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Descobrimento: Primeiros Núcleos Urbanos

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BIBLIOGRAFIA<br />

HOLANDA, Sérgio Buarque. Raízes do Brasil. 26 ed.<br />

São Paulo, Companhia das Letras, 1996.<br />

REIS, Nestor Goulart. Evolução Urbana do Brasil<br />

1500/ 1720. 2 ed. rev. e ampl. São Paulo, Pini,<br />

2000.<br />

REIS, Nestor Goulart. Quadro da Arquitetura no<br />

Brasil. 4 ed. São Paulo, Perspectiva, 1970.<br />

SAIA, Luís. Morada Paulista. 2 ed. São Paulo,<br />

Perspectiva, 1976.<br />

VAINFAS, Ronaldo. Dicionário do Brasil Colonial.<br />

Rio de Janeiro, Objetiva, 2000.<br />

<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong>


Organização político-administrativa e urbanização<br />

<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong><br />

Por ocasião do descobrimento, as experiências de colonização que<br />

Portugal, assim como outros países europeus, haviam realizado tinham<br />

por cenário regiões habitadas por povos com certo grau de<br />

desenvolvimento econômico e social, capazes de oferecer gêneros de<br />

alto valor para os mercados da Europa e, ao mesmo tempo, consumir<br />

produtos originários de suas manufaturas. São exemplos as feitorias da<br />

Índia e de outros países da Ásia e da África .<br />

No Brasil, os portugueses encontraram um território quase deserto, uma<br />

população com baixo nível econômico e técnico, sem possibilidade de<br />

exportar ou importar as manufaturas importadas da Europa. Além disso,<br />

não havia as riquezas minerais da América espanhola.<br />

Durante as primeiras décadas, limitaram-se a uma exploração grosseira<br />

dos recursos naturais, dando origem às primeiras feitorias e a alguns<br />

grupamentos de brancos, com rudimentos de agricultura.


Para proteger a costa brasileira da concorrência<br />

de países rivais, que vinham também mantendo<br />

feitorias em nosso território, impunha-se uma<br />

forma mais estável de ocupação. A partir de<br />

1532, iniciou-se a instalação das capitanias<br />

hereditárias.<br />

O sistema era, ao mesmo tempo, feudal e<br />

mercantil, pois delegava poderes da Coroa aos<br />

donatários, mas os objetivos eram comerciais.<br />

Aos donatários cabia a criação de vilas, que lhes<br />

pagavam tributos e a concessão de terras para<br />

atividades rurais.<br />

Todas as atividades administrativas e de defesa<br />

deviam ser exercidas pelos representantes dos<br />

donatários, pelas câmaras das vilas e pelos<br />

senhores de terra.<br />

Cabia aos donatários a criação de vilas.<br />

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Os primeiros arquitetos eram<br />

jesuítas ou engenheiros militares.<br />

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Igreja da Graça (Olinda - PE) 1580


A memória da arquitetura civil e<br />

religiosa desse período está<br />

principalmente nos quadros de Franz<br />

Post<br />

Casa de um português nobre no Brasil -<br />

Frans Post (chega ao Brasil em1637 )<br />

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Engenho com capela - Frans Post<br />

(chega ao Brasil em1637 )


O modelo de fortificação portuguesa vem dos romanos, dos<br />

visigodos e muçulmanos.<br />

Forte dos Reis Magos (Natal – RN) 1598-1614<br />

<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong>


Ao tempo do descobrimento do Brasil, as<br />

experiências urbanísiticas mais importantes e os<br />

principais trabalhos escritos referentes ao<br />

assunto tinham por base esquemas ideais, de<br />

tendência geometrizante, cujas origens mais<br />

remotas chegavam até Vitrúvio.<br />

Esses esquemas ligavam-se ainda às experiências<br />

das cidades novas dos fins da Idade Média, com<br />

suas muralhas e suas plantas retangulares.<br />

Os esquemas renascentistas eram em princípio<br />

rádio-concêntricos, mas suas aplicações<br />

prendiam-se muitas vezes às vantagens do plano<br />

em xadrez, como ocorre em Sabbioneta, cidade<br />

italiana fundada em 1560.<br />

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Sabbioneta (Itália) 1560


Além desse critérios de racionalidade, que se<br />

traduziam formalmente pela geometrização e<br />

que seriam mais tarde interpretados como<br />

correspondendo à concepção cartesiana de<br />

ordenação urbanística, surgiam já na época<br />

outros, que pretendiam reconhecer a<br />

racionalidade não apenas através de critérios<br />

formais mas também de critérios de uso, onde se<br />

incluiria mesmo a variedade de perspectivas ,<br />

constituindo o que, dentro da nomenclatura<br />

atual, poderia ser indicado como sendo uma<br />

corrente orgânica.<br />

<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong><br />

Siena (Itália)


À época do descobrimento do Brasil, as tendências<br />

geometrizantes estavam sendo adotadas em quase<br />

todas as experiências urbanísticas européias e seria<br />

por seus princípios que se orientaria o urbanismo<br />

colonial posto em prática com a expansão<br />

européia.<br />

A política urbanizadora colonial espanhola seria<br />

mesmo codificada com minúcias nas “Leyes de<br />

Índia”, constituindo-se numa das fontes mais<br />

perfeitas de informação e orientação sobre o<br />

urbanismo formal. A aplicação desses princípios em<br />

termos práticos foi comum, deles se utilizando não<br />

apenas espanhóis como holandeses, franceses,<br />

ingleses e portugueses.<br />

Estes, na Índia, adotariam esquemas medievo-<br />

renascentistas, sempre que surgisse a oportunidade<br />

de construir centros de maior importância, pois<br />

“era preciso caminhar mais depressa e dar<br />

monumentalidade aos edifícios públicos, às igrejas<br />

e aos conventos”.<br />

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Damão e Baçaim (Índia)


Traçado<br />

Até 1580 , as vilas como São Paulo, Olinda e<br />

Vitória tinham traçados irregulares. Mas<br />

Salvador, como “cidade real”, foi criada com<br />

características diferentes.<br />

Para traçá-la, veio de Portugal o mestre de<br />

fortificações Luiz Dias, que trouxe diretrizes<br />

da Corte sobre o modo de proceder. A cidade<br />

teve desde o início ruas retas e seu desenho<br />

aproximava-se, nos terrenos planos, do<br />

clássico tabuleiro de xadrez.<br />

Um esquema semelhante foi adotado em São<br />

Luiz do Maranhão e Filipéia (João Pessoa).<br />

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Salvador (Bahia)


A Escolha dos Sítios<br />

O sítio de uma vila ou cidade é o local onde está sendo<br />

assentada.<br />

Praticamente todas as cidades ou vilas fundadas antes de<br />

1580 foram assentadas sobre colinas que facilitassem sua<br />

defesa pela altura e o controle das vias de acesso,<br />

principalmente as marítimas e fluviais. Variavam as<br />

alturas das colinas, mas os sítios eram praticamente<br />

iguais.<br />

Durante o domínio espanhol (1580-1640), estabelecido o<br />

controle ibérico sobre todo o litoral,tornaram-se comuns<br />

as vilas e cidades com sítios escolhidos em terrenos<br />

planos ou quase planos, como Cabo Frio, João Pessoa,<br />

Ubatuba, São Sebastião, Parati, Parnaíba e Mogi das<br />

Cruzes.<br />

Na Bahia, o desenvolvimento do comércio obrigou a<br />

criação artificial de uma nova área urbana, na Cidade<br />

Baixa. Em locais como Ilhéus e Porto Seguro formaram-se<br />

rapidamente novas áreas urbanas, nas baixadas.<br />

<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong><br />

Salvador (Bahia)


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Os limites impostos pelos sítios mais antigos obrigaram muito cedo as<br />

adaptações importantes, em núcleos cuja população se expandia. O Rio de<br />

Janeiro praticamente se transferiu do Morro do Castelo para a praia.<br />

Rio de Janeiro


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Santos (São Paulo)


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Olinda e Recife (Pernambuco)


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Recife (Pernambuco)


O binário urbano-rural constituía, nessa época, em<br />

pleno século XVII, a tese mais cara ao mundo que<br />

orbitava em termos europeus, inclusive e<br />

principalmente no que dizia respeito às<br />

instalações de conquista.<br />

A ocupação das vacarias, o remanejamento dos<br />

núcleos existentes e o desenvolvimento geral da<br />

população urbana, inclusive por motivo das<br />

franquias e da relativa liberdade que aí<br />

conquistavam os "servos da gleba", o comércio e os<br />

novos termos do mercado e da produção,<br />

transformaram a temática urbana em tônica da<br />

Europa pós-Renascença.<br />

De qualquer modo, porém, as preliminares de<br />

divisão da terra estavam de antemão firmadas e o<br />

estabelecimento do binário urbano-rural é apenas<br />

uma nova forma de gregarismo da população<br />

européia.<br />

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Engenho de Açúcar


Na América, o fenômeno é totalmente novo, desde as suas raízes abstratas de<br />

divisão da terra, até as formas adotadas para instalar as cidades.<br />

Se na Europa o quadro geral de ocupação de terra já estava esboçado e<br />

comprometido, na América está sujeito de um lado às imposituras de ordem<br />

erudita, como é o caso da aplicação das Leyes de lo Reyno de las Índias na<br />

América Espanhola, enquanto que as condições empíricas da colonização podiam,<br />

em alguns casos, demonstrar o predomínio de fatores regionais e locais, como é o<br />

caso da solução paulista.<br />

<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong>


<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong><br />

Pelo menos duas ações de ordem erudita<br />

inspiraram a colonização ibero-americana: a<br />

associação das ordens religiosas com as<br />

utopias e os preceitos hipodâmicos revelados<br />

pelos dez livros de Vitrúvio.<br />

Os jesuítas e os franciscanos foram os<br />

portadores das idéias respectivamente de<br />

Campanela e Thomas Morus e o reticulado<br />

hipodâmico, que sempre estivera aliado,<br />

desde a sua criação por Hipodamus de<br />

Mileto, ao imperialismo colonizador, assumiu<br />

um caráter dominante na legislação que<br />

pretendia disciplinar a instalação espanhola<br />

na América.<br />

As Leyes de lo Reyno de las Índias traduzem<br />

e acolhem, literalmente, o capítulo poliano<br />

referente à instalação de cidades.


<strong>Descobrimento</strong>: <strong>Primeiros</strong> <strong>Núcleos</strong> <strong>Urbanos</strong><br />

A idéia de concentrar os índios numa "aldeia grande",<br />

sob o controle dos padres da Companhia, e onde a<br />

mestiçagem encontraria empecilhos de vulto, como<br />

ficou evidenciado no exemplo das Missões, matrizava a<br />

tese jesuítica para São Paulo.<br />

Os colonos, entretanto, caminhavam noutra direção,<br />

preferindo se distribuírem sobre um território<br />

relativamente vasto, com um raio de<br />

aproximadamente 50 quilômetros a partir daquele<br />

ponto já endossado como sede oficial.<br />

Os índios e mestiços os acompanhavam nessa<br />

distribuição, quer como "peças de serviço" na<br />

escravaria das fazendas, quer como "almas<br />

administradas" das inúmeras aldeias que repetiam os<br />

estilos dos estabelecimentos colonos. Mais tarde, esse<br />

raio foi estendido para mais de 100 quilômetros,<br />

porém, já numa época em que a decadência marcava,<br />

com seus sinais ineludíveis, o esfacelamento próximo<br />

deste estilo da formação regional.


Carapicuíba (São Paulo) em 1936<br />

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O reticulado urbano, que tanta<br />

expressão alcançava na América<br />

Espanhola, e mesmo em certas partes da<br />

Colônia Portuguesa, era recusada pelos<br />

colonos mestiços de São Paulo.<br />

O próprio jesuíta, tão insistente e<br />

jeitoso nas táticas de luta, foi afinal<br />

envolvido pela tese que era contrária<br />

aos interesses da Companhia; as aldeias,<br />

que representavam uma tese ancilar da<br />

instalação paulista no século XVII, se<br />

aninharam na forma preferida pelos -<br />

colonos, em círculos concêntricos e<br />

sucessivamente afastados de Piratininga.

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