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Gourmet da Província<br />

Escolhemos cinco pontos das Rotas Gourmet<br />

de Lousada, na região do Vale do Sousa,<br />

e partimos à descoberta dos sabores deste<br />

concelho. Acompanhados das histórias das<br />

suas quintas, monumentos e casas senhoriais.<br />

Quando ouvimos falar em gourmet é fá-<br />

cil imaginarmos refeições de proporções<br />

mínimas, confeccionadas de forma quase<br />

artística por um chefe agraciado com uma<br />

estrela Michelin. O que não é fácil é imagi-<br />

narmos isso a acontecer em Lousada. Foi<br />

então que descobrimos que as Rotas Gourmet<br />

desta terra rural, que poucos conseguem<br />

apontar no mapa, em tempos se chamavam<br />

Rotas dos Petiscos. A alta cozinha e<br />

os estrangeirismos estão na moda e o facto<br />

não passou ao lado do pelouro de turismo,<br />

que viu na mudança de nome a chave para<br />

o aumento de visitantes a este concelho<br />

que fica a 35 quilómetros do Porto, a cujo<br />

distrito pertence. 0 que temos aqui a provar<br />

são produtos caseiros e regionais aliados<br />

à rica gastronomia do Norte do país.<br />

Mas o nome renovado não é de todo desa-<br />

propriado. O gourmet está no prazer de saborear<br />

o saber e a tradição de muitos anos<br />

com que estes petiscos são confeccionados.<br />

Em locais cheios de história e pela mão<br />

das gentes locais.<br />

Do Posto de Turismo levámos as coordenadas<br />

para o nosso périplo de carro. Num<br />

vale a escassos quilómetros da vila de


Lousada, donde partimos, chegámos ao<br />

primeiro ponto: a Quinta da Magantinha.<br />

Aqui esperava-nos o casal Monteiro, que<br />

nos serviu um pequeno-almoço à lareira,<br />

no acolhedor salão rústico da sua casa.<br />

Enquanto provávamos o macio bolo de<br />

chila feito de madrugada pela dona Alzira,<br />

o marido contou-nos a história da quinta.<br />

José, filho de um afinador de teares e de<br />

uma tecedeira, e Alzira, filha de um serralheiro<br />

e de uma modista, viviam de um pequeno<br />

armazém de mercearia em Matosinhos.<br />

Até que um dia decidiram partir para<br />

o sonho antigo de ter uma quinta. O terreno,<br />

de onze hectares, encontraram-no<br />

através de um anúncio de jornal. Desde<br />

então que se dedicam à produção de<br />

compotas, geleias e outras iguarias a partir<br />

das árvores de fruto que plantam.<br />

A par da prova destes doces - de abóbora<br />

com amêndoas, figo com canela, ameixa e<br />

framboesa - com uns waffles acabados de<br />

fazer, o senhor José conta-nos ainda que<br />

um dos antigos morgados da quinta, que<br />

data do século XVI, terá sido um 'capanga'<br />

do Zé do Telhado, Conhecido como o 'Robin<br />

Hood português', este era o chefe da quadrilha<br />

mais famosa do Marão, que levou a<br />

cabo um grande número de assaltos em<br />

todo o Norte de Portugal entre 1842 e 1859.<br />

0 tempo não demora a passar na Quinta<br />

da Magantinha e, quando damos por nós,<br />

está na hora de nos despedirmos daquele<br />

que terá sido um dos refúgios do maior<br />

salteador português do século XIX. A próxima<br />

paragem é a Quinta da Tapada, um<br />

alongado e sobranceiro palacete da primeira<br />

metade do século XIX, que >>


• em 1940 se tornou uma fábrica de lac-<br />

ticínios. Esta, arrendada à Lacticínios Ha-<br />

los desde 1969, orgulha-se de produzir de<br />

modo artesanal o queijo flamengo da mar-<br />

ca Trevo, nos formatos Bola, Barra e Prato.<br />

«Estes queijos são ligeiramente diferentes<br />

em todos os lotes, porque há intervenção<br />

humana em todas as fases. Isso<br />

permite um cunho pessoal que já não é<br />

possível através da automatização de<br />

outras fábricas», observa a engenheira<br />

Rosa Ivone.<br />

Ao seu lado aparece o engenheiro Carlos<br />

Castro Teixeira, que nos traz alguns exem-<br />

plares da produção vinícola da Quinta da Ta-<br />

pada. Provámos o vinho verde adamado da<br />

marca Portal do Carregai e o Vinho Espumante<br />

Branco e Rosado da Casa do Carre-<br />

gai. Este último, muito gaseificado e com um<br />

cheiro bem vincado a espumante, recebeu,<br />

tal como os queijos Bola e Prato, o selo 'Sa-<br />

bor do Ano 2010' pela Tryp Network, um<br />

centro especializado em processos de ava-<br />

liação de produtos por consumidores. Deixamos<br />

a sala de prova e passeamos pelos<br />

jardins desta quinta. Estacamos no mirante,<br />

de onde desfrutamos de uma panorâmica<br />

sobre todo o Vale do Mesio, dominado por<br />

plantações de vinha e pequenos casarios.<br />

Chega mais uma vez a hora de partir. Agora<br />

para o almoço, na Quinta das Cedovezas,<br />

também ela a dois passos da Vila de Lousa-<br />

da. Nesta casa rústica, os pratos sugeridos<br />

são os rojões com castanhas e o bacalhau<br />

em crosta de broa. Com uma cama de espinafres<br />

e embebido em azeite, deliciamo-nos<br />

com este último. Para a sobremesa somos<br />

presenteados com vários docinhos de Natal<br />

ainda quentes, dos quais provamos as raba-<br />

nadas, os formigos e a aletria.


Segue-se a visita sem petiscos à Torre de Vi-<br />

lar, um monumento integrado na Rota do<br />

Românico do Vale do Sousa, calculado para<br />

a hora da digestão. Implantada no topo de<br />

um pequeno outeiro de formação granítica,<br />

esta torre foi construída entre a segunda<br />

metade do século XIII e o início do século XIV<br />

como símbolo de poder senhorial sobre o<br />

território. Do alto dos seus catorze metros,<br />

avistamos a freguesia de Vilar do Torno e<br />

Alentem e a capela de Nossa Senhora da<br />

Conceição, centro da grande romaria à Senhora<br />

Aparecida que traz em Agosto, desde<br />

1823, milhares de pessoas a esta terra.<br />

A nossa última paragem são os jardins da<br />

Casa de Juste, um solar que remonta ao sé-<br />

culo XI V e que se tem mantido na mesma fa-<br />

mília desde então. Aqui somos recebidos<br />

pelo casal Osório Guedes, que nos oferece<br />

umas crocantes bolachas de canela, que pe-<br />

tiscamos enquanto passeamos pelo bosque<br />

de cedros. Ao final do dia, chegada a hora de<br />

voltarmos para a cidade, despedimo-nos<br />

com a promessa de voltar na Primavera,<br />

para vermos os jardins florir.<br />

Texto de AISHARAHIM<br />

Fotografias de RICARDO CASTELO

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