GOMES EANES DE ZURARA E CRÔNICA DO CONDE D
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possuir ânimo belicoso.<br />
Para consagrar-se cavaleiro era imprescindível possuir uma linhagem e<br />
“Originariamente o princípio de superioridade assente no direito de sangue é o que<br />
franqueia a esta nobreza o acesso às imunidades judiciais e isenções fiscais, é o que<br />
caracteriza o ser-se honrado, o que diferencia, em última análise do povo”.<br />
(Fernandes, 2000, p.2)<br />
Claramente observamos na Crônica de D.Duarte de Meneses os atributos ao qual a<br />
figura do cavaleiro estava intrinsecamente ligada:<br />
“E foy este conde de baixa estatura de corpo enformado em carnes e de cabellos<br />
corredyos e gracyosa presença embargado na falla e homem de grande e boom<br />
entender pouco risonho nem festeiador, tal casy do berço começou a teer<br />
autoridade e representaçom de senhorio foy muyto amador de uerdade e de<br />
Justiça muy temperado no comer e beber e dormyr e sofredor de grandes<br />
trabalhos tanto que parecya que elle mesmo se deleitava em os auer, por que<br />
quando lhos a necessidade nom apresentaua elle per si meesmo os buscava. Foy<br />
homem muy ardidi de honroso coraçom. E segundo entender dos homens nom se<br />
desenfadaua tanto em outra cousa como nos feitos da cauallarya. Como aqulle<br />
que casy do berço husara ho officiodas armas. Homem deuoto e amigo de deos e<br />
guardador de su ley[...]” (Zurara, 1978, p.31)<br />
A honra, coragem, justiça, temperança e, sobretudo ser um bom cristão, são<br />
qualidades essenciais destacadas pelo autor.<br />
Na crônica, observamos a supervalorização das realizações de D. Duarte de<br />
Meneses, sendo exaltado como um modelo a ser seguido, um espelho do que foi seu pai,<br />
D.Pedro de Meneses, onde o autor buscou caracterizar um tipo ideal de cavaleiro.<br />
da nobreza:<br />
O ideal cavalheiresco e seus rituais foram imprescindíveis para a representação<br />
“Depois de 1415 era sabido: fidalgo ia a Marrocos, dava à espada contra mouros e<br />
trazia diploma. Marrocos foi escola reconhecida, subterfúgio e cadinho. Nobreza<br />
de muitas nações... Autos de armar cavaleiros foram espetáculos correntes desde a<br />
retomada de Ceuta”. (Mattoso, 1997, p. 134)<br />
Como pertencia à nobreza, os cavaleiro também gozavam de diversos<br />
privilégios, e apesar de na teoria a investidura ficasse a cargo do rei, o cavaleiro podia<br />
ser vassalo de ricos–homens, recebendo inclusive certas quantias que às vezes eram<br />
dadas pelo próprio rei. (Nascimento, 2005, p.67)