transversal,<br />
animal, vegetal, cósmico.<br />
ancestral,<br />
As fronteiras, os sectarismos, a segmentação <strong>do</strong>s conhecimentos e<br />
saberes serão diluí<strong>do</strong>s, em nome da totalida<strong>de</strong>, da beleza e da intensida<strong>de</strong> da<br />
vida que a<strong>de</strong>ntrará esse outro espaço escolar, para perceber a palavra. O<br />
59
enca<strong>de</strong>amento. O texto. O hipertexto. A explosão das cores. O ritmo <strong>do</strong><br />
movimento. O conjunto das formas. A importância <strong>do</strong>s laços.<br />
Pela literatura a palavra alcança o patamar da arte e o homem, enfim,<br />
po<strong>de</strong>, por meio <strong>de</strong>la, externar toda a poesia da vida, revelan<strong>do</strong> sua natureza<br />
sensível e cria<strong>do</strong>ra, ainda mais se fizer uso <strong>do</strong>s recursos que a tecnologia po<strong>de</strong><br />
lhe propiciar.<br />
A linguagem em sua plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> signo icônico e lingüístico constrói os<br />
novos “sentires” e senti<strong>do</strong>s que o homem vai dan<strong>do</strong> a sua vida, ao seu fazer, ao<br />
seu enten<strong>de</strong>r, enfim ao seu viver. A chamada socieda<strong>de</strong> da informação e <strong>do</strong><br />
conhecimento traz consigo gran<strong>de</strong>s mudanças sociais capazes <strong>de</strong> levar a <strong>uma</strong><br />
transformação maior que a produzida por todas as <strong>de</strong>mais invenções já ocorridas.<br />
Num mun<strong>do</strong> alicerça<strong>do</strong> cada vez mais na troca <strong>de</strong> valores simbólicos <strong>do</strong> dinheiro,<br />
a tecnologia e a informação vão mudar o enfoque econômico, mudar radicalmente<br />
o conceito que temos <strong>de</strong> trabalho, valorizar mais que tu<strong>do</strong> o conhecimento e a<br />
aprendizagem. Neste panorama, os excluí<strong>do</strong>s continuarão ainda mais excluí<strong>do</strong>s,<br />
se não reivindicarmos políticas e ações que combatam esse distanciamento das<br />
massas com as novas tecnologias.<br />
Esse recorte histórico nos faz enten<strong>de</strong>r que, se no espaço escolar,<br />
realizarem-se discussões, ativida<strong>de</strong>s, estu<strong>do</strong>s, pesquisas, com o intuito <strong>de</strong> os<br />
apren<strong>de</strong>ntes perceberem o que se passa com a subjetivida<strong>de</strong> que muda conforme<br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s empregos da linguagem e, por sua vez, como a linguagem po<strong>de</strong><br />
mudar os contextos que não se apresentarem coerentes com <strong>uma</strong> vida mais<br />
digna para to<strong>do</strong>s, a escola terá cumpri<strong>do</strong> um <strong>de</strong> seus fundamentais papéis: o <strong>de</strong><br />
fomentar um conhecimento que se reverta, concretamente, em favor da vida.<br />
60
O trabalho com a linguagem <strong>de</strong>ve, pois, ultrapassar o <strong>do</strong>mínio mecânico<br />
<strong>do</strong>s processos <strong>de</strong> leitura e escrita para se transformar num trabalho com as<br />
múltiplas dimensões da linguagem potencializadas pela tecnologia, em cuja<br />
esfera se possa acrescentar a beleza das imagens e sons, a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
ocorrências e conexões, a polifonia das vozes e a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> selecionar entre<br />
tantas linguagens e multiplicida<strong>de</strong>s aquilo que tem significação intertextual e<br />
contextual não apenas para os apren<strong>de</strong>ntes, mas para a socieda<strong>de</strong> na qual se<br />
inserem também os que não possuem acesso ao saber institucionaliza<strong>do</strong>.<br />
Humberto Maturana (1995, p. 13), um <strong>do</strong>s gran<strong>de</strong>s intelectuais que contribuem <strong>de</strong><br />
forma inova<strong>do</strong>ra no que tange <strong>à</strong> dinâmica auto-organizativa da morfogênese <strong>do</strong><br />
conhecimento, faz <strong>uma</strong> observação importante sobre a linguagem:<br />
gente <strong>de</strong>scobre que a linguagem tem a ver com o fazer (ação);<br />
A<br />
linguagem não é um âmbito abstrato. Tem tu<strong>do</strong> a ver com o<br />
a<br />
e tu<strong>do</strong> o que nós, os seres h<strong>uma</strong>nos, fazemos ocorre na<br />
fazer<br />
Quan<strong>do</strong> apren<strong>de</strong>mos a viver na linguagem, vivemos a<br />
linguagem.<br />
entrelaçada com as emoções (o emocional/<br />
linguagem<br />
vivemos as emoções que se entrelaçam com o<br />
emocionar-se);<br />
linguajar.<br />
Lembramos que esse enlaçamento entre linguagem e emoção é muito<br />
pouco explora<strong>do</strong> na escola, aliás, a escola ignora, não raro as múltiplas<br />
dimensões <strong>de</strong> que acima falamos. Ressaltamos aqui a dimensão imagética tanto<br />
no senti<strong>do</strong> imaginativo, quanto no da imagem.<br />
O seu fascínio e po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> sedução, no entanto, não é <strong>de</strong>sconheci<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
ninguém e qual <strong>do</strong>s mortais po<strong>de</strong> dizer que não se <strong>de</strong>ixou fascinar por <strong>uma</strong><br />
imagem, por mais simples que fosse? Quem, por mais que possua inteligência<br />
abstrata, não se permitiu voar nas asas da imaginação e projetar belíssimas<br />
imagens em seu particular mun<strong>do</strong> virtual, crian<strong>do</strong> e recrian<strong>do</strong> novos mun<strong>do</strong>s,<br />
61
novas realida<strong>de</strong>s? No entanto, a escola finge que não sabe disso e usa as<br />
imagens apenas como mo<strong>do</strong> singelo, e muitas vezes <strong>de</strong>scomprometi<strong>do</strong>, <strong>de</strong><br />
ilustrar as palavras impressas. E mais, castra a rica imaginação infantil,<br />
enquadran<strong>do</strong>-a num mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> caracteres abstratos e impedin<strong>do</strong> a expressão<br />
imagética tão forte nessa faixa etária.<br />
Esquecida <strong>de</strong> que a imagem surpreen<strong>de</strong> <strong>de</strong>sloca, apaixona, encanta e<br />
po<strong>de</strong> assujeitar um leitor mais incauto, <strong>de</strong>ixa, a escola <strong>de</strong> levar para o processo<br />
<strong>de</strong> aprendência mais essa possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> leitura, contextualização, interpretação<br />
e recriação <strong>de</strong> nossa subjetivida<strong>de</strong>, presente não somente no momento <strong>de</strong><br />
apreensão e compreensão <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s, mas na própria constituição da imagem,<br />
pois a história <strong>do</strong> homem quase se confun<strong>de</strong> com a história da imagem, por ter<br />
si<strong>do</strong> ela o mais primevo <strong>do</strong>s sinais que marcaram a criativida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na e seu<br />
<strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> expressão estética.<br />
O filósofo Herbert Read <strong>de</strong>senvolveu <strong>uma</strong> tese segun<strong>do</strong> a qual a imagem é<br />
a fonte <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o conhecimento. De acor<strong>do</strong> com sua ótica, a imagem antece<strong>de</strong> o<br />
logos e dá base para a formulação <strong>do</strong> conhecimento h<strong>uma</strong>no que vai se<br />
<strong>de</strong>senvolver como filosofia e ciência.<br />
A imagem sempre esteve presente, isso é fato, e não cabe aqui <strong>uma</strong><br />
discussão para <strong>de</strong>limitar se foi a imagem que gerou o pensamento, ou se foi o<br />
pensamento que gerou a imagem. Melhor aceitar que existe <strong>uma</strong> interação<br />
dialética entre o conhecimento e o conceito <strong>de</strong> imagem e a linguagem.<br />
Trabalhar com o movimento da vida, com a transversalida<strong>de</strong>, a tecnologia,<br />
a arte, a música, o cinema, a poesia, os hipertextos, a imagem enquanto<br />
representação, mas também no senti<strong>do</strong> <strong>do</strong> estético e da compreensão da<br />
62
constituição <strong>de</strong> nossa subjetivida<strong>de</strong> é o aspecto fundamental <strong>do</strong> processo <strong>de</strong><br />
aprendência. Porém, em sua clausura <strong>de</strong>marcada historicamente pelo<br />
distanciamento <strong>do</strong>s avanços científicos e tecnológicos, a escola trabalha sempre<br />
com os mesmos mo<strong>de</strong>los e méto<strong>do</strong>s, com as mesmas motivações e conteú<strong>do</strong>s<br />
pouco contextualiza<strong>do</strong>s e, muitas vezes, quan<strong>do</strong> se abre a <strong>uma</strong> possível<br />
transformação, não o faz senão superficialmente, e <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> preconceituoso,<br />
promoven<strong>do</strong> não mais que a introdução <strong>de</strong> modismos e técnicas trabalhadas <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> linear.<br />
Será também objetivo (ainda que secundário) <strong>de</strong>ste estu<strong>do</strong> verificar a<br />
importância da inserção das imagens no processo <strong>de</strong> aprendência, analisan<strong>do</strong> a<br />
valida<strong>de</strong> e os efeitos <strong>de</strong> sua presença, através <strong>do</strong>s trabalhos e <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong>s<br />
apren<strong>de</strong>ntes participantes da pesquisa.<br />
Entre os varia<strong>do</strong>s materiais e meto<strong>do</strong>logias disponíveis hoje para o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>sse processo, <strong>de</strong>sponta a Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital<br />
que potencializa e disponibiliza <strong>uma</strong> imensida<strong>de</strong> <strong>de</strong> imagens que po<strong>de</strong>m ser<br />
trabalhadas em integração com texto escrito, som e movimento.<br />
Linguagens como a imagem, a música, a poesia compõem o elenco <strong>de</strong><br />
possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> construção <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e conhecimentos no presente trabalho,<br />
e cada qual receberá o tratamento que suas idiossincrasias <strong>de</strong>terminarem quer<br />
como elementos estéticos, quer como simbioses que constituem a subjetivida<strong>de</strong><br />
que <strong>de</strong>termina nosso fazer e viver.<br />
Em nosso trabalho <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e pesquisa, as mais variadas formas <strong>de</strong><br />
manifestação <strong>de</strong> comunicação e interação h<strong>uma</strong>na fazem-se presentes na<br />
63
composição <strong>do</strong>s aplicativos pedagógicos que nascem como produto das reflexões<br />
e práticas <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes to<strong>do</strong>s.<br />
Também <strong>de</strong>ste trabalho fazem parte reflexões sobre ciberespaço,<br />
hipertexto, cibercultura e comunida<strong>de</strong>s virtuais <strong>de</strong> aprendizagem.<br />
2.2 TECNOLOGIA: A REDE À FLOR DA TELA<br />
64<br />
trabalho frio, <strong>do</strong> tipo hercúleo, transporte pesa<strong>do</strong>, luta,<br />
O<br />
prece<strong>de</strong>ram as socieda<strong>de</strong>s quentes, industriais,<br />
agricultura,<br />
mães das nossas; aqui o ancestral ferreiro,<br />
prometéicas,<br />
o martelo malha na bigorna o ferro avermelha<strong>do</strong> no<br />
com<br />
Daí em diante, ocupamo-nos, principalmente, <strong>de</strong><br />
forno.<br />
mensagens. A Hércules com sua clava e Atlas<br />
transmitir<br />
<strong>do</strong> céu, e também a Prometeu, <strong>do</strong>a<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fogo aos<br />
porta<strong>do</strong>r<br />
suce<strong>de</strong>m os anjos – mensageiros.<br />
homens,<br />
Michel Serres.<br />
Dar-nos conta <strong>de</strong> que a h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> está em mutação e acreditar que os<br />
homens constroem e reconstroem novas possibilida<strong>de</strong>s para viver, visan<strong>do</strong> sua<br />
evolução e bem-estar (embora, nem sempre), leva-nos a enten<strong>de</strong>r a presença e<br />
os efeitos das produções e invenções <strong>do</strong> homem.
Des<strong>de</strong> o Íon <strong>de</strong> Platão (livro que trata da techné) até nossos dias, a<br />
importância da técnica se multiplicou infinitamente, pois sua evolução científica<br />
permitiu ou forçou que ela fosse incorporada praticamente em todas as esferas da<br />
cultura, nos corpos h<strong>uma</strong>nos e <strong>de</strong> outros seres vivos, no pensamento e na<br />
produção <strong>de</strong> objetos técnicos.<br />
Com brevida<strong>de</strong> e poesia Michel Serres (1995, p. 49-50) nos apresenta <strong>uma</strong><br />
reflexão importante para pensar a relação homem /tecnologia:<br />
Você acredita, então, que máquinas e técnicas construíram<br />
-<br />
grupos e mudariam a história, se elas se reduzissem a<br />
os<br />
passivas?<br />
coisas<br />
Tanto quanto falar <strong>de</strong> melro branco, pura contradição. Penas,<br />
-<br />
65<br />
mesas, livros, disquetes, consoles, memórias [...]<br />
tinteiros,<br />
o grupo que pensa. Certamente, não po<strong>de</strong>mos<br />
produzem<br />
tais objetos <strong>de</strong> sujeitos; melhor seria dizer: quase<br />
chamar<br />
técnicos [...]<br />
sujeitos<br />
Como se <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s <strong>de</strong> qualida<strong>de</strong>s?<br />
-<br />
Quase! Consi<strong>de</strong>rá-los simplesmente coisas, é <strong>de</strong>sprezar,<br />
-<br />
ainda e sempre, o trabalho h<strong>uma</strong>no.<br />
Os homens sempre foram media<strong>do</strong>s por um objeto, por um tipo <strong>de</strong><br />
tecnologia que fez com que sua evolução se concretizasse, mas ao produzir<br />
tecnologia, notadamente <strong>de</strong> comunicação digital, o homem criou um novo vínculo<br />
na relação homem/coisas, homem/ tecnologia. Esse fato modifica o estar, o sentir,<br />
o fazer, o ser <strong>do</strong>s homens. Passamos <strong>de</strong> um estágio <strong>de</strong> cultura material para o <strong>do</strong><br />
saber. Nossas ferramentas <strong>de</strong> produção mudaram e temos hoje dispositivos como<br />
telefones, computa<strong>do</strong>res, satélites, cabos <strong>de</strong> fibra ótica, re<strong>de</strong>s e outras invenções<br />
que auxiliam o nosso fazer e o nosso comunicar cotidiano. O espaço <strong>do</strong> saber<br />
não é mais o mesmo. À margem da escola, sua feição é outra. Ele se apresenta<br />
hoje com <strong>uma</strong> inquietu<strong>de</strong> veloz, com <strong>uma</strong> urgência movediça, fluídica,<br />
entrelaçada com muitas vozes, muitas cores, muitas ban<strong>de</strong>iras, indican<strong>do</strong> que as
fronteiras entre as disciplinas ou áreas <strong>de</strong> conhecimento, ou entre as culturas que<br />
se oferecem na imensidão <strong>do</strong> ciberespaço diluem-se dia após dia.<br />
Os avanços tecnológicos configuram-se num novo espaço que se<br />
convencionou chamar <strong>de</strong> ciberespaço. Sabe-se que esse termo foi cunha<strong>do</strong> por<br />
Willian Gibson em seu romance ficcional <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Neuromancer, <strong>de</strong>finin<strong>do</strong>-o<br />
como <strong>uma</strong> alucinação consensual realizada cotidianamente por milhares <strong>de</strong><br />
opera<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Também foi o mesmo autor que, mais tar<strong>de</strong>, afirmou<br />
que o ciberespaço é <strong>uma</strong> complexida<strong>de</strong> impensável, materializada pelos da<strong>do</strong>s<br />
extraí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os computa<strong>do</strong>res existentes no planeta. Lévy (2000, p. 17)<br />
<strong>de</strong>fine-o também como re<strong>de</strong>, explicitan<strong>do</strong>:<br />
ciberespaço é o novo meio <strong>de</strong> comunicação que surge da<br />
O<br />
mundial <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res. O termo especifica não<br />
interconexão<br />
a infra-estrutura material da comunicação digital, mas<br />
apenas<br />
o universo oceânico <strong>de</strong> informações que ela abriga,<br />
também<br />
como os seres h<strong>uma</strong>nos que navegam e alimentam esse<br />
assim<br />
universo.<br />
O conceito <strong>de</strong> ciberespaço po<strong>de</strong> ser compreendi<strong>do</strong> <strong>à</strong> luz das colocações<br />
que Pierre Lévy faz a respeito <strong>do</strong> que é virtual. Segun<strong>do</strong> ele, o virtual é <strong>uma</strong> nova<br />
mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser, cuja compreensão é facilitada se consi<strong>de</strong>rarmos o processo<br />
que leva a esta nova forma <strong>de</strong> ser: a virtualização.<br />
Pierre Lévy, (1998, p.15, 16) para dar conta da questão da virtualização,<br />
vale-se da distinção entre possível e virtual elaborada por Deleuze. Para este, o<br />
possível associa-se ao real, ao passo que o virtual é algo sem existência material.<br />
A passagem <strong>do</strong> possível para o real, portanto, não envolve nenhum ato criativo. A<br />
diferença entre possível e real resi<strong>de</strong> no plano da lógica, consistin<strong>do</strong> em um mero<br />
quantifica<strong>do</strong>r existencial. O virtual, por sua vez, distingue-se <strong>do</strong> atual na medida<br />
66
em que, diferentemente <strong>do</strong> possível, não contém em si o real finaliza<strong>do</strong>, mas um<br />
conjunto <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s que, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> das condições e <strong>do</strong> contexto, irá<br />
atualizar-se <strong>de</strong> diferentes mo<strong>do</strong>s. Lévy, ao fazer essa migração entre os conceitos<br />
possível x real para virtual x atual, objetiva associar o processo <strong>de</strong> atualização <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>vir com a interação entre o atual e o virtual.<br />
O virtual, pois, não po<strong>de</strong> ser compreendi<strong>do</strong> como o possível, <strong>uma</strong> vez que<br />
este já está <strong>de</strong>termina<strong>do</strong>, mas <strong>de</strong>ve ser compreendi<strong>do</strong> como um conjunto<br />
complexo que dialoga e interage com o atual, transforman<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com as<br />
contingências contextuais.<br />
O ciberespaço po<strong>de</strong>, portanto, ser consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> como <strong>uma</strong> virtualização da<br />
realida<strong>de</strong>, <strong>uma</strong> migração <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> real para um mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> interações virtuais. A<br />
<strong>de</strong>sterritorialização, saída <strong>do</strong> "agora" e <strong>do</strong> "isto" é <strong>uma</strong> das vias régias da<br />
virtualização, por transformar a coerção <strong>do</strong> tempo e <strong>do</strong> espaço em <strong>uma</strong> variável<br />
contingente. Essa migração em direção a <strong>uma</strong> nova espaço-temporalida<strong>de</strong><br />
estabelece <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> social virtual, que, aparentemente, manten<strong>do</strong> as<br />
mesmas estruturas da socieda<strong>de</strong> real, não possui, necessariamente,<br />
correspondência total com esta, possuin<strong>do</strong> seus próprios códigos e estruturas.<br />
Na mesma obra, Lévy escreve que todas as tecnologias, apesar <strong>de</strong> criarem<br />
novas condições e muitas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>senvolvimento, não <strong>de</strong>terminam<br />
“nem as trevas, nem a iluminação para o futuro h<strong>uma</strong>no”. Concordamos, por<br />
concebermos que to<strong>do</strong> o trabalho com as tecnologias, especialmente as <strong>de</strong><br />
comunicação digital, <strong>de</strong>ve passar pela revisão crítica, que torna possível divisar o<br />
que é ou não importante para ser aproveita<strong>do</strong>, ou o que <strong>de</strong>ve ser redimensiona<strong>do</strong><br />
num contexto que está priman<strong>do</strong> pelo educar e pelo ajudar a criar novas<br />
67
condições <strong>de</strong> vida que se apresentem mais equânimes para a maioria <strong>do</strong>s<br />
habitantes <strong>do</strong> planeta.<br />
São <strong>de</strong> Lévy (2000, p. 16) as seguintes palavras:<br />
a salvação nem a perdição resi<strong>de</strong>m na técnica. Sempre<br />
Nem<br />
as técnicas projetam, no mun<strong>do</strong> material, nossas<br />
ambivalentes,<br />
intenções e projetos. Os instrumentos que são<br />
emoções,<br />
nos dão po<strong>de</strong>res, mas, coletivamente responsáveis,<br />
construí<strong>do</strong>s<br />
a escolha está em nossas mãos.<br />
Cabe aqui <strong>uma</strong> breve remissão ao conceito <strong>de</strong> cultura, para que nos<br />
reportemos mais adiante ao conceito <strong>de</strong> cibercultura. Por cultura enten<strong>de</strong>-se o<br />
complexo conjunto <strong>de</strong> conhecimentos, crenças, arte, moral, direito, costumes e<br />
outros hábitos e capacida<strong>de</strong>s que o homem foi adquirin<strong>do</strong>, com o passar <strong>do</strong>s<br />
anos, como membro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada socieda<strong>de</strong>. A cultura apresenta <strong>uma</strong><br />
série <strong>de</strong> características que a fazem diferente <strong>do</strong>s outros processos que po<strong>de</strong>mos<br />
classificar como <strong>de</strong> aprendizagem, porém, na sua natureza, a cultura basicamente<br />
é <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> aprendizagem que se dá em nível social situacional no qual os<br />
sujeitos apren<strong>de</strong>m com outros membros <strong>do</strong> grupo no qual se inserem. Lévy (2002,<br />
p. 123) nos apresenta o conceito <strong>de</strong> cibercultura que achamos importante trazer<br />
para o contexto <strong>de</strong>ste trabalho <strong>uma</strong> vez que ele perpassará pela nossa pesquisa:<br />
cibercultura expressa <strong>uma</strong> mutação fundamental da essência<br />
A<br />
da cultura. Produz-se <strong>uma</strong> emergência <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova<br />
mesma<br />
esta é diferente das formas culturais universais<br />
universalida<strong>de</strong>,<br />
Esta universalida<strong>de</strong> se constrói sobre a<br />
anteriores.<br />
<strong>de</strong> um senti<strong>do</strong> global, universalida<strong>de</strong> por<br />
in<strong>de</strong>terminação<br />
Ten<strong>de</strong> a manter sua in<strong>de</strong>terminação. Produz <strong>uma</strong><br />
interconexão.<br />
e <strong>uma</strong> metamorfose constante. Mutação cultural<br />
reorganização<br />
<strong>à</strong> troca <strong>do</strong> sistema <strong>de</strong> comunicação.<br />
vinculada<br />
68
Po<strong>de</strong>mos também <strong>de</strong>finir cibercultura como um conjunto <strong>de</strong> culturas e<br />
produtos culturais que existem graças <strong>à</strong> Internet. A cibercultura, igual a todas as<br />
culturas, é extensa e ampla, e está em contínua mutação. Originan<strong>do</strong>-se a partir<br />
<strong>de</strong> <strong>uma</strong> construção i<strong>de</strong>ológica, ela tem influí<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> fundamental na criação<br />
da imagem <strong>de</strong> um ciberespaço na maioria das vezes negativa para os milhares<br />
<strong>de</strong> pessoas que estão alijadas <strong>de</strong> seu contato.<br />
Quan<strong>do</strong> dizemos que a construção da cibercultura é i<strong>de</strong>ológica, partimos<br />
tanto da literatura contemporânea, da produção cinematográfica, <strong>do</strong>s comentários<br />
da imprensa, quanto <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> como reagem negativamente muitas pessoas <strong>à</strong><br />
simples menção da palavra, mas não é nossa intenção discutir, <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r ou<br />
mesmo assumir posições ante a temática, nesta instância, como também ater-nos<br />
na abordagem <strong>de</strong> posições maniqueístas.<br />
Além <strong>do</strong>s conceitos <strong>de</strong> cibercultura, ciberespaço, virtual, atual e real outros<br />
conceitos passam a figurar no repertório semântico e semiológico da era da<br />
tecnologia: multimídia, hipermídia e hipertexto.<br />
O crescente aperfeiçoamento <strong>do</strong>s computa<strong>do</strong>res e a conseqüente<br />
ampliação <strong>de</strong> seus recursos possibilitaram aos sistemas informáticos o uso <strong>do</strong><br />
som e das imagens, facultan<strong>do</strong> a interativida<strong>de</strong> com o usuário. Essa multiplicida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> recursos originou o conceito <strong>de</strong> multimídia. Em Oliveira (1997, p. 211)<br />
encontramos:<br />
sistemas multimídia necessitam <strong>de</strong> alta velocida<strong>de</strong><br />
Normalmente,<br />
processamento, gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> memória RAM, disco<br />
<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> gran<strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>, leitor <strong>de</strong> CD_ROM, e placa <strong>de</strong> som<br />
rígi<strong>do</strong><br />
Soundblaster) capaz <strong>de</strong> processar sons digitais e enviá-los<br />
(tipo<br />
sonofletores (caixa acústica) ou fones <strong>de</strong> ouvi<strong>do</strong>. Multimídia,<br />
para<br />
é o conjunto <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> produção e utilização<br />
portanto,<br />
<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os meios <strong>de</strong> expressão e <strong>de</strong> comunicação<br />
integrada<br />
<strong>de</strong>senhos, esquemas, fotografias, filmes, animações,<br />
como<br />
69
gráficos e som, tu<strong>do</strong> isso coor<strong>de</strong>na<strong>do</strong> por um programa <strong>de</strong><br />
textos,<br />
computa<strong>do</strong>r.<br />
O autor acima cita<strong>do</strong> esclarece que hipermídia é a multimídia interativa<br />
conectada, é o sistema que realiza a ligação entre partes específicas <strong>de</strong> mídia<br />
sincronizan<strong>do</strong>-as no tempo, ou seja, a mídia expandida, ten<strong>do</strong> em seu seio a<br />
interação entre h<strong>uma</strong>nos e não-h<strong>uma</strong>nos.<br />
O conceito <strong>de</strong> hipertexto também se enlaça em nosso estu<strong>do</strong> e em nossa<br />
prática, comparativamente <strong>à</strong> importância fundamental que tem os fios para o<br />
tecelão. Nada mais importante que <strong>tear</strong>es e cores, ciberespaço, cibercultura,<br />
hipermídia ou qualquer outro conceito aqui trata<strong>do</strong>, mas, que seria <strong>do</strong> tecelão sem<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>do</strong>s fios para mostrar sua tecelagem? Eis que para nós o<br />
hipertexto é esta possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> tramas que se apresenta inicialmente a um ator/<br />
autor que, ao <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ar <strong>uma</strong> palavra ou <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> frases com senti<strong>do</strong>,<br />
promove <strong>uma</strong> imensa ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> outras tantas palavras, imagens, evocações,<br />
ligações e abertura <strong>de</strong> <strong>tela</strong>s mentais no leitor ou ouvinte que os levam a associar<br />
outras imagens, outras palavras, outras leituras e infinitas cenas <strong>de</strong> seu universo<br />
interior. O hipertexto seria, pois, <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> fio mental ou tecnológico que<br />
resulta sempre em <strong>tela</strong>, quer seja mental, quer seja oral, ou ainda gráfica ou<br />
digital.<br />
O que queremos dizer é que no fun<strong>do</strong>, se levarmos em conta a proprieda<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> um espaço on<strong>de</strong> se configurem sempre novas <strong>tela</strong>s, qualquer texto, imagem<br />
ou palavra é um hipertexto, assim como em princípio qualquer fio guarda em si a<br />
possibilida<strong>de</strong>, para o tecelão, <strong>de</strong> que <strong>uma</strong> tecelagem resulte em <strong>tela</strong>s sempre<br />
novas. Porém, o que vamos trazer a este espaço é um conceito <strong>de</strong> hipertexto que<br />
70
está mediatiza<strong>do</strong> pela tecnologia digital, assinalan<strong>do</strong>, no entanto, que o<br />
hipertexto, em sua natureza, não é <strong>uma</strong> criação da tecnologia digital, pois sua<br />
existência é ontológica.O hipertexto nasceu com o homem e as possibilida<strong>de</strong>s<br />
que este sempre teve <strong>de</strong> fazer ligações e evocar imagens, dizer-se e esten<strong>de</strong>r-se<br />
como um ser social, em contato permanente com seus pares. Levan<strong>do</strong> em conta<br />
essa premissa, reportamo-nos, <strong>de</strong> agora em diante, ao conceito <strong>de</strong> hipertexto<br />
contemporâneo e liga<strong>do</strong> <strong>à</strong> tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital que é o que nos<br />
interessa para efeito <strong>de</strong>sta tese.<br />
Sabe-se que <strong>uma</strong> das primeiras concepções <strong>de</strong> hipertexto liga<strong>do</strong> <strong>à</strong><br />
comunicação digital surgiu em 1945 com Vannebar Bush em seu artigo As we<br />
may think no qual o autor imaginava um dispositivo que ele chamou <strong>de</strong> Memex e<br />
que funcionaria como a mente h<strong>uma</strong>na, ou seja, por associações que permitiriam<br />
catalogação <strong>de</strong> da<strong>do</strong>s e um acesso imediato propicia<strong>do</strong> por conexões<br />
mecanizadas. Mas o termo hipertexto surge nos anos 60 com Theo<strong>do</strong>re Holm<br />
Nelson, para <strong>de</strong>finir a idéia <strong>de</strong> escrita e leitura não lineares no sistema <strong>de</strong><br />
informática. Era <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> Theo<strong>do</strong>re criar um sistema <strong>de</strong> texto que permitisse aos<br />
escritores rever continuamente seus escritos, comparan<strong>do</strong>-os, refazen<strong>do</strong>-os,<br />
<strong>de</strong>sfazen<strong>do</strong>-os em qualquer parte <strong>de</strong> seu trabalho, isso num tempo em que os<br />
processa<strong>do</strong>res ainda não haviam nasci<strong>do</strong>. Para ele o hipertexto seria a<br />
possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> materialização <strong>de</strong> um diálogo constante não somente entre<br />
pessoas, mas da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> consigo mesma. Em 1965 Theo<strong>do</strong>re realizava seu<br />
sonho sacralizan<strong>do</strong> o termo hipertexto e materializan<strong>do</strong> sua i<strong>de</strong>alização no<br />
software intitula<strong>do</strong> Xanadu, seu “mágico lugar da memória literária” como ele<br />
mesmo o <strong>de</strong>nominou em seu artigo Literay machines. Mais tar<strong>de</strong> em Dream<br />
71
machines, ele apresenta <strong>uma</strong> rica concepção <strong>de</strong> hipertexto com hipergramas e<br />
hipermapas distinguin<strong>do</strong> três categorias, a saber: hipertexto básico, com<br />
referências e notas; texto strech, com forte presença <strong>de</strong> links que po<strong>de</strong>riam ser<br />
amplia<strong>do</strong>s; a face paralela <strong>do</strong> texto, que permite a visão e o trabalho <strong>do</strong>s <strong>do</strong>is<br />
<strong>do</strong>cumentos na mesma <strong>tela</strong>. Theo<strong>do</strong>re Nelson em Dream machines, (p. 45) se faz<br />
arauto da navegação com Xanadu, sua ampla re<strong>de</strong> acessível em tempo real que<br />
é o que hoje conhecemos como Internet proclaman<strong>do</strong> que:<br />
Tu<strong>do</strong> escrito sobre o assunto, ou vagamente relevante para o mesmo, é coloca<strong>do</strong><br />
junto, reuni<strong>do</strong>, linka<strong>do</strong> pelos editores (e Não por programa<strong>do</strong>res), e você po<strong>de</strong> ler<br />
em todas as direções que <strong>de</strong>sejar. Po<strong>de</strong> haver pathways alterna<strong>do</strong>s para pessoas<br />
que pensam <strong>de</strong> diferentes mo<strong>do</strong>s.<br />
Avançan<strong>do</strong> no tempo, encontramos em Lévy (1999, p. 33) este conceito <strong>de</strong><br />
hipertexto:<br />
um hipertexto é um conjunto <strong>de</strong> nós liga<strong>do</strong>s por<br />
Tecnicamente,<br />
Os nós po<strong>de</strong>m ser palavras, páginas, gráficos, ou<br />
conexões.<br />
<strong>de</strong> um gráfico, seqüências sonoras, <strong>do</strong>cumentos complexos<br />
partes<br />
po<strong>de</strong>m eles mesmos ser hipertextos. Os itens <strong>de</strong> informação<br />
que<br />
são liga<strong>do</strong>s linearmente, como em <strong>uma</strong> corda com nós, mas<br />
não<br />
um <strong>de</strong>les, ou a maioria, esten<strong>de</strong> suas conexões em estrela,<br />
cada<br />
mo<strong>do</strong> reticular. Navegar um hipertexto significa, portanto<br />
<strong>de</strong><br />
um percurso em <strong>uma</strong> re<strong>de</strong> que po<strong>de</strong> ser tão complica<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>senhar<br />
possível. Porque cada nó po<strong>de</strong>, por sua vez, conter <strong>uma</strong><br />
quanto<br />
inteira.<br />
re<strong>de</strong><br />
Mais que conceituar hipertexto importa-nos sua lida e o reconhecimento <strong>de</strong><br />
que sua presença em nossas vidas é algo irreversível como inimaginável seria<br />
concebermo-nos sem telefone, gela<strong>de</strong>ira, sem ressonância magnética etc., pois<br />
embora originários <strong>de</strong> <strong>uma</strong> cultura real e objetiva, os homens já se vêem envoltos<br />
em <strong>uma</strong> teia <strong>de</strong> novas relações marcadas pela tecnologia, que paulatinamente vai<br />
sen<strong>do</strong> reconhecida, incorporada e interiorizada como parte <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova realida<strong>de</strong><br />
72
(virtual) edificada e reorganizada com base nessas novas relações e trocas<br />
simbólicas.<br />
A comunicação reticular originada e difundida pelas re<strong>de</strong>s e serviços<br />
telemáticos, das quais a Internet é a mais conhecida, está geran<strong>do</strong> o<br />
<strong>de</strong>senvolvimento cada dia maior <strong>de</strong> um novo espaço público <strong>de</strong> relações, trocas e<br />
comércio: <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> ágora contemporânea. A Internet é um espaço público,<br />
ao mesmo tempo real e virtual, <strong>de</strong> informação e contexto <strong>de</strong> interação. Espaço<br />
(site) e tempo capaz <strong>de</strong> alterar as coor<strong>de</strong>nadas espaço-temporais a que nos<br />
acost<strong>uma</strong>mos. O espaço e o tempo na re<strong>de</strong> só existem na medida em que são<br />
construções sociais partilhadas, estruturadas pelos laços e valores sociopolíticos,<br />
estéticos e éticos que marcam este novo espaço antropológico.<br />
Lévy corrobora e amplia esse entendimento, expon<strong>do</strong> com proprieda<strong>de</strong>:<br />
época atual, a técnica é <strong>uma</strong> das dimensões fundamentais<br />
Na<br />
está em jogo a transformação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> h<strong>uma</strong>no por ele<br />
on<strong>de</strong><br />
A incidência cada vez mais pregnante das realida<strong>de</strong>s<br />
mesmo.<br />
sobre to<strong>do</strong>s os aspectos da vida social, e<br />
tecnoeconômicas<br />
os <strong>de</strong>slocamentos menos visíveis que ocorrem na esfera<br />
também<br />
obrigam-nos a reconhecer a técnica como um <strong>do</strong>s mais<br />
intelectual<br />
temas filosóficos e políticos <strong>de</strong> nosso tempo (Lévy<br />
importantes<br />
p. 7).<br />
1999,<br />
Existe <strong>uma</strong> revolução que se impõe e não há como <strong>de</strong>sconhecê-la: a <strong>de</strong><br />
um novo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> comunicação que altera nossa constituição <strong>de</strong> sujeitos <strong>de</strong> um<br />
espaço outro – <strong>do</strong> ciberespaço – materializada pelas possibilida<strong>de</strong>s que a<br />
tecnologia constitui e institui: a revolução tecnológica. É ela que nos fascina e sua<br />
tensão nos move a perquiri-la, com o suficiente discernimento <strong>de</strong> que temos que<br />
ter um senso crítico bem aguça<strong>do</strong> para que possamos analisar seus<br />
<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos e emprego na escola e no cotidiano <strong>de</strong> cada um <strong>de</strong> nós.<br />
73
É preciso ter a clareza <strong>de</strong> não repetir comportamentos miú<strong>do</strong>s que colocam<br />
qualquer tema, conceito ou invenção empareda<strong>do</strong>s nos bretes <strong>do</strong> bem e <strong>do</strong> mal,<br />
ou <strong>do</strong> bom e <strong>do</strong> ruim. Não é nosso objetivo, ao tratarmos <strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong><br />
comunicação digital, fazer-lhe apologia e muito menos julgá-la. Temos um fato:<br />
ela está aí e se presentifica em nossas vidas cada dia mais. A questão, portanto.<br />
é: como trazer a tecnologia para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço educativo, para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> fazer<br />
pedagógico, aproveitan<strong>do</strong> ao máximo o que ela nos oferece no que diz respeito <strong>à</strong><br />
flexibilida<strong>de</strong>, visualida<strong>de</strong>s, virtualida<strong>de</strong>, interativida<strong>de</strong> e velocida<strong>de</strong>? Para ilustrar<br />
nosso ponto <strong>de</strong> vista citamos um dito <strong>de</strong> Marcel Duchamp, o patriarca da arte<br />
contemporânea que, referin<strong>do</strong>-se ao processo criativo, diz: “arte ruim, ainda<br />
assim, arte, <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> que emoção ruim é ainda emoção” (Duchamp, 1975,<br />
p. 73). Parafrasean<strong>do</strong>-o po<strong>de</strong>ríamos inquirir: tecnologia, marca <strong>de</strong> exclusões, sinal<br />
<strong>de</strong> liberalismo, globalização, imperialismo da comunicação, hegemonia <strong>de</strong> grupos<br />
estrangeiros e <strong>do</strong> capital? Mesmo assim, tecnologia, um evento h<strong>uma</strong>no que está<br />
disponível ao aproveitamento, <strong>à</strong>s reinvenções tão mais h<strong>uma</strong>nas quanto nossa<br />
sensibilida<strong>de</strong> e capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com ela nos permitirem.<br />
Lévy (2000, p. 22) nos ajuda a compreen<strong>de</strong>r o complexo entorno h<strong>uma</strong>no<br />
potencializa<strong>do</strong> pela tecnologia. Reforça a idéia da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> trabalharmos,<br />
na escola, sem sectarismos e sem me<strong>do</strong> <strong>de</strong> nos envolvermos num processo mais<br />
abrangente, no qual o to<strong>do</strong> seja leva<strong>do</strong> em conta, <strong>uma</strong> vez que:<br />
impossível separar o h<strong>uma</strong>no <strong>de</strong> seu ambiente material, assim<br />
É<br />
<strong>do</strong>s signos e das imagens por meio <strong>do</strong>s quais ele atribui<br />
como<br />
<strong>à</strong> vida e ao mun<strong>do</strong>. Da mesma forma não po<strong>de</strong>mos<br />
senti<strong>do</strong><br />
o mun<strong>do</strong> material – e menos ainda sua parte artificial –<br />
separar<br />
idéias por meio das quais os objetos técnicos são concebi<strong>do</strong>s<br />
das<br />
utiliza<strong>do</strong>s, nem <strong>do</strong>s h<strong>uma</strong>nos que os inventam, produzem e<br />
e<br />
Acrescentemos, enfim, que as imagens, as palavras, as<br />
utilizam.<br />
<strong>de</strong> linguagem entranham-se nas almas, fornecem<br />
construções<br />
74
e razões <strong>de</strong> viver aos homens e suas instituições, são<br />
meios<br />
por grupos organiza<strong>do</strong>s e instrumentaliza<strong>do</strong>s, como<br />
recicladas<br />
também por circuitos <strong>de</strong> comunicação e memórias artificiais.<br />
Não há como negar que este novo contexto mediático tem gran<strong>de</strong><br />
importância na expansão <strong>do</strong> saber, na facilitação da produção <strong>de</strong> novos<br />
conhecimentos, nos avanços em todas as áreas e setores da vida, pois o saber<br />
partilha<strong>do</strong> e mutuamente construí<strong>do</strong>, veicula<strong>do</strong> nas re<strong>de</strong>s é a matéria prima <strong>de</strong><br />
gestação <strong>de</strong> um novo espaço antropológico. Pierre Lévy <strong>de</strong>fen<strong>de</strong> a posição <strong>de</strong><br />
que as re<strong>de</strong>s e serviços telemáticos permitem gerar <strong>uma</strong> nova era, um novo<br />
espaço que ele <strong>de</strong>signa por Espaço <strong>do</strong> Saber, basea<strong>do</strong> na convergência das<br />
inteligências, o que permitirá, segun<strong>do</strong> ele, gerar <strong>uma</strong> inteligência coletiva.<br />
Lévy (1997, p. 176) assim o <strong>de</strong>fine:<br />
espaço <strong>do</strong> saber é o plano <strong>de</strong> composição e recomposição, <strong>de</strong><br />
O<br />
<strong>de</strong> singularização e <strong>de</strong> impulsionamento processual<br />
comunicação,<br />
pensamentos. Cenário <strong>de</strong> dissolução das separações, o<br />
<strong>do</strong>s<br />
<strong>do</strong> saber é habita<strong>do</strong>, anima<strong>do</strong> por intelectos coletivos –<br />
Espaço<br />
imaginários coletivos – em configuração dinâmica permanente.<br />
Repensar o processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem, como é o caso <strong>do</strong> presente<br />
estu<strong>do</strong>, implica também refletir sobre os bens materiais e os espaços imateriais,<br />
cujo contributo na dinâmica da aprendizagem em que os conhecimentos e os<br />
valores culturais são elementos estruturantes, será fundamental.<br />
A materialização da re<strong>de</strong> é o hipertexto que, com sua riqueza e po<strong>de</strong>r, se<br />
oferece a cada instante n<strong>uma</strong> reconversão paulatina e crescente <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e <strong>de</strong><br />
subjetivida<strong>de</strong>s que eclo<strong>de</strong>m, misturam-se, dinamizam-se entre si, compon<strong>do</strong> a<br />
consciência coletiva, constituída pelo coro das vozes, pelo colori<strong>do</strong> das<br />
multiculturas e pela força <strong>do</strong>s pensamentos. A sua existência e a sua difusão,<br />
75
como tecnologia e metáfora das vivências comunicacionais e cognitivas <strong>de</strong> nosso<br />
tempo, questionam a sala <strong>de</strong> aula apontan<strong>do</strong> que o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> educar transita pelo<br />
diálogo, pela alternância, com to<strong>do</strong>s os protagonistas <strong>do</strong> evento <strong>de</strong> aprendência.<br />
O hipertexto é o arauto e o possibilita<strong>do</strong>r <strong>do</strong> fazer da sala <strong>de</strong> aula, o espaço <strong>de</strong><br />
todas as vozes, das re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> conhecimento, da construção coletiva e da partilha<br />
<strong>de</strong> interpretações .<br />
saber não é mais <strong>uma</strong> pirâmi<strong>de</strong> estática, ele incha, e viaja n<strong>uma</strong><br />
O<br />
re<strong>de</strong> móvel <strong>de</strong> laboratórios, <strong>de</strong> centros <strong>de</strong> pesquisa, <strong>de</strong><br />
vasta<br />
<strong>de</strong> bancos, <strong>de</strong> homens, <strong>de</strong> procedimentos técnicos, <strong>de</strong><br />
bibliotecas,<br />
<strong>de</strong> dispositivos <strong>de</strong> gravação e <strong>de</strong> medida, re<strong>de</strong> que se<br />
mídias,<br />
continuamente ao mesmo movimento entre h<strong>uma</strong>nos e<br />
esten<strong>de</strong><br />
associan<strong>do</strong> moléculas e grupos sociais, elétrons e<br />
não-h<strong>uma</strong>nos<br />
instituições. Lévy (1997, p. 35)<br />
Cada fibra, cada nó, cada servi<strong>do</strong>r na Net (Re<strong>de</strong>) é <strong>uma</strong> parte nossa e, <strong>à</strong><br />
medida que interagimos com a re<strong>de</strong>, vamos, igualmente, reconfiguran<strong>do</strong>-nos.<br />
Nossa extensão – re<strong>de</strong> nos <strong>de</strong>fine <strong>do</strong> mesmo mo<strong>do</strong> como nosso corpo material<br />
era <strong>de</strong>fini<strong>do</strong> na cultura biológica. Nosso peso e dimensão diluem-se e, assim,<br />
passamos a ser medi<strong>do</strong>s pela nossa própria conectivida<strong>de</strong>.<br />
A tecnologia traz mudanças, mas é a socieda<strong>de</strong>, o fazer pedagógico que<br />
vai fazer uso <strong>de</strong>la. Se a escola não se envolver po<strong>de</strong>rá ser envolvida, sutil,<br />
silenciosa e sorrateiramente por mecanismos tecnológicos escusos,<br />
<strong>de</strong>sfavoráveis <strong>à</strong> vida e ao planeta. Sua aplicabilida<strong>de</strong> vai <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>do</strong>s rumos que<br />
lhe forem da<strong>do</strong>s a partir <strong>de</strong> <strong>uma</strong> clareza sociopolítica, clareza esta que virá <strong>de</strong><br />
estu<strong>do</strong>s aprofunda<strong>do</strong>s e percepção critica que vise objetivos mais transparentes e<br />
condizentes com o mun<strong>do</strong> que se quer ressignificar, no âmbito <strong>do</strong> espaço escolar<br />
e ético-social.<br />
76
Muitas são as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> efetivarmos estu<strong>do</strong>s, discussões e ações<br />
que caminham nessa direção. Por ora, <strong>uma</strong> <strong>de</strong>stas possibilida<strong>de</strong>s po<strong>de</strong> ser a<br />
formação <strong>de</strong> Comunida<strong>de</strong>s Virtuais <strong>de</strong> Aprendizagem que, em larga escala,<br />
permitem acelerar os objetivos a serem atingi<strong>do</strong>s em favor <strong>do</strong> que vimos<br />
postulan<strong>do</strong> até agora, em termos <strong>de</strong> disseminar a expansão <strong>de</strong> <strong>uma</strong> consciência e<br />
<strong>uma</strong> percepção da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educarmos a partir <strong>de</strong> um outro mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer<br />
pedagógico que amplie a compreensão <strong>de</strong> que “para os seres <strong>de</strong>spertos, há<br />
somente um mun<strong>do</strong> comum” (Heráclito) e, quanto mais cultos formos, mais<br />
h<strong>uma</strong>nos <strong>de</strong>veremos ser responsabilizan<strong>do</strong>-nos pelas produções educativas e<br />
culturais, tanto as individuais quanto <strong>à</strong>s coletivas.<br />
A formação <strong>de</strong> Comunida<strong>de</strong>s Virtuais <strong>de</strong> Aprendizagem se constitui por<br />
afinida<strong>de</strong>s e interesses, por projetos comuns a serem realiza<strong>do</strong>s visan<strong>do</strong> a<br />
superação <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong> dificulda<strong>de</strong> ou a consecução <strong>de</strong> um bem maior que<br />
beneficia a muitos, efetivan<strong>do</strong>-se pela cooperação, interativida<strong>de</strong> e interação <strong>de</strong><br />
seus membros ativos.<br />
Os objetivos, os projetos, os links, que se estabelecem nestas<br />
Comunida<strong>de</strong>s Virtuais seguramente gera um forte sentimento cooperativo e um<br />
compromisso <strong>de</strong> realização h<strong>uma</strong>na incomparavelmente mais ágil e flexível,<br />
facultan<strong>do</strong> a rápida expansão <strong>de</strong> idéias e a promoção <strong>de</strong> ações para o bem<br />
comum.<br />
Segun<strong>do</strong> nosso ponto <strong>de</strong> vista, <strong>uma</strong> comunida<strong>de</strong> Virtual <strong>de</strong> Aprendizagem<br />
po<strong>de</strong> facultar um processo educativo <strong>de</strong>mocrático mais ágil e atual no senti<strong>do</strong> que<br />
Lévy (2001,p.155) expõe:<br />
nossos filhos venerar o mun<strong>do</strong> e a consciência que o<br />
Ensinemos<br />
perceber concretamente o caráter sagra<strong>do</strong>,<br />
ilumina.Façamo-los<br />
77
da vida: esse inimaginável emaranha<strong>do</strong> <strong>de</strong> todas as<br />
mágico,<br />
e <strong>de</strong> todas as histórias possíveis que se originam<br />
formas<br />
no espaço unitário da consciência. É o fim único da<br />
infinitamente<br />
tornar a consciência h<strong>uma</strong>na consciente <strong>de</strong>la mesma e<br />
educação<br />
sua disposição fundamental: sua expansão onidirecional, sua<br />
<strong>de</strong><br />
seu amor por todas as formas e por to<strong>do</strong>s os seres.<br />
liberda<strong>de</strong>,<br />
para essa educação que <strong>de</strong>vem contribuir os pais, os<br />
É<br />
os cura<strong>do</strong>res <strong>de</strong> museus, os artistas, os filósofos, os<br />
professores,<br />
os cidadãos, os governos, a Internet, nós<br />
empreen<strong>de</strong><strong>do</strong>res,<br />
aqui, agora. Eis que chegam as crianças <strong>do</strong> terceiro<br />
to<strong>do</strong>s,<br />
Qual universo queremos lhes transmitir? Qual saber?<br />
milênio!<br />
esta<strong>do</strong> <strong>de</strong> espírito? Queremos crianças pacíficas? Cheias<br />
Qual<br />
amor? Criativas? Abertas? Conscientes?<br />
<strong>de</strong><br />
Paremos <strong>de</strong> reclamar e <strong>de</strong>mos o<br />
Evolutivas?Planetárias?<br />
Ofereçamos-lhes a boa educação que não tivemos.<br />
exemplo.<br />
Inovemos.<br />
Que a escola não chegue tar<strong>de</strong> <strong>de</strong>mais em relação aos últimos avanços<br />
tecnológicos é nossa preocupação, daí nosso estu<strong>do</strong> e empenho para melhor<br />
compreensão <strong>do</strong> tema que nos possibilitará indicar ações que colaborem,<br />
efetivamente, para um processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem em outros mol<strong>de</strong>s.<br />
Trouxemos nesta seção os conceitos <strong>de</strong> hipertexto, ciberespaço,<br />
cibercultura, interativida<strong>de</strong>, multimídia, hipermídia, e internet, e Comunida<strong>de</strong>s<br />
Virtuais <strong>de</strong> Aprendizagem com o intuito <strong>de</strong> tornar claro como tais conceitos foram<br />
trabalha<strong>do</strong>s no <strong>de</strong>correr da pesquisa e em que medida eles nos auxiliaram e a<br />
atingir os objetivos <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> pretendi<strong>do</strong>. Reforçamos que, muito mais que <strong>de</strong>fini-<br />
los, procuramos vivenciá-los nas práticas educativas <strong>do</strong> Atelier/TCD.<br />
Concluímos com o poeta:<br />
e canto o presente, e também o passa<strong>do</strong> e o futuro,<br />
Canto,<br />
o presente é to<strong>do</strong> o passa<strong>do</strong> e to<strong>do</strong> o futuro.<br />
porque<br />
há Platão e Virgílio <strong>de</strong>ntro das máquinas e das luzes elétricas,<br />
E<br />
porque houve outrora e foram h<strong>uma</strong>nos Virgílio e Platão.<br />
só<br />
78<br />
FERNANDO PESSOA
80<br />
O trabalho <strong>de</strong><br />
Tecelagem<br />
é um trabalho <strong>de</strong> criação,<br />
um parto.<br />
Quan<strong>do</strong> o teci<strong>do</strong> está pronto, o<br />
tecelão<br />
corta os fios que o pren<strong>de</strong>m ao<br />
<strong>tear</strong> e,<br />
ao fazê-lo,<br />
pronuncia a fórmula <strong>de</strong> benção<br />
que diz a parteira<br />
ao cortar o cordão umbilical <strong>do</strong><br />
recém- nasci<strong>do</strong>.<br />
Tu<strong>do</strong> se passa<br />
como se a tecelagem traduzisse<br />
em linguagem simples<br />
<strong>uma</strong><br />
anatomia misteriosa <strong>do</strong> homem<br />
(Jean Chevalier)
III- TRAMA<br />
3.1 APRENDÊNCIA: O FIO QUE RETECE A VIDA<br />
vez <strong>de</strong> chorar <strong>de</strong> luto pelo mun<strong>do</strong> perdi<strong>do</strong> ou anunciar com<br />
Em<br />
impacte publicitário a extraordinária novida<strong>de</strong> daquilo que<br />
gran<strong>de</strong><br />
por chegar, os nossos verda<strong>de</strong>iros professores, Penélopes <strong>à</strong><br />
está<br />
maneira, sempre coseram a paciência antiga aos adventos<br />
sua<br />
teceram na trama perene <strong>do</strong> universo imemorial e<br />
impacientes,<br />
correntes contemporâneas mais leves, colocaram as<br />
pesa<strong>do</strong>,<br />
<strong>do</strong> Atlas da actualida<strong>de</strong> aos mapas pormenoriza<strong>do</strong>s <strong>do</strong><br />
páginas<br />
as plantas, os mapas-múndi, os mapas que se seguem e<br />
arcaico,<br />
portanto, tecem, ur<strong>de</strong>m, <strong>de</strong>senham esses entrelaça<strong>do</strong>s e<br />
cosem,<br />
prolongamentos; eles fun<strong>de</strong>m e afogam a memória na<br />
esses<br />
ou, para falar sem profundida<strong>de</strong> nem graça, a cultura com<br />
aurora<br />
técnica. Nada muda, mas tu<strong>do</strong> muda.<br />
a<br />
81<br />
Michel Serres<br />
Trabalharemos, aqui, o conceito <strong>de</strong> Aprendência enlaça<strong>do</strong> <strong>à</strong> série <strong>de</strong><br />
significações e acontecimentos que se <strong>de</strong>ram na prática <strong>do</strong> fazer pedagógico,<br />
durante a pesquisa-ação realizada no Laboratório <strong>de</strong> Novas Tecnologias da<br />
Universida<strong>de</strong> Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina.<br />
O termo Aprendência, como já explicitamos em referências anteriores, está<br />
para o que comumente é <strong>de</strong>signa<strong>do</strong> como ensino-aprendizagem. O que nos leva<br />
a a<strong>do</strong>tar esse termo é esta outra conotação que damos ao fazer pedagógico: a da<br />
estreita e amalgamada relação entre apren<strong>de</strong>r e ensinar que dilui as cristalizadas<br />
fronteiras entre quem está “legitima<strong>do</strong>” a ensinar e quem está “<strong>de</strong>signa<strong>do</strong>” a<br />
apren<strong>de</strong>r, atualizan<strong>do</strong> esta premissa no contexto <strong>do</strong>s avanços tecnológicos que<br />
trazem para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço escolar, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais claro e evi<strong>de</strong>nte, que existe
<strong>uma</strong> <strong>de</strong>fasagem entre o que a escola se habilita a ensinar e o ritmo da vida fora<br />
<strong>do</strong>s muros escolares.<br />
Encontramos em Assmann (1998, p. 29):<br />
significa <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>r vidas (...) o ambiente pedagógico tem<br />
Educar<br />
ser lugar <strong>de</strong> fascinação e inventivida<strong>de</strong>. Não inibir, mas<br />
<strong>de</strong><br />
aquela <strong>do</strong>se <strong>de</strong> alucinação consensual entusiástica<br />
propiciar<br />
para que o processo <strong>de</strong> apren<strong>de</strong>r aconteça como<br />
requerida<br />
<strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s. Reviravolta <strong>do</strong>s senti<strong>do</strong>s-<br />
mixagem<br />
e potenciamento <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os senti<strong>do</strong>s com os quais<br />
significa<strong>do</strong>s<br />
corporalmente o mun<strong>do</strong>. Por que a aprendizagem é,<br />
sensoriamos<br />
<strong>de</strong> mais nada, um processo corporal. To<strong>do</strong> conhecimento<br />
antes<br />
<strong>uma</strong> inscrição corporal. Que ela venha acompanhada <strong>de</strong><br />
tem<br />
não é, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> algum, um aspecto secundário.<br />
prazer<br />
Aceitan<strong>do</strong> essas premissas e <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> elaborar um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino<br />
flexível, consistente e prazeroso, posicionamo-nos em nossa prática <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a<br />
respon<strong>de</strong>r-nos alguns questionamentos:<br />
− Como tecer um fazer pedagógico capaz <strong>de</strong> reequacionar<br />
os problemas atuais, respeitan<strong>do</strong> as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um momento em<br />
que o mun<strong>do</strong> precisa <strong>de</strong> mais h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, integração, ciência e<br />
conhecimento que acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong> respeite a vida e o planeta?<br />
− Como educar num momento em que nem to<strong>do</strong>s os<br />
envolvi<strong>do</strong>s com a educação têm esta consciência e vonta<strong>de</strong> política?<br />
− Como promover este outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino-<br />
aprendizagem, num espaço ainda burocratiza<strong>do</strong> e talha<strong>do</strong> aos mol<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> um paradigma já ultrapassa<strong>do</strong>?<br />
82
Tais questões nos mobilizaram e fizeram acontecer o Atelier 13 , num<br />
ambiente que promoveu a fascinação, o <strong>de</strong>safio <strong>de</strong> recriar e <strong>de</strong> criar, neste<br />
espaço energético e intelectual no qual os pequenos acontecimentos <strong>do</strong> fazer<br />
pedagógico foram soman<strong>do</strong>-se, até a configuração <strong>do</strong> Acontecimento maior da<br />
Aprendência.<br />
Atelier, batismo afetivo <strong>do</strong> coletivo <strong>de</strong> h<strong>uma</strong>nos e não-h<strong>uma</strong>nos, on<strong>de</strong> a<br />
pesquisa-ação <strong>de</strong>u-se pela fusão <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s disciplinas e cursos. Compôs-se <strong>de</strong><br />
acadêmicos oriun<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Web-Design e Artes Plásticas (da<br />
Universida<strong>de</strong> Estadual <strong>de</strong> Santa Catarina UDESC), Letras-Português, Letras-<br />
Alemão, Matemática, Pedagogia, Física, Filosofia, Serviço–Social, Administração<br />
<strong>de</strong> Empresas, Psicologia, Sociologia e Informática da <strong>UFSC</strong>. Entrecruzaram-se<br />
nele disciplinas tais como: Filosofia, Lingüística, Física Quântica, Design, Artes<br />
Visuais, e Informática. Empregamos programas tais como: Flash, Photoshop,<br />
Dreamwaever, Power-point, Word e Internet Explorer que foram as mediações<br />
utilizadas para a criação <strong>de</strong> aplicativos pedagógicos <strong>do</strong>s acadêmicos, alguns <strong>do</strong>s<br />
quais apresentavam dificulda<strong>de</strong>s em lidar com simples ferramentas <strong>do</strong><br />
computa<strong>do</strong>r, ven<strong>do</strong>-o apenas, em muitos casos, como <strong>uma</strong> máquina <strong>de</strong> escrever<br />
aperfeiçoada.<br />
Neste espaço entreteceremos trechos <strong>de</strong> conversas, escritos,<br />
manifestações, acontecimentos, discursos 14 que os apren<strong>de</strong>ntes foram<br />
O espaço físico institucional <strong>de</strong>nomina-se Laboratório <strong>de</strong> Novas Tecnologias da <strong>UFSC</strong>/<br />
13<br />
O ancora<strong>do</strong>uro legal foi a disciplina <strong>de</strong> Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital e<br />
LANTEC.<br />
Didática, turmas 0387A (TCDI), 0387 B(TCDII) e 0387 C(TCDIII) 0387D(TCDIV) <strong>do</strong><br />
Transposição<br />
5105, <strong>de</strong> responsabilida<strong>de</strong> pedagógica institucional da Professora Dra. Araci Hack Catapan.<br />
MEN<br />
Courtine (1982, p. 52) nos mostra que a or<strong>de</strong>m <strong>do</strong> discurso é diferente da or<strong>de</strong>m da língua e<br />
14<br />
o discurso <strong>de</strong>ve ser pensa<strong>do</strong> na sua especificida<strong>de</strong>, que se constitui n<strong>uma</strong> relação<br />
que<br />
entre língua e i<strong>de</strong>ologia chamada <strong>de</strong> “materialida<strong>de</strong> <strong>do</strong> discurso. Para efeito <strong>de</strong>ste<br />
<strong>de</strong>terminada<br />
os discursos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes materializaram o paradigma da educação e da formação<br />
trabalho,<br />
83
explicitan<strong>do</strong> no <strong>de</strong>correr das vivências e da realização <strong>do</strong>s trabalhos (sempre <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> espontâneo e contextualiza<strong>do</strong>), por compreen<strong>de</strong>rmos que eles respaldam e<br />
ilustram o conceito, o termo emprega<strong>do</strong> e o fazer que se foi urdin<strong>do</strong> <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />
diferencia<strong>do</strong> <strong>do</strong> que comumente se pratica no cotidiano da maioria das<br />
universida<strong>de</strong>s e escolas brasileiras. Também faremos alguns comentários sobre<br />
os aplicativos pedagógicos, bem como explicitaremos alguns procedimentos e<br />
mediações empregadas no <strong>de</strong>correr da pesquisa.<br />
Os discursos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes são, neste contexto <strong>de</strong> análise, o que<br />
Deleuze (2000, p. 187-90) <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> acontecimentos 15 , pois são eles que<br />
tornam a linguagem possível, mas tornar possível não quer dizer o mesmo que<br />
fazer começar, <strong>uma</strong> vez que o começo está na or<strong>de</strong>m da palavra e não na or<strong>de</strong>m<br />
da linguagem em cujo âmbito tu<strong>do</strong> se dá simultaneamente, univocamente.<br />
Há o manifestante (apren<strong>de</strong>nte) que começa a falar, sen<strong>do</strong> o <strong>de</strong>signa<strong>do</strong><br />
aquilo <strong>de</strong> que fala, e significações aquilo que o manifestante diz. O<br />
acontecimento, por sua vez, pertence <strong>à</strong> linguagem, habita-a, mas não se<br />
confun<strong>de</strong> com ela, “não preexiste, mas lhe pré-insiste, assim lhe dá fundamento e<br />
condição, porque o acontecimento resulta <strong>do</strong>s corpos, <strong>de</strong> suas misturas, <strong>de</strong> suas<br />
receberam no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> sua escolarida<strong>de</strong>, e também revelaram que outros senti<strong>do</strong>s, este<br />
que<br />
fazer pedagógico propiciou-lhes, quanto ao mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> conhecer e construir novos signos e<br />
outro<br />
para seu contexto <strong>de</strong> vida”.<br />
ressignificações<br />
Deleuze (2000, p. 132-35), em sua obra A <strong>do</strong>bra: Leibniz e o Barroco; <strong>de</strong>fine o Acontecimento a<br />
15<br />
<strong>de</strong> Whitehead e Leibniz, apresentan<strong>do</strong> suas componentes ou condições. A primeira <strong>de</strong>las diz<br />
partir<br />
ser a extensão que se dá quan<strong>do</strong> um elemento esten<strong>de</strong>-se sobre os <strong>de</strong>mais elementos, <strong>de</strong> tal<br />
ele<br />
que ele é um to<strong>do</strong>, e os seguintes, suas partes. Diz ainda que o Acontecimento é <strong>uma</strong><br />
mo<strong>do</strong><br />
composta por infinida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> harmônicos ou <strong>de</strong> submúltiplos, tal como <strong>uma</strong> onda sonora,<br />
vibração<br />
luminosa, ou mesmo <strong>uma</strong> parte <strong>do</strong> espaço cada vez menor, <strong>uma</strong> vez que o tempo e o espaço<br />
ou<br />
são limites, mas coor<strong>de</strong>nadas abstratas <strong>de</strong> todas as séries, elas próprias em extensão.<br />
não<br />
como segunda componente <strong>do</strong> Acontecimento a intensida<strong>de</strong> ou graus, dizen<strong>do</strong> que já<br />
Apresenta<br />
é algo no lugar <strong>do</strong> nada, mas isto em vez daquilo. Como terceira componente apresenta o<br />
não<br />
E, <strong>uma</strong> quarta seriam os objetos eternos, ou ingressos. Sobre os objetos eternos ele diz<br />
indivíduo.<br />
são alg<strong>uma</strong>s vezes Qualida<strong>de</strong>s, como <strong>uma</strong> cor, um som, que qualificam um composto <strong>de</strong><br />
que<br />
outras vezes são Figuras, como a pirâmi<strong>de</strong>, que <strong>de</strong>terminam um extenso; outras vezes<br />
preensões;<br />
Coisas, como o ouro, o mármore que recortam <strong>uma</strong> matéria. Sua eternida<strong>de</strong> não se opõe <strong>à</strong><br />
são<br />
criativida<strong>de</strong>. Deleuze complementa dizen<strong>do</strong> que o acontecimento é fluxo.<br />
84
ações e paixões”, como um atributo incorporal, noemático, diferin<strong>do</strong>, porém, em<br />
natureza, daquilo <strong>de</strong> que resulta. Importa-nos, pois, o acontecimento. Não é <strong>uma</strong><br />
análise <strong>de</strong> discurso que nos aciona, não é um relato que nos ocupa, são os<br />
acontecimentos únicos e sucessivos que se <strong>de</strong>ram e que agora se fun<strong>de</strong>m e<br />
se confun<strong>de</strong>m com o que tornaram possível na ação infinitiva <strong>do</strong> acontecimento<br />
maior da Aprendência.<br />
As significações-acontecimentos, portanto, compõem a <strong>tessitura</strong> <strong>de</strong>ste<br />
capítulo <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> mais <strong>de</strong>marca<strong>do</strong>, mas estão presentes na feitura <strong>do</strong> to<strong>do</strong>. Eles<br />
se imbricam como finos e retorci<strong>do</strong>s fios <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mecha que se <strong>do</strong>bra e <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bra<br />
<strong>do</strong> começo ao fim <strong>do</strong> trabalho. Vale, aqui, citar Deleuze (2000, p. 188):<br />
na medida em que o acontecimento incorporal se constitui<br />
Então,<br />
constitui a superfície, ele faz subir a esta superfície os termos<br />
e<br />
sua dupla referência: os corpos aos quais remete como<br />
<strong>de</strong><br />
noemático, as proposições <strong>à</strong>s quais remete como<br />
atributo<br />
exprimíveis.<br />
Assim, a prática da Aprendência, concebida como um espaço flexível e<br />
continuamente realimenta<strong>do</strong> pela dinamicida<strong>de</strong> da vida, trabalhou com o<br />
conhecimento que visava elaborar caminhos para a construção <strong>de</strong> um viver<br />
melhor no aqui e agora com base no respeito <strong>à</strong>s singularida<strong>de</strong>s, num contexto<br />
plural e transversaliza<strong>do</strong>. Parece-nos que, paulatinamente, e na forma como o<br />
fazer pedagógico ia se construin<strong>do</strong>, os apren<strong>de</strong>ntes respondiam positivamente na<br />
maneira <strong>de</strong> elaborar seus aplicativos pedagógicos, ler o material indica<strong>do</strong> e<br />
respon<strong>de</strong>r aos <strong>de</strong>safios lança<strong>do</strong>s. Vários registros o mostram, tal como o que<br />
segue:<br />
85
nós esse foi um pequeno percurso, porém muito<br />
Para<br />
e gostoso. Foi um tira gosto para nos<br />
enriquece<strong>do</strong>r<br />
na aprendizagem das tecnologias em favor <strong>de</strong><br />
aprofundarmos<br />
prática pedagógica. Essa experiência foi muito<br />
nossa<br />
e infelizmente o curso <strong>de</strong> pedagogia apresenta<br />
interessante<br />
assim, apenas como optativas, assim como outras tão<br />
disciplinas<br />
que também ocupam esse <strong>de</strong>staque.(S01- A18-25 -<br />
importantes<br />
II) TCD<br />
disciplina superou meu tra<strong>uma</strong> com a tecnologia. Não a<br />
Esta<br />
bem, não lidava com ela, não sabia como fazer meu<br />
conhecia<br />
Depois, com as aulas e com meu esforço fiz meu<br />
trabalho.<br />
um pouco simples, mas foi o primeiro. Agora já tenho<br />
trabalho<br />
<strong>de</strong>senvolver outros. Foi um trabalho <strong>de</strong> minha originalida<strong>de</strong>,<br />
como<br />
<strong>de</strong> minha alma (S02- A 37- TCDIII).<br />
saiu<br />
No <strong>de</strong>correr <strong>do</strong>s trabalhos realiza<strong>do</strong>s no Atelier-TCD as vivências iam<br />
soman<strong>do</strong>-se e <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bran<strong>do</strong> a teoria em prática e a prática em teoria, efetivan<strong>do</strong>,<br />
assim, o que buscávamos realizar com a pesquisa-ação. Os apren<strong>de</strong>ntes<br />
cotidianamente modificavam não apenas seu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> perceber os temas, <strong>de</strong><br />
trabalhá-los, mas modificavam inclusive sua expressão postural, que inicialmente<br />
apresentava-se tensa, pouco amigável e distanciada <strong>do</strong>s colegas e <strong>do</strong><br />
computa<strong>do</strong>r. Aos poucos iam soman<strong>do</strong>–se pequenos acontecimentos cotidianos<br />
que resultavam em mudanças posturais, conceituais, afetivas e pedagógicas.<br />
Em Assmann (1998, p. 34), encontramos este conceito que reforça nosso<br />
mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> conceber o processo <strong>de</strong> ensino-aprendizagem:<br />
educação escolar tem a tarefa singular <strong>de</strong> criar as condições<br />
A<br />
que <strong>de</strong>sabrochem e se entrelacem, na vida concreta das<br />
para<br />
os nexos corporais, as linguagens e os comportamentos<br />
pessoas,<br />
mo<strong>do</strong> a po<strong>de</strong>r constituir <strong>uma</strong> ecologia cognitiva favorável <strong>à</strong><br />
<strong>de</strong><br />
unificada <strong>de</strong> processos vitais e processos<br />
auto-organização<br />
Dito <strong>de</strong> outra forma, a pedagogia é a sabe<strong>do</strong>ria capaz<br />
cognitivos.<br />
enten<strong>de</strong>r e aplicar as conseqüências da i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> básica<br />
<strong>de</strong><br />
processos cognitivos, levan<strong>do</strong> em conta a sua dinâmica<br />
entre<br />
prazerosa.<br />
86
O autor acima auxilia a reflexão em torno da necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
conquistarmos um espaço escolar mais agradável e a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong> <strong>à</strong> Aprendência,<br />
levan<strong>do</strong>-se em conta <strong>uma</strong> série <strong>de</strong> princípios fundamentais aos seres h<strong>uma</strong>nos.<br />
Assim, reforça a idéia <strong>do</strong> princípio <strong>do</strong> prazer como maneira <strong>de</strong> evitar que o<br />
processo <strong>de</strong> apreensão <strong>do</strong> conhecimento seja um mero cumprimento <strong>de</strong> tarefas<br />
instrucionais e institucionais, abrin<strong>do</strong> possibilida<strong>de</strong>s <strong>à</strong> transformação <strong>do</strong> ato<br />
educativo n<strong>uma</strong> construção personalizada, criativa e rica em trocas,<br />
ressignificações e singularida<strong>de</strong>s.<br />
Assmann (1998, p. 30) diz ainda que é preciso reencantar a educação,<br />
dan<strong>do</strong> ênfase a <strong>uma</strong> ação educativa que enseje a produção <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong><br />
aprendizagem e, coerente com a tese que perpassa por sua obra, frisa que o<br />
conhecimento só emerge em sua dimensão vitaliza<strong>do</strong>ra quan<strong>do</strong> tem algum tipo <strong>de</strong><br />
ligação com o prazer.<br />
O <strong>de</strong>poimento abaixo confirma a importância <strong>do</strong> prazer no <strong>de</strong>senvolvimento<br />
<strong>de</strong>ssa ação ou processo:<br />
que estamos fazen<strong>do</strong> parte <strong>de</strong> algo novo e que<br />
Saben<strong>do</strong><br />
vai se estruturar ainda mais, gostaria <strong>de</strong> dizer que<br />
possivelmente<br />
senti honra<strong>do</strong> <strong>de</strong> participar <strong>de</strong>sta disciplina, on<strong>de</strong> a liberda<strong>de</strong><br />
me<br />
querer apren<strong>de</strong>r foi o que mais valeu. (S03- A 34- TCDIII).<br />
<strong>do</strong><br />
muito bem aqui. Cheguei “crua” mas posso dizer que o<br />
Senti-me<br />
o prazer <strong>de</strong> buscar nosso próprio caminho, <strong>de</strong> construir<br />
ambiente,<br />
conhecimento, o relacionamento como os colegas me<br />
nosso<br />
<strong>uma</strong> apren<strong>de</strong>nte feliz. Foi <strong>uma</strong> superação! Eu no<br />
tornaram<br />
das aulas não acreditava nisso. Mas foi bom, está sen<strong>do</strong><br />
começo<br />
(S04- A 1 e 15- TCDI – VHS 04)<br />
bom.<br />
De fato, cremos que um <strong>do</strong>s princípios que fundamentou nosso trabalho foi<br />
a convicção <strong>de</strong> que o processo <strong>de</strong> Aprendência, ao reorganizar o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
trabalhar levan<strong>do</strong> em conta o entrelaçamento das vivências educativas, o prazer<br />
87
<strong>de</strong> construir conhecimentos, os contextos sociocultural e individual, re<strong>de</strong>senhará<br />
as bases <strong>de</strong> um novo tipo <strong>de</strong> socieda<strong>de</strong>, na qual a produção educativa será<br />
compreendida como resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> agenciamentos coletivos que englobem<br />
pessoas e aparatos tecnológicos. Em seu <strong>de</strong>senvolvimento reconheceremos que<br />
as mudanças estruturais que estão ocorren<strong>do</strong> em nossa subjetivida<strong>de</strong> obrigam-<br />
nos a alterar os mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento e o fazer pedagógico.<br />
disciplina (TCD) foi um processo <strong>de</strong> construção e <strong>de</strong><br />
Esta<br />
<strong>do</strong> conhecimento geral e tecnológico. Foi estranho<br />
<strong>de</strong>spertar<br />
que quan<strong>do</strong> eu concluí a versão final <strong>de</strong> meu trabalho,<br />
perceber<br />
a certeza <strong>de</strong> que estava apenas começan<strong>do</strong>. Para mim a<br />
tive<br />
<strong>do</strong>s temas foi <strong>de</strong>mais! Foi um show <strong>de</strong> profissionais<br />
abordagem<br />
diferentes áreas <strong>de</strong>ntro da sala, tornan<strong>do</strong> as aulas dinâmicas,<br />
<strong>de</strong><br />
e prazerosas. Aprendi as muitas possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
construtivas<br />
ver o mun<strong>do</strong> e me relacionar com ele e com to<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>r<br />
diferentes e ricas formas. (S05- A –32 -TCDIII)<br />
Na era tecnológica, alguns requisitos são fundamentais ao<br />
<strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> Aprendência. Referimo-nos <strong>à</strong> flexibilida<strong>de</strong>, <strong>à</strong><br />
integração, ao compartilhamento das idéias e saberes, <strong>à</strong> abertura para<br />
construções coletivas, que <strong>de</strong>vem ser consi<strong>de</strong>radas no momento <strong>de</strong> compor as<br />
ementas e selecionar os temas a serem trabalha<strong>do</strong>s.<br />
que encontrei <strong>de</strong> mais significativo nesta disciplina foram as<br />
O<br />
<strong>de</strong> ensino, extremamente atuais e com um pé no futuro.<br />
técnicas<br />
também conviver com professores tão capazes, tão h<strong>uma</strong>nos,<br />
Foi<br />
que sabem ser h<strong>uma</strong>nos no meio das máquinas, on<strong>de</strong> os<br />
aqueles<br />
preenchiam to<strong>do</strong>s os cantos e minutos da sala <strong>de</strong><br />
sentimentos<br />
Agra<strong>de</strong>ço aos colegas a convivência agradável e riqueza <strong>de</strong><br />
aula.<br />
apresenta<strong>do</strong>s no cotidiano e como conclusão <strong>do</strong><br />
trabalhos<br />
(S06 -A 36- TCDIII)<br />
semestre.<br />
A Aprendência <strong>de</strong>ve reinaugurar, pois, a forma <strong>de</strong> preparar os homens,<br />
trabalhan<strong>do</strong> com a afetivida<strong>de</strong>, com o prazer, com o belo, com tecnologia, temas<br />
88
transversais, escutas, n<strong>uma</strong> ligação estreita com os apren<strong>de</strong>ntes em permanentes<br />
trocas com os senti<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s que o presente aponta, pe<strong>de</strong>, obriga a dar. Um<br />
presente marca<strong>do</strong> por multiplicida<strong>de</strong>s, povoa<strong>do</strong> por muitos elementos e aparatos<br />
tecnológicos, muitas vezes vazios <strong>de</strong> afetivida<strong>de</strong> e senti<strong>do</strong> e que, portanto,<br />
necessitam ser ressignifica<strong>do</strong>s pelo fazer pedagógico.<br />
minha experiência com a informática, antes <strong>de</strong>sta disciplina era<br />
A<br />
Quan<strong>do</strong> me <strong>de</strong>parei com o exercício <strong>de</strong> construir um<br />
mínima.<br />
pedagógico fiquei preocupada, mas comecei o meu<br />
aplicativo<br />
Fiz leituras recomendadas pelas professoras e passei a<br />
projeto.<br />
questionar pelas leituras e pela prática sobre a possibilida<strong>de</strong><br />
me<br />
tecnologia ser vista como um meio para educar. A partir daí<br />
da<br />
idéias surgiram e foi muito bom ver a dinamização que o<br />
muitas<br />
e os programas oferecem, no momento que<br />
computa<strong>do</strong>r<br />
passar algo através da <strong>tela</strong>: os movimentos, as<br />
queremos<br />
as cores...Ufa! Mas dificulda<strong>de</strong>s também surgiram e a<br />
músicas,<br />
<strong>de</strong>las foi romper a antipatia pelo computa<strong>do</strong>r. A segunda<br />
primeira<br />
apren<strong>de</strong>r a colocar as idéias na <strong>tela</strong>, os pensamentos, as<br />
foi<br />
que gostaria <strong>de</strong> passar. Depois veio a parte <strong>de</strong> salvar<br />
mensagens<br />
o que eu tinha produzi<strong>do</strong> e eu contava somente com o<br />
tu<strong>do</strong><br />
mas <strong>de</strong>pois me apresentaram o CD-ROM como mais<br />
disquete,<br />
alia<strong>do</strong>. Aprendi muitoooo! Esta disciplina foi importante para<br />
um<br />
em mim <strong>uma</strong> outra forma, um outro elemento para<br />
<strong>de</strong>spertar<br />
e apren<strong>de</strong>r: a tecnologia e tu<strong>do</strong> o que ela envolve com<br />
ensinar<br />
seus laços (links) e sua velocida<strong>de</strong>.(S07- A 26-TCDIII)<br />
Vemos aí que as mudanças paradigmáticas, estruturais e conceptuais<br />
requerem o envolvimento <strong>do</strong> sujeito em múltiplas relações entre h<strong>uma</strong>nos e não-<br />
h<strong>uma</strong>nos. Restrepo in Assmann (1998, p. 31), referin<strong>do</strong>-se <strong>à</strong>s exigências<br />
pedagógicas e sociais <strong>do</strong> nosso cérebro/mente, assim se expressa:<br />
a vida cotidiana <strong>de</strong> ternura exige <strong>uma</strong> inversão sensorial<br />
Encher<br />
vai <strong>de</strong>s<strong>de</strong> a vivência perceptual mais próxima até a<br />
que<br />
<strong>de</strong> complexos códigos que nos indicam corre<strong>do</strong>res<br />
<strong>de</strong>sarticulação<br />
<strong>de</strong> semantização <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. É necessária <strong>uma</strong><br />
preestabeleci<strong>do</strong>s<br />
sensorial para ressignificar a vida diária, para ce<strong>de</strong>r,<br />
inversão<br />
nos gran<strong>de</strong>s ritos iniciáticos, a <strong>uma</strong> alteração <strong>do</strong> esta<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
como<br />
que nos obrigue a <strong>de</strong>slocar as fronteiras <strong>de</strong>ntro das<br />
consciência<br />
foi aprisiona<strong>do</strong> nosso sistema <strong>de</strong> conhecimento.<br />
quais<br />
89
Quanto <strong>à</strong> sensibilida<strong>de</strong> na educação e na formação <strong>do</strong>s seres h<strong>uma</strong>nos<br />
Barbier (1998) <strong>de</strong>clara-a vital. Em <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>ssa postura elabora a teoria<br />
psicossociológica existencial e multirreferencial da abordagem transversal 16 , na<br />
qual afirma que, em qualquer situação educativa, existe a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> três<br />
tipos <strong>de</strong> escuta, ou seja: a escuta científico-clínica com a meto<strong>do</strong>logia da<br />
pesquisa-ação; a escuta poético-existencial que se importa com os fenômenos<br />
imprevistos, oriun<strong>do</strong>s da ação das minorias e das idiossincrasias <strong>do</strong> indivíduo ou<br />
<strong>do</strong> grupo, e a escuta espiritual-filosófica que leva em conta os valores últimos, os<br />
senti<strong>do</strong>s da vida que atuam tanto no sujeito quanto no grupo.<br />
Segun<strong>do</strong> Barbier, a escuta sensível se inscreve num eixo <strong>de</strong> vigilância que<br />
se apóia num tripé imaginário, presente nas situações <strong>de</strong> efetivação <strong>do</strong> ato <strong>de</strong><br />
ensinar: o imaginário pessoal-pulsional; o imaginário social-institucional e o<br />
imaginário sacral.<br />
Cada tipo <strong>de</strong> imaginário fomenta sua própria transversalida<strong>de</strong>, sua própria<br />
re<strong>de</strong> simbólica, idiossincrática, <strong>do</strong>tada <strong>de</strong> um componente estrutural funcional, ao<br />
la<strong>do</strong> <strong>de</strong> seu componente imaginário, ou seja: a transversalida<strong>de</strong> fantasmática para<br />
o imaginário pulsional que manifesta o conjunto <strong>do</strong>s fantasmas <strong>de</strong> um indivíduo<br />
ou <strong>de</strong> um grupo, <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o conflito <strong>de</strong> Eros e Tânatos; a transversalida<strong>de</strong><br />
institucional, re<strong>de</strong> simbólica, socialmente reconhecida pelo imaginário social que<br />
se tece por <strong>uma</strong> via dialética <strong>de</strong> instituinte, instituí<strong>do</strong> e institucionalização; a<br />
transversalida<strong>de</strong> noética que afirma o jogo <strong>do</strong> imaginário sacral, em relação ao<br />
Importante registrar a concepção <strong>de</strong> transversalida<strong>de</strong> que Barbier in Multirreferencialida<strong>de</strong> nas<br />
16<br />
e na educação. São Carlos: ED<strong>UFSC</strong>AR (1998, p. 170) cita: por transversalida<strong>de</strong> enten<strong>do</strong><br />
ciências<br />
re<strong>de</strong> simbólica, relativamente estruturada e estável, constituída como <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> “banho<br />
<strong>uma</strong><br />
senti<strong>do</strong>” em que se misturam significações, referências, valores, mitos e símbolos, internos e<br />
<strong>de</strong><br />
externos ao sujeito, no qual ele está imerso e pelo qual sua vida assume um peso existencial<br />
90
mistério <strong>do</strong> ser-no-mun<strong>do</strong>, especificamente quanto ao ser apolíneo da serenida<strong>de</strong><br />
e sabe<strong>do</strong>ria e quanto ao ser dionisíaco <strong>do</strong> transe místico e orgíaco.<br />
Escreve ainda que a escuta sensível é um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> tomar consciência e <strong>de</strong><br />
interferir <strong>do</strong> pesquisa<strong>do</strong>r ou educa<strong>do</strong>r que trabalha com base em <strong>uma</strong> abordagem<br />
transversal 17 . Durante as ativida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> processo <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> com as turmas <strong>do</strong><br />
TCD, trabalhamos vários textos que elucidavam a questão da transversalida<strong>de</strong>,<br />
bem como realizamos ativida<strong>de</strong>s que integravam temas transversais e<br />
intertextualida<strong>de</strong>s no cotidiano da sala <strong>de</strong> aula. A linguagem, portanto foi<br />
trabalhada em sua potencialida<strong>de</strong> e multiplicida<strong>de</strong>.<br />
Foi assim que pu<strong>de</strong>mos perceber o quanto as restrições a <strong>de</strong>terminadas<br />
funções da linguagem que tradicionalmente a escola operou e mesmo os<br />
preconceitos em relação ao seu uso estão ainda presentes. O discurso que<br />
transcrevemos a seguir mostra a falta <strong>de</strong> intimida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> clareza no trato com as<br />
imagens, pois a acadêmica se refere a estas como algo preocupante para o<br />
professor. O discurso da apren<strong>de</strong>nte reflete a antiga problemática <strong>do</strong>s mo<strong>de</strong>los<br />
curriculares que privilegiam, apenas, o estu<strong>do</strong> e a lida com um tipo <strong>de</strong> linguagem:<br />
a verbal escrita. Há também <strong>uma</strong> outra conotação nesta manifestação, a <strong>de</strong> que o<br />
trabalho com as múltiplas formas <strong>de</strong> linguagem fascina e estimula <strong>de</strong>scobertas e<br />
produções criativas.<br />
compreen<strong>de</strong>r o po<strong>de</strong>r <strong>de</strong> <strong>uma</strong> imagem e concluir que o<br />
Pu<strong>de</strong>mos<br />
<strong>de</strong>ve ter <strong>uma</strong> constante preocupação no impacto que<br />
professor<br />
imagens vão <strong>de</strong>spertar nos seus alunos. Assumin<strong>do</strong> esta<br />
estas<br />
o trabalho com as imagens é muito interessante,<br />
preocupação<br />
elas po<strong>de</strong>m comunicar muito mais rápi<strong>do</strong> e com mais<br />
pois<br />
<strong>do</strong> que as próprias palavras. (S 08- A 18- 25 TCDII)<br />
envolvimento<br />
Recomendamos a leitura <strong>do</strong> texto: “A escuta sensível na abordagem transversal”, <strong>de</strong> René<br />
17<br />
presente na obra Multirreferencialida<strong>de</strong> nas ciências e na educação. São Carlos:<br />
Barbie<br />
(1998, p. 169-199). Esse texto foi trabalha<strong>do</strong> em vários momentos <strong>do</strong> Atelier/TCD e<br />
ED<strong>UFSC</strong>AR<br />
Atelier/ Pesquisa.<br />
<strong>do</strong><br />
91
Retoman<strong>do</strong> o assunto da transversalida<strong>de</strong>, buscamos em Etges (no prelo)<br />
um comentário condizente com o espírito <strong>de</strong> que se impregna nosso trabalho:<br />
transversalida<strong>de</strong> realiza na verda<strong>de</strong> <strong>uma</strong> transfusão <strong>de</strong> sangue<br />
A<br />
em nosso pensamento em nosso ensino, em nossas<br />
novo<br />
em nosso campo semântico, muitas vezes tão<br />
disciplinas,<br />
<strong>de</strong> baixo astral. A transversalida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser um meio<br />
carrega<strong>do</strong><br />
para transformar nossas linguagens aumentan<strong>do</strong> nossa<br />
po<strong>de</strong>roso<br />
para criar um novo ambiente on<strong>de</strong> apren<strong>de</strong>mos a<br />
auto-estima,<br />
<strong>de</strong> novo nossos colegas e alunos; a transversalida<strong>de</strong><br />
valorizar<br />
a flexibilizar nossas maneiras muito <strong>do</strong>gmáticas e<br />
ajudará<br />
<strong>de</strong> agir e pensar, ela nos ensina <strong>de</strong>ixar entrar a vida, o<br />
tradicionais<br />
das pessoas na escola, a valorizar a família, o afeto, a<br />
cotidiano<br />
corporeida<strong>de</strong>.<br />
A citação acima põe em evidência o horizonte <strong>de</strong> expectativas ou idéias<br />
que temos <strong>de</strong> manter <strong>à</strong> vista em nossos projetos educacionais e atuação <strong>do</strong>cente.<br />
Construir um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aprendência leva-nos a mudar a maneira <strong>de</strong><br />
nos relacionarmos no espaço escolar, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> a rigi<strong>de</strong>z e sisu<strong>de</strong>z que tem<br />
permea<strong>do</strong> o fazer pedagógico, reconhecen<strong>do</strong> que o papel <strong>do</strong>s educa<strong>do</strong>res é o <strong>de</strong><br />
orientar os alunos, e, principalmente, sentir-se um <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes que com<br />
maior conhecimento e experiência ensina, estan<strong>do</strong>, todavia, aberto ao apren<strong>de</strong>r,<br />
<strong>à</strong>s trocas, a um relacionamento mais cooperativo. Professor e aluno empenha<strong>do</strong>s<br />
em interpretar e selecionar a enorme gama <strong>de</strong> informações, conhecimentos e<br />
fontes disponíveis, <strong>de</strong>ntro daquilo que representará a essência para os seus<br />
contextos vivenciais.<br />
professores foram super compreensivos e companheiros. Isso<br />
Os<br />
um ambiente <strong>de</strong> trabalho agradável para to<strong>do</strong> o<br />
proporcionou<br />
Assim, cada um procurou dar tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> si e apren<strong>de</strong>u muito<br />
grupo.<br />
tecnologia e educação, pois tu<strong>do</strong> foi feito com amor e<br />
sobre<br />
prazer, por isto <strong>de</strong>u certo.(S09- A 7- TCDI).<br />
que esta disciplina ainda é encarada pelo curso <strong>de</strong><br />
Enten<strong>de</strong>mos<br />
como <strong>uma</strong> ferramenta a mais “que po<strong>de</strong> ser utilizada<br />
Pedagogia<br />
92
com alunos que tem acesso <strong>à</strong> informática”. Porém com<br />
somente<br />
professoras apren<strong>de</strong>mos a ser autônomas, a correr atrás<br />
nossas<br />
objetivos para superar nossas dificulda<strong>de</strong>s e apren<strong>de</strong>mos a<br />
<strong>do</strong>s<br />
para oferecer informatização e conhecimento para todas as<br />
lutar<br />
sociais. Nossa sugestão é que a idéia <strong>do</strong> trabalho com<br />
camadas<br />
imagem, a re<strong>de</strong> e com a própria tecnologia, seja mais<br />
a<br />
divulgada, <strong>de</strong>batida e ofertada.(S10- 23 e 24 TCDII)<br />
Observemos que nessa ultima manifestação a preocupação é marcar a<br />
importância da autonomia, da ultrapassagem <strong>de</strong> conceitos ou mesmo <strong>de</strong><br />
preconceitos ainda vigentes em muitas escolas, impeditivos da flexibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
que fala Etges acima.<br />
A formação educativa mais a<strong>de</strong>quada ao conhecimento <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> hoje é a<br />
que buscará articular, conectar entre si os diversos saberes, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que cada<br />
um ilumine o outro e igualmente se <strong>de</strong>ixe iluminar, pois adquirir conhecimento ou<br />
saberes essenciais significa, antes <strong>de</strong> tu<strong>do</strong>, ser capaz <strong>de</strong> organizá-los em torno<br />
<strong>de</strong> eixos <strong>de</strong> idéias, num <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> contexto que seja significativo para os<br />
apren<strong>de</strong>ntes e para seu entorno.<br />
sempre nesta disciplina muita interação entre to<strong>do</strong>s,<br />
Houve<br />
e alunos éramos <strong>uma</strong> coisa só, tentan<strong>do</strong><br />
professores<br />
boas experiências para to<strong>do</strong>s. Gran<strong>de</strong> interação <strong>de</strong><br />
proporcionar<br />
h<strong>uma</strong>nos que proporcionaram caminhos diversos<br />
profissionais<br />
to<strong>do</strong>s caminhavam juntos. Foi legal perceber que existe<br />
on<strong>de</strong><br />
e preocupação com a construção <strong>do</strong> grupo como um<br />
interação<br />
e <strong>de</strong>ste para com o indivíduo. Posso dizer que finalmente<br />
to<strong>do</strong><br />
integralmente <strong>de</strong> um trabalho que era equipe. (S11- A<br />
participei<br />
14- TCDI - VHS 04)<br />
Uma educação condizente com o presente <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong>sperta, e capaz <strong>de</strong><br />
ativar laços h<strong>uma</strong>no-tecnológicos complexos, para que nesta imensa tenda<br />
universal:<br />
<strong>uma</strong> teia tênue se vá tecen<strong>do</strong>, entre to<strong>do</strong>s os galos e se<br />
Des<strong>de</strong><br />
<strong>tela</strong>, entre to<strong>do</strong>s, se erguen<strong>do</strong> tenda, on<strong>de</strong> entrem<br />
encorpan<strong>do</strong><br />
to<strong>do</strong>s, se entreten<strong>de</strong>n<strong>do</strong> para to<strong>do</strong>s, no tol<strong>do</strong> (a manhã) que plana<br />
93
<strong>de</strong> armação. A manhã, tol<strong>do</strong> <strong>de</strong> um teci<strong>do</strong> tão aéreo que,<br />
livre<br />
se eleva por si: luz balão. (JOÃO CABRAL DE MELO<br />
teci<strong>do</strong><br />
NETO, 1979, p. 19-20).<br />
Poética e politicamente, João Cabral nos inspira aos entrecruzamentos<br />
necessários <strong>do</strong>s fios da Aprendência que movem a vida, <strong>uma</strong> vez que não é<br />
somente nos espaços escolares que ela se dá, pois estes não são a única<br />
instância educativa <strong>do</strong>s homens, porém, é <strong>à</strong> escola que cabe o papel específico<br />
<strong>de</strong> promover experiências <strong>de</strong> aprendizagem reconhecíveis pelos apren<strong>de</strong>ntes e,<br />
para tanto, <strong>de</strong>ve estar atenta ao que o momento nos aponta: a interativida<strong>de</strong><br />
cognitiva entre apren<strong>de</strong>ntes h<strong>uma</strong>nos e máquinas.<br />
esta disciplina conheci a riqueza <strong>de</strong> se trabalhar a<br />
Com<br />
das áreas e <strong>do</strong>s conhecimentos em prol <strong>de</strong> um<br />
diversida<strong>de</strong><br />
saber mais para a vida. Penso que o maior avanço que<br />
objetivo:<br />
disciplina me proporcionou foi no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> abrir horizontes e<br />
a<br />
ao trabalho com as novas e múltiplas linguagens e<br />
instigar-me<br />
na sala <strong>de</strong> aula.(S12- A 15- TCDI).<br />
conhecimentos,<br />
a aula <strong>de</strong> hoje (09/10/02), analisamos <strong>uma</strong> imagem que<br />
Durante<br />
<strong>uma</strong> pérola <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> concha aberta. Eu pensei na<br />
mostrava<br />
enquanto um satélite <strong>de</strong> informações que influenciam<br />
concha<br />
mun<strong>do</strong>, que seria a pérola que está <strong>de</strong>ntro da concha. Após<br />
to<strong>do</strong><br />
exposição <strong>de</strong> todas as interpretações, discutimos em torno<br />
a<br />
on<strong>de</strong> percebemos a pérola como ser h<strong>uma</strong>no que se<br />
<strong>de</strong>las<br />
ao longo <strong>de</strong> um processo que leva tempo, que sofre<br />
<strong>de</strong>senvolve<br />
a partir <strong>de</strong> interação com outros indivíduos, com o<br />
arranhões<br />
esses influenciam no nosso crescimento, causan<strong>do</strong><br />
meio,<br />
<strong>de</strong> ações, atitu<strong>de</strong>s, comportamento. A concha<br />
mudanças<br />
também o meio on<strong>de</strong> <strong>à</strong>s vezes nós queremos nos<br />
representa<br />
ou modificar, mas ela se fecha não permitin<strong>do</strong> nossa<br />
libertar<br />
Percebemos também a concha como escola e a pérola<br />
mudança.<br />
aluno/professor que querem fazer <strong>uma</strong> educação<br />
como<br />
subjetiva e muitas vezes a escola (como a concha<br />
inova<strong>do</strong>ra,<br />
o tempo cria camadas) ela se fecha permanecen<strong>do</strong> no<br />
com<br />
se esquecen<strong>do</strong> das mudanças que existem na relação<br />
tradicional<br />
com o passar <strong>do</strong>s tempos. Essas interpretações<br />
homem/mun<strong>do</strong><br />
para a educação nos dão suporte para enten<strong>de</strong>r o<br />
trazidas<br />
ensino/aprendizagem, pois acreditamos num processo<br />
processo<br />
interessante, significativo e principalmente possível que<br />
inova<strong>do</strong>r,<br />
tanto o professor como aluno a apren<strong>de</strong>rem juntos a partir <strong>de</strong><br />
leve<br />
diferentes on<strong>de</strong> encontrarão obstáculos, contradições e<br />
caminhos<br />
que levarão ao crescimento pessoal. (S13 - A 18 - 25-<br />
conflitos<br />
TCD II)<br />
94
Vivemos hoje <strong>uma</strong> explosão <strong>de</strong> espaços <strong>de</strong> conhecimento que nenh<strong>uma</strong><br />
instância <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r econômico e político é capaz <strong>de</strong> colonizar e aprisionar. A<br />
tecnologia é a matriz <strong>de</strong>ssa explosão. Reconhecer esse fato implica admitir que<br />
cabe ao fazer pedagógico incorporar a tecnologia como um po<strong>de</strong>roso actante <strong>do</strong><br />
ato <strong>de</strong> educar<br />
Pierre Levy (2001, p. 256) referin<strong>do</strong>-se <strong>à</strong> educação e <strong>à</strong> aprendizagem<br />
assim se expressa:<br />
verda<strong>de</strong>ira educação e a verda<strong>de</strong>ira aprendizagem fun<strong>de</strong>m<br />
A<br />
as disciplinas em <strong>uma</strong> apreensão global para a qual a<br />
todas<br />
<strong>de</strong> si é tão importante quanto o conhecimento <strong>do</strong><br />
aprendizagem<br />
um conhecimento <strong>de</strong> si que finalmente nos leva a<br />
mun<strong>do</strong>,<br />
que somos, to<strong>do</strong>s juntos, <strong>uma</strong> consciência iluminada <strong>do</strong><br />
perceber<br />
mun<strong>do</strong>.<br />
Dinamizar e atualizar os espaços <strong>do</strong> conhecimento constitui-se n<strong>uma</strong> tarefa<br />
emancipatória politicamente fundamental, ou seja, a escola <strong>de</strong>ve aproveitar a<br />
brecha surgida entre o acúmulo <strong>de</strong> capital, a explosão e a difusão <strong>de</strong><br />
conhecimentos, em vez <strong>de</strong> permanecer muitas vezes no eterno discurso contra a<br />
tecnologia e o sistema. Trata-se <strong>de</strong> aproveitar, <strong>de</strong> forma criativa e crítica, os<br />
acessos que a tecnologia oferece e agiliza, geran<strong>do</strong> propostas consistentes que<br />
vitalizem o teci<strong>do</strong> social, direcionan<strong>do</strong> os processos cognitivos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes.<br />
Em Assmann (1998, p. 27-28) encontramos:<br />
clássicos conceitos <strong>do</strong> po<strong>de</strong>r há muito não dão conta <strong>do</strong>s<br />
Os<br />
A <strong>de</strong>sregulamentação, exigida pelo merca<strong>do</strong> no<br />
acontecimentos.<br />
da iniciativa econômica, se metamorfoseia num potencial<br />
plano<br />
exorbita to<strong>do</strong>s os controles, quan<strong>do</strong> aquilo que é<br />
que<br />
se chama informação, conhecimento, cultura,<br />
<strong>de</strong>sregulamenta<strong>do</strong><br />
e valores. Em resumo, a socieda<strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecimento é, ainda<br />
ritos<br />
e, sobretu<strong>do</strong>, um esforço <strong>de</strong>sespera<strong>do</strong> <strong>de</strong> tornar simétricos os<br />
95
na esfera <strong>do</strong> conhecimento. Mas as <strong>de</strong>ssimetrias e<br />
controles<br />
já aparecem por to<strong>do</strong> o la<strong>do</strong>. Sobre o fun<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>scoor<strong>de</strong>nações<br />
hipótese complexa, aparece – pela primeira vez na história<br />
<strong>de</strong>ssa<br />
– a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> relacionar intimamente o potencial<br />
h<strong>uma</strong>na<br />
inova<strong>do</strong>r <strong>do</strong> conhecimento com a própria essência criativa da vida.<br />
Como vimos, estamos n<strong>uma</strong> encruzilhada ético-política. Não<br />
encontraremos meios <strong>de</strong> sobrevivência para a h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, ameaçada por ela<br />
mesma, enquanto não acionarmos mo<strong>do</strong>s mais criativos e afetivos <strong>de</strong> ativar<br />
nossa solidarieda<strong>de</strong> nos mais diversos setores da vida, começan<strong>do</strong> no âmbito<br />
escolar que é o lócus on<strong>de</strong> atuamos e on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m potencializar-se as forças <strong>de</strong><br />
mudanças e transformação.<br />
Submeter os conceitos <strong>de</strong> ensino-aprendizagem a <strong>uma</strong> revisão<br />
conceptual e prática é a urgência que fomenta nossa pesquisa.<br />
Temos <strong>uma</strong> convicção que nos acompanha na trajetória pedagógica <strong>de</strong><br />
primeiro, segun<strong>do</strong> e terceiro grau, <strong>de</strong> que o ato <strong>de</strong> educar só se efetiva como tal<br />
ao preocupar-se com a geração <strong>de</strong> experiências <strong>de</strong> aprendizagens que<br />
envolvam afeto, beleza, encantamento, criativida<strong>de</strong> e solidarieda<strong>de</strong> entre quem<br />
ensina e quem apren<strong>de</strong>, num entrelaçamento rico e capaz <strong>de</strong> construir<br />
conhecimentos e acessar fontes <strong>de</strong> informação, não só as tradicionais<br />
(bibliotecas, museus etc) mas também as <strong>de</strong> ultima geração ( o aparato<br />
tecnológico ).<br />
apesar <strong>de</strong> no inicio, ficar um pouco assustada com a<br />
Eu<br />
fui me tranqüilizan<strong>do</strong> com a atenção e o carinho <strong>do</strong>s<br />
disciplina,<br />
e colegas. Gostei <strong>de</strong> conhecer colegas e achei muito<br />
professores<br />
a criação <strong>do</strong>s trabalhos com a tecnologia. Aprendi bastante<br />
rica<br />
os trabalhos em grupo, o carinho e a atenção <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s. (S13<br />
com<br />
14– TCDI -VHS 04).<br />
-A<br />
importante registrar sobre a aula <strong>de</strong> hoje que a poesia po<strong>de</strong><br />
É<br />
sentida <strong>de</strong> formas variadas, conforme as experiências vividas<br />
ser<br />
<strong>de</strong> cada um. Nesse senti<strong>do</strong>, ao trabalhar poesia na escola, o<br />
96
<strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar em primeiro lugar as individualida<strong>de</strong>s<br />
professor<br />
existem, e em segun<strong>do</strong>, propiciar um ambiente favorável <strong>à</strong><br />
que<br />
criação e <strong>à</strong> imaginação (S15- A 15- TCDI)<br />
A história da educação brasileira mostra que ainda temos os primeiros<br />
analfabetismos a combater, ou seja, o analfabetismo <strong>do</strong> ler e escrever no seu<br />
senti<strong>do</strong> restrito e profun<strong>do</strong>, compreen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> a linguagem em sua complexida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
agente estruturante <strong>de</strong> signos e semioses e da própria subjetivida<strong>de</strong> que movem<br />
o fazer h<strong>uma</strong>no; o analfabetismo sociocultural que não permite que a maioria <strong>do</strong>s<br />
cidadãos se situe, com proprieda<strong>de</strong>, nas tramas <strong>do</strong> sistema político-econômico; e,<br />
mais recentemente, o analfabetismo tecnológico que não permite a necessária<br />
interação entre homem e máquina.<br />
Ora, um processo educativo que não dê conta <strong>de</strong> superar esses três tipos<br />
<strong>de</strong> analfabetismo, no mínimo, <strong>de</strong>ve ter a noção da gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong> não estar<br />
cumprin<strong>do</strong> seu papel com a necessária competência.<br />
Repensar ensino-aprendizagem evoca a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fomentar um<br />
processo educativo que leve em conta a vida em toda sua complexida<strong>de</strong>, e a vida<br />
é dinâmica. Isso equivale a dizer que a pedagogia das certezas e saberes pré-<br />
fixa<strong>do</strong>s precisa dar lugar ao ato educativo da pergunta, da melhor formulação <strong>do</strong>s<br />
questionamentos e <strong>do</strong> livre e fácil acesso <strong>à</strong>s informações, trabalhar com conceitos<br />
transversais e “transversáteis“ (para usar <strong>uma</strong> expressão <strong>de</strong> Assman (1998, p.<br />
33), abertos <strong>à</strong> imprevisibilida<strong>de</strong> que permeia a própria vida.<br />
No <strong>de</strong>correr da pesquisa, ponteamos alguns tópicos liga<strong>do</strong>s <strong>à</strong> questão das<br />
experiências vivenciais <strong>de</strong> Aprendência, a partir <strong>do</strong> emprego, no espaço escolar,<br />
da tecnologia e da linguagem em suas formas múltiplas <strong>de</strong> comunicação e<br />
expressão, como um <strong>do</strong>s fios condutores para a construção <strong>de</strong> novas formas <strong>de</strong><br />
97
preparar os apren<strong>de</strong>ntes para um mun<strong>do</strong> que apresenta outras exigências,<br />
urgências e velocida<strong>de</strong>s. Assim, a pesquisa procurou levantar da<strong>do</strong>s que<br />
operacionalizassem nossos objetivos, comprovassem, enriquecessem ou<br />
alterassem nossa hipótese. O que percebemos no <strong>de</strong>senvolver <strong>do</strong>s trabalhos foi<br />
alimentan<strong>do</strong> nossa hipótese e nossos objetivos <strong>de</strong> forma a convencermo-nos <strong>de</strong><br />
que o rumo estava correto, pois os resulta<strong>do</strong>s sempre nos surpreendiam para<br />
mais <strong>do</strong> que para menos.<br />
Refletimos sobre as profundas transformações estruturais pelas quais<br />
estamos passan<strong>do</strong> em to<strong>do</strong>s os âmbitos da vida, especialmente nas instituições<br />
<strong>de</strong> ensino que se ocupam com a formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res, cujo conhecimento<br />
global ainda carece <strong>de</strong> organização; sobre a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> construirmos <strong>uma</strong><br />
nova ótica <strong>de</strong> conhecimento; sobre “complexida<strong>de</strong>” e as formas <strong>de</strong> pesquisa e<br />
estu<strong>do</strong> que ultrapassem o enfoque das disciplinas cindidas, seccionadas; sobre a<br />
proposição <strong>de</strong> <strong>uma</strong> outra linha <strong>de</strong> pensamento que se entrelace <strong>à</strong> complexida<strong>de</strong><br />
das realida<strong>de</strong>s <strong>de</strong>scobertas pela ciência pós-Einstein. Acreditamos ter alcança<strong>do</strong>,<br />
pelo menos em parte, nossos objetivos, pois nosso empenho foi oferecer,<br />
juntamente com conteú<strong>do</strong>s e instruções, um pouco <strong>de</strong> <strong>do</strong>çura. Ao que<br />
percebemos, encontrou eco:<br />
com ótimos profissionais, colegas, amigos, pessoas<br />
Trabalhei<br />
com o verda<strong>de</strong>iro aprendiza<strong>do</strong> que se faz muito<br />
preocupadas<br />
das ativida<strong>de</strong>s didático-tecnológicas, aquele que nasce <strong>do</strong><br />
além<br />
<strong>de</strong> nossos corações: o amor ao próximo. O grupo se<br />
profun<strong>do</strong><br />
em dinâmica, objetivos, conhecimentos e emoção, que<br />
encontrou<br />
final é a que <strong>de</strong> fato move nossas relações permitin<strong>do</strong>-nos<br />
no<br />
Obrigada a toda a turma pelo crescimento pessoal que<br />
crescer.<br />
proporcionaram (S16-A 10 - TCDI, II, III).<br />
me<br />
98
Postulamos ainda que o espaço <strong>de</strong> Aprendência <strong>de</strong>verá ser arquitetônica e<br />
h<strong>uma</strong>namente mais agradável e convidativo. Sabemos que isto envolve recursos<br />
<strong>de</strong> várias naturezas, mas, mais que tu<strong>do</strong>, clareza, vonta<strong>de</strong> política e <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong><br />
reconhecer que, se quisermos mudar, urge que busquemos um começo que não<br />
se encontra tão distante <strong>de</strong> nosso alcance.<br />
Não nos cabe, aqui, discutir a questão da arquitetura <strong>do</strong> espaço escolar,<br />
mas fazer <strong>uma</strong> ligeira evocação <strong>de</strong> como são nossos educandários, suas<br />
fachadas, sua mobília, seus espaços <strong>de</strong> interação, os recursos tecnológicos e os<br />
materiais pedagógicos. Basta lembrar há quantos anos temos como principal<br />
instrumento <strong>de</strong> ensino o quadro (negro, ver<strong>de</strong>, <strong>de</strong>sbota<strong>do</strong>) e o giz (muitas vezes<br />
<strong>de</strong> péssima qualida<strong>de</strong>). Também se torna fácil comparar as nossas salas <strong>de</strong> aula<br />
com as salas <strong>de</strong> aula <strong>de</strong> nossos avós e as nossas cozinhas com as <strong>de</strong> nossos<br />
avós e verificar as <strong>de</strong>fasagens no que diz respeito a móveis, utensílios, ergonomia<br />
e arquitetura.<br />
Diante <strong>de</strong>sse contexto urge operacionalizar mudanças contextuais e<br />
substanciais no espaço escolar, educan<strong>do</strong> para a vida, para a emancipação, para<br />
a ternura, para o prazer e para a produção <strong>de</strong> conhecimentos partilháveis entre<br />
muitos e para muitos. Assmann (1998, p. 34) enfatiza:<br />
Alves cost<strong>uma</strong> dizer que educar tem tu<strong>do</strong> a ver com<br />
Rubem<br />
Segun<strong>do</strong> ele, educa<strong>do</strong>r/a é quem consegue <strong>de</strong>sfazer as<br />
sedução.<br />
ao prazer <strong>do</strong> conhecimento. Seduzir para “o quê?”<br />
resistências<br />
para um saber/sabor. Portanto, para o conhecimento como<br />
Ora,<br />
Mas é importante frisar igualmente o “para quem”, porque<br />
fruição.<br />
é encantar-se e seduzir-se reciprocamente com<br />
pedagogia<br />
<strong>de</strong> aprendizagem. Nos <strong>do</strong>centes <strong>de</strong>ve tornar-se<br />
experiências<br />
o gozo <strong>de</strong> estar colaboran<strong>do</strong> com essa coisa estupenda<br />
visível<br />
é possibilitar e incrementar – na esfera sócio-cultural, que se<br />
que<br />
diretamente na esfera biológica – a união profunda entre<br />
reflete<br />
processos vitais e <strong>de</strong> conhecimento.<br />
99
A Aprendência evi<strong>de</strong>nciou a capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res e educan<strong>do</strong>s<br />
seduzirem-se, mútua e individualmente, pelas experiências <strong>de</strong> aprendizagem,<br />
construção <strong>de</strong> conhecimento, <strong>de</strong> relacionamento com a tecnologia e a linguagem<br />
em suas múltiplas formas, num esforço cada vez mais crescente <strong>de</strong> <strong>de</strong>rrubada<br />
das fronteiras que dicotomizam e sectarizam o ato pedagógico vigente:<br />
3.2 UMA EXPOSIÇÃO: OUTRAS TELAS<br />
100<br />
que nos fortalece como profissionais da educação é a<br />
O<br />
<strong>de</strong> que o trabalho <strong>do</strong> professor/pesquisa<strong>do</strong>r é mesmo<br />
convicção<br />
ir, voltar, rever, construir, reconstruir, adaptar. Assim nos<br />
um<br />
quan<strong>do</strong> buscamos realizar o trabalho pedagógico com o<br />
sentimos<br />
para obter um resulta<strong>do</strong> mais bem elabora<strong>do</strong>.<br />
tecnológico<br />
este resulta<strong>do</strong> ainda não nos satisfaça, encontramos<br />
Embora<br />
nas palavras <strong>de</strong> Helena Kolody: ”a via bloqueada instiga<br />
respal<strong>do</strong><br />
teimoso viajante a abrir nova estrada”. E assim continuamos na<br />
o<br />
pela superação das dificulda<strong>de</strong>s, pelos questionamentos,<br />
busca<br />
eterna inquietu<strong>de</strong> que nos move para além das fronteiras,<br />
pela<br />
em direção a novas estradas. (S17-A 23-24- TCDII).<br />
referin<strong>do</strong> –se a pessoa com a qual dialoga), sua escolha<br />
Ma..(<br />
momento é particularmente especial. Sinto-me a própria<br />
neste<br />
<strong>de</strong>sta litografia <strong>de</strong> Munch, criada em 1895. Toda a<br />
protagonista<br />
que as linhas passam e canalizam na cabeça que<br />
angústia<br />
grita, vai <strong>à</strong> minha alma quan<strong>do</strong> penso nesta estúpida<br />
<strong>de</strong>sfigurada<br />
que se esten<strong>de</strong> e que parece não ter limites nunca.<br />
guerra<br />
Munch criou esta litografia nos passou a idéia <strong>de</strong> que<br />
Quan<strong>do</strong><br />
muito terrível se passou para que esse grito se eternizasse<br />
algo<br />
ar. Guernica e o Grito infelizmente são muito atuais em pleno<br />
no<br />
21. A propósito leiam: "Guernica" é escondida enquanto<br />
século<br />
falam sobre Iraque<br />
EUA<br />
UNIDAS (Reuters) –<br />
NAÇÕES<br />
Nações Unidas escon<strong>de</strong>ram na quarta-feira atrás <strong>de</strong> um pano<br />
As<br />
e <strong>de</strong> <strong>uma</strong> fila <strong>de</strong> ban<strong>de</strong>iras a tapeçaria "Guernica", a obra<br />
azul<br />
<strong>do</strong> mestre da pintura Pablo Picasso.<br />
antiguerra<br />
8 <strong>de</strong> abril <strong>de</strong> 2003 16:43<br />
terça-feira,
101<br />
(S18 – A34 e 36 –<br />
tcd3@grupos.com.br<br />
TCDIII)<br />
Em Atelier-TCD e Atelier-Pesquisa os relacionamentos foram enlaçan<strong>do</strong>-se<br />
a partir da forma como conduzíamos as ativida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que alguns conceitos<br />
fossem sen<strong>do</strong> discuti<strong>do</strong>s, compreendi<strong>do</strong>s a ponto <strong>de</strong> alguns <strong>de</strong>smistificarem-se,<br />
especialmente os liga<strong>do</strong>s ao emprego da tecnologia na vida h<strong>uma</strong>na. Muitos<br />
comportamentos arredios foram sen<strong>do</strong> ameniza<strong>do</strong>s em favor <strong>de</strong> um entendimento<br />
cada vez maior da imbricação das técnicas e tecnologias no fazer <strong>do</strong>s homens.<br />
Promovemos a necessária intimida<strong>de</strong> com o aparato tecnológico, através<br />
<strong>do</strong> contato constante com o computa<strong>do</strong>r, com a Internet, com filmes,<br />
<strong>do</strong>cumentários, notícias e estu<strong>do</strong> <strong>de</strong> textos <strong>de</strong> vários autores que discutiam<br />
questões elucidativas da presença irreversível da tecnologia em nossas vidas.<br />
O contacto com o computa<strong>do</strong>r e com a Internet permitiu aos apren<strong>de</strong>ntes<br />
<strong>de</strong>scobrir milhares <strong>de</strong> possibilida<strong>de</strong>s e alternativas. Com os professores e colegas<br />
sanavam dúvidas, matavam sua se<strong>de</strong> <strong>de</strong> conhecer e apresentavam curiosida<strong>de</strong>s,<br />
informações e conhecimentos a serem compartilha<strong>do</strong>s. Assim, iam perceben<strong>do</strong><br />
que as dificulda<strong>de</strong>s po<strong>de</strong>riam ser resolvidas e os conhecimentos intercambia<strong>do</strong>s<br />
entre os apren<strong>de</strong>ntes presentes na sala <strong>de</strong> aula e também com outras pessoas<br />
com as quais po<strong>de</strong>riam contatar virtualmente.<br />
No <strong>de</strong>correr das ativida<strong>de</strong>s e <strong>do</strong>s enredamentos entre os apren<strong>de</strong>ntes e<br />
<strong>de</strong>stes com a tecnologia percebíamos que o temor por não possuírem o <strong>do</strong>mínio<br />
<strong>de</strong> certas habilida<strong>de</strong>s ou competências ia sen<strong>do</strong> atenua<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong> lugar <strong>à</strong>s trocas<br />
e <strong>à</strong>s buscas. Professores e alunos esqueci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> seus papéis institucionais<br />
encontravam soluções para os problemas que surgiam e juntos experimentavam
programas, pesquisavam links que viessem ao encontro <strong>do</strong>s objetivos almeja<strong>do</strong>s.<br />
Assim, o intercambio e as novas relações mediadas pelo coletivo <strong>de</strong> h<strong>uma</strong>nos e<br />
não-h<strong>uma</strong>nos, ia tecen<strong>do</strong>-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> espontâneo e criativo. Sempre, a <strong>uma</strong> nova<br />
dificulda<strong>de</strong>, novas soluções. A um velho problema tecnológico, novos<br />
encaminhamentos.<br />
Quan<strong>do</strong> surgia um impasse qualquer, fosse ele liga<strong>do</strong> a um problema <strong>de</strong><br />
or<strong>de</strong>m técnica (por exemplo, quan<strong>do</strong> alguém não sabia criar <strong>uma</strong> pasta,<br />
en<strong>de</strong>reçar um e-mail, acionar <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> browser etc...), ou mesmo quan<strong>do</strong> o<br />
impasse era na or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> <strong>uma</strong> compreensão mais ampla das implicações da<br />
mediação tecnológica, o educa<strong>do</strong>r, como um orienta<strong>do</strong>r experiente intervinha com<br />
<strong>uma</strong> explicação, com a indicação <strong>de</strong> algum tipo <strong>de</strong> leitura e daí partíamos para o,<br />
estu<strong>do</strong> e as discussões que pu<strong>de</strong>ssem elucidar o ponto obscuro.<br />
Percebíamos que, paulatinamente, esse tipo <strong>de</strong> condução ia minimizan<strong>do</strong><br />
dificulda<strong>de</strong>s e ressignifican<strong>do</strong> contextos, comportamentos e concepções.<br />
Esse outro mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer pedagógico levou em conta, pois, que ensinar-<br />
apren<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ve ser um eterno mergulhar em mun<strong>do</strong>s simbólicos, em mun<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
signos e senti<strong>do</strong>s que já foram ditos e vivencia<strong>do</strong>s por outras pessoas.Rompeu,<br />
porém, as linhas <strong>de</strong>marcatórias <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s pré-estabeleci<strong>do</strong>s, aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> o<br />
mo<strong>de</strong>lo <strong>do</strong>s currículos que passam <strong>de</strong> um ano para outro, incólumes ao que se<br />
vivencia no contexto sociocultural, para dar lugar a um fazer co-partilha<strong>do</strong>, atual e<br />
em acor<strong>do</strong> com a natureza das exigências contextuais. Nesse entendimento, o<br />
ementário foi sen<strong>do</strong> construí<strong>do</strong> e realimenta<strong>do</strong> por conteú<strong>do</strong>s que a cada dia se<br />
transversalizavam abrangen<strong>do</strong> mais áreas <strong>do</strong> conhecimento.<br />
102
103<br />
o objetivo <strong>de</strong> aguçar a percepção visual, amplian<strong>do</strong> seu<br />
Com<br />
através <strong>de</strong> suas múltiplas relações, transpon<strong>do</strong> para a<br />
significa<strong>do</strong><br />
em todas as áreas <strong>do</strong> conhecimento. Foi <strong>de</strong>senvolvida na<br />
prática<br />
etapa, <strong>uma</strong> discussão centrada em imagens selecionadas<br />
primeira<br />
alunos <strong>do</strong> “Atelier” livremente; Na segunda etapa as<br />
pelos<br />
partiram <strong>de</strong> três poesias, diferencian<strong>do</strong>-as em prosa e<br />
percepções<br />
e como isto afeta o imaginário ou a riqueza <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes,<br />
verso<br />
<strong>de</strong> <strong>uma</strong> interpretação criativa <strong>do</strong> texto. A terceira etapa<br />
resulta<strong>do</strong>s<br />
marcada com este registro feito em dupla, em <strong>uma</strong> interação<br />
foi<br />
evi<strong>de</strong>nciou fatos como ce<strong>de</strong>r e compartilhar idéias buscan<strong>do</strong> o<br />
que<br />
texto como resulta<strong>do</strong>.(S 19 - A 12 e 13 - TCDI)<br />
Registramos, aqui, mais um <strong>do</strong>s fatos interessantes ocorri<strong>do</strong>s na turma <strong>de</strong><br />
TCDI, quan<strong>do</strong> se solicitou que os acadêmicos trouxessem para discussão em sala<br />
<strong>de</strong> aula algo que, em sua navegação pela internet, lhes havia chama<strong>do</strong> a atenção.<br />
Uma acadêmica trouxe <strong>uma</strong> animação em Flash <strong>de</strong>nominada Kunstbar<br />
(http://www.ebaumsworld.com/kunstbar.shtml), que apresenta <strong>de</strong> forma muito<br />
criativa obras <strong>de</strong> arte. Alguns impasses surgiram nesse momento: um em relação<br />
<strong>à</strong> palavra alemã Kunstbar, cujo significa<strong>do</strong>, Bar da Arte, poucos conheciam, outro<br />
pela dificulda<strong>de</strong> que os acadêmicos tiveram em interpretar a intertextualida<strong>de</strong> e o<br />
diálogo entre as obras. O conteú<strong>do</strong>, por ser específico da arte não atingiu a<br />
<strong>de</strong>vida compreensão. Este fato levou-nos a promover <strong>uma</strong> palestra e trazer para a<br />
sala <strong>de</strong> aula <strong>uma</strong> discussão sobre a história da arte para em seguida solicitar <strong>uma</strong><br />
releitura da mesma animação. Nem precisamos enfatizar que após esse<br />
encaminhamento a compreensão e a releitura foram completamente outras, ao<br />
que os acadêmicos externaram-se <strong>de</strong>sta maneira:<br />
importância da ferramenta da imagem ou <strong>de</strong> <strong>uma</strong> animação<br />
A<br />
ambiente como a sala <strong>de</strong> aula é essencial, mas não<br />
num<br />
no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> percepção visual, mas sim, como chave<br />
somente<br />
ignição para outras cognições. A imagem po<strong>de</strong> surgir <strong>de</strong> um<br />
<strong>de</strong><br />
fala<strong>do</strong>, pronuncia<strong>do</strong>, anima<strong>do</strong> e nesse processo se<br />
texto<br />
<strong>uma</strong> série <strong>de</strong> sentimentos imagéticos que surgem a<br />
<strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia
104<br />
da experiência <strong>de</strong> cada sujeito, <strong>do</strong> seu filtro social, da sua<br />
partir<br />
diante <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />
posição<br />
da razão matemática, através da geometria, das formas<br />
Através<br />
se completam n<strong>uma</strong> inter<strong>de</strong>pendência chegamos em Escher,<br />
que<br />
em Saussure junto com toda sua visão <strong>de</strong><br />
conseqüentemente<br />
e massas amorfas <strong>de</strong> natureza psico-social, acabou por<br />
signo<br />
remeter Bakhtin. Depois <strong>de</strong> tantas formas <strong>de</strong>talhadas,<br />
nos<br />
hipnóticas, convexas, relativamente loucas,<br />
côncavas,<br />
na simplicida<strong>de</strong>, na beleza ingênua <strong>de</strong> Anne<br />
fotografamos<br />
com louvor as pequenas criaturas, em preto e branco ou<br />
Gue<strong>de</strong>s,<br />
Com a animação <strong>de</strong> Roque e Alfre<strong>do</strong>, tocamos lá no<br />
colori<strong>do</strong>.<br />
no sentimento <strong>de</strong> me<strong>do</strong> e fuga em direção ao aconchego<br />
fun<strong>do</strong>,<br />
figura da mãe, não explicitamente exposta na animação.<br />
da<br />
<strong>de</strong> <strong>uma</strong> multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> experiências, ainda<br />
Dentro<br />
a natureza, com imagens que formavam massas<br />
fotografamos<br />
e pesadas, que <strong>de</strong> um certo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong>monstravam<br />
<strong>de</strong>nsas<br />
<strong>de</strong> perigo.<br />
situações<br />
a viagem <strong>de</strong> hoje, com a imersão na história da arte,<br />
Terminamos<br />
da animação da Whitehouse animation. (S20 - A 14<br />
através<br />
TCDI).<br />
antes não entendi absolutamente nada. Até achava que o<br />
Eu<br />
falava <strong>de</strong> <strong>uma</strong> pessoa que se drogava e passava a ver<br />
“filminho”<br />
e ter pesa<strong>de</strong>los...Meu Deus! Como a história é outra!<br />
fantasmas<br />
também eu nunca estu<strong>de</strong>i, arte na escola e na vida, tive<br />
Mas<br />
pouco contacto. (S21 – A03 - TCDI VHS 01)<br />
A Aprendência <strong>de</strong>ve fomentar um fazer ressignifica<strong>do</strong> pelo contexto<br />
coletivo e individual que atenua as fronteiras entre os participantes <strong>do</strong> ato<br />
educativo, abrin<strong>do</strong> espaço para outras formas <strong>de</strong> lida com o conhecimento. Nessa<br />
experiência educativa, percebemos o quanto a escola necessita trabalhar com a<br />
multiplicida<strong>de</strong> da linguagem, com a transversalida<strong>de</strong> com a afetivida<strong>de</strong>. O saber e<br />
os conhecimentos, n<strong>uma</strong> nova mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong> <strong>de</strong> condução educativa, vão sen<strong>do</strong><br />
adquiri<strong>do</strong>s, aprimora<strong>do</strong>s e construí<strong>do</strong>s <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> prazeroso e intenso. Desse mo<strong>do</strong><br />
o ato educativo <strong>de</strong>ixará <strong>de</strong> ser <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> meramente institucional para<br />
transformar-se n<strong>uma</strong> vivencia produtiva, prazerosa e significativa. Serres (1994,<br />
p.14) nos auxilia a ilustrar o dito:
105<br />
a ciência muda, a aprendizagem transforma-se; quan<strong>do</strong><br />
Quan<strong>do</strong><br />
canais <strong>de</strong> ensino mudam, o saber transforma-se; e seguem-se<br />
os<br />
instituições [...]. Ora, em toda mudança <strong>de</strong>sta importância,<br />
as<br />
um professor que falou. Homero assumiu este papel <strong>de</strong><br />
houve<br />
ao narrar as errâncias e os naufrágios <strong>de</strong> um astuto<br />
inicia<strong>do</strong>r,<br />
<strong>de</strong> cabotagem a quem, dia e noite, a esposa se unia<br />
marinheiro<br />
sonhos, tecen<strong>do</strong> e <strong>de</strong>stecen<strong>do</strong>, no seu <strong>tear</strong>, o mapa das<br />
em<br />
<strong>do</strong> seu mari<strong>do</strong> marinheiro. Já aqui nem o amante, nem a<br />
viagens<br />
estavam presentes! Enquanto aquele navegava no mar<br />
amante<br />
muitas vezes não cartografa<strong>do</strong>, esta sonhava no espaço<br />
real,<br />
<strong>de</strong> sua re<strong>de</strong> tecida. Penélope urdia, no liço <strong>do</strong> <strong>tear</strong>, o Atlas<br />
virtual<br />
Ulisses atravessava, a remo ou <strong>à</strong> vela, e que Homero<br />
que<br />
na lira ou na cítara. A pedagogia das crianças gregas<br />
cantava<br />
ao mesmo tempo, os três gestos.<br />
ensinava-lhes,<br />
Entre metas, temas e mediações a Aprendência foi urdin<strong>do</strong> outros mo<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> relacionamento, redimensiona<strong>do</strong>s e compreendi<strong>do</strong>s como um laço mais amplo<br />
e intenso que envolvia apren<strong>de</strong>ntes e aparato tecnológico. Os educa<strong>do</strong>res, com<br />
seu conhecimento e experiências, foram provoca<strong>do</strong>res, e almirantes “atualiza<strong>do</strong>s”,<br />
das buscas e reflexões para a compreensão da totalida<strong>de</strong>. Este fazer pedagógico<br />
recriou o ambiente da Aprendência <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a torná-lo mais agradável, e intenso.<br />
Cada <strong>de</strong>scoberta era levada em consi<strong>de</strong>ração e os apren<strong>de</strong>ntes acima <strong>de</strong> tu<strong>do</strong><br />
eram consi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong>s em suas idiossincrasias, com um ritmo diverso e peculiar. O<br />
ato <strong>de</strong> educar trata<strong>do</strong> como <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> <strong>de</strong>spertar “paixões a<strong>do</strong>rmecidas”,<br />
convidava para o <strong>de</strong>svendamento <strong>do</strong> conhecimento, impulsionan<strong>do</strong> o fazer<br />
criativo, e o respeito <strong>à</strong> vida.<br />
que <strong>do</strong> nome Atelier?<br />
Por<br />
se fosse usa<strong>do</strong> o nome <strong>de</strong> oficina, iríamos nos lembrar da<br />
Porque<br />
<strong>do</strong> processo <strong>de</strong> <strong>uma</strong> oficina, então a escolha <strong>do</strong><br />
mecanicida<strong>de</strong><br />
Atelier (hoje) tem <strong>uma</strong> significância que po<strong>de</strong> <strong>de</strong>sfilar por:<br />
nome<br />
arte, virtualida<strong>de</strong>, fazer, costurar, ajustar, experimentar,<br />
Criação,<br />
distanciar-se, e retornar; estas aulas serão assim, nossas<br />
provar,<br />
Aqui estou eu fazen<strong>do</strong> minha primeira TELA. Estas <strong>tela</strong>s<br />
<strong>tela</strong>s.<br />
capturadas e farão a composição <strong>de</strong> um CD que servirá,<br />
serão<br />
como o material da turma anterior, um estu<strong>do</strong> para a tese<br />
assim<br />
<strong>do</strong>utora<strong>do</strong> da Professora BIA “Do Tear <strong>à</strong> Tela: Uma Tessitura<br />
<strong>de</strong><br />
Linguagens e Senti<strong>do</strong>s para o Processo <strong>de</strong> Aprendência”.<br />
<strong>de</strong><br />
- A 16 - TCDII)<br />
(S22
Os temas escolhi<strong>do</strong>s sempre foram complementa<strong>do</strong>s por <strong>uma</strong> participação<br />
interessada e atenta <strong>de</strong> to<strong>do</strong>s os apren<strong>de</strong>ntes e, também, por <strong>uma</strong> prática co-<br />
partilhada, para em seguida cada qual, ou em duplas efetivarem em seus<br />
computa<strong>do</strong>res o registro <strong>do</strong>s conteú<strong>do</strong>s <strong>de</strong> cada sessão <strong>do</strong> Atelier, bem como<br />
suas impressões e sugestões que, no momento a<strong>de</strong>qua<strong>do</strong>, eram dadas a<br />
conhecer a to<strong>do</strong>s. Esta meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong>nominava-se: registro das <strong>tela</strong>s 18 <strong>de</strong> cada<br />
vivência. A principio, tais registros iam para <strong>uma</strong> pasta específica e <strong>de</strong>pois para<br />
disquetes, sen<strong>do</strong> expostas no story Board, que acompanhava o trabalho final.<br />
Cada turma teve seu próprio <strong>de</strong>senvolvimento e suas características<br />
peculiares. Nesse, senti<strong>do</strong> a turma TCD IV já apresentou <strong>uma</strong> evolução<br />
construin<strong>do</strong> seus registros, no blogger 19 que permitia to<strong>do</strong>s conhecerem as <strong>tela</strong>s,<br />
tão logo fossem elaboradas e disponibilizadas.<br />
Outro dispositivo tecnológico foi agrega<strong>do</strong> <strong>à</strong> comunicação: o ICQ,<br />
permitin<strong>do</strong> o contacto entre a turma e outras pessoas que estivessem on-line,<br />
quer fossem estas um apren<strong>de</strong>nte impossibilita<strong>do</strong> <strong>de</strong> comparecer presencialmente<br />
18<br />
palavra <strong>tela</strong> foi a<strong>do</strong>tada por pertencer ao campo semântico <strong>de</strong> atelier, e igualmente por<br />
A<br />
para nós, um momento <strong>de</strong> produção única e irrepetível que cada apren<strong>de</strong>nte<br />
representar,<br />
ao final da vivência educativa. Também tinha o papel <strong>de</strong> servir <strong>de</strong> registro das<br />
elaborava<br />
e conseqüentemente <strong>uma</strong> forma <strong>de</strong> avaliar a condução das ativida<strong>de</strong>s didáticas e a<br />
produções<br />
<strong>de</strong> cada apren<strong>de</strong>nte <strong>uma</strong> vez que este mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> Aprendência não realizou avaliações<br />
caminhada<br />
ou seja, os acadêmicos não precisavam preparar-se para um dia <strong>de</strong> avaliação. O<br />
tradicionais,<br />
avaliativo, <strong>de</strong>ste mo<strong>do</strong>, era constante e abrangente, pois pelo <strong>de</strong>senvolvimento das<br />
processo<br />
também os educa<strong>do</strong>res viam-se avalia<strong>do</strong>s em sua orientação, bem como na forma <strong>de</strong><br />
<strong>tela</strong>s,<br />
meto<strong>do</strong>lógico. As <strong>tela</strong>s, portanto, foram, “ferramentas” muito eficazes <strong>de</strong><br />
encaminhamento<br />
tanto para o que estávamos <strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong>, quanto para o como conduzíamos a<br />
“feedback”<br />
vivência.<br />
19<br />
novo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> comunicação permite, ainda, que outros textos, imagens e mensagens<br />
Esse<br />
disponibiliza<strong>do</strong>s a to<strong>do</strong>s. Assim, mesmo quan<strong>do</strong>, por um motivo ou outro alguém não<br />
sejam<br />
comparecer <strong>à</strong>s ativida<strong>de</strong>s no laboratório, ele participava virtualmente <strong>de</strong> on<strong>de</strong> estivesse.<br />
pu<strong>de</strong>sse<br />
o caso específico <strong>de</strong> <strong>uma</strong> acadêmica que, com problemas <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, não pô<strong>de</strong> comparecer,<br />
Foi<br />
mesmo assim acompanhava e participava <strong>do</strong>s eventos educativos por meio da mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong><br />
mas<br />
utilizan<strong>do</strong> o blogger e o icq e o e-mail <strong>do</strong> grupo.<br />
virtual,<br />
106
<strong>à</strong> ativida<strong>de</strong>, ou <strong>uma</strong> outra pessoa <strong>de</strong> um país qualquer que pu<strong>de</strong>sse<br />
complementar aquilo que estávamos discutin<strong>do</strong>.<br />
Ante esse evento tecnológico, novo para muitos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes, os<br />
educa<strong>do</strong>res perceberam a necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> falar sobre virtual, real e atual. Para<br />
tanto, usaram textos <strong>de</strong> Pierre Lévy, Gilles Deleuze e Bruno Latour, Araci Hack<br />
Catapan, Norberto Etges em forma <strong>de</strong> leitura, ou citações que ilustravam fatos<br />
concretos das experiências vivenciadas em sala <strong>de</strong> aula.<br />
Segun<strong>do</strong> Pierre Lévy (1999, p. 7), “a técnica é <strong>uma</strong> das dimensões<br />
fundamentais on<strong>de</strong> está em jogo a transformação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> h<strong>uma</strong>no por ele<br />
mesmo” e por mais que alg<strong>uma</strong>s pessoas queiram negar este fato, estamos to<strong>do</strong>s<br />
diante <strong>de</strong> um tema que precisa ser discuti<strong>do</strong> nas universida<strong>de</strong>s e com os<br />
educa<strong>do</strong>res. Por exemplo, a citação acima suscitou boas discussões, o que levou<br />
<strong>uma</strong> acadêmica <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> filosofia a apresentar <strong>uma</strong> <strong>tela</strong> sobre a importância<br />
da tecnologia no ambiente educacional, <strong>de</strong>sejan<strong>do</strong> elaborar um aplicativo<br />
pedagógico mais completo para aplicar em suas ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> estágio curricular<br />
como também no cotidiano <strong>de</strong> seu fazer educativo:<br />
107<br />
<strong>uma</strong> nova época que a tecnologia nos propicia. A educação ao<br />
É<br />
estará entran<strong>do</strong> em <strong>uma</strong> outra era. Acho que assim a<br />
empregá-la<br />
po<strong>de</strong>rá ser mais eficiente porque terá o ritmo da<br />
educação<br />
e, portanto um ritmo mais pareci<strong>do</strong> com a vida lá fora<br />
tecnologia<br />
<strong>de</strong>stas quatro pare<strong>de</strong>s. (S23 - A 45 - TCDIV).<br />
Esse discurso também nos sugere que a prática universitária <strong>do</strong>s contextos<br />
vivenciais necessita ser retomada, trazen<strong>do</strong> para <strong>de</strong>ntro <strong>do</strong> espaço escolar<br />
reflexões sobre os problemas que afetam o viver coletivo, tornan<strong>do</strong>, assim, a<br />
escola mais atual e próxima <strong>de</strong> seus apren<strong>de</strong>ntes.
108<br />
esta <strong>tela</strong> na terceira ativida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste atelier. É a<br />
Registro<br />
da poesia na imagem, a multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> informações<br />
percepção<br />
evoca <strong>uma</strong> simples composição. A fotografia <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
que<br />
<strong>de</strong> asas azuis, repousada em um minúsculo corpo<br />
borboleta<br />
sabe-se lá o que é, <strong>uma</strong> flor, <strong>uma</strong> semente, um fruto?<br />
vermelho<br />
imagem já causa várias interpretações <strong>de</strong> diferentes<br />
Essa<br />
mas que <strong>de</strong> um certo mo<strong>do</strong> estão interligadas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />
naturezas,<br />
Teoria <strong>do</strong> Caos, on<strong>de</strong> um simples bater <strong>de</strong> asas po<strong>de</strong> causar<br />
a<br />
terremoto em algum outro lugar <strong>do</strong> universo, isso se difere<br />
um<br />
<strong>do</strong> conceito <strong>de</strong> conhecimento empírico <strong>do</strong> meio científico<br />
bastante<br />
on<strong>de</strong> se apontam objetivos, tentativas, experiências e<br />
tradicional,<br />
obrigatoriamente positivos, e até mesmo a questão<br />
resulta<strong>do</strong>s,<br />
sobre a inferência da presença <strong>de</strong> <strong>uma</strong> mariposa ou<br />
biológica,<br />
num ambiente <strong>de</strong> cultivo alimentício. No ensino<br />
borboleta<br />
tu<strong>do</strong> se dá <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> separa<strong>do</strong>. Aqui as coisas são<br />
tradicional<br />
complexas, mas se parecem com a diversida<strong>de</strong> da vida. A<br />
mais<br />
aqui pensa que está na vida e não em sala <strong>de</strong> aula. (S 24 -<br />
gente<br />
- 14 - TCDI).<br />
A<br />
Tela elaborada a partir <strong>de</strong> um trabalho com a imagem <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que esta<br />
não fosse percebida ou trabalhada apenas como um elemento <strong>de</strong>corativo, mas<br />
apreendida em toda sua potência <strong>de</strong> signo que carrega conotações <strong>de</strong> seu<br />
contexto <strong>de</strong> criação, disponibilização e intertextualida<strong>de</strong>. Também <strong>à</strong> exposição da<br />
imagem seguiram-se indicações <strong>de</strong> leituras complementares especialmente a <strong>do</strong>s<br />
os textos presentes na obra <strong>de</strong> Lucia Santaella e Winfried Nöth (2001) intitulada:<br />
Imagem, cognição, semiótica, mídia.<br />
Em ativida<strong>de</strong>s posteriores tais conhecimentos foram soman<strong>do</strong>-se a novos<br />
temas e novas apresentações, sempre contextualizan<strong>do</strong> as imagens como<br />
mensagens abertas e polissêmicas capazes <strong>de</strong> produzir inúmeras evocações<br />
pessoais, emotivas, afetivas, idiossincráticas a partir da apresentação <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
imagem a várias pessoas ou mesmo da mesma imagem <strong>à</strong> mesma pessoa, em<br />
momentos diferentes.<br />
imagem da concha com <strong>uma</strong> pérola negra com o <strong>de</strong>senho e<br />
A<br />
<strong>do</strong> globo terrestre no centro (<strong>de</strong>ntro da parte inferior da<br />
formato<br />
representou num primeiro momento a idéia da marca Shell,<br />
casca)<br />
a concha é o símbolo e a i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> da empresa. Talvez<br />
on<strong>de</strong>
109<br />
primeira representação esteja relacionada com o<br />
esta<br />
das imagens <strong>do</strong>s logotipos que eu já tenha<br />
envolvimento<br />
e essa representação foi acessada através <strong>de</strong> um<br />
questiona<strong>do</strong>,<br />
extremamente prazeroso da lembrança da conversa num<br />
arquivo<br />
enquanto <strong>de</strong>gustava um coquiles “claro tu<strong>do</strong> isso em fração <strong>de</strong><br />
bar<br />
Certamente, a imagem foi o fascínio, a sedução, a<br />
segun<strong>do</strong>s”.<br />
propulsora <strong>de</strong>ste movimento (<strong>de</strong> lembrar).<br />
mola<br />
segun<strong>do</strong> momento, o trabalho <strong>de</strong> encontrar o relacionamento<br />
Num<br />
o tema da aula, algo mais, “produtivo”; digamos. A semente<br />
com<br />
<strong>à</strong> mente para estabelecer a conexão com o que me é<br />
veio<br />
a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> semear, <strong>de</strong> novos terrenos, <strong>de</strong><br />
necessário<br />
oportunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> escon<strong>de</strong>r <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> algo tão pequeno<br />
novas<br />
<strong>uma</strong> disciplina <strong>de</strong> to<strong>do</strong> o curso universitário” a semente<br />
“como<br />
todas as possibilida<strong>de</strong>s para o qual ela foi criada, seu DNA,<br />
com<br />
código genético, a substância das possibilida<strong>de</strong>s, tão<br />
seu<br />
tão minúsculo, e <strong>de</strong> forma tão embrionária, que po<strong>de</strong><br />
particular,<br />
exercício lento transformar o mun<strong>do</strong> to<strong>do</strong> n<strong>uma</strong> pérola rara.<br />
num<br />
- A 16 - TCDII).<br />
(S25<br />
Buscan<strong>do</strong> reafirmar o que viemos aqui comentan<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>mos acrescentar<br />
que o trabalho com a imagem e as respostas que obtínhamos nas <strong>tela</strong>s que os<br />
apren<strong>de</strong>ntes elaboravam foram nos dan<strong>do</strong> a dimensão <strong>do</strong> quanto os currículos<br />
escolares se apresentam <strong>de</strong>ficitários no que diz respeito ao não aproveitamento<br />
da riqueza da linguagem imagética tanto como representação visual quanto como<br />
<strong>do</strong>mínio imaterial das imagens na mente h<strong>uma</strong>na, pois tanto um quanto outro<br />
estão intimamente liga<strong>do</strong>s em sua gênese. Sabemos que não há imagem como<br />
representação visual que não tenha se origina<strong>do</strong> na mente se seu cria<strong>do</strong>r, e<br />
igualmente, não há imagem mental que não tenha seu nascimento no mun<strong>do</strong><br />
concreto das visualida<strong>de</strong>s.<br />
trouxe <strong>uma</strong> foto recebida por e-mail <strong>do</strong> presi<strong>de</strong>nte Bush<br />
Eu<br />
<strong>uma</strong> menina len<strong>do</strong> um livro em <strong>uma</strong> apresentação. Ele<br />
olhan<strong>do</strong><br />
o livro <strong>de</strong> cabeça para baixo. No momento em que vi a<br />
segurava<br />
pensei o quanto <strong>à</strong>quela imagem condiz com seus atos, pois<br />
foto<br />
contrario <strong>de</strong> alguém digno <strong>de</strong> ocupar seu cargo, o presi<strong>de</strong>nte<br />
ao<br />
Esta<strong>do</strong>s Uni<strong>do</strong>s tem agi<strong>do</strong> como um ignorante, provocan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong><br />
sem motivos, matan<strong>do</strong> pessoas inocentes, tratan<strong>do</strong> com<br />
guerras<br />
o meio ambiente que já está tão prejudica<strong>do</strong> e que<br />
indiferença<br />
conseqüentemente nós seremos prejudica<strong>do</strong>s também.
110<br />
nós percebemos a mensagem que as imagens nos trazem<br />
Assim<br />
os dias, as várias interpretações que po<strong>de</strong>mos tirar <strong>de</strong>las, e<br />
to<strong>do</strong>s<br />
essas interpretações são diferentes <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> <strong>de</strong> pessoa<br />
como<br />
pessoa. E como as ativida<strong>de</strong>s envolven<strong>do</strong> imagens são<br />
para<br />
na escola, estimulan<strong>do</strong> a criativida<strong>de</strong>, a reflexão, e o<br />
proveitosas<br />
crítico. Às vezes <strong>uma</strong> imagem fala mais <strong>do</strong> que mil<br />
senso<br />
palavras.(S26 - A 18 - TCD II)<br />
A <strong>tela</strong> a que se refere o discurso acima teve sua origem no momento em<br />
que a internet, a televisão e os jornais anunciavam o que iria, mais tar<strong>de</strong>, culminar<br />
com a guerra no Iraque. No caso específico <strong>do</strong> encaminhamento <strong>de</strong>ssa <strong>tela</strong>, o<br />
tema versava sobre Trata<strong>do</strong> <strong>de</strong> Kioto, e outros temas políticos que levam um país<br />
a guerrear com outro. Num mo<strong>de</strong>lo <strong>de</strong> ensino tradicional, quan<strong>do</strong> muito, este tema<br />
seria motivo para <strong>uma</strong> redação escolar que acabaria toda assinalada em<br />
vermelho, fican<strong>do</strong> a discussão, a pesquisa e os comentários para um segun<strong>do</strong><br />
plano.<br />
Importa assinalar que os apren<strong>de</strong>ntes passaram a fazer leituras não<br />
apenas <strong>de</strong> textos escritos, mas <strong>de</strong> imagens, charges, fotografias, aproprian<strong>do</strong>-se<br />
<strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> linguagem, amplian<strong>do</strong>, assim, o leque <strong>de</strong> percepções, seu<br />
senso critico e seus conhecimentos, que com base em informações oriundas <strong>de</strong><br />
várias fontes, suscitavam outros tipos <strong>de</strong> pesquisa que, por sua vez, aguçavam<br />
outras habilida<strong>de</strong>s, novos “sentires” e outros contactos. A relação imagem-texto<br />
passou a ser percebida em suas várias conotações, ou seja, como redundância,<br />
complementarida<strong>de</strong>, ou como referencia in<strong>de</strong>xical. Também a exploramos como<br />
plano <strong>de</strong> expressão, e como seu próprio contexto. Enfim, não per<strong>de</strong>mos <strong>de</strong> vista<br />
sua potencialida<strong>de</strong>, pois compreen<strong>de</strong>mos que <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> trabalhar com a imagem,<br />
especialmente num momento em que empregamos a tecnologia <strong>de</strong> comunicação<br />
digital na construção <strong>do</strong> hipertexto, bem como <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> analisar seu potencial <strong>de</strong>
signo cria<strong>do</strong>r <strong>de</strong> outros signos, é no mínimo <strong>uma</strong> atitu<strong>de</strong> inconseqüente. Já<br />
dissemos anteriormente que não é <strong>de</strong> hoje o fascínio que a imagem exerce em<br />
nossas vidas, mas a escola finge que não sabe disto e <strong>de</strong>pois supreen<strong>de</strong>-se com<br />
a pouca participação, especialmente <strong>do</strong>s jovens, nas ativida<strong>de</strong>s escolares, cujo<br />
enfoque é quase que exclusivamente na linguagem verbal escrita.<br />
111<br />
imagens também falam, mas durante muitos anos <strong>de</strong> nossa<br />
As<br />
escolar os professores dirigiram nossos estu<strong>do</strong>s em função<br />
vida<br />
linguagem <strong>do</strong>s textos não dan<strong>do</strong> importância <strong>à</strong>s formas mais<br />
da<br />
<strong>de</strong> aprendizagem, como as imagens, por exemplo, que<br />
subjetivas<br />
presentes em nosso dia-a-dia, nos mais varia<strong>do</strong>s meios <strong>de</strong><br />
estão<br />
e transmitem um conteú<strong>do</strong> tão igual ou mais real<br />
comunicação<br />
um texto. A imagem é mais impactante entra em nosso<br />
que<br />
apenas pela observação, a partir da visão.<br />
consciente<br />
olhamos, para <strong>de</strong>pois analisarmos.(S 27- A 25 -<br />
Primeiramente<br />
TCDII)<br />
A forma como íamos trabalhan<strong>do</strong> se diversificava. Os apren<strong>de</strong>ntes<br />
utilizaram a tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital em toda sua disponibilida<strong>de</strong>, assim,<br />
apresentamos também alguns trechos retira<strong>do</strong>s <strong>de</strong> e-mails que, para o contexto<br />
<strong>do</strong> Atelier-TCD, <strong>de</strong>nominavam-se <strong>tela</strong>s-on Ilustran<strong>do</strong> assim, mais <strong>uma</strong> das<br />
mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> trabalho empregadas no fazer pedagógico <strong>do</strong> Atelier.<br />
Pessoal!<br />
que alguns <strong>de</strong>vem conhecer esta imagem.Quan<strong>do</strong> eu li<br />
Acho<br />
este objeto fiquei me questionan<strong>do</strong> sobre diversas coisas na<br />
sobre<br />
vida [...] Beijos,K em 10/04/2003. (S25 - A 18 - TCDII).<br />
minha<br />
Pessoal!!!<br />
Olá<br />
próxima aula dia 30 <strong>de</strong> abril:<br />
Para<br />
Leitura <strong>do</strong> texto 2 "O Problema da Leitura <strong>de</strong> Imagens"<br />
1)<br />
Lembran<strong>do</strong> que a leitura <strong>do</strong> texto 3 “O leitor no ato <strong>de</strong> estudar<br />
2)<br />
palavra escrita e Processo <strong>de</strong> leitura crítica da palavra escrita e<br />
a<br />
grupais na apreensão <strong>do</strong> conhecimento, já <strong>de</strong>ve estar<br />
Trabalhos<br />
OK”.<br />
Aplicar o méto<strong>do</strong> <strong>do</strong> Luckesi no texto 2.<br />
3)<br />
Um forte abraço,
tempo........<br />
Em<br />
ANIVERSÁRIO para Jailson e para Juarez!!!!!!!<br />
FELIZZZZZZZZZ<br />
112<br />
cantar parabéns virtuais ao Juarez, pois ele também<br />
Precisamos<br />
aniversário no mesmo dia que o Jailson dia 24 <strong>de</strong> abril........<br />
faz<br />
(S28 - A 16 - TCDIII)<br />
É nos impossível apresentar e comentar a gran<strong>de</strong> maioria das <strong>tela</strong>s que<br />
foram sen<strong>do</strong> elaboradas no <strong>de</strong>correr das ativida<strong>de</strong>s, mas elas integram nosso<br />
trabalho em forma <strong>de</strong> CD-ROM e <strong>de</strong> anexo e, mais que isso, esten<strong>de</strong>m-se na<br />
forma <strong>de</strong> ler o mun<strong>do</strong> e <strong>de</strong> pensar <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes que vivenciaram conosco esta<br />
experiência <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, crescimento e vida.<br />
As significações aqui transcritas são por assim dizer <strong>uma</strong> pequena amostra<br />
material <strong>do</strong> que se processou no espaço que <strong>de</strong>nominamos <strong>de</strong> Atelier-TCD,<br />
visan<strong>do</strong> gestar um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> ensino-aprendizagem. Porém, muitos <strong>do</strong>s<br />
acontecimentos, embora grava<strong>do</strong>s em fitas VHS e anota<strong>do</strong>s nos relatórios e<br />
apontamentos da pesquisa<strong>do</strong>ra, escapam ao registrável, mas estão no brilho <strong>do</strong><br />
olhar, no sorriso e na satisfação <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes ao <strong>do</strong>minar a tecnologia,<br />
realizar os estu<strong>do</strong>s e elaborar os aplicativos pedagógicos. Estão nos laços que se<br />
entreteceram e nas promessas <strong>de</strong> continuida<strong>de</strong> que se transformaram em<br />
projetos <strong>de</strong> pesquisa, que se esten<strong>de</strong>m <strong>do</strong> coletivo ao individual e vice-versa.<br />
Estão nos trabalhos que se espalharam das mãos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes nas diversas<br />
salas <strong>de</strong> aulas aos vários locais e localida<strong>de</strong>s. Estão nesta vonta<strong>de</strong> imensa <strong>de</strong> ver<br />
que a Aprendência aconteceu na vida <strong>de</strong> muitas pessoas trazen<strong>do</strong> um novo<br />
enfoque ao fazer pedagógico e <strong>à</strong>s suas vidas.<br />
Encerran<strong>do</strong> a transcrição, o entrelaçamento e os comentários <strong>do</strong>s<br />
discursos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes, passamos a apresentar, resumidamente, os trabalhos
produzi<strong>do</strong>s com o emprego <strong>de</strong> diversos programas da tecnologia <strong>de</strong> comunicação<br />
digital. Frisamos, ainda, que os trabalhos completos estão grava<strong>do</strong>s no CD-ROM<br />
que acompanha esta tese.<br />
3.3. DO ATELIER ÀS TELAS: EM RÁPIDAS PINCELADAS<br />
113<br />
plástica <strong>do</strong>s contemporâneos obe<strong>de</strong>ce a feliz vantagem <strong>de</strong> mal<br />
A<br />
as formas e personagens, <strong>de</strong> tal mo<strong>do</strong> que aqui, como na<br />
<strong>de</strong>finir<br />
normal, é difícil distinguir <strong>de</strong>mônios e anjos. Assim a arte<br />
vida<br />
representa maravilhosamente o real.<br />
abstrata<br />
Michel Serres<br />
As <strong>tela</strong>s expostas nas páginas subseqüentes significam para to<strong>do</strong>s os<br />
envolvi<strong>do</strong>s no processo muito mais <strong>do</strong> que a amostragem <strong>de</strong> trabalhos, antes,<br />
presentificam-se como ícones que apontam para a Aprendência como um<br />
processo educativo prazeroso, que carrega em seu seio a prova <strong>de</strong> que é<br />
possível realizar, mesmo nas contingências atuais <strong>de</strong> <strong>uma</strong> universida<strong>de</strong><br />
impregnada <strong>de</strong> vícios e cheia <strong>de</strong> dificulda<strong>de</strong>s econômicas e administrativas, um<br />
ensino <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong>, mais <strong>do</strong>çura, mais prazer, mais agilida<strong>de</strong> e, acima <strong>de</strong><br />
tu<strong>do</strong>, promover um processo educativo que respeite as singularida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>sperte<br />
senti<strong>do</strong>s e “sentires” h<strong>uma</strong>niza<strong>do</strong>res e promotores <strong>do</strong> amor em suas muitas<br />
formas <strong>de</strong> ser e fazer.<br />
Tais trabalhos vêm ainda confirmar nossa hipótese <strong>de</strong> que a relação entre<br />
tecnologia digital e o apren<strong>de</strong>nte atualiza não somente saberes formais, mas<br />
novas formas <strong>de</strong> produzir conhecimentos e <strong>de</strong> viver, portanto, é produto <strong>de</strong>
inúmeros <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos e ressignificações prenhes <strong>de</strong> imprevisibilida<strong>de</strong>s,<br />
todavia perfeitamente realizáveis e próximas <strong>de</strong> um processo educativo mais rico<br />
e atual.<br />
Decidimos apresentar as <strong>tela</strong>s por or<strong>de</strong>m alfabética <strong>de</strong> seus nomes<br />
juntamente com a indicação da turma na qual se originaram. Esclarecemos,<br />
também, que as <strong>tela</strong>s da turma <strong>do</strong> Atelier-TCD IV serão apenas listadas pois<br />
ainda estão em sua primeira fase <strong>de</strong> elaboração. Em contrapartida, <strong>de</strong>ssa última<br />
turma temos disponíveis on-line <strong>tela</strong>s elaboradas cotidianamente e presentes nos<br />
bloggers <strong>de</strong> cada apren<strong>de</strong>nte dan<strong>do</strong>-nos assim <strong>uma</strong> idéia <strong>de</strong> como o processo<br />
continua. Citamos o en<strong>de</strong>reço <strong>do</strong> blogger <strong>do</strong> grupo para consulta: http:\<br />
www.atelier-tcd.blogger.com.br<br />
3.3.1 TELA: AS AVENTURAS DE LANA E LARA<br />
A Sensibilida<strong>de</strong><br />
Quan<strong>do</strong><br />
mais alto!<br />
fala<br />
To<strong>do</strong>s Ganham!!!<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por <strong>uma</strong> acadêmica <strong>do</strong> Curso<br />
Trabalho<br />
Letras da <strong>UFSC</strong>. Consiste em apresentar, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong><br />
em Power-Point, <strong>uma</strong> história infantil <strong>de</strong> sua<br />
digital,<br />
autoria, empregan<strong>do</strong> gifs anima<strong>do</strong>s, música e voz,<br />
própria<br />
o objetivo <strong>de</strong> <strong>de</strong>monstrar sua criativida<strong>de</strong> e sua<br />
com<br />
<strong>de</strong> <strong>do</strong>minar a tecnologia que até então lhe era<br />
capacida<strong>de</strong><br />
completamente <strong>de</strong>sconhecida.(TCDIII).<br />
114
3.3.2 TELA: AS INFÂNCIAS DA VIDA REAL<br />
3.3.3 TELA: A INVASÃO<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> com o programa<br />
Aplicativo<br />
empregan<strong>do</strong> também a linguagem<br />
Flash,<br />
icônica e plástica para promover <strong>uma</strong><br />
musical,<br />
sobre a exclusão, no plano<br />
reflexão<br />
da maioria <strong>do</strong>s brasileiros.<br />
educacional,<br />
como <strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> jogo no<br />
Apresenta-se<br />
to<strong>do</strong>s po<strong>de</strong>m opinar na escolha das<br />
qual<br />
sugeridas; Nesse trabalho <strong>do</strong>is<br />
alternativas<br />
participantes também já são professores<br />
<strong>do</strong>s<br />
escolas particulares e públicas. (TCD I).<br />
em<br />
115<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />
Trabalho<br />
duas acadêmicas <strong>do</strong> curso<br />
por<br />
pedagogia da <strong>UFSC</strong> com<br />
<strong>de</strong><br />
em fotografias <strong>de</strong> Sebastião<br />
base<br />
sobre a infância.<br />
Salga<strong>do</strong><br />
nesse trabalho sua<br />
Empregaram<br />
na leitura das citações <strong>de</strong><br />
voz<br />
autores que discorreram<br />
vários<br />
o referi<strong>do</strong> tema, músicas e<br />
sobre<br />
que funcionaram<br />
animações<br />
como que auxiliam<br />
intertextos<br />
compreensão da conotação<br />
na<br />
(TCDIII).<br />
objetivada.
3.3.4 TELA: ESCREVENDO COM LUZ<br />
Metro Goldmyn Mayer<br />
apresenta<br />
Escreven<strong>do</strong> com Luz<br />
Tela principal<br />
3.3.5 TELA: FILOSOFIA: A ARTE DE VIVER<br />
116<br />
aplicativo hipertextual construí<strong>do</strong> com<br />
Um<br />
cuida<strong>do</strong>samente seleciona<strong>do</strong>s, em Power-<br />
hyperlinks,<br />
congregan<strong>do</strong> a linguagem cinematográfica, a<br />
Point,<br />
a icônica e a lingüística n<strong>uma</strong> transversalida<strong>de</strong><br />
musical,<br />
a arte, a linguagem, a literatura, ciências e<br />
envolven<strong>do</strong><br />
Foi elabora<strong>do</strong> por três acadêmicas <strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong><br />
filosofia.<br />
Português-Alemão, e Matemática da <strong>UFSC</strong>.<br />
Português,<br />
<strong>de</strong>las já professoras <strong>de</strong> escolas públicas e<br />
Duas<br />
particulares. (TCDI).<br />
apresenta<strong>do</strong> em Power-Point por <strong>do</strong>is<br />
Trabalho<br />
<strong>de</strong> Filosofia da <strong>UFSC</strong>. Versa sobre alguns<br />
alunos<br />
<strong>de</strong> filosofia e sua importância na arte <strong>de</strong><br />
conceitos<br />
Agrega também imagens e músicas. (TCDIII).<br />
viver.
3.3.6 TELA: MITOLOGIA GREGA<br />
Realiza<strong>do</strong> por um aluno <strong>de</strong> Filosofia da <strong>UFSC</strong>, visa<br />
<strong>à</strong> aquisição <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s para trabalhar com a<br />
tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital, que se apresentava<br />
distante <strong>de</strong> seu alcance, bem como articular mitologia a<br />
imagens, som e movimento. (TCDIII).<br />
117
3.3.7 TELA : O GOSTO DA VIDA:<br />
118<br />
o programa tecnológico flash as acadêmicas<br />
Empregan<strong>do</strong><br />
curso <strong>de</strong> Ciências Sociais da <strong>UFSC</strong> <strong>de</strong>senvolveram seu trabalho<br />
<strong>do</strong><br />
passar <strong>uma</strong> mensagem reflexiva em torno <strong>do</strong>s mecanismos<br />
visan<strong>do</strong><br />
constituiçao da socieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> produção. Para tanto empregaram<br />
<strong>de</strong><br />
música: Cio da Terra, <strong>de</strong> Chico Buarque <strong>de</strong> Holanda, interpretada<br />
a<br />
quarteto em CY e o poema <strong>de</strong> Ferreira Gullar intitula<strong>do</strong> “O<br />
pelo<br />
O objetivo era trazer <strong>uma</strong> reflexão sobre os problemas <strong>do</strong><br />
açúcar”.<br />
na socieda<strong>de</strong> por meio da poesia e da poética das<br />
capitalismo<br />
ou seja, refletir sim, porém sem o amargor <strong>do</strong>s discursos<br />
imagens,<br />
pelo uso banaliza<strong>do</strong> <strong>do</strong>s inconformismos sem ação<br />
<strong>de</strong>sgasta<strong>do</strong>s<br />
efetiva.(TCDI).
3.3.8 TELA: OS GRANDES PENSADORES<br />
3.3.9 TELA: OS SENTIDOS DA COR:<br />
realiza<strong>do</strong> em Power-Point por<br />
Trabalho<br />
aluno <strong>de</strong> Filosofia da <strong>UFSC</strong>, que visava<br />
um<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> digital alg<strong>uma</strong>s curiosida<strong>de</strong>s<br />
colocar<br />
os gran<strong>de</strong>s pensa<strong>do</strong>res da Filosofia<br />
sobre<br />
Clássica. (TCDIII);<br />
119<br />
através da profusão <strong>de</strong><br />
Visa,<br />
que o artista plástico Gustav<br />
cores<br />
apresenta em suas obras,<br />
Klimt<br />
que a visão e a audição são<br />
discutir<br />
estéticos. Juntos, po<strong>de</strong>m<br />
senti<strong>do</strong>s<br />
um signo com potencialida<strong>de</strong>s<br />
compor<br />
Isto ocorre, pois existe<br />
inimagináveis.<br />
ligação entre os senti<strong>do</strong>s,<br />
<strong>uma</strong><br />
a impressão <strong>de</strong><br />
proporcionan<strong>do</strong><br />
entre eles. Frisa ainda que<br />
integração<br />
um <strong>de</strong> nós respon<strong>de</strong> <strong>de</strong> forma<br />
cada<br />
<strong>à</strong> cor. Ela exerce um<br />
diferenciada<br />
atrativo diferencia<strong>do</strong> em cada<br />
efeito<br />
Foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em Power-<br />
pessoa.<br />
e apresenta além <strong>de</strong> alg<strong>uma</strong>s<br />
Point<br />
<strong>de</strong> Klimt, músicas <strong>de</strong> Mozart e<br />
obras<br />
escritos. Foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por<br />
textos<br />
aluna <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Psicologia <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong><br />
<strong>UFSC</strong>. (TCDIII).
3.3.10 TELA: O MITO DO ETERNO RETORNO<br />
120<br />
construí<strong>do</strong> em Power-Point, integran<strong>do</strong> nele<br />
Trabalho<br />
e <strong>uma</strong> bela seleção <strong>de</strong> imagens que ajudam<br />
músicas<br />
acrescentar maior riqueza ao tema <strong>do</strong> Mito <strong>do</strong><br />
iconicamente<br />
Retorno, fundamenta<strong>do</strong> em Mircea Elea<strong>de</strong>. Discute mito,<br />
Eterno<br />
religião e atualiza o mito por meio <strong>de</strong> <strong>uma</strong> releitura propiciada<br />
rito,<br />
cinema com o filme Titanic, promoven<strong>do</strong> um forte<br />
pelo<br />
<strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s e conotações, que<br />
entrelaçamento<br />
cada participante <strong>do</strong> trabalho vai<br />
idiossincraticamente<br />
para si. Trabalho elabora<strong>do</strong> por <strong>uma</strong> acadêmica<br />
reconfiguran<strong>do</strong><br />
curso <strong>de</strong> Filosofia da <strong>UFSC</strong>. (TCDII).<br />
<strong>do</strong>
3.3.11 TELA OULIPO:<br />
em Dreamwaever, empregan<strong>do</strong>,<br />
Desenvolvi<strong>do</strong><br />
a linguagem html e basea<strong>do</strong> no grupo <strong>de</strong><br />
portanto,<br />
literária <strong>de</strong>nomina<strong>do</strong> Oulipo surgi<strong>do</strong> na França<br />
criação<br />
anos 60. A intenção <strong>do</strong>s acadêmicos foi seguir o<br />
nos<br />
estilo <strong>do</strong> grupo que batiza o trabalho, crian<strong>do</strong><br />
mesmo<br />
normas específicas para que os participantes<br />
assim<br />
pu<strong>de</strong>ssem fazer suas <strong>de</strong>scobertas pessoais e<br />
to<strong>do</strong>s<br />
um caminho livre para conhecer, lidar e<br />
escolher<br />
com o aplicativo. Foi elabora<strong>do</strong> por quatro<br />
apren<strong>de</strong>r<br />
<strong>do</strong>s cursos <strong>de</strong> Design (UDESC), Física,<br />
acadêmicos<br />
Português-Alemão, e Pedagogia (<strong>UFSC</strong>). (TCDI).<br />
121
3.3.12 TELA: PAIDÉIA DIGITAL:<br />
122<br />
presente aplicativo foi<br />
O<br />
em Flash e <strong>de</strong>stina-se a ser<br />
elabora<strong>do</strong><br />
e incentivo ao estu<strong>do</strong> da<br />
motivação<br />
para alunos <strong>de</strong> segun<strong>do</strong> grau.<br />
Filosofia<br />
construto está alicerça<strong>do</strong> em<br />
Seu<br />
da Filosofia Clássica, mas a<br />
princípios<br />
<strong>de</strong> apresentação <strong>de</strong>sses<br />
mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong><br />
se faz <strong>de</strong> maneira lúdica,<br />
conceitos<br />
com Música, movimento e<br />
entrelaçada<br />
cores, facultan<strong>do</strong> assim que o<br />
muitas<br />
iniciante no estu<strong>do</strong> da Filosofia tome<br />
pelo tema. Traz <strong>uma</strong> proposta<br />
gosto<br />
e interativa aos estudantes.<br />
inova<strong>do</strong>ra<br />
elabora<strong>do</strong> por <strong>do</strong>is alunos <strong>do</strong> curso<br />
Foi<br />
Filosofia da <strong>UFSC</strong>. (TCDIII).<br />
<strong>de</strong>
3.3.13 TELA PARAISO<br />
em Power-Point, agrega imagens,<br />
Apresenta<strong>do</strong><br />
e sons com o objetivo <strong>de</strong> <strong>do</strong>minar a tecnologia<br />
poesia<br />
o acadêmico <strong>de</strong> Filosofia da <strong>UFSC</strong> ainda não<br />
que<br />
afirman<strong>do</strong> que está lhe era <strong>uma</strong> lida<br />
<strong>do</strong>minava,<br />
estranha e fora <strong>de</strong> sua vida. Na<br />
completamente<br />
<strong>do</strong> trabalho, porém, sua alegria e satisfação<br />
conclusão<br />
resulta<strong>do</strong>s obti<strong>do</strong>s nesse seu primeiro momento<br />
pelos<br />
interação com este media<strong>do</strong>r tecnológico, foi muito<br />
<strong>de</strong><br />
Os poemas que integram o trabalho são da<br />
gran<strong>de</strong>.<br />
paranaense Helena Kolody e Vinicius <strong>de</strong> Moraes.<br />
poeta<br />
(TCDIII);<br />
123
3.3.14 TELA: SÍTIO<br />
pedagógico <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />
Aplicativo<br />
Flash, objetivan<strong>do</strong> apresentar <strong>uma</strong><br />
em<br />
<strong>do</strong> Sitio <strong>do</strong> Pica-pau-Amarelo, <strong>de</strong><br />
releitura<br />
Lobato, com o emprego da<br />
Monteiro<br />
<strong>de</strong> comunicação digital,<br />
tecnologia<br />
movimento, voz e música <strong>à</strong>s<br />
agregan<strong>do</strong><br />
e <strong>à</strong> linguagem escrita. A proposta<br />
cores<br />
a crianças e traz ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong>stina-se<br />
<strong>de</strong> promover a interação <strong>de</strong>las<br />
capazes<br />
o presente trabalho, da<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong><br />
com<br />
foi elabora<strong>do</strong>.Po<strong>de</strong> propiciar, assim,<br />
como<br />
participação efetiva, criativa, lúdica e<br />
a<br />
das crianças. Foi <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por<br />
afetiva<br />
acadêmicas <strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Pedagogia<br />
duas<br />
da <strong>UFSC</strong>. (TCDII).<br />
124
3.3.15 TELA: TÂNIA COM CEREJA DADA<br />
realiza<strong>do</strong> em Power-Point, também<br />
Trabalho<br />
músicas, imagens e links para imagens,<br />
agregan<strong>do</strong><br />
e textos.Propõe-se a apresentar e discutir<br />
reportagens<br />
artísticos e suas implicações na cultura e<br />
movimentos<br />
<strong>de</strong>mais movimentos <strong>de</strong> arte, com base no estu<strong>do</strong><br />
nos<br />
Dadaísmo <strong>de</strong> Marcel Duchamp. A pop art começou<br />
<strong>do</strong><br />
tomar forma no final da década <strong>de</strong> 1950, e baseia-se<br />
a<br />
propaganda e no consumo, critican<strong>do</strong> e<br />
na<br />
<strong>de</strong>sse consumo. Trabalho <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />
necessitan<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>is alunos <strong>de</strong> Filosofia da <strong>UFSC</strong>. (TCDIII);<br />
por<br />
125
3.3.16 TELA: TECNOLOGIA E ESCOLA<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> em Power-Point por duas acadêmicas<br />
Trabalho<br />
curso <strong>de</strong> Pedagogia da <strong>UFSC</strong>, objetivan<strong>do</strong> <strong>uma</strong> reflexão sobre<br />
<strong>do</strong><br />
como <strong>uma</strong> maneira <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r, interpretar e<br />
educação<br />
o mun<strong>do</strong>. (TCDI).<br />
transformar<br />
126
3.3.17 TELA: TRIANGULANDO:<br />
em Flash, com<br />
Construí<strong>do</strong><br />
na história infantil <strong>de</strong>nominada:<br />
base<br />
Três Partes <strong>de</strong> autoria <strong>de</strong> Edson<br />
As<br />
Kozminski, objetivou dar<br />
Luiz<br />
ao trabalho <strong>de</strong> estágio<br />
continuida<strong>de</strong><br />
n<strong>uma</strong> <strong>de</strong>terminada<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> primeiro grau apresentan<strong>do</strong><br />
escola<br />
mesma história já trabalhada na<br />
a<br />
impressa, agora <strong>de</strong> mo<strong>do</strong><br />
forma<br />
abrigan<strong>do</strong>, assim, a linguagem<br />
digital,<br />
musical (Aquarela <strong>de</strong> Vinícius e<br />
oral,<br />
e <strong>do</strong> movimento dan<strong>do</strong>-lhe<br />
Toquinho)<br />
nova interpretação a partir da<br />
<strong>uma</strong><br />
tecnológica. (TCDII).<br />
mediação<br />
127
3.3.18 TELA: UM OLHAR SOBRE A EDUCAÇAO<br />
<strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong> por duas<br />
Trabalho<br />
<strong>do</strong> curso <strong>de</strong> Pedagogia da<br />
acadêmicas<br />
com o objetivo <strong>de</strong> enfatizar a<br />
<strong>UFSC</strong><br />
e a importância <strong>do</strong> trabalho <strong>de</strong><br />
natureza<br />
Escolar para as escolas. Foi<br />
Supervisão<br />
em Power-Point e congrega<br />
elabora<strong>do</strong><br />
e imagens.(Imagine <strong>de</strong> John<br />
música<br />
(TCDII).<br />
Lennon)<br />
128
3.3.19 TELA: TOQUES<br />
129<br />
turma Atelier -TCDIV ainda está em fase <strong>de</strong><br />
A<br />
<strong>do</strong>s trabalhos, com um consi<strong>de</strong>rável<br />
elaboração<br />
em razão <strong>de</strong> mais <strong>de</strong> <strong>uma</strong> greve que se<br />
atraso,<br />
entre o <strong>de</strong>senvolvimento das ativida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
interpôs<br />
Aprendência e a nossa pesquisa. Nossa tecelagem<br />
continua, mesmo após a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>sta tese, ou<br />
seja, até a conclusão <strong>do</strong>s trabalhos em<br />
fevereiro <strong>de</strong> 2004.<br />
Encomenda<br />
Cecília Meireles<br />
Desejo <strong>uma</strong> fotografia<br />
como esta - o senhor vê? - como<br />
esta: em que para sempre me ria<br />
com um vesti<strong>do</strong> <strong>de</strong> eterna festa<br />
Como tenho a testa sombria,<br />
<strong>de</strong>rrame luz<br />
Deixe esta ruga, que me<br />
empresta<br />
um certo ar <strong>de</strong> sabe<strong>do</strong>ria.<br />
Não meta fun<strong>do</strong>s <strong>de</strong> floresta<br />
nem <strong>de</strong> arbitrária fantasia...<br />
Não... Neste espaço que ainda<br />
resta,<br />
ponha <strong>uma</strong> ca<strong>de</strong>ira vazia.
3.3.20 TELA: CADEIRAS VAZIAS<br />
130
3.3.21 TELA: ARREMATE<br />
Há também um sem número <strong>de</strong> pequenos gestos e acontecimentos que se<br />
configuraram no <strong>de</strong>correr das ativida<strong>de</strong>s que, temos a certeza, marcaram para<br />
sempre as nossas vidas. Há gestos que vão <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o mo<strong>do</strong> como os apren<strong>de</strong>ntes<br />
colocavam-se posturalmente diante <strong>do</strong> computa<strong>do</strong>r, revelan<strong>do</strong> um gesto e <strong>uma</strong><br />
postura <strong>de</strong> quase luta corporal com a máquina até a atitu<strong>de</strong> final <strong>de</strong> completa<br />
intimida<strong>de</strong> e <strong>de</strong>svelamento <strong>do</strong> aparato tecnológico, aceito, agora, como mais um<br />
coadjuvante íntimo e competente para seu processo da Aprendência.<br />
Esses pequenos acontecimentos expressos corporalmente, que passavam<br />
<strong>do</strong> gesto distante e inóspito ao contacto íntimo e comprometi<strong>do</strong> com o<br />
computa<strong>do</strong>r e com os colegas nos escapam <strong>à</strong>s palavras. São quase que<br />
intraduzíveis como intraduzível é o sentimento que nos inva<strong>de</strong> a alma num<br />
momento <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta, <strong>de</strong> amor pleno e <strong>de</strong> esperança viva.<br />
Aproximan<strong>do</strong>-se <strong>do</strong> que po<strong>de</strong>ria ser <strong>uma</strong> tradução <strong>de</strong>sses acontecimentos,<br />
Michel Serres (1995, p. 47-48), utilizaria estas palavras para tentar exprimir o que<br />
se passava naqueles momentos <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta, Aprendência e vida:<br />
131<br />
Veja aqueles garotos jogan<strong>do</strong> bola: os <strong>de</strong>sajeita<strong>do</strong>s tomam a<br />
bola como um objeto, enquanto os mais espertos servem-na<br />
como se ela lhes fosse superior: eles se adaptam aos<br />
passes e recuos. Acreditamos que sujeitos manipulam esta<br />
bola inflada; puro engano – ela traça suas relações. Para<br />
seguir sua trajetória é que a equipe se cria, se conhece, se<br />
apresenta. Sim ativa, a bola joga.[...] penas, tinteiros, mesas,<br />
livros, disquetes, consoles, memórias [...] Produzem o grupo<br />
que pensa, que se lembra, se exprime, e, <strong>à</strong>s vezes, inventa.<br />
Certamente não po<strong>de</strong>mos chamar tais objetos <strong>de</strong> sujeitos,<br />
melhor seria dizer: quase sujeitos, técnicos.
132<br />
Ao vivenciarmos experiências tão ricas durante a pesquisa-ação na qual<br />
buscamos a concretização <strong>de</strong> nossos objetivos e hipóteses, estamos convenci<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> que um ensino <strong>de</strong> melhor qualida<strong>de</strong> po<strong>de</strong> e <strong>de</strong>ve ser feito, para a superação<br />
<strong>do</strong>s analfabetismos e estigmatizações que ainda marcam muito os cidadãos<br />
brasileiros. Basta para tanto que haja <strong>uma</strong> firme vonta<strong>de</strong> política por parte <strong>do</strong>s<br />
envolvi<strong>do</strong>s na educação para que se conduzam e concretizem ações individuais e<br />
coletivas que estabeleçam marcas, que promovam mudanças mais profundas e<br />
em maior âmbito e então contra o fato e o feito <strong>de</strong> <strong>uma</strong> educação melhor não<br />
haverá argumentos contrários.<br />
Neste trabalho <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, teoria e prática muita riqueza foi acrescentada <strong>à</strong><br />
vida <strong>de</strong> cada um <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes. Há coisas importantes registráveis e<br />
registradas e há outras, como já dissemos, que são apenas sentidas,<br />
experimentadas em intensida<strong>de</strong>, gostos e senti<strong>do</strong>s que não po<strong>de</strong>m ser expressos<br />
verbalmente, mas ficam para sempre: essa soma <strong>de</strong> pequenos acontecimentos<br />
cotidianos que redundam no acontecimento maior da Aprendência, para muitas e<br />
toda a vida, nos ensinan<strong>do</strong> que vale a pena acreditar sentir e fazer o melhor <strong>de</strong><br />
nós para si e para o coletivo. Tem razão Lévy (2001 p.162):<br />
não pensa que, se to<strong>do</strong>s os seres h<strong>uma</strong>nos começassem a<br />
Você<br />
gentis uns com os outros, simplesmente gentis, sensíveis e<br />
ser<br />
tu<strong>do</strong> mudaria para melhor? Somos to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mesmo<br />
atenciosos,<br />
o parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s vivos. Não temos inimigos: somos <strong>uma</strong><br />
parti<strong>do</strong>,<br />
<strong>de</strong> diamantes na qual atua a luz <strong>do</strong>s mun<strong>do</strong>s. Paremos <strong>de</strong><br />
chuva<br />
atrás <strong>do</strong>s reflexos que se agitam em nossos preciosos<br />
correr<br />
<strong>de</strong> existência. Em vez disso, olhemos essa chuva <strong>de</strong><br />
segun<strong>do</strong>s<br />
Como é extraordinário estar aqui! O dia em que <strong>de</strong>ixarmos<br />
vida.<br />
correr atrás <strong>do</strong>s reflexos – como a imagem <strong>de</strong> <strong>uma</strong> gota se<br />
<strong>de</strong><br />
em todas as outras -, as gotas se tornarão cada vez mais<br />
reflete<br />
brilhantes, a luz será cada vez mais forte e os<br />
transparentes,<br />
cada vez mais páli<strong>do</strong>s. O <strong>de</strong>spertar da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> será<br />
reflexos<br />
processo coletivo ou não será nada. A mesma luz atravessa<br />
um<br />
as gotas.<br />
todas
133
134<br />
Tecer não significa<br />
somente pre<strong>de</strong>stinar<br />
(com relação ao plano antropológico)<br />
e reunir realida<strong>de</strong>s diversas<br />
(com relação ao plano<br />
cosmológico),<br />
mas também criar, fazer<br />
sair <strong>de</strong> sua própria substância,<br />
exatamente como faz a<br />
aranha, que tira <strong>de</strong> si própria a<br />
sua teia.<br />
(Jean Chevalier)
IV-TESSITURA<br />
4.1 PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO: TECIDO E TECELAGEM DO<br />
UNIVERSO<br />
135<br />
árvore está dada no germe, mas em função <strong>de</strong> um plano que<br />
A<br />
é da<strong>do</strong>. Assim como na música o princípio da organização ou<br />
não<br />
<strong>de</strong>senvolvimento não aparece por si mesmo em relação direta<br />
<strong>de</strong><br />
aquilo que se <strong>de</strong>senvolve ou se organiza: há um princípio<br />
com<br />
transcen<strong>de</strong>nte que não é sonoro, que não é<br />
composicional<br />
por si mesmo ou para si mesmo. Isso permite todas as<br />
“audível”<br />
possíveis. As formas e seus <strong>de</strong>senvolvimentos, os<br />
interpretações<br />
e suas formações remetem a um plano que opera como<br />
sujeitos<br />
transcen<strong>de</strong>nte ou princípio oculto. Po<strong>de</strong>remos sempre<br />
unida<strong>de</strong><br />
o plano, mas como <strong>uma</strong> parte <strong>à</strong> parte, um não-da<strong>do</strong> naquilo<br />
expor<br />
ele dá [...]. Plano <strong>de</strong> vida, plano <strong>de</strong> música, plano <strong>de</strong> escrita, é<br />
que<br />
um plano que não po<strong>de</strong> ser da<strong>do</strong> enquanto tal, que só po<strong>de</strong><br />
igual:<br />
inferi<strong>do</strong>, em função das formas, pois ele é para essas formas e<br />
ser<br />
esses sujeitos.<br />
para<br />
Gilles Deleuze<br />
4.1.1 Linguagem e subjetivida<strong>de</strong><br />
O tema da subjetivida<strong>de</strong> trata<strong>do</strong> em nosso estu<strong>do</strong> almeja o vislumbre <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> “outra <strong>tela</strong>” para compreen<strong>de</strong>r alguns fenômenos que dizem respeito aos<br />
processos <strong>de</strong> Aprendência e suas relações com a subjetivida<strong>de</strong>, num contexto em<br />
que a tecnologia é um actante modifica<strong>do</strong>r das relações entre os seres h<strong>uma</strong>nos<br />
e <strong>de</strong>stes com o mun<strong>do</strong>. As tecnologias, num senti<strong>do</strong> geral, possuem capacida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> alterar a subjetivida<strong>de</strong> h<strong>uma</strong>na, mas as tecnologias <strong>de</strong> comunicação digital,<br />
alteram-na ainda mais, por apresentarem a proprieda<strong>de</strong> <strong>de</strong> trazer em seu bojo<br />
<strong>uma</strong> espécie <strong>de</strong> síntese <strong>de</strong> todas as tecnologias que as prece<strong>de</strong>ram. Em razão<br />
disso aglutinam em si a linguagem em sua potencialida<strong>de</strong> <strong>de</strong> signo icônico,
lingüístico, matemático e musical, entre outros, exigin<strong>do</strong> <strong>do</strong>s homens outro mo<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong> relacionamento com a tecnologia digital, também <strong>uma</strong> outra forma <strong>de</strong> pensar,<br />
sentir, agir e mover-se com ela e por ela, <strong>uma</strong> nova subjetivida<strong>de</strong>, portanto.<br />
O tema é complexo e, certamente, não será aqui esgota<strong>do</strong> em sua<br />
amplitu<strong>de</strong> e abrangência ten<strong>do</strong> em vista que a exploração da subjetivida<strong>de</strong> como<br />
um fenômeno em si não constitui objetivo principal nesta tese, mas ocupam-nos<br />
as manifestações discursivas <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes que acabam por revelar, no<br />
universo semiótico que compõe seus <strong>de</strong>poimentos, pontos importantes da<br />
subjetivida<strong>de</strong> que permeia o fazer pedagógico e o repertório <strong>de</strong> vida <strong>de</strong> cada um<br />
<strong>de</strong>les que logicamente reflete o repertório <strong>do</strong> contexto maior no qual esses<br />
apren<strong>de</strong>ntes se inserem.<br />
Os discursos <strong>do</strong>s participantes <strong>do</strong> Atelier, impregna<strong>do</strong>s <strong>de</strong> signos e<br />
semioses, permitiram <strong>de</strong>svelar e antever até que ponto as interações tecnológicas<br />
estão mudan<strong>do</strong> o mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> saber, <strong>do</strong> ser e <strong>do</strong> fazer pedagógico, portanto nossa<br />
subjetivida<strong>de</strong>. Do mesmo mo<strong>do</strong>, po<strong>de</strong>rão revelar até que ponto um processo <strong>de</strong><br />
Aprendência, em outros mol<strong>de</strong>s, que não os até aqui institucionalmente postos,<br />
po<strong>de</strong>rá dar conta <strong>de</strong> construir <strong>uma</strong> subjetivida<strong>de</strong> que enriqueça <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> contínuo<br />
a relação <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes entre si <strong>de</strong> <strong>de</strong>stes com o mun<strong>do</strong>.<br />
Somos partidários da compreensão segun<strong>do</strong> a qual num processo <strong>de</strong><br />
ensino em que a flexibilida<strong>de</strong>, a coerência e a constante renovação sejam as<br />
molas basilares, o professor-educa<strong>do</strong>r se reconhecerá como um eterno<br />
apren<strong>de</strong>nte e passará a buscar constantes respostas para ter condições <strong>de</strong><br />
propiciar ao educan<strong>do</strong>-apren<strong>de</strong>nte o aprimoramento <strong>de</strong> habilida<strong>de</strong>s como pensar,<br />
raciocinar, valorar, investigar, indagar, relacionar, sintetizar analisar e produzir<br />
136
conhecimentos e assim não apenas reproduzir e repetir os que já se encontram<br />
disponíveis.<br />
No processo <strong>de</strong> Aprendência segun<strong>do</strong> o concebemos, tão logo educa<strong>do</strong>r e<br />
educan<strong>do</strong> obtenham respostas para suas indagações e dúvidas, outras perguntas<br />
<strong>de</strong>verão ser levantadas, quer na mesma direção, aprimoran<strong>do</strong> práticas<br />
pedagógicas e conhecimentos já <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s, quer em outras direções,<br />
buscan<strong>do</strong> outros caminhos e outros fazeres para as mesmas indagações, ou para<br />
outras tantas que se originarem <strong>de</strong>ste novo encaminhamento. Assim, caminho<br />
busca<strong>do</strong>, objeto perquiri<strong>do</strong>, seres buscantes estarão em contínua renovação e<br />
atualida<strong>de</strong>. O processo <strong>de</strong> busca responsável por um melhor fazer pedagógico<br />
<strong>de</strong>ve ser constante.<br />
Admiti<strong>do</strong> o princípio <strong>de</strong> que a simples transmissão <strong>do</strong> conhecimento não<br />
consegue garantir a sólida construção <strong>de</strong> um sujeito capaz <strong>de</strong> reger os rumos <strong>de</strong><br />
sua vida e <strong>do</strong> coletivo a que pertence, acreditamos que a principal tarefa <strong>do</strong><br />
educa<strong>do</strong>r seja a <strong>de</strong> mobilizar, com seu trabalho educativo, seus educan<strong>do</strong>s<br />
facultan<strong>do</strong>-lhes <strong>uma</strong> efetiva atuação cidadã, a aquisição e a construção <strong>de</strong><br />
conhecimentos bem como o <strong>de</strong>senvolvimento da Aprendência como um processo<br />
que instrumentalize e facilite a vida pessoal e comunitária.<br />
Neste outro fazer pedagógico será fundamental <strong>de</strong>svelar juntos<br />
(aban<strong>do</strong>nan<strong>do</strong> a velha prática passiva <strong>de</strong> dar conhecimentos já produzi<strong>do</strong>s) as<br />
imbricadas implicações que envolvem a narrativa h<strong>uma</strong>na, num estu<strong>do</strong> da<br />
linguagem que capacite os apren<strong>de</strong>ntes a transitarem entre as diversas<br />
possibilida<strong>de</strong>s formais da língua, resgatan<strong>do</strong>, reconstruin<strong>do</strong>, re<strong>de</strong>finin<strong>do</strong>, firman<strong>do</strong><br />
valores comprometi<strong>do</strong>s, efetivamente, com os interesses <strong>do</strong> coletivo.<br />
137
Será sempre muito importante evi<strong>de</strong>nciar que o nível <strong>do</strong> discurso não po<strong>de</strong><br />
ser <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>ra<strong>do</strong> no ensino, pois, a to<strong>do</strong> ato <strong>de</strong> fala correspon<strong>de</strong> <strong>uma</strong> posição<br />
assumida no mun<strong>do</strong> que não advém <strong>do</strong> nada, mas <strong>do</strong> processo cultural <strong>do</strong> qual<br />
somos parte. Ao dizermos algo, estamos concor<strong>de</strong>s ou discor<strong>de</strong>s, como parte <strong>do</strong><br />
conjunto das idéias que circulam na socieda<strong>de</strong>. Falamos e ouvimos sempre <strong>de</strong><br />
um lugar social, ou seja, a atribuição <strong>do</strong> senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> um texto é socialmente<br />
construída, logo, as formações i<strong>de</strong>ológicas, cuja origem está nas formações<br />
sociais, materializam-se nas formações discursivas.<br />
É a partir <strong>de</strong>sse foco que, nesta tese, analisaremos a subjetivida<strong>de</strong><br />
expressa nas manifestações discursivas <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes que participaram da<br />
pesquisa.<br />
Antes <strong>de</strong> <strong>de</strong>finirmos o que enten<strong>de</strong>mos por subjetivida<strong>de</strong>, trazemos Fiorin<br />
(1998, p. 33-34), para corroborar o que acabamos <strong>de</strong> expor:<br />
138<br />
se dissermos que o que caracteriza o pensamento h<strong>uma</strong>no é<br />
[...]<br />
caráter conceptual, o pensamento não existe fora da linguagem.<br />
o<br />
Quan<strong>do</strong> se diz que não há idéias in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ntemente da<br />
[...]<br />
está-se falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensamento conceptual. [...] Por<br />
linguagem,<br />
<strong>de</strong>sta indissolubilida<strong>de</strong>, po<strong>de</strong>-se afirmar que o discurso<br />
causa<br />
as representações i<strong>de</strong>ológicas.<br />
materializa<br />
Discutir subjetivida<strong>de</strong> é começar admitin<strong>do</strong> que a noção <strong>de</strong> sujeito é<br />
bastante complexa e tem si<strong>do</strong> discutida <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> controverti<strong>do</strong> pelas várias<br />
ciências que se <strong>de</strong>bruçaram sobre o tema, mas, se observada pelo prisma da<br />
religião, a subjetivida<strong>de</strong> foi tida por muito tempo como sen<strong>do</strong> o mesmo que alma,<br />
ou seja, <strong>uma</strong> subjetivida<strong>de</strong> absoluta, divina. Já pelo prisma técnico-científico ela<br />
migrou por vários campos como o físico, o biológico, o sociológico ou cultural,
sen<strong>do</strong> compreendida, muitas vezes, pela i<strong>de</strong>ologia <strong>do</strong>minante como algo a ser<br />
sufoca<strong>do</strong>, elimina<strong>do</strong>, em nome <strong>de</strong> um <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista.<br />
Na era da mo<strong>de</strong>rnida<strong>de</strong> igualmente verifica-se a pre<strong>do</strong>minância <strong>de</strong> critérios<br />
técnico-científicos nortean<strong>do</strong> a <strong>de</strong>finição <strong>do</strong> que seja sujeito e por conseqüência<br />
subjetivida<strong>de</strong>. Relembramos que para a Psicologia Behaviorista o sujeito não<br />
passava <strong>de</strong> <strong>uma</strong> soma <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> respon<strong>de</strong>r a <strong>uma</strong> ca<strong>de</strong>ia <strong>de</strong> estímulos-<br />
resposta, ou seja, um sujeito programável. Já para a História e para a<br />
Antropologia o sujeito era o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>terminismos sociais cuja subjetivida<strong>de</strong><br />
po<strong>de</strong>ria ser um valor <strong>de</strong> troca ou um mero instrumento da estrutura social vigente.<br />
Nesse contexto cabe-nos observar, <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> sucinto, que da segunda<br />
meta<strong>de</strong> até o final <strong>do</strong> século que ora fin<strong>do</strong>u, ou seja, da teoria <strong>de</strong> Skinner para cá,<br />
as ciências sociais, da linguagem, da psique e <strong>do</strong> comportamento, entre outras,<br />
elaboraram várias teses para explicar os processos <strong>de</strong> subjetivação, gênese e<br />
construção <strong>do</strong> conhecimento, enfim da interação <strong>do</strong> sujeito com seu meio social.<br />
Como já dissemos, não é propósito, aqui, nos aprofundarmos nesta<br />
temática, mas apenas evi<strong>de</strong>nciar que essas noções têm transita<strong>do</strong> entre pólos<br />
extremos, projetan<strong>do</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> um sujeito totalmente <strong>do</strong>no <strong>de</strong> si até um sujeito<br />
completamente assujeita<strong>do</strong> pela i<strong>de</strong>ologia ou <strong>de</strong>termina<strong>do</strong> pelo social.<br />
Mais recentemente chegaram até nós as concepções <strong>de</strong> Bakhtin (1986)<br />
para quem a interação <strong>do</strong> sujeito com seu meio se dá n<strong>uma</strong> síntese dialética entre<br />
o individual e o social, entre a vida interior e exterior, ou seja, o psíquico e o<br />
i<strong>de</strong>ológico. Por esse entendimento, nos processos <strong>de</strong> subjetivação, o sujeito não<br />
é totalmente <strong>do</strong>no <strong>de</strong> si, nem completamente interpela<strong>do</strong> pela i<strong>de</strong>ologia, pois o<br />
individual e o social não se opõem, mas se fun<strong>de</strong>m e se impregnam mutuamente.<br />
139
Importa-nos, para os objetivos <strong>de</strong>ste trabalho trazer as noções <strong>de</strong> sujeito/<br />
subjetivida<strong>de</strong> surgidas na Era Digital, com os albores <strong>do</strong> século XXI, em razão da<br />
interação contínua <strong>do</strong> homem com a máquinas, imerso num mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> símbolos,<br />
ícones e imagens, que o teletransportam a qualquer lugar <strong>do</strong> planeta e mesmo<br />
para fora <strong>de</strong>le. Essa realida<strong>de</strong> levou Serres (1995, p. 47-48) a afirmar –<br />
poeticamente, metaforicamente – ser total ignorância da ciência distinguir o<br />
sujeito pensante e ativo <strong>do</strong> objeto passivo e pensa<strong>do</strong>.<br />
140<br />
ignorância <strong>do</strong>s atos <strong>de</strong> conhecimento! Simplesmente, os<br />
--Total<br />
conhecem <strong>de</strong> maneira diferente da nossa .<br />
objetos<br />
Idéia insustentável.<br />
-<br />
aponta o indica<strong>do</strong>r em direção a janela<br />
Ela<br />
Veja aqueles garotos jogan<strong>do</strong> bola: os <strong>de</strong>sajeita<strong>do</strong>s tomam a<br />
-<br />
como um objeto, enquanto os mais espertos servem-na<br />
bola<br />
se ela lhe fosse superior: eles se adaptam aos passes e<br />
como<br />
Acreditamos que sujeitos manipulam esta bola inflada;<br />
recuos.<br />
engano – ela traça suas relações. Para seguir sua trajetória<br />
puro<br />
que e equipe se cria, se conhece, se apresenta. Sim, ativa a<br />
é<br />
bola joga.<br />
Tal evolução e diríamos até revolução fez com que as noções cristalizadas<br />
num paradigma <strong>de</strong> sujeito e subjetivida<strong>de</strong> estanques, ce<strong>de</strong>ssem lugar a <strong>uma</strong><br />
concepção <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> como um conjunto imbrica<strong>do</strong> e complexo <strong>de</strong><br />
agenciamentos <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s, <strong>uma</strong> enorme teia <strong>de</strong> significa<strong>do</strong>s, manti<strong>do</strong>s e<br />
modifica<strong>do</strong>s pela linguagem em toda sua plenitu<strong>de</strong> <strong>de</strong> signo icônico e lingüístico.<br />
Surge um novo cenário, <strong>uma</strong> nova <strong>tela</strong> on<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m conviver no mesmo palco, na<br />
mesma <strong>tessitura</strong>, conceitos ambivalentes e contraditórios que se orquestram em<br />
harmonia com a finalida<strong>de</strong> <strong>de</strong> concretizar-se em ações ou atos h<strong>uma</strong>nos em<br />
simbiose com a máquina.<br />
Nesta Era o sujeito e a subjetivida<strong>de</strong>, portanto, se estabelecem n<strong>uma</strong><br />
relação dialógica. Materializam-se, existem na linguagem e por ela são
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong>s <strong>de</strong>terminan<strong>do</strong>-a. Concomitantemente, a noção <strong>de</strong> sujeito se fun<strong>de</strong> e<br />
contracena com a mesma equivalência <strong>de</strong> papéis com a noção <strong>de</strong> objeto. O<br />
h<strong>uma</strong>no se fun<strong>de</strong> com a máquina, a realida<strong>de</strong> com a virtualida<strong>de</strong>.<br />
No entanto, esta simbiose entre homens e máquinas ainda continua ser<br />
incompreendida ou no mínimo ignorada, principalmente pelas Instituições <strong>de</strong><br />
Ensino que <strong>de</strong>veriam ser as promotoras <strong>de</strong>ssa percepção e orienta<strong>do</strong>ras <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
práxis que rediscutisse e reencaminhasse esta relação, afinal, nem tão nova<br />
assim.<br />
Discutin<strong>do</strong> subjetivida<strong>de</strong>, é importante também levar em consi<strong>de</strong>ração a<br />
interação h<strong>uma</strong>na com os signos que sabemos ser simultaneamente estética e<br />
cognitiva. Estética <strong>do</strong> ponto <strong>de</strong> vista da sensibilida<strong>de</strong>: os signos geram afetos e<br />
perceptos; é cognitiva porque resulta em representações e conceitos,<br />
mediatiza<strong>do</strong>s pelos elementos fundamentais das semioses que são os<br />
interpretantes. To<strong>do</strong> signo gera nas subjetivida<strong>de</strong>s um conjunto <strong>de</strong> interpretantes,<br />
aquilo que o sujeito aplica ao signo para entendê-lo, fruí-lo ou a ele reagir. Esses<br />
interpretantes po<strong>de</strong>m ser intelectuais e afetivos, mas também po<strong>de</strong>m ser<br />
energéticos – isto é, <strong>uma</strong> reação orgânica, por exemplo, frente a um tema ou<br />
conteú<strong>do</strong> que se esteja trabalhan<strong>do</strong> no espaço escolar ou ao grito <strong>de</strong> que há um<br />
seqüestro no prédio em que se está.<br />
A subjetivida<strong>de</strong> é histórica e mo<strong>de</strong>lada culturalmente pelos jogos<br />
semióticos, que <strong>de</strong>terminam valores e comportamentos. Os sistemas econômico-<br />
sociais produzem a subjetivida<strong>de</strong> ao produzirem semioses que or<strong>de</strong>nam as<br />
formas <strong>de</strong> organização social e, portanto, a vida <strong>do</strong>s homens.<br />
Guattari (1998, p. 33-34) referin<strong>do</strong>-se <strong>à</strong> subjetivida<strong>de</strong> afirma:<br />
141
142<br />
dispositivos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong> po<strong>de</strong>m existir em<br />
Os<br />
<strong>de</strong> megalópoles, assim como em escala <strong>do</strong>s jogos <strong>de</strong><br />
escala<br />
<strong>de</strong> um indivíduo. Para apren<strong>de</strong>r os recursos íntimos<br />
linguagem<br />
produção – essas rupturas <strong>de</strong> senti<strong>do</strong> autofunda<strong>do</strong>ras <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>ssa<br />
–, a poesia, atualmente, talvez tenha mais a nos<br />
existência<br />
<strong>do</strong> que as ciências econômicas, as ciências h<strong>uma</strong>nas e a<br />
ensinar<br />
reunidas! As transformações sociais po<strong>de</strong>m proce<strong>de</strong>r<br />
psicanálise<br />
gran<strong>de</strong> escala, por mutação da subjetivida<strong>de</strong>... Mas po<strong>de</strong>m<br />
em<br />
se produzir em escala molecular – microfísica, no senti<strong>do</strong><br />
também<br />
Foucault –, em <strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong> política, em <strong>uma</strong> cura analítica,<br />
<strong>de</strong><br />
instalação <strong>de</strong> um dispositivo para mudar a vida da vizinhança,<br />
na<br />
mudar o mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> funcionamento <strong>de</strong> <strong>uma</strong> escola, <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
para<br />
instituição psiquiátrica.<br />
Neste panorama <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> percepções, <strong>de</strong> mudança <strong>de</strong> paradigmas,<br />
<strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> concepções e <strong>de</strong> saltos tecnológicos a subjetivida<strong>de</strong> e a linguagem<br />
passam a ter <strong>uma</strong> nova centralida<strong>de</strong> e, nos atos comunicativos, os interlocutores<br />
já não fazem <strong>do</strong> contexto um auxiliar para a interpretação das mensagens, mas o<br />
próprio contexto passa a ser o alvo da comunicação. Assim, em cada nova<br />
mensagem, contexto e seu senti<strong>do</strong> são postos em jogo, influin<strong>do</strong> continuamente<br />
sobre o significa<strong>do</strong> <strong>de</strong> futuras mensagens. Daí dizer-se que comunicação e<br />
cognição se <strong>de</strong>senrolam num processo <strong>de</strong> vinculação mútua. Observa-se, nestas<br />
ultimas décadas, <strong>uma</strong> reedição potencializada e diferenciada da Era da oralida<strong>de</strong>,<br />
quan<strong>do</strong> os contatos entre os menestréis e narra<strong>do</strong>res se davam n<strong>uma</strong> interação<br />
contextual e pessoal.<br />
De acor<strong>do</strong> com Bougnoux (1999), as novas tecnologias e o mun<strong>do</strong> virtual<br />
começaram com a escrita que é a primeira telecomunicação. Po<strong>de</strong>r-se-ia ir mais<br />
longe e afirmar que os mun<strong>do</strong>s virtuais são constitutivos da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>, na<br />
medida em que são centralida<strong>de</strong>s <strong>do</strong> imaginário. Assim, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> os primeiros<br />
momentos em que os menestréis fizeram as primeiras narrativas se fez
virtualização e, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> as primeiras pinturas ou gravuras rupestres,<br />
telecomunicamo-nos.<br />
A tecnologia digital permitiu ampliar o leque <strong>de</strong> linguagens. Assim, a escrita<br />
<strong>de</strong>ixa <strong>de</strong> ser a única linguagem para dar lugar a <strong>uma</strong> orquestra semiótica que<br />
harmoniza imagem, som, movimento e simulação, possibilitan<strong>do</strong> originar<br />
ambientes infocomunicacionais alternativos que estão a serviço da virtualização.<br />
A propósito disso, citemos as comunida<strong>de</strong>s virtuais <strong>de</strong> aprendizagem que<br />
proliferam no mun<strong>do</strong>, os sites, os bloggers e os chats <strong>de</strong> conversação por<br />
temática e interesse comum. Se consi<strong>de</strong>rarmos que a tecnologia, a cada dia,<br />
apresenta inovações e avanços, certamente ainda teremos mais ferramentas e<br />
dispositivos técnicos ao nosso dispor.<br />
No ciberespaço, cada sujeito é um usuário que escolhe a <strong>de</strong>finição <strong>de</strong> sua<br />
i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong>, a sua forma <strong>de</strong> ser e se mostrar através <strong>de</strong> <strong>uma</strong> construção<br />
lingüística, icônica, musical e plástica e outras, que po<strong>de</strong> ou não correspon<strong>de</strong>r a<br />
sua realida<strong>de</strong> física, mas que dispõe <strong>de</strong> <strong>uma</strong> realida<strong>de</strong> virtual, <strong>uma</strong> existência<br />
não-corpórea, mas, real. Nasce um outro indivíduo que não é forma<strong>do</strong> apenas por<br />
um corpo e um espírito, que não é mais um conjunto <strong>de</strong> estímulos programa<strong>do</strong>s e<br />
previsíveis, nem tão pouco fruto <strong>do</strong> <strong>de</strong>terminismo histórico. Nasce um sujeito<br />
lingüístico, cuja i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> é fluídica, e em constante movimento e sua existência<br />
efêmera é objetivada por processos lingüísticos complexos, mutantes, coletivos,<br />
polifônicos, enreda<strong>do</strong>s.<br />
Nasce, enfim, um sujeito que não se objetiva apenas por critérios<br />
ontológicos ou físicos, mas que se materializa na linguagem, no contexto<br />
comunicativo e mediático, na interação. Sujeito que possui <strong>uma</strong> subjetivida<strong>de</strong><br />
143
coletiva e virtual, que comporta inter-relações entre unida<strong>de</strong> e to<strong>do</strong>, entre o<br />
singular e coletivo, entre o tu<strong>do</strong> e o nada.<br />
A linguagem, bem como a arte, é um território aberto e rico, sempre pronto<br />
a receber um espaço cultural em gestação ou um mun<strong>do</strong> <strong>de</strong> valores em<br />
<strong>de</strong>composição e facultar que em seu seio se situem, tomem corpo, cresçam e se<br />
façam sentir como o cerne <strong>de</strong> <strong>uma</strong> outra construção que um novo tempo espera<br />
que aconteça, pois a arte é um espaço eternal; é um espaço-tempo on<strong>de</strong> passa<strong>do</strong><br />
e presente unificam-se num único e eterno instante, é um espaço on<strong>de</strong> o mun<strong>do</strong><br />
se apresenta num continuum vital em que passa<strong>do</strong> presente e futuro fun<strong>de</strong>m-se<br />
na alquimia <strong>do</strong> verbo, das cores e das formas, assim como a realida<strong>de</strong> cósmica e<br />
as vivências estão fundidas.<br />
A história da cultura <strong>do</strong> homem expressa pela linguagem enquanto arte é<br />
rica em nos mostrar, mais <strong>do</strong> que evi<strong>de</strong>ntemente, esta riqueza e proprieda<strong>de</strong> <strong>do</strong><br />
tempo eternal <strong>de</strong> que a arte é constituída. Guattari (1998, p. 31), ao tratar da<br />
função poética das linguagens em suas diversas formas <strong>de</strong> comunicação e<br />
expressão, como elementos que recompõem os universos <strong>de</strong> subjetivação e<br />
assim facultam os necessários rompimentos com velhos paradigmas, provocan<strong>do</strong>,<br />
em <strong>de</strong>corrência, o surgimento <strong>de</strong> novos comportamentos e novas vivências,<br />
assim se expressa:<br />
144<br />
<strong>à</strong> função poética recompor universos <strong>de</strong> subjetivação<br />
Cabe<br />
rarefeitos e re-singulariza<strong>do</strong>s. [...] essa catálise<br />
artificialmente<br />
que encontramos em operação no seio <strong>de</strong><br />
poético-existencial<br />
escriturais, vocais, musicais ou plásticas, engaja<br />
discursivida<strong>de</strong>s<br />
a recristalização enunciativa <strong>do</strong> cria<strong>do</strong>r, <strong>do</strong><br />
sincronicamente<br />
e <strong>do</strong> aprecia<strong>do</strong>r da obra <strong>de</strong> arte. Sua eficácia resi<strong>de</strong><br />
intérprete<br />
em sua capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> promover rupturas ativas,<br />
essencialmente<br />
no interior <strong>de</strong> teci<strong>do</strong>s significacionais e <strong>de</strong>notativos<br />
processuais,
145<br />
estrutura<strong>do</strong>s a partir <strong>do</strong>s quais ela colocará em<br />
semioticamente<br />
<strong>uma</strong> subjetivida<strong>de</strong> <strong>de</strong> emergência no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
funcionamento<br />
Daniel Stern 20 .<br />
Faz-se importante perceber que o ato <strong>de</strong> comunicação é um processo <strong>de</strong><br />
mediação que apresenta três mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong>s, ou seja: a mediação corporal, a social<br />
e a semiótica. Mediação corporal porque as nossas representações são feitas a<br />
partir <strong>de</strong> nossa inserção corporal no mun<strong>do</strong> e também porque nos formamos<br />
<strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> <strong>uma</strong> dada cultura. Mediação social e cultural na construção <strong>de</strong><br />
representações porque interiorizamos normas e valores da socieda<strong>de</strong> na qual<br />
estamos inseri<strong>do</strong>s. Mediação semiótica <strong>à</strong> medida que existe relação entre o<br />
pensamento e os signos externos ofereci<strong>do</strong>s pela cultura, porém o próprio<br />
pensamento é produto <strong>de</strong>sses signos e ao mesmo tempo seu produtor. Logo, é<br />
em um processo circular que o pensamento se mediatiza em signos, os quais<br />
engendram o pensamento. Com as possibilida<strong>de</strong>s oferecidas pela tecnologia <strong>de</strong><br />
comunicação digital, as formas <strong>de</strong> interiorização e exteriorização <strong>do</strong> pensamento<br />
têm se torna<strong>do</strong> dia após dia mais icônicas, rouban<strong>do</strong> o prima<strong>do</strong> <strong>do</strong> verbal da<br />
enunciação.<br />
Tivemos o objetivo <strong>de</strong> evi<strong>de</strong>nciar, com o <strong>de</strong>senvolvimento das idéias<br />
<strong>de</strong>sta seção até aqui expostas, que os dispositivos <strong>de</strong> produção <strong>de</strong> subjetivida<strong>de</strong><br />
produzem a mutação <strong>de</strong>ssa subjetivida<strong>de</strong>, capaz esta <strong>de</strong> operar transformações<br />
Daniel Stern, em sua obra The impersonal World of the infant, Basic Book Inc. Publishers, Nova<br />
20<br />
1985, explorou, sobremaneira, as formações subjetivas pré-verbais da criança, mostran<strong>do</strong><br />
York,<br />
não se trata <strong>de</strong> “fases”no senti<strong>do</strong> freudiano, porém <strong>de</strong> níveis <strong>de</strong> subjetivação que<br />
que<br />
ao longo da vida. Com esta postura ele nega o caráter superestima<strong>do</strong> da<br />
permanecerão<br />
<strong>do</strong>s complexos freudianos e que foram apresenta<strong>do</strong>s como “universais” estruturais<br />
psicogênese<br />
subjetivida<strong>de</strong>. Em contrapartida, Daniel valoriza, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início, o caráter trans-subjetivo das<br />
da<br />
precoces da criança, que não dissocia o sentimento <strong>de</strong> si <strong>do</strong> sentimento <strong>do</strong> outro.<br />
experiências<br />
dialética entre os afetos partilháveis e os afetos não partilháveis estrutura, assim, as fases<br />
“Uma<br />
da subjetivida<strong>de</strong>. Subjetivida<strong>de</strong> em esta<strong>do</strong> nascente que não cessaremos <strong>de</strong><br />
emergentes<br />
no sonho, no <strong>de</strong>lírio, na exaltação cria<strong>do</strong>ra, no sentimento amoroso”.<br />
encontrar
sociais. Também enten<strong>de</strong>mos como Guattari (1988) que cabe <strong>à</strong> linguagem em<br />
suas variadas funções, notadamente a poética, o papel <strong>de</strong> recompositora <strong>do</strong>s<br />
universos <strong>de</strong> subjetivação, <strong>uma</strong> vez que sua eficácia resi<strong>de</strong> na capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
promover rupturas ativas nos teci<strong>do</strong>s sociais e recompô-los em novas<br />
subjetivida<strong>de</strong>s.<br />
146<br />
A seguir, <strong>de</strong>screveremos como se <strong>de</strong>ram na vivencia <strong>do</strong> Atelier esses<br />
processos <strong>de</strong> subjetivação, procuran<strong>do</strong>, tanto quanto possível, articulá-los com as<br />
questões pedagógicas que vieram <strong>à</strong> tona neste transcorrer ou mesmo que<br />
pu<strong>de</strong>ram ser <strong>de</strong>preendidas ou lidas nas entrelinhas <strong>de</strong> nosso fazer como<br />
professores/alunos/ apren<strong>de</strong>ntes.<br />
4.2 PROCESSOS DE SUBJETIVAÇÃO NO ATELIER<br />
Na relação entre a construção da subjetivida<strong>de</strong> e a multiplicida<strong>de</strong> e<br />
polivalência da linguagem, é que se po<strong>de</strong> perceber o papel significativo<br />
<strong>de</strong>sempenha<strong>do</strong> pelos processos mediáticos contemporâneos e, em especial, <strong>do</strong>s<br />
novos agenciamentos da informação materializa<strong>do</strong>s pela linguagem hipertextual,<br />
nos hipercondutos <strong>do</strong> ciberespaço.<br />
Vários são os elementos que operam as mudanças <strong>de</strong> nossa subjetivida<strong>de</strong>,<br />
um <strong>de</strong>les diz respeito <strong>à</strong> celerida<strong>de</strong>, mas também <strong>à</strong> velocida<strong>de</strong> 21 com que as<br />
informações são produzidas e circulam, modifican<strong>do</strong>, complementan<strong>do</strong>, ou<br />
O uso <strong>de</strong>sse termo, no presente trabalho, distingue-se <strong>de</strong> celerida<strong>de</strong> por conotar mais a<br />
21<br />
<strong>de</strong> antecipação <strong>à</strong>s necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> outrem. (Etges op.cit.) Celerida<strong>de</strong> implica ritmo,<br />
capacida<strong>de</strong><br />
diferente <strong>de</strong> velocida<strong>de</strong>, portanto.
mesmo superan<strong>do</strong> conhecimentos anteriores. Essa realida<strong>de</strong> exige um trato<br />
<strong>de</strong>lica<strong>do</strong> com aqueles que, por um motivo ou outro, não conseguem acompanhar<br />
as mudanças da Era Digital.<br />
147<br />
tive muita dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong> lidar com a tecnologia, me chateava<br />
Eu<br />
A falta <strong>de</strong> conhecimento me <strong>de</strong>ixava medrosa e sem vonta<strong>de</strong><br />
até.<br />
lidar com o computa<strong>do</strong>r. Com esta disciplina percebo, hoje, o<br />
<strong>de</strong><br />
é fundamental estar <strong>de</strong>fen<strong>de</strong>n<strong>do</strong> minhas posições e<br />
quanto<br />
<strong>do</strong> contexto <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. É fantástico estar aqui na<br />
participan<strong>do</strong><br />
na sala <strong>de</strong> aula e ao mesmo tempo participan<strong>do</strong> <strong>do</strong> que se<br />
<strong>UFSC</strong>,<br />
no mun<strong>do</strong>. Estar on-line com alguém no Japão ou no<br />
passa<br />
É extraordinário. A<strong>do</strong>rei! Faria <strong>de</strong> novo esta disciplina<br />
Canadá.<br />
(S29- A-7- TCDI, VHS 04)<br />
O outro elemento está estreitamente liga<strong>do</strong> <strong>à</strong> compreensão das relações<br />
entre trabalho, cidadania e Aprendência. Ler não apenas os signos lingüísticos,<br />
mas outras linguagens empregadas pelo homem, analisar fatos e da<strong>do</strong>s,<br />
compreen<strong>de</strong>r o entorno existencial e agir sobre ele, mostrar-se um interlocutor<br />
crítico e ativo diante das tecnologias <strong>de</strong> comunicação, localizar informações<br />
empregan<strong>do</strong>-as criativamente, interagir em grupos <strong>de</strong> discussão, trabalho e<br />
estu<strong>do</strong> são gestos fundamentais para a vida cidadã.<br />
esse processo permitiu-me perceber que é possível mediar<br />
To<strong>do</strong><br />
ensino da Filosofia e <strong>de</strong> outros conhecimentos com a utilização<br />
o<br />
Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital (TCD). A tecnologia <strong>de</strong>ve<br />
da<br />
utilizada para possibilitar o exercício da Filosofia, <strong>de</strong>spertan<strong>do</strong><br />
ser<br />
alunos, estimulan<strong>do</strong>–os para pensar sobre nossa realida<strong>de</strong>,<br />
os<br />
apenas conhecer a história da filosofia. Como a tecnologia<br />
não<br />
em constante aperfeiçoamento isto exige <strong>de</strong> nós também<br />
está<br />
constante atualização, para acompanhar o processo. Assim,<br />
<strong>uma</strong><br />
preciso navegar sempre, conhecen<strong>do</strong> e crian<strong>do</strong> novas formas <strong>de</strong><br />
é<br />
pois para mim, navegar, também é viver. (S30-35-<br />
comunicação,<br />
TCDIII)
Um terceiro elemento que tece o complexo quadro <strong>de</strong> mudanças da<br />
subjetivida<strong>de</strong> é a tecnologia. Sabemos que é possível <strong>de</strong>monstrar que alg<strong>uma</strong>s<br />
características cognitivas po<strong>de</strong>m ser comuns para toda a espécie h<strong>uma</strong>na, e além<br />
<strong>de</strong>la, para todas as formas <strong>de</strong> vida <strong>do</strong> planeta. Hoje se po<strong>de</strong> dizer que os mo<strong>do</strong>s<br />
<strong>de</strong> existir são engendra<strong>do</strong>s pela época, cultura e circunstâncias concretas, nas<br />
quais estão as tecnologias que se entrecruzam e se amalgamam aos esquemas<br />
<strong>de</strong> significação e que Levy <strong>de</strong>nomina <strong>de</strong> tecnologias <strong>de</strong> inteligência para ressaltar<br />
esse liame estrutural <strong>do</strong> sujeito com as ferramentas culturais. Dessa maneira, o<br />
envolvimento <strong>do</strong> sujeito nas re<strong>de</strong>s <strong>de</strong> interações lingüísticas, técnicas e<br />
institucionais contribui fundamentalmente para a construção <strong>do</strong> mo<strong>do</strong> h<strong>uma</strong>no <strong>de</strong><br />
existir.<br />
148<br />
que o processo <strong>de</strong> construção <strong>de</strong>ste novo conhecimento<br />
Acredito<br />
questão: a tecnologia para a educação contribuiu <strong>de</strong> forma<br />
em<br />
para o meu pensar pedagógico. O conhecimento <strong>de</strong><br />
significativa<br />
instrumentos, novos recursos e novos mo<strong>do</strong>s <strong>de</strong> ensino<br />
novos<br />
para a minha prática educativa e foram momentos <strong>de</strong><br />
auxiliaram<br />
importância. As dificulda<strong>de</strong>s iniciais com a tecnologia foram<br />
s<strong>uma</strong><br />
no <strong>de</strong>correr da Aprendência e hoje me enriquecem<br />
dissipan<strong>do</strong>-se<br />
contribuem para a construção <strong>de</strong> meu conhecimento.(S 31 A 27-<br />
e<br />
TCDIII).<br />
A tecnologia digital traz em seu seio elementos que ultrapassam fronteiras<br />
e provocam rupturas em vários campos da comunicação, afetan<strong>do</strong> especialmente<br />
a interativida<strong>de</strong>. Tais rupturas po<strong>de</strong>m também gerar ou promover o<br />
entrelaçamento <strong>de</strong> conhecimentos através <strong>de</strong> links e nós da re<strong>de</strong> hipertextual, o<br />
apagamento das fronteiras entre texto – imagem-som, leitor – autor, a<br />
relativização da objetivida<strong>de</strong> <strong>do</strong> conhecimento. A memória coletiva dinamiza-se<br />
ainda mais por intermédio das tecnologias <strong>de</strong> inteligência. Da subjetivida<strong>de</strong>
estrita <strong>de</strong> um único narra<strong>do</strong>r, das bibliotecas <strong>de</strong> livros e <strong>do</strong>s acervos<br />
<strong>do</strong>cumentais, passamos ao universo das re<strong>de</strong>s, aos hipercondutos da WEB, nos<br />
quais nossa história vai sen<strong>do</strong> escrita diariamente, bite a bite, por um coro <strong>de</strong><br />
muitas vozes, perscrutadas por muitos olhares, com a flui<strong>de</strong>z e a dinamicida<strong>de</strong><br />
que caracterizam o viver h<strong>uma</strong>no.<br />
Esses três elementos acima explicita<strong>do</strong>s <strong>de</strong>safiam as instâncias<br />
responsáveis pela formação <strong>do</strong>s homens para a vida em socieda<strong>de</strong>: as escolas.<br />
Etges (no prelo), tratan<strong>do</strong> da importância <strong>de</strong> ter os olhos volta<strong>do</strong>s para o<br />
presente, explicita:<br />
149<br />
educação para a compreensão e a interpretação não tem a<br />
A<br />
<strong>de</strong> preparar para um futuro mítico, – o <strong>de</strong> um progresso<br />
finalida<strong>de</strong><br />
– o <strong>de</strong> correr sempre atrás <strong>do</strong> prejuízo. Este tipo <strong>de</strong> corrida<br />
infinito<br />
frente sem fim nem senti<strong>do</strong>, como se a felicida<strong>de</strong> e a<br />
para<br />
estivessem sempre <strong>à</strong> frente, lá no futuro e não no<br />
realização<br />
A educação para a compreensão e a interpretação olha<br />
presente.<br />
presente <strong>do</strong> aluno e leva em conta a experiência e as<br />
o<br />
que os meninos e as meninas, os jovens têm aqui e<br />
necessida<strong>de</strong>s<br />
Educar para a compreensão é ensinar a fazer conexões,<br />
agora.<br />
entre diversos saberes a partir <strong>de</strong> conceitos ou idéias-<br />
relações<br />
isto é, que são problemáticas, porque não apresentam<br />
chave,<br />
únicas, que vão além das matérias escolares e que<br />
respostas<br />
explorá-las para apren<strong>de</strong>r a <strong>de</strong>scobrir relações,<br />
permitem<br />
sobre os significa<strong>do</strong>s das interpretações <strong>do</strong>s fatos e<br />
interrogar-se<br />
continuar apren<strong>de</strong>n<strong>do</strong>.<br />
Temos a ilustrar, com <strong>de</strong>poimentos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes <strong>do</strong> Atelier, dispostos<br />
na páginas subseqüentes, como se têm manifesta<strong>do</strong> as três mo<strong>dal</strong>ida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
mediação já referidas.<br />
Quanto <strong>à</strong> mediação corporal, to<strong>do</strong>s sabemos que a escola possui um<br />
mo<strong>de</strong>lo que há muitos anos se impõe e forja o mo<strong>do</strong> como os educan<strong>do</strong>s <strong>de</strong>vem<br />
se portar no espaço escolar. Este mo<strong>do</strong> envolve maneiras <strong>de</strong> se vestir, <strong>de</strong> andar,<br />
sentar e se mover naquele espaço. Há regras <strong>de</strong> proibição a certos espaços, há
obstáculos a alguns acessos (mesmo n<strong>uma</strong> escola que se diz pública, por<br />
exemplo, as salas <strong>de</strong> informática são “mecas” <strong>de</strong>stinadas a alguns poucos<br />
escolhi<strong>do</strong>s), e isto se reflete no mo<strong>do</strong> como os educan<strong>do</strong>s se comportam e<br />
reagem por ocasião da mudança das ativida<strong>de</strong>s educativas, ou seja, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> sala<br />
<strong>de</strong> aula para um laboratório, para um espaço aberto ou para <strong>uma</strong> outra sala com<br />
almofadas ou poltronas, sem quadro <strong>de</strong> giz, ou a um convite <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ao ar livre,<br />
n<strong>uma</strong> sala <strong>de</strong> cinema ou ví<strong>de</strong>o, etc...<br />
Essa aparentemente simples mudança <strong>de</strong> espaço altera não apenas as<br />
posturas corporais, como a forma <strong>de</strong> comportamento <strong>do</strong>s educan<strong>do</strong>s que vai<br />
<strong>de</strong>s<strong>de</strong> a interpretação <strong>de</strong> que qualquer outro espaço <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, que não o<br />
convencional, po<strong>de</strong> significar um momento <strong>de</strong> não-aula, <strong>de</strong> dispersão e<br />
negligência educativa, até a apresentação <strong>de</strong> comportamento difícil <strong>de</strong> ser<br />
administra<strong>do</strong> em relação aos primeiros momentos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e produção <strong>de</strong><br />
conhecimento e aprendizagem fora <strong>de</strong>sse espaço convencional. Muitas são as<br />
perguntas <strong>do</strong> tipo: quan<strong>do</strong> é que vai começar a aula? Não teremos trabalho<br />
escrito? Mas a senhora não vai dizer como temos que fazer? E assim por diante,<br />
como se outros ambientes não fossem reconheci<strong>do</strong>s como espaços <strong>de</strong> ou para o<br />
conhecimento, por não estarem nos padrões tradicionais ou da “oficialida<strong>de</strong>”.<br />
Observamos que inicialmente os apren<strong>de</strong>ntes tinham dificulda<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />
reconhecer que aquele era um outro espaço para o estu<strong>do</strong> e a produção <strong>de</strong><br />
conhecimentos, mostran<strong>do</strong>-se <strong>de</strong>sacomoda<strong>do</strong>s, inquietos, <strong>de</strong>sinstala<strong>do</strong>s e com<br />
expressões <strong>de</strong> pouca intimida<strong>de</strong> com os objetos e artefatos tecnológicos que<br />
compunham esse outro espaço <strong>de</strong> construção <strong>do</strong> conhecimento.<br />
150
O trato com o computa<strong>do</strong>r revelava, nas diferentes turmas e com diversos<br />
apren<strong>de</strong>ntes, toda <strong>uma</strong> cultura antitecnologia que a socieda<strong>de</strong> e a própria escola<br />
muitas vezes cunha. Essa ari<strong>de</strong>z expressava-se no mo<strong>do</strong> pouco amigável com<br />
que alguns apren<strong>de</strong>ntes lidavam com a máquina levan<strong>do</strong> um certo tempo para<br />
sentirem que o laboratório era um outro espaço <strong>de</strong> estu<strong>do</strong>, aquisição e construção<br />
<strong>de</strong> conhecimentos. Anotamos manifestações revela<strong>do</strong>ras <strong>de</strong>sse mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> sentir e<br />
conceber um espaço outro e o trato com a tecnologia:<br />
151<br />
tenho muita intimida<strong>de</strong> com a máquina, aliás, nem <strong>de</strong>la eu<br />
Não<br />
Tecnologia nunca foi meu forte. Nem sei lidar com isso, só<br />
gosto.<br />
o Word, como a colega X falou, assim como <strong>uma</strong> máquina <strong>de</strong><br />
uso<br />
melhorada. Aprendi que essa máquina só serve pra<br />
escrever<br />
o homem, causar <strong>de</strong>semprego e muitas coisas ruins.<br />
incomodar<br />
eu vim aqui por que era <strong>uma</strong> coisa nova que estava sen<strong>do</strong><br />
Mas<br />
então vamos ver no que vai dar (S 31 - A 02, TCD I, VHS<br />
ofertada,<br />
O1).<br />
Com o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>do</strong> trabalho e a lida com a tecnologia, íamos<br />
perceben<strong>do</strong> que a postura <strong>do</strong> corpo, o trato com a máquina e com a ambiente<br />
<strong>de</strong> estu<strong>do</strong> ia se alteran<strong>do</strong> a olhos vistos. Os apren<strong>de</strong>ntes passavam a<br />
concentrar-se no estu<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> necessário e quan<strong>do</strong> a questão <strong>de</strong>mandava,<br />
inter-relacionavam-se <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> amigável e cooperativo, resultan<strong>do</strong>, assim, em<br />
um trabalho mais rico em <strong>uma</strong> vivência mais integrada e enriquecida pela co-<br />
participação.<br />
A acadêmica, autora da manifestação acima transcrita, no final <strong>do</strong><br />
trabalho, já tinha outra postura e outro discurso, outra forma <strong>de</strong> se expressar<br />
corporalmente com a máquina e também outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> pensar.
152<br />
disciplina superou minhas expectativas. Eu tinha outras<br />
Esta<br />
sobre a tecnologia e sobre aulas com tecnologia. Eu<br />
informações<br />
que a professora ia lá na frente falar sobre tecnologia,<br />
imaginava<br />
<strong>de</strong>pois percebi que não foi nada disso. Não imaginava que a<br />
mas<br />
lidaria com a tecnologia, produzin<strong>do</strong> tantas coisas a partir<br />
gente<br />
que tínhamos. Senti que também criamos muito, assim,<br />
<strong>do</strong><br />
a <strong>do</strong>miná-la e produzir coisas novas para o meu<br />
aprendi<br />
e conhecimento. (S 32- A 02, TCD I, VHS O3).<br />
aprendiza<strong>do</strong><br />
Outros apren<strong>de</strong>ntes, ainda, espelharam em seus gestos corporais a<br />
herança <strong>de</strong> <strong>uma</strong> geração que cresceu ouvin<strong>do</strong> seus pais, seus professores<br />
falarem mal da tecnologia e por isso mostravam-se aversivos e ao mesmo tempo<br />
curiosos com esta nova relação. Talvez esse sentimento e comportamento misto<br />
sejam um sinal <strong>de</strong> que a subjetivida<strong>de</strong> está mudan<strong>do</strong>, <strong>uma</strong> vez que já existe <strong>uma</strong><br />
aceitação <strong>de</strong> que a presença tecnológica em nossas vidas é um caminho sem<br />
volta.<br />
Nossa intenção é provar, mesmo que em âmbito menor, que se po<strong>de</strong><br />
perceber nos três níveis <strong>de</strong> mediação, acima comenta<strong>do</strong>s, mudanças lentas, mas<br />
que estão se engendran<strong>do</strong> cotidianamente no espaço social e também na<br />
ambiência educativa, muito embora nesta ainda <strong>de</strong> forma preconceituosa e<br />
<strong>de</strong>veras lenta, levan<strong>do</strong>-se em conta que é justamente <strong>de</strong>sse ambiente que as<br />
tecnologias <strong>de</strong>veriam partir e adquirir um ritmo acelera<strong>do</strong>, <strong>uma</strong> conotação séria e<br />
arregimentada em criteriosa análise e envolvimento.<br />
Outros <strong>de</strong>poimentos importantes fazem parte <strong>do</strong> elenco das coisas<br />
observadas, gravadas, faladas, escritas e sentidas:<br />
a tecnologia bem dispensável para o viver h<strong>uma</strong>no. Eu não<br />
Acho<br />
nem <strong>uma</strong> intimida<strong>de</strong> com ela. Acho que ela está aí mais<br />
tenho<br />
o mal <strong>do</strong> homem <strong>do</strong> que para o bem <strong>de</strong>le. Tenho quase<br />
para<br />
anos e vivi sem ela até agora. (S33 - A 30, TCDIII).<br />
quarenta
153<br />
universida<strong>de</strong>, a questão da Tecnologia ainda está <strong>uma</strong> coisa<br />
Na<br />
universida<strong>de</strong> fala <strong>de</strong> tecnologia como um monstro,<br />
utópica.A<br />
se ela fosse um mal, sem se dar conta que vivemos<br />
como<br />
<strong>de</strong> tecnologia <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que o homem produziu o fogo. Se<br />
cerca<strong>do</strong>s<br />
me <strong>de</strong>ixasse amedrontar pelo que se diz na universida<strong>de</strong>, eu<br />
eu<br />
faria esta disciplina, mas eu sou curiosa, já trabalho com isto<br />
não<br />
e estou aqui. (S 34 - A 07, TCDI).<br />
Observa-se que há, nos <strong>de</strong>poimentos recorta<strong>do</strong>s, ainda que <strong>de</strong> forma<br />
implícita, a manutenção das figuras <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r, <strong>do</strong> status quo social, um reforço a<br />
alguns preconceitos e complexos introjeta<strong>do</strong>s durante anos <strong>de</strong> colonialismos <strong>de</strong><br />
várias espécies. Uma redução <strong>do</strong>s cenários socioculturais a <strong>uma</strong> relação <strong>de</strong><br />
causa e efeito.<br />
Se pensarmos em termos <strong>de</strong> prática pedagógica <strong>do</strong>s profissionais que o<br />
atual mo<strong>de</strong>lo escolar forma, sentimos que a gravida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssa <strong>de</strong>fasagem produz<br />
um ensino inoperante, mero reprodutor <strong>de</strong> conhecimentos. Há <strong>uma</strong> dissonância<br />
claramente visível <strong>uma</strong> vez que muitos jovens que chegam <strong>à</strong> universida<strong>de</strong> já<br />
possuem conhecimento e lidam com a tecnologia e, portanto, carregam em si<br />
um mo<strong>do</strong> diferente, pelo menos em relação aos seus professores, <strong>de</strong> perceber o<br />
mun<strong>do</strong> e <strong>de</strong> se portar no ambiente educativo.<br />
tecnologia, nas escolas, ainda está enclausurada, como um<br />
A<br />
para poucos ou para seletos. Os informaticistas, ou mesmo<br />
tema<br />
sem formação específica são transforma<strong>do</strong>s em<br />
funcionários<br />
e o local das máquinas funciona como <strong>uma</strong> Meca<br />
guardiões<br />
sen<strong>do</strong> seus guarda<strong>do</strong>res, pessoas que precisam ser<br />
sagrada,<br />
para permitir que mais pessoas tenham acesso a<br />
reverenciadas<br />
local. Assim, o tempo passa e elas se tornam obsoletas sem<br />
este<br />
os alunos tenham usufruí<strong>do</strong> (S 35 - A 01, TCDI VHS 01).<br />
que<br />
já estou na terceira fase <strong>de</strong> pedagogia e só ouvi falar mal da<br />
Eu<br />
Mas estou aqui por que sou curiosa e quero ver o que<br />
tecnologia.<br />
po<strong>de</strong> me ajudar para melhorar minha prática pedagógica.(S 36<br />
ela<br />
A 25, TCD II).<br />
-
154<br />
sou um homem <strong>de</strong> cinqüenta anos e ainda não tenho muita<br />
Eu<br />
com isso ai. Aliás, tenho até um certo me<strong>do</strong>, <strong>uma</strong> certa<br />
amiza<strong>de</strong><br />
Passei to<strong>do</strong> esse tempo <strong>de</strong> vida e não precisei <strong>de</strong>la pra<br />
aversão.<br />
(S 37 - A 30, TCDIII).<br />
sobreviver.<br />
Pelos recortes discursivos percebe-se que há equívocos e falta <strong>de</strong><br />
conhecimento <strong>do</strong> que seja tecnologia, bem como <strong>uma</strong> certa confusão sustentada<br />
pela idéia <strong>de</strong> que tecnologia seja <strong>uma</strong> invenção recente, um bem para poucos e<br />
um mal que alguns “gênios” criaram para muitos, nestes últimos tempos. Revela<br />
<strong>de</strong>sconhecimento <strong>de</strong> que a tecnologia sempre foi media<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> fazer h<strong>uma</strong>no, e<br />
sempre sustentou o fazer, as relações e os avanços da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong>.<br />
Nossa preocupação aumenta <strong>à</strong> medida que estamos trabalhan<strong>do</strong> com <strong>uma</strong><br />
geração que está praticamente pronta para sair da universida<strong>de</strong> e trabalhar nas<br />
escolas, quan<strong>do</strong> não, já trabalha como um profissional da educação. Nas<br />
universida<strong>de</strong>s o mo<strong>de</strong>lo cartesiano ainda se faz sentir fortemente no<br />
comportamento, na forma segmentada e maniqueísta <strong>de</strong> ver o mun<strong>do</strong> e <strong>de</strong><br />
trabalhar conceitos e conhecimentos. Ainda temos muito ranço para superar e<br />
muitas frentes conjuntas a serem abertas e disponibilizadas.<br />
Nesta próxima Significação recortada <strong>de</strong> <strong>uma</strong> conversa oral, po<strong>de</strong>mos<br />
perceber que alg<strong>uma</strong>s posições começam a ser mudadas, porque a apren<strong>de</strong>nte<br />
se percebe <strong>de</strong> outra maneira, se coloca como um outro tipo <strong>de</strong> agente, não<br />
apenas no contexto universitário, mas seguramente no seu contexto <strong>de</strong><br />
profissional da educação e <strong>de</strong> cidadã.<br />
posso dizer que, <strong>de</strong> fato, aprendi nesta disciplina <strong>de</strong> TCD.<br />
Agora<br />
não faço disciplina para cumprir currículo nem para tirar<br />
Agora<br />
Não tenho mais me<strong>do</strong>s: me<strong>do</strong> <strong>de</strong> nota, me<strong>do</strong> <strong>de</strong> não<br />
notas.<br />
o que a professora queria, me<strong>do</strong> <strong>de</strong> não estar<br />
escrever<br />
agradan<strong>do</strong>. Nesta experiência me senti <strong>à</strong> vonta<strong>de</strong>. Não esperava
155<br />
horas chegarem para sair corren<strong>do</strong> da aula. Agora sei o que é<br />
as<br />
e o que significa trabalho em grupo e também pesquisa.<br />
apren<strong>de</strong>r<br />
primeira vez, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong> <strong>do</strong>is cursos feitos na Universida<strong>de</strong><br />
Pela<br />
vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> que esta disciplina se repita, e digo sem me<strong>do</strong><br />
sinto<br />
aprendi a pesquisar aqui. Estou torcen<strong>do</strong> pela TCDII.<br />
nenhum,<br />
<strong>uma</strong> pessoa diferente daquela que entrou aqui, no primeiro<br />
Sou<br />
<strong>de</strong> aula. E sei que serei <strong>uma</strong> profissional melhor porque<br />
dia<br />
meu espaço e meu mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> conhecer. Nossa é outra<br />
construí<br />
coisa!!! (S 38 - A 7 - TCDI, VHS 04).<br />
Daí nossa contribuição no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> apontarmos que urge um fazer<br />
pedagógico atualiza<strong>do</strong> e em consonância com as necessida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> <strong>uma</strong> educação<br />
mais eficiente para os dias atuais nos quais a <strong>de</strong>sarmonia se acentua quan<strong>do</strong> nos<br />
<strong>de</strong>paramos com a realida<strong>de</strong> da prática cotidiana, das lidas com a tecnologia digital<br />
pelos jovens que estão na faixa etária <strong>de</strong> até 20 anos. Eles já vêm para a escola ,<br />
como acima dissemos, trazen<strong>do</strong> <strong>de</strong> suas casas, <strong>de</strong> seu trabalho, <strong>uma</strong> intimida<strong>de</strong><br />
maior com a tecnologia. Para eles a tecnologia é algo fascinante e <strong>de</strong>safia<strong>do</strong>r<br />
mergulhan<strong>do</strong> nas experiências <strong>de</strong> forma <strong>de</strong>stemida e criativa. Todavia, ao chegar<br />
a universida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>param-se com um mo<strong>de</strong>lo antigo <strong>de</strong> trabalhos ainda escritos <strong>à</strong><br />
mão (para dar <strong>de</strong>monstração <strong>de</strong> fi<strong>de</strong>dignida<strong>de</strong>!), <strong>de</strong> provas orais, <strong>de</strong> proibições <strong>à</strong>s<br />
salas <strong>de</strong> tecnologia, com poucos acessos <strong>à</strong> internet como um ambiente <strong>de</strong><br />
pesquisa e questionamento. Ao invés <strong>de</strong> encontrarem um lugar <strong>de</strong> abertura, <strong>de</strong><br />
discussão <strong>do</strong> que se po<strong>de</strong> fazer para bem aproveitar os recursos tecnológicos<br />
disponíveis, encontram um discurso supera<strong>do</strong> e amargo, que, <strong>de</strong>sconhecen<strong>do</strong> a<br />
trajetória da intimida<strong>de</strong> da h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> com as ferramentas e a tecnologia, a<br />
apresenta como um mal para os homens, como algo que veio para corromper a<br />
“pureza h<strong>uma</strong>na”. Vejamos por exemplo o comentário <strong>de</strong> <strong>uma</strong> acadêmica<br />
participante <strong>de</strong> nosso projeto:
156<br />
para apresentar nesta aula esta gravura e o poema A<br />
Trouxe<br />
<strong>de</strong> Vinicius <strong>de</strong> Moraes para mostrar que é assim que eu<br />
Casa<br />
nesta aula <strong>de</strong> TCD: sem teto, sem pare<strong>de</strong>, sem nada no<br />
comecei,<br />
tecnológico. Mas quero e sinto que vou construir-me e<br />
senti<strong>do</strong><br />
<strong>uma</strong> base para o meu conhecimento.(S 39 - A 46,<br />
construir<br />
TCDIV)<br />
No momento em que fazíamos no LANTEC a anotação acima transcrita,<br />
porque a bateria da filma<strong>do</strong>ra havia termina<strong>do</strong> em plena apresentação <strong>do</strong>s<br />
trabalhos, é que sentimos o quanto nos escapam <strong>do</strong> registro tantas riquezas ali<br />
acontecidas, tantos <strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos ali engendra<strong>do</strong>s e o quanto Gilles Deleuze<br />
(2000, p. 200) tem razão em nos ensinar ver, perceber e, principalmente sentir<br />
que:<br />
linha nunca é regular, o ponto é apenas a inflexão da linha. Pois<br />
A<br />
são os começos nem os fins que contam, mas o meio. As<br />
não<br />
e os pensamentos crescem ou aumentam pelo meio e é aí<br />
coisas<br />
é preciso instalar-se, é sempre aí que isso se <strong>do</strong>bra. Por isso<br />
on<strong>de</strong><br />
conjunto multilinear po<strong>de</strong> comportar rebatimentos,<br />
um<br />
inflexões que fazem comunicar a filosofia, a história<br />
cruzamentos,<br />
filosofia, a história simplesmente, as ciências, as artes. É como<br />
da<br />
<strong>de</strong>svios <strong>de</strong> um movimento que ocupa o espaço <strong>à</strong> maneira <strong>de</strong><br />
os<br />
um turbilhão, com a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> surgir num ponto qualquer.<br />
Dar conta <strong>de</strong> anotar, <strong>de</strong>screver e comentar os fatos, os atos, os<br />
<strong>de</strong>s<strong>do</strong>bramentos, as <strong>do</strong>bras e re<strong>do</strong>bras que se efetivaram no transcorrer <strong>do</strong><br />
processo <strong>de</strong> participação e pesquisa é <strong>uma</strong> tarefa h<strong>uma</strong>namente impossível, mas<br />
sentir o quanto esta ativida<strong>de</strong> ia se constituin<strong>do</strong> em algo importante para a vida <strong>de</strong><br />
to<strong>do</strong>s os que se envolveram com o movimento e o momento educativo nos<br />
incentiva a dizer que o conhecimento, o empenho e a vonta<strong>de</strong> política po<strong>de</strong>m<br />
trazer, <strong>à</strong>s nossas escolas <strong>de</strong>satualizadas, o viço necessário <strong>à</strong> sua atualização.<br />
Cabe aqui salientar que a apresentação tímida e acanhada da poesia A Casa,<br />
acima referida, pela acadêmica autora da <strong>tela</strong>, <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ou instantaneamente
nos vários apren<strong>de</strong>ntes, um movimento corporal <strong>de</strong> dança e juntou vozes para<br />
cantar o poema, n<strong>uma</strong> invocação carinhosa <strong>de</strong> algum momento da infância <strong>de</strong><br />
to<strong>do</strong>s nós.<br />
Foram os vários momentos como estes que nos entusiasmaram e<br />
entusiasmam a continuar acreditan<strong>do</strong> que a escola <strong>de</strong>ve se atualizar o quanto<br />
antes e que isto é perfeitamente possível e imediato. Os <strong>de</strong>poimentos nos<br />
amimam a assim acreditar:<br />
157<br />
que a tecnologia para a aquisição e construção <strong>do</strong><br />
Descobrir<br />
foi a oitava maravilha para mim. Internet é <strong>uma</strong><br />
conhecimento<br />
maravilhosa. A gente viaja pelo mun<strong>do</strong> e enten<strong>de</strong> que a<br />
coisa<br />
está “muito forte lá fora” que <strong>do</strong> outro la<strong>do</strong> <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> tem<br />
vida<br />
pensan<strong>do</strong> como eu e me ajudan<strong>do</strong> a pensar e ver <strong>de</strong><br />
alguém<br />
mais ampla. Foi <strong>uma</strong> superação!!! Eu me “atualizei” e me<br />
maneira<br />
cada dia mais ao estar “plugada” com o mun<strong>do</strong>. (S 40 - A<br />
atualizo<br />
e 15 TCDI, VHS 04)<br />
7<br />
Dessas observações inferimos que há mudanças ocorren<strong>do</strong>, ainda que <strong>de</strong><br />
mo<strong>do</strong> lento. E o atual <strong>de</strong>scompasso, repetimos, po<strong>de</strong>ria muito bem ser ajusta<strong>do</strong><br />
se nas universida<strong>de</strong>s se discutissem, mais <strong>de</strong> perto, pontos e práticas, toman<strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>cisões políticas que efetivassem um fazer pedagógico capaz <strong>de</strong> promover <strong>uma</strong><br />
educação mais aberta e condizente com as necessida<strong>de</strong>s que os sujeitos sociais<br />
apresentam, num contexto <strong>de</strong> vida permea<strong>do</strong> por avanços tecnológicos e<br />
científicos que a escola ainda está longe <strong>de</strong> incorporar e <strong>de</strong>senvolver. A<br />
universida<strong>de</strong>, porém, parece <strong>de</strong>sconhecer o que se passa além <strong>de</strong> seus muros,<br />
mais por falta <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> política <strong>do</strong> que por falta <strong>de</strong> capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> ser, <strong>de</strong> fato, o<br />
lugar das universalida<strong>de</strong>s, da abertura, <strong>do</strong> <strong>de</strong>bate e da produção <strong>de</strong><br />
conhecimentos.
Há mil maneiras <strong>de</strong> tornar as universida<strong>de</strong>s e escolas brasileiras o lugar <strong>do</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento e construção <strong>de</strong> novos conhecimentos e não apenas o lugar da<br />
mera reprodução <strong>do</strong>s conhecimentos produzi<strong>do</strong>s além <strong>de</strong> seus muros. Está aí a<br />
era da tecnologia digital nos apresentan<strong>do</strong> um outro mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> lidar com o<br />
conhecimento, com a linguagem e com a arte, com os seres h<strong>uma</strong>nos, pois<br />
através <strong>de</strong>la vemos e sentimo-nos conecta<strong>do</strong>s a <strong>uma</strong> imensa teia comunicativa<br />
sem fronteiras e sem tempo linear:<br />
158<br />
atualida<strong>de</strong> das nossas percepções é comandada por agentes<br />
A<br />
que geralmente nos captam, mais <strong>do</strong> que os captamos:<br />
invisíveis<br />
pensamentos e as emoções virtuais, impossíveis <strong>de</strong> localizar,<br />
os<br />
E estes, por sua vez, emergem <strong>do</strong> espaço mais virtual<br />
efêmeros.<br />
to<strong>do</strong>s: a consciência, <strong>uma</strong> consciência absolutamente<br />
<strong>de</strong><br />
que está sempre aqui, agora, sem ser <strong>de</strong> nenhum<br />
inapreensível<br />
aqui e <strong>de</strong> nenhum agora (LÉVY, 2001, p. 138).<br />
Po<strong>de</strong>mos dizer que a vida é um acontecimento-teia. É <strong>uma</strong> trama viva, <strong>de</strong><br />
valores, pensares, “sentires” que se encorpam em re<strong>de</strong>-re<strong>de</strong>, re<strong>de</strong>-<strong>tela</strong>, re<strong>de</strong>-<br />
trama, que trama as vidas, que a to<strong>do</strong>s enreda na <strong>do</strong>r ou na beleza cotidiana, pelo<br />
simples fato <strong>de</strong> existirmos to<strong>do</strong>s, mesmo que por trama da vida <strong>de</strong> outras vidas,<br />
que teimam “<strong>tela</strong>tramar”.
159
De obra em obra, <strong>de</strong> linhagem em linhagem, <strong>de</strong> transmissão em<br />
transmissão, a espécie h<strong>uma</strong>na é um único teci<strong>do</strong>, no qual cada membro é <strong>uma</strong><br />
malha. As malhas só existem por causa <strong>do</strong> teci<strong>do</strong>, e o teci<strong>do</strong> por causa da malha.<br />
A inteligência, a moral, a obra <strong>de</strong> cultura estão na construção <strong>do</strong> teci<strong>do</strong>, na<br />
realização <strong>de</strong> sua extensão no espaço e no tempo mais <strong>do</strong> que na i<strong>de</strong>ntificação<br />
estreita com um único nó ou um único motivo. Pois to<strong>do</strong>s os nós se juntam, são<br />
feitos <strong>do</strong> mesmo fio e brilham com a mesma luz.<br />
160
5.1 DA MOSTRA: TELAS MISTAS<br />
V-TELA<br />
símbolo po<strong>de</strong> ser compara<strong>do</strong> a um cristal que reflete<br />
O<br />
maneira diversa <strong>uma</strong> luz, conforme a faceta que a<br />
<strong>de</strong><br />
Po<strong>de</strong>-se dizer que ele é um ser vivo, <strong>uma</strong><br />
recebe.<br />
<strong>de</strong> nosso ser vivo, <strong>uma</strong> parcela <strong>de</strong> nosso ser em<br />
parcela<br />
e em transformação. De mo<strong>do</strong> que, ao<br />
movimento<br />
e apreendê-lo como objeto <strong>de</strong> meditação<br />
contemplá-lo<br />
também a própria trajetória que se<br />
contempla-se<br />
seguir, apren<strong>de</strong>-se a direção <strong>do</strong> movimento em<br />
preten<strong>de</strong><br />
é leva<strong>do</strong> o ser.<br />
que<br />
A percepção <strong>do</strong> símbolo é eminentemente pessoal,<br />
[...]<br />
apenas no senti<strong>do</strong> em que varia <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com<br />
não<br />
indivíduo, mas também no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> que proce<strong>de</strong><br />
cada<br />
pessoa como um to<strong>do</strong>. Ora, cada pessoa é, a um só<br />
da<br />
conquista e dádiva; ela participa da herança<br />
tempo,<br />
<strong>de</strong> <strong>uma</strong> h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> mil vezes<br />
biofisopsicológica<br />
é influenciada por diferenciações culturais e<br />
milenar;<br />
próprias <strong>de</strong> seu meio imediato <strong>de</strong><br />
sociais<br />
e a tu<strong>do</strong> isso acrescenta os frutos <strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>senvolvimento<br />
experiência única e as ansieda<strong>de</strong>s da situação que<br />
<strong>uma</strong><br />
no momento o símbolo tem precisamente essa<br />
vive<br />
excepcional <strong>de</strong> sintetizar n<strong>uma</strong> expressão<br />
proprieda<strong>de</strong><br />
todas as influências <strong>do</strong> inconsciente e da<br />
sensível,<br />
bem como das forças instintivas e<br />
consciência,<br />
em conflito ou em vias <strong>de</strong> se harmonizar no<br />
espirituais,<br />
interior <strong>de</strong> cada homem.<br />
JEAN CHEVALIER<br />
De mo<strong>do</strong> consciente ou inconsciente procurei símbolos que se enlaçam ora<br />
no passa<strong>do</strong>, ora no presente: fio-link, trama-re<strong>de</strong>, <strong>tela</strong>-écran, mitos, <strong>de</strong>uses e<br />
ritos, rotas e metas para dar senti<strong>do</strong> a um fazer que aqui, em parte, apresentei.<br />
N<strong>uma</strong> tecelagem viva cruzei fios <strong>de</strong> <strong>de</strong>sejo, <strong>de</strong> experiências, <strong>de</strong><br />
intensida<strong>de</strong>s e <strong>de</strong> acontecimentos para urdir e vivenciar um processo <strong>de</strong><br />
161
Aprendência que se enreda com a tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital como<br />
actante <strong>de</strong> um outro mo<strong>do</strong> <strong>do</strong> fazer pedagógico e existencial <strong>do</strong>s homens.<br />
Acredito que o que faz o ato educativo merecer o nome <strong>de</strong> Aprendência é a<br />
possibilida<strong>de</strong> que este fazer nos abre no senti<strong>do</strong> <strong>de</strong> estreitar laços entre<br />
processos vitais e processos <strong>de</strong> conhecimento, pois a vida mesma se constitui em<br />
um continuum <strong>de</strong> trocas, <strong>de</strong> respeito <strong>à</strong>s singularida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> inscrições corporais e<br />
<strong>de</strong> ações <strong>de</strong> ensino e aprendizagem.<br />
Evocamos, pois, a palavra Aprendência ao invés <strong>de</strong> ensino- aprendizagem<br />
, por preten<strong>de</strong>rmos dar ao ato pedagógico esta conotação <strong>de</strong> vida, <strong>de</strong> troca, <strong>de</strong><br />
vivências educativas em permanente renovação e em constante convite <strong>à</strong><br />
criação, <strong>à</strong> criativida<strong>de</strong> e <strong>à</strong> transversalida<strong>de</strong>. Também levamos em conta a questão<br />
<strong>do</strong>s avanços da tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital que surge como mais um <strong>do</strong>s<br />
elementos estruturantes da cognição, <strong>de</strong>mandan<strong>do</strong> um intercâmbio e <strong>uma</strong><br />
construção <strong>de</strong> conhecimentos <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> a requerer outras formas <strong>de</strong> relação entre<br />
os apren<strong>de</strong>ntes para que o resulta<strong>do</strong> <strong>de</strong>ssa construção coletiva <strong>de</strong> conhecimentos<br />
esteja sempre <strong>à</strong> frente <strong>de</strong> seu tempo.<br />
Urge que a Aprendência <strong>de</strong> fato ocorra nas escolas ten<strong>do</strong> em vista que a<br />
h<strong>uma</strong>nida<strong>de</strong> entrou num ciclo <strong>de</strong> revisão <strong>de</strong> mo<strong>de</strong>los, valores e práticas em razão<br />
<strong>do</strong>s últimos avanços tecnológicos que <strong>de</strong>mandam outros mo<strong>do</strong>s <strong>do</strong> fazer, <strong>do</strong><br />
atuar, <strong>do</strong> conhecer e <strong>do</strong> ser. Isso <strong>de</strong>senca<strong>de</strong>ia mudanças em nossa subjetivida<strong>de</strong><br />
e não po<strong>de</strong>mos a ela nos referir sem levar em consi<strong>de</strong>ração os diferentes vetores<br />
que se atravessam no mun<strong>do</strong> contemporâneo, <strong>de</strong>ntre os quais o vetor tecnológico<br />
que ocupa um lugar <strong>de</strong> <strong>de</strong>staque.<br />
162
Foi esta percepção e o <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> contribuir para com um fazer pedagógico<br />
em outros mol<strong>de</strong>s que moveram a busca teórico-prática da qual resulta esta tese.<br />
163<br />
Almirantes ou simples marujos vivemos n<strong>uma</strong> socieda<strong>de</strong> configurada sob<br />
novos parâmetros: a socieda<strong>de</strong> da cibercultura, na qual as interações h<strong>uma</strong>nas,<br />
carentes <strong>de</strong> mediação tecnológica em seu amplo espectro, já se apresentam<br />
como algo incompleto.<br />
Precisamos também <strong>de</strong> outras formas <strong>de</strong> interação, ou seja, precisamos<br />
<strong>do</strong> não-h<strong>uma</strong>no e da virtualida<strong>de</strong>. Nossos encontros e nossa i<strong>de</strong>ntificação foram<br />
acresci<strong>do</strong>s <strong>de</strong> outros elementos que imprimem novas marcas ao nosso viver.<br />
Po<strong>de</strong>mos estar on-line ou <strong>de</strong>sconecta<strong>do</strong>s, moramos na rua <strong>do</strong>s Colibris, 114,<br />
mas também temos um outro en<strong>de</strong>reço por meio <strong>do</strong> qual pessoas <strong>de</strong> qualquer<br />
parte <strong>do</strong> planeta nos localizam a qualquer momento: eu@ciberespaço.com ou<br />
http:// www. tepreciso.com.br. Estamos passan<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> lógica binária <strong>de</strong><br />
pensamento para a lógica da multiplicida<strong>de</strong> no pensar e no fazer.<br />
Inserida nesta realida<strong>de</strong> a escola, mais que perceber tais transformações,<br />
necessita presentificá-las em suas ações educativas.<br />
A pesquisa da qual resulta esta tese procurou vivenciar um fazer<br />
pedagógico <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> que os conhecimentos construí<strong>do</strong>s no Atelier - TCD e no<br />
Atelier – Pesquisa fossem um continuum <strong>de</strong> intensida<strong>de</strong>s vibran<strong>do</strong> sobre si<br />
mesmas, trabalhan<strong>do</strong> temas e conhecimentos <strong>de</strong> maneira que cada<br />
multiplicida<strong>de</strong> se comunicasse entre si, circularmente, n<strong>uma</strong> ativida<strong>de</strong><br />
autofecunda<strong>do</strong>ra, nôma<strong>de</strong>, inquieta, sempre insatisfeita com a finitu<strong>de</strong> e<br />
portanto dinâmica, configuran<strong>do</strong>-se conotativamente como um uróboro que
guarda em seu seio a marca da infinitu<strong>de</strong> <strong>do</strong>s movimentos inerentes <strong>à</strong> dinâmica<br />
da vida.<br />
164<br />
A construção <strong>do</strong>s aplicativos pedagógicos, a interlocução com os teóricos<br />
aqui analisa<strong>do</strong>s, os actantes em re<strong>de</strong>, os discursos trazi<strong>do</strong>s <strong>à</strong> cena e tantos<br />
outros que pulsam, aguardan<strong>do</strong> um outro espaço e momento <strong>de</strong> enunciação,<br />
confirmam que os apren<strong>de</strong>ntes envolvi<strong>do</strong>s nas ativida<strong>de</strong>s pedagógicas <strong>do</strong><br />
Atelier pu<strong>de</strong>ram revisar seus conceitos e concepções em relação <strong>à</strong>s ativida<strong>de</strong>s<br />
mediadas pela tecnologia e isso os levou a manifestarem-se diferentemente em<br />
relação ao fazer pedagógico no qual se moviam tradicionalmente, ou seja, o<br />
fazer da mera reprodução <strong>de</strong> conhecimentos. Eles passaram a sentir-se<br />
artífices, construtores <strong>de</strong> seu processo e co-autores <strong>de</strong> novos conhecimentos.<br />
To<strong>do</strong>s sabemos que as universida<strong>de</strong>s, não raro, em nome <strong>de</strong> um<br />
cientificismo e um aca<strong>de</strong>micismo estéreis, esquecem-se <strong>de</strong> dar lugar <strong>à</strong> arte, aos<br />
sentimentos, <strong>à</strong> multiplicida<strong>de</strong> <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s, cristalizan<strong>do</strong> suas ativida<strong>de</strong>s em<br />
normas rígidas <strong>de</strong> impessoalida<strong>de</strong> e distanciamentos. Não é que estejamos<br />
falan<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> instituição da arte, nem <strong>de</strong> um laissez-faire, estamos nos<br />
referin<strong>do</strong> apenas a gestos cotidianos, <strong>de</strong> oportunida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> acontecimentos que<br />
se dão nas salas <strong>de</strong> aula, como o fato <strong>de</strong> trabalhar com a poesia, com a imagem<br />
com a hipertextualida<strong>de</strong> mediatizadas pela tecnologia <strong>de</strong> comunicação digital e<br />
que não se constitui em um investimento fora <strong>do</strong> alcance <strong>de</strong> nossas instituições.<br />
Falamos, pois, <strong>de</strong> clareza <strong>de</strong> objetivos em relação ao tipo <strong>de</strong> profissionais<br />
que estão sen<strong>do</strong> forma<strong>do</strong>s e também nos referimos <strong>à</strong> falta <strong>de</strong> vonta<strong>de</strong> política <strong>de</strong><br />
proporcionar mais agilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> acesso aos meios para que mais estudantes<br />
tenham a tecnologia ao seu dispor na lida diária. Compreen<strong>de</strong>r a premissa <strong>de</strong> que
excluir os apren<strong>de</strong>ntes <strong>de</strong>sta mediação é minimizar suas chances <strong>de</strong> acesso a<br />
condições <strong>de</strong> vida mais digna, <strong>de</strong>ve ser priorida<strong>de</strong> para a universida<strong>de</strong>,<br />
implican<strong>do</strong> repensar e reconduzir os cursos <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res.<br />
Acredito que pu<strong>de</strong>, no <strong>de</strong>curso <strong>de</strong>ste trabalho, evi<strong>de</strong>nciar a idéia <strong>de</strong> que<br />
educar na cibercultura implicará formar cidadãos conscientes, críticos e aptos a<br />
gerenciarem a informação o que implica em <strong>uma</strong> revisão <strong>do</strong> papel <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r<br />
que passa a perceber-se como um almirante das navegações no ciberespaço,<br />
como um arquiteto <strong>do</strong> conhecimento e um motiva<strong>do</strong>r da inteligência coletiva, não<br />
mais como um repassa<strong>do</strong>r <strong>de</strong> conteú<strong>do</strong>s.<br />
Esse novo mo<strong>do</strong> <strong>de</strong> mover-se no espaço educativo, <strong>de</strong>manda, pois, <strong>uma</strong><br />
formação voltada <strong>à</strong> ecologia cognitiva em abordagens transversais que<br />
aban<strong>do</strong>nem a concepção das disciplinas cindidas, fragmentadas<br />
Este outro tipo <strong>de</strong> formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res requer, por parte das<br />
universida<strong>de</strong>s, <strong>uma</strong> revisão <strong>de</strong> suas gra<strong>de</strong>s curriculares que se mostram<br />
inoperantes e ina<strong>de</strong>quadas <strong>à</strong> formação <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res com o perfil necessário <strong>à</strong>s<br />
novas práticas.educativas, portanto, a universida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ve evoluir na direção <strong>de</strong><br />
<strong>uma</strong> <strong>tessitura</strong> curricular hipertextual capaz <strong>de</strong> entretecer e interconectar pontos<br />
que permitam a flexibilida<strong>de</strong> e a polifonia <strong>de</strong> senti<strong>do</strong>s. Urge que reconheçam que<br />
a presença da tecnologia é um caminho irreversível e mais um <strong>do</strong>s meios<br />
necessários <strong>à</strong> construção <strong>de</strong> conhecimentos e <strong>à</strong> ampliação da re<strong>de</strong> <strong>de</strong> contactos<br />
e intercâmbios.<br />
Nesses anos <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e movimento entre teoria e prática percebi-me,<br />
neste coletivo <strong>de</strong> h<strong>uma</strong>nos e não-h<strong>uma</strong>nos <strong>do</strong> Atelier-TCD e <strong>do</strong> Atelier-Pesquisa,<br />
pincelan<strong>do</strong> as marcas esquecidas <strong>do</strong>s contatos mais h<strong>uma</strong>nos no espaço escolar,<br />
165
eforçan<strong>do</strong> traços para aceleração da marcha lenta da burocracia acadêmica.<br />
Também procurei colorir com outros matizes e tons as cores <strong>de</strong> sempre, traçan<strong>do</strong><br />
alguns esboços para outras <strong>tela</strong>s mais amplas e criativas no fazer cotidiano das<br />
salas <strong>de</strong> aulas, esquecidas das cores da vida.<br />
Os aplicativos pedagógicos construí<strong>do</strong>s pelos apren<strong>de</strong>ntes, os<br />
<strong>de</strong>poimentos registra<strong>do</strong>s e manifesta<strong>do</strong>s durante to<strong>do</strong> o processo nos permitem<br />
afirmar que é possível construirmos <strong>uma</strong> escola mais dinâmica e mais condizente<br />
com o espírito <strong>de</strong> um outro tempo.<br />
Creio ter consegui<strong>do</strong> provar que é <strong>de</strong> reencantamento, <strong>de</strong> serieda<strong>de</strong> e não<br />
<strong>de</strong> sisu<strong>de</strong>z, <strong>de</strong> amor e ternura e não <strong>de</strong> banalida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong> gestos construtivos e não<br />
<strong>de</strong> atos paliativos, <strong>de</strong> palavras <strong>de</strong> afeto e não <strong>de</strong> discursos vazios que a<br />
Aprendência <strong>de</strong> constitui.<br />
Não quero dizer que po<strong>de</strong>ria ter feito mais e nem me refiro <strong>à</strong>s esparsas,<br />
experiências sérias e reencata<strong>do</strong>ras que caminham na direção que viemos<br />
apontan<strong>do</strong>. Falo <strong>do</strong>s procedimentos gerais e <strong>do</strong>minantes das universida<strong>de</strong>s<br />
brasileiras. Digo antes que fiz o que pu<strong>de</strong>, neste espaço universitário permea<strong>do</strong><br />
pelas contradições que a própria socieda<strong>de</strong> vive. É nele que me movo e é a partir<br />
<strong>de</strong>le que retomo os movimentos necessários a <strong>uma</strong> dimanização em outra<br />
direção. As greves se interpuseram ao movimento <strong>de</strong> estu<strong>do</strong> e pesquisa,<br />
retardan<strong>do</strong> o <strong>de</strong>senrolar, porém não entrecortaram o fluxo que escapou pelas<br />
necessárias linhas <strong>de</strong> fuga que o constituíram.<br />
O laboratório no qual as ativida<strong>de</strong>s pedagógicas <strong>de</strong>senvolveram-se<br />
apresentou carências no que tange <strong>à</strong> assistência técnica, <strong>de</strong>fasa<strong>do</strong><br />
tecnologicamente (ainda que seu nome contenha promessas <strong>de</strong> Novas<br />
166
Tecnologias), lento em sua estrutura fechada a três chaves, muitos pedi<strong>do</strong>s <strong>de</strong><br />
permissão e alg<strong>uma</strong>s esperas para seu acesso. Importa que com tu<strong>do</strong> isso, ou<br />
com isso tu<strong>do</strong> acontecemos to<strong>do</strong>s, cada qual em sua dimensão idiossincrática,<br />
que no to<strong>do</strong> resultou em <strong>uma</strong> experiência muito rica <strong>de</strong> Aprendência porque <strong>de</strong><br />
construções, mediações e acontecimentos que acompanharão nosso fazer e<br />
nosso viver.<br />
Esta é a universida<strong>de</strong> que temos e o espaço que me foi possível por ora e<br />
não vejo nisto problema algum, mas oportunida<strong>de</strong> <strong>de</strong> crescimento,<br />
reconhecimento <strong>de</strong> índices e evidências que apontam por on<strong>de</strong> se <strong>de</strong>vem<br />
reconduzir os passos rumo <strong>à</strong> construção <strong>de</strong> caminhos mais anchos, mediações<br />
efetivas, portas mais abertas, relações mais transparentes e afetivas para a<br />
construção <strong>de</strong> conhecimentos com <strong>uma</strong> dimensão transversal e tranversátil.<br />
5.2 DA MOSTRA: MANIFESTO<br />
aceitarmos que arte significa o exercício <strong>de</strong> ativida<strong>de</strong>s tais como<br />
Se<br />
edificação <strong>de</strong> templos e casas, a realização <strong>de</strong> pinturas e<br />
a<br />
ou a <strong>tessitura</strong> <strong>de</strong> padrões, nenhum povo existe sem<br />
esculturas,<br />
Muitas pessoas indignam-se ao ver certas cores n<strong>uma</strong> <strong>tela</strong>,<br />
arte.<br />
se tentarmos esquecer tu<strong>do</strong> o que ouvimos a respeito da<br />
mas<br />
ver<strong>de</strong> e céu azul, e olharmos o mun<strong>do</strong> como se tivéssemos<br />
grama<br />
<strong>de</strong> chegar <strong>de</strong> outro planeta n<strong>uma</strong> viagem <strong>de</strong> <strong>de</strong>scoberta,<br />
acaba<strong>do</strong><br />
pela primeira vez, talvez concluíssemos que as coisas são<br />
ven<strong>do</strong>-o<br />
<strong>de</strong> apresentar as coisas mais surpreen<strong>de</strong>ntes. Ora, os<br />
suscetíveis<br />
sentem-se, <strong>à</strong>s vezes, como se estivessem nesta viagem <strong>de</strong><br />
pintores<br />
Querem ver o mun<strong>do</strong> como <strong>uma</strong> novida<strong>de</strong>, e<br />
<strong>de</strong>scoberta.<br />
todas noções aceitas e to<strong>do</strong>s os preconceitos sobre a<br />
aban<strong>do</strong>nar<br />
rosada da carne e as maçãs amarelas ou vermelhas. Não é fácil<br />
cor<br />
<strong>de</strong>ssas idéias ou preconceitos, mas, os artistas que<br />
livrarmo-nos<br />
conseguem fazê-lo, produzem geralmente as obras mais<br />
melhor<br />
excitantes.<br />
E. H. Gombrich<br />
167
Nos atos <strong>de</strong> escrita <strong>do</strong> gênero científico, há alguns sacraliza<strong>do</strong>s ritos que<br />
nos <strong>de</strong>terminam mo<strong>do</strong>s <strong>do</strong> dizer. Há um <strong>de</strong>les que reza que quan<strong>do</strong> se termina<br />
<strong>uma</strong> tese, precisa-se escrever <strong>uma</strong> conclusão.<br />
Eu prefiro apresentar <strong>uma</strong> <strong>tela</strong> ou, melhor: <strong>tela</strong>s. Sim, <strong>tela</strong>s que resultaram<br />
<strong>do</strong> enredamento entre vonta<strong>de</strong>s, estu<strong>do</strong>, conhecimento, fazer pedagógico,<br />
compromisso profissional, leituras, orientações, discussões e vivências tecidas no<br />
Atelier - TCD da <strong>UFSC</strong>, mas “tintadas” na explosão <strong>do</strong>s aconteceres e<br />
acontecimentos que imprimiram em mim fortes marcas <strong>de</strong> Aprendência,<br />
entusiasmo e conhecimento. Acho que já posso ver como é bonita a grama azul<br />
que meus pés pisam neste ver<strong>de</strong> espaço si<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> <strong>uma</strong> perspectiva outra.<br />
No <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong>ste trabalho <strong>de</strong>monstramos as possibilida<strong>de</strong>s <strong>de</strong><br />
construção <strong>de</strong> um fazer pedagógico enlaça<strong>do</strong> com a tecnologia <strong>de</strong> comunicação<br />
digital que se apresenta como <strong>uma</strong> vivência rica e altamente significativa para a<br />
vida <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes.<br />
De fios e <strong>tessitura</strong>s, tramas e <strong>tela</strong>s, <strong>de</strong> Aprendência e “aconteceres” se<br />
ur<strong>de</strong> minha vida, e se enreda meu fazer profissional e pessoal que se presentifica,<br />
em parte, neste trabalho que, sinteticamente, comentei nessa sessão. Mas<br />
novamente surpreen<strong>do</strong>-me, aqui, a<strong>do</strong>lescência e volto a perguntar, na voz <strong>do</strong><br />
pequeno príncipe, <strong>à</strong> nossa comum interlocutora:<br />
O que é um rito? Perguntou o pequeno príncipe <strong>à</strong> raposa.<br />
-<br />
É o que torna um dia diferente <strong>do</strong> outro. Respon<strong>de</strong>u ela.<br />
-<br />
168<br />
Exupéry
Tenho a certeza <strong>de</strong> que experimento mais um dia, diferente <strong>do</strong>s outros.<br />
Estou novamente frente a frente com um <strong>do</strong>s ritos que compõem minha marcha<br />
urobórica e eu me sinto bem, pois sempre gostei <strong>de</strong> mitos e pratiquei ritos.<br />
Gostei <strong>do</strong>s mitos que contavam que <strong>de</strong>uses e <strong>de</strong>usas, em pé <strong>de</strong> igualda<strong>de</strong>,<br />
governavam a natureza e o <strong>de</strong>stino <strong>do</strong>s homens. Pratiquei ritos <strong>de</strong> saudar o<br />
nascer e o pôr <strong>do</strong> sol, <strong>de</strong> pedir a bênção <strong>do</strong>s pais antes <strong>de</strong> <strong>do</strong>rmir, <strong>de</strong> fazer<br />
pedi<strong>do</strong>s <strong>à</strong> estrela ca<strong>de</strong>nte, <strong>de</strong> apanhar o buquê da noiva para ter a certeza <strong>de</strong> um<br />
casamento, <strong>de</strong> esperar Papai-Noel nas noites <strong>do</strong> Natal da infância e <strong>de</strong> ter<br />
sempre <strong>uma</strong> história para contar e um encanto para ouvir.<br />
De gosto <strong>de</strong> mitos e prática <strong>de</strong> ritos fui feita: muito <strong>de</strong> poesia e<br />
sensibilida<strong>de</strong> e um pouco <strong>de</strong> praticida<strong>de</strong>. Com a poesia levo a crença nos homens<br />
e reconheço que o hoje <strong>de</strong> fato é um presente para ser vivi<strong>do</strong> intensamente, para<br />
ser melhor <strong>do</strong> que o ontem, para não <strong>de</strong>sanimar nunca, para evocar a paciência<br />
<strong>de</strong> Penélope nas longas esperas aos amadurecimentos necessários, a astúcia e o<br />
engenho <strong>de</strong> Ariadne na tecelagem <strong>do</strong>s fios que nos ajudam a sair <strong>do</strong>s labirintos<br />
to<strong>do</strong>s Com a poesia interpreto as personagens cujo script a vida traça, acredito<br />
em um mun<strong>do</strong> melhor, em <strong>uma</strong> educação mais eficiente, mais viva/vida, n<strong>uma</strong><br />
escola mais aberta, mais flexível, amalgamada com um fazer-prazer, mais<br />
próxima <strong>do</strong>s avanços da ciência e da tecnologia, <strong>de</strong> <strong>uma</strong> nova ética e <strong>de</strong> outra<br />
estética.<br />
Com o pouco <strong>de</strong> praticida<strong>de</strong> <strong>de</strong> que fui feita escrevo artigos, esboço teses,<br />
cumpro horários, aceito alg<strong>uma</strong>s normas e escrevo conclusões (ainda que<br />
saibamos que tu<strong>do</strong> é provisório nesta vida).<br />
169
Como produto <strong>de</strong>ste trabalho, mais que conclusão, acreditamos que os<br />
objetivos <strong>de</strong> procurar observar como a tecnologia, além <strong>de</strong> produzir os resulta<strong>do</strong>s<br />
específicos, induz a inúmeras ações pelas quais os atores h<strong>uma</strong>nos acontecem,<br />
nas dimensões científicas, artísticas, administrativas e sociais.<br />
Nosso objetivo foi atingi<strong>do</strong> <strong>à</strong> medida que muitos <strong>do</strong>s apren<strong>de</strong>ntes mesmo<br />
sem um maior contacto com disciplinas, assuntos e técnicas específicas,<br />
conseguiram <strong>de</strong>senvolver aplicativos pedagógicos envolven<strong>do</strong> a<br />
transdisciplinarida<strong>de</strong>, ou seja, produziram com competência e aplicabilida<strong>de</strong><br />
temas e conhecimentos <strong>de</strong> áreas específicas entrelaçadas a áreas <strong>de</strong><br />
conhecimento as quais vinham estudan<strong>do</strong> e <strong>de</strong>dican<strong>do</strong>-se no <strong>de</strong>correr <strong>de</strong> seus<br />
estu<strong>do</strong>s na graduação.<br />
Em relação ao nível <strong>de</strong> conhecimento, experiência e contacto <strong>do</strong>s<br />
apren<strong>de</strong>ntes com as tecnologias <strong>de</strong> comunicação digital, foi importante o salto<br />
qualitativo da<strong>do</strong> pela gran<strong>de</strong> maioria <strong>do</strong>s participantes da pesquisa, alteran<strong>do</strong><br />
significativamente o mo<strong>do</strong> como ocorreram as relações entre apren<strong>de</strong>ntes e<br />
<strong>de</strong>stes com a tecnologia, provan<strong>do</strong> que, a conjunção <strong>de</strong> elementos teórico-<br />
meto<strong>do</strong>lógicos, técnicos, pedagógicos e afetivos, mostram-se favoráveis <strong>à</strong><br />
reflexão e <strong>à</strong> produção <strong>de</strong> conhecimentos.<br />
Ainda po<strong>de</strong>mos apontar como resulta<strong>do</strong>s <strong>de</strong>sta pesquisa que os<br />
movimentos <strong>de</strong> Aprendência coletivos e singulares, ocorri<strong>do</strong>s durante as vivências<br />
educativas nos mostraram um momento rico e <strong>de</strong> fértil produção <strong>de</strong><br />
conhecimentos, intercâmbios e trocas que po<strong>de</strong>m ser indicativos para <strong>uma</strong><br />
universida<strong>de</strong> forma<strong>do</strong>ra <strong>de</strong> educa<strong>do</strong>res, cujo contexto educacional seja promotor<br />
da Aprendência <strong>de</strong> mo<strong>do</strong> aberto, atual, flexível e condizente com os avanços<br />
170
tecnológicos e científicos <strong>de</strong> nossa Era, <strong>de</strong>linean<strong>do</strong>-se assim o perfil <strong>do</strong> educa<strong>do</strong>r<br />
necessário a um tempo outro.<br />
E assim fin<strong>do</strong> por dizer que sempre fiz questão <strong>de</strong> não negar em mim nem<br />
<strong>de</strong>sobediência a alg<strong>uma</strong>s normas e nem minhas submissões a outras, nem meus<br />
anjos e nem meus <strong>de</strong>mônios, nem a placi<strong>de</strong>z <strong>de</strong> meu ying e nem a volúpia <strong>de</strong><br />
meu yang, estou <strong>à</strong> vonta<strong>de</strong> para dizer-me neste misto <strong>de</strong> aceitação e recusa que<br />
esta experiência valeu a pena; que certamente sou <strong>uma</strong> educa<strong>do</strong>ra capaz <strong>de</strong><br />
contribuir, se não para melhorar a educação e a universida<strong>de</strong>, ao menos trazer<br />
para sua observação o quanto há por ser feito e o quanto um outro fazer<br />
pedagógico é possível, já e sempre, sem tantos ro<strong>de</strong>ios, verbas ou recursos, mas<br />
com vonta<strong>de</strong> política, conhecimento, empenho e discernimento.<br />
E assim, com poesia e praticida<strong>de</strong> concluo que este trabalho foi acima <strong>de</strong><br />
tu<strong>do</strong> gratificante porque me permitiu perceber que posso ainda fazer muito pela<br />
escola brasileira, pelos apren<strong>de</strong>ntes to<strong>do</strong>s que cruzarem meu caminho.<br />
Alguns índices po<strong>de</strong>m ter fica<strong>do</strong> e cala<strong>do</strong> fun<strong>do</strong>, outros se apagaram no<br />
meio <strong>do</strong> caminho, outros ainda espreitam a presentificação, importa-me, porém,<br />
que entre as marcas expressas visíveis ou não, estejam os acontecimentos<br />
impulsionan<strong>do</strong> outras pegadas em direção <strong>à</strong> Aprendência para <strong>uma</strong> vida <strong>de</strong><br />
completu<strong>de</strong> e interações.<br />
171
DIGITAL REALIZADA NOS ANOS DA GRAÇA DE 2002 E<br />
MOSTRA<br />
2003.<br />
A MARAVILHOSA CRIATIVIDADE, PRESENÇA ATUAL E<br />
COM<br />
DE ATORES HUMANOS E NÃO –HUMANOS OS QUAIS CITO:<br />
VIRTUAL<br />
Dr. Francisco Antonio Pereira Fialho Orienta<strong>do</strong>r<br />
Professor<br />
conexão feita crença em meu trabalho está presente em tu<strong>do</strong>.)<br />
(Sua<br />
Dr. Norberto Jacob Etges Co-orienta<strong>do</strong>r (Sua participação<br />
Prof.<br />
e virtual <strong>de</strong>u luz aos meus passos).<br />
presencial<br />
Dra. Araci Hack Catapan (Seu link tornou possível<br />
Prof.<br />
tu<strong>do</strong> o que se teceu, mais as promessas <strong>de</strong> <strong>uma</strong><br />
institucionalmente<br />
que continua.)<br />
<strong>tessitura</strong><br />
Matil<strong>de</strong> Pellarin Hmeljeviski<br />
Ana<br />
presença, sensibilida<strong>de</strong> e talento <strong>de</strong> artista plástica, mas acima<br />
(Sua<br />
tu<strong>do</strong> <strong>de</strong> ser h<strong>uma</strong>no excepcional tintaram meu trabalho com<br />
<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> tom eternal)<br />
matizes<br />
Eduar<strong>do</strong> Assi (Sua competência bonda<strong>de</strong> e conhecimento<br />
Salésio<br />
estão expressos neste trabalho e farão sempre parte <strong>de</strong><br />
tecnológico<br />
vida.)<br />
minha<br />
<strong>do</strong> TCDI, TCDII, TCDIII, TCDIV.<br />
Apren<strong>de</strong>ntes<br />
são os principais artífices <strong>de</strong>sta Mostra Digital, mas<br />
(Vocês<br />
<strong>de</strong> tu<strong>do</strong> são razão <strong>de</strong> minha busca e incentivo para<br />
acima<br />
construin<strong>do</strong> <strong>uma</strong> educação melhor.)<br />
continuar<br />
OBRIGADA DE CORAÇAO!!!<br />
MOSTRA DIGITAL<br />
TRABALHOS DE ATELIER-TCD<br />
TURMAS TCDI, TCDII, TCDIII.<br />
LANTEC/ <strong>UFSC</strong><br />
FLORIANÓPOLIS 2002-2003<br />
172<br />
AUTORIA: APRENDENTES DO ATELIER TCD
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_____. Atlas. Instituto Piaget; Lisboa: Gráfica Manuel Barbosa & Filhos, Ltda.,<br />
1997.<br />
THOME, Zeina Rebouças Corrêa. O Parlamento das Técnicas e <strong>do</strong>s Homens:<br />
Um estu<strong>do</strong> sobre as re<strong>de</strong>finições <strong>do</strong> Trabalho n<strong>uma</strong> indústria da Zona Franca <strong>de</strong><br />
184
Manaus. Florianópolis: <strong>UFSC</strong>/CTE, 2001.<br />
185
ANEXOS<br />
186
ANEXO 01<br />
PERFIL TCDI<br />
187
188
189
190
ANEXO 02<br />
PERFIL TCD II 2002.2<br />
191
192
193
IDADE<br />
ANEXO 03<br />
PERFIL TCD III<br />
194
67%<br />
8%<br />
Cursos<br />
17%<br />
8%<br />
Pedagogia<br />
Licenc. Letras<br />
Licenc. Filos<br />
Licenc. Psic.<br />
195
21%<br />
6%<br />
6%<br />
31%<br />
Utiliza para:<br />
18%<br />
18%<br />
Lazer<br />
p. <strong>de</strong><br />
Visitar<br />
disciplinas<br />
Pesquisar<br />
Desenvolver<br />
produtos<br />
Trabalhar<br />
Outros<br />
196
ANEXO 4<br />
PERFIL TCD IV 2003.2<br />
197
198
199
ANEXO 5<br />
PERFIL DAS QUATRO TURMAS DO ATELIER<br />
200
201
ANEXO 6<br />
ATELIER TCD: DO COTIDIANO<br />
AULA DO DIA 19/03/2003<br />
Percepção <strong>do</strong> primeiro contato com a disciplina:<br />
202<br />
que um <strong>do</strong>s meus objetivos específicos é oferecer aos<br />
Consi<strong>de</strong>ran<strong>do</strong><br />
<strong>do</strong>s ensinos fundamental e médio, textos sobre Filosofia, com o intuito <strong>de</strong><br />
alunos<br />
a reflexão <strong>do</strong>s estudantes <strong>de</strong>sta faixa etária, a percepção que tive<br />
provocar<br />
primeiro encontro, foi vislumbrar a possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong> elaborar estes textos<br />
neste<br />
um formato audiovisual agradável que incentive os educan<strong>do</strong>s a<br />
com<br />
<strong>de</strong> forma crítica e criativa as “lições <strong>do</strong> dia-a-dia”.<br />
compreen<strong>de</strong>r,<br />
essas, que tanto po<strong>de</strong>m ser curriculares quanto <strong>à</strong>quelas que<br />
Lições<br />
percebemos <strong>de</strong> imediato ser <strong>uma</strong> “aula” que a vida nos oferece, no entanto,<br />
não<br />
estamos receben<strong>do</strong> diariamente.<br />
as<br />
sen<strong>do</strong>, vejo que as técnicas e discussões que serão apresentadas nos<br />
Assim<br />
serão <strong>de</strong> importância ímpar para alcançar este objetivo. (A 33, TCD<br />
encontros<br />
III)<br />
tecnologia vem a cada dia invadin<strong>do</strong> mais a nossa vida. Se faz presente em<br />
A<br />
to<strong>do</strong>s os segmentos da socieda<strong>de</strong>. Não há como se <strong>de</strong>svencilhar da<br />
quase<br />
A partir <strong>do</strong> momento em que o homem se encontra inseri<strong>do</strong> no meio<br />
tecnologia.<br />
é constantemente bombar<strong>de</strong>a<strong>do</strong> pela comunicação <strong>de</strong> imagens,<br />
social<br />
pela tecnologia.<br />
possibilitada<br />
das únicas áreas que <strong>de</strong>ixa a <strong>de</strong>sejar quan<strong>do</strong> se fala em tecnologia e<br />
Uma<br />
digital é a educação. O saber na sala <strong>de</strong> aula se limita muito a<br />
comunicação<br />
oral e escrita. A comunicação pela imagem amplia muito mais o<br />
expressão<br />
da reflexão crítica. Faz-se necessária <strong>uma</strong> adaptação, <strong>uma</strong> transposição<br />
âmbito<br />
<strong>do</strong>s conceitos e textos através <strong>do</strong> uso da tecnologia e <strong>de</strong> imagens, para<br />
didática,<br />
o interesse <strong>do</strong> aluno seja <strong>de</strong>sperta<strong>do</strong> para a reflexão. A educação precisa <strong>de</strong><br />
que<br />
acompanhar o <strong>de</strong>senvolvimento tecnológico <strong>do</strong>s <strong>de</strong>mais segmentos<br />
informatizar,<br />
socieda<strong>de</strong>.<br />
da<br />
imagens que nos foram apresentadas nesta aula inicial, <strong>de</strong>spertaram em<br />
As<br />
um, <strong>uma</strong> percepção diferente, <strong>uma</strong> representação subjetiva. Para mim<br />
cada<br />
mostrar a mudança que vem ocorren<strong>do</strong> através da internet, a chave<br />
procuraram<br />
acesso ao mun<strong>do</strong>, que permite que ao mesmo tempo em que você está em<br />
<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong>termina<strong>do</strong> lugar, possa ser virtualmente transporta<strong>do</strong> para o outro canto <strong>do</strong><br />
um<br />
mun<strong>do</strong>.<br />
começan<strong>do</strong> a notar a importância da imagem em nossas vidas, notar<br />
Estou<br />
vivemos em meio a imagens que sempre nos dizem algo, basta<br />
como<br />
percebermos....<br />
19 <strong>de</strong> março <strong>de</strong> 2003<br />
Florianópolis,<br />
36, TCD III)<br />
(A
É importante registrar sobre a aula <strong>de</strong> hoje que a poesia po<strong>de</strong> ser<br />
sentida <strong>de</strong> formas variadas, conforme as experiências vividas <strong>de</strong><br />
cada um. Nesse senti<strong>do</strong>, ao trabalhar poesia na escola, o<br />
professor <strong>de</strong>ve consi<strong>de</strong>rar em primeiro lugar as individualida<strong>de</strong>s<br />
que existem, e em segun<strong>do</strong>, propiciar um ambiente favorável <strong>à</strong><br />
criação e <strong>à</strong> imaginação.<br />
pessoal estou sugerin<strong>do</strong> alg<strong>uma</strong>s leituras para quem esta<br />
Ola<br />
com o foco em iconografia<br />
trabalhan<strong>do</strong><br />
também para os <strong>de</strong>mais, precisamos investir mais em leituras para<br />
e<br />
nossos projetos.<br />
fundamentar<br />
os livros estão muito caros, talvez vocês possam combinar e<br />
Como<br />
pessoa compra um e se faz um revezamento a titulo <strong>de</strong><br />
cada<br />
empréstimos.<br />
um abraço<br />
Com<br />
DIANA: A ARTE NO SECULO XXI, SÃO PAULO, UNESP, 1997<br />
DOMINGUES<br />
& NOTH, Imagem: Cognição, semiótica, mídia São Paulo,<br />
SANTAELLA<br />
1998.<br />
Iluminuras<br />
FERNANDO Cultura Visual , mudança educativa e Projeto <strong>de</strong><br />
HERNANDEZ,<br />
trabalho.POÁ Artmed<br />
203<br />
(A 57, TCDs)<br />
saber se irá ser oferecida a disciplina <strong>de</strong> tecnologia educativa -<br />
Queria<br />
– como optativa neste semestre, pois tenho <strong>uma</strong> turma <strong>de</strong><br />
Atelier<br />
meninas <strong>do</strong> 7º semestre <strong>de</strong> Letras interessadas em fazê-la. Um abraço.<br />
(A 56 TCD- Pesquisa)
Caro usuário,<br />
Confirme a sua assinatura!<br />
pedi<strong>do</strong> para assinar o grupo atellier_tcd@grupos.com.br foi<br />
Seu<br />
pelo sistema.<br />
recebi<strong>do</strong><br />
Agora você precisa confirma a assinatura.<br />
isso, você <strong>de</strong>ve respon<strong>de</strong>r esta mensagem ou enviar um e-<br />
Para<br />
em branco para: cmda-3310-atellier_tcd@grupos.com.br<br />
mail<br />
.<br />
possui 06 (seis) dias para conirmar sua assinatura. Após<br />
Você<br />
perío<strong>do</strong>, sua assinatura no grupo em questão será<br />
este<br />
cancelada.<br />
obter maiores informações sobre este grupo, acesse o<br />
Para<br />
en<strong>de</strong>reço:<br />
seguinte<br />
http://www.grupos.com.br/grupos/<br />
MEN5I05 - 2003.1<br />
Agra<strong>de</strong>cemos sua participação!<br />
Você faz parte <strong>do</strong> Grupo: MEN5505 - 2003.1<br />
Você foi incluí<strong>do</strong> no grupo "MEN5105 - 2003.1".<br />
você não queira fazer parte <strong>de</strong>ste grupo, basta respon<strong>de</strong>r<br />
Caso<br />
mensagem (clican<strong>do</strong> sobre "Respon<strong>de</strong>r" ou "Reply" e<br />
esta<br />
envian<strong>do</strong> a mesma).<br />
O que é um Grupo ?<br />
grupo é forma<strong>do</strong> por pessoas que se comunicam através <strong>de</strong><br />
Um<br />
(correio eletrônico). Envian<strong>do</strong> um e-mail para o grupo,<br />
e-mails<br />
os participantes receberão a mensagem e po<strong>de</strong>rão<br />
to<strong>do</strong>s<br />
respondê-la.<br />
serviço TOTALMENTE GRATUITO é disponibiliza<strong>do</strong> por<br />
Este<br />
(A 16 TCDs)<br />
Grupos.com.br.<br />
204
205
ANEXO 7<br />
ENDEREÇOS DOS BLOGGERS TCD IV<br />
206
ANEXO 8<br />
DA LEGALIDADE: EMENTÁRIO/ PROGRAMA<br />
207<br />
DISCIPLINA OPTATIVA PARA O CURSO DE PEDAGOGIA E DEMAIS<br />
LICENCIATURAS<br />
Dra. Araci Hack Catapan MEN/CED/<strong>UFSC</strong><br />
Prof.<br />
Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital e Transposições<br />
DISCIPLINA:<br />
Didáticas<br />
MEN5105<br />
CÓDIGO:<br />
HORÁRIA: 4 créditos<br />
CARGA<br />
DE VAGAS: 20<br />
NUMERO<br />
LANTEC<br />
LOCAL:<br />
Cibercultura e a Pedagogia. Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital e o saber<br />
EMENTA:<br />
Multimídias e transposição didática. Mediação pedagógica em ambiente<br />
transversal.<br />
e virtual. Construin<strong>do</strong> um observatório pedagógico: leitura e produção <strong>de</strong> texto e<br />
atual<br />
<strong>de</strong> hipertexto<br />
DE ENSINO<br />
PLANO<br />
GERAL<br />
OBJETIVO<br />
as implicações pedagógicas que emanam da interseção Pedagogia-<br />
Analisar<br />
<strong>de</strong>senvolven<strong>do</strong> condições para <strong>uma</strong> mediação pedagógica em<br />
Tecnologia<br />
virtual- presencial.<br />
ambiente<br />
ESPECÍFICOS<br />
OBJETIVOS<br />
Discutir as interseções que se estabelecem entre as áreas <strong>de</strong> pedagogia, arte<br />
•<br />
tecnologia, elegen<strong>do</strong> como eixo a Questão da Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação<br />
e<br />
Digital.<br />
Explorar recursos multimídia para enriquecer as transposições didáticas<br />
•<br />
Construir um OPGV - Observatório Pedagógico Virtual-presencial que sirva<br />
•<br />
campo <strong>de</strong> experiências em mediações pedagógicas.<br />
como<br />
Desenvolver pequenos aplicativos pedagógicos para o ensino em diversas<br />
•<br />
áreas<br />
BÁSICOS A SEREM DESENVOLVIDOS<br />
CONCEITOS<br />
Pedagogia e Tecnologia.<br />
•<br />
Cibercultura: o atual e o virtual.<br />
•<br />
Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital.<br />
•<br />
• Transposição Didática e saber transversal.<br />
Media e Multimídia.<br />
•<br />
Texto e Hipertexto.<br />
•<br />
Re<strong>de</strong>s e Simulação.<br />
•<br />
Ambiências e aprendizagem<br />
•<br />
A arte, o estético e o ético nos media<br />
•<br />
A escuta sensível e a pedagogia da imanência<br />
•<br />
METODOLOGIA<br />
epistêmico-meto<strong>do</strong>lógicos: complexida<strong>de</strong>, construtivismo,<br />
Princípios<br />
imanência,<br />
transversalida<strong>de</strong>,<br />
básico: Complexas<br />
Méto<strong>do</strong><br />
Seminários, painéis, GT <strong>de</strong> discussão e produção<br />
Técnicas:<br />
LANTEC e OPGV<br />
Ambiência:<br />
AVALIAÇÃO<br />
cooperativa e <strong>do</strong>cumentada através <strong>de</strong> protocolos <strong>de</strong> acor<strong>do</strong> com o contrato<br />
Contínua,<br />
didático estabeleci<strong>do</strong> entre os apren<strong>de</strong>ntes<br />
Ativida<strong>de</strong>s<br />
<strong>de</strong> discussão<br />
Lista<br />
Fórum<br />
(aplicativo<br />
Software<br />
pedagógico)<br />
Pedagógico<br />
Observatório<br />
Virtual
ANEXO 9<br />
ATELIER – PESQUISA<br />
Fe<strong>de</strong>ral <strong>de</strong> Santa Catarina (<strong>UFSC</strong>) – Brasil<br />
Universida<strong>de</strong><br />
<strong>de</strong> Ciências da Educação<br />
Centro<br />
Departamento <strong>de</strong> Meto<strong>do</strong>logia <strong>de</strong> Ensino<br />
Laboratório <strong>de</strong> Novas Tecnologias em Educação – LANTEC<br />
Campus Universitário, Trinda<strong>de</strong>, CEP 88040-970, Florianópolis,<br />
Santa Catarina, Brasil.<br />
<strong>de</strong> Pesquisa: ATELLIER<br />
Projeto<br />
e Tecnologia <strong>de</strong> Comunicação Digital: um mo<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
Pedagogia<br />
Florianópolis 2003<br />
II. EQUIPE<br />
Aprendência<br />
Pesquisa<strong>do</strong>res:<br />
Dra. Araci Hack Catapan/PPGEP/CTC/CED/<strong>UFSC</strong><br />
Prof.<br />
hack@linhalivre.net<br />
Prof. Ana Matil<strong>de</strong> Hmeljeviski/UDESC anamph@terra.com.br<br />
Doutoranda Beatriz Helena Dal Molin/PPGEP/<strong>UFSC</strong><br />
Prof.<br />
<strong>beatriz</strong>d@eps.ufsc.br<br />
Prof. Msc. Elisabeth Trauer/CED/<strong>UFSC</strong> beth@trauer.com.br<br />
Prof. Dr. Norberto Etges/PPGEP/<strong>UFSC</strong> norbertoetges@ig.com.br<br />
Prof. Marise Jönck Koerich/CA/<strong>UFSC</strong><br />
208
Acadêmicos e Projetos:<br />
Da Lagarta a Borboleta:<br />
Dóris Roncarelli/CFH/<strong>UFSC</strong> <strong>do</strong>ris@sc.sucesu.org.br<br />
Janaína Loppnow/CCE/<strong>UFSC</strong><br />
jloppnow@icablenet.com.br<br />
Do Pica<strong>de</strong>iro <strong>à</strong> Tela<br />
Por Trás <strong>do</strong> Espelho – Uma História Iconográfica<br />
Leila Oliveira Di Pietro/CED/<strong>UFSC</strong> ufam.sc@ig.com.br<br />
Um Concerto a Quatro Mãos: As incuba<strong>do</strong>ras<br />
Tecnológicas da <strong>UFSC</strong><br />
Fabíola Andra<strong>de</strong> Araújo/PPGEP/<strong>UFSC</strong><br />
fabiola_aa@ppop.com.br<br />
Informaticista colabora<strong>do</strong>r<br />
Salésio Eduar<strong>do</strong> Assi/LED/<strong>UFSC</strong> salesio@led.ufsc.br<br />
209
ANEXO 10<br />
LISTAGEM OFICIAL DAS TURMAS DA TCD<br />
210
211
ANEXO 11<br />
STORYBOARD:<br />
STORY BOARD INICIAL<br />
BRINCANDO COM MONTEIRO LOBATO<br />
212<br />
Trabalhar com as séries iniciais a partir <strong>de</strong> um conto <strong>de</strong> Monteiro<br />
Lobato, exploran<strong>do</strong> todas as formas <strong>de</strong> linguagem como a escrita, imagens,<br />
som e animação, sen<strong>do</strong> essa ferramenta um apoio para o processo <strong>de</strong><br />
alfabetização.<br />
O papel da criança, neste aplicativo, será <strong>de</strong> construtor da história e<br />
participante das ativida<strong>de</strong>s propostas.<br />
Monteiro Lobato. Reinações <strong>de</strong> Narizinho. Cap.VIII.<br />
1. conto <strong>de</strong> Monteiro Lobato: A pílula Falante.<br />
2. Procurar na internet propostas ou programas já <strong>de</strong>senvolvi<strong>do</strong>s<br />
nesse campo.<br />
3. Dicionário lúdico para auxiliar a compreensão da história.<br />
4. Desenvolver o programa enquanto história para ser apresentada<br />
<strong>de</strong> mo<strong>do</strong> digital. .<br />
TELA 1 ABERTURA: enquanto toca a música <strong>de</strong> fun<strong>do</strong> <strong>do</strong> sítio <strong>do</strong><br />
pica-pau-amarelo <strong>de</strong> Gilberto Gil. Emília fig 6 vem<br />
surgin<strong>do</strong> <strong>de</strong> <strong>uma</strong> longa estrada <strong>do</strong> horizonte trazen<strong>do</strong> <strong>uma</strong><br />
caixinha <strong>de</strong> surpresas e se apresenta. O fun<strong>do</strong> <strong>de</strong>sta<br />
primeira <strong>tela</strong> será <strong>uma</strong> floresta com <strong>uma</strong> longa estrada da<br />
qual surgirá Emília com sua caixinha <strong>de</strong> surpresas.<br />
CAIXINHA DE SURPRESAS: <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong>la sairão as<br />
personagens que serão anima<strong>do</strong>s, fig.1Dona Benta, fig 2Tia<br />
Nastácia, fig 3 Pedrinho, fig 5 Narizinho e fig 4 Emília.<br />
Cada personagem irá se apresentar (essas falas serão<br />
gravadas no COOL EDIT) i<strong>de</strong>ntifican<strong>do</strong> suas<br />
características, seu espaço no sítio, permanecen<strong>do</strong> ao re<strong>do</strong>r<br />
da <strong>tela</strong>. A última a sair é a Narizinho, sua fala inicia a<br />
história da pílula falante.
213
22<br />
ANEXO 12<br />
DA AVALIAÇAO COOPERATIVA / NAVEGAR É PRECISO.*<br />
* O anexo 12 somente po<strong>de</strong> ser visto em sua forma impressa.<br />
214