CorresPonDênCia latina - Universidade de Coimbra
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Correspondência Activa – Carta A XXIII 9 5<br />
Lovaina, 13 <strong>de</strong> Setembro do ano <strong>de</strong> 1539, do nascimento <strong>de</strong> Cristo.<br />
Vosso, Damião <strong>de</strong> Góis.<br />
[End.]<br />
Ao ilustríssimo Pedro Bembo, car<strong>de</strong>al da Igreja Romana.<br />
A XXIII. DAMIÃO DE GÓIS<br />
ao Papa Paulo III<br />
envia muito saudar.<br />
(Lovaina, c. VIII.1540]<br />
Nenhuma 1 coisa há, sem dúvida, em que mais amplo esforço <strong>de</strong>vamos<br />
<strong>de</strong>spen<strong>de</strong>r do que em à fé <strong>de</strong> Cristo atrair, se doutra sorte não for possível,<br />
mediante o labor, dispêndio, martírio e sofrimento <strong>de</strong> todos nós, o orbe inteiro,<br />
para que, então, sob uma só or<strong>de</strong>m e modo <strong>de</strong> viver se conduza, cuidado esse<br />
que, mais do que a nós-outros todos, a Vós incumbe, Sumo Pontífice Paulo2 ,<br />
como primeiro Bispo, Vigário <strong>de</strong> Cristo e Chefe da sua Igreja universal.<br />
Dever vosso é, pois (que, <strong>de</strong> resto, com gran<strong>de</strong> esperança <strong>de</strong> todos encetastes<br />
já), aten<strong>de</strong>r às calamida<strong>de</strong>s que quotidianamente embaraçam o redil do mesmo<br />
Cristo, e pelo próprio trabalho e empenho cuidar <strong>de</strong> que o mundo inteiro se lhe<br />
sujeite e n’Ele creia unicamente; e crendo, a Vós obtempere e a vossas instruções,<br />
como ao sucessor <strong>de</strong> Pedro, em tudo o que respeita à salvação das almas. Quando<br />
isto acontecer, exclamaremos estar cumprida por vosso intermédio a profecia <strong>de</strong><br />
um só pastor e rebanho. E se tal palma obtiver<strong>de</strong>s, que Pontífice na realida<strong>de</strong> Vos<br />
sobrelevará em honra ou felicida<strong>de</strong> ou mérito, ou a qual <strong>de</strong>les com maior justiça<br />
conce<strong>de</strong>remos a tríplice tiara do que aVós? Para a conseguir<strong>de</strong>s, os tempos,<br />
embora infelizes por uma parte, dão-Vos presentemente altos ensejos. E digo<br />
infelizes, em virtu<strong>de</strong> <strong>de</strong>ssas <strong>de</strong>sgraças a que na Europa ten<strong>de</strong>s <strong>de</strong> levar remédio,<br />
as quais, próximas como estão, com certeza mais perigosamente ameaçam a<br />
Igreja. De ninguém somos com mor dureza atacados que <strong>de</strong> vizinho inimigo.<br />
Mas agora, por não falarmos nestas molestíssimas preocupações (que estão,<br />
eu o sei, constantemente no coração vosso), venhamos a outras mais suaves e<br />
que consigo trazem belos auspícios <strong>de</strong> que outro e em certa maneira novo Mundo<br />
reconheça, com a fé em Cristo, a majesta<strong>de</strong> e dignida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Vossa Santida<strong>de</strong>.<br />
Se este assunto por vossa prudência assim tratar<strong>de</strong>s <strong>de</strong> modo a que, convosco por<br />
piloto, a Igreja quer na Europa quer na Etiópia, evitados os riscos e naufrágios,<br />
Obra protegida por direitos <strong>de</strong> autor