17.04.2013 Views

Caderno de Canções - Fetraece

Caderno de Canções - Fetraece

Caderno de Canções - Fetraece

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

ÍNDICE<br />

001 - A CANETA E A ENXADA<br />

002 - ADMIRÁVEL GADO NOVO<br />

003 - AMAR COMO JESUS AMOU<br />

004 - AMÉRICA LIVRE<br />

005 - ANUNCIAÇÃO<br />

006 - APESAR DE VOCÊ<br />

007 - ASA BRANCA<br />

008 - AS ANDORINHAS<br />

009 - ASSIM JÁ NINGUÉM CHORA<br />

MAIS<br />

010 - A VITÓRIA DO TRIGO<br />

LYRICS<br />

011 - BAIÃO DAS COMUNIDADES<br />

012 - BANDEIRA DO DIVINO<br />

013 - XIBOM BOMBOM<br />

013 - CABOCLA TEREZA<br />

014 - CALIX BENTO<br />

015 - CANA VERDE<br />

016 - CANTO ALEGRETENSE<br />

017 - CAVALO ZAINO<br />

018 - CHALANA<br />

019 - DE CHÃO BATIDO<br />

020 - CHICO MINEIRO<br />

021 - CHITÃOZINHO E XORORÓ<br />

022 - CIDADÃO<br />

023 - CIO DA TERRA<br />

024 - COLCHA DE RETALHOS<br />

025 - CORAÇÃO CIVIL<br />

026 - CORAÇÃO LIVRE<br />

027 - COURO DE BOI<br />

028 - DESGARRADOS<br />

029 - DISPARADA<br />

030 - ESPINHEIRA<br />

031 - EU CREIO NA SEMENTE<br />

032 - EU FIZ PROMESSA<br />

033 - EU SÓ PEÇO A DEUS<br />

034 - FELICIDADE.<br />

035 - FIO DE CABELO<br />

036 - FUNERAL DE UM LAVRADOR<br />

037 - GENTE HUMILDE<br />

038 - HERDEIRO DA PAMPA POBRE<br />

039 - A INTERNACIONAL<br />

040 - ISTO É A FELICIDADE<br />

041 - JOÃO DE BARRO<br />

042 - LUAR DO SERTÃO<br />

043 - MÁGOA DE BOIADEIRO<br />

044 - A MAJESTADE, O SABIÁ<br />

045 - MARIA, MARIA<br />

046 - MASSA FALIDA<br />

047 - O MENINO DA GAITA<br />

048 - MEU ERRO<br />

049 - MEU PAÍS<br />

050 - MORENINHA LINDA<br />

051 - NEGRINHO DO PASTOREIO<br />

052 - O MENINO DA PORTEIRA<br />

053 - O QUE É, O QUE É?<br />

054 - ORAÇÃO DE SÃO<br />

FRANCISCO<br />

055 - PLANETA AZUL<br />

056 - POEIRA<br />

057 - POR UM PEDAÇO DE PÃO<br />

058 - PRÁ NÃO DIZER QUE NÃO<br />

FALEI DE FLORES<br />

059 - NO RANCHO FUNDO<br />

1


060 - ROMARIA<br />

061 - É PRECISO SABER VIVER<br />

062 - SAUDADE DE MINHA<br />

TERRA<br />

063 - SAUDADES DE MATÃO<br />

064 - TENTE OUTRA VEZ<br />

065 - TERRA TOMBADA<br />

066 - TOCANDO EM FRENTE<br />

067 - TREM DAS ONZE<br />

068 - TRISTEZA DO JECA<br />

069 - BOIADEIRO<br />

070 - VIOLA ENLUARADA<br />

071 - XOTE DA AGRICULTURA<br />

FAMILIAR<br />

072 - ASA BRANCA<br />

073 - ASSUM PRETO<br />

074 - ÚLTIMO PAU DE ARARA<br />

075 - SÚPLICA CEARENSE<br />

076 - TRANSGÊNICO É VENENO<br />

077 - EU SÓ PEÇO A DEUS<br />

2


001 - A CANETA E A ENXADA<br />

“Certa vez uma caneta foi passear<br />

lá no sertão<br />

Encontrou-se com uma enxada,<br />

fazendo a plantação.<br />

A enxada muito humil<strong>de</strong>, foi lhe<br />

fazer saudação,<br />

Mas a caneta soberba não quis<br />

pegar sua mão.<br />

E ainda por <strong>de</strong>saforo lhe passou<br />

uma repreensão.”<br />

Disse a caneta pra enxada não vem<br />

perto <strong>de</strong> mim, não<br />

Você está suja <strong>de</strong> terra, <strong>de</strong> terra<br />

suja do chão<br />

Sabe com quem está falando, veja<br />

sua posição<br />

E não se esqueça à distância da<br />

nossa separação.<br />

Eu sou a caneta soberba que<br />

escreve nos tabelião<br />

Eu escrevo pros governos as leis<br />

da constituição<br />

Escrevi em papel <strong>de</strong> linho, pros<br />

ricaços e barão<br />

Só ando na mão dos mestres, dos<br />

homens <strong>de</strong> posição.<br />

A enxada respon<strong>de</strong>u: que bateu<br />

vivo no chão,<br />

Pra po<strong>de</strong>r dar o que comer e vestir<br />

o seu patrão<br />

Eu vim no mundo primeiro quase no<br />

tempo <strong>de</strong> adão<br />

Se não fosse o meu sustento não<br />

tinha instrução.<br />

Vai-te caneta orgulhosa, vergonha<br />

da geração<br />

A tua alta nobreza não passa <strong>de</strong><br />

pretensão<br />

Você diz que escreve tudo, tem<br />

uma coisa que não<br />

É a palavra bonita que se chama....<br />

educação!<br />

002 - ADMIRÁVEL GADO NOVO<br />

Composição: Zé Ramalho<br />

Vocês que fazem parte <strong>de</strong>ssa<br />

massa que passa nos projetos do<br />

futuro<br />

É duro tanto ter que caminhar e<br />

dar muito mais do que receber<br />

E ter que <strong>de</strong>monstrar sua coragem<br />

à margem do que possa parecer<br />

E ver que toda essa engrenagem já<br />

sente a ferrugem lhe comer<br />

Ê, ô ô, vida <strong>de</strong> gado, povo marcado,<br />

ê, povo feliz<br />

Lá fora faz um tempo confortável,<br />

a vigilância cuida do normal<br />

Os automóveis ouvem a notícia, os<br />

homens a publicam no jornal<br />

E correm através da madrugada a<br />

única velhice que chegou<br />

Demoram-se na beira da estrada e<br />

passam a contar o que sobrou<br />

Ê, ô ô, vida <strong>de</strong> gado, povo marcado,<br />

ê, povo feliz<br />

O povo foge da ignorância apesar<br />

<strong>de</strong> viver tão perto <strong>de</strong>la<br />

E sonham com melhores tempos<br />

idos, contemplam essa vida numa<br />

cela<br />

Esperam nova possibilida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

3


verem esse mundo se acabar<br />

A arca <strong>de</strong> Noé, o dirigível, não<br />

voam nem se po<strong>de</strong> flutuar<br />

003 - AMAR COMO JESUS AMOU<br />

Padre Zezinho<br />

Um dia uma criança me parou<br />

Olhou-me nos meus olhos a sorrir<br />

Caneta e papel na sua mão<br />

Tarefa escolar para cumprir<br />

E perguntou no meio <strong>de</strong> um sorriso<br />

O que é preciso para ser feliz?<br />

Amar como Jesus amou<br />

Sonhar como Jesus sonhou<br />

Pensar como Jesus pensou<br />

Viver como Jesus viveu<br />

Sentir o que Jesus sentia<br />

Sorrir como Jesus sorria<br />

E ao chegar ao fim do dia<br />

Eu sei que dormiria muito mais<br />

feliz<br />

Ouvindo o que eu falei ela me olhou<br />

E disse que era lindo o que eu falei<br />

Pediu que eu repetisse, por favor<br />

Mas não dissesse tudo <strong>de</strong> uma vez<br />

E perguntou <strong>de</strong> novo num sorriso<br />

O que é preciso para ser feliz?<br />

Depois que eu terminei <strong>de</strong> repetir<br />

Seus olhos não saíram do papel<br />

Toquei no seu rostinho e a sorrir<br />

Pedi que ao transmitir fosse fiel<br />

E ela <strong>de</strong>u-me um beijo <strong>de</strong>morado<br />

E ao meu lado foi dizendo assim<br />

Amar como Jesus amou.<br />

004 - AMÉRICA LIVRE<br />

América Latina <strong>de</strong> sangue e suor<br />

Eu quero pra ti um dia melhor<br />

Este povo que sofre pela mesma<br />

razão<br />

Grita por liberda<strong>de</strong> numa nova<br />

canção.<br />

América, América, sou teu filho e<br />

digo<br />

um dia quero ser livre contigo.<br />

América morena do velho e do<br />

novo<br />

Construindo a história na luta do<br />

povo<br />

Numa guerra <strong>de</strong> força contra o<br />

Imperialismo<br />

que dos povos da América é o<br />

gran<strong>de</strong> inimigo.<br />

América minha quero te ver um dia<br />

Teu povo nas ruas com a mesma<br />

alegria<br />

Gritar a vitória no campo e cida<strong>de</strong><br />

e empunhar a ban<strong>de</strong>ira da<br />

liberda<strong>de</strong>.<br />

005 - ANUNCIAÇÃO<br />

Alceu Valença<br />

Na bruma leve das paixões que<br />

vêm <strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro<br />

Tu vens chegando pra brincar no<br />

meu quintal<br />

No teu cavalo peito nu cabelo ao<br />

vento<br />

E o sol quarando nossas roupas no<br />

varal<br />

Tu vens, tu vens<br />

Eu já escuto os teus sinais<br />

A voz do anjo sussurrou no meu<br />

4


ouvido<br />

E eu não duvido já escuto os teus<br />

sinais<br />

Que tu virias numa manhã <strong>de</strong><br />

domingo<br />

Eu te anuncio nos sinos das<br />

catedrais<br />

006 - APESAR DE VOCÊ<br />

Composição: Chico Buarque<br />

Hoje você é quem manda<br />

Falou, tá falado<br />

Não tem discussão<br />

A minha gente hoje anda<br />

Falando <strong>de</strong> lado<br />

E olhando pro chão, viu<br />

Você que inventou este tema<br />

Que inventou <strong>de</strong> inventar<br />

Toda a escuridão<br />

Você que inventou o pecado<br />

Esqueceu se <strong>de</strong> inventar<br />

O perdão<br />

Apesar <strong>de</strong> você<br />

Amanhã há <strong>de</strong> ser<br />

Outro dia<br />

Eu pergunto a você<br />

On<strong>de</strong> vai se escon<strong>de</strong>r<br />

Da enorme euforia<br />

Como vai proibir<br />

Quando o galo insistir<br />

Em cantar<br />

Água nova brotando<br />

E a gente se amando<br />

Sem parar<br />

Quando chegar o momento<br />

Esse meu sofrimento<br />

Vou cobrar com juros, juro<br />

Todo esse amor reprimido<br />

Esse grito contido<br />

Este samba no escuro<br />

Você que inventou a tristeza<br />

Ora, tenha fineza<br />

De <strong>de</strong>sinventar<br />

Você vai pagar e é dobrado<br />

Cada lágrima rolada<br />

Nesse meu penar<br />

Apesar <strong>de</strong> você<br />

Amanhã há <strong>de</strong> ser<br />

Outro dia<br />

Inda pago pra ver<br />

O jardim florescer<br />

Qual você não queria<br />

Você vai se amargar<br />

Vendo o dia raiar<br />

Sem lhe pedir licença<br />

E eu vou morrer <strong>de</strong> rir<br />

Que esse dia há <strong>de</strong> vir<br />

Antes do que você pensa<br />

Apesar <strong>de</strong> você<br />

Amanhã há <strong>de</strong> ser<br />

Outro dia<br />

Você vai ter que ver<br />

A manhã renascer<br />

E esbanjar poesia<br />

Como vai se explicar<br />

Vendo o céu clarear<br />

De repente, impunemente<br />

Como vai abafar<br />

Nosso coro a cantar<br />

Na sua frente<br />

Apesar <strong>de</strong> você<br />

Amanhã há <strong>de</strong> ser<br />

Outro dia<br />

Você vai se dar mal<br />

Etc. e tal<br />

5


007 - ASA BRANCA<br />

Composição: Luiz Gonzaga -<br />

Humberto Teixeira<br />

Quando olhei a terra ar<strong>de</strong>ndo<br />

Qual fogueira <strong>de</strong> São João<br />

Eu perguntei a Deus do céu, ai<br />

Por que tamanha judiação<br />

Que braseiro, que fornalha<br />

Nem um pé <strong>de</strong> plantação<br />

Por falta d'água perdi meu gado<br />

Morreu <strong>de</strong> se<strong>de</strong>, meu alazão<br />

Até mesmo a Asa Branca<br />

Bateu asas do sertão<br />

Então eu disse: A<strong>de</strong>us, Rosinha<br />

Guarda contigo meu coração<br />

Hoje longe, muitas léguas<br />

Numa triste solidão<br />

Espero a chuva cair <strong>de</strong> novo<br />

Pra eu voltar pro meu sertão<br />

Quando o ver<strong>de</strong> dos teus olhos<br />

Se espalhar na plantação<br />

Eu te asseguro: não chores, não,<br />

viu?<br />

Que eu voltarei, viu?<br />

Meu coração.<br />

008 - AS ANDORINHAS<br />

As andorinhas voltaram<br />

E eu também voltei<br />

Pousar, no velho ninho<br />

Que um dia aqui <strong>de</strong>ixei<br />

Nós somos andorinhas<br />

Que vão e quem vem<br />

Á procura <strong>de</strong> amor,<br />

Ás vezes volta cansada,<br />

Ferida machucada<br />

Mas volta pra casa<br />

Batendo suas asas<br />

Com gran<strong>de</strong> dor<br />

Igual a andorinha<br />

Eu parti sonhando<br />

Mas foi tudo em vão<br />

Voltei sem felicida<strong>de</strong><br />

Porque, na verda<strong>de</strong><br />

Uma andorinha,<br />

Voando sozinha<br />

Não faz verão<br />

009 - ASSIM JÁ NINGUÉM<br />

CHORA MAIS<br />

Sabemos que o capitalista<br />

diz não ser preciso<br />

ter Reforma Agrária<br />

Seu projeto traz miséria<br />

Milhões <strong>de</strong> sem terra<br />

jogados na estrada<br />

com medo <strong>de</strong> ir pra cida<strong>de</strong><br />

enfrentar favela (1)<br />

fome e <strong>de</strong>semprego<br />

Saída nessa situação<br />

é segurar as mãos<br />

<strong>de</strong> outros companheiros.<br />

E assim já ninguém<br />

chora mais<br />

ninguém tira o pão<br />

<strong>de</strong> ninguém<br />

chão on<strong>de</strong> pisava o boi (2)<br />

é feijão e arroz,<br />

capim já não convém.<br />

Compadre junte ao Movimento (3)<br />

Convi<strong>de</strong> a comadre<br />

6


e a criançada<br />

Porque a terra só pertence<br />

a quem traz nas mãos<br />

os calos da enxada<br />

Se somos contra o latifúndio<br />

da Mãe Natureza<br />

Somos aliados<br />

E viva a vitória no chão<br />

Sem a concentração<br />

dos latifundiários.<br />

Seguimos ocupando terra<br />

<strong>de</strong>rrubando cercas (4)<br />

conquistando o chão<br />

Que chore o latifundiário<br />

pra sorrir os filhos<br />

<strong>de</strong> quem colhe o pão<br />

E a luta por Reforma Agrária<br />

a gente até pára<br />

se tiver, enfim<br />

coragem a burguesia agrária<br />

<strong>de</strong> ensinar seus filhos a comer<br />

capim.<br />

010 - A VITÓRIA DO TRIGO<br />

LYRICS<br />

Dante Ramon Le<strong>de</strong>sma<br />

Não precisa ser herói<br />

Para lutar pela terra<br />

Por que quando a fome dói<br />

Qualquer homem entra em guerra<br />

É preciso ter cuidado<br />

Para evitar essa luta<br />

Pois cada pai é um soldado<br />

Quando é o pão que se disputa<br />

Se somos todos irmãos<br />

Se todos somos amigos<br />

Basta um pedaço <strong>de</strong> chão<br />

Para a vitória do trigo<br />

Basta um pedaço <strong>de</strong> terra<br />

Para a semente ser pão<br />

Enquanto a fome faz guerra<br />

A paz espera no chão<br />

Basta um pedaço <strong>de</strong> terra<br />

Para a semente ser pão<br />

Enquanto a fome faz guerra<br />

A paz espera no chão<br />

Há planicies que se somem<br />

Dentre o horizonte e o rio<br />

E a vida morre <strong>de</strong> fome<br />

Com tanto campo vazio<br />

Ao longo <strong>de</strong>ssas porteiras<br />

Dessas marias sitiadas<br />

A ambição <strong>de</strong> erguer trincheiras<br />

Contra o sonho, das enxadas<br />

Se somos todos irmãos<br />

Se todos somos amigos<br />

Basta um pedaço <strong>de</strong> chão<br />

Para a vitória do trigo<br />

Basta um pedaço <strong>de</strong> terra<br />

Para a semente ser pão<br />

Enquanto a fome faz guerra<br />

A paz espera no chão<br />

Basta um pedaço <strong>de</strong> terra<br />

Para a semente ser pão<br />

Enquanto a fome faz guerra<br />

A paz espera no chão<br />

Se somos todos irmãos<br />

Se todos somos amigos<br />

7


011 - BAIÃO DAS<br />

COMUNIDADES<br />

Zé Vicente<br />

Somos gente nova vivendo a<br />

união,/ somos povo semente <strong>de</strong><br />

uma nova nação ê, ê..../ Somos<br />

gente nova vivendo o amor,/ somos<br />

comunida<strong>de</strong>, povo do Senhor, ê, ê...<br />

1.Vou convidar os meus irmãos<br />

trabalha-dores: / operários,<br />

lavradores, bisca-teiros e outros<br />

mais./ E juntos vamos celebrar a<br />

confiança/ nossa luta na esperança<br />

<strong>de</strong> ter terra, pão e paz, ê, ê.<br />

2. Vou convidar os índios que ainda<br />

existem,/ as tribos que ainda<br />

insistem no direito <strong>de</strong> viver./ E<br />

juntos vamos reunidos na<br />

memória,/ celebrar uma vitória<br />

que vai ter que acontecer, ê, ê.<br />

3. Convido os negros, irmãos no<br />

sangue e na sina;/ seu gingado nos<br />

ensina a dança da re<strong>de</strong>nção./ De<br />

braços dados, no terreiro da<br />

irmanda<strong>de</strong>,/ vamos sambar <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong>, enquanto chega a razão,<br />

ê, ê.<br />

012 - BANDEIRA DO DIVINO<br />

Os <strong>de</strong>votos do divino vão abrir sua<br />

morada pra ban<strong>de</strong>ira do menino<br />

ser bem-vinda, ser louvada, ai, ai.<br />

Deus nos salve esse <strong>de</strong>voto, pela<br />

esmola em vosso nome dando água<br />

a quem tem se<strong>de</strong>, dando pão a<br />

quem tem fomr, ai, ai.<br />

A ban<strong>de</strong>ira acredita que a semente<br />

seja tanta,<br />

que essa mesa seja farta, que essa<br />

casa seja santa, ai, ai.<br />

Que o perdão seja sagrado, que a<br />

fé seja infinita,<br />

que o homem seja livre, que a<br />

justiça sobreviva, ai, ai.<br />

Assim como os três reis magos,<br />

que seguiram a estrela guia,<br />

a ban<strong>de</strong>ira segue em frente, atrás<br />

<strong>de</strong> melhores dias, ai, ai.<br />

No estandarte vai escrito que ele<br />

voltará <strong>de</strong> novo,<br />

que o Rei será bendito, ele nascerá<br />

do povo, ai, ai.<br />

013 - XIBOM BOMBOM<br />

Composição: As Meninas<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Analisando essa ca<strong>de</strong>ia hereditária<br />

Quero me livrar <strong>de</strong>ssa situação<br />

precária<br />

On<strong>de</strong> o rico cada vez fica mais<br />

rico e o pobre cada vez fica mais<br />

pobre<br />

E o motivo todo mundo já conhece<br />

E que o <strong>de</strong> cima sobe e o <strong>de</strong> baixo<br />

<strong>de</strong>sce<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

8


Bom xibom, xibom, bombom<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Mas eu só quero<br />

Educar meus filhos<br />

Tornar um cidadão<br />

Com muita dignida<strong>de</strong><br />

Eu quero viver bem<br />

Quero me alimentar<br />

Com a grana que eu ganho<br />

Não dá nem pra melar<br />

E o motivo todo mundo já conhece<br />

É que o <strong>de</strong> cima sobe e o <strong>de</strong> baixo<br />

<strong>de</strong>sce<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

Bom xibom, xibom, bombom<br />

013 - CABOCLA TEREZA<br />

Composição: Raul Torres-João<br />

Pacífico<br />

Há tempo eu fiz um ranchinho<br />

Pra minha cabocla morá<br />

Pois era ali nosso ninho<br />

Bem longe <strong>de</strong>sse lugar.<br />

No arto lá da montanha<br />

Perto da luz do luar<br />

Vivi um ano feliz<br />

Sem nunca isso esperá<br />

E muito tempo passou<br />

Pensando em ser tão feliz<br />

Mas a Tereza, doutor,<br />

Felicida<strong>de</strong> não quis.<br />

Pois o sonho neste oiá<br />

Paguei caro meu amor<br />

Pra mor <strong>de</strong> outro caboclo<br />

Meu rancho ela abandonou.<br />

Senti meu sangue fervê<br />

Jurei a Tereza matá<br />

O meu alazão arriei<br />

E ela eu fui procurá.<br />

Agora já me vinguei<br />

É esse o fim <strong>de</strong> um amor<br />

Essa cabocla eu matei<br />

É a minha história, doutor.<br />

014 - CALIX BENTO<br />

Ó Deus salve o oratório<br />

Ó Deus salve o oratório<br />

On<strong>de</strong> Deus fez a morada<br />

Oiá, meu Deus, on<strong>de</strong> Deus fez a<br />

morada, oiá<br />

On<strong>de</strong> mora o calix bento<br />

On<strong>de</strong> mora o calix bento<br />

E a hóstia consagrada<br />

Óiá, meu Deus, e a hóstia<br />

consagrada, oiá<br />

De Jessé nasceu a vara<br />

De Jessé nasceu a vara<br />

E da vara nasceu a flor<br />

Oiá, meu Deus, da vara nasceu a<br />

flor, oiá<br />

E da flor nasceu Maria<br />

E da flor nasceu Maria<br />

De Maria o Salvador<br />

Oiá, meu Deus, <strong>de</strong> Maria o<br />

Salvador, oiá<br />

9


015 - CANA VERDE<br />

Composição: Tonico - Tinoco<br />

Abra a porta e a janela<br />

Venha ver quem é que eu sô<br />

Sô aquele <strong>de</strong>sprezado<br />

Que você me <strong>de</strong>sprezô<br />

Eu já fiz um juramento<br />

De nunca mais ter amô<br />

Pra viver penar chorando<br />

Por tudo lugar que eu vô<br />

Quem canta, seu mal espanta<br />

Chorando será pió<br />

O amô que vai e volta<br />

Na volta, sempre é mió<br />

Chora viola e sanfona<br />

Chora triste o violão<br />

Se o que é ma<strong>de</strong>ira chora<br />

Que dirá meu coração<br />

016 - CANTO ALEGRETENSE<br />

Não me perguntes on<strong>de</strong> fica o<br />

Alegrete<br />

Segue o rumo do teu próprio<br />

coração<br />

Cruzarás pela estrada algum<br />

ginete<br />

E ouvirás toque <strong>de</strong> gaita e violão<br />

Prá quem chega <strong>de</strong> Rosário ao fim<br />

da tar<strong>de</strong><br />

Ou quem vem <strong>de</strong> Uruguaiana <strong>de</strong><br />

manhã<br />

Tem o sol como uma brasa que<br />

ainda ar<strong>de</strong><br />

Mergulhado no Rio Ibirapuitã<br />

Ouve o canto gauchesco e<br />

brasileiro<br />

Desta terra que eu amei <strong>de</strong>s<strong>de</strong><br />

guri<br />

Flor <strong>de</strong> tuna, camoatim <strong>de</strong> mel<br />

campeiro<br />

Pedra moura das quebradas do<br />

Inhanduy<br />

E na hora <strong>de</strong>rra<strong>de</strong>ira que eu<br />

mereça<br />

Ver o sol alegretense entar<strong>de</strong>cer<br />

Como os potros vou virar minha<br />

cabeça<br />

Para os pagos no momento <strong>de</strong><br />

morrer<br />

E nos olhos vou levar o<br />

encantamento<br />

Desta terra que eu amei com<br />

<strong>de</strong>voção<br />

Cada verso que eu componho é um<br />

pagamento<br />

De uma dívida <strong>de</strong> amor e gratidão<br />

017 - CAVALO ZAINO<br />

Composição: Raul Torres<br />

(refrão)<br />

Eu tenho um cavalo zaino<br />

Que na raia é corredor<br />

Já correu quinze carreiras<br />

Todas quinza ele ganhou<br />

Eu solto na quadra e meia<br />

Meu zaino vem no galope<br />

Chega três corpo na frente<br />

nunca precisa chicote<br />

Oh!Oh!Oh! Que cavalo bom<br />

(refrão)<br />

Quizeram comprar meu zaino<br />

Por trinta notas <strong>de</strong> cem<br />

10


Não há dinheiro que pague<br />

O zaino que eu quero bem<br />

Oh!Oh!Oh! Que cavalo bom<br />

(refrão)<br />

Um dia roubaram meu zaino<br />

Fiquei sem meu pareeiro<br />

Meu zaino na mão <strong>de</strong>o utro<br />

Nunca mais chego primeiro<br />

Oh!Oh!Oh! Que cavalo bom<br />

018 - CHALANA<br />

Composição: Mario Zn e Arlindo<br />

Pinto<br />

La vai uma chalana<br />

Bem longe se vai<br />

Navegando no remanso<br />

Do rio Paraguai<br />

Ah! Chalana sem querer<br />

Tu aumentas minha dor<br />

Nessas águas tão serenas<br />

Vai levando meu amor<br />

Ah! Chalana sem querer<br />

Tu aumentas minha dor<br />

Nessas águas tão serenas<br />

Vai levando meu amor<br />

E assim ela se foi<br />

Nem <strong>de</strong> mim se <strong>de</strong>spediu<br />

A chalana vai sumindo<br />

Na curva lá do rio<br />

E se ela vai magoada<br />

Eu bem sei que tem razão<br />

Fui ingrato<br />

Eu feri o seu pobre coração<br />

Ah! Chalana sem querer<br />

Tu aumentas minha dor<br />

Nessas águas tão serenas<br />

Vai levando meu amor<br />

Ah! Chalana sem querer<br />

Tu aumentas minha dor<br />

Nessas águas tão serenas<br />

019 - DE CHÃO BATIDO<br />

Composição: J. A. Preto/M.<br />

Agnoleto e P. Neves<br />

Em xucras bailantas <strong>de</strong> fundo <strong>de</strong><br />

campo<br />

O fole e tranco vão acolherados<br />

O índio bombeia pro taco da bota<br />

E o <strong>de</strong>stino galopa num sonho<br />

aporreado<br />

Polva<strong>de</strong>ira levanta entre o<br />

saran<strong>de</strong>io<br />

E é lindo o ro<strong>de</strong>io <strong>de</strong> chinas<br />

bonitas<br />

Quem tem lida dura e a idéia<br />

madura<br />

Com trago <strong>de</strong> pura a alma palpita<br />

(Atávico surungo <strong>de</strong> chão batido<br />

Xucrismo curtido na tarca do<br />

tempo<br />

Refaz invernadas <strong>de</strong> ânsias<br />

perdidas<br />

E encilha a vida no lombo do<br />

vento.)<br />

Faz parte do mundo do homem<br />

campeiro<br />

Dançar altaneiro no fim <strong>de</strong> semana<br />

O gaúcho se arrima nos braços da<br />

china<br />

E cutuca a sina com um trago <strong>de</strong><br />

cana<br />

Basta estar num fandango do<br />

nosso Rio Gran<strong>de</strong><br />

Pra ver que se expan<strong>de</strong> esse elo<br />

gaúcho<br />

Esta pura verda<strong>de</strong> que não tem<br />

ida<strong>de</strong><br />

11


É a nossa i<strong>de</strong>ntida<strong>de</strong> agüentando o<br />

repuxo<br />

020 - CHICO MINEIRO<br />

Composição: Tonico e Francisco<br />

Ribeiro<br />

Cada vez que me "alembro"<br />

do amigo Chico Mineiro,<br />

das viage que nois fazia<br />

era ele meu companheiro.<br />

Sinto uma tristeza,<br />

uma vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar,<br />

alembrando daqueles tempos<br />

que não hai mais <strong>de</strong> voltar.<br />

Apesar <strong>de</strong> ser patrão,<br />

eu tinha no coração<br />

o amigo Chico Mineiro,<br />

caboclo bom <strong>de</strong>cidido,<br />

na viola era <strong>de</strong>lorido e era o peão<br />

dos boia<strong>de</strong>iro.<br />

Hoje porém com tristeza<br />

recordando das proeza<br />

da nossa viage motin,<br />

viajemo mais <strong>de</strong> <strong>de</strong>z anos,<br />

ven<strong>de</strong>ndo boiada e comprando,<br />

por esse rincão sem-fim<br />

caboco <strong>de</strong> nada temia.<br />

Mas porém, chegou o dia<br />

que Chico apartou-se <strong>de</strong> mim.<br />

Fizemo a urtima viage<br />

Foi lá pro sertão <strong>de</strong> Goiai.<br />

Fui eu e o Chico Mineiro<br />

também foi um capatai.<br />

Viajemo muitos dia<br />

pra chega em Ouro Fino<br />

aon<strong>de</strong> noi passemo a noite<br />

numa festa do Divino.<br />

A festa tava tão boa<br />

mas ante não tivesse ido<br />

o Chico foi baleado<br />

por um home <strong>de</strong>sconhecido.<br />

Larguei <strong>de</strong> compra boiada.<br />

Mataram meu cumpanheiro.<br />

Acabou o som da viola,<br />

acabou seu Chico Mineiro.<br />

Despoi daquela tragédia<br />

fiquei mais aborecido.<br />

Não sabia da nossa amiza<strong>de</strong>.<br />

Porque nós dois era unido.<br />

Quando vi seu documento<br />

me cortou meu coração<br />

vim sabê que o Chico Mineiro<br />

era meu ligítimo irmão.<br />

021 - CHITÃOZINHO E XORORÓ<br />

Composição: Athos Campos e<br />

Serrinha<br />

Eu não troco o meu ranchinho<br />

marradinho <strong>de</strong> cipó<br />

Pruma casa na cida<strong>de</strong>, nem que<br />

seja bangaló<br />

Eu moro lá no <strong>de</strong>serto, sem vizinho<br />

eu vivo só<br />

Só me alegra quando pia lá<br />

praquele escafundó<br />

É o inhambuchitão e o chororó, é o<br />

inhambuchitão e o chororó<br />

Quando rompe a madrugada canta<br />

o galo carijó<br />

Pia triste a coruja na cumieira do<br />

paió<br />

Quando chega o entar<strong>de</strong>cer pia<br />

triste o jaó<br />

Só me alegra quando pia lá<br />

praquele escafundó<br />

É o inhambuchitão e o chororó, é o<br />

inhambuchitão e o chororó<br />

12


Não me dou com a terra roxa, com<br />

a seca larga pó<br />

Na baixada do areião eu sinto um<br />

prazer maior<br />

Ver a rolinha no andar no areião<br />

faz carapó<br />

Só me alegra quando pia lá<br />

praquele escafundó<br />

É o inhambuchitão e o chororó, é o<br />

inhambuchitão e o chororó<br />

Quando sei <strong>de</strong> uma notícia que<br />

outro canta melhor<br />

Meu coração dá um balanço, fica<br />

meio banzaró<br />

Suspiro sai do meu peito que nem<br />

bala geveró<br />

Só me alegra quando pia lá<br />

praquele escafundó<br />

É o inhambuchitão e o chororó, é o<br />

inhambuchitão e o chororó<br />

Eu faço minhas caçadas bem antes<br />

<strong>de</strong> sair o sol<br />

Espingarda <strong>de</strong> cartucho, padrona<br />

<strong>de</strong> tiracolo<br />

Tenho buzina e cachorro pra fazer<br />

forrobodó<br />

Só me alegra quando pia lá<br />

praquele escafundó<br />

É o inhambuchitão e o chororó, é o<br />

inhambuchitão e o chororó...<br />

022 - CIDADÃO<br />

Composição: (Lúcio Barbosa)<br />

Tá vendo aquele edifício, moço?<br />

Aju<strong>de</strong>i a levantar<br />

Foi um tempo <strong>de</strong> aflição, era<br />

quatro condução<br />

Duas pra ir, duas pra voltar<br />

Hoje, <strong>de</strong>pois <strong>de</strong>le pronto<br />

Olho pra cima e fico tonto<br />

Mas me vem um cidadão<br />

Que me diz <strong>de</strong>sconfiado:<br />

Cê tá ai admirado, ou tá querendo<br />

roubar?<br />

Meu domingo está perdido<br />

Vou pra casa entristecido<br />

Dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> beber<br />

E pra aumentar meu tédio<br />

Eu nem posso olhar pro prédio<br />

Que eu aju<strong>de</strong>i a fazer<br />

Tá vendo aquele colégio, moço?<br />

Eu também trabalhei lá<br />

Lá eu quase me arrebento<br />

Fiz a massa, pus cimento<br />

Aju<strong>de</strong>i a rebocar<br />

Minha filha inocente<br />

Veio pra mim toda contente:<br />

Pai, vou me matricular<br />

Mas me diz um cidadão:<br />

Criança <strong>de</strong> pé no chão aqui não<br />

po<strong>de</strong> estudar<br />

Essa dor doeu mais forte<br />

Nem sei porque <strong>de</strong>ixei o norte<br />

Então me pus a dizer<br />

Lá a seca castigava<br />

mas o pouco que eu plantava<br />

tinha direito a colher<br />

Tá vendo aquela igreja, moço?<br />

On<strong>de</strong> o padre diz amém<br />

Pus o sino e o badalo<br />

Enchi minha mão <strong>de</strong> calo<br />

Lá eu trabalhei também<br />

Mas ali valeu a pena<br />

Tem quermesse, tem novena<br />

E o padre me <strong>de</strong>ixa entrar<br />

Foi lá que cristo me disse:<br />

13


Rapaz, <strong>de</strong>ixe <strong>de</strong> tolice<br />

não se <strong>de</strong>ixe amedrontar<br />

fui eu quem criou a terra<br />

enchi os rios e fiz as serras<br />

não <strong>de</strong>ixei nada faltar<br />

hoje o homem criou asas<br />

E na maioria das casas<br />

Eu também não posso entrar<br />

023 - CIO DA TERRA<br />

Composição: Milton Nascimento e<br />

Chico Buarque <strong>de</strong> Hollanda<br />

Debulhar o trigo<br />

Recolher cada bago do trigo<br />

Forjar no trigo o milagre do pão e<br />

se fartar <strong>de</strong> pão<br />

Decepar a cana<br />

Recolher a garapa da cana<br />

Roubar da cana a doçura do mel, se<br />

lambuzar <strong>de</strong> mel<br />

Afagar a terra<br />

Conhecer os <strong>de</strong>sejos da terra<br />

Cio da terra, propícia estação De<br />

fecundar o chão.<br />

024 - COLCHA DE RETALHOS<br />

Composição: Raul Torres<br />

Aquela colcha <strong>de</strong> retalhos<br />

Que tu fizeste<br />

Juntando pedaço em pedaço<br />

Foi costurada<br />

Serviu para nosso abrigo<br />

Em nossa pobreza<br />

Aquela colcha <strong>de</strong> retalhos está<br />

bem guardada<br />

Agora na vida rica que estás<br />

vivendo<br />

Terás como agasalho<br />

Colcha <strong>de</strong> cetim<br />

Mas quando chegar o frio<br />

No teu corpo enfermo<br />

Tu hás <strong>de</strong> lembrar da colcha<br />

E também <strong>de</strong> mim<br />

Eu sei que tu não te lembras<br />

Dos dias amargos<br />

Que junto <strong>de</strong> mim fizeste<br />

O lindo trabalho<br />

E nessa sua vida alegre<br />

Tens o que queres<br />

Eu sei que esqueceste agora<br />

A colcha <strong>de</strong> retalhos<br />

025 - CORAÇÃO CIVIL<br />

Composição: Milton Nascimento e<br />

Fernando Brant<br />

Quero a utopia, quero tudo e mais<br />

Quero a felicida<strong>de</strong> nos olhos <strong>de</strong><br />

um pai<br />

Quero a alegria muita gente feliz<br />

Quero que a justiça reine em meu<br />

país<br />

Quero a liberda<strong>de</strong>, quero o vinho e<br />

o pão<br />

Quero ser amiza<strong>de</strong>, quero amor,<br />

prazer<br />

Quero nossa cida<strong>de</strong> sempre<br />

ensolarada<br />

Os meninos e o povo no po<strong>de</strong>r, eu<br />

quero ver<br />

São José da Costa Rica, coração<br />

civil<br />

Me inspire no meu sonho <strong>de</strong> amor<br />

Brasil<br />

Se o poeta é o que sonha o que vai<br />

ser real<br />

14


Bom sonhar coisas boas que o<br />

homem faz<br />

E esperar pelos frutos no quintal<br />

Sem polícia, nem a milícia, nem<br />

feitiço, cadê po<strong>de</strong>r ?<br />

Viva a preguiça viva a malícia que<br />

só a gente é que sabe ter<br />

Assim dizendo a minha utopia eu<br />

vou levando a vida<br />

Eu viver bem melhor<br />

Doido pra ver o meu sonho<br />

teimoso,um dia se realizar<br />

026 - CORAÇÃO LIVRE<br />

Jorge Trevisol<br />

Eu vejo que a juventu<strong>de</strong> tem muito<br />

amor<br />

Carrega a esperança viva no seu<br />

cantar<br />

Conhece caminhos novos não tem<br />

segredos<br />

Anseia pela justiça e <strong>de</strong>seja a paz<br />

Mas vejo também a dor da<br />

insegurança<br />

Que dói quando é hora certa <strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>cidir<br />

Tem medo <strong>de</strong> <strong>de</strong>ixar tudo então se<br />

cansa<br />

Diz não ao caminho certo e não é<br />

feliz<br />

Hei juventu<strong>de</strong>, rosto do mundo<br />

Teu dinamismo logo encanta quem<br />

te vê<br />

A liberda<strong>de</strong> aposta tudo<br />

Não per<strong>de</strong> nada na certeza <strong>de</strong><br />

vencer<br />

Vai, ven<strong>de</strong> tudo que tens<br />

Dá a quem precisa mais<br />

Vem e segue-me <strong>de</strong>pois<br />

Vem comigo espalhar a paz<br />

Jesus convida, conta comigo<br />

Mas é preciso ter coragem <strong>de</strong><br />

morrer<br />

Coração livre, comprometido<br />

Partilha tudo sem ter medo <strong>de</strong><br />

per<strong>de</strong>r<br />

027 - COURO DE BOI<br />

Conheço um velho ditado, que é do<br />

tempo dos agáis.<br />

Diz que um pai trata <strong>de</strong>z filhos,<br />

<strong>de</strong>z filhos não trata um pai.<br />

Sentindo o peso dos anos sem<br />

po<strong>de</strong>r mais trabalhar,<br />

o velho, peão estra<strong>de</strong>iro, com seu<br />

filho foi morar.<br />

O rapaz era casado e a mulher <strong>de</strong>u<br />

<strong>de</strong> implicar.<br />

"Você manda o velho embora, se<br />

não quiser que eu vá".<br />

E o rapaz, <strong>de</strong> coração duro, com o<br />

velhinho foi falar:<br />

Para o senhor se mudar, meu pai eu<br />

vim lhe pedir<br />

Hoje aqui da minha casa o senhor<br />

tem que sair<br />

Leve este couro <strong>de</strong> boi que eu<br />

acabei <strong>de</strong> curtir<br />

Pra lhe servir <strong>de</strong> coberta aon<strong>de</strong> o<br />

senhor dormir<br />

O pobre velho, calado, pegou o<br />

couro e saiu<br />

Seu neto <strong>de</strong> oito anos que aquela<br />

cena assistiu<br />

Correu atrás do avô, seu paletó<br />

sacudiu<br />

15


Meta<strong>de</strong> daquele couro, chorando<br />

ele pediu<br />

O velhinho, comovido, pra não ver<br />

o neto chorando<br />

Partiu o couro no meio e pro<br />

netinho foi dando<br />

O menino chegou em casa, seu pai<br />

foi lhe perguntando.<br />

Pra quê você quer este couro que<br />

seu avô ia levando<br />

Disse o menino ao pai: um dia vou<br />

me casar<br />

O senhor vai ficar velho e comigo<br />

vem morar<br />

Po<strong>de</strong> ser que aconteça <strong>de</strong> nós não<br />

se combinar<br />

Essa meta<strong>de</strong> do couro vai dar pro<br />

senhor levar<br />

028 - DESGARRADOS<br />

Mário Barbará<br />

Eles se encontram no cais do porto<br />

pelas calçadas<br />

Fazem biscates pelos mercados,<br />

pelas esquinas,<br />

Carregam lixo, ven<strong>de</strong>m revistas,<br />

juntam baganas<br />

E são pingentes das avenidas da<br />

capital<br />

Eles se escon<strong>de</strong>m pelos botecos<br />

entre cortiços<br />

E pra esquecerem contam<br />

bravatas, velhas histórias<br />

E então são tragos, muitos<br />

estragos, por toda anoite<br />

Olhos abertos, o longe é perto, o<br />

que vale é o sonho<br />

Sopram ventos <strong>de</strong>sgarrados,<br />

carregados <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong><br />

Viram copos viram mundos, mas o<br />

que foi nunca mais será<br />

Cevavam mate,sorriso franco,<br />

palheiro aceso<br />

Viraram brasas, contavam casos,<br />

polindo esporas,<br />

Geada fria, café bem quente,<br />

muito alvoroço,<br />

Arreios firmes e nos pescoços<br />

lencos vermelhos<br />

Jogo do osso, cana <strong>de</strong> espera e o<br />

pão <strong>de</strong> forno<br />

O m ilho assado, a carne gorda, a<br />

cancha reta<br />

Faziam planos e nem sabiam que<br />

eram felizes<br />

Olhos abertos, o longe é perto,<br />

oque vale é o sonho<br />

Sopram ventos <strong>de</strong>sgarrados,<br />

carregados <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong><br />

Viram copos viram mundos, mas o<br />

que foi nunca mais será<br />

029 - DISPARADA<br />

Geraldo Vandré e Jair Rodrigues<br />

Prepare o seu coração prás coisas<br />

que eu vou contar<br />

Eu venho lá do sertão, eu venho lá<br />

do sertão<br />

Eu venho lá do sertão e posso não<br />

lhe agradar<br />

Aprendi a dizer não, ver a morte<br />

sem chorar<br />

E a morte, o <strong>de</strong>stino, tudo, a morte<br />

e o <strong>de</strong>stino, tudo<br />

Estava fora do lugar, eu vivo prá<br />

consertar<br />

16


Na boiada já fui boi, mas um dia<br />

me montei<br />

Não por um motivo meu, ou <strong>de</strong><br />

quem comigo houvesse<br />

Que qualquer querer tivesse,<br />

porém por necessida<strong>de</strong><br />

Do dono <strong>de</strong> uma boiada cujo<br />

vaqueiro morreu<br />

Boia<strong>de</strong>iro muito tempo, laço firme<br />

e braço forte<br />

Muito gado, muita gente, pela vida<br />

segurei<br />

Seguia como num sonho, e<br />

boia<strong>de</strong>iro era um rei<br />

Mas o mundo foi rodando nas patas<br />

do meu cavalo<br />

E nos sonhos que fui sonhando, as<br />

visões se clareando<br />

As visões se clareando, até que um<br />

dia acor<strong>de</strong>i<br />

Então não pu<strong>de</strong> seguir valente em<br />

lugar tenente<br />

E dono <strong>de</strong> gado e gente, porque<br />

gado a gente marca<br />

Tange, ferra, engorda e mata, mas<br />

com gente é diferente<br />

Se você não concordar não posso<br />

me <strong>de</strong>sculpar<br />

Não canto prá enganar, vou pegar<br />

minha viola<br />

Vou <strong>de</strong>ixar você <strong>de</strong> lado, vou<br />

cantar noutro lugar<br />

Na boiada já fui boi, boia<strong>de</strong>iro já<br />

fui rei<br />

Não por mim nem por ninguém, que<br />

junto comigo houvesse<br />

Que quisesse ou que pu<strong>de</strong>sse, por<br />

qualquer coisa <strong>de</strong> seu<br />

Por qualquer coisa <strong>de</strong> seu querer ir<br />

mais longe do que eu<br />

Mas o mundo foi rodando nas patas<br />

do meu cavalo<br />

já que um dia montei agora sou<br />

cavaleiro<br />

Laço firme e braço forte num<br />

reino que não tem rei<br />

030 - ESPINHEIRA<br />

Composição: Manoelito Nunes e<br />

Dalvan<br />

Eta espinheira danada<br />

Que pobre atravessa pra<br />

sobreviver<br />

Vive com a carga nas costas<br />

E as dores que sente não po<strong>de</strong><br />

dizer;<br />

Sonha com as belas promessas<br />

De gente importante que tem ao<br />

redor<br />

Quando entrar o fulano<br />

Sair o ciclano será bem melhor<br />

Mas entra ano e sai ano<br />

E o tal <strong>de</strong> fulano ainda é pior<br />

Esse é meu cotidiano<br />

Mais eu não me dano pois Deus é<br />

maior.<br />

O mundo não acaba aqui<br />

O mundo ainda está <strong>de</strong> pé<br />

Enquanto <strong>de</strong>us me <strong>de</strong>r a vida<br />

Levarei comigo esperança e fé!<br />

Eta que gente danada<br />

Que esquece <strong>de</strong> vez a palavra<br />

17


cristã<br />

Ah, eu queria só ver<br />

Se Deus se zangasse e voltasse<br />

amanhã;<br />

Seria um ?Deus nos Acuda?<br />

Um monte <strong>de</strong> Judas querendo<br />

perdão<br />

Com tanta gente graúda<br />

Implorando ajuda com a bíblia na<br />

mão<br />

Mais a esperança é miúda<br />

E a coisa não muda não tem<br />

solução:<br />

Nem tudo que a gente estuda,<br />

Se agarra e se gruda, rebenta no<br />

chão<br />

031 - EU CREIO NA SEMENTE<br />

Osmar Coppi<br />

Intr.: Eu creio sim! (3x)<br />

Ref.: Eu creio na semente, lançada<br />

na terra na vida da gente.<br />

Eu creio no amor. (bis)<br />

1. No canto sonoro da ave que voa,<br />

a<br />

liberda<strong>de</strong> é um grito, bem alto<br />

ressoa.<br />

No jovem que luta a esperança<br />

se faz. A semente que nasce<br />

é vitória da paz.<br />

2. Na voz dos pequenos reunidos<br />

em<br />

prece. No serviço e louvor vida<br />

nova<br />

acontece. Na força do povo um<br />

novo<br />

dia já brilha. Na mesa <strong>de</strong> todos,<br />

eis<br />

o pão da partilha.<br />

3. Nas mãos que semeiam o sonho<br />

<strong>de</strong><br />

Deus. Na terra <strong>de</strong> todos, presente<br />

do<br />

céu. Renasce a alegria no rosto do<br />

povo, com certeza veremos um<br />

mundo<br />

mais novo.<br />

032 - EU FIZ PROMESSA<br />

Eu fiz promessa, pra que Deus<br />

mandasse chuva<br />

Pra crescer a minha roça e vingar<br />

a criação<br />

Pois veio a seca, e matou meu<br />

cafezal<br />

Matou todo o meu arroz e secou<br />

todo algodão<br />

Nessa colheita, meu carro ficou<br />

parado<br />

Minha boiada carreira, quase<br />

morre sem pastar<br />

Eu fiz promessa, que o primeiro<br />

pingo d´água<br />

Eu molhava a flor da santa, que<br />

tava em frete do altar<br />

Eu esperei, uma semana o mês<br />

inteiro<br />

A roça tava tão seca, dava pena<br />

até <strong>de</strong> ver<br />

Olhava o céu, cada nuvem que<br />

passava<br />

Eu da santa me alembrava, pra<br />

promessa não esquecer<br />

Em pouco tempo, a roça ficou<br />

viçosa<br />

A criação já pastava, floresceu<br />

18


meu cafezar<br />

Fui na capela, e levei três pingos<br />

d´água<br />

Um foi o pingo da chuva, doi caiu<br />

do meu olhar<br />

033 - EU SÓ PEÇO A DEUS<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a dor não se seja indiferente<br />

Que a morte não me encontre um<br />

dia<br />

Solitário sem ter feito o que eu<br />

queria<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a injustiça não se seja<br />

indiferente<br />

Pois não posso dar a outra face<br />

Se já fui machucado brutalmente<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a guerra não se seja<br />

indiferente<br />

É um monstro gran<strong>de</strong> e pisa forte<br />

Toda pobre inocência <strong>de</strong>sta gente<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a mentira não se seja<br />

indiferente<br />

Se um só traidor tem mais po<strong>de</strong>r<br />

que um povo<br />

Que este povo não esqueça<br />

facilmente<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que o futuro não se seja<br />

indiferente<br />

Sem ter que fugir <strong>de</strong>senganado<br />

Pra viver uma cultura diferente<br />

034 - FELICIDADE.<br />

Lupicínio Rodrigues<br />

Felicida<strong>de</strong> foi se embora<br />

E a sauda<strong>de</strong> no meu peito ainda<br />

mora<br />

E é por isso que eu gosto lá <strong>de</strong><br />

fora<br />

Porque sei que a falsida<strong>de</strong> não<br />

vigora.<br />

A minha casa fica lá <strong>de</strong>trás do<br />

mundo<br />

On<strong>de</strong> eu vou em um segundo<br />

quando começo a cantar,<br />

O pensamento parece uma coisa à<br />

toa<br />

Mas como é que a gente voa<br />

quando começa a pensar.<br />

035 - FIO DE CABELO<br />

Quando a gente ama<br />

Qualquer coisa serve para<br />

relembrar<br />

Um vestido velho da mulher amada<br />

Tem muito valor<br />

Aquele restinho do perfume <strong>de</strong>la<br />

que ficou no frasco<br />

Sobre a pentea<strong>de</strong>ira<br />

Mostrando que o quarto<br />

Já foi o cenário <strong>de</strong> um gran<strong>de</strong><br />

amor<br />

E hoje o que encontrei me <strong>de</strong>ixou<br />

mais triste<br />

Um pedacinho <strong>de</strong>la que existe<br />

Um fio <strong>de</strong> cabelo no meu paletó<br />

Lembrei <strong>de</strong> tudo entre nós<br />

Do amor vivido<br />

Aquele fio <strong>de</strong> cabelo comprido<br />

Já esteve grudado em nosso suor<br />

19


Quando a gente ama<br />

E não vive junto da mulher amada<br />

Uma coisa à toa<br />

É um bom motivo pra gente chorar<br />

Apagam-se as luzes ao chegar a<br />

hora<br />

De ir para a cama<br />

A gente começa a esperar por<br />

quem ama<br />

Na impressão que ela venha se<br />

<strong>de</strong>itar<br />

E hoje o que encontrei me <strong>de</strong>ixou<br />

mais triste<br />

Um pedacinho <strong>de</strong>la que existe<br />

Um fio <strong>de</strong> cabelo no meu paletó<br />

Lembrei <strong>de</strong> tudo entre nós<br />

Do amor vivido<br />

Aquele fio <strong>de</strong> cabelo comprido<br />

Já esteve grudado em nosso suor<br />

036 - FUNERAL DE UM LAVRADOR<br />

Composição: João Cabral <strong>de</strong> Melo<br />

Neto<br />

Esta cova em que estás com<br />

palmos medida<br />

É a conta menor que tiraste em<br />

vida<br />

É <strong>de</strong> bom tamanho nem largo nem<br />

fundo<br />

É a parte que te cabe <strong>de</strong>ste<br />

latifúndio<br />

Não é cova gran<strong>de</strong>, é cova medida<br />

É a terra que querias ver dividida<br />

É uma cova gran<strong>de</strong> pra teu pouco<br />

<strong>de</strong>funto<br />

Mas estás mais ancho que estavas<br />

no mundo<br />

É uma cova gran<strong>de</strong> pra teu <strong>de</strong>funto<br />

parco<br />

Porém mais que no mundo te<br />

sentirás largo<br />

É uma cova gran<strong>de</strong> pra tua carne<br />

pouca<br />

Mas a terra dada, não se abre a<br />

boca<br />

É a conta menor que tiraste em<br />

vida<br />

É a parte que te cabe <strong>de</strong>ste<br />

latifúndio<br />

É a terra que querias ver dividida<br />

Estarás mais ancho que estavas no<br />

mundo<br />

Mas a terra dada, não se abre a<br />

boca.<br />

037 - GENTE HUMILDE<br />

Tem certos dias<br />

Em que eu penso em minha gente<br />

E sinto assim<br />

Todo o meu peito se apertar<br />

Porque parece<br />

Que acontece <strong>de</strong> repente<br />

Feito um <strong>de</strong>sejo <strong>de</strong> eu viver<br />

Sem me notar<br />

Igual a como<br />

Quando eu passo no subúrbio<br />

Eu muito bem<br />

Vindo <strong>de</strong> trem <strong>de</strong> algum lugar<br />

E aí me dá<br />

Como uma inveja <strong>de</strong>ssa gente<br />

Que vai em frente<br />

Sem nem ter com quem contar<br />

São casas simples<br />

Com ca<strong>de</strong>iras na calçada<br />

E na fachada<br />

Escrito em cima que é um lar<br />

Pela varanda<br />

Flores tristes e baldias<br />

Como a alegria<br />

20


Que não tem on<strong>de</strong> encostar<br />

E aí me dá uma tristeza<br />

No meu peito<br />

Feito um <strong>de</strong>speito<br />

De eu não ter como lutar<br />

E eu que não creio<br />

Peço a Deus por minha gente<br />

É gente humil<strong>de</strong><br />

Que vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar<br />

038 - HERDEIRO DA PAMPA POBRE<br />

Composição: Gaucho da Fronteira -<br />

Vaine Dar<strong>de</strong><br />

Mas que pampa é essa que eu<br />

recebo agora<br />

Com a missão <strong>de</strong> cultivar raízes<br />

Se <strong>de</strong>ssa pampa que me fala a<br />

estória<br />

Não me <strong>de</strong>ixaram nem sequer<br />

matizes?<br />

Passam as mãos da minha geração<br />

Heranças feitas <strong>de</strong> fortunas rotas<br />

Campos <strong>de</strong>sertos que não geram<br />

pão<br />

On<strong>de</strong> a ganância anda <strong>de</strong> ré<strong>de</strong>as<br />

soltas<br />

Se for preciso, eu volto a ser<br />

caudilho<br />

Por essa pampa que ficou pra trás<br />

Porque eu não quero <strong>de</strong>ixar pro<br />

meu filho<br />

A pampa pobre que her<strong>de</strong>i <strong>de</strong> meu<br />

pai<br />

Her<strong>de</strong>i um campo on<strong>de</strong> o patrão é<br />

rei<br />

Tendo po<strong>de</strong>res sobre o pão e as<br />

águas<br />

On<strong>de</strong> esquecidos vive o peão sem<br />

leis<br />

De pés <strong>de</strong>scalços cabresteando<br />

mágoas<br />

O que hoje herdo da minha grei<br />

chirua<br />

É um <strong>de</strong>safio que a minha ida<strong>de</strong><br />

afronta<br />

Pois me <strong>de</strong>ixaram com a guaiaca<br />

nua<br />

Pra pagar uma porção <strong>de</strong> contas<br />

...refrão<br />

Eu não quero <strong>de</strong>ixar pro meu filho<br />

A pampa pobre que her<strong>de</strong>i <strong>de</strong> meu<br />

pai<br />

Eu não quero <strong>de</strong>ixar pro meu filho<br />

A pampa pobre que her<strong>de</strong>i <strong>de</strong> meu<br />

pai<br />

039 - A INTERNACIONAL<br />

De pé, ó vitimas da fome!<br />

De pé, famélicos da terra!<br />

Da idéia a chama já consome<br />

A crosta bruta que a soterra.<br />

Cortai o mal bem pelo fundo!<br />

De pé, <strong>de</strong> pé, não mais senhores!<br />

Se nada somos neste mundo,<br />

Sejamos tudo, oh produtores!<br />

Bem unido façamos,<br />

Nesta luta final,<br />

Uma terra sem amos<br />

A Internacional<br />

Senhores, patrões, chefes<br />

supremos,<br />

Nada esperamos <strong>de</strong> nenhum!<br />

21


Sejamos nós que conquistemos<br />

A terra mãe livre e comum!<br />

Para não ter protestos vãos,<br />

Para sair <strong>de</strong>sse antro estreito,<br />

Façamos nós por nossas mãos<br />

Tudo o que a nós diz respeito!<br />

Bem unido façamos,<br />

Nesta luta final,<br />

Uma terra sem amos<br />

A Internacional<br />

Crime <strong>de</strong> rico a lei cobre,<br />

O Estado esmaga o oprimido.<br />

Não há direitos para o pobre,<br />

Ao rico tudo é permitido.<br />

À opressão não mais sujeitos!<br />

Somos iguais todos os seres.<br />

Não mais <strong>de</strong>veres sem direitos,<br />

Não mais direitos sem <strong>de</strong>veres!<br />

Bem unido façamos,<br />

Nesta luta final,<br />

Uma terra sem amos<br />

A Internacional<br />

Abomináveis na gran<strong>de</strong>za,<br />

Os reis da mina e da fornalha<br />

Edificaram a riqueza<br />

Sobre o suor <strong>de</strong> quem trabalha!<br />

Todo o produto <strong>de</strong> quem sua<br />

A corja rica o recolheu.<br />

Querendo que ela o restitua,<br />

O povo só quer o que é seu!<br />

Bem unido façamos,<br />

Nesta luta final,<br />

Uma terra sem amos<br />

A Internacional<br />

Nós fomos <strong>de</strong> fumo embriagados,<br />

Paz entre nós, guerra aos<br />

senhores!<br />

Façamos greve <strong>de</strong> soldados!<br />

Somos irmãos, trabalhadores!<br />

Se a raça vil, cheia <strong>de</strong> galas,<br />

Nos quer à força canibais,<br />

Logo verrá que as nossas balas<br />

São para os nossos generais!<br />

Bem unido façamos,<br />

Nesta luta final,<br />

Uma terra sem amos<br />

A Internacional<br />

Pois somos do povo os ativos<br />

Trabalhador forte e fecundo.<br />

Pertence a Terra aos produtivos;<br />

Ó parasitas <strong>de</strong>ixai o mundo<br />

Ó parasitas que te nutres<br />

Do nosso sangue a gotejar,<br />

Se nos faltarem os abutres<br />

Não <strong>de</strong>ixa o sol <strong>de</strong> fulgurar!<br />

Bem unido façamos,<br />

Nesta luta final,<br />

Uma terra sem amos<br />

A Internacional<br />

040 - ISTO É A FELICIDADE<br />

Andar sem temor pela vida<br />

e sentir o valor <strong>de</strong> se ter<br />

liberda<strong>de</strong><br />

po<strong>de</strong>r abraçar um amigo<br />

e sentir o valor <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong><br />

amiza<strong>de</strong>.<br />

Isto é a felicida<strong>de</strong><br />

Isto é a felicida<strong>de</strong><br />

Sem ter amor nesta vida<br />

Não há quem seja<br />

Feliz <strong>de</strong> verda<strong>de</strong>.<br />

22


Sentir que se está sempre perto<br />

<strong>de</strong> Deus<br />

E nele encontrar a verda<strong>de</strong><br />

sorrir com a paz <strong>de</strong> um menino<br />

ao olhar pelo sol que começa a<br />

brilhar.<br />

Saber que jamais se per<strong>de</strong>u a<br />

ilusão<br />

saber perdoar com bonda<strong>de</strong>.<br />

Andar sem temor pela vida<br />

e sentir o valor <strong>de</strong> se ter<br />

liberda<strong>de</strong>.<br />

041 - JOÃO DE BARRO<br />

Composição: Teddy Vieira - Muibo<br />

Cury<br />

O João <strong>de</strong> Barro, pra ser feliz<br />

como eu<br />

Certo dia resolveu, arranjar uma<br />

companheira<br />

No vai-e-vem, com o barro da<br />

biquinha<br />

Ele fez sua casinha, lá no galho da<br />

paineira<br />

Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá,<br />

laiá, laiá, laiá, laiá, laiá<br />

Toda manhã, o pedreiro da<br />

floresta<br />

Cantava fazendo festa, pra aquela<br />

quem tanto amava<br />

Mas quando ele ia buscar o<br />

raminho<br />

Pra construir seu ninho seu amor<br />

lhe enganava<br />

Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá,<br />

laiá, laiá, laiá, laiá, laiá<br />

Mas como sempre o mal feito é<br />

<strong>de</strong>scoberto<br />

João <strong>de</strong> Barro viu <strong>de</strong> perto sua<br />

esperança perdida<br />

Cego <strong>de</strong> dor, trancou a porta da<br />

morada<br />

Deixando lá a sua amada presa pro<br />

resto da vida<br />

Laiá, laiá, laiá, laiá, laiá, laiála, laiá,<br />

laiá, laiá, laiá, laiá, laiá<br />

Que semelhança entre o nosso<br />

fadário<br />

Só que eu fiz o contrario do que o<br />

João <strong>de</strong> Barro fez<br />

Nosso senhor, me <strong>de</strong>u força nessa<br />

hora<br />

A ingrata eu pus pra fora por on<strong>de</strong><br />

anda eu não sei<br />

042 - LUAR DO SERTÃO<br />

Vicente Celestino<br />

Ah que sauda<strong>de</strong><br />

Do luar da minha terra<br />

Lá na serra branquejando<br />

Folhas secas pelo chão<br />

Este luar cá da cida<strong>de</strong> tão escuro<br />

Não tem aquela sauda<strong>de</strong><br />

Do luar lá do sertão<br />

Não há oh gente oh não<br />

Luar como este do sertão<br />

Não há oh gente oh não<br />

Luar como este do sertão<br />

A gente fria<br />

Desta terra sem poesia<br />

Não se importa com esta lua<br />

Nem faz caso do luar<br />

Enquanto a onça<br />

Lá na ver<strong>de</strong> da capoeira<br />

23


Leva uma hora inteira<br />

Vendo a lua <strong>de</strong>rivar<br />

Não há oh gente oh não<br />

Luar como este do sertão<br />

Ai quem me <strong>de</strong>ra<br />

Que eu morresse lá na serra<br />

Abraçado à minha terra<br />

E dormindo <strong>de</strong> uma vez<br />

Ser enterrado numa grota<br />

pequenina<br />

On<strong>de</strong> à tar<strong>de</strong> a surubina<br />

Chora a sua viuvez<br />

Não há oh gente oh não<br />

Luar como este do sertão<br />

Não há oh gente oh não<br />

Luar como este do sertão<br />

043 - MÁGOA DE BOIADEIRO<br />

Antigamente nem em sonho existia<br />

tantas pontes sobre os rios nem<br />

asfalto nas estradas<br />

A gente usava quatro ou cinco<br />

sinuelos pra trazer o pantaneiro no<br />

ro<strong>de</strong>io da boiada<br />

Mas hoje em dia tudo é muito<br />

diferente com o progresso nossa<br />

gente nem sequer faz uma idéia<br />

Que entre outros fui peão <strong>de</strong><br />

boia<strong>de</strong>iro por este chão brasileiro<br />

os heróis da epopéia<br />

Tenho sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> rever nas<br />

currutelas as mocinhas nas janelas<br />

acenando uma flor<br />

Por tudo isso eu lamento e<br />

confesso que a marcha do<br />

progresso é a minha gran<strong>de</strong> dor<br />

Cada jamanta que eu vejo<br />

carregada transportando uma<br />

boiada me aperta o coração<br />

E quando olho minha traia<br />

pendurada <strong>de</strong> tristeza dou risada<br />

pra não chorar <strong>de</strong> paixão<br />

O meu cavalo relinchando pasto a<br />

fora que por certo também chora<br />

na mais triste solidão<br />

Meu par <strong>de</strong> esporas meu chapéu <strong>de</strong><br />

aba larga uma bruaca <strong>de</strong> carga um<br />

berrante um facão<br />

O velho basto o sinete e o apero, o<br />

meu laço e o cargueiro, o meu<br />

lenço e o gibão,<br />

Ainda resta a guaiaca sem dinheiro<br />

<strong>de</strong>ste pobre boia<strong>de</strong>iro que per<strong>de</strong>u<br />

a profissão.<br />

Não sou poeta, sou apenas um<br />

caipira e o tema que me inspira é a<br />

fibra <strong>de</strong> peão.<br />

Quase chorando embuído nesta<br />

mágoa rabisquei estas palavras e<br />

saiu esta canção<br />

Canção que fala da sauda<strong>de</strong> das<br />

pousadas que já fiz com a peonada<br />

junto ao fogo <strong>de</strong> um galpão<br />

Sauda<strong>de</strong> louca <strong>de</strong> ouvir o som<br />

manhoso <strong>de</strong> um berrante<br />

preguiçoso nos confins do meu<br />

sertão.<br />

24


044 - A MAJESTADE, O<br />

SABIÁ<br />

Composição: Jair Rodrigues<br />

Meus pensamentos<br />

Tomam formas e viajo<br />

Vou pra on<strong>de</strong> Deus quiser<br />

Um ví<strong>de</strong>o - tape que <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim<br />

Retrata todo o meu inconsciente<br />

De maneira natural<br />

Ah! Tô indo agora<br />

Prá um lugar todinho meu<br />

Quero uma re<strong>de</strong> preguiçosa pra<br />

<strong>de</strong>itar<br />

Em minha volta sinfonia <strong>de</strong> pardais<br />

Cantando para a majesta<strong>de</strong>, o<br />

Sabiá<br />

Tô indo agora tomar banho <strong>de</strong><br />

cascata<br />

Quero a<strong>de</strong>ntrar nas matas<br />

Aon<strong>de</strong> Oxossi é o Deus<br />

Aqui eu vejo plantas lindas e<br />

cheirosas<br />

Todas me dando passagem<br />

perfumando o corpo meu<br />

Está viagem <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> mim<br />

Foi tão linda<br />

Vou voltar a realida<strong>de</strong><br />

Prá este mundo <strong>de</strong> Deus<br />

Pois o meu eu<br />

Este tão <strong>de</strong>sconhecido<br />

Jamais serei traído<br />

Pois este mundo sou eu<br />

045 - MARIA, MARIA<br />

Composição: Milton Nascimento e<br />

Fernando Brant<br />

Maria, Maria, é um dom, uma certa<br />

magia<br />

Uma força que nos alerta<br />

Uma mulher que merece viver e<br />

amar<br />

Como outra qualquer do planeta<br />

Maria, maria, é o som, é a cor, é o<br />

suor<br />

É a dose mais forte e lenta<br />

De uma gente que ri quando <strong>de</strong>ve<br />

chorar<br />

E não vive, apenas aguenta<br />

Mas é preciso ter força, é preciso<br />

ter raça<br />

É preciso ter gana sempre<br />

Quem traz no corpo a marca<br />

Maria, Maria, mistura a dor e a<br />

alegria<br />

Mas é preciso ter manha, é preciso<br />

ter graça<br />

É preciso ter sonho sempre<br />

Quem traz na pele essa marca<br />

Possui a estranha mania <strong>de</strong> ter fé<br />

na vida<br />

046 - MASSA FALIDA<br />

Eu confesso já estou cansado <strong>de</strong><br />

ser enganado com tanto cinismo<br />

Não sou parte integrante do crime<br />

e o próprio regime nos leva ao<br />

abismo.<br />

Se alcançamos as margens do<br />

incerto foram as <strong>de</strong>cretos da<br />

incompetência<br />

Falam tanto sem nada <strong>de</strong> novo e<br />

levam o povo a gran<strong>de</strong> falência!<br />

Não aborte os seus i<strong>de</strong>ais<br />

No ventre da covardia<br />

Vá a luta empunhando a verda<strong>de</strong><br />

Que a liberda<strong>de</strong> não é utopia!<br />

25


Os camuflados e samaritanos nos<br />

estão levando a fatalida<strong>de</strong>,<br />

Ignorando o holocausto da fome,<br />

tirando do homem a priorida<strong>de</strong>.<br />

O operário do lucro expoente e a<br />

parte exce<strong>de</strong>nte não lhe é<br />

revertida,<br />

Se a<strong>de</strong>rirmos os jogos políticos<br />

seremos síndicos da Massa falida!<br />

Não aborte os seus i<strong>de</strong>ais............<br />

047 - O MENINO DA GAITA<br />

Era um rapaz<br />

Olhos claros bem azuis<br />

Andava só<br />

Com uma gaita em sua mão<br />

Ouça sua linda canção<br />

Olhos tristes no chão<br />

E cami...nha sozi....nho<br />

Ouça lá vai ele a tocar<br />

Notas tristes no ar<br />

É assim que pe<strong>de</strong> amor<br />

Caminha só, ninguém sabe <strong>de</strong> on<strong>de</strong><br />

vem<br />

Triste a tocar, pela rua sem<br />

ninguém<br />

Sente uma lágrima vem, o seu<br />

rosto molhar<br />

Como a chu...va que ca...i<br />

Ouça lá vai ele a tocar<br />

Notas tristes no ar<br />

É assim que pe<strong>de</strong> amor (toca toca<br />

só pra mim)<br />

Ouça sua linda canção<br />

Olhos tristes no chão<br />

E cami . . .nha sozi . . .nho<br />

Ouça lá vai ele a tocar<br />

Notas tristes no ar<br />

É assim que pe<strong>de</strong> amor (toca, toca<br />

só pra mim)<br />

048 - MEU ERRO<br />

Composição: Herbert Vianna<br />

Eu quis dizer<br />

Você não quis escutar<br />

Agora não peça<br />

Não me faça promessas<br />

Eu não quero te ver<br />

Nem quero acreditar<br />

Que vai ser diferente<br />

Que tudo mudou<br />

(chorus)<br />

Você diz não saber<br />

O que houve <strong>de</strong> errado<br />

E o meu erro foi crer que estar ao<br />

seu lado bastaria<br />

Oh meu <strong>de</strong>us era tudo o que eu<br />

queria<br />

Eu dizia o seu nome<br />

Não me abandone jamais<br />

Mesmo querendo eu não vou me<br />

enganar<br />

Eu conheço os seus passos<br />

Eu vejo os seus erros<br />

Não há nada <strong>de</strong> novo<br />

Ainda somos iguais<br />

Então não me chame<br />

Não olhe pra trás<br />

(chorus)<br />

049 - MEU PAÍS<br />

Aqui não falta sol<br />

Aqui não falta chuva<br />

A terra faz brotar qualquer<br />

semente<br />

26


Se a mão <strong>de</strong> Deus<br />

Protege e molha nosso chão<br />

Por que será que tá faltando pão?<br />

Se a natureza nunca reclamou da<br />

gente<br />

Do corte do machado,<br />

a foice, o fogo ar<strong>de</strong>nte<br />

Se nessa terra tudo que se planta<br />

dá<br />

Que é que há, meu pais?<br />

O que é que há?<br />

Se nessa terra tudo que se planta<br />

dá<br />

Que é que há, meu pais?<br />

O que é que há?<br />

Tem alguém levando o lucro<br />

Tem alguém colhendo o fruto<br />

Sem saber o que é plantar<br />

Tá faltando consciência<br />

Tá sobrando paciência<br />

Tá faltando alguém gritar<br />

Feito um trem <strong>de</strong>sgovernado<br />

Quem trabalha tá ferrado<br />

Nas mão <strong>de</strong> quem só engana<br />

Feito mal que não tem cura<br />

Estão levando a loucura<br />

O país que a gente ama<br />

Se a natureza nunca reclamou da<br />

gente<br />

Do corte do machado,<br />

a foice, o fogo ar<strong>de</strong>nte<br />

Se nessa terra tudo que se planta<br />

dá<br />

Que é que há, meu pais?<br />

O que é que há?<br />

Se nessa terra tudo que se planta<br />

dá<br />

Que é que há, meu pais?<br />

O que é que há?<br />

Tem alguém levando o lucro<br />

Tem alguém colhendo o fruto<br />

Sem saber o que é plantar<br />

Tá faltando consciência<br />

Tá sobrando paciência<br />

Tá faltando alguém gritar<br />

Feito um trem <strong>de</strong>sgovernado<br />

Quem trabalha tá ferrado<br />

Nas mão <strong>de</strong> quem só engana<br />

Feito mal que não tem cura<br />

Estão levando a loucura<br />

O Brasil que a gente ama<br />

050 - MORENINHA LINDA<br />

Meu coração tá pisado<br />

como a flor que murcha e cai<br />

Pisado pelo <strong>de</strong>sprezo<br />

De um amor quando <strong>de</strong>sfaz<br />

Deixando triste a lembrança<br />

A<strong>de</strong>us para nunca mais<br />

Moreninha linda do meu bem<br />

querer<br />

É triste a sauda<strong>de</strong> longe <strong>de</strong> você<br />

O amor nasce sozinho não é<br />

preciso plantar<br />

O amor nasce no peito, falsida<strong>de</strong><br />

no olhar<br />

Você nasceu para outro, eu nasci<br />

pra te amar<br />

Moreninha linda do meu bem<br />

querer<br />

É triste a sauda<strong>de</strong> longe <strong>de</strong> você<br />

Eu tenho meu canarinho<br />

que canta, quando me vê<br />

Eu canto por ter tristeza, canário<br />

por pa<strong>de</strong>cer<br />

Da sauda<strong>de</strong> da floresta, e eu<br />

sauda<strong>de</strong> <strong>de</strong> você<br />

27


051 - NEGRINHO DO<br />

PASTOREIO<br />

Composição: Barbosa Lessa<br />

Negrinho do Pastoreio,<br />

Acendo esta vela pra ti<br />

E peço que me <strong>de</strong>volvas<br />

A querência que perdi.<br />

Negrinho do pastoreio,<br />

Traze a mim o meu rincão.<br />

Eu te acendo esta velinha,<br />

Nela esta meu coração.<br />

Quero ver meu lindo pago<br />

Coloreado <strong>de</strong> pitanga.<br />

Quero ver a gauchinha<br />

A brincar n’água da sanga.<br />

/:Quero trotear pelas coxilhas,<br />

Respirando a liberda<strong>de</strong>,<br />

Que eu perdi naquele dia.<br />

Que me embretei na cida<strong>de</strong>. :/<br />

Negrinho do pastoreio,<br />

Acendo esta vela pra ti<br />

E peço que me <strong>de</strong>volvas<br />

A querência que perdi.<br />

Negrinho do pastoreio,<br />

Traze a mim o meu rincão.<br />

A velinha está queimando,<br />

E aquecendo a tradição.<br />

052 - O MENINO DA<br />

PORTEIRA<br />

Composição: Teddy Vieira/luizinho<br />

Toda vez que eu viajava<br />

Pela estrada <strong>de</strong> Ouro Fino<br />

De longe eu avistava<br />

A figura <strong>de</strong> um menino<br />

Que corria abria a porteira,<br />

E <strong>de</strong>pois vinha me pedindo:<br />

"Toque o berrante, seu moço,<br />

Que é pra eu ficar ouvindo"<br />

Quando a boiada passava<br />

E a poeira ia baixando,<br />

Eu jogava uma moeda<br />

E ele saía pulando:<br />

"Obrigado boia<strong>de</strong>iro,<br />

Que Deus vá lhe acompanhando"<br />

Praquele sertão a fora,<br />

Meu berrante ia tocando<br />

No caminho <strong>de</strong>sta vida,<br />

Muito espinho encontrei<br />

Mas nem um calou mais fundo<br />

Do que isto que passei<br />

Na minha viagem <strong>de</strong> volta,<br />

Qualquer coisa eu cismei<br />

Vendo a porteira fechada,<br />

O menino eu não avistei<br />

Apeei do meu cavalo,<br />

No ranchinho beira-chão<br />

Vi uma mulher chorando<br />

Quis saber qual a razão<br />

"Boia<strong>de</strong>iro, veio tar<strong>de</strong>,<br />

Veja a cruz no estradão<br />

Quem matou o meu filhinho<br />

Foi um boi sem coração"<br />

Lá pras bandas <strong>de</strong> Ouro Fino,<br />

Levando gado selvagem<br />

Quando eu passo na porteira,<br />

Até vejo a sua imagem<br />

O seu rangido tão triste<br />

Mais parece uma mensagem<br />

Daquele rosto trigueiro,<br />

Desejando-me boa viagem.<br />

A cruzinha do estradão,<br />

Do pensamento não sai.<br />

28


Eu já fiz um juramento<br />

Que não esqueço jamais<br />

Nem que o meu gado estoure,<br />

E eu precise ir atrás<br />

Neste pedaço <strong>de</strong> chão<br />

Berrante eu não toco mais.<br />

053 - O QUE É, O QUE É?<br />

Composição: Gonzaguinha<br />

Eu fico com a pureza das<br />

respostas das crianças<br />

É a vida, é bonita e é bonita<br />

Viver e não tenha a vergonha <strong>de</strong><br />

ser feliz<br />

Cantar (e cantar e cantar)a beleza<br />

<strong>de</strong> ser um eterno aprendiz<br />

Ah meu Deus!, eu sei, eu sei que a<br />

vida <strong>de</strong>via ser bem melhor e será<br />

mas isso não impe<strong>de</strong> que eu repita<br />

é bonita, é bonita e é bonita<br />

(simbora todos)<br />

Viver, e não ter a vergonha <strong>de</strong> ser<br />

feliz<br />

Cantar (e cantar e cantar) a<br />

beleza <strong>de</strong> ser um eterno aprendiz<br />

eu sei que a vida <strong>de</strong>via ser bem<br />

melhor e será<br />

mas isso não impe<strong>de</strong> que eu repita<br />

é bonita, é bonita e é bonita.<br />

E a vida?<br />

e a vida o que é diga lá, meu irmão?<br />

ela é a batida <strong>de</strong> um coração?<br />

ela é uma doce ilusão?<br />

mas e a vida?<br />

ela é maravilha ou é sofrimento?<br />

ela é alegria ou lamento?<br />

o que é, o que é meu irmão?<br />

Há quem fale que a vida da gente<br />

é um nada no mundo<br />

é uma gota, é um tempo<br />

que finda num segundo,<br />

há quem fale que é um divino<br />

mistério profundo<br />

é o sopro do Criador<br />

numa atitu<strong>de</strong> repleta <strong>de</strong> amor<br />

você diz que é luta e prazer;<br />

ele diz que a vida é viver;<br />

ela diz que o melhor é morrer,<br />

pois amada não é<br />

e o verbo sofrer.<br />

Eu só sei que confio na moça<br />

e na moça eu ponho a força da fé<br />

somos nós que fazemos a vida<br />

como <strong>de</strong>r ou pu<strong>de</strong>r ou quiser<br />

Sempre <strong>de</strong>sejada<br />

por mais que esteja errada<br />

ninguém quer a morte<br />

só sau<strong>de</strong> e sorte<br />

E a pergunta roda<br />

e a cabeça agita<br />

fico com a pureza da resposta das<br />

crianças<br />

é a vida, é bonita e é bonita<br />

Viver, e não ter a vergonha <strong>de</strong> ser<br />

feliz<br />

Cantar (e cantar e cantar) a<br />

beleza <strong>de</strong> ser um eterno aprendiz<br />

eu sei que a vida <strong>de</strong>via ser bem<br />

melhor e será<br />

mas isso não impe<strong>de</strong> que eu repita<br />

é bonita, é bonita e é bonita.<br />

29


054 - ORAÇÃO DE SÃO<br />

FRANCISCO<br />

Senhor, fazei-me instrumento da<br />

vossa paz<br />

On<strong>de</strong> houver ódio, que eu leve o<br />

amor<br />

On<strong>de</strong> houver ofensa, que eu leve o<br />

perdão<br />

On<strong>de</strong> houver discórdia, que eu leve<br />

a união<br />

On<strong>de</strong> houver dúvida, que eu leve a<br />

fé<br />

On<strong>de</strong> houver erro, que eu leve a<br />

verda<strong>de</strong><br />

On<strong>de</strong> houver <strong>de</strong>sespero, que eu<br />

leve a esperança<br />

On<strong>de</strong> houver tristeza, que eu leve<br />

a alegria<br />

On<strong>de</strong> houver trevas, que eu leve a<br />

luz.<br />

Ó mestre, fazei que eu procure<br />

mais consolar do que ser consolado<br />

Compreen<strong>de</strong>r do que ser<br />

compreendido<br />

Amar que ser amado<br />

Pois, é dando que se recebe<br />

É perdoando que se é perdoado;<br />

E morrendo que se vive<br />

Para a vida eterna<br />

055 - PLANETA AZUL<br />

Composição: Al<strong>de</strong>mir e Xororó<br />

A vida e a natureza sempre à<br />

mercê da poluição<br />

se invertem as estações do ano<br />

faz calor no inverno e frio no<br />

verão<br />

os peixes morrendo nos rios<br />

estão se extinguindo espécies<br />

animais<br />

e tudo que se planta, colhe<br />

o tempo retribui o mal que a gente<br />

faz<br />

On<strong>de</strong> a chuva caía quase todo dia<br />

já não chove nada<br />

o sol abrasador rachando o leito<br />

dos rios secos<br />

sem um pingo d'água<br />

quanto ao futuro inseguro<br />

será assim <strong>de</strong> norte a sul<br />

a terra nua semelhante à lua<br />

O que será <strong>de</strong>sse planeta azul?<br />

O que será <strong>de</strong>sse planeta azul?<br />

o rio que <strong>de</strong>sse as encostas já<br />

quase sem vida<br />

parece que chora um triste<br />

lamento das águas<br />

vão per<strong>de</strong>ndo a estrada, a fauna e<br />

a flora<br />

é tempo <strong>de</strong> pensar no ver<strong>de</strong><br />

regar a semente que ainda não<br />

nasceu<br />

<strong>de</strong>ixar em paz a Amazônia,<br />

perpetuar a vida<br />

056 - POEIRA<br />

Composição: Serafim Colombo<br />

Gomes e Luís Bonan<br />

O carro <strong>de</strong> boi lá vai<br />

Gemendo lá no estradão<br />

Suas gran<strong>de</strong>s rodas fazendo<br />

Profundas marcas no chão<br />

Vai levantando poeira, poeira<br />

vermelha<br />

Poeira, poeira do meu sertão<br />

Olha seu moço a boiada<br />

30


Em busca do ribeirão<br />

Vai mugindo e vai ruminando<br />

Cabeças em confusão<br />

Vai levantando poeira, poeira<br />

vermelha<br />

Poeira, poeira do meu sertão<br />

Olha só o boia<strong>de</strong>iro<br />

Montado em seu alazão<br />

Conduzindo toda a boiada<br />

Com seu berrante na mão<br />

Seu rosto é só poeira, poeira<br />

vermelha<br />

Poeira, poeira do meu sertão<br />

Barulho <strong>de</strong> trovoada<br />

Coriscos em profusão<br />

A chuva caindo em cascata<br />

Na terra fofa do chão<br />

Virando em lama a poeira, poeira<br />

vermelha<br />

Poeira, poeira do meu sertão<br />

Poeira entra meus olhos<br />

Não fico zangado não<br />

Pois sei que quando eu morrer<br />

Meu corpo irá para o chão<br />

Se transformar em poeira, poeira<br />

vermelha<br />

Poeira, poeira do meu sertão<br />

Poeira do meu sertão, poeira<br />

Poeira do meu sertão<br />

057 - POR UM PEDAÇO DE PÃO<br />

Composição: Pe. Zezinho<br />

Por um pedaço <strong>de</strong> pão e por um<br />

pouco <strong>de</strong> vinho<br />

Eu já vi mais <strong>de</strong> um irmão se<br />

<strong>de</strong>sviar do caminho<br />

Por um pedaço <strong>de</strong> pão e por um<br />

pouco <strong>de</strong> vinho<br />

Eu também vi muita gente<br />

encontrar novamente o caminho do<br />

céu<br />

Eu também vi muita gente voltar<br />

novamente ao convívio <strong>de</strong> Deus<br />

Por um pedaço <strong>de</strong> pão e um<br />

pouquinho <strong>de</strong> vinho<br />

Deus se tornou refeição e se fez o<br />

caminho<br />

Por um pedaço <strong>de</strong> pão, por um<br />

pedaço <strong>de</strong> pão (Bis)<br />

Por não ter vinho nem pão, por lhe<br />

faltar a comida<br />

Eu já vi mais <strong>de</strong> um irmão<br />

<strong>de</strong>siludido da vida<br />

E por não dar do seu pão, e por não<br />

dar do seu vinho<br />

Vi quem dizia ser crente, per<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> repente os valores morais<br />

Vi que o caminho da paz só se faz<br />

com justiça e direitos iguais<br />

Por um pedaço <strong>de</strong> pão e por um<br />

pouco <strong>de</strong> vinho<br />

Eu já vi mais <strong>de</strong> um irmão tornarse<br />

um homem mesquinho<br />

Por um pedaço <strong>de</strong> pão e por um<br />

pouco <strong>de</strong> vinho<br />

Vejo as nações em conflito e este<br />

mundo maldito por não partilhar<br />

Vejo meta<strong>de</strong> dos homens<br />

morrendo <strong>de</strong> fome, sem Deus e<br />

sem lar<br />

058 - PRÁ NÃO DIZER QUE<br />

NÃO FALEI DE FLORES<br />

Composição: Geraldo Vandré<br />

31


Caminhando e cantando e seguindo<br />

a canção<br />

Somos todos iguais braços dados<br />

ou não<br />

Nas escolas, nas ruas, campos,<br />

construções<br />

Caminhando e cantado e seguindo a<br />

canção<br />

Vem, vamos embora que esperar<br />

não é saber<br />

Quem sabe faz a hora, não espera<br />

acontecer<br />

Pelos campos a fome em gran<strong>de</strong>s<br />

plantações<br />

Pelas ruas marchando in<strong>de</strong>cisos<br />

cordões<br />

Ainda fazem da flor seu mais<br />

forte refrão<br />

E acreditam nas flores vencendo o<br />

canhão<br />

Vem, vamos embora que esperar<br />

não é saber<br />

Quem sabe faz a hora, não espera<br />

acontecer<br />

Há soldados armados, amados ou<br />

não<br />

Quase todos perdidos <strong>de</strong> armas na<br />

mão<br />

Nos quartéis lhes ensinam uma<br />

antiga lição:<br />

De morrer pela pátria e viver sem<br />

razão<br />

Vem, vamos embora que esperar<br />

não é saber<br />

Quem sabe faz a hora, não espera<br />

acontecer<br />

Nas escolas, nas ruas, campos,<br />

construções<br />

Somos todos soldados, armados ou<br />

não<br />

Caminhando e cantando e seguindo<br />

a canção<br />

Somos todos iguais, braços dados<br />

ou não<br />

Os amores na mente, as flores no<br />

chão<br />

A certeza na frente, a história na<br />

mão<br />

Caminhando e cantando e seguindo<br />

a canção<br />

Apren<strong>de</strong>ndo e ensinando uma nova<br />

lição<br />

Vem, vamos embora que esperar<br />

não é saber<br />

Quem sabe faz a hora, não espera<br />

acontecer<br />

059 - NO RANCHO FUNDO<br />

Composição: lamartine babo<br />

No rancho fundo<br />

Bem pra lá do fim do mundo<br />

On<strong>de</strong> a dor e a sauda<strong>de</strong><br />

Contam coisas da cida<strong>de</strong>...<br />

No rancho fundo<br />

De olhar triste e profundo<br />

Um moreno conta as "mágua"<br />

Tendo os olhos rasos d'água<br />

Pobre moreno<br />

Que <strong>de</strong> noite no sereno<br />

Espera a lua no terreiro<br />

Tendo o cigarro por companheiro<br />

Sem um aceno<br />

Ele pega a viola<br />

32


E a lua por esmola<br />

Vem pro quintal <strong>de</strong>sse moreno<br />

No rancho fundo<br />

Bem pra lá do fim do mundo<br />

Nunca mais houve alegria<br />

Nem <strong>de</strong> noite nem <strong>de</strong> dia<br />

Os arvoredos<br />

Já não contam mais segredos<br />

E a última palmeira<br />

Ja morreu na cordilheira<br />

Os passarinhos<br />

Internaram-se nos ninhos<br />

De tão triste esta tristeza<br />

Enche <strong>de</strong> trevas a natureza<br />

Tudo por que?<br />

Só por causa do moreno<br />

Que era gran<strong>de</strong>, hoje é pequeno<br />

Para uma casa <strong>de</strong> sapê<br />

Se Deus soubesse<br />

Da tristeza lá serra<br />

Mandaria lá pra cima<br />

Todo o amor que há na terra<br />

Porque o moreno<br />

Vive louco <strong>de</strong> sauda<strong>de</strong><br />

Só por causa do veneno<br />

Das mulheres da cida<strong>de</strong><br />

Ele que era<br />

O cantor da primavera<br />

E que fez do rancho fundo<br />

O céu maior que tem no mundo<br />

Se uma flor <strong>de</strong>sabrocha<br />

E o sol queima<br />

A montanha vai gelando<br />

E lembra o cheiro da morena<br />

060 - ROMARIA<br />

Composição: Renato Teixeira<br />

É <strong>de</strong> sonho e <strong>de</strong> pó, o <strong>de</strong>stino <strong>de</strong><br />

um só<br />

Feito eu perdido em pensamentos<br />

Sobre o meu cavalo<br />

É <strong>de</strong> laço e <strong>de</strong> nó, <strong>de</strong> gibeira o jiló,<br />

Dessa vida cumprida a sol<br />

Refrão<br />

Sou caipira, Pirapora Nossa<br />

Senhora <strong>de</strong> Aparecida<br />

Ilumina a mina escura e funda<br />

O trem da minha vida<br />

O meu pai foi peão, minha mãe<br />

solidão<br />

Meus irmãos per<strong>de</strong>ram-se na vida<br />

Em busca <strong>de</strong> aventuras<br />

Descasei, joguei, investi, <strong>de</strong>sisti<br />

Se há sorte eu não sei, nunca vi<br />

Me disseram porém que eu viesse<br />

aqui<br />

Pra pedir <strong>de</strong> romaria e prece<br />

Paz nos <strong>de</strong>saventos<br />

Como eu não sei rezar, só queria<br />

mostrar<br />

Meu olhar, meu olhar, meu olhar<br />

061 - É PRECISO SABER VIVER<br />

Composição: Roberto Carlos<br />

Quem espera que a vida<br />

Seja feita <strong>de</strong> ilusão<br />

Po<strong>de</strong> até ficar maluco<br />

Ou morrer na solidão<br />

É preciso ter cuidado<br />

Pra mais tar<strong>de</strong> não sofrer<br />

É preciso saber viver<br />

33


Toda pedra do caminho<br />

Você po<strong>de</strong> retirar<br />

Numa flor que tem espinhos<br />

Você po<strong>de</strong> se arranhar<br />

Se o bem e o mal existem<br />

Você po<strong>de</strong> escolher<br />

É preciso saber viver<br />

É preciso saber viver<br />

É preciso saber viver<br />

É preciso saber viver<br />

Saber viver, saber viver!<br />

062 - SAUDADE DE MINHA<br />

TERRA<br />

De que me adianta viver na cida<strong>de</strong><br />

Se a felicida<strong>de</strong> não me<br />

acompanhar<br />

A<strong>de</strong>us paulistinha do meu coração<br />

Lá pro meu sertão eu quero voltar<br />

Ver a madrugada quando a<br />

passarada<br />

Fazendo a alvorada começa a<br />

cantar<br />

Com satisfação, eu arreio o burrão<br />

Cortando o estradão, eu saio a<br />

galopar<br />

E vou escutando o gado berrando<br />

Sabiá cantando no jequitibá<br />

Por Nossa Senhora, meu sertão<br />

querido<br />

Vivo arrependido por ter te<br />

<strong>de</strong>ixado<br />

Essa nova vida aqui na cida<strong>de</strong><br />

De tanta sauda<strong>de</strong> eu tenho<br />

chorado<br />

Aqui tem alguém, diz que me quer<br />

bem<br />

Mas não me convém, eu tenho<br />

pensado<br />

Eu vivo com pena, pois essa morena<br />

Não sabe o sistema que eu fui<br />

criado<br />

Tô aqui cantando, <strong>de</strong> longe<br />

escutando<br />

Alguém está chorando com o rádio<br />

ligado<br />

Que sauda<strong>de</strong> imensa do campo e<br />

do mato<br />

Do nosso regato que corta as<br />

campina<br />

Aos domingo eu ia passear <strong>de</strong><br />

canoa<br />

Nas lindas lagoas <strong>de</strong> águas<br />

cristalinas<br />

Que doce lembrança daquela<br />

festança<br />

On<strong>de</strong> tinha dança e muitas meninas<br />

Eu vivo hoje em dia sem ter alegria<br />

O mundo judia mas também me<br />

ensina<br />

Eu tô contrariado, mas não<br />

<strong>de</strong>rrotado<br />

Eu sou bem guiado pelas mãos<br />

divinas<br />

Pra minha mãezinha já telegrafei<br />

E já me cansei <strong>de</strong> tanto sofrer<br />

Essa madrugada estarei <strong>de</strong> partida<br />

Pra terra querida que me viu<br />

nascer<br />

Já ouço sonhando o galo cantando<br />

O inhambu piando no escurecer<br />

A lua prateada clareando as<br />

estradas<br />

A relva molhada <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o anoitecer<br />

Eu preciso ir pra ver tudo ali<br />

Foi lá que eu nasci, lá quero morrer<br />

34


063 - SAUDADES DE MATÃO<br />

Composição: J. Galati, A. Silva e R.<br />

Torres<br />

Neste mundo eu choro a dor<br />

Por uma paixão sem fim<br />

Ninguém conhece a razão<br />

Porque eu choro tanto assim<br />

Quando lá no céu surgir<br />

Uma peregrina flor<br />

Pois todos <strong>de</strong>vem saber<br />

Que a sorte me tirou foi uma<br />

gran<strong>de</strong> dor<br />

Lá no céu junto a Deus<br />

Em silêncio minh’alma <strong>de</strong>scansa<br />

E na terra, todos cantam<br />

Eu lamento minha <strong>de</strong>sventura<br />

nesta gran<strong>de</strong> dor<br />

Ninguém me diz<br />

Que sofreu tanto assim<br />

Esta dor que me consome<br />

Não posso viver<br />

Quero morrer<br />

Vou partir prá bem longe daqui<br />

Já que a sorte não quis<br />

Me fazer feliz<br />

064 - TENTE OUTRA VEZ<br />

Composição: Raul Seixas/ Paulo<br />

Coelho/ Marcelo Motta<br />

Veja<br />

Não diga que a canção está<br />

perdida<br />

Tenha em fé em Deus, tenha fé na<br />

vida<br />

Tente ou...tra vez<br />

Beba<br />

Pois a água viva ainda está na<br />

fonte<br />

Você tem dois pés para cruzar a<br />

ponte<br />

Nada aca...bou, não não não não<br />

Tente<br />

Levante sua mão se<strong>de</strong>nta e<br />

recomece a andar<br />

Não pense que a cabeça agüenta se<br />

você parar,<br />

Há uma voz que canta, uma voz que<br />

dança, uma voz que gira<br />

Bailando no ar<br />

Queira<br />

Basta ser sincero e <strong>de</strong>sejar<br />

profundo<br />

Você será capaz <strong>de</strong> sacudir o<br />

mundo, vai<br />

Tente ou...tra vez<br />

Tente<br />

E não diga que a vitória está<br />

perdida<br />

Se é <strong>de</strong> batalhas que se vive a vida<br />

Tente outra vez<br />

065 - TERRA TOMBADA<br />

Composição: José Fortuna<br />

É calor <strong>de</strong> mês <strong>de</strong> agosto, é<br />

meados <strong>de</strong> estação<br />

Vejo sobras <strong>de</strong> queimadas e<br />

fumaça no espigão<br />

Lavrador tombando terra, dá <strong>de</strong><br />

longe a impressão<br />

De losânglos cor <strong>de</strong> sangue<br />

<strong>de</strong>senhados pelo chão<br />

Terra tombada é promessa, <strong>de</strong> um<br />

35


futuro que se espelha<br />

No quarto ver<strong>de</strong> dos campos, a<br />

gran<strong>de</strong> cama vermelha<br />

On<strong>de</strong> o parto das semente faz<br />

brotar <strong>de</strong> suasa covas<br />

O fruto da natureza cheirando a<br />

criança nova<br />

Terra tombada, solo sagrado chão<br />

quente<br />

Esperando que a semente, venha<br />

lhe cobrir <strong>de</strong> flor<br />

Também minha alma, ansiosa<br />

espera confiante<br />

Que em meu peito você plante, a<br />

semente do amor<br />

Terra tombada é criança, <strong>de</strong>itada<br />

num berço ver<strong>de</strong><br />

Com a boca aberta pedindo para o<br />

céu matar-lhe a se<strong>de</strong><br />

Lá na fonte ao pé da serra, é o<br />

seio dos sertão<br />

A água e o leite da terra que<br />

alimenta a plantação<br />

O vermelho se faz ver<strong>de</strong>, vem o<br />

botão vem a flor<br />

Depois da flor a semente, o pão do<br />

trabalhador<br />

Debaixo das folhas mortas, a<br />

terra dorme segura<br />

Pois, nos dará para o ano, novo<br />

parto <strong>de</strong> fartura<br />

066 - TOCANDO EM FRENTE<br />

Composição: Almir Sater e Renato<br />

Teixeira<br />

Ando <strong>de</strong>vagar porque já tive<br />

pressa<br />

levo esse sorriso porque já chorei<br />

<strong>de</strong>mais<br />

Hoje me sinto mais forte, mais<br />

feliz quem sabe<br />

Só levo a certeza <strong>de</strong> que muito<br />

pouco eu sei, eu nada sei..<br />

Conhecer as manhas e as manhãs<br />

o sabor das massas e das maçãs<br />

É preciso amor pra po<strong>de</strong>r pulsar<br />

É preciso paz pra po<strong>de</strong>r sorrir<br />

É preciso a chuva para florir<br />

Penso que cumpri a vida seja<br />

simplesmente<br />

compreen<strong>de</strong>r a marcha ir tocando<br />

em frente<br />

como um velho boia<strong>de</strong>iro<br />

levando a boiada eu vou tocando os<br />

dias<br />

pela longa estrada eu vou, estrada<br />

eu sou<br />

Conhecer as manhas e as manhãs<br />

o sabor das massas e das maçãs<br />

É preciso amor pra po<strong>de</strong>r pulsar<br />

É preciso paz pra po<strong>de</strong>r sorrir<br />

É preciso a chuva para florir<br />

Todo mundo ama um dia, todo<br />

mundo chora<br />

Um dia a gente chega em outro vai<br />

embora<br />

cada um <strong>de</strong> nós compõe a sua<br />

história<br />

cada ser em si carrega o dom <strong>de</strong><br />

ser capaz<br />

<strong>de</strong> ser feliz<br />

Conhecer as manhas e as manhãs<br />

36


o sabor das massas e das maçãs<br />

É preciso amor pra po<strong>de</strong>r pulsar<br />

É preciso paz pra po<strong>de</strong>r sorrir<br />

É preciso a chuva para florir<br />

Ando <strong>de</strong>vagar porque já tive<br />

pressa<br />

levo esse sorriso porque já chorei<br />

<strong>de</strong>mais<br />

cada um <strong>de</strong> nós compõe a sua<br />

história<br />

cada ser em si carrega o dom <strong>de</strong><br />

ser capaz<br />

<strong>de</strong> ser feliz<br />

067 - TREM DAS ONZE<br />

Faz, faz, faz faz faz faz, faz<br />

carinho dumdum,<br />

Faz carinho dumdum, faz carim<br />

dumdum<br />

Não posso ficar<br />

Nem mais um minuto com você<br />

Sinto muito amor<br />

Mas não po<strong>de</strong> ser<br />

Moro em Jaçanã<br />

Se eu per<strong>de</strong>r esse trem<br />

Que sai agora às onze horas<br />

Só amanhã <strong>de</strong> manhã<br />

Além disso mulher<br />

Tem outra coisa<br />

Minha mãe não dorme<br />

Enquanto eu não chegar<br />

Sou filho único<br />

Tenho minha casa pra olhar<br />

Faz,faz, faz faz faz faz,faz<br />

carinho dumdum,<br />

Faz carinho dumdum, faz carim<br />

dumdum...Faz dum dum<br />

068 - TRISTEZA DO JECA<br />

Composição: Angelino <strong>de</strong> Oliveira<br />

Nestes versos tão singelos<br />

Minha bela, meu amor<br />

Prá você quero cantar<br />

O meu sofrer e a minha dor<br />

Sou igual a um sabiá<br />

Que quando canta é só tristeza<br />

Des<strong>de</strong> o galho on<strong>de</strong> ele está<br />

Nesta viola canto e gemo <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong><br />

Cada toada representa uma<br />

sauda<strong>de</strong><br />

Eu nasci naquela serra<br />

Num ranchinho beira-chão<br />

Todo cheio <strong>de</strong> buracos<br />

On<strong>de</strong> a lua faz clarão<br />

Quando chega a madrugada<br />

Lá no mato a passarada<br />

Principia um barulhão<br />

Nesta viola, canto e gemo <strong>de</strong><br />

verda<strong>de</strong><br />

Cada toada representa uma<br />

sauda<strong>de</strong><br />

Lá no mato tudo é triste<br />

Des<strong>de</strong> o jeito <strong>de</strong> falar<br />

Pois o Jeca quando canta<br />

Dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar<br />

E o choro que vai caindo<br />

Devagar vai-se sumindo BIS<br />

Como as águas vão pro mar.<br />

069 - BOIADEIRO<br />

LUÍZ GONZAGA<br />

Vai boia<strong>de</strong>iro que a noite já vem<br />

Guarda o teu gado e vai pra junto<br />

do teu bem<br />

37


De manhazinha quando eu sigo pela<br />

estrada<br />

Minha boiada pra invernada eu vou<br />

levar<br />

Quando as cabeça é muito pouco é<br />

quase nada mas não tem outras<br />

mais bonitas no lugar<br />

Vai boia<strong>de</strong>iro que o dia já vem<br />

Levo o teu gado e vai pensando no<br />

teu bem<br />

De tar<strong>de</strong>zinha quando eu venho<br />

pela estrada<br />

A fiarada ta todinha a me esperar<br />

São <strong>de</strong>z fiinha é muito pouco é<br />

quase nada mas não tem outros<br />

mais bonitos no lugar<br />

Vai boia<strong>de</strong>iro que a tar<strong>de</strong> já vem<br />

Leva o teu gado e vai pensando no<br />

teu bem<br />

E quando eu chego na canssela da<br />

morada<br />

Minha Rosinha vem correndo me<br />

abraçar<br />

É pequenina é miudinha é quase<br />

nada mas não tem mais bonita no<br />

lugar<br />

Vai boia<strong>de</strong>iro que a noite já vem<br />

Guarda o teu gado e vai pra junto<br />

do teu bem<br />

070 - VIOLA ENLUARADA<br />

Composição: Marcos Valle<br />

A mão que toca um violão<br />

Se for preciso faz a guerra,<br />

Mata o mundo, fere a terra.<br />

A voz que canta uma canção<br />

Se for preciso canta um hino,<br />

Louva à morte.<br />

Viola em noite enluarada<br />

No sertão é como espada,<br />

Esperança <strong>de</strong> vingança.<br />

O mesmo pé que dança um samba<br />

Se preciso vai à luta,<br />

Capoeira.<br />

Quem tem <strong>de</strong> noite a companheira<br />

Sabe que a paz é passageira,<br />

Prá <strong>de</strong>fendê-la se levanta<br />

E grita: Eu vou!<br />

Mão, violão, canção e espada<br />

E viola enluarada<br />

Pelo campo e cida<strong>de</strong>,<br />

Porta ban<strong>de</strong>ira, capoeira,<br />

Desfilando vão cantando<br />

Liberda<strong>de</strong>.<br />

Quem tem <strong>de</strong> noite a companheira<br />

Sabe que a paz é passageira,<br />

Prá <strong>de</strong>fendê-la se levanta<br />

E grita: Eu vou!<br />

Porta ban<strong>de</strong>ira, capoeira,<br />

Desfilando vão cantando<br />

Liberda<strong>de</strong>.<br />

Liberda<strong>de</strong>, liberda<strong>de</strong>, liberda<strong>de</strong>...<br />

071 - XOTE DA AGRICULTURA<br />

FAMILIAR<br />

Frana<br />

Eu sou da roça, colho e planto a<br />

vida,<br />

O direito <strong>de</strong> todos em po<strong>de</strong>r se<br />

alimentar.<br />

Por isso, canto, faço um novo dia<br />

Com Agroecologia e Agricultura<br />

Familiar.<br />

Lê, lê, lê, lê, ô, ô, ô (bis)<br />

Em minhas mãos, os calos da<br />

história,<br />

As marcas <strong>de</strong> luta, suor, o sangue<br />

<strong>de</strong>rramando.<br />

Por isso, canto, e essa é a riqueza,<br />

38


Pra sempre a certeza: Deus ao<br />

nosso lado.<br />

Venha comigo, entre nessa dança,<br />

Plante a liberda<strong>de</strong>, um sindicalismo<br />

novo.<br />

Por isso, cante, a Terra é<br />

Solidária,<br />

É minifundiária e liberta o povo.<br />

Sonhamos juntos e é pra romper<br />

barreiras,<br />

Solidarieda<strong>de</strong> contra o gran<strong>de</strong><br />

mercado.<br />

Por isso, canta toda a Região<br />

Na Fe<strong>de</strong>ração que uni os três<br />

estados.<br />

072 - ASA BRANCA<br />

Composição: Luiz Gonzaga -<br />

Humberto Teixeira<br />

Quando olhei a terra ar<strong>de</strong>ndo<br />

Qual fogueira <strong>de</strong> São João<br />

Eu perguntei a Deus do céu, ai<br />

Por que tamanha judiação<br />

Que braseiro, que fornalha<br />

Nem um pé <strong>de</strong> plantação<br />

Por falta d'água perdi meu gado<br />

Morreu <strong>de</strong> se<strong>de</strong>, meu alazão<br />

Até mesmo a Asa Branca<br />

Bateu asas do sertão<br />

Então eu disse: A<strong>de</strong>us, Rosinha<br />

Guarda contigo meu coração<br />

Hoje longe, muitas léguas<br />

Numa triste solidão<br />

Espero a chuva cair <strong>de</strong> novo<br />

Pra eu voltar pro meu sertão<br />

Quando o ver<strong>de</strong> dos teus olhos<br />

Se espalhar na plantação<br />

Eu te asseguro: não chores, não,<br />

viu?<br />

Que eu voltarei, viu?<br />

Meu coração.<br />

073 - ASSUM PRETO<br />

Composição: Luiz Gonzaga /<br />

Humberto Teixeira<br />

Tudo em vorta é só beleza<br />

Sol <strong>de</strong> Abril e a mata em frô<br />

Mas Assum Preto, cego dos óio<br />

Num vendo a luz, ai, canta <strong>de</strong> dor<br />

(bis)<br />

Tarvez por ignorança<br />

Ou marda<strong>de</strong> das pió<br />

Furaro os óio do Assum Preto<br />

Pra ele assim, ai, cantá <strong>de</strong> mió (bis)<br />

Assum Preto veve sorto<br />

Mas num po<strong>de</strong> avuá<br />

Mil vez a sina <strong>de</strong> uma gaiola<br />

Des<strong>de</strong> que o céu, ai, pu<strong>de</strong>sse oiá<br />

(bis)<br />

Assum Preto, o meu cantar<br />

É tão triste como o teu<br />

Também roubaro o meu amor<br />

Que era a luz, ai, dos óios meus<br />

Também roubaro o meu amor<br />

Que era a luz, ai, dos óios meus.<br />

074 - ÚLTIMO PAU DE ARARA<br />

Composição: Venâncio / Corumba /<br />

J.Guimarães<br />

A vida aqui só é ruim,<br />

Quando não chove no chão,<br />

Mas se chover dá <strong>de</strong> tudo,<br />

Fartura tem <strong>de</strong> porção,<br />

39


Tomara que chova logo,<br />

Tomara, meu Deus, tomara,<br />

Só <strong>de</strong>ixo o meu Cariri,<br />

No último Pau <strong>de</strong> Arara.<br />

Enquanto a minha vaquinha<br />

Tiver o couro e o osso,<br />

E pu<strong>de</strong>r com o chocalho<br />

Pendurado no pescoço,<br />

Eu vou ficando por aqui,<br />

Que Deus do Céu me aju<strong>de</strong>,<br />

Quem sai da terra natal,<br />

Em outros campos não pára,<br />

Só <strong>de</strong>ixo o meu Cariri,<br />

No último Pau <strong>de</strong> Arara.<br />

075 - SÚPLICA CEARENSE<br />

Composição: Gordurinha e Nelinho<br />

Oh! Deus, perdoe este pobre<br />

coitado<br />

Que <strong>de</strong> joelhos rezou um bocado<br />

Pedindo pra chuva cair sem parar<br />

Oh! Deus, será que o senhor se<br />

zangou<br />

E só por isso o sol se arretirou<br />

Fazendo cair toda chuva que há<br />

Senhor, eu pedi para o sol se<br />

escon<strong>de</strong>r um tiquinho<br />

Pedir pra chover, mas chover <strong>de</strong><br />

mansinho<br />

Pra ver se nascia uma planta no<br />

chão<br />

Meu Deus, se eu não rezei direito<br />

o Senhor me perdoe,<br />

Eu acho que a culpa foi<br />

Desse pobre que nem sabe fazer<br />

oração<br />

Meu Deus, perdoe eu encher os<br />

meus olhos <strong>de</strong> água<br />

E ter-lhe pedido cheinho <strong>de</strong> mágoa<br />

Pro sol inclemente se arretirar<br />

Desculpe eu pedir a toda hora pra<br />

chegar o inverno<br />

Desculpe eu pedir para acabar com<br />

o inferno<br />

Que sempre queimou o meu Ceará<br />

076 - TRANSGÊNICO É<br />

VENENO<br />

Autor: Ailton Soares - CE<br />

Refrão: Transgênico é veneno<br />

Alerta povo pra o que está<br />

acontecendo (bis)<br />

Há muito tempo prepararam essa<br />

invenção<br />

Para dominar a área o meio <strong>de</strong><br />

produção<br />

Mas já sabemos o que po<strong>de</strong><br />

acontecer<br />

Se engolir essa droga você po<strong>de</strong><br />

até morrer<br />

Os transgênicos também po<strong>de</strong>m<br />

acabar<br />

Com a biodiversida<strong>de</strong> ter impacto<br />

ambiental<br />

Comprometendo a segurança<br />

alimentar<br />

Conseqüência nós teremos, fique<br />

alerta pessoal<br />

Alerta povo não <strong>de</strong>ixe se confundir<br />

Diga não a tudo isso a Monsanto e<br />

outras mais<br />

Nós precisamos <strong>de</strong>las para<br />

40


produzir<br />

Lutaremos firmemente contra<br />

esse monstro voraz<br />

077 - EU SÓ PEÇO A DEUS<br />

Merce<strong>de</strong>s Sosa e Beth Carvalho<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a dor não me seja indiferente<br />

Que a morte não me encontre um<br />

dia<br />

Solitário sem ter feito o q’eu<br />

queria<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a dor não me seja indiferente<br />

Que a morte me encontre um dia<br />

Solitário sem ter feito o que eu<br />

queria<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a injustiça não me seja<br />

indiferente<br />

Pois não posso dar a outra face<br />

Se já fui machucada brutalmente<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a guerra não me seja<br />

indiferente<br />

É um monstro gran<strong>de</strong> e pisa forte<br />

Toda fome e inocência <strong>de</strong>ssa gente<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que a mentira não me seja<br />

indiferente<br />

Se só um traidor tem mais po<strong>de</strong>r<br />

que um povo<br />

Que este povo não esqueça<br />

facilmente<br />

Eu só peço a Deus<br />

Que o futuro não me seja<br />

indiferente<br />

Sem ter que fugir <strong>de</strong>senganado<br />

Pra viver uma cultura diferente<br />

41

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!