17.04.2013 Views

Capitães da Areia

Capitães da Areia

Capitães da Areia

SHOW MORE
SHOW LESS

You also want an ePaper? Increase the reach of your titles

YUMPU automatically turns print PDFs into web optimized ePapers that Google loves.

CAPITÃES<br />

DA<br />

AREIA<br />

Jorge Amado<br />

(1912 - 2001)<br />

Resenhado por Douglas Machert e<br />

Marco Antônio Xavier


Publicado em<br />

1937<br />

• Estado Novo<br />

• Lutas sociais<br />

• Perseguição aos<br />

comunistas<br />

obra <strong>da</strong>ta<strong>da</strong>


O escritor engajado<br />

Militância e filiação no PCB.<br />

Jorge Amado<br />

Preso, torturado e exilado pela<br />

ditadura de Vargas.<br />

Seus primeiros romances têm<br />

forte caráter social.


FUVEST 2010 - Q.08<br />

Considere a seguinte relação de obras: Auto <strong>da</strong> barca do<br />

inferno, Memórias de um sargento de milícias, Dom<br />

Casmurro e <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> areia. Entre elas, indique as<br />

duas que, de modo mais visível, apresentam intenção de<br />

doutrinar, ou seja, o propósito de transmitir princípios e<br />

diretivas que integram doutrinas determina<strong>da</strong>s.<br />

Divi<strong>da</strong> sua resposta em duas partes: a), para a primeira obra<br />

escolhi<strong>da</strong> e b), para a segun<strong>da</strong> obra escolhi<strong>da</strong>, conforme já<br />

vem indicado na respectiva página de respostas. Justifique<br />

sucintamente ca<strong>da</strong> uma de suas escolhas.


Queima dos livros<br />

em praça pública<br />

“Em São Paulo, na Bahia, estava sendo queimado em praça<br />

pública. Em Salvador, tem até ata de queima... 1.694 exemplares de<br />

meus romances queimados em praça pública por ordem do<br />

comando <strong>da</strong> 6ª Região Militar.”


Obra programática<br />

doutrinária<br />

Maniqueísmo – Bem X Mal<br />

Redenção final – uma revolução acontecerá no<br />

fim dos tempos.<br />

Salvacionismo


Caráter social


• denuncia as condições de vi<strong>da</strong> dos<br />

despossuídos;<br />

• revela o cotidiano <strong>da</strong>s crianças<br />

abandona<strong>da</strong>s nas ruas de Salvador;<br />

• problema visto como produto do descaso<br />

<strong>da</strong>s elites econômicas e <strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des<br />

governamentais;<br />

• simpatia pelas teses (<strong>da</strong> época) do PCB;<br />

• transformação radical <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de como<br />

solução para o abandono e a miséria <strong>da</strong>s<br />

crianças de rua.


Questão do regionalismo<br />

No Primeiro Congresso Brasileiro de<br />

Regionalismo, realizado em Recife, em 1926,<br />

Gilberto Freyre lança o Manifesto<br />

regionalista, que teria desdobramentos<br />

culturais importantes, sobretudo com a<br />

formação <strong>da</strong> corrente ou movimento literário<br />

conhecido como Neorrealismo Regionalista.


Gilberto Freyre


Convencido de que a divisão política em estados era artificial e de que<br />

o país real era composto por regiões, Freyre propõe o critério regional<br />

como orientação para os estudos sociais e culturais interessados no<br />

conhecimento <strong>da</strong> reali<strong>da</strong>de brasileira.


Estas, segundo Gilberto Freyre, deveriam ser estu<strong>da</strong><strong>da</strong>s em suas<br />

mais varia<strong>da</strong>s manifestações tradicionais, como a culinária, o folclore,<br />

as práticas sociais, os usos e os costumes regionais, para que fossem<br />

conheci<strong>da</strong>s e reafirma<strong>da</strong>s, de modo a servir de antídoto à ameaça de<br />

descaracterização. Além disso, considerava que o Brasil corria o grave<br />

perigo de dissolução de sua identi<strong>da</strong>de cultural, por esta se ver<br />

ameaça<strong>da</strong> pelo avanço <strong>da</strong> modernização capitalista em curso,<br />

sobretudo no Rio de Janeiro e em São Paulo, que impunha padrões<br />

culturais estrangeiros em desfavor <strong>da</strong>s genuínas tradições brasileiras.


Essa linha de pensamento leva o sociólogo pernambucano, no campo<br />

artístico, a opor-se ao movimento modernista, que se expandia<br />

nacionalmente desde seu ruidoso lançamento na Semana de Arte<br />

Moderna (1922). Para Freyre, o Modernismo se afigurava como um<br />

movimento paulista e carioca que transpusera artificialmente as<br />

formas estéticas <strong>da</strong> vanguar<strong>da</strong> europeia para o Brasil.<br />

José de Paula<br />

Ramos


Problematização<br />

Neorrealismo Regionalista - Este<br />

rótulo NÃO se encaixa perfeitamente<br />

em CAPITÃES DA AREIA.<br />

A problemática central ultrapassa<br />

os limites do regionalismo.


<strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong><br />

O livro


Foco narrativo<br />

• Terceira pessoa


Espaço<br />

Ci<strong>da</strong>de alta:<br />

socie<strong>da</strong>de dos ricos


As ruas e as areias <strong>da</strong>s praias <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

Bahia (Salvador)<br />

Espaço dos pobres (excluídos)


• Prólogo<br />

Cartas à Re<strong>da</strong>ção do Jornal <strong>da</strong> Tarde (to<strong>da</strong>s ficcionais)<br />

1. Reportagem do assalto <strong>da</strong>s crianças à casa de um rico comerciante;<br />

2. Carta do secretário do chefe de polícia falando sobre a<br />

responsabili<strong>da</strong>de do juiz de menores;<br />

3. Carta do Juiz de Menores defendendo-se <strong>da</strong> acusação de negligência;<br />

4. Carta <strong>da</strong> mãe de uma <strong>da</strong>s crianças denunciando as condições<br />

miseráveis do reformatório;<br />

5. Carta do Padre José Pedro reafirmando as acusações feitas pela mãe<br />

ao reformatório;<br />

6. Carta do diretor do Reformatório defendendo-se <strong>da</strong>s acusações;<br />

7. Reportagem elogiosa do mesmo jornal ao Reformatório.


Introdução – Cartas à re<strong>da</strong>ção<br />

Fato a que se referem:<br />

assalto do grupo “<strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> areia”<br />

à residência do comen<strong>da</strong>dor José<br />

Ferreira.


Já por várias vezes o nosso<br />

jornal, que é sem dúvi<strong>da</strong> o<br />

órgão <strong>da</strong>s mais legítimas<br />

aspirações <strong>da</strong> população<br />

baiana, tem trazido notícias<br />

sobre a ativi<strong>da</strong>de criminosa<br />

dos <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>, nome<br />

pelo qual é conhecido o grupo<br />

de meninos assaltantes e<br />

ladrões que infestam a nossa<br />

urbe. Essas crianças que tão<br />

cedo se dedicaram à<br />

tenebrosa carreira do crime<br />

não têm moradia certa ou<br />

pelo menos a sua moradia<br />

ain<strong>da</strong> não é localiza<strong>da</strong>. Como<br />

também ain<strong>da</strong> não foi<br />

localizado o local onde<br />

escondem o produto dos seus<br />

assaltos, que se tornam diários,<br />

fazendo jus a uma imediata<br />

providência do juiz de menores<br />

e do dr. chefe de polícia.<br />

Jornal <strong>da</strong> Tarde<br />

Crianças Ladronas<br />

As aventuras sinistras dos <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong> • A ci<strong>da</strong>de<br />

infesta<strong>da</strong> por crianças que vivem do furto • Urge uma<br />

providência do Juiz de Menores e do Chefe de Polícia •<br />

Ontem houve mais um assalto<br />

órgão <strong>da</strong>s mais legítimas aspirações <strong>da</strong> população<br />

baiana, tem trazido notícias sobre a ativi<strong>da</strong>de criminosa<br />

dos <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>, nome pelo qual é conhecido o<br />

grupo de meninos assaltantes e ladrões que infestam a<br />

nossa urbe. Essas crianças que tão cedo se dedicaram<br />

à tenebrosa carreira do crime não têm moradia certa ou<br />

pelo menos a sua moradia ain<strong>da</strong> não é localiza<strong>da</strong>. Como<br />

também ain<strong>da</strong> não foi localizado o local onde escondem<br />

o produto dos seus assaltos, que se tornam diários,<br />

fazendo jus a uma imediata providência do juiz de<br />

menores e do dr. chefe de polícia.<br />

Caráter tendencioso <strong>da</strong><br />

imprensa<br />

Linguagem empola<strong>da</strong> e<br />

cheia de pré-conceitos<br />

<strong>da</strong>s autori<strong>da</strong>des<br />

Linguagem simples e<br />

coloquial dos mais<br />

humildes<br />

Já por várias vezes o nosso jornal, que é sem dúvi<strong>da</strong> o


Linguagem revela julgamento moral e<br />

preconceito:<br />

“bando de demônios”;<br />

“ladrões que infestam a nossa urbe”;<br />

“molecote”;<br />

“crianças ladronas” (o próprio título<br />

<strong>da</strong> notícia).


Introdução – Cartas à re<strong>da</strong>ção<br />

Duas visões distintas sobre os “capitães”:<br />

1. Autori<strong>da</strong>des competentes (chefe de polícia, juiz<br />

de menores, diretor do Reformatório):<br />

consideram-nos criminosos que merecem<br />

punição; eximem-se de sua responsabili<strong>da</strong>de<br />

em relação aos meninos.<br />

2. Padre e Ricardina, a costureira: consideramnos<br />

crianças, vítimas de injustiça.


1ª Parte: “Sob a Lua, num velho<br />

trapiche abandonado”


Sob a lua, num velho trapiche abandonado, as<br />

crianças dormem.<br />

“O trapiche”<br />

Antigamente aqui era o mar. Nas grandes e<br />

negras pedras dos alicerces do trapiche as on<strong>da</strong>s<br />

ora se rebentavam fragorosas, ora vinham se bater<br />

mansamente. A água passava por baixo <strong>da</strong> ponte<br />

sob a qual muitas crianças repousavam agora,<br />

ilumina<strong>da</strong>s por uma réstia amarela de lua.


“No velho armazem<br />

abandonado”<br />

Durante anos foi povoado exclusivamente pelos ratos<br />

que o atravessavam em corri<strong>da</strong>s brincalhonas, que<br />

roíam a madeira <strong>da</strong>s portas monumentais, que o<br />

habitavam como senhores exclusivos. Em certa época<br />

um cachorro vagabundo o procurou como refúgio<br />

contra o vento e contra a chuva. [...]


“O trapiche”<br />

Degra<strong>da</strong>ção Humana<br />

Durante anos foi povoado exclusivamente pelos ratos<br />

que o atravessavam em corri<strong>da</strong>s brincalhonas, que<br />

roíam a madeira <strong>da</strong>s portas monumentais, que o<br />

habitavam como senhores exclusivos. Em certa época<br />

um cachorro vagabundo o procurou como refúgio<br />

contra o vento e contra a chuva. [...]


Retrato <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> de crianças sem<br />

família que viviam em um velho<br />

armazém abandonado no cais do porto.<br />

Aproxima<strong>da</strong>mente cem crianças de<br />

to<strong>da</strong>s as cores, entre nove e dezesseis<br />

anos que ali dormiam. Os motivos que<br />

as uniram eram os mais variados:<br />

ficaram órfãs, foram abandona<strong>da</strong>s, ou<br />

fugiram dos abusos e maus tratos<br />

recebidos em casa.


Durante o dia, maltrapilhos, sujos<br />

e esfomeados, mostravam-se para a<br />

socie<strong>da</strong>de, perambulando pelas ruas,<br />

fumando pontas de cigarro, mendigando<br />

comi<strong>da</strong> ou praticando pequenos furtos<br />

para poder comer.<br />

Além desses pequenos<br />

expedientes, os <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong><br />

praticavam roubos maiores, o que os<br />

tornou conhecidos, temidos e<br />

procurados pela polícia.


Apresentação<br />

dos<br />

personagens<br />

Noite dos “capitães <strong>da</strong> areia”


Personagens<br />

Pedro Bala<br />

"É aqui também que mora o chefe<br />

dos <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong> Pedro Bala.<br />

Desde cedo foi chamado assim, desde<br />

seus cinco anos. Hoje tem 15 anos. Há<br />

dez que vagabundeia nas ruas <strong>da</strong><br />

Bahia. Nunca soube de sua mãe, seu<br />

pai morrera de um balaço."<br />

Era loiro, 15 anos, tinha um talho no<br />

rosto, provocado por uma briga com o<br />

antigo chefe do bando, Raimundo, na<br />

disputa pela liderança.


Pirulito<br />

Pirulito, magro e muito alto.<br />

Tinha vocação e fervor religioso.<br />

Executa, com os demais, os<br />

roubos necessários à<br />

sobrevivência, sem jamais<br />

deixar de praticar sua oração e<br />

sua fé em Deus.


João Grande<br />

Mais alto e mais forte do<br />

bando. Ele não era chamado<br />

para as reuniões dos lideres por<br />

ser inteligente, mas porque era<br />

temido. Se fosse para pensar,<br />

até lhe doía a cabeça. Aju<strong>da</strong> e<br />

protege os novatos do bando<br />

contra atos tirânicos praticados<br />

pelos mais velhos.


Robin Hood é um herói mítico, um<br />

fora-<strong>da</strong>-lei que roubava dos ricos<br />

para <strong>da</strong>r aos pobres. Era hábil no<br />

arco e flecha e vivia na floresta de<br />

Sherwood. Era aju<strong>da</strong>do por seus<br />

amigos "João Pequeno" e "Frei<br />

Tuck", entre outros moradores de<br />

Sherwood. Teria vivido no século<br />

XIII, gostava de vaguear pela floresta<br />

e prezava a liber<strong>da</strong>de.


Casa-se com Maid Marian. No fim <strong>da</strong> história,<br />

Ricardo Coração de Leão reaparece após sua<br />

derrota em terras estrangeiras e nomeia Robin<br />

Hood cavaleiro, tornando o nobre novamente.


Professor<br />

"João José, o Professor,<br />

desde o dia em que furtara<br />

um livro de histórias numa<br />

estante de uma casa <strong>da</strong><br />

Barra, se tomara perito<br />

nestes furtos. Nunca,<br />

porém, vendia os livros, que<br />

ia empilhando num canto do<br />

trapiche, sob tijolos, para<br />

que os ratos não os<br />

roessem. Lia-os todos numa<br />

ânsia que era quase febre".<br />

Era intelectual do grupo.<br />

Além de entreter os garotos,<br />

narrando as aventuras que lê, o<br />

Professor aju<strong>da</strong> decisivamente<br />

Pedro Bala, aconselhando-o no<br />

planejamento dos assaltos.


Boa Vi<strong>da</strong><br />

Era o mais malandro de<br />

todos. Muito preguiçoso, era o<br />

único que não participava <strong>da</strong>s<br />

ativi<strong>da</strong>des de roubo do grupo.<br />

Era um boa-vi<strong>da</strong>, gostava de<br />

violão e de ficar contemplando<br />

o mar e os barcos.


Gato<br />

Gato, rapaz conquistador, vive<br />

entre as prostitutas. Com seu jeito<br />

malandro atrai uma delas: Dalva.<br />

Só aparecia ao amanhecer.<br />

Bem-vestido, domina a arte <strong>da</strong><br />

jogatina, trapaceando, com seu<br />

baralho marcado, todos os que se<br />

aventuram numa parti<strong>da</strong> contra ele.


Volta Seca<br />

Volta Seca, tinha ódio <strong>da</strong>s<br />

autori<strong>da</strong>des e o desejo de se<br />

tornar cangaceiro. Admirador<br />

de Lampião, a quem chama de<br />

padrinho, sonha um dia<br />

participar de seu bando.


Sem-Pernas<br />

Sem-Pernas, garoto<br />

deficiente de uma perna, que<br />

serve de espião para o grupo.<br />

Fazia-se de órfão<br />

desamparado para ser<br />

acolhido pelas famílias e,<br />

assim, conhecia ca<strong>da</strong> ponto<br />

estratégico de suas<br />

residências, retransmitindo<br />

tais informações ao grupo.


Sem-Pernas<br />

Preso e humilhado por<br />

policiais bêbados, que o<br />

obrigaram a correr em volta de<br />

uma mesa até cair exausto,<br />

Sem-Pernas conserva as<br />

marcas psicológicas desse<br />

episódio, que provocou nele<br />

um ódio irrefreável contra<br />

tudo e todos, incluindo os<br />

próprios integrantes do<br />

bando.


Os apelidos Pedro Bala, Professor, Sem-<br />

Pernas e Boa-Vi<strong>da</strong> constituem exemplos<br />

de aplicação de metonímia.<br />

A obra talvez não<br />

possua um personagem<br />

principal. O mais<br />

apropriado seria<br />

apontar o conjunto, ou<br />

seja, os <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong><br />

<strong>Areia</strong> como grupo como<br />

personagem coletivo.<br />

Personagem coletivo


Era pescador e<br />

tinha um saveiro. Dá<br />

algumas aulas de<br />

capoeira para Pedro<br />

Bala, João Grande e<br />

Gato. Todos no<br />

trapiche o admiram.<br />

Querido de Deus


As luzes do carrossel<br />

Os meninos se envolvem com um<br />

carrossel que chegou na ci<strong>da</strong>de.


Unicamp 2010 - Leia o trecho abaixo, do capítulo “As luzes do<br />

carrossel”, de <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>:<br />

O sertanejo trepou no carrossel, deu cor<strong>da</strong> na pianola e começou a<br />

música de uma valsa antiga. O rosto sombrio de Volta Seca se abria<br />

num sorriso. Espiava a pianola, espiava os meninos envoltos em<br />

alegria. Escutavam religiosamente aquela música que saía do bojo do<br />

carrossel na magia <strong>da</strong> noite <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> Bahia só para os<br />

ouvidos aventureiros e pobres dos <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>. Todos estavam<br />

silenciosos. Um operário que vinha pela rua, vendo a aglomeração de<br />

meninos na praça, veio para o lado deles. E ficou também parado,<br />

escutando a velha música. Então a luz <strong>da</strong> lua se estendeu sobre todos,<br />

as estrelas brilharam ain<strong>da</strong> mais no céu, o mar ficou de todo manso<br />

(talvez que Iemanjá tivesse vindo também ouvir a música) e a ci<strong>da</strong>de<br />

era como que um grande carrossel onde giravam em invisíveis cavalos<br />

os <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>. Nesse momento de música eles sentiram-se<br />

donos <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. E amaram-se uns aos outros, se sentiram irmãos<br />

porque eram todos eles sem carinho e sem conforto e agora tinham o<br />

carinho e conforto <strong>da</strong> música.


Volta Seca não pensava com certeza<br />

em Lampião nesse momento. Pedro<br />

Bala não pensava em ser um dia o<br />

chefe de todos os malandros <strong>da</strong><br />

ci<strong>da</strong>de. O Sem-Pernas em se jogar no<br />

mar, onde os sonhos são todos<br />

belos. Porque a música saía do bojo<br />

do velho carrossel só para eles e<br />

para o operário que parara. E era uma<br />

valsa velha e triste, já esqueci<strong>da</strong> por<br />

todos os homens <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de. (Jorge<br />

Amado, <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>. São Paulo:<br />

Companhia <strong>da</strong>s Letras, 2008, p. 68.)<br />

a) De que modo esse capítulo<br />

estabelece um contraste com os<br />

demais do romance? Quais são os<br />

elementos desse contraste?<br />

b) Qual a relação de tal contraste com<br />

o tema do livro?<br />

Cangaceiro, Aldemir Martins


“Solidão e Abandono”


"Todos procuravam um carinho, qualquer coisa fora <strong>da</strong>quela vi<strong>da</strong>: o<br />

Professor naqueles livros que lia a noite to<strong>da</strong>, o Gato na cama de uma<br />

mulher <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> que lhe <strong>da</strong>va dinheiro, Pirulito na oração que o<br />

transfigurava, Barandão e Almiro no amor na areia do cais. O Sem-Pernas<br />

sentia que uma angústia o tomava e que era impossível dormir. [...]"


“Padre José Pedro”<br />

[...] Mas Padre José Pedro tinha sido operário e sabia como tratar os<br />

meninos. Tratava-os como a homens, como a amigos. E assim<br />

conquistou a confiança deles, se fez amigo de todos, mesmo <strong>da</strong>queles<br />

que, como Pedro Bala e o Professor, não gostavam de rezar.<br />

Padre de origem humilde. Discriminado por não<br />

possuir a cultura nem a erudição dos colegas, demonstra<br />

uma crença religiosa sincera. Por isso, assume para si a<br />

missão de salvar espiritualmente as crianças abandona<strong>da</strong>s<br />

<strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de, incluindo os <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>.


“Docas”


Pedro Bala e Boa-Vi<strong>da</strong> vão passear nas docas e encontram<br />

o estivador João de Adão. Luíza, uma vendedora de laranjas<br />

e coca<strong>da</strong>s, participa também <strong>da</strong> conversa. Pedro Bala fica<br />

sabendo de sua origem.


Estivador, negro fortíssimo<br />

e antigo grevista, era igualmente<br />

temido e amado em to<strong>da</strong> a estiva.<br />

Através dele, Pedro Bala soube do<br />

pai. João-de-Adão tinha conhecido<br />

o loiro Raimundo, estivador que<br />

tinha morrido, baleado na greve,<br />

lutando em prol dos<br />

trabalhadores. A mãe de Pedro<br />

falecera quando ele tinha seis<br />

meses; era uma mulher e tanto.<br />

João-de-Adão


Estupro De volta <strong>da</strong>s docas para o<br />

trapiche, na praia deserta,<br />

Pedro Bala sodomiza à força<br />

uma jovem negra, apesar de<br />

ela implorar para que ele a<br />

poupasse.<br />

Tal episódio caracteriza a<br />

bestiali<strong>da</strong>de dos instintos<br />

sexuais do protagonista e<br />

tem a função de servir de<br />

contraponto ao futuro<br />

comportamento dele em<br />

relação a outra jovem, Dora.


“Aventura de Ogum”


Mãe de santo,<br />

sempre socorria<br />

os meninos em<br />

caso de doença<br />

ou necessi<strong>da</strong>de.<br />

“Don'aninha”


“Aventura de Ogum”<br />

A imagem desse orixá é retira<strong>da</strong> de<br />

seu altar no candomblé de<br />

Don'Aninha e leva<strong>da</strong> pela polícia<br />

para uma delegacia. A mãe de<br />

santo recorre a Pedro Bala, que se<br />

faz prender para resgatar e restituir<br />

a imagem ao seu lugar sagrado.<br />

Denuncia a intolerância<br />

e a perseguição religiosa<br />

que afligiam os<br />

praticantes dos cultos<br />

religiosos de origem<br />

africana no Brasil


“Deus sorri como um negrinho”


Pirulito rouba uma imagem de Menino Jesus<br />

exposta em uma loja. São mostra<strong>da</strong>s as hesitações do<br />

menino nos momentos que antecedem o roubo.<br />

Sentimentos e pensamentos contraditórios aparecem: o<br />

temor e o amor de Deus. Pirulito medita sobre os<br />

exemplos e as ideias de padre José Pedro e do<br />

estivador João de Adão sobre justiça e culpa:


Sua vi<strong>da</strong> era uma vi<strong>da</strong> desgraça<strong>da</strong> de menino abandonado e por<br />

isso tinha que ser uma vi<strong>da</strong> de pecado, de furtos quase diários, de<br />

mentiras nas portas <strong>da</strong>s casas ricas. Por isso na beleza do dia Pirulito<br />

mira o céu com os olhos crescidos de medo e pede perdão a Deus tão<br />

bom (mas não tão justo também...) pelos seus pecados e os dos<br />

<strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> <strong>Areia</strong>. Mesmo porque eles não tinham culpa. A culpa era <strong>da</strong><br />

vi<strong>da</strong>...<br />

O padre José Pedro dizia que a culpa era <strong>da</strong> vi<strong>da</strong> e tudo fazia<br />

para remediar a vi<strong>da</strong> deles, pois sabia que era a única maneira de fazer<br />

com que eles tivessem uma existência limpa. Porém uma tarde em que<br />

estava o padre José Pedro e estava o João de Adão, o doqueiro disse<br />

que a culpa era <strong>da</strong> socie<strong>da</strong>de mal organiza<strong>da</strong>, era dos ricos.... Que<br />

enquanto tudo não mu<strong>da</strong>sse, os meninos não poderiam ser homens de<br />

bem.


“Família”<br />

Sem-Pernas se infiltra na casa de um casal<br />

rico de Salvador: Dona Ester e seu marido,<br />

Dr. Raul, um advogado de grande<br />

reputação. Fingindo-se bom menino, Sem-<br />

Pernas é acolhido com muito afeto. Tratado<br />

como filho, ele também se apega ao casal e<br />

sofre pelo desgosto que <strong>da</strong>ria quando<br />

cumprisse sua missão de espionagem e<br />

informação para o roubo.


Hesita e, continuando a fingir, prolonga<br />

sua pernanência na casa até não poder<br />

mais. Enfim, decide-se pela leal<strong>da</strong>de<br />

devi<strong>da</strong> ao bando, foge do lar acolhedor e<br />

volta a viver no trapiche, ain<strong>da</strong> mais<br />

amargurado do que já era.


“Manhã como um quadro”


Professor, acompanhado de Pedro<br />

Bala, ganha alguns trocados a desenhar<br />

a giz, nas calça<strong>da</strong>s <strong>da</strong> Ci<strong>da</strong>de Alta,<br />

retratos dos transeuntes. Um destes, um<br />

poeta, fica impressionado com o talento<br />

do menino, puxa conversa com ele e se<br />

oferece para ajudá-lo.


“Alastrim”


Omolu mandou a bexiga negra para a ci<strong>da</strong>de. Mas lá em cima os<br />

homens ricos se vacinaram, e Omolu era um deus <strong>da</strong>s florestas <strong>da</strong><br />

África, não sabia destas coisas de vacina. E a varíola desceu para a<br />

ci<strong>da</strong>de dos pobres e botou gente doente, botou negro cheio de chaga<br />

em cima <strong>da</strong> cama.


Então vinham os homens <strong>da</strong> Saúde Pública, metiam os doentes num<br />

saco, leva para o lazareto distante. As mulheres ficavam chorando,<br />

porque sabiam que eles nunca mais voltariam. Mas como Omolu<br />

tinha pena dos seus filhinhos pobres, tirou a força <strong>da</strong> bexiga negra,<br />

virou em alastrim, que é uma bexiga branca e tola, quase um<br />

sarampo.


Os candomblés batiam noite e dia, em honra a<br />

Omolu, para aplacar a fúria de Omolu.


Alastrim<br />

Um dia, Salvador foi<br />

assola<strong>da</strong> pela epidemia de<br />

varíola. Como os pobres<br />

não tinham acesso à<br />

vacina, muitos morriam,<br />

isolados no lazareto.<br />

Almiro, o primeiro capitão<br />

a ser infectado, ali morreu.


A posição <strong>da</strong> Igreja<br />

Diálogo entre um cônego, porta-voz <strong>da</strong>s<br />

posições oficiais <strong>da</strong> instituição, e o padre<br />

José Pedro, que é recriminado por seu<br />

comportamento solidário aos pobres.<br />

— Cale-se — a voz do cônego era cheia de autori<strong>da</strong>de. — Quem o visse<br />

falar diria que é um comunista que está falando. E não é difícil. No meio<br />

dessa gentalha o senhor deve ter aprendido as teorias deles... Que Deus<br />

seja suficientemente bom para perdoar seus atos e suas palavras. O<br />

senhor tem ofendido a Deus e à Igreja. Tem desonrado as vestes<br />

sacerdotais que leva. Lembre-se que a sua inteligência é muito pequena,<br />

o senhor não pode penetrar nos desígnios de Deus...


―Destino‖<br />

“Destino”


―Destino‖<br />

Numa mesa pediram cachaça. Houve um movimento de copos no<br />

balcão. Um velho então disse:<br />

— Ninguém pode mu<strong>da</strong>r o destino. É coisa feita lá em cima [...].<br />

Mas João de Adão falou de outra mesa:<br />

— Um dia a gente mu<strong>da</strong> o destino dos pobres...<br />

Pedro Bala levantou a cabeça. Professor ouviu sorridente. Mas<br />

João Grande e Boa-Vi<strong>da</strong> pareciam apoiar as palavras do velho, que<br />

repetiu:<br />

— Ninguém pode mu<strong>da</strong>r, não. Está escrito lá em cima.<br />

— Um dia a gente mu<strong>da</strong>... – disse Pedro Bala, e todos olharam<br />

para o menino.


2ª Parte: “Noite na grande paz, <strong>da</strong><br />

grande paz dos teus olhos”


―Filha de bexiguentos‖<br />

Dora, com menos de quatorze anos de i<strong>da</strong>de, e o irmão, Zé<br />

Fuinha, de seis anos, perderam os pais durante a epidemia de<br />

varíola. São despejados pelo dono do barracão, que já o alugara<br />

a um novo inquilino. Sem ter o que comer nem onde morar, as<br />

duas crianças caminham descalças até a casa de uma antiga<br />

patroa <strong>da</strong> mãe delas, onde esta trabalhara como lavadeira de<br />

roupa. Dora se oferece para servir como copeira, mas a dona <strong>da</strong><br />

casa, que outrora a convi<strong>da</strong>ra exatamente para isso, mu<strong>da</strong> de<br />

ideia ao saber <strong>da</strong> causa <strong>da</strong> morte dos pais <strong>da</strong> menina.


―Filha de bexiguentos‖<br />

Esta ain<strong>da</strong> tenta empregar-se em muitas outras casas,<br />

sempre com o mesmo resultado, devido ao medo que os<br />

possíveis patrões sentiam <strong>da</strong> varíola. Com uma esmola recebi<strong>da</strong>,<br />

Dora compra pães amanhecidos. Ao comê-los com o irmão, dois<br />

meninos se aproximam com olhar de fome e ela oferece-lhes os<br />

pães que restavam. Dora conta a sua história aos novos<br />

conhecidos. Estes, que eram Zé Grande e Professor,<br />

compadecidos, convi<strong>da</strong>m a menina e seu irmão a acompanhá-los<br />

ao trapiche, onde poderiam dormir


―Filha de bexiguentos‖<br />

[...] As luzes se acenderam e ela [Dora] achou a<br />

princípio muito bonito. Mas logo depois sentiu que a<br />

ci<strong>da</strong>de era sua inimiga, que apenas queimara os seus<br />

pés e a cansara. Aquelas casas bonitas não a quiseram.


―Filha de bexiguentos‖<br />

Metonímia <strong>da</strong> exclusão:<br />

pessoas/casas<br />

[...] As luzes se acenderam e ela [Dora] achou a<br />

princípio muito bonito. Mas logo depois sentiu que a<br />

ci<strong>da</strong>de era sua inimiga, que apenas queimara os seus<br />

pés e a cansara. Aquelas casas bonitas não a quiseram.


Meninas não eram admiti<strong>da</strong>s no bando dos <strong>Capitães</strong><br />

<strong>da</strong> <strong>Areia</strong>, que se alvoroçam com a presença de Dora e<br />

tentam estuprá-la. O bando ataca Zé Grande e<br />

Professor, que a defendiam, quando chega Pedro Bala<br />

e, após um primeiro momento em que dera razão ao<br />

bando, mu<strong>da</strong> de opinião perante os apelos dos<br />

defensores e o comovente pavor evidenciado nos<br />

olhos <strong>da</strong> menina. O líder do bando impõe sua<br />

autori<strong>da</strong>de e decreta que ninguém molestaria Dora.<br />

Esta decide permanecer no trapiche com o irmão e<br />

tornar-se membro do bando.


Dora, mãe / Dora, irmã<br />

Dora, a única mulher do<br />

grupo, tinha quatorze anos, era<br />

muito simples, dócil e bonita.<br />

Dará carinho e atenção aos<br />

garotos, mesmo que eles<br />

inicialmente a quisessem tomá-la<br />

a força. Também, assumirá a<br />

figura <strong>da</strong> irmã, que para eles até<br />

então não existia.<br />

ela. Mas...<br />

Professor se apaixona por


Dora será a<br />

"noiva" e a<br />

"esposa“ de<br />

Pedro Bala.


Fuvest2011<br />

Entre as varie<strong>da</strong>des de preconceito enumera<strong>da</strong>s a<br />

seguir, aponte aquelas que o grupo dos “capitães <strong>da</strong><br />

areia” (do romance homônimo) rejeita e aquelas que<br />

acata e reforça: preconceito de raça e cor; de religião;<br />

de gênero (homem e mulher); de orientação sexual.<br />

Justifique suas respostas.<br />

a) Raça e cor:<br />

b) Religião:<br />

c) Gênero:<br />

d) Orientação sexual:


Dora passa a fazer parte<br />

do bando. Quando<br />

roubavam um palacete de<br />

um ricaço foram presos.<br />

Parte do grupo conseguiu<br />

fugir, graças à<br />

intervenção de Bala. Este<br />

acabou sendo levado<br />

para um Reformatório.<br />

Reformatório e orfanato


No reformatório, Pedro<br />

Bala experimenta o<br />

inferno: apanha e posto<br />

em uma solitária.<br />

Mas, depois muito<br />

sofrer, consegue fugir.


Reformatório e orfanato<br />

Em liber<strong>da</strong>de, Pedro Bala se preparou para libertar<br />

Dora. Um mês no orfanato feminino foi o suficiente para<br />

acabar com a alegria e saúde <strong>da</strong> menina que, ardendo em<br />

febre, se encontrava na enfermaria. Pedro, Professor e<br />

Volta-Seca conseguiram resgatá-la.


Dora, esposa<br />

Voltam para o trapiche.<br />

Naquela noite, Dora revela a<br />

seu amado que se tornara<br />

moça no orfanato. O casal se<br />

enlaça. Na manhã seguinte,<br />

Dora morreu.


Don'aninha embrulhou-a<br />

em uma toalha de ren<strong>da</strong><br />

branca e o Querido-de-Deus<br />

levou-a em seu saveiro,<br />

jogando-a em alto mar.<br />

Dora, esposa


“Dora feita estrela”<br />

Pedro Bala se joga n'água. Não pode ficar no trapiche, entre os<br />

soluços e as lamentações. Quer acompanhar Dora, quer ir com ela, se<br />

reunir a ela nas Terras do Sem Fim de Yemanjá. Na<strong>da</strong> para diante<br />

sempre. Segue a rota do saveiro do Querido-de-Deus. Na<strong>da</strong>, na<strong>da</strong><br />

sempre. Vê Dora em sua frente, Dora, sua esposa, os braços estendidos<br />

para ele. Na<strong>da</strong> até já não ter forças. Bóia então, os olhos voltados para<br />

as estrelas e a grande lua amarela do céu. Que importa morrer quando se<br />

vai em busca <strong>da</strong> ama<strong>da</strong>, quando o amor nos espera?<br />

Que importa tampouco que os astrônomos afirmem que foi um<br />

cometa que passou sobre a Bahia naquela noite? O que Pedro Bala viu<br />

foi Dora feita estrela, indo para o céu. Fora mais valente que to<strong>da</strong>s<br />

mulheres... Tão valente que antes de morrer, mesmo sendo uma menina,<br />

se dera ao seu amor. Por isso virou uma estrela no céu. Uma estrela de<br />

longa cabeleira loira, uma estrela como nunca tivera nenhuma na noite<br />

de paz <strong>da</strong> Bahia.


3ª Parte: “Canção <strong>da</strong> Bahia, canção<br />

<strong>da</strong> liber<strong>da</strong>de”


•Professor, entristecido com<br />

a morte de Dora e com o<br />

apoio de um poeta, foi para o<br />

Rio, e já estava expondo seus<br />

quadros.<br />

•Pirulito entra para a ordem<br />

religiosa dos capuchinhos.<br />

•João Grande ingressou num<br />

navio como marinheiro.<br />

Desenlaces<br />

Alguns anos se passaram e ca<strong>da</strong> um do grupo foi<br />

tomando seu caminho.<br />

• Gato, perfeito gigolô e<br />

vigarista, com sua amante<br />

Dalva, estava em Ilhéus,<br />

trapaceando coronéis.<br />

• Boa-Vi<strong>da</strong>, um malandro<br />

completo. Inimigo <strong>da</strong> riqueza<br />

e do trabalho, amigo <strong>da</strong>s<br />

festas e <strong>da</strong>s cabrochas. Um<br />

dos “valentões” <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de.


No sertão<br />

• Padre José Pedro<br />

finalmente consegue<br />

uma paróquia no<br />

Sertão para onde<br />

ninguém queria ir.<br />

• Volta-Seca pega<br />

um trem e vai para o<br />

sertão e se engaja<br />

no bando de<br />

Lampião.


Salto para a liber<strong>da</strong>de –<br />

“Como um trapezista<br />

num circo”.<br />

O Sem-Pernas perseguido<br />

pela polícia e na eminência<br />

de ser novamente preso,<br />

acaba encurralado. Diante de<br />

seus traumas do passado e<br />

<strong>da</strong> possibili<strong>da</strong>de de perder<br />

sua liber<strong>da</strong>de, acaba com<br />

sua própria vi<strong>da</strong> saltando de<br />

um penhasco..


Unicamp 2011. Leia a passagem seguinte, de <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> areia:<br />

Pedro Bala olhou mais uma vez os homens que nas docas<br />

carregavam fardos para o navio holandês. Nas largas costas negras<br />

e mestiças brilhavam gotas de suor. Os pescoços musculosos iam<br />

curvados sob os fardos. E os guin<strong>da</strong>stes ro<strong>da</strong>vam ruidosamente.<br />

Um dia iria fazer uma greve como seu pai... Lutar pelo direito... Um<br />

dia um homem assim como João de Adão poderia contar a outros<br />

meninos na porta <strong>da</strong>s docas a sua história, como contavam a de seu<br />

pai. Seus olhos tinham um intenso brilho na noite recém-chega<strong>da</strong>.<br />

(Jorge Amado, <strong>Capitães</strong> <strong>da</strong> areia. São Paulo: Companhia <strong>da</strong>s Letras,<br />

2008, p. 88.)<br />

a) Que consequências a descoberta de sua ver<strong>da</strong>deira origem tem<br />

para a personagem de Pedro Bala?<br />

b) Em que medi<strong>da</strong> o trecho acima pode definir o contexto literário<br />

em que foi escrito o romance de Jorge Amado?


Companheiros<br />

Após o auxílio na greve dos<br />

condutores de bonde, e<br />

contando com a aju<strong>da</strong> de<br />

Alberto, um estu<strong>da</strong>nte, Pedro<br />

Bala, tornou-se uma "briga<strong>da</strong><br />

de choque", intervindo em<br />

comícios e greves.<br />

Passando a chefia do bando<br />

para Barandão, seguiu para<br />

Aracaju, onde iria organizar<br />

outra briga<strong>da</strong>.


―Líder Popular‖<br />

Anos depois os jornais de classe, pequenos jornais, dos<br />

quais vários tinham existência ilegal e se imprimiam em<br />

tipografias clandestinas, jornais que circulavam nas fábricas,<br />

passados de mão em mão, e que eram lidos à luz de fifós,<br />

publicavam sempre notícias sobre um militante proletário, o<br />

camara<strong>da</strong> Pedro Bala, que estava perseguido pela polícia de<br />

cinco estados como organizador de greves, como dirigente<br />

de partidos ilegais, como perigoso inimigo <strong>da</strong> ordem<br />

estabeleci<strong>da</strong>.


―Discurso Libertário‖<br />

No ano em que to<strong>da</strong>s as bocas foram impedi<strong>da</strong>s de falar, no ano<br />

que foi todo ele uma noite de terror, esses jornais (únicas bocas<br />

que ain<strong>da</strong> falavam) clamavam pela liber<strong>da</strong>de de Pedro Bala, líder<br />

de uma classe, que se encontrava preso em uma colônia.<br />

E, no dia em que ele fugiu, em inúmeros lares, na hora pobre do<br />

jantar, rostos se iluminaram ao saber <strong>da</strong> notícia. E, apesar de que<br />

lá fora era o terror, qualquer <strong>da</strong>queles lares era um lar que se<br />

abriria para Pedro Bala, fugitivo <strong>da</strong> polícia.


Porque a revolução<br />

é uma pátria e uma<br />

família.


FIM

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!