Freguesia de Sagres - Câmara Municipal de Vila do Bispo
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Apesar <strong>de</strong> ter existi<strong>do</strong> nesta área, nos tempos medievais, uma localida<strong>de</strong> (Terçanabal), to<strong>do</strong> este<br />
território foi <strong>do</strong>a<strong>do</strong>, em 27 <strong>de</strong> outubro <strong>de</strong> 1443, ao Infante, que para si o reclamou: D. Henrique,<br />
homem multifaceta<strong>do</strong>, Príncipe liga<strong>do</strong> à Or<strong>de</strong>m Militar <strong>de</strong> Cristo, Duque <strong>de</strong> Viseu, senhor da<br />
Covilhã, homem preocupa<strong>do</strong> com a sua casa senhorial e com o seu engran<strong>de</strong>cimento, religioso e<br />
acérrimo <strong>de</strong>fensor <strong>do</strong> combate aos Infiéis, usufruiu, também, <strong>de</strong> rendimentos diversos, como os<br />
<strong>de</strong> algumas pescarias no Algarve. Segun<strong>do</strong> o próprio, estan<strong>do</strong> preocupa<strong>do</strong> com as necessida<strong>de</strong>s<br />
existentes, neste troço da costa, <strong>de</strong> agasalho material e espiritual para os navega<strong>do</strong>res que por<br />
aqui passavam, sempre condiciona<strong>do</strong>s pelo regime <strong>de</strong> ventos na zona, fun<strong>do</strong>u uma localida<strong>de</strong>,<br />
uma <strong>Vila</strong> (a “<strong>Vila</strong> <strong>do</strong> Infante”) para prestar esses tipos <strong>de</strong> assistência. A <strong>Vila</strong>, que fortificou,<br />
situava-se, na atual Ponta <strong>de</strong> <strong>Sagres</strong>, local estratégico, por excelência, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> sobre 2<br />
gran<strong>de</strong>s enseadas (Mareta e Beliche).<br />
Já, em pleno Século XVI, a zona <strong>de</strong> <strong>Sagres</strong>/Cabo <strong>de</strong> São Vicente, revelou-se, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> 1573 até<br />
1578, um <strong>do</strong>s locais <strong>de</strong> eleição <strong>do</strong> Deseja<strong>do</strong> Rei D. Sebastião, sen<strong>do</strong> um <strong>do</strong>s seus maiores<br />
aprecia<strong>do</strong>res, gostan<strong>do</strong> mesmo <strong>de</strong> ouvir música junto aos roche<strong>do</strong>s e ao mar. Foi mais uma<br />
personalida<strong>de</strong> que, após o seu <strong>de</strong>saparecimento, em batalha, em Alcácer-Quibir (Marrocos,<br />
1578) que passou para o <strong>do</strong>mínio mítico <strong>de</strong>ste local. Afinal, uma crónica <strong>do</strong> Século XVI, refere<br />
a estadia <strong>do</strong> jovem Rei feri<strong>do</strong>, no Convento <strong>de</strong> São Vicente <strong>do</strong> Cabo, e, ainda há uns bons anos<br />
atrás (ainda não existia estrada <strong>de</strong> ligação ao Cabo) os locais contavam que El-Rei se encontrava<br />
“encanta<strong>do</strong>”, com as suas tropas, nuns roche<strong>do</strong>s existentes na zona...<br />
Contu<strong>do</strong>, <strong>Sagres</strong> sempre foi, <strong>de</strong> facto, um importante ponto estratégico e <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa marítima.<br />
Por isso, não é <strong>de</strong> estranhar a constante presença <strong>de</strong> solda<strong>do</strong>s na zona, num largo perío<strong>do</strong> <strong>de</strong><br />
tempo, que po<strong>de</strong>mos consi<strong>de</strong>rar <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o Século XVI até ao Século XX.<br />
Depois <strong>de</strong>sta introdução a este fantástico espaço, integran<strong>do</strong> numa paisagem única e fabulosa,<br />
visitemos, então, a localida<strong>de</strong>.<br />
Comecemos pela Fortaleza (Monumento Nacional). A importância<br />
estratégica <strong>de</strong> toda a área costeira <strong>de</strong> <strong>Sagres</strong> não passou, certamente,<br />
<strong>de</strong>sapercebida ao Infante D. Henrique, durante as suas passagens ao<br />
Norte <strong>de</strong> África. O seu interesse foi crescen<strong>do</strong>, a ponto <strong>de</strong> solicitar à<br />
Coroa a região para nela estabelecer, como se referiu, um ponto <strong>de</strong><br />
referência em termos <strong>de</strong> apoio direto material aos navios e marinheiros que se cruzavam nestas<br />
águas: uma <strong>Vila</strong>. Foi neste contexto que D. Henrique or<strong>de</strong>nou a sua edificação, com toda<br />
probabilida<strong>de</strong>, na Ponta <strong>de</strong> <strong>Sagres</strong>, bem como a das suas primeiras estruturas <strong>de</strong>fensivas,<br />
importantes para a <strong>de</strong>fesa <strong>de</strong>ste importante local, <strong>do</strong>minante sobre duas enseadas que,<br />
frequentemente, serviam <strong>de</strong> local <strong>de</strong> abrigo à navegação. De iniciativa henriquina foi,<br />
igualmente, a construção (ainda hoje existente) da Igreja <strong>de</strong> Santa Maria, consagrada em 1519, à<br />
invocação <strong>de</strong> Nossa Senhora da Graça, quan<strong>do</strong> <strong>Sagres</strong> foi elevada a Paróquia, no reina<strong>do</strong> <strong>de</strong> D.<br />
Manuel I.<br />
Templo com um interessante portal renascentista (Século XVI) <strong>de</strong>staca-se, na fachada pela<br />
estrutura on<strong>de</strong> se encontram os seus sinos. Importa, ainda, referir, a<br />
existência, na sua Capela-Mor, <strong>de</strong> 3 sepulturas <strong>de</strong> capitães, que aqui<br />
prestaram o seu serviço militar, governan<strong>do</strong> esta Praça <strong>de</strong> Guerra.<br />
Diante das mesmas encontra-se um valioso retábulo <strong>de</strong> talha <strong>do</strong>urada,<br />
<strong>de</strong> finais <strong>do</strong> Século XVII, proveniente da Capela <strong>de</strong> Santo António