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Parte 1

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A PLATÉIA<br />

4 20 e 21 de setembro 2007<br />

História Farrapa<br />

1- O Início<br />

A Revolução Farroupilha eclodiu na noite de 19/<br />

09/1835, quando Bento Gonçalves da Silva avançou<br />

com cerca de 200 "farrapos" (ala dos exaltados, que<br />

queriam províncias mais autônomas, unidas por uma<br />

república mais flexível) sobre a capital Porto Alegre<br />

(que na época possuía cerca de 14 mil habitantes)<br />

pelo caminho da Azenha (atual Avenida João Pessoa).<br />

2- As Causas<br />

A revolta deveu-se em função dos elevados impostos<br />

cobrados no local de venda (normalmente<br />

outros Estados) sobre itens (animais, couro, charque<br />

e trigo) produzidos nas estâncias do Estado.<br />

Charqueadores e estancieiros reclamavam, ainda, de<br />

outros impostos: sobre o sal importado e sobre a<br />

propriedade da terra.<br />

3- Porto Alegre<br />

Na época, Porto Alegre era um porto comercial, e<br />

não tinha razões para aderir à revolta. Seus comerciantes<br />

não comungavam com as idéias separatistas<br />

dos líderes da região da Campanha, por isso,<br />

rechaçaram os rebeldes, em 15/06/1836. Em função<br />

da fidelidade da capital ao império, recebeu o título<br />

de "Leal e Valorosa" em 19/10/1841, que permanece<br />

no seu brasão até os dias atuais.<br />

4- A República<br />

Fora da capital, os farroupilhas passaram a ter ex-<br />

A Revolução dos gaúchos<br />

pressivos êxitos. Na batalha do Seival (que fica no atual<br />

município de Candiota), o general Antônio de Souza Netto<br />

impôs fragorosa derrota ao legalista João da Silva Tavares,<br />

que possuía 170 combatentes a mais. No dia seguinte, em<br />

11/09/1836, Netto proclamou a República Rio-grandense, com<br />

sede em Piratini. Os farroupilhas mudaram a capital mais<br />

duas vezes: para Caçapava do Sul, em 1839; e para Alegrete,<br />

em julho de 1842.<br />

5- Os Barcos<br />

Em 1839, se junta ao exército farrapo o corsário italiano<br />

Giuseppe Garibaldi. Os farrapos precisavam, após 4 anos de<br />

combates, acesso à Lagoa dos Patos e ao Oceano, que eram<br />

bloqueados pelos imperialistas assentados em Porto Alegre<br />

e Rio Grande, respectivamente.<br />

Para romper o cerco, resolveram sublevar Santa Catarina,<br />

onde possuíam simpatizantes. Para tanto, decidiram tomar a<br />

estratégica cidade de Laguna. Para tanto, Garibaldi mandou<br />

construir dois enormes lanchões numa fazenda do atual<br />

município de Camaquã (que dista cerca de 125 km de Porto<br />

Alegre), que foram arrastados entre o atual município de<br />

Palmares do Sul e a foz do Rio Tramandaí (no atual município<br />

de Tramandaí) sobre carreta de 8 rodas, por cerca de 200<br />

bois. Em Araranguá, no Estado de Santa Catarina, o lanchão<br />

Rio Pardo naufragou; todavia, seguiram em frente com o<br />

lanchão Seival, comandados pelo americano John Griggs<br />

(apelidado de "João Grande").<br />

6- Laguna<br />

Em Laguna, os lancheiros, apoiados pela tropa de Davi<br />

Canabarro, obtiveram grande vitória; e anexaram a Província,<br />

em 29/07/1839, denominando-a República Juliana.<br />

Em Laguna, Garibaldi encontrou a costureira Ana<br />

Maria de Jesus Ribeiro, que veio a se chamar de Anita<br />

Garibaldi, que o acompanhou nas andanças da guerra,<br />

a cavalo (a casa natal de Anita permanece preservada).<br />

Anos mais tarde, Garibaldi voltou para a Itália,<br />

para lutar pela sua unificação; por isso, é conhecido<br />

como "herói de dois mundos". Os imperiais retomaram<br />

Laguna em 15/11/1839.<br />

7- Porongos 1<br />

Em 14/11/1844, os farroupilhas sofreram duro revés<br />

no Cerro dos Porongos, situado entre os atuais<br />

municípios de Piratini e Bagé. Nesta batalha, o coronel<br />

imperial Francisco Pedro de Abreu, o astuto<br />

"Moringue", destroçou os 1,1 combatentes de Davi<br />

Canabarro, que foram surpreendidos enquanto dormiam.<br />

O corpo de lanceiros negros, cerca de 100 homens<br />

de mãos livres tentaram resistir ao ataque, mas<br />

foram quase todos mortos. Também foram presos mais<br />

de 300 republicanos, entre brancos e negros, e 35<br />

oficiais.<br />

Em uma das versões deste fato, a culpa principal<br />

recaiu sobre "Chica Papagaia" (Maria Francisca<br />

Duarte Ferreira), que teria ficado entretendo o general<br />

Davi Canabarro dentro de sua barraca.<br />

8- Porongos 2<br />

Na outra versão cogita-se se que a matança dos<br />

lanceiros teria sido combinada com Canabarro para<br />

exterminar os integrantes, que poderiam formar bandos<br />

após o término da guerra, que já estava sendo<br />

tratado. A questão da abolição da escravatura, uma<br />

das condições exigidas pelos farroupilhas para a paz,<br />

entravava as negociações. A libertação definitiva dos<br />

ex-escravos combatentes, precipitaria um movimento<br />

abolicionista no resto do império, e a mão de obra<br />

escrava vinha mantendo a produção agrícola desde<br />

os tempos coloniais.<br />

Foi mencionada à época uma carta do barão de<br />

Caxias instruindo Francisco Pedro de Abreu a atacar<br />

o corpo de lanceiros negros e afirmando que tal situação<br />

teria sido previamente combinada com<br />

Canabarro. Esta carta foi mostrada em Piratini, a um<br />

professor ligado aos demais comandantes farrapos.<br />

A autenticidade desta carta foi questionada, e há a<br />

possibilidade de ela ter sido forjada nas hostes imperiais<br />

para desmoralizar Canabarro.<br />

O desastre dos Porongos levou Canabarro ao tribunal<br />

militar farroupilha. Com a paz o trâmite continuou<br />

na justiça militar do Império. O General Manuel<br />

Luís Osório, futuro comandante das tropas brasileiras<br />

na batalha de Tuiuti (durante a guerra do Paraguai)<br />

fez com que o processo fosse arquivado sem ter sido<br />

concluído, em 1866.<br />

9- A Paz<br />

A revolução durou quase 10 anos, sem vencedor e<br />

vencido. O tratado de paz foi assinado em Ponche<br />

Verde, pelo barão Duque de Caxias e o general Davi<br />

Canabarro, em 28/02/1845.<br />

Esse tratado veio atender uma série de reivindicações,<br />

principalmente em relação à obtenção de tratamento<br />

mais justo por parte do governo imperial.<br />

A epopéia da Revolução Farroupilha criou grandes<br />

heróis, mitos e símbolos; os ideais e sentimentos<br />

inexprimíveis dos revoltosos farroupilhas continuam<br />

presentes e expressos nos símbolos do Estado do<br />

Rio Grande do Sul, constituídos pelo título "República<br />

Rio-grandense", e o lema "liberdade, igualdade,<br />

humanidade" (dentro de uma nação brasileira).

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