17.04.2013 Views

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

Prosa - Academia Brasileira de Letras

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Cecília Meireles: A educadora<br />

píritos excelentes, e a que lhe estão dando, neste momento, todos os<br />

representantes mais elevados da intelectualida<strong>de</strong> terrena.” 14<br />

“Tudo, em suma, é sempre uma questão <strong>de</strong> educação.” 15<br />

E então nos voltamos para a educação. Como um último apelo. Para<br />

que o sonho não se perca, e se faça realida<strong>de</strong> sem <strong>de</strong>ixar <strong>de</strong> ser sonho. E é<br />

tão belo que entristece. Porque o instante <strong>de</strong> beleza <strong>de</strong>finitiva <strong>de</strong>ixa sempre<br />

os olhos úmidos. A gente pensa: “Se fracassa a beleza, que po<strong>de</strong> mais restar<br />

ao homem para seu sustento?” 16<br />

Ao participar <strong>de</strong> um encontro sobre Instrução, Cecília Meireles<br />

assombrou-se com a <strong>de</strong>finição apresentada, por um dos diretores<br />

presentes, para educação. Para ele, “na sua terra a Educação estava muito<br />

adiantada: as moças sabiam entrar numa sala, liam revistas, e conheciam<br />

as modas...” Analisando a acalorada discussão que se seguiu,<br />

Cecília lembrou que, em nosso país, nem sempre os dirigentes<br />

possuíam uma noção correta do conceito <strong>de</strong> Educação e da sua amplitu<strong>de</strong>,<br />

resumindo-a a um simples verniz com fórmulas <strong>de</strong> cortesia.<br />

Ao se insurgir contra as injustiças e <strong>de</strong>sigualda<strong>de</strong>s, elevando a voz<br />

para <strong>de</strong>nunciá-las, logo o indivíduo seria consi<strong>de</strong>rado um “sem-educação”,<br />

um “malcriado”. No entanto, afirmava Cecília, “esses são os<br />

verda<strong>de</strong>iros educados”.<br />

Para Cecília Meireles, a educação não po<strong>de</strong>ria ser criticada por<br />

“conhecedores e especialistas” que não possuíssem a formação<br />

a<strong>de</strong>quada para opinar e analisar, <strong>de</strong> forma abalizada, diferentes<br />

questões pedagógicas. Em muitos <strong>de</strong> seus textos, a educadora reforça<br />

a idéia <strong>de</strong> que a formação dos professores passa por questões<br />

básicas relacionadas à filosofia e às expectativas profissionais <strong>de</strong><br />

cada um. Observando as normalistas em época <strong>de</strong> conclusão <strong>de</strong> curso,<br />

Cecília questiona se realmente elas estariam preparadas para a<br />

dura realida<strong>de</strong> das escolas públicas, se saberiam as dificulda<strong>de</strong>s que<br />

as aguardavam:<br />

277<br />

14 “Educação<br />

com ‘e’<br />

pequeno...”,<br />

Diário <strong>de</strong> Notícias,<br />

27 <strong>de</strong> março <strong>de</strong><br />

1931. In:<br />

Meireles, 2001,<br />

v. 1, pp. 19-21.<br />

15 “Questão <strong>de</strong><br />

educação”, Diário<br />

<strong>de</strong> Notícias, 5 <strong>de</strong><br />

fevereiro <strong>de</strong><br />

1932. In:<br />

Meireles, 2001,<br />

v. 1, pp. 29-31.<br />

16 “O <strong>de</strong>stino<br />

das esperanças”,<br />

Diário <strong>de</strong> Notícias,<br />

1 <strong>de</strong> maio <strong>de</strong><br />

1932. In:<br />

Meireles, 2001,<br />

v. 4, p. V.

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!