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Clássicos do Racionalismo Cristão - Vol. 1

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CAPA


Da<strong>do</strong>s da edição impressa:<br />

LUIZ DE MATTOS<br />

CLÁSSICOS DO RACIONALISMO CRISTÃO<br />

<strong>Vol</strong>ume 1<br />

2ª edição<br />

Centro Redentor<br />

Rio de Janeiro<br />

2001


LUIZ DE MATTOS<br />

Três de janeiro marca o início da luminosa existência de Luiz de<br />

Mattos, funda<strong>do</strong>r <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, que nasceu em Portugal em<br />

1860. Luiz de Mattos foi emérito humanista, poden<strong>do</strong> ser considera<strong>do</strong> um<br />

<strong>do</strong>s precursores nas lutas em prol <strong>do</strong>s direitos humanos e da ecologia, e<br />

esteve sempre muito à frente <strong>do</strong> seu tempo. Foi ainda um aprecia<strong>do</strong>r das<br />

artes em geral, que considerava como as mais belas manifestações da<br />

sensibilidade humana.<br />

Ao deixar as dimensões deste mun<strong>do</strong>, em 15 de janeiro de 1926, partiu<br />

rumo às elevadas esferas da espiritualidade, fican<strong>do</strong> conosco, além <strong>do</strong>s<br />

exemplos de sua alma grandiosa, a Filosofia Racionalista Cristã, um<br />

verdadeiro raio de luz para a trajetória evolutiva da humanidade.<br />

Outras obras <strong>do</strong> Autor:<br />

Pela verdade – 9ª ed.<br />

Vibrações da Inteligência Universal – 9ª ed.


PLANO DA OBRA<br />

A obra <strong>Clássicos</strong> <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> tem por objetivo reunir os<br />

trabalhos de Luiz de Mattos, Luiz Alves Thomaz e Antonio Cottas,<br />

respectivamente, funda<strong>do</strong>res e consolida<strong>do</strong>r da Doutrina.<br />

O Centro Redentor editará volumes sucessivos, sen<strong>do</strong> que os iniciais<br />

da série conterão os pronunciamentos de Luiz de Mattos, codifica<strong>do</strong>r<br />

<strong>do</strong>utrinário <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.


SUMÁRIO<br />

A ARTE DE VIVER ...................................................................................9<br />

A CONDUTA E A LEI DO RETORNO...................................................12<br />

A INDIFERENÇA ....................................................................................15<br />

A MENTIRA NÃO AJUDA AO PROGRESSO ......................................17<br />

A MULHER ..............................................................................................19<br />

A PAZ ESPIRITUAL SUPERA REVESES .............................................22<br />

AJUDANDO UNS AOS OUTROS ..........................................................25<br />

ANIMAL HUMANO ................................................................................28<br />

ÂNIMO E VONTADE FORTES..............................................................31<br />

ÂNIMO PARA VIVER.............................................................................34<br />

APRENDER A VIVER.............................................................................37<br />

AUSÊNCIA DE COMPREENSÃO..........................................................40<br />

AUTOCORREÇÃO ..................................................................................42<br />

CAMINHOS SEM SEGREDOS...............................................................45<br />

CARÁTER DAS CRIANÇAS ..................................................................48<br />

CAVALHEIRISMO..................................................................................52<br />

CLARIVIDÊNCIA....................................................................................56<br />

CONHECER PARA NÃO TEMER..........................................................58<br />

CONSTRUINDO A FELICIDADE ..........................................................61<br />

CONSTRUIR OU DESTRUIR A FELICIDADE.....................................64<br />

CRÍTICA DESAIROSA............................................................................67<br />

CUIDEMOS DEVIDAMENTE DA CRIANÇA ......................................69<br />

CULTIVO DOS SENTIMENTOS............................................................72<br />

CURA DE OBSEDADOS.........................................................................76<br />

CURANDO A OBSESSÃO......................................................................79<br />

DIVERSÃO PERIGOSA ..........................................................................82<br />

DOMINANDO O GÊNIO.........................................................................85<br />

DOMÍNIO DO "EU".................................................................................88


DUAS VIDAS...........................................................................................91<br />

EDUCAÇÃO E DECADÊNCIA ..............................................................94<br />

EDUCAÇÃO FALHA ..............................................................................98<br />

EDUCAR OS SENTIMENTOS..............................................................101<br />

EGOÍSMO E AUTORITARISMO .........................................................104<br />

EGOÍSMO, FONTE DE SOFRIMENTOS.............................................107<br />

ENERGIZAR ..........................................................................................111<br />

EQUILÍBRIO TRAZ TRANQUILIDADE.............................................115<br />

ERROS DESCULPÁVEIS......................................................................118<br />

ESCLARECER-SE PARA SER FELIZ..................................................120<br />

ESPIRITUALIZAÇÃO, ÚNICA VIA PARA A FELICIDADE ............123<br />

EVITANDO FRACASSOS.....................................................................126<br />

EVOLUÇÃO SEM MEDO .....................................................................129<br />

EXERCÍCIO DO LIVRE-ARBÍTRIO ....................................................133<br />

FALAR AOS ESPÍRITOS ......................................................................136<br />

GRAUS DE ESPIRITUALIDADE.........................................................139<br />

IGNORÂNCIA DA VERDADE.............................................................142<br />

IGNORÂNCIA E CONFIANÇA ............................................................145<br />

IGNORANDO A ESPIRITUALIDADE.................................................148<br />

IMPORTÂNCIA AO QUE IMPORTANTE É .......................................151<br />

IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA.............................................................154<br />

IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA......................................................157<br />

MALES PSÍQUICOS..............................................................................160<br />

MUDANÇA DE HÁBITOS....................................................................162<br />

O CAPRICHO.........................................................................................165<br />

O LIVRO DO TEMPO............................................................................168<br />

ORIENTAR SEM COAÇÃO..................................................................170<br />

PENSAMENTO, ALAVANCA DO SUCESSO.....................................173<br />

PERSONALIDADE ESPIRITUAL ........................................................176<br />

REAGINDO AOS SOFRIMENTOS.......................................................180


SER ESPIRITUALISTA.........................................................................183<br />

VENCENDO OBSTÁCULOS................................................................186<br />

VÍCIO DE RELIGIOSIDADE................................................................189<br />

VIVER COM REALISMO .....................................................................192


A ARTE DE VIVER<br />

Viver é uma arte que nem to<strong>do</strong>s sabem cultivar. Há muita gente que<br />

pensa que vive, mas não vive, vegeta, ou pior ainda, não tem noção<br />

alguma <strong>do</strong> que seja viver. A criatura que sabe viver traça, planeja aquilo<br />

que melhor lhe convém e caminha confiante em si mesma, sem esperar <strong>do</strong>s<br />

outros senão o razoável, porque, se exigir um pouco mais, passa por<br />

decepções. Logo, só confiante em si próprio o homem pode vencer na luta.<br />

A própria família é muitas vezes um ponto de interrogação, talvez<br />

<strong>do</strong>loroso, mas não deixa de ser um ponto de interrogação, porque, se a<br />

família tivesse a noção exata <strong>do</strong>s seus deveres de família, nela não haveria<br />

desinteligências, desentendimentos, to<strong>do</strong>s se compreenderiam, to<strong>do</strong>s se<br />

tolerariam, to<strong>do</strong>s seriam amigos; mas, infelizmente, assim não é e, se entre<br />

aqueles que dizem "o sangue é sangue" e "o sangue puxa", não existe a<br />

verdadeira compreensão, muito menos se pode esperar <strong>do</strong>s estranhos, de<br />

criaturas completamente diferentes em educação.<br />

Viver, pois, é uma arte que to<strong>do</strong>s devem procurar cultivar com<br />

inteligência. As criaturas são como são, ninguém as modifica, porque os<br />

espíritos, quan<strong>do</strong> vêm encarnar, são to<strong>do</strong>s diferentes, de categorias<br />

diversas, não poden<strong>do</strong>, portanto, ser aquilo que muita gente julga, pois<br />

cada um traz a sua bagagem espiritual e, de acor<strong>do</strong> com essa bagagem,<br />

desempenha o seu papel na Terra.<br />

Afinidade espiritual há muito pouca e às vezes essa afinidade existe<br />

entre criaturas estranhas e bem distantes. Portanto, deve o ser contar<br />

somente consigo, caminhar de acor<strong>do</strong> com a sua consciência, formar a sua<br />

personalidade moral, e, ten<strong>do</strong> essa personalidade, terá vigor espiritual,<br />

saberá, enfim, viver.<br />

Há muita gente que julga que para ser feliz na Terra basta possuir<br />

fortuna, conforto e bem-estar; há muita gente até que ambiciona o que é<br />

9


<strong>do</strong>s outros, porque julga que esses outros são mais felizes. Enganam-se. O<br />

que faz a felicidade não é o dinheiro, não é o conforto, não é o luxo, nem o<br />

bem-estar; o que faz a felicidade é a compreensão mútua <strong>do</strong>s seres, o<br />

entendimento, a compreensão exata da vida, a maneira como a criatura<br />

encara essa vida, para não ter desilusões, para não sofrer abalos morais.<br />

O dinheiro e a fortuna muitas vezes até concorrem para a<br />

desinquietação, para o desassossego daqueles que isso possuem. A<br />

felicidade está na consciência <strong>do</strong> dever cumpri<strong>do</strong>, na serenidade espiritual<br />

que to<strong>do</strong> espírito equilibra<strong>do</strong> pode gozar. O dinheiro ganha-se e vai-se<br />

embora; o dinheiro, muitas vezes, concorre para chamar sobre si o<br />

despeito, a inveja, criaturas pouco escrupulosas, que não querem saber que<br />

aqueles que hoje possuem fortuna trabalharam, se esforçaram e muitas<br />

vezes sofreram até privações para conseguirem possuir o que hoje<br />

possuem.<br />

A criatura que sabe viver, que trabalha honestamente e que cria em<br />

volta de si um ambiente de paz e tranqüilidade, goza saúde, é feliz, porque<br />

a felicidade consiste na paz de espírito e na saúde <strong>do</strong> corpo. Quem tem<br />

saúde e paz de espírito é feliz, porque pode produzir, porque pensa bem,<br />

porque terá sempre um ambiente de paz e tranqüilidade, e, saben<strong>do</strong> viver,<br />

todas as criaturas podem ser felizes, viver de acor<strong>do</strong> com as suas posses,<br />

trabalhan<strong>do</strong>, porque o trabalho distrai o espírito, e aquilo que se consegue<br />

pelo trabalho honesto tem um valor considerável. Trabalhan<strong>do</strong> e lutan<strong>do</strong>,<br />

sim, porque a vida é a luta destinada ao ser humano na Terra, e to<strong>do</strong>s<br />

aqueles que trabalham, produzem, gozam de paz espiritual. Trabalhan<strong>do</strong>,<br />

lutan<strong>do</strong>, viven<strong>do</strong> em paz, ten<strong>do</strong> sua consciência tranqüila, to<strong>do</strong>s poderão<br />

ser felizes. Não há, portanto, motivo para invejar a fortuna ou o dinheiro<br />

de quem quer que seja. To<strong>do</strong>s, com muito ou pouco, podem ser felizes,<br />

porque a pobreza só atormenta aqueles que são falhos de raciocínio. Quem<br />

10


tem saúde e trabalha nunca será pobre, terá sempre o necessário para as<br />

suas necessidades.<br />

Saiba, portanto, a criatura viver, porque saben<strong>do</strong> viver, ela gozará da<br />

paz de espírito, terá tranqüilidade íntima e saúde <strong>do</strong> corpo. Isso é que<br />

constitui, enfim, a verdadeira felicidade.<br />

11


A CONDUTA E A LEI DO RETORNO<br />

A vida se tornaria bem mais suave e amena se to<strong>do</strong>s procurassem dar<br />

trabalho à inteligência, bem aproveitan<strong>do</strong> o tempo.<br />

Há criaturas que perdem um tempo preciosíssimo com aquilo que lhes<br />

afeta a saúde. Vão pouco a pouco infiltran<strong>do</strong> veneno em seus espíritos e,<br />

infelicitan<strong>do</strong>-se, provam não saber viver.<br />

É preciso que os seres se disponham a viver com inteligência!<br />

A vida <strong>do</strong> espírito na Terra é cheia de tropeços, de aborrecimentos e<br />

de dificuldades que martirizam intimamente a criatura.<br />

Prepara<strong>do</strong> porém o espírito, bem disposto, passa a encarar tu<strong>do</strong> como<br />

uma necessidade que atinge to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e, assim sen<strong>do</strong>, lutará com mais<br />

suavidade.<br />

O mun<strong>do</strong> permanece num esta<strong>do</strong> bastante triste: desordens,<br />

incompreensões e desentendimentos reinam por toda parte. Ainda não se<br />

conseguiu uma Paz verdadeira, aquela Paz que traz a tranqüilidade <strong>do</strong><br />

espírito, a facilidade para a luta pela vida, a cooperação mútua.<br />

Dificuldades e mais dificuldades atingirão as criaturas, se não estiverem<br />

preparadas para elas, encaran<strong>do</strong> todas as coisas sem se prenderem a<br />

futilidades e aborrecimentos que acabam por fazer gastos anímicos,<br />

concorren<strong>do</strong> para a alteração <strong>do</strong> sistema nervoso e para o envelhecimento<br />

antes <strong>do</strong> tempo.<br />

Sejam otimistas, encarem as coisas como de fato são, tratem de ocupar<br />

o tempo o melhor possível, de distrair o espírito, não se prendam a<br />

dificuldades. Antes procurem vencê-las, e, assim fazen<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s passarão a<br />

viver inteligentemente, alegremente e serão compreensivos, porque<br />

existirá a tolerância.<br />

12


O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, através das suas explanações ou de seus<br />

conselhos, procura expor às criaturas a forma para saberem viver. Viver<br />

como muita gente vive não custa, porque é vegetar, mas saber viver com<br />

inteligência, com compreensão, aproveitan<strong>do</strong> o tempo, vencen<strong>do</strong> as<br />

dificuldades, nem to<strong>do</strong>s o querem fazer, porque dá trabalho.<br />

Sejam criaturas sensatas, ponderadas, moderadas e justas, e a vida se<br />

tornará mais suave e tu<strong>do</strong> passará, porque o tempo é o melhor mestre. É<br />

ele que ensina, é ele que coloca as coisas nos seus devi<strong>do</strong>s lugares.<br />

Saibam dar tempo ao tempo, para que a Paz espiritual volte ao mun<strong>do</strong>!<br />

À medida que forem despertan<strong>do</strong>, cain<strong>do</strong> na realidade da vida, à<br />

medida que forem analisan<strong>do</strong> os fatos e procuran<strong>do</strong> deles tirar as lições<br />

que oferecem, à medida que a humanidade se for esclarecen<strong>do</strong>, passará a<br />

ter uma concepção de vida diferente daquela que vinha ten<strong>do</strong>.<br />

Em tu<strong>do</strong> na vida é preciso comedimento. Há criaturas que desejariam<br />

a vida de uma maneira exclusiva para elas. Nem tanto ao mar, nem tanto à<br />

terra!<br />

É preciso que vivam dentro de um meio-termo e, para isso, há<br />

necessidade de compreensão, discernimento e raciocínio.<br />

A criatura, desde que tenha caráter bem forma<strong>do</strong> e possua<br />

personalidade moral, sabe o que é e o que vale, nunca desce e jamais se<br />

confunde com aqueles que não possuam caráter nem dignidade! O mo<strong>do</strong><br />

de se conduzir, a sua maneira elevada de compreender a vida, faz com que<br />

se afaste daqueles seres que não têm noção da honra, nem <strong>do</strong> dever. A<br />

criatura que possui qualidades morais não deve viver reclusa, mas, sim,<br />

apresentar-se e estar em toda e qualquer parte onde seja preciso estar.<br />

Pelas atitudes pessoais, pela maneira de ver e de compreender as coisas,<br />

demonstra a sua educação e o seu caráter.<br />

13


Não adiantam os puritanismos, os exageros, porque isso nada<br />

significa. O que é preciso é saber ter moral, saber ter caráter, saber trajar,<br />

saber enfim, se conduzir dentro <strong>do</strong>s moldes de uma boa educação e<br />

perfeita moral. É preciso que haja sinceridade, lealdade e franqueza.<br />

Porque encobrir-se o ser com o manto de santidade e dar maus exemplos<br />

não tem valor algum para os espíritos.<br />

As criaturas devem ser preparadas para viver, para enfrentar to<strong>do</strong>s os<br />

meios onde seja preciso estar, sem perder a linha de boa conduta.<br />

Estamos sempre a aconselhar que raciocinem, que vivam como seres<br />

inteligentes, que cultivem a inteligência, que se instruam, que saibam dar<br />

valor ao que de bom oferece a vida e fujam <strong>do</strong> que é pernicioso.<br />

Quem é inteligente e tem caráter bem forma<strong>do</strong> sabe viver, sabe separar<br />

o joio <strong>do</strong> trigo.<br />

Sejam sinceros, sejam humanos, saibam se conduzir sempre como<br />

seres inteligentes e capazes de altivamente se responsabilizarem pelos seus<br />

atos.<br />

14


A INDIFERENÇA<br />

Há como que uma certa in<strong>do</strong>lência e quase indiferença entre as<br />

criaturas. Não mais se impressionam, tu<strong>do</strong> lhes parece perfeitamente<br />

natural, sem maior ou sem melhor impressão ou reflexão. Chegou a<br />

humanidade a um esta<strong>do</strong> de indiferença tal, que muitas vezes procuramos<br />

nela sentimentos que já não mais existem, sentimentos outrora cultiva<strong>do</strong>s e<br />

alimenta<strong>do</strong>s para o bem, para o aperfeiçoamento, mas que desapareceram<br />

por completo.<br />

Terão si<strong>do</strong> caustica<strong>do</strong>s os espíritos para chegarem a esse grau de<br />

indiferença? Terão sofri<strong>do</strong> decepções amargas para não mais alimentarem<br />

aqueles sentimentos sãos, puros, humanos, que possuíam?<br />

Se a evolução <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> se vem fazen<strong>do</strong> para bem <strong>do</strong>s espíritos<br />

encarna<strong>do</strong>s, não se compreende que cheguem as criaturas a uma<br />

indiferença total para com aquilo que em volta delas se passa.<br />

Bem sabemos que tu<strong>do</strong> se modifica, que as atividades humanas hoje<br />

são outras, que a maneira de pensar e de agir das criaturas é diferente, mas<br />

aqueles sentimentos profun<strong>do</strong>s e sãos não deviam desaparecer.<br />

Causa certa apreensão o materialismo que vem avassalan<strong>do</strong> o mun<strong>do</strong>;<br />

materialismo que torna os homens grosseiros, maus, e que é a causa da<br />

indiferença humana; materialismo que cega, que confunde e que prejudica<br />

os seres; materialismo que perturba o espírito e o torna embruteci<strong>do</strong>.<br />

Se tu<strong>do</strong> evolui, por que razão não se tornam as criaturas mais<br />

espiritualistas? Por que razão se tornam mais materialistas?<br />

É de se lastimar, porque deveria haver mais progresso espiritual,<br />

deveria haver maior compreensão da vida, <strong>do</strong>s deveres de cada um, e o<br />

espírito deveria imperar, deveria sobrepujar a matéria, o que impediria que<br />

se perturbasse e se infelicitasse.<br />

15


Observa-se por toda parte tanto materialismo, tanta desumanidade, tão<br />

pouco caso, tanta indiferença pelas coisas sérias, que chega a haver dúvida,<br />

mesmo entre vós, sobre a espiritualidade das criaturas.<br />

O espírito progride e evolui pelas encarnações que vai fazen<strong>do</strong>, mas se<br />

essas encarnações passadas de nada valeram, porque o presente demonstra<br />

tanta materialidade, procure-se a causa desse esta<strong>do</strong> de coisas, de mo<strong>do</strong><br />

que se promova a evolução <strong>do</strong>s espíritos. Esse preparo que vem faltan<strong>do</strong><br />

faz com que as criaturas passem à obsessão.<br />

É preciso despertar as criaturas, ensiná-las a viver, fazer com que elas<br />

compreendam a vida, não pelo prisma <strong>do</strong> materialismo que vêm a<strong>do</strong>tan<strong>do</strong>,<br />

mas fazer com que elas reconheçam que possuem um espírito que carece<br />

de Luz para fazer progresso.<br />

É preciso despertar a humanidade, sim, e o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong><br />

empenha-se nesse despertar, tem interesse em que desperte, não para<br />

usufruir vantagens, mas para fazer com que se torne melhor, e progrida.<br />

16


A MENTIRA NÃO AJUDA AO PROGRESSO<br />

Na Terra como na Terra! O homem deve caminhar sempre dan<strong>do</strong> trato<br />

à inteligência, procuran<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os recursos morais e materiais para<br />

incentivar o seu progresso.<br />

Muito se tem menti<strong>do</strong> à humanidade, e é por esse motivo que ela se<br />

ressente e vive ainda apegada à religiosidade, a crendices, sempre à espera<br />

da felicidade prometida, mas que nunca alcançará, se não fizer por isso.<br />

Quem vem às nossas Casas, ouve a verdade e verifica não haver nela<br />

palavras melosas, nem quaisquer promessas de encontrar um céu, um<br />

jardim flori<strong>do</strong> na passagem da vida. Alguns ficarão em suspenso, sem<br />

saber, sem compreender de pronto o nosso mo<strong>do</strong> de fazer sentir a verdade<br />

que emana <strong>do</strong>s nossos princípios.<br />

Nada prometemos, mas procuramos fazer sentir às criaturas que elas<br />

precisam esclarecer-se para se conhecerem como Força e Matéria,<br />

composição única <strong>do</strong> Universo. A Inteligência Universal é Luz que tu<strong>do</strong><br />

irradia, nela não há matéria. A matéria (corpo) é o carro de que a Força ou<br />

Inteligência se serve na Terra. É preciso fazer sentir a vibração da Força.<br />

Queremos que a humanidade sinta bem a verdade <strong>do</strong>s nossos princípios,<br />

que sinta a irradiação da Força que se faz sentir por toda parte, por to<strong>do</strong>s<br />

os seres. Para a Força não há ricos, pobres ou remedia<strong>do</strong>s: to<strong>do</strong>s vivem<br />

liga<strong>do</strong>s a ela.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, como Doutrina, não pode dizer uma coisa por<br />

outra, não pode proferir uma palavra que não tenha um real significa<strong>do</strong>.<br />

Mas, quanta felicidade desperdiçada! Pois, nem to<strong>do</strong>s aqueles que ouvem<br />

as explicações procuram meditar, pensar e raciocinar com acerto. É bem<br />

triste observar-se o esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>loroso em que se encontra a humanidade.<br />

Uma grande parte caminha desabridamente para a loucura. Mas aqui<br />

estamos sempre para fazer sentir à humanidade a necessidade de se<br />

17


esclarecer. To<strong>do</strong>s que estiverem atentos hão de sentir a irradiação das<br />

Forças Superiores e reconhecer o valor e a beleza desta Doutrina. Muitos<br />

são os que aqui vêm maquinalmente, vêm por se sentirem bem e por<br />

quererem ser felizes, materialmente falan<strong>do</strong>, mas um passo em frente para<br />

a vida espiritual bem poucos o dão. Esses poucos já vão sen<strong>do</strong> bastantes,<br />

porque hoje um, amanhã, outro, to<strong>do</strong>s irão seguin<strong>do</strong> o ritmo <strong>do</strong><br />

esclarecimento.<br />

Como é belo o homem sentir em si o impulso <strong>do</strong> progresso espiritual,<br />

o desejo de ser útil, a aspiração suprema de cumprir um dever, colocan<strong>do</strong><br />

esse dever acima de tu<strong>do</strong> e de to<strong>do</strong>s. À Terra, a este alambique depura<strong>do</strong>r,<br />

descem almas para lutar e trabalhar, mas bom seria que abreviassem a<br />

depuração eterna, não ficassem por aqui a encarnar e a desencarnar sem<br />

progredir.<br />

É <strong>do</strong> progresso espiritual de cada um que depende a felicidade <strong>do</strong>s<br />

povos. Procurai, portanto, cumprir os vossos deveres espirituais. Deveis<br />

saber progredir espiritual e materialmente, mas sempre com elevação<br />

moral, porque o homem, quan<strong>do</strong> for espiritualista, tu<strong>do</strong> assimilará com<br />

mais facilidade, tu<strong>do</strong> lhe virá pela irradiação. A criatura esclarecida é<br />

austera, quer acertar, faz sacrifício e tem pontualidade em to<strong>do</strong>s os setores<br />

da vida.<br />

O mal de muitos é não querer sacrificar-se, mas, sim, dar satisfação a<br />

to<strong>do</strong>s os prazeres, causa da derrota espiritual, o que constitui crime<br />

irremediável numa encarnação, pois há crimes que têm que ser resgata<strong>do</strong>s<br />

através de tremen<strong>do</strong>s sacrifícios na Terra.<br />

Procurai alcançar o significa<strong>do</strong> das nossas explanações e sereis felizes.<br />

Estudai e procurai esclarecer os espíritos.<br />

18


A MULHER<br />

Nem sempre os fenômenos da obsessão e desobsessão são agradáveis<br />

à assistência, mas eles são muitas vezes necessários, não só para que a<br />

assistência verifique a ação psíquica maléfica, agin<strong>do</strong> sobre as criaturas de<br />

espírito descontrola<strong>do</strong>, indefesas, como também para servirem de exemplo<br />

àqueles que se deixam facilmente avassalar. É isso uma questão espiritual.<br />

Quan<strong>do</strong> uma criatura se sente mal ou presume que vai se sentir mal e<br />

começa a sentir os fenômenos íntimos de atuação, se ela possui um espírito<br />

de vontade forte, reage, não se entrega, está em si essa reação e em<br />

ninguém mais.<br />

O espírito encarna<strong>do</strong> só se entrega aos obsessores quan<strong>do</strong> quer;<br />

quan<strong>do</strong> ele não quer e, sobretu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> ele tem a noção <strong>do</strong> ridículo,<br />

quan<strong>do</strong> ele não quer fazer figura triste, ele reage e não fica atua<strong>do</strong> e<br />

empolga<strong>do</strong> pelos obsessores. Está, portanto, na criatura o deixar-se atuar<br />

ou não.<br />

Há criaturas que, por se irritarem e desconhecerem a ação <strong>do</strong> astral<br />

inferior, são tomadas de surpresa e isto ainda se desculpa; mas há outras<br />

criaturas que fazem da atuação um hábito e esse hábito é mau e perigoso,<br />

além de revelar um ser um tanto displicente.<br />

Aprendam, portanto, a reagir, porque médiuns são to<strong>do</strong>s os seres;<br />

médiuns são o próprio cavalo e o cão; mas a mediunidade só tem expansão<br />

e só há guarida quan<strong>do</strong> se quer. A léria de que é preciso desenvolver a<br />

mediunidade para que as criaturas se curem de ataques e de atuações nós<br />

não a admitimos.<br />

O que é preciso é a criatura esclarecer-se, isso sim, porque o<br />

desenvolver a mediunidade não lhe dá garantia nenhuma. É preciso que ela<br />

saiba que, se possui mediunidade mais desenvolvida <strong>do</strong> que outras<br />

pessoas, a sua obrigação é esclarecer-se bem para saber se conter, para<br />

19


saber estar em to<strong>do</strong> e qualquer lugar, sem se deixar atuar. Saben<strong>do</strong> conterse,<br />

não se deixan<strong>do</strong> empolgar –porque as atuações são um veículo para<br />

atração <strong>do</strong>s espíritos inferiores e, portanto, <strong>do</strong>s causa<strong>do</strong>res da obsessão –<br />

não chegará à representação de papéis tristes. A atuação é um mal, e as<br />

criaturas quan<strong>do</strong> se irritam são quase sempre avassaladas.<br />

Evitar, portanto, o avassalamento e a irritação é a obrigação de todas<br />

as criaturas. A criatura deve saber se conter, deve impor-se às obsessões<br />

com toda a energia. É uma questão de educação espiritual e nada mais.<br />

É por isso que nós recomendamos àqueles que têm enfermos<br />

psíquicos, ou criaturas que se deixam atuar, que saibam ser enérgicos, que<br />

saibam se impor com calma e energia, e é com essa calma e essa energia<br />

imposta a tais criaturas que se consegue a normalização <strong>do</strong>s enfermos da<br />

alma.<br />

Vir às nossas Sessões, passar pelas limpezas psíquicas é necessário,<br />

mas também é necessário que a criatura reaja, para não se deixar avassalar<br />

novamente, não se habituar a ser atuada, porque é bastante incômo<strong>do</strong> e<br />

nada elegante, e, infelizmente, são as senhoras que mais se prestam a esse<br />

papel.<br />

Nós sabemos que é bem desagradável esse dever para as criaturas que<br />

possuem enfermos psíquicos, mas têm elas por obrigação impor-se às<br />

criaturas enfermas, fazen<strong>do</strong>-as criar energia, brio, para que saibam se<br />

conter, para que saibam se <strong>do</strong>minar e vencerem a si mesmas, a fim de<br />

saberem, sobretu<strong>do</strong>, pôr em ação a sua vontade somente para o bem, não<br />

se deixan<strong>do</strong> atuar, pois podem deixar de o fazer se o quiserem. Basta se<br />

reeducarem, basta terem uma vida normal, evitar tu<strong>do</strong> que as possa<br />

prejudicar, quer moral, quer espiritualmente, ten<strong>do</strong> o tempo sempre<br />

ocupa<strong>do</strong>, não se irritan<strong>do</strong>, crian<strong>do</strong> um ambiente de calma e de<br />

tranqüilidade, procuran<strong>do</strong> ter disciplina, ten<strong>do</strong> o seu espírito sempre<br />

20


ocupa<strong>do</strong> com coisas úteis, viven<strong>do</strong> uma vida sã, produtiva e jamais levar<br />

vida displicente.<br />

To<strong>do</strong>s podem ser felizes, to<strong>do</strong>s podem levar uma vida normal, uma<br />

vez que tenham as suas distrações, trabalhan<strong>do</strong>, lutan<strong>do</strong>, mas procuran<strong>do</strong><br />

dar ao espírito aquilo de que ele carece para se manter sempre em<br />

equilíbrio, raciocinan<strong>do</strong> com acerto, e não se entregan<strong>do</strong> a espíritos<br />

obsessores, transforman<strong>do</strong> o lar num inferno, causan<strong>do</strong> intranqüilidades,<br />

desgraças e dissabores constantes.<br />

Aprendam a ser mulheres, tenham a coragem e o valor necessários<br />

para saberem se conter, para saberem se conduzir na vida, porque a mulher<br />

muito pode fazer em prol da humanidade. É a mulher que muitas vezes<br />

concorre para a sua desgraça e infelicidade, causan<strong>do</strong> também a<br />

infelicidade e a desgraça <strong>do</strong> seu homem, por não saber se <strong>do</strong>minar, por não<br />

saber se conter, e daí, as preocupações, os desgostos, e assim, não pode ser<br />

feliz um lar, mas, sim e somente, infeliz.<br />

Não se admite a infidelidade <strong>do</strong> homem ou da mulher, mas há<br />

mulheres que concorrem para essa infidelidade, para a sua própria<br />

desgraça, por não saberem tratar <strong>do</strong> seu corpo convenientemente, a fim de<br />

serem mulheres sadias, tornan<strong>do</strong> o lar feliz. To<strong>do</strong> homem tem prazer em<br />

lutar, em ganhar para dar conforto ao lar quan<strong>do</strong> possui uma mulher<br />

zela<strong>do</strong>ra <strong>do</strong> seu lar, cuida<strong>do</strong>sa e carinhosa para com o mari<strong>do</strong> e os filhos.<br />

A mulher deve ter brio, deve procurar ser mulher na extensão máxima<br />

<strong>do</strong> termo, procuran<strong>do</strong> construir a felicidade, que muitas vezes está nas suas<br />

mãos, mas a deixa fugir com as suas fraquezas e debilidades, o que não se<br />

admite.<br />

Aprendam, portanto, a ser mulheres, saibam ser fortes, procurem ter<br />

coragem, procurem ser aquilo que devem ser, para poderem ser criaturas<br />

equilibradas.<br />

21


A PAZ ESPIRITUAL SUPERA REVESES<br />

Quan<strong>do</strong> sentirdes que falha o vosso ânimo, que se enfraquece a vossa<br />

vontade e que um desânimo se apodera de vós, levantai bem alto o<br />

pensamento, desprendei-vos de tu<strong>do</strong> que na Terra vos possa perturbar e<br />

procurai dar ao espírito a paz de que ele carece para suportar as<br />

vicissitudes da vida.<br />

To<strong>do</strong>s, neste mun<strong>do</strong>, têm os seus reveses; to<strong>do</strong>s têm os seus<br />

sofrimentos; to<strong>do</strong>s têm uma cruz a carregar. Para alguns, ela será leve,<br />

talvez, mas para outros será muito pesada, por motivo das dívidas<br />

espirituais adquiridas nas encarnações anteriores. Mas o dever de to<strong>do</strong>s é<br />

carregá-la, sem revoltas, sem desânimos e sem vacilação.<br />

Um espírito esclareci<strong>do</strong> e de vontade forte encara a vida como a vida<br />

é. Não espera senão aquilo que ela lhe pode oferecer neste mun<strong>do</strong>.<br />

É ilusão, é engano, quererem as criaturas que a vida neste mun<strong>do</strong> seja<br />

de compensações e alegrias. Não é isso possível. Aqui estão para lutar, e<br />

toda a luta origina sofrimentos, mas estes devem ser venci<strong>do</strong>s ou<br />

atenua<strong>do</strong>s, sem vacilação, com ânimo sempre forte e uma vontade férrea<br />

para o bem.<br />

A vontade é tu<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> a criatura a sabe manobrar para o bem.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> fortalece os espíritos. Um espírito fortaleci<strong>do</strong><br />

é um espírito vitorioso. Um espírito de vontade fraca, é um venci<strong>do</strong>.<br />

Caminhem, pois, com passo firme e de fronte sempre levantada, não<br />

se deixem abater, porque o abatimento não faz parte <strong>do</strong> ser esclareci<strong>do</strong>;<br />

seja qual for o sofrimento, seja qual for a <strong>do</strong>r moral que venha a atingir um<br />

espírito esclareci<strong>do</strong>, ele deve tu<strong>do</strong> enfrentar e tu<strong>do</strong> vencer com sobranceria<br />

e com valor.<br />

22


O mun<strong>do</strong> é <strong>do</strong>s fortes, mas não queremos referir-nos aos fortes <strong>do</strong><br />

corpo, àqueles que têm musculatura desenvolvida, não; o mun<strong>do</strong> é<br />

daqueles que têm fortaleza e valor espiritual.<br />

No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não há, absolutamente, lugar para fraquezas;<br />

to<strong>do</strong>s devem saber lutar, trabalhar; to<strong>do</strong>s devem andar para a frente<br />

convictos de que da luta hão de sair vitoriosos.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> procura fazer compreender àqueles que às<br />

suas Casas vêm a necessidade que há de estudar, pensar e raciocinar, para<br />

saberem separar o joio <strong>do</strong> trigo, criar a sua personalidade espiritual para<br />

poder enfrentar as intempéries da vida, para poder compreender e<br />

solucionar os problemas que a própria vida oferece.<br />

Observamos, porém, que há criaturas que se negam a raciocinar, que<br />

interpretam mal a Doutrina e até deturpam os ensinamentos aqui<br />

recebi<strong>do</strong>s.<br />

As nossas Casas abrem as suas portas para receber toda gente, sem<br />

exceção, de todas as classes sociais, e a to<strong>do</strong>s é da<strong>do</strong> o trato que merecem,<br />

dentro das boas normas de educação.<br />

Pugnamos pelo bem geral de to<strong>do</strong>s, pela sua felicidade, irradian<strong>do</strong><br />

sobre as criaturas força espiritual, ânimo e valor para poderem vencer na<br />

luta pela vida. Pugnamos sempre pela paz, porque só um espírito sereno<br />

pode estar lúci<strong>do</strong> para cumprir o seu dever. As revoltas, as palestras<br />

inflamadas, as discussões e as rebeliões só trazem perturbação ao espírito<br />

e, portanto, descontrole e avassalamento.<br />

Uma criatura revoltada é, mais dia menos dia, uma avassalada. O<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> nunca defendeu ideologias. Ele quer criaturas<br />

honestas e espiritualistas. Sempre aconselhamos àqueles que nos procuram<br />

que tenham cuida<strong>do</strong>, que estudem, que pensem bem, porque só pode haver<br />

23


progresso quan<strong>do</strong> se vive em paz e harmonia, em to<strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Repugna<br />

aos espíritos a maneira como muitas criaturas inteligentes se conduzem,<br />

pensan<strong>do</strong> que há segre<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong>. Mais hoje mais amanhã, tu<strong>do</strong> é visto,<br />

tu<strong>do</strong> se sabe.<br />

Todas as criaturas têm direito de progredir e de subir na vida, mas<br />

nunca por meio de revoltas, de distúrbios, de palestras inflamáveis contra a<br />

ordem.<br />

Todas as criaturas são livres e podem pensar como entenderem; mas<br />

dentro <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> têm por obrigação raciocinar muitíssimo<br />

para que não cometam erros graves de que mais tarde podem se<br />

arrepender, e já será tarde demais.<br />

A dignidade de um povo está na sua civilização, mas não e nunca na<br />

dissolução, na revolta e na desordem. A desordem traz confusão e não<br />

pode nunca ser favorável ao progresso.<br />

To<strong>do</strong>s devem progredir espiritual e materialmente. E to<strong>do</strong> aquele que<br />

trabalha e possui noção da honra e <strong>do</strong> dever progride, invariavelmente, é<br />

feliz, e sente-se bem.<br />

24


AJUDANDO UNS AOS OUTROS<br />

Na vida deve haver compreensão para tirar-se dela aquilo que tenha<br />

real valor, ajudan<strong>do</strong>-se uns aos outros, cooperan<strong>do</strong> assim, mutuamente,<br />

como criaturas inteligentes, úteis, produtoras, prestativas, pois essa é a<br />

forma de suavizar a luta pela vida.<br />

Na família o pai, à procura <strong>do</strong> pão de cada dia, pelo trabalho produz,<br />

para que não falte nada à família, para que ela seja feliz. A mãe, por seu<br />

turno, vive no constante labor, sempre ativa, alegre, disposta, procura<br />

atender às necessidades <strong>do</strong> lar, colabora dentro dele com o mari<strong>do</strong> e,<br />

assim, cria um lar digno, incutin<strong>do</strong> nos filhos o amor ao pai e ao trabalho.<br />

E os filhos, obedecen<strong>do</strong> aos conselhos <strong>do</strong> pai e da mãe, estudam e crescem<br />

de mo<strong>do</strong> a fazer o lar paterno cada vez mais feliz.<br />

Toda mãe que o sabe ser vai incutin<strong>do</strong> nos filhos o amor pelo<br />

trabalho, para que não encarem o trabalho como um sacrifício, mas, sim,<br />

como uma necessidade para a criatura poder ser feliz.<br />

Na oficina, nas fábricas, na lavoura, em to<strong>do</strong>s os ramos da atividade<br />

humana, o homem trabalha e produz, cooperan<strong>do</strong> assim para grandeza da<br />

Nação e desenvolvimento da vida neste planeta. O espírito tem grande<br />

tarefa a desempenhar na Terra; em tu<strong>do</strong> se vê a sua grandeza ou pequenez.<br />

Desde nos grandes centros até nos lugarejos, a vida está em ação evolutiva.<br />

Em tu<strong>do</strong>, o homem coopera com a sua inteligência desenvolvida, com o<br />

seu raciocínio lúci<strong>do</strong>, tornan<strong>do</strong>, assim, a vida mais suportável, mais leve,<br />

mais diáfana, mais feliz. É na ajuda de uns aos outros em to<strong>do</strong>s os ramos<br />

da atividade humana que se nota a espiritualidade <strong>do</strong>s seres. Nos que<br />

mantêm a ordem pública, até às grandes organizações, em tu<strong>do</strong> se observa<br />

a evolução da vida, a irradiação <strong>do</strong> Grande Foco, dessa Inteligência<br />

Universal que dá força e coragem ao homem para enfrentar todas as<br />

vicissitudes, para ativar o progresso.<br />

25


To<strong>do</strong>s, pois, devem procurar viver e agir com lisura nas suas<br />

obrigações, pois, assim agin<strong>do</strong>, haverá felicidade relativa, haverá<br />

entendimento e uma satisfação que só pode sentir aquele que tem a certeza<br />

de que cumpre o seu dever; e esse dever é cumpri<strong>do</strong> quan<strong>do</strong> o ser presta<br />

obediência às leis comuns e naturais que tu<strong>do</strong> regem.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, esta <strong>do</strong>utrina espiritualista, chama o homem<br />

ao cumprimento <strong>do</strong> seu dever, ensina como ele deve agir, caminhan<strong>do</strong><br />

sempre em linha reta, cumprin<strong>do</strong> à risca os deveres que a civilização lhe<br />

impõe, quer como chefe de família, quer como cidadão digno. Sen<strong>do</strong> um<br />

homem honra<strong>do</strong>, na extensão da palavra, ele tem o seu lugar destaca<strong>do</strong> em<br />

toda a parte em que ele se encontre, onde entre em destaque, de acor<strong>do</strong><br />

com as suas atribuições. Se to<strong>do</strong>s pensassem assim, se to<strong>do</strong>s procurassem<br />

pôr em prática os ensinamentos desta Doutrina, asseguro-vos que o<br />

progresso já seria outro, to<strong>do</strong>s se entenderiam bem, um só querer para um<br />

só fim, para o mesmo progresso.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, procurai evoluir no cumprimento <strong>do</strong>s vossos deveres,<br />

estudan<strong>do</strong>, len<strong>do</strong>, escolhen<strong>do</strong> leituras amenas que vos deleitem o espírito,<br />

para assim poderdes gozar de uma vida melhor nas vossas horas de lazer.<br />

Procurai, pois, dentro <strong>do</strong>s ensinamentos <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> dar<br />

uma rota mais segura à vossa vida, procurai apresentar-vos sempre como<br />

membros da sociedade que não se confundem, estan<strong>do</strong> sempre em boas<br />

condições mentais, espirituais, para serdes respeita<strong>do</strong>s e considera<strong>do</strong>s<br />

como criaturas dignas de respeito e consideração, porque o <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong> não explana os seus Princípios para ficarem entre quatro paredes.<br />

Aconselha o homem a agir por si, quer como membro da sociedade, quer<br />

como condutor de povos, fazen<strong>do</strong>-o conhecer-se como Força e Matéria,<br />

para que sirva de exemplo e algo consiga, pois, felizmente, nem to<strong>do</strong>s<br />

estão corrompi<strong>do</strong>s, nem to<strong>do</strong>s se cosem com a mesma linha. Há ainda<br />

alguém que pugna pelo respeito, pela dignidade da família, pois é preciso<br />

26


espeitar a família, porque quem respeita a família, respeita a Pátria e a<br />

sociedade, e quem assim procede é um cidadão digno de respeito e de<br />

consideração.<br />

27


ANIMAL HUMANO<br />

As criaturas humanas, quan<strong>do</strong> porta<strong>do</strong>ras de más intenções, irradian<strong>do</strong><br />

maus pensamentos, ao defrontar as outras porta<strong>do</strong>ras de bons<br />

pensamentos, não podem esconder a revolta que lhes vai na alma.<br />

O gênero humano, ficai saben<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> age para o mal, é muitas<br />

vezes mais inferior <strong>do</strong> que o animal, porque o animal não possui<br />

raciocínio, ele vive instintivamente, mas demonstra muitas vezes mais<br />

fidelidade, mais amizade, mais humanidade <strong>do</strong> que certos espíritos<br />

humanos.<br />

Que as feras se digladiem umas com as outras admite-se, porque são<br />

feras, mas que as criaturas humanas se digladiem, abusan<strong>do</strong> da<br />

inteligência, isso não era de se esperar.<br />

O espírito evolui sempre, mas apesar das encarnações múltiplas há<br />

certos espíritos que parecem conservar ainda os seus primeiros instintos de<br />

fera, os seus instintos inferiores, verdadeiramente animaliza<strong>do</strong>s.<br />

Como seria ameno o viver se as criaturas fossem mais humanas na<br />

forma e no fun<strong>do</strong>, e não somente nos traços, mais ou menos perfeitos, nas<br />

belezas que encobrem as feiúras da alma, os gestos estuda<strong>do</strong>s, as<br />

amabilidades hipócritas!<br />

Cogita-se <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> da psicanálise. A psicanálise é um estu<strong>do</strong><br />

importantíssimo e o progresso e a evolução <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> vêm demonstran<strong>do</strong><br />

a necessidade de se fazer esse estu<strong>do</strong>. A psicanálise tem importância<br />

capital para aqueles que de fato desejam analisar o espírito humano. Ela<br />

desvenda ou indica, auxilia a compreender os muitos e diversos complexos<br />

que se apoderam <strong>do</strong>s seres, muito abruptamente, ou, então, muito<br />

naturalmente, e que são clara, racional e cientificamente explica<strong>do</strong>s pelo<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. Conhecida a razão desses complexos, podem as<br />

criaturas viver melhor umas com as outras e podem não só melhorar as<br />

28


suas atitudes, como ter mais condescendência, contemporizan<strong>do</strong>, conforme<br />

os casos, para viver com mais compreensão da vida.<br />

É preciso remodelar a humanidade nos seus hábitos e costumes e o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> disso vem tratan<strong>do</strong>, mas a remodelação não se fará<br />

enquanto as criaturas o não quiserem, porque de nada adianta pregar,<br />

pregar e pregar, se os espíritos têm prazer em ser rebeldes, se são cegos e<br />

sur<strong>do</strong>s à voz da razão, à voz <strong>do</strong> bom senso, àquilo que os Princípios<br />

Racionalistas ensinam.<br />

É preciso que o espírito desperte e compreenda a necessidade de<br />

melhorar a sua situação espiritual, que faça esforço para isso, porque<br />

pregar em vão não é admissível pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

Nós sabemos que as sementes que lançamos nem todas caem em<br />

terreno ári<strong>do</strong>. Portanto, aquela que cai em terreno fértil floresce e frutifica,<br />

mas isto só se refere aos espíritos ainda em formação em crianças, que<br />

possam sofrer a influência de uma boa educação, de uma boa formação de<br />

temperamento, livres de maus hábitos e corrupção.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não ilude nem pretende angariar adeptos; tu<strong>do</strong><br />

quanto explana é basea<strong>do</strong> na verdade, em Princípios inalteráveis, em leis<br />

comuns e naturais e que tu<strong>do</strong> regem no Universo.<br />

Compreenda-se, pois a finalidade <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

O raciocínio estan<strong>do</strong> lúci<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> se discerne com facilidade, mas<br />

quan<strong>do</strong> o raciocínio está embota<strong>do</strong>, enubla<strong>do</strong>, as criaturas não podem ver<br />

claro, não assimilam nem compreendem o que lhes é dito.<br />

Quan<strong>do</strong> frisamos sobre a necessidade de a criatura raciocinar, o<br />

fazemos certos de que aquele que tem raciocínio lúci<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> pode vencer,<br />

para viver com equilíbrio nas vidas espiritual e material.<br />

29


O raciocínio traz a ponderação e, ponderan<strong>do</strong>, as criaturas não serão<br />

violentas, não emitirão pensamentos desonestos, não dirão uma palavra<br />

que não esteja dentro <strong>do</strong> critério e da razão.<br />

Quantas criaturas vivem por viver, sem pesar nem medir as<br />

conseqüências <strong>do</strong>s seus atos, sem saber guiar os seus pensamentos! Como<br />

autômatos, caminham neste mun<strong>do</strong>, inconscientes, sem saber o que fazem.<br />

Ao passo que, raciocinan<strong>do</strong>, vêem o caminho que deverão seguir e evitam<br />

se transviar.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não impõe nada a ninguém, mas aconselha<br />

que a criatura raciocine.<br />

Há muitos seres que vivem sob o poder da imaginação, mas a<br />

imaginação <strong>do</strong>entia é inimiga <strong>do</strong> raciocínio, fica encaminhada para o mal.<br />

Há criaturas que imaginam coisas na sua mente, que terminam por<br />

ficar avassaladas, porque as figuras criadas no seu mental pelo pensamento<br />

se tornam de tal forma nítidas, que passam a ser, para essas criaturas de<br />

mente <strong>do</strong>entia, uma realidade. Daí, as perturbações, as obsessões, a<br />

loucura.<br />

Encaminhar o pensamento, raciocinan<strong>do</strong> sempre com acerto, é dever<br />

de toda criatura equilibrada, útil a si própria e à sociedade.<br />

Aprendam, pois, a viver, pensem com elevação, raciocinan<strong>do</strong> sobre<br />

to<strong>do</strong>s os atos da vida, sobre as realizações que pretendam fazer, sobre as<br />

pequenas e grandes coisas, porque, raciocinan<strong>do</strong> sempre bem, evitarão o<br />

erro, evitarão aborrecimentos, revoltas, ímpetos, e tu<strong>do</strong>, enfim, que possa<br />

perturbar o seu viver.<br />

30


ÂNIMO E VONTADE FORTES<br />

O ânimo alegre e confiante tem uma influência considerável no<br />

espírito das criaturas, para que elas vençam na luta pela vida. As criaturas<br />

possui<strong>do</strong>ras de ânimo forte tu<strong>do</strong> encaram, tu<strong>do</strong> observam com presença de<br />

espírito, com altivez e sem esmorecimento. Da disposição de ânimo, pois,<br />

depende o êxito da criatura. Aquela que possui um ânimo fraco é<br />

pessimista e dificilmente vence, porque se acovarda à menor dificuldade.<br />

O racionalista cristão não pode ter ânimo fraco. Fracos só são aqueles<br />

que vivem ati<strong>do</strong>s a milagres e proteções. As criaturas devem ter confiança<br />

absoluta em si mesmas, devem ter valor, desprendimento, não se<br />

prenderem às misérias <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, a coisas que não têm importância, pois<br />

aqueles que se apegam a isso, mais deprimem o espírito, mais aniquilam a<br />

vontade, mais infelizes se tornam.<br />

É preciso esclarecimento e valor, é preciso desprendimento e<br />

raciocínio lúci<strong>do</strong> para vencer na vida.<br />

O mun<strong>do</strong> é <strong>do</strong>s fortes e <strong>do</strong>s valentes. Só os espíritos de vontade forte<br />

vencem na luta pela vida.<br />

Não se admite fraqueza, vacilação, dúvida, entre aqueles que se dizem<br />

esclareci<strong>do</strong>s. Um espírito esclareci<strong>do</strong> não vacila, não duvida, não tem<br />

receio de coisa alguma, enfrenta tu<strong>do</strong>, sofre as conseqüências <strong>do</strong>s seus<br />

descui<strong>do</strong>s, da sua falta de raciocínio, mas procura emendar-se, corrige os<br />

seus erros, lança-se à luta com ar<strong>do</strong>r, com desprendimento e com valor.<br />

O esclarecimento que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> oferece às criaturas faz<br />

com que sintam a necessidade de uma reação forte contra o seu próprio<br />

"eu", contra a sua fraqueza de vontade. Quan<strong>do</strong> o ânimo se levanta, refazse<br />

a criatura para a luta, atira-se à vida, procura vencer, não se lembra mais<br />

das fraquezas, caminha para a frente sempre.<br />

31


Para o ser esclareci<strong>do</strong> não há calúnias, não há vexame, não há<br />

absolutamente perseguição, porque o ser esclareci<strong>do</strong> não liga importância<br />

aos miseráveis calunia<strong>do</strong>res, sabe que tem que agir sempre como homem<br />

equilibra<strong>do</strong> ou como mulher sensata, não se prende a misérias, não se<br />

preocupa com aquilo que de si possam dizer, dá somente satisfação à sua<br />

consciência, e desde que esta esteja tranqüila, desde que esta lhe diga que<br />

está certa, caminha sempre de mo<strong>do</strong> a cumprir cada vez melhor o seu<br />

dever de saber pensar, saber agir e saber, sobretu<strong>do</strong>, conter-se, <strong>do</strong>minar-se<br />

e educar a sua vontade.<br />

A vida correrá bem para to<strong>do</strong>s, se to<strong>do</strong>s se convencerem de que cada<br />

um recebe pelo que pensa e faz.<br />

E assim sen<strong>do</strong>, não pode receber alegria e saúde aquele que só vive a<br />

pensar em <strong>do</strong>enças e insucessos.<br />

A vida na Terra será sempre de altos e baixos, de surpresas, de<br />

desilusões e de enganos. Felizes daqueles que podem passar por este<br />

mun<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> ven<strong>do</strong> e tu<strong>do</strong> encaran<strong>do</strong> com sobranceria, com presença de<br />

espírito, com altivez e dignidade; felizes aqueles que podem manter<br />

sempre firme a sua personalidade, que não têm disfarces, que não precisam<br />

usar máscara para encobrir o que sentem, para encobrir aquilo que não têm<br />

coragem de desvendar.<br />

Tu<strong>do</strong> se tornaria suave neste mun<strong>do</strong> se to<strong>do</strong>s pensassem bem, se to<strong>do</strong>s<br />

fossem justos, mas isso por enquanto é impossível.<br />

Há múltiplos temperamentos, múltiplos feitios, os espíritos vêm<br />

encarnar neste mun<strong>do</strong> para resgatar faltas praticadas em encarnações<br />

anteriores, para se depurarem e, por essa razão, têm que deixar<br />

transparecer aquilo que são, as suas inclinações boas ou más e daí surgem<br />

os choques, as desinteligências, as incompreensões, os mal-entendi<strong>do</strong>s,<br />

toda série de contrariedades e aborrecimentos.<br />

32


A afinidade espiritual é rara. Poucos são os seres que, mesmo reuni<strong>do</strong>s<br />

em um lar, possuem essa afinidade. Portanto, se não houver educação, se<br />

não houver dignidade, sentimentos nobres, não pode haver felicidade, não<br />

pode haver união perfeita.<br />

É preciso que haja tolerância, é preciso que haja compreensão e<br />

inteligência, para to<strong>do</strong>s se poderem acomodar.<br />

A felicidade não se encontra na Terra; para cultivá-la, é preciso<br />

esclarecimento e compreensão da vida.<br />

Aprendam as criaturas a viver, acomodan<strong>do</strong>-se à vida conforme a vida<br />

é, aceitan<strong>do</strong> dela aquilo que ela oferece, amenizan<strong>do</strong>-a o melhor possível,<br />

conten<strong>do</strong> os instintos, sofrean<strong>do</strong> a vontade, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> o "eu", para que<br />

haja tranqüilidade de espírito que é a maior felicidade que o ser humano<br />

pode esperar na Terra.<br />

33


ÂNIMO PARA VIVER<br />

A força de vontade e a disposição de ânimo para a luta têm um valor<br />

considerável na vida das criaturas. To<strong>do</strong>s devem ter força de vontade,<br />

equilíbrio espiritual, para poderem ter ânimo e coragem para viver.<br />

A vida na Terra é cheia de canseiras e de lutas. O homem luta e sofre<br />

para conseguir vencer e, se lhe falta o ânimo e a coragem, essa luta não<br />

poderá ser fácil, nem ele sairá vence<strong>do</strong>r. Há, portanto, necessidade de<br />

ânimo forte para que a criatura possa trabalhar, lutar e vencer.<br />

Tu<strong>do</strong> na Terra é passageiro; são poucas, pouquíssimas mesmo as<br />

compensações materiais, morais e espirituais. Tu<strong>do</strong> se torna mais difícil,<br />

tu<strong>do</strong> se torna mais pesa<strong>do</strong>, quan<strong>do</strong> a criatura não está preparada para a luta<br />

pela vida.<br />

Saiba o homem lutar com deno<strong>do</strong>, saiba vencer as dificuldades, tu<strong>do</strong><br />

esperan<strong>do</strong> e tu<strong>do</strong> afastan<strong>do</strong> de si, para melhor poder caminhar, não ven<strong>do</strong><br />

dificuldades nem obstáculos, mas agin<strong>do</strong> sempre para o bem e, assim,<br />

vencerá na luta pela vida.<br />

A falta de ânimo e a falta de coragem prejudicam o ser e o incapacitam<br />

de bem viver. To<strong>do</strong>s têm obrigação de lutar, ninguém veio a este mun<strong>do</strong><br />

para ser um privilegia<strong>do</strong>; desde que o espírito encarnou é para trabalhar, é<br />

para sofrer, lutar, mas vencer.<br />

Disponha-se o ser a lutar, saiba pensar sempre com elevação, com<br />

valor, desprendimento e vencerá.<br />

O mun<strong>do</strong> quer espíritos fortes, valentes; os fracos, aqueles que vivem<br />

pensan<strong>do</strong> mal, com idéias pessimistas, dificultan<strong>do</strong> seu viver, não vencem,<br />

são sempre uns venci<strong>do</strong>s.<br />

É preciso saber caminhar neste mun<strong>do</strong>, certos de que a ele vieram para<br />

trabalhar e não para gozar e não para se combaterem uns aos outros,<br />

34


crian<strong>do</strong> inimizades, animosidades, infelicidade espiritual, perturbação <strong>do</strong><br />

espírito, ambiente pesa<strong>do</strong>.<br />

A franqueza e a lealdade são qualidades de um valor considerável.<br />

Mas ser franco, ser leal não é ser déspota, nem malcria<strong>do</strong>, é usar de<br />

sinceridade em todas as palavras, em to<strong>do</strong>s os gestos. A lealdade não<br />

suporta despeito, não suporta desconfiança. A criatura leal confia, porque a<br />

sua lealdade manda que julgue os outros por si. A criatura que é desleal<br />

passa a julgar os outros capazes também de deslealdade.<br />

A sinceridade é uma qualidade superior e que to<strong>do</strong>s os espíritos<br />

deveriam possuir.<br />

A vida na Terra tem, de fato, as suas dificuldades; há muitos trabalhos<br />

a passar, há muitas contrariedades a vencer, e a vida se tornaria mais suave<br />

se as criaturas fossem mais compreensivas, se pusessem de parte o<br />

despeito e a inveja.<br />

Quan<strong>do</strong> há nos seres os sentimentos de lealdade, de franqueza, de<br />

serenidade, eles se tornam felizes, porque estão sempre em paz com a sua<br />

consciência.<br />

A insinceridade traz o espírito sempre em sobressalto, faz com que<br />

crie na sua imaginação coisas que não existem. É um fato importante a<br />

observar aquilo que as criaturas criam na sua imaginação, porque há<br />

imaginações que avolumam os casos de tal mo<strong>do</strong> que até parecem<br />

realidade, quan<strong>do</strong> não passam de um mito, quan<strong>do</strong> não passam de<br />

pensamentos de desconfiança e nada mais. Esses fatos cria<strong>do</strong>s na<br />

imaginação causam prejuízos tamanhos que levam a desarmonia e o<br />

desentendimento aos próprios lares, desentendimentos tais que nunca mais<br />

voltarão aqueles espíritos a ser uns para com os outros aquilo que eram<br />

antes de ser criada a dúvida, a desconfiança imaginada.<br />

35


É preciso, pois, que as criaturas saibam guiar os seus pensamentos e<br />

não se deixem nunca levar pela imaginação <strong>do</strong>entia. A criatura que se<br />

entrega a esses pensamentos passa a sofrer a influência <strong>do</strong> astral inferior,<br />

que não <strong>do</strong>rme, porque ele serve-se desses pensamentos para atormentar,<br />

avassalar e até enfermar.<br />

No dia em que to<strong>do</strong>s souberem pensar, não haverá mais criaturas<br />

despeitadas, não haverá mais desinteligências.<br />

É preciso que a criatura saiba viver e não semeie ventos, porque pode<br />

colher tempestade.<br />

Saibam, portanto, viver. Saibam pensar, saibam agir, pois to<strong>do</strong>s<br />

podem viver bem, to<strong>do</strong>s podem ser felizes, desde que o queiram. Há muita<br />

gente que despreza os sentimentos que a poderiam tornar feliz, para a<strong>do</strong>tar<br />

outros que a trazem em completo e eterno desassossego.<br />

Cada um, porém, tem o que merece, e desde que procure pelas<br />

próprias mãos a intranqüilidade e o desassossego, que sofra as<br />

conseqüências da sua maneira de pensar, da sua maneira de agir, já que<br />

não quer enveredar pelo caminho reto que to<strong>do</strong>s devem seguir, pois se<br />

assim procedesse, não haveria avassalamentos, não haveria certas e<br />

determinadas enfermidades.<br />

Isso acontecerá, quan<strong>do</strong> as criaturas souberem pensar.<br />

36


APRENDER A VIVER<br />

Vem o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> preparan<strong>do</strong> os espíritos para saberem<br />

viver, e é tão importante o saber viver que insistimos em fazer<br />

compreenderem as criaturas a necessidade de se esclarecerem.<br />

Há muita gente pensan<strong>do</strong> que vive, mas não vive, vegeta, porque<br />

conduz-se sem um ideal, sem um objetivo eleva<strong>do</strong> na vida. Há muita gente<br />

que se acomoda a tu<strong>do</strong>, que não quer fazer o menor sacrifício, que julga<br />

que para bem viver deve levar uma vida de prazeres, ter vida dissipada,<br />

vida sem cuida<strong>do</strong>s e sem trabalho, mas isso será viver?<br />

O espírito encarna para fazer alguma coisa de bom, em bem de seu<br />

progresso espiritual. Portanto, vem para produzir, para criar, para ser útil, e<br />

não para ser um inútil, sem possuir uma finalidade na vida.<br />

E como neste mun<strong>do</strong> nada se consegue sem sacrifício e sem trabalho,<br />

toda criatura tem que trabalhar, tem que se esforçar pelo seu<br />

aperfeiçoamento moral.<br />

A vida torna-se útil para aqueles que a estudam e compreendem e a<br />

sabem viver com inteligência; a vida torna-se difícil e trabalhosa para<br />

aqueles que em tu<strong>do</strong> vêem obstáculos, dificuldades, empecilhos. Há<br />

criaturas que têm prazer em tu<strong>do</strong> dificultar na vida, e essas encontram de<br />

fato tu<strong>do</strong> difícil, porque o seu espírito está impregna<strong>do</strong> de idéias<br />

enfermiças, pessimistas, e que, portanto, só podem concorrer para o seu<br />

mau esta<strong>do</strong> psíquico.<br />

É preciso, pois, saber viver. Saber viver, lutan<strong>do</strong>, trabalhan<strong>do</strong>,<br />

esforçan<strong>do</strong>-se o ser para cada vez mais galgar no terreno da vida material e<br />

da espiritual, e assim é que se estará concorren<strong>do</strong> para o maior progresso<br />

espiritual <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

37


Aprendam, pois, a viver, se quiserem progredir e se quiserem<br />

encontrar paz de espírito, essa paz tão desejada que constitui a verdadeira<br />

felicidade <strong>do</strong> ser.<br />

Tu<strong>do</strong> é possível conseguir na vida quan<strong>do</strong> a criatura se dispõe à luta<br />

para conseguir o que deseja.<br />

Há seres que possuem uma fraqueza de ânimo tão grande que de tu<strong>do</strong><br />

se amedrontam, que em tu<strong>do</strong> vêem obstáculos, precipícios, temores,<br />

tornan<strong>do</strong>-se criaturas, enfim, sem coragem e sem valor; essas criaturas são<br />

verdadeiras infelizes e estão sujeitas a avassalamentos.<br />

Devem as criaturas preparar-se para aquilo que de bom e de mau<br />

encontrarem no mun<strong>do</strong>. Contar só com compensações, glórias, prazeres e<br />

alegrias é contar com coisas que podem existir mas que não são eternas.<br />

A luta é a vida destinada ao ser humano, portanto, to<strong>do</strong>s têm que lutar,<br />

to<strong>do</strong>s precisam lutar e, aqueles que sabem lutar com valor, esses são os<br />

que saem da luta vitoriosos; aqueles que por tu<strong>do</strong> se assombram, que se<br />

acovardam, esses serão os eternos fracassa<strong>do</strong>s.<br />

O mun<strong>do</strong> é <strong>do</strong>s fortes, estamos sempre a dizer; o mun<strong>do</strong> é <strong>do</strong>s fortes,<br />

porque só um espírito prepara<strong>do</strong> pode levar de vencida a vida e tu<strong>do</strong><br />

conseguir.<br />

Há exemplos frisantes no mun<strong>do</strong> <strong>do</strong> quanto vale a força de vontade.<br />

Há criaturas que chegaram ao apogeu na vida material devi<strong>do</strong> unicamente<br />

a sua força de vontade, e há outras que, infelizmente, descem, descem e<br />

caem, por serem fracas, por serem pusilânimes, porque são infelizes.<br />

É preciso que as criaturas se disponham a vencer, não se lembrem<br />

nunca de fraquezas, mesmo que encontrem dificuldades sérias na vida,<br />

mesmo que encontrem tropeços, mesmo que não corram os seus negócios<br />

na medida <strong>do</strong>s seus desejos. O dever da criatura valorosa é enfrentar as<br />

38


dificuldades, procuran<strong>do</strong> vencê-las, procuran<strong>do</strong> saná-las, sem se deixar<br />

abater, sem se entregar a fraquezas.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> prepara os espíritos para a luta, indica como a<br />

criatura deve pensar para tu<strong>do</strong> conseguir.<br />

É no pensamento que está o segre<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> o êxito, é o pensamento<br />

que guia as criaturas e o pensamento forte e bem guia<strong>do</strong> é que as leva ao<br />

caminho <strong>do</strong> bem, da vitória e da glória. Aprendam, portanto, a pensar<br />

sempre bem, não alimentem idéias pessimistas, não se entreguem a<br />

pensamentos de fraqueza, porque o ser conforme pensar assim será,<br />

conforme pensar, assim receberá. Lembrem-se sempre disso e alimentem<br />

sempre pensamentos bons, não tenham receio de coisa alguma, tratem de<br />

lutar para vencer, não pensem em enfermidades, não pensem em<br />

fraquezas, lutem, trabalhem e procurem, sobretu<strong>do</strong>, possuir a paz de<br />

espírito, a tranqüilidade, a harmonia nos lares, porque um ambiente são, de<br />

paz e tranqüilidade traz a verdadeira felicidade, concorre para que as<br />

criaturas estejam sempre calmas, raciocinan<strong>do</strong> com acerto e agin<strong>do</strong> com<br />

prudência.<br />

39


AUSÊNCIA DE COMPREENSÃO<br />

Muitos males se evitariam, muitas desinteligências deixariam de<br />

existir, se houvesse mais senso, se houvesse mais compreensão.<br />

A humanidade continua empedernida, negan<strong>do</strong>-se a dar largas ao<br />

raciocínio e agin<strong>do</strong> material e espiritualmente com uma incoerência<br />

lamentável. Observan<strong>do</strong> bem os espíritos que perambulam por este mun<strong>do</strong><br />

movimentan<strong>do</strong> seus corpos, vemos através de suas auras mais propensão<br />

para o egoísmo e a prepotência <strong>do</strong> que para a elevação espiritual,<br />

finalidade que os trouxe à Terra. Para um espírito evoluir não deve<br />

continuar a aumentar as suas dívidas espirituais com sentimentos de<br />

egoísmo e vícios. Verifica-se que a maioria <strong>do</strong>s espíritos continua<br />

persistentemente no erro. Não há tolerância, não há compreensão e<br />

enquanto os seres não se vêem satisfeitos no seu egoísmo, na sua vaidade,<br />

única e exclusivamente para atender o seu "eu", são capazes de tu<strong>do</strong>, ainda<br />

que originem monstruosidades.<br />

Aqueles espíritos mais dóceis, aqueles que compreendem a vida, ainda<br />

que ela possa tornar-se-lhes pesada, árdua, por ela passam levan<strong>do</strong> sempre<br />

a esperança de dias melhores, mais suaves e mais compreensíveis e<br />

terminam por ser felizes. Mas aqueles espíritos prepotentes e egoístas,<br />

embora a vida esteja corren<strong>do</strong> bem, satisfeitos os seus desejos, a sua<br />

vontade e continuan<strong>do</strong> a viver como se ninguém mais existisse neste<br />

mun<strong>do</strong>, trazem os espíritos atormenta<strong>do</strong>s e não podem sentir-se felizes. E é<br />

por isso que a paz não existe, nem pode existir, porque os homens<br />

procuram a guerra, guerra espiritual e guerra material.<br />

Não poderá existir paz no mun<strong>do</strong> enquanto os homens gananciosos e<br />

prepotentes existirem. Haven<strong>do</strong> prepotência há jugo, e os espíritos que não<br />

possuem esses sentimentos de prepotência não se submetem aos outros;<br />

podem, na aparência, demonstrar <strong>do</strong>cilidade, no entanto, há o recalque, há<br />

40


a revolta íntima, há aquilo a que não podem fugir, porque isso é humano,<br />

faz parte da vida e é lógico que assim não possa haver paz e entendimento,<br />

enquanto os homens não souberem ser justos, enquanto não souberem ser<br />

modera<strong>do</strong>s, enquanto não compreenderem a vida como ela de fato é.<br />

Vem o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> há longos anos esclarecen<strong>do</strong> os espíritos,<br />

para que aqueles que quiserem aproveitar esse esclarecimento possam<br />

sentir melhor a vida e vivê-la com mais suavidade.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> está preparan<strong>do</strong> o terreno para os espíritos<br />

que amanhã hão de enfrentar as vicissitudes da vida. Preparan<strong>do</strong>-lhes o<br />

terreno, para que possam encontrá-lo menos agreste e mais fértil, pois tu<strong>do</strong><br />

quanto nesse terreno se tem lança<strong>do</strong> é o que há de bom e pode frutificar<br />

para quem nele viver, poder encontrar mais facilidade <strong>do</strong> que aqueles que<br />

nele entraram antes de prepara<strong>do</strong>. Esse preparo espiritual que o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> vem dan<strong>do</strong> dia a dia àqueles que freqüentam as suas<br />

Casas serve de lenitivo aos espíritos que vêm sofren<strong>do</strong> o jugo da vida e<br />

serve de aviso àqueles que começam a viver, que começam a desenvolver<br />

o seu raciocínio.<br />

Esperamos que as lições dadas, com o fito de esclarecer e preparar os<br />

espíritos para a vida, possam ser bem recebidas e compreendidas.<br />

Aproveitai, sede criaturas compreensivas, lúcidas, procurai dar sempre<br />

os esclarecimentos que puderdes, porque recebereis sempre aquilo de que<br />

precisardes.<br />

Caminhai com firmeza, sede justos, pondera<strong>do</strong>s e modera<strong>do</strong>s, e tereis<br />

a suprema consolação de um dia partir deste mun<strong>do</strong> ten<strong>do</strong> a consciência <strong>do</strong><br />

dever cumpri<strong>do</strong>.<br />

Aproveitai, aperfeiçoai-vos, progredi espiritualmente, porque deste<br />

mun<strong>do</strong> levareis somente o proveito espiritual.<br />

41


AUTOCORREÇÃO<br />

Há tantas misérias, há tantas infelicidades no mun<strong>do</strong> provenientes da<br />

ignorância, da falta de senso, de critério que a muito custo se pode fazer<br />

compreender às criaturas que a vida na Terra seria muito melhor se dessem<br />

trato à inteligência e ao raciocínio.<br />

Não basta ser crente ou descrente, nem ser indiferente, é preciso ter<br />

esclarecimento para que a criatura se conheça como espírito e matéria, e<br />

saiba dar valor ao pensamento. Esclareci<strong>do</strong> o ser, saberá exercer<br />

pre<strong>do</strong>mínio sobre si mesmo, controle para viver como criatura humana<br />

sensata e cordata.<br />

Há entre as criaturas humanas mais animalidade <strong>do</strong> que<br />

espiritualidade; cuida-se muito da matéria, vive-se muito mais para ela <strong>do</strong><br />

que para o espírito.<br />

Os bons sentimentos, os sentimentos eleva<strong>do</strong>s e dignos, aqueles que<br />

partem <strong>do</strong> espírito e que são, por conseguinte, superiores, esses não têm<br />

valor para aqueles que só visam ao seu interesse; to<strong>do</strong> aquele que apenas<br />

quer a satisfação <strong>do</strong> seu "eu" passa a ser uma criatura sem valor; aquilo<br />

que requer renúncia, sofrimento, sacrifício não tem valor, não tem<br />

merecimento, não pertence à época, não é deste mun<strong>do</strong>, porque entendem<br />

os materialistas que aqui só se pode viver sem nenhuma elevação moral ou<br />

espiritual. No entanto, a humanidade seria bem outra, se to<strong>do</strong>s os seres<br />

tivessem um pouco mais de sentimento espiritual, sentimento que se revela<br />

nos atos, nos sacrifícios, na renúncia, em tu<strong>do</strong> enfim que eleva e dignifica.<br />

To<strong>do</strong>s vivem, comem, <strong>do</strong>rmem, praticam atos comuns, mas tu<strong>do</strong> isso sem<br />

o menor vislumbre de sentimento fraternal.<br />

As misérias morais e materiais <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, as infelicidades que se<br />

observam nas criaturas desapareceriam se fossem menos materializadas as<br />

suas idéias, a sua forma de ver a vida.<br />

42


Tu<strong>do</strong> no planeta Terra é matéria e o que é da Terra na Terra fica, mas<br />

os espíritos que a ela vêm não são da Terra, não pertencem à Terra,<br />

portanto deveriam se altear nos seus pensamentos, deveriam dar mais valor<br />

àquilo que não é visto mas é senti<strong>do</strong>, porque existe e vive eternamente, por<br />

ser espírito.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é <strong>do</strong>utrina que esclarece, que fortifica, que<br />

eleva a criatura, mas não pode fazer com que aqueles que têm prazer em<br />

viver meti<strong>do</strong>s em verdadeiros lodaçais, rastejan<strong>do</strong> quais répteis, se alteiem,<br />

se tornem dignos de conceito por parte daqueles que pensam e raciocinam<br />

com acerto.<br />

Há muito que outra coisa não se faz que não seja ensinar a<br />

humanidade a viver. Viver é uma arte que to<strong>do</strong>s devem cultivar. É uma<br />

ciência que to<strong>do</strong>s devem estudar. O homem não pode viver como vive o<br />

animal. Ele pensa, ele tem inteligência, para só fazer aquilo que pensa para<br />

o bem ou para o mal.<br />

A vida na Terra seria bem mais <strong>do</strong>lorosa para to<strong>do</strong>s se não existissem<br />

aqueles que pugnam pela verdade, pela moral e pela superiorização <strong>do</strong>s<br />

atos da vida. O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> deseja ver as criaturas esclarecidas e<br />

felizes.<br />

Nem to<strong>do</strong>s os espíritos podem possuir a mesma afinidade; eles partem<br />

de diversos mun<strong>do</strong>s, diferentes, portanto, em sua espiritualidade, mas<br />

to<strong>do</strong>s são luz, to<strong>do</strong>s são partículas da Inteligência Universal; to<strong>do</strong>s aqui<br />

vêm para se depurarem e progredirem.<br />

Os espíritos encarna<strong>do</strong>s ficam sujeitos às leis da vida na Terra, e como<br />

seres humanos não são nenhumas perfeições, e não o sen<strong>do</strong>, eles,<br />

naturalmente, têm os seus choques, têm as suas atribulações, têm os seus<br />

defeitos, têm os seus maus hábitos, têm, enfim, tu<strong>do</strong> o que lhes acarreta<br />

imperfeições.<br />

43


São, portanto, espíritos em evolução, e sen<strong>do</strong> espíritos em evolução,<br />

para que possam bem viver na Terra, precisam se tolerar, precisam saber<br />

se desculpar mutuamente, para que haja felicidade, paz de espírito, e para<br />

que isso exista, é preciso que to<strong>do</strong>s cumpram o seu dever, reconhecen<strong>do</strong> os<br />

seus defeitos para corrigi-los e aumentar sempre as suas qualidades.<br />

A vida se tornará suave no dia em que to<strong>do</strong>s souberem cumprir os seus<br />

deveres, no dia em que to<strong>do</strong>s se tolerarem como espíritos liga<strong>do</strong>s à mesma<br />

fonte de origem, movimentan<strong>do</strong> corpos diferentes, famílias diferentes, mas<br />

to<strong>do</strong>s irradia<strong>do</strong>s pela Inteligência Universal, portanto, to<strong>do</strong>s merecen<strong>do</strong> o<br />

mesmo apoio espiritual.<br />

Saibam pensar, saibam elevar o pensamento sempre, pois, esse é o<br />

caminho para poderem bem viver.<br />

É no pensamento que está a defesa da criatura; é o pensamento são e<br />

forte que serve da guia na vida; ele elucida, eleva, ajuda a viver e a vencer.<br />

É pensan<strong>do</strong> com elevação, agin<strong>do</strong> como criatura esclarecida que se<br />

consegue vencer os obstáculos, as dificuldades que surgem pela frente. É<br />

com pensamentos eleva<strong>do</strong>s que se afugenta a fraqueza, a dúvida e a<br />

vacilação e se consegue vencer as dificuldades.<br />

Saber pensar é o dever de toda criatura esclarecida.<br />

É no pensamento que está o segre<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> o êxito, e, para ter êxito, a<br />

criatura deve saber pensar, pois, pelo pensamento, afugenta o mal e atrai o<br />

bem, não se esqueçam nunca disso. Não alimentem pensamentos que não<br />

sejam sãos, eleva<strong>do</strong>s, fortes e dignos.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> leva o esclarecimento aos espíritos para que<br />

saibam viver e para que, da luta que são obriga<strong>do</strong>s a travar na Terra, saiam<br />

vitoriosos.<br />

44


CAMINHOS SEM SEGREDOS<br />

A vida <strong>do</strong>s seres humanos é tão complexa, traz tantas surpresas que,<br />

para o ser inteligente, ela talvez se torne fácil de ser vivida, mas para<br />

aqueles que não raciocinam com facilidade e que interpretam as coisas da<br />

Terra de uma maneira bem diversa <strong>do</strong> que elas de fato são, é bem difícil.<br />

Essa complexidade que sentem as criaturas que pensam e raciocinam, será<br />

debelada de maneira inteligente, de maneira capaz de tu<strong>do</strong> resolver e<br />

acomodar, não olhan<strong>do</strong> as conveniências de cada um, mas as <strong>do</strong> To<strong>do</strong>.<br />

O mun<strong>do</strong> não é tão mau como o pintam: as criaturas é que o fazem<br />

mau. São os sentimentos das criaturas, são as maneiras como elas encaram<br />

a vida neste mun<strong>do</strong> que chocam, que ferem, que trucidam, que desiludem,<br />

e é por isso que há muita gente completamente descrente e desiludida, que<br />

vive por viver, e que aceita tu<strong>do</strong> com aparente naturalidade, porque assim<br />

é preciso.<br />

Mas o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, como Doutrina que explana a Verdade, e<br />

faz questão absoluta de que as criaturas reconheçam a Verdade, a aceitem<br />

e a compreendam como ela deve ser compreendida, não poupa<br />

esclarecimentos, para que não haja dúvida nem vacilação sobre os seus<br />

Princípios.<br />

Afirmamos que cada um é aquilo que quer ser, e assim é. Cada um é<br />

aquilo que quer ser, porque está na vontade da criatura ser o que queira.<br />

Só não vencem na vida aqueles que são fracos, que não possuem um<br />

ânimo forte, nem uma vontade bem educada para o bem.<br />

Para vencer neste mun<strong>do</strong> é preciso ser cauteloso, inteligente e<br />

perspicaz; mas há também a argúcia <strong>do</strong> esperto que vence de maneira<br />

diferente, menos honesta, porque sabe fingir, porque é hipócrita.<br />

45


Não é, porém, essa vitória que nós queremos que as criaturas sintam.<br />

A vitória <strong>do</strong>s hipócritas e <strong>do</strong>s espertos é fictícia, tem alicerces falsos.<br />

Queremos que vençam aqueles que têm de fato uma vontade educada,<br />

que sabem querer, que não usam de sofismas para vencer.<br />

O que torna o mun<strong>do</strong> mau são os maus sentimentos das criaturas.<br />

A perversão que campeia no mun<strong>do</strong> inteiro, essa perversão não nasceu<br />

no berço da criatura, porque to<strong>do</strong> o espírito que vem encarnar neste mun<strong>do</strong><br />

o faz para sua perfeição, para seu progresso espiritual e a criança é<br />

inocente, não possui perversão; se foi perverso o seu espírito na<br />

encarnação ou em encarnações passadas ele, ao encarnar, perdeu por<br />

completo a noção daquilo que foi e isso, justamente, para que os pais<br />

possam moldar esse espírito, possam corrigi-lo antes de chegar à idade da<br />

razão, possam polir, possam fazer dele aquilo que é preciso, para que se<br />

regenere, se aperfeiçoe e se torne um espírito educa<strong>do</strong>.<br />

A maldade, portanto, que existe no mun<strong>do</strong>, não veio <strong>do</strong> Espaço<br />

Superior para o berço da criança; é adquirida mais tarde, na luta pela vida,<br />

por falta de orienta<strong>do</strong>res capazes e porque se deixam levar pelas más<br />

companhias, que as tornam criaturas completamente perdidas.<br />

Combatam, portanto, os maus sentimentos, procurem dar educação<br />

sólida aos espíritos, em formação, formação de caráter que deve ser feita<br />

com to<strong>do</strong> o cuida<strong>do</strong> e to<strong>do</strong> primor, para que esses espíritos, quan<strong>do</strong><br />

chega<strong>do</strong>s à idade da razão, quan<strong>do</strong> adultos, possam lembrar-se sempre das<br />

ótimas lições que receberam e têm gravadas na mente, para fortificarem o<br />

seu caráter.<br />

É preciso combater a miséria, a perversão, a imoralidade por meio de<br />

uma educação bem fundamentada.<br />

Do preparo <strong>do</strong> homem e da mulher depende o êxito na vida futura.<br />

Conforme os espíritos forem prepara<strong>do</strong>s, assim eles vencerão ou<br />

46


sossobrarão no mar tempestuoso da vida; desse preparo, pois, depende a<br />

garantia, o êxito, a vitória <strong>do</strong>s espíritos. O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> vem-se<br />

baten<strong>do</strong> pela educação da criança, para que possa vencer no futuro as<br />

dificuldades existentes no mun<strong>do</strong> Terra, e não sabemos se elas serão<br />

diminuídas ou aumentadas; por isso, é preciso que haja o preparo, a<br />

fortaleza espiritual que lhes garanta a vitória no futuro.<br />

Saibam compreender esta Doutrina; ela deseja tão somente a<br />

felicidade <strong>do</strong>s seres e, para que essa felicidade exista no mun<strong>do</strong>, para que<br />

to<strong>do</strong>s vivam com paz de espírito e consciência tranqüila, é preciso que<br />

to<strong>do</strong>s se convençam de que têm que <strong>do</strong>minar o seu "eu", têm que<br />

sobrepujar a matéria, têm que dar largas à razão, ao bom senso e agir<br />

sempre com critério, valor e honradez.<br />

Tu<strong>do</strong> se normaliza, tu<strong>do</strong> se coloca nos seus devi<strong>do</strong>s lugares, quan<strong>do</strong> há<br />

senso e há razão. O que falta no mun<strong>do</strong> é justamente isso, porque a<br />

hipocrisia e a mentira ainda existem; mas no dia em que houver mais<br />

lealdade e mais franqueza haverá mais paz, mais tranqüilidade e to<strong>do</strong>s se<br />

sentirão felizes.<br />

Este mun<strong>do</strong> é cheio de imperfeições; são tantas as misérias que nele se<br />

observam que aqueles que desejam melhorar, aqueles que desejam<br />

progredir, muitas vezes se sentem entristeci<strong>do</strong>s e estarreci<strong>do</strong>s,<br />

contemplan<strong>do</strong> toda essa miséria humana.<br />

São o egoísmo e a vaidade que cegam as criaturas tornan<strong>do</strong>-as injustas<br />

e más; o egoísmo e a vaidade levam os homens a se atacar uns aos outros,<br />

a forjar as guerras, a causar desgraças à humanidade.<br />

Procurem compreender e assimilar bem o valor <strong>do</strong>s Princípios que esta<br />

Doutrina explana e to<strong>do</strong>s serão felizes.<br />

47


CARÁTER DAS CRIANÇAS<br />

O gênero humano, quan<strong>do</strong> persiste no mal, é muito mais difícil de se<br />

corrigir <strong>do</strong> que os próprios irracionais; há criaturas tão rebeldes, de<br />

pensamentos tão ínfimos, de temperamentos tão revolta<strong>do</strong>s e maus, que<br />

não há conselhos, não há exemplos que as modifiquem e as façam tornarse<br />

melhores, enfim, humanas e sãs da alma.<br />

Desde quan<strong>do</strong> encarna<strong>do</strong>, lidan<strong>do</strong> sempre com toda espécie de gente<br />

numa experiência <strong>do</strong>lorosa, sem dúvida nenhuma, quan<strong>do</strong> nós<br />

desencarnamos já tínhamos profundas desilusões, provindas da ingratidão<br />

e da rebeldia de muitos espíritos renitentes.<br />

Esclarecer a humanidade não é serviço tão fácil, como a muitos<br />

parece. Esclarecimentos temos feito, mas há seres que não se modificam.<br />

Temos o máximo interesse em levantar e fortificar espiritualmente aqueles<br />

que aqui chegam, mas há os que nada aceitam, porque no seu mo<strong>do</strong> de<br />

pensar, com o seu temperamento criam imaginações completamente<br />

diferentes <strong>do</strong> que lhes apresentamos como sen<strong>do</strong> a verdade.<br />

A vida <strong>do</strong> encarna<strong>do</strong> é cheia de surpresas, e o ser humano tem que<br />

vivê-la. Portanto, devem se preparar para receber as lições que ela dá a<br />

to<strong>do</strong>s aqueles que pensam e raciocinam.<br />

Há muita gente que vive por viver, passa os dias, as horas e os minutos<br />

inconscientemente; mas aqueles que pensam, aqueles que raciocinam, que<br />

têm a noção da responsabilidade, que têm encargos e que procuram<br />

cumprir os seus deveres não podem deixar de esperar surpresas mediante<br />

os muitos problemas a resolver na vida.<br />

Forme-se, portanto, muito bem o caráter da criança, porque dessa<br />

formação depende o seu êxito na vida amanhã. O seu futuro, a sua<br />

felicidade dependem da formação <strong>do</strong> caráter.<br />

48


Nunca se deve descurar a formação <strong>do</strong> caráter de um filho, porque os<br />

espíritos que não tiveram quem lhes formasse o caráter desde criança são<br />

justamente aqueles que se tornam rebeldes, que se tornam infelizes.<br />

Nesses espíritos nada cala e nada se consegue, porque ficaram como<br />

que embruteci<strong>do</strong>s.<br />

É preciso saber guiar os espíritos encarna<strong>do</strong>s desde a infância.<br />

É preciso viver neste mun<strong>do</strong> sem ilusões, sem pessimismo, tu<strong>do</strong><br />

saben<strong>do</strong> ver e observar, tu<strong>do</strong> receben<strong>do</strong> com a máxima naturalidade. É<br />

preciso caminhar com o passo firme e a mente alteada, único meio de se<br />

chegar à vitória.<br />

Só assim proceden<strong>do</strong> é que os espíritos conseguem passar por este<br />

mun<strong>do</strong> sem fraquejarem no cumprimento <strong>do</strong> seu dever, lutan<strong>do</strong> com<br />

deno<strong>do</strong> e valor. Sejam, portanto, fortes, encarem a vida como a vida é,<br />

saibam vencer as suas dificuldades, saibam lutar com valor, aproveitem as<br />

lições que a vida oferece e ajam sempre como criaturas criteriosas,<br />

desejan<strong>do</strong> melhorar, subir sempre e descer nunca.<br />

Numa época de agita<strong>do</strong> progresso, na qual se pode viver com mais<br />

facilidade, verifica-se que tu<strong>do</strong> se dificulta e, quan<strong>do</strong> a vida devia tornar-se<br />

mais suave, amena, é o contrário, torna-se árdua e difícil, porque são as<br />

próprias criaturas que assim querem.<br />

Quem dificulta a vida são os próprios seres humanos pelo mau uso de<br />

seu livre-arbítrio. Tu<strong>do</strong>, hoje, no mun<strong>do</strong> se encontra facilita<strong>do</strong> para haver<br />

mais produção, mais fartura, menos dificuldades econômicas. No entanto,<br />

são criadas situações críticas, morais e materiais, porque faltou o critério e<br />

o bom senso, haven<strong>do</strong> embaraços à produção.<br />

O progresso industrial tem empresta<strong>do</strong> ao mun<strong>do</strong> uma série de<br />

facilidades. A máquina vai substituin<strong>do</strong> o braço humano e diminuin<strong>do</strong><br />

assim o desperdício de energias físicas. Mas diminuin<strong>do</strong> o trabalho braçal,<br />

49


infelizmente, aumentou a in<strong>do</strong>lência, o pouco caso, o desamor ao trabalho<br />

e é por isso que, embora se tenham cria<strong>do</strong> meios e mo<strong>do</strong>s de tu<strong>do</strong> se<br />

facilitar, o homem por sua maldade dificulta a vida.<br />

Em vez de racionalizar o trabalho como um bem para vida, para<br />

melhor ocupação das horas livres em estu<strong>do</strong> e recreio úteis, entregam-se a<br />

orgias, misérias morais e materiais.<br />

Numa época em que tu<strong>do</strong> é progresso, luz e atividade, em que as<br />

distâncias se encurtam pela aviação, em que as indústrias aumentam os<br />

meios de produção, em que a inteligência <strong>do</strong> homem é mais desenvolvida<br />

<strong>do</strong> que nunca, há criaturas revoltadas, há criaturas que se rebelam contra o<br />

trabalho honra<strong>do</strong>, contra o progresso espiritual, porque a vaidade, a<br />

prepotência e o espírito de <strong>do</strong>mínio as vêm obcecan<strong>do</strong>. Pela ignorância de<br />

uns e pela perversidade de muitos há como que uma sede de luxo, de<br />

regalias, de igualdades mal compreendidas. É isso que concorre para as<br />

dificuldades da vida.<br />

A escassez de muita coisa que não temos existe justamente por culpa<br />

de certas criaturas, pela desonestidade de uns e pela falta de cooperação de<br />

muitos. Portanto, quer uns, quer outros, são uns criminosos, a eles cabe<br />

culpa das dificuldades da vida.<br />

Hoje, que tu<strong>do</strong> pode ser fácil, por que não há abundância de tu<strong>do</strong> em<br />

toda a parte? Principian<strong>do</strong> por este país, cujo solo é fertilíssimo, é preciso<br />

apenas quem queira cuidar dele, quem se dedique com a compreensão <strong>do</strong><br />

que há a fazer.<br />

Cuide-se da terra e <strong>do</strong> povo, facilite-se a locomoção, existam os meios<br />

de transporte e nada, absolutamente nada, faltará. Desapareçam o pouco<br />

caso, a in<strong>do</strong>lência, as revoltas, os recalques, as ofensas, os melindres e a<br />

desonestidade e se entrará numa situação bonançosa.<br />

50


É preciso energia espiritual, bom senso e critério para que o homem se<br />

compenetre de que a vida se torna fácil, desde que ele o queira.<br />

A in<strong>do</strong>lência espiritual atrofia e aniquila a razão, engendra as<br />

enfermidades, torna as criaturas inúteis.<br />

É preciso que to<strong>do</strong>s saibam aumentar as suas energias, agin<strong>do</strong> com<br />

critério, com prudência e com valor. A revolta espiritual de nada adianta.<br />

Tu<strong>do</strong> se deve resolver pela inteligência, com critério e bom senso. As<br />

desordens implantadas no mun<strong>do</strong> vêm justamente comprovar que to<strong>do</strong>s<br />

são uns revolta<strong>do</strong>s sem a compreensão de que não há vida sem luta e que,<br />

portanto, o espírito vem à Terra ciente e consciente de que essa é a vida.<br />

Saibam, pois, os homens estudar a Vida e criar leis humanas de mo<strong>do</strong><br />

a não se escravizarem uns aos outros e sim viverem cooperan<strong>do</strong> para o<br />

aperfeiçoamento espiritual e planetário.<br />

51


CAVALHEIRISMO<br />

Pouco a pouco, à medida que a criatura vai observan<strong>do</strong> e investigan<strong>do</strong>,<br />

convence-se de que a vida neste mun<strong>do</strong> não vale nada.<br />

De que adianta a vaidade, de que adiantam os preconceitos sociais, o<br />

orgulho e a inveja que tanta gente aninha em seus espíritos, se diante <strong>do</strong><br />

julgamento <strong>do</strong> espírito tu<strong>do</strong> isso nada vale! O que vale são as boas obras,<br />

são as boas qualidades, aquelas que partem <strong>do</strong> espírito. Há criaturas que se<br />

acastelam no seu saber, no seu quinhão de fortuna, e julgam-se as<br />

melhores e mais importantes <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, importância que não vale nada,<br />

fortuna que não faz mossa àqueles espíritos lúci<strong>do</strong>s e esclareci<strong>do</strong>s que<br />

procuram viver acima das misérias humanas.<br />

Tu<strong>do</strong> desaparece no mun<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> fica destruí<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> se torna em<br />

nada, só acompanham o espírito as suas qualidades espirituais. O espírito<br />

esclareci<strong>do</strong> não quer saber das misérias que no mun<strong>do</strong> existem. O que é<br />

preciso é estudar a vida para compreendê-la como a vida é, agir sempre de<br />

acor<strong>do</strong> com a sua consciência e quan<strong>do</strong> esta diz ao espírito que está certo,<br />

caminha-se sem vacilar, sempre para a frente, sem olhar para trás. Pouco<br />

se importa o ser esclareci<strong>do</strong> com aquilo que de si possam dizer. Ele coloca<br />

acima <strong>do</strong> conceito alheio a sua consciência.<br />

To<strong>do</strong>s são muito bons enquanto tu<strong>do</strong> lhes sorri, enquanto ninguém<br />

lhes fere a vaidade, mas basta que algo não lhes satisfaça a vaidade, os<br />

interesses, para, imediatamente, os seres mostrarem aquilo que realmente<br />

são.<br />

É assim a humanidade e ninguém deve se iludir, porque ainda há<br />

muito a fazer para que ela melhore.<br />

52


Lembrem-se aqueles que vivem hoje mergulha<strong>do</strong>s na sua vaidade que<br />

algum dia poderão passar por pedaços sérios e amargos, iguais ou piores<br />

<strong>do</strong> que os que passam os seus semelhantes! As atitudes cavalheirescas das<br />

criaturas se demonstram nas ocasiões oportunas e não é deprecian<strong>do</strong>, não é<br />

diminuin<strong>do</strong>, não é achincalhan<strong>do</strong> que se demonstrará cavalheirismo. Os<br />

espíritos são sempre bons quan<strong>do</strong> encaram com superioridade aquilo que<br />

observam. Tu<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> passa, tu<strong>do</strong> desaparece, só as obras espirituais,<br />

o valor espiritual das criaturas, perdura sempre.<br />

No <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> sempre se diz a Verdade, nunca se iludirá<br />

ninguém, porque é uma <strong>do</strong>utrina que se esteia em Princípios para<br />

esclarecer as criaturas.<br />

É preciso que vivam to<strong>do</strong>s como criaturas conscientes daquilo que são<br />

e <strong>do</strong> que devem ser, e que procurem pôr de la<strong>do</strong> a vaidade, as pretensões<br />

vai<strong>do</strong>sas, por des<strong>do</strong>urarem os seus atos na vida.<br />

O mun<strong>do</strong> tem passa<strong>do</strong> por diversas fases e atualmente passa por uma<br />

bem crítica e delicada, pois a desorganização social é um fato, as<br />

desordens e as incompreensões são visíveis, mas a humanidade que vive<br />

iludida, cheia de vaidade e pretensão, não compreende, com certeza, a<br />

gravidade da situação. Nunca houve tanta necessidade da serenidade e<br />

altivez <strong>do</strong> espírito, como nesta infeliz época.<br />

A criatura para vencer todas as desordens, to<strong>do</strong>s os distúrbios<br />

espirituais e materiais, tu<strong>do</strong> enfim que de desorganiza<strong>do</strong> existe no mun<strong>do</strong>,<br />

precisa estudar a vida e vivê-la sem ilusões, nem pretensões, saben<strong>do</strong> dar<br />

satisfação somente à sua consciência, palmilhan<strong>do</strong> sempre pelo caminho<br />

reto e seguro, de fronte erguida, não olhan<strong>do</strong> para os la<strong>do</strong>s nem para trás,<br />

mas sempre firme e para a frente. Assim proceden<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s cumprirão os<br />

seus deveres, to<strong>do</strong>s sentirão satisfação íntima, que só uma consciência sã<br />

pode dar àqueles que os cumprem com fidelidade.<br />

53


Como espíritos encarna<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s estão sujeitos às vicissitudes próprias<br />

<strong>do</strong> mun<strong>do</strong> Terra. Ninguém está isento de sofrer essas vicissitudes.<br />

No mun<strong>do</strong> Terra to<strong>do</strong>s estão sujeitos a altos e baixos, a sofrimentos, a<br />

desilusões. Razão por que dizemos às criaturas que se preparem para a<br />

vida tu<strong>do</strong> ven<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> sentin<strong>do</strong> com valor e sobranceria.<br />

Caminhem a passo firme, ten<strong>do</strong> o pensamento eleva<strong>do</strong>, a razão lúcida<br />

e o raciocínio equilibra<strong>do</strong>.<br />

Não se admirem, em absoluto, que existam criaturas que se deixam<br />

levar por idéias pessimistas. Essas criaturas, embora venham aqui, não são<br />

totalmente esclarecidas, porque, se o fossem, compreenderiam<br />

racionalmente a vida e não se deixariam iludir ou explorar.<br />

O espírito esclareci<strong>do</strong> e prepara<strong>do</strong> para a vida na Terra enfrenta o<br />

temporal ou abriga-se para o deixar passar.<br />

A fortaleza espiritual é uma necessidade para a criatura se manter<br />

firme neste mun<strong>do</strong>. Os temporais, as tempestades passam, portanto, a<br />

criatura esclarecida não se deve deixar abater e, sim, procurar vencer as<br />

dificuldades da vida, disposta, firme, convicta, valorosa para sair vitoriosa.<br />

Há vicissitudes na vida às quais ninguém pode fugir. Não há<br />

privilegia<strong>do</strong>s, nem protegi<strong>do</strong>s, to<strong>do</strong>s estão sujeitos ao que a atmosfera<br />

terrena encerra.<br />

A ação psíquica é um fato, não falha nunca, mas os efeitos materiais<br />

existem de acor<strong>do</strong> com o esta<strong>do</strong> da matéria. A ação Psíquica Superior, que<br />

os esclareci<strong>do</strong>s conhecem e a que devem dar valor, supera tu<strong>do</strong> e se faz<br />

sentir, benefician<strong>do</strong>, fortifican<strong>do</strong>, amenizan<strong>do</strong> e auxilian<strong>do</strong>, mas as<br />

criaturas devem saber raciocinar com acerto para compreenderem as coisas<br />

54


como elas de fato são. É para isso que a Doutrina explana os seus<br />

Princípios.<br />

55


CLARIVIDÊNCIA<br />

Há espíritos que têm como que uma névoa a escurecer-lhes a razão,<br />

enevoan<strong>do</strong> o seu raciocínio ficam impedi<strong>do</strong>s de ver claro e de se<br />

conduzirem na vida com equilíbrio e bom senso.<br />

Essa névoa, que empana o raciocínio, só desaparecerá quan<strong>do</strong> esses<br />

espíritos se convencerem de que algo mais existe na vida <strong>do</strong> que a matéria<br />

que vêem e apalpam. Só desaparecerá quan<strong>do</strong> o materialismo diminuir e as<br />

criaturas passarem a ser mais espiritualizadas. O mun<strong>do</strong> vem sofren<strong>do</strong><br />

pelas conseqüências de uma ignorância proposital, de um materialismo<br />

grosseiro que se apoderou daqueles que têm governa<strong>do</strong> os povos<br />

egoistamente. É o egoísmo que torna as criaturas gananciosas, insaciáveis<br />

e insensíveis à <strong>do</strong>r e à desgraça; é o egoísmo que tem feito a infelicidade<br />

de muitos.<br />

Não se compreende que numa época de progresso, de intensa<br />

atividade, como vai ser esta, não haja maior compreensão e que existam<br />

espíritos tão empederni<strong>do</strong>s, com o raciocínio tão embota<strong>do</strong>, tão<br />

obscureci<strong>do</strong>, incapazes de algo fazer de proveitoso.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> se esteia em Princípios certos e inalteráveis;<br />

suas explanações são baseadas na Verdade e fazem compreender às<br />

criaturas que é preciso que se esclareçam para poderem viver<br />

desafogadamente, que se esclareçam para aceitarem as coisas tais quais<br />

elas são, porque, sem isso, nada conseguirão neste mun<strong>do</strong>.<br />

Não nos batemos, como as religiões conhecidas, pela crença e pela<br />

devoção. Batemo-nos pela Liberdade, mas liberdade, na verdadeira<br />

acepção da palavra, só existirá e só poderão dela gozar aqueles que<br />

tiverem a verdadeira noção <strong>do</strong> dever para com o próximo.<br />

Basta de humilhação. Repugna o rastejamento <strong>do</strong>s seres. Eles devem<br />

caminhar firmes e resolutos, sem se curvarem, e no entanto, rastejam e<br />

56


curvam-se <strong>do</strong>cilmente aos outros e às eventualidades da vida, amoldam-se<br />

a tu<strong>do</strong>, acomodam-se a tu<strong>do</strong>, não possuem personalidade, nem caráter.<br />

Personalidade que marca a ín<strong>do</strong>le da criatura; caráter que demonstra a<br />

envergadura moral <strong>do</strong>s seres. E por que esse esta<strong>do</strong> <strong>do</strong>s seres? – Porque<br />

to<strong>do</strong>s querem dar expansão à vaidade, alimentar o materialismo, viver<br />

como criaturas puramente místicas.<br />

Espera-se por uma era de mais espiritualidade e ela chegará, porque os<br />

espíritos cansarão, cansarão de tanto e tanto lutar por ideologias que nunca<br />

conseguirão realizar e, cansan<strong>do</strong>, procurarão despertar, raciocinar, e<br />

aqueles que possuam inteligência mais desenvolvida, raciocínio mais<br />

lúci<strong>do</strong>, sequiosos da Verdade, sequiosos de Luz e de progresso, já libertos<br />

<strong>do</strong> materialismo, passarão a trabalhar pela libertação <strong>do</strong>s outros,<br />

encaminhan<strong>do</strong>-os na vida de mo<strong>do</strong> a se espiritualizarem.<br />

Espera o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> que as criaturas despertem, não mais<br />

pela <strong>do</strong>r, como dizíamos antes, porque verificamos que nem a <strong>do</strong>r, nem o<br />

sofrimento têm consegui<strong>do</strong> despertar os espíritos, pois, apesar de to<strong>do</strong>s os<br />

sofrimentos e <strong>do</strong>res, eles continuam egoístas e materialistas.<br />

Esperamos que os espíritos despertem através das encarnações e<br />

desencarnações, porque com o tempo tu<strong>do</strong> evolui, e a evolução se fará.<br />

Lutaremos sempre pela liberdade <strong>do</strong>s seres, mas nunca pela liberdade<br />

que muitos procuram, puramente material. Nós pugnamos pela liberdade<br />

espiritual.<br />

No dia em que for consegui<strong>do</strong> dar essa liberdade aos seres, teremos<br />

cumpri<strong>do</strong> o nosso dever e teremos satisfeita a nossa suprema vontade de<br />

vermos esclarecida a humanidade, para ser feliz e capaz, portanto, de lutar,<br />

de sofrer e de vencer.<br />

57


CONHECER PARA NÃO TEMER<br />

Se pudéssemos sacudir as criaturas e fazê-las despertar, despertar para<br />

compreenderem a razão de ser da sua estada neste mun<strong>do</strong>, despertá-lasíamos<br />

para que não continuassem na in<strong>do</strong>lência espiritual em que vivem,<br />

desprezan<strong>do</strong> as coisas mais sérias da vida e que são as espirituais.<br />

Há muita gente que vive mas não sabe por quê, nem qual a sua<br />

finalidade na vida.<br />

O materialismo que as obseda, impede que dêem importância às coisas<br />

espirituais. Procuram o baixo espiritismo para satisfazer a sua curiosidade<br />

ou algum desejo criminoso, alguns interesses contraria<strong>do</strong>s, sem saberem,<br />

sem terem noção <strong>do</strong> perigo que correm freqüentan<strong>do</strong> esse espiritismo,<br />

envolvidas que são em assuntos espirituais dessa espécie; outras criaturas<br />

têm pavor <strong>do</strong> espiritismo, e estas são as religiosas que fogem <strong>do</strong><br />

espiritismo como dizem: "como o diabo da cruz" e têm verdadeiro pavor<br />

quan<strong>do</strong> se fala em espiritismo e nem querem saber se ele existe ou não.<br />

Condenamos umas e outras. Condenamos as primeiras, porque a prática <strong>do</strong><br />

baixo espiritismo é de fato um perigo e to<strong>do</strong>s dele devem fugir.<br />

Condenamos as segundas, porque o seu fanatismo religioso não as deixa<br />

raciocinar e compreender que não se deve desprezar a vida espiritual que<br />

existe, nem tampouco desconhecer os fenômenos psíquicos, que são de<br />

grande importância na vida <strong>do</strong>s seres. Essas criaturas, quer umas quer<br />

outras, podem chegar ao avassalamento sem quererem compreender a<br />

causa desse avassalamento, que é puramente psíquica.<br />

O espiritismo tem si<strong>do</strong> uma fábrica de loucos para aqueles que,<br />

ignorantes, o abraçam, ou com ele se divertem, pratican<strong>do</strong> atos indignos e<br />

fazen<strong>do</strong> até mal a muita gente. Mas há necessidade de se estudar o<br />

Espiritismo Racional e Científico, o Alto Psiquismo, aquele que desvenda<br />

às criaturas não os mistérios, porque mistérios não existem, mas a vida<br />

58


eal, a vida espiritual, aquela vida que to<strong>do</strong>s devem procurar conhecer,<br />

porque ela é a garantia daqueles que vivem na Terra, sujeitos a<br />

avassalamentos, sujeitos a males psíquicos desconheci<strong>do</strong>s e que só podem<br />

ser combati<strong>do</strong>s pela prática <strong>do</strong> Espiritismo Racional e Científico. No<br />

Redentor e seus Filia<strong>do</strong>s não se pratica outro espiritismo que não seja o<br />

Racional e Científico. Nós não nos propomos a satisfazer a curiosidade de<br />

ninguém, não fazemos propaganda de curas, nem tampouco fazemos<br />

questão de adeptos e fanáticos. O nosso fim é bem mais eleva<strong>do</strong>. Nós<br />

queremos que as criaturas se esclareçam.<br />

Aqueles que freqüentam as nossas Sessões Públicas de Limpeza<br />

Psíquica sofrem nelas a Limpeza Psíquica de que to<strong>do</strong>s carecem para se<br />

tornarem mais leves, os seus espíritos mais lúci<strong>do</strong>s e aqui deixarem a carga<br />

fluídica, os espíritos inferiores que os perturbam, que os acompanham,<br />

atraí<strong>do</strong>s pelos pensamentos.<br />

No Redentor e seus Filia<strong>do</strong>s explanam-se Princípios estea<strong>do</strong>s na<br />

Verdade, que irradiam moral para levantar o ânimo das criaturas,<br />

ensinan<strong>do</strong>-as a viver, a pensar, a se livrarem <strong>do</strong>s males psíquicos e até<br />

físicos, porque uma criatura esclarecida pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> sabe<br />

pensar, sabe guiar os seus passos pelos pensamentos fortes. A criatura<br />

esclarecida sabe que não deve ter pensamentos de fraqueza, que não pode<br />

se deixar enfraquecer, que deve lutar com deno<strong>do</strong>, que não pode esperar<br />

nem contar com a proteção de quem quer que seja, que tem que contar<br />

somente consigo, com o seu valor, com a sua vontade forte e educada para<br />

o bem.<br />

Assim fazen<strong>do</strong> e assim pensan<strong>do</strong>, a criatura enfrenta as vicissitudes da<br />

vida, enfrenta as tempestades e vendavais, passa por cima de todas as<br />

<strong>do</strong>res e sofrimentos, encara a vida como deve encarar, com sobranceria,<br />

valor e desprendimento. Os espíritos assim prepara<strong>do</strong>s não têm receio de<br />

coisa alguma, não fracassam na vida, porque sabem lutar com valor, sabem<br />

59


pensar e sabem, sobretu<strong>do</strong>, que existem as Forças Superiores, assim como<br />

também existem as forças inferiores que são atraídas pelos pensamentos de<br />

fraqueza.<br />

Para uma criatura ser bem assistida basta cumprir os seus deveres, ser<br />

honesta, pensar sempre com elevação, não ter ódio, nem inveja de<br />

ninguém e caminhar sempre como criatura equilibrada e sensata, ocupan<strong>do</strong><br />

o seu tempo em coisas úteis, não ser parasita e in<strong>do</strong>lente, mas útil, valente<br />

e destemida.<br />

É assim que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer as criaturas, é assim que<br />

deseja esclarecer a humanidade, fortifican<strong>do</strong> todas as criaturas para que<br />

vivam com valor, para que lutem com deno<strong>do</strong>, para que não tenham receio<br />

de coisa alguma.<br />

60


CONSTRUINDO A FELICIDADE<br />

É preciso que as criaturas se capacitem de que precisam viver; é<br />

preciso prepararem-se para um viver que poderá ser bom ou mau,<br />

dependen<strong>do</strong> da situação política <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

Nem tu<strong>do</strong> são flores na Terra, há muitos espinhos, mas para que esses<br />

espinhos não firam demais é preciso cortá-los, mas cortá-los com<br />

inteligência, evitan<strong>do</strong> os ferimentos, porque estes, muitas vezes, marcam e<br />

ficam durante uma existência. Os espinhos da vida são comuns a to<strong>do</strong>s,<br />

vêm espontaneamente, mas muitos são cria<strong>do</strong>s pela própria criatura<br />

quan<strong>do</strong> não sabe viver, apenas quer dar expansão ao seu "eu", à sua<br />

vontade para o mal, com o que cria as dificuldades, e, assim, surgem<br />

maiores espinhos.<br />

Se na Terra há criaturas infelizes nem todas o são, porque há muitas<br />

que sabem conquistar felicidade. Não devem, portanto, queixar-se; devem,<br />

sim, procurar a causa <strong>do</strong>s seus sofrimentos através de um exame de<br />

consciência bem feito. E depois de terem certeza absoluta <strong>do</strong> que<br />

concorreu para o sofrimento, ajam, então, como criaturas esclarecidas e<br />

conscientes <strong>do</strong> que é a vida e certas de que precisam viver, de que têm que<br />

lutar para viver neste mun<strong>do</strong>.<br />

Há lares felizes e lares infelizes, e, no entanto, to<strong>do</strong>s podem ser<br />

felizes, porque a felicidade não consiste na riqueza, nem nas honrarias; a<br />

felicidade reina entre os seres simples, aqueles que não têm orgulho,<br />

aqueles que são comedi<strong>do</strong>s e sensatos, e foge daqueles que são<br />

pretensiosos e orgulhosos, daqueles que olham a vida acintosamente.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s devem fazer por criar um ambiente de paz e de<br />

alegria nos seus lares, porque isso é que atrai a felicidade e, portanto, a<br />

saúde da alma e a <strong>do</strong> corpo.<br />

61


Há muitas criaturas enfermas <strong>do</strong> corpo, enfermidades provenientes <strong>do</strong><br />

mau ambiente cria<strong>do</strong> por elas.<br />

Um espírito combali<strong>do</strong>, perturba<strong>do</strong>, não pode guiar bem seu corpo,<br />

que é o carro de que ele se serve para se locomover neste mun<strong>do</strong> e dar a<br />

máxima produção.<br />

As criaturas que não têm a consciência tranqüila, que vivem em<br />

sobressaltos, que vivem em constantes irritações, não podem gozar paz de<br />

espírito, elas têm que, invariavelmente, sofrer as conseqüências <strong>do</strong> seu<br />

mau esta<strong>do</strong> psíquico.<br />

Criar, pois, um ambiente de paz e harmonia nos lares é o dever <strong>do</strong>s<br />

cônjuges. E to<strong>do</strong>s os que têm filhos devem guiá-los com serenidade,<br />

ensiná-los a terem espírito de justiça, a serem francos e leais, fazen<strong>do</strong> com<br />

que vivam de alma aberta, agin<strong>do</strong> sempre com sinceridade, guiá-los para<br />

que fujam da hipocrisia e se sintam sempre à vontade com os seus pais,<br />

que vejam neles os melhores amigos e conselheiros, para que não<br />

procurem conselhos fora <strong>do</strong> lar. Os pais devem fazer sentir aos filhos que<br />

não devem esconder coisa alguma <strong>do</strong> que pensam, e para que isso se dê é<br />

preciso que os pais ajam com inteligência para com os filhos, não os<br />

apavorem, não os amedrontem e, sim, os chamem a si pelo carinho e pela<br />

palavra enérgica mas amiga, quan<strong>do</strong> precisarem <strong>do</strong>utriná-los e corrigi-los.<br />

Há espíritos bem rebeldes em certos lares e isso tem uma grande<br />

importância na vida das famílias. É preciso que se reconheça a causa dessa<br />

rebeldia para, justamente, poder conduzi-los como é preciso.<br />

A um espírito rebelde não se deve fazer ameaças mas, sim, chamá-lo à<br />

razão pela palavra enérgica, amiga, para que ele tenha confiança nos pais e<br />

reconheça o interesse deles em vê-lo feliz.<br />

Há muitos pais que não sabem guiar os seus filhos, porque fazem regra<br />

geral da educação que ministram, não sabem estudar o temperamento <strong>do</strong>s<br />

62


filhos, pois nem to<strong>do</strong>s os espíritos possuem o mesmo temperamento. Há<br />

espíritos que encarnam e que ao fim de pouco tempo estão deixan<strong>do</strong><br />

perceber que vão ser revolta<strong>do</strong>s, renitentes, teimosos e há aqueles espíritos<br />

dóceis, maleáveis, mais fáceis, portanto, de serem corrigi<strong>do</strong>s e por isso os<br />

pais não devem usar <strong>do</strong>s mesmos processos de educação, <strong>do</strong>s mesmos<br />

mo<strong>do</strong>s para com to<strong>do</strong>s.<br />

É preciso tática, agir sempre com justiça, nunca desfazen<strong>do</strong> de um<br />

filho diante <strong>do</strong>s outros, mas guian<strong>do</strong>-os to<strong>do</strong>s, chaman<strong>do</strong>-os to<strong>do</strong>s a si e<br />

empregan<strong>do</strong> para cada qual, um meio diferente de guiar, de educar, uma<br />

palavra diferente e sempre adequada ao temperamento de cada um. É nisto<br />

que consiste preparar a felicidade futura <strong>do</strong>s filhos.<br />

A desarmonia <strong>do</strong>s lares muitas vezes provém de desinteligências por<br />

parte <strong>do</strong>s pais na educação <strong>do</strong>s filhos. Os filhos devem ser o traço de união<br />

<strong>do</strong>s pais e não concorrerem para a sua desunião. Desde que os pais saibam<br />

agir com inteligência e com calma, moderação e ponderação, to<strong>do</strong>s se<br />

poderão entender, mas é preciso que não se esqueçam de que têm que<br />

<strong>do</strong>minar os ímpetos, o seu "eu", o célebre gênio, que é a desgraça de muita<br />

gente, por levar a desunião e a separação a muitos casais.<br />

Os espíritos são de categorias diferentes na mesma família. Quanto<br />

mais entre seres que se unem de famílias diferentes, com caracteres<br />

diferentes, com mo<strong>do</strong>s de pensar diferentes!<br />

O principal é fazer compreender aos casais a necessidade de que se<br />

uniram para cultivar a felicidade <strong>do</strong>s filhos.<br />

Saibam viver, aprendam a construir a sua própria felicidade.<br />

63


CONSTRUIR OU DESTRUIR A FELICIDADE<br />

Tu<strong>do</strong> se torna mais fácil àqueles que procuram facilitar a luta pela<br />

vida.<br />

As dificuldades vencem-nas os seres que as enfrentam, agin<strong>do</strong> com<br />

bom senso e critério.<br />

Há muita gente infeliz porque procura, justamente, a felicidade onde<br />

ela não se encontra, esquecen<strong>do</strong>-se de que é a própria criatura quem a<br />

constrói, assim como também quem a destrói.<br />

Agin<strong>do</strong> com critério e bom senso, pisan<strong>do</strong> com firmeza neste mun<strong>do</strong>,<br />

caminhan<strong>do</strong> sempre para a frente, procuran<strong>do</strong> vencer to<strong>do</strong>s os obstáculos e<br />

transpor todas as barreiras, sem pessimismo, sem receio, sem me<strong>do</strong>, sem<br />

vacilação, as criaturas têm que chegar ao final de sua existência vitoriosas<br />

sempre.<br />

É preciso saber viver, vimos nós afirman<strong>do</strong> sempre. Sim, é preciso<br />

saber viver, porque o saber viver é uma arte que toda gente deve cultivar.<br />

Nem tu<strong>do</strong> o que o ser humano deseja e pensa poder encontrar na sua<br />

existência, consegue. Há muita coisa contrária aos seus desejos e ao seu<br />

mo<strong>do</strong> de pensar, e em vez de a criatura se revoltar, em vez de se tornar<br />

pessimista, ela deve revestir-se de resignação, moderação e paciência,<br />

procuran<strong>do</strong> vencer, e tu<strong>do</strong> ver, tu<strong>do</strong> observar, solucionar da melhor<br />

maneira possível.<br />

O que não tem remédio remedia<strong>do</strong> está: mais vale prevenir <strong>do</strong> que<br />

remediar. Assim sen<strong>do</strong>, previnam-se as criaturas contra os males que as<br />

possam atacar, previnam-se contra as vicissitudes da vida.<br />

Querer é poder e toda criatura que sabe querer pode alcançar aquilo<br />

que quer, desde que seu querer seja possível, seja razoável, seja comedi<strong>do</strong>,<br />

porque há muitos que querem o impossível. Tu<strong>do</strong> que estiver dentro das<br />

64


leis comuns e naturais que tu<strong>do</strong> regem, tu<strong>do</strong> que seja razoável e que a<br />

criatura, pelo seu pensamento forte e valoroso sabe querer, ela consegue.<br />

Saber guiar o pensamento é dever de todas as criaturas que desejam<br />

manter-se equilibradas. Um pensamento forte, bem irradia<strong>do</strong> e bem<br />

eleva<strong>do</strong> é uma defesa para o espírito, é uma barreira que impede que sofra<br />

as conseqüências de um pensamento de mal, irradia<strong>do</strong> sobre si.<br />

A criatura é forte quan<strong>do</strong> tem valor espiritual para afugentar de si os<br />

maus pensamentos e, por conseguinte, a má assistência astral.<br />

A fraqueza de vontade deve ser combatida, porque ela é a causa de<br />

muitas infelicidades.<br />

Toda criatura deve ter força de vontade, deve ter personalidade, deve<br />

saber querer, mas querer para o bem, querer para a virtude, agir sempre<br />

com sensatez, com bom senso, com equilíbrio.<br />

O maior mal da humanidade é a ignorância da Verdade. Toda criatura<br />

que ignora o que seja a Verdade, toda criatura que vive num mun<strong>do</strong> de<br />

sonhos e de ilusões, é ignorante, e, portanto, uma infeliz, porque não tem<br />

em si as energias necessárias para saber afugentar o mal, para livrar-se <strong>do</strong><br />

mal, para afugentar tu<strong>do</strong> que for prejudicial.<br />

Saibam, portanto, bem guiar o pensamento, tornem esse pensamento<br />

uma muralha que impeça a aproximação maléfica das forças inferiores e se<br />

tornarão invencíveis.<br />

Quan<strong>do</strong> a criatura tem consciência absoluta de que cumpre o seu<br />

dever, de que cumpre as suas obrigações, não deve recear coisa alguma,<br />

porque a satisfação <strong>do</strong> dever cumpri<strong>do</strong>, a satisfação das obrigações<br />

cumpridas, deve ser o bastante para que se sinta com a consciência limpa.<br />

Toda criatura que deseja o mal, toda criatura que é má, toda criatura<br />

que pensa mal atrai para si mesma esse mal. Portanto, quem bem faz para<br />

si o faz, mas quem mal faz para si também o está fazen<strong>do</strong>.<br />

65


O mun<strong>do</strong> está cheio de misérias e maldades, mas a miséria e a<br />

maldade só atingem aqueles que têm pensamentos maus, aqueles que são<br />

coniventes com o erro.<br />

Ajam como criaturas dignas, ajam em tu<strong>do</strong> com sensatez, com critério<br />

e terão sempre a paz de espírito que lhes dá a consciência <strong>do</strong> dever<br />

cumpri<strong>do</strong>, que é a maior felicidade de que o ser humano pode gozar na<br />

Terra.<br />

Agin<strong>do</strong> a criatura esclarecida com valor, caminhan<strong>do</strong> sempre dentro<br />

da moral e <strong>do</strong> bom senso, está isenta de to<strong>do</strong> mal e chega ao final da sua<br />

existência com a satisfação de algo de bom haver feito em bem <strong>do</strong> To<strong>do</strong>.<br />

Cumpram to<strong>do</strong>s os seus deveres e ajam neste mun<strong>do</strong> como criaturas<br />

valorosas, ponderadas, moderadas e justas.<br />

66


CRÍTICA DESAIROSA<br />

Esta Doutrina, que se iniciou combaten<strong>do</strong> religiosidades e mentiras<br />

que só servem para iludir e enganar a humanidade; esta Doutrina, que tem<br />

a finalidade de preparar as criaturas para a luta pela vida, ensinan<strong>do</strong>-as a<br />

pensar, a darem valor ao pensamento, indican<strong>do</strong>-lhes as vicissitudes da<br />

vida; esta Doutrina se impõe pela Verdade que explana, não admitin<strong>do</strong><br />

nem ilusões, nem hipocrisias, nem mentiras. E, assim sen<strong>do</strong>, exige <strong>do</strong>s<br />

seus praticantes raciocínio, para saberem discernir com acerto, para tu<strong>do</strong><br />

analisarem e tu<strong>do</strong> resolverem.<br />

Esta Doutrina não admite fanatismo, porque o fanatismo embota a<br />

inteligência, escurece a razão e torna as criaturas instrumentos dóceis da<br />

vontade alheia, escravas <strong>do</strong>s preconceitos, das teorias, <strong>do</strong>s <strong>do</strong>gmas. Essas<br />

criaturas não têm liberdade de pensamento, a liberdade, que é tu<strong>do</strong> na vida<br />

<strong>do</strong>s seres humanos, porque aquele que pode pensar livremente, dan<strong>do</strong> livre<br />

curso aos pensamentos, age por si mesmo, não está ati<strong>do</strong> a ninguém, tem<br />

confiança absoluta em si.<br />

Esta Doutrina quer que to<strong>do</strong>s raciocinem bem, quer que to<strong>do</strong>s saibam<br />

fazer justiça, dan<strong>do</strong> o seu a seu <strong>do</strong>no. Ela não ensina aos seus praticantes a<br />

condenar, a espezinhar, a diminuir quem quer que seja. Quer que to<strong>do</strong>s<br />

sejam justos, na forma e no fun<strong>do</strong>, que caminhem com retidão neste<br />

mun<strong>do</strong>, procuran<strong>do</strong> aperfeiçoar-se cada vez mais, saben<strong>do</strong> separar o joio<br />

<strong>do</strong> trigo.<br />

O fato de censurar e censurar sempre, como acontece hoje mais <strong>do</strong> que<br />

nunca, entre aqueles que pensam muito saber e pouco ou nada sabem, esse<br />

fato, no <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, não tem importância alguma. As criaturas<br />

que estão sempre prontas a censurar, a criticar desairosamente, a fazer<br />

crítica mordaz de tu<strong>do</strong> e por tu<strong>do</strong>, essas criaturas são umas infelizes.<br />

67


Bem sabemos que há muito desleixo, muito pouco caso, muita falta de<br />

consideração, senso e justiça. Mas habituaram-se as criaturas de tal mo<strong>do</strong> a<br />

condenar, a censurar, a criticar, que chega a ser uma vergonha, porque<br />

àqueles que desconhecem a razão de tu<strong>do</strong> isso, causa-lhes certa espécie, e<br />

isso demonstra muita falta de respeito à Pátria a que pertencem.<br />

O Brasil merece de to<strong>do</strong>s mais amor e respeito.<br />

É certo que to<strong>do</strong>s aqueles que têm por dever pugnar pelo progresso,<br />

pelo seu futuro, pela sua segurança, deveriam dar exemplos mais frisantes<br />

de respeito e de amor ao trabalho. Um País como este, cujo povo é bom e<br />

ordeiro, merece consideração e respeito, mais patriotismo, para que não<br />

seja mal julga<strong>do</strong> pelo estrangeiro.<br />

"A roupa suja lava-se em casa" é dita<strong>do</strong> muito antigo, mas,<br />

infelizmente, há muitos brasileiros que não sabem lavar a roupa suja nas<br />

suas casas, trazem-na para as ruas, falam diante de tu<strong>do</strong> e de to<strong>do</strong>s e não<br />

vêem o ridículo em que caem e agravam ainda mais a situação <strong>do</strong> País.<br />

Não adiantam as críticas e as censuras. O que adianta é ação, ação<br />

inteligente, colaboração. Mas não vemos colaboração, to<strong>do</strong>s censuram,<br />

to<strong>do</strong>s criticam, to<strong>do</strong>s ajudam na desmoralização. Haja, pois, mais<br />

honestidade, mais sinceridade e justiça.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> condena tu<strong>do</strong> isso e ensina o homem a ser<br />

sensato, a pensar com elevação e a agir com justiça. O verdadeiro juiz,<br />

julga imparcialmente. E é assim que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> procede.<br />

68


CUIDEMOS DEVIDAMENTE DA CRIANÇA<br />

O estu<strong>do</strong> da Psicologia é interessante e deve ser cuida<strong>do</strong>samente feito,<br />

para bem se conhecer a humanidade.<br />

Hoje cogita-se de educar a criança por meio de estu<strong>do</strong>s psicológicos<br />

feitos de mo<strong>do</strong> a revelar suas inclinações, seu esta<strong>do</strong> de espírito, suas<br />

fraquezas e suas fortalezas.<br />

O pai que estuda psicologicamente o seu filho desde pequenino e que<br />

passa a educá-lo de acor<strong>do</strong> com esse estu<strong>do</strong> obtém aquilo que outros pais<br />

não conseguem de seus filhos.<br />

Estudan<strong>do</strong>-se psicologicamente a criança conhece-se o que se passa no<br />

seu espírito. É comum encontrar-se em uma criança inclinações de adultos,<br />

observações, respostas e perguntas próprias de criaturas adultas. Isso,<br />

dentro <strong>do</strong> que ensina o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, revela que o espírito traz<br />

consigo o saber, a compreensão e o raciocínio de sua última encarnação,<br />

bem recente.<br />

Estudan<strong>do</strong>-se psicologicamente a criança, começa-se a descobrir<br />

aquilo que lhe vai na alma, os seus receios, a sua fraqueza espiritual, a sua<br />

rebeldia ou a sua <strong>do</strong>cilidade. Os pais inteligentes começam a servir-se<br />

daquilo que vão observan<strong>do</strong> no espírito <strong>do</strong> seu filho, para corrigi-lo, para<br />

formar bem o seu caráter e prepará-lo para os dias de amanhã, que talvez<br />

sejam ainda mais tumultuosos <strong>do</strong> que os de hoje.<br />

Não podem o pai e a mãe saber <strong>do</strong> futuro <strong>do</strong> seu filho, se será mais<br />

fácil ou difícil <strong>do</strong> que o presente. Assim sen<strong>do</strong>, é preciso preparar os<br />

espíritos estudan<strong>do</strong>-lhes as inclinações, fortifican<strong>do</strong>-os e corrigin<strong>do</strong>-os<br />

para que amanhã sejam valorosos e empreende<strong>do</strong>res.<br />

69


É desde criança que se começa a combater o receio e o me<strong>do</strong> que o<br />

espírito demonstre. Educa-se a sua vontade e forma-se o caráter impedin<strong>do</strong><br />

que minta.<br />

Os espíritos de hoje não admitem mais aquela severidade de ontem.<br />

Os espíritos de hoje têm a compreensão, têm o raciocínio mais<br />

desenvolvi<strong>do</strong>s. Reparai bem na criança de hoje!<br />

Como sabeis, o mun<strong>do</strong> passa por uma grande transformação e to<strong>do</strong>s<br />

sofrem a influência dessa transformação. A criança mais <strong>do</strong> que ninguém.<br />

É por isso mesmo que deveis cuidar com carinho e inteligência da criança,<br />

que encontrará dupla dificuldade, talvez um caminho mais vasto em<br />

inteligência, em descortino, progresso, atividade, mas talvez mais difícil,<br />

psicologicamente falan<strong>do</strong>.<br />

É preciso preparar o espírito <strong>do</strong>s homens e das mulheres de amanhã!<br />

Ensinai vossos filhos a serem homens valorosos, intrépi<strong>do</strong>s e<br />

destemi<strong>do</strong>s, a terem caráter, para que amanhã, ao partirdes deste mun<strong>do</strong>,<br />

possais levar convosco a consciência de bem haverdes cumpri<strong>do</strong> os vossos<br />

deveres para com os filhos, que vos bendirão eternamente.<br />

O espírito ao encarnar traz consigo qualidades que, bem aproveitadas,<br />

de muito lhe servirão para a jornada neste mun<strong>do</strong>. Possui ele inteligência<br />

que, desenvolvida, verificará a vastidão <strong>do</strong> campo em que exercerá a sua<br />

ação espiritual, lhe dará cultura, compreensão, discernimento e raciocínio,<br />

fican<strong>do</strong> apto a enfrentar as dificuldades da vida, a vencer os obstáculos.<br />

Não admitimos fracassos nos espíritos que desenvolvem ou possuem<br />

essas qualidades!<br />

Um espírito que possui vontade e cultiva a inteligência tem por<br />

obrigação conseguir êxito em to<strong>do</strong>s os empreendimentos.<br />

70


A vida na Terra é árdua, bem o sabemos, tem os seus altos e baixos,<br />

tem dificuldades a vencer, há sérias decepções e desilusões, mas para tu<strong>do</strong><br />

o espírito deve estar prepara<strong>do</strong>.<br />

Ingratidões, desilusões e decepções existirão sempre, enquanto a<br />

humanidade for defeituosa, egoísta e má. O ser inteligente, porém, sabe o<br />

que vai encontrar na humanidade, não se ilude e espera dela somente<br />

aquilo que lhe pode dar, desprezan<strong>do</strong> por completo tu<strong>do</strong> que de mal lhe<br />

ofereça.<br />

No dia em que os governos se dispuserem a cuidar da instrução <strong>do</strong><br />

povo, <strong>do</strong> seu preparo mental, no dia em que franquearem e facilitarem o<br />

estu<strong>do</strong>, exigin<strong>do</strong> que se estude, nesse dia terão da<strong>do</strong> um grande passo para<br />

a felicidade <strong>do</strong>s povos.<br />

Não basta proteger o povo desta ou daquela maneira. É preciso instruílo,<br />

é preciso prepará-lo para que dê valor à vida, para que possa trabalhar<br />

desafogadamente, para que possa demonstrar suas habilidades, suas<br />

inclinações e vocações, pois só assim será útil a si próprio e à Nação.<br />

Há muito que fazer, faltam homens de envergadura moral, homens de<br />

caráter bem forma<strong>do</strong>, homens justos e que tenham a noção de honestidade,<br />

porque de exploração e mais exploração tem si<strong>do</strong> a vida da humanidade.<br />

Portanto, to<strong>do</strong>s aqueles que têm vontade forte e sabem querer<br />

precisam dar instrução aos filhos e prepará-los para o dia de amanhã, pois,<br />

só com a mentalidade devidamente preparada para a vida atual,<br />

conseguirão fazê-los vitoriosos.<br />

71


CULTIVO DOS SENTIMENTOS<br />

Há sentimentos neste mun<strong>do</strong> que qualificamos de superiores e outros<br />

que qualificamos de inferiores. Os sentimentos superiores são sempre<br />

dignos, eleva<strong>do</strong>s e bons. Enaltecem e dignificam não só quem os possui<br />

como àqueles a quem são irradia<strong>do</strong>s, ao passo que os sentimentos<br />

inferiores diminuem, rebaixam e infelicitam não só aqueles que os<br />

possuem, como aqueles a quem são dedica<strong>do</strong>s.<br />

Saber cultivar no espírito somente sentimentos bons, eleva<strong>do</strong>s e<br />

dignos é dever de toda gente, porque só esses sentimentos levam ao<br />

caminho <strong>do</strong> bem, da virtude, enaltecen<strong>do</strong> e dignifican<strong>do</strong> os espíritos.<br />

To<strong>do</strong>s poderiam ser felizes neste mun<strong>do</strong>, se possuíssem sempre bons<br />

sentimentos, e isso é uma questão, apenas, de querer. É uma questão, não<br />

há dúvida nenhuma, de educação, de formação moral, de formação<br />

espiritual.<br />

Se o mun<strong>do</strong> é cheio de imperfeições, se a cada passo a criatura depara<br />

com algo que a decepciona, se só encontra trabalhos e preocupações e se,<br />

apesar de tu<strong>do</strong> isso, não procura melhorar os seus sentimentos, não só pela<br />

experiência que a vida lhe vai dan<strong>do</strong>, como pelo que observa e sente,<br />

então, essa criatura não quer evoluir, não quer progredir, iguala-se às<br />

demais.<br />

A própria vida ensina ao ser humano como deve agir. À medida que<br />

vai ten<strong>do</strong> experiência, à medida que mais abre os olhos, vai descortinan<strong>do</strong><br />

à sua frente o caminho que deve aban<strong>do</strong>nar e também aquele que deve<br />

seguir.<br />

Ninguém tem o direito de menosprezar e diminuir quem quer que seja,<br />

mas to<strong>do</strong>s têm o dever de estudar e procurar conhecer as criaturas, para<br />

saberem lidar com elas, de acor<strong>do</strong> com o seu temperamento, de acor<strong>do</strong><br />

com a sua vontade, de acor<strong>do</strong> com as suas virtudes.<br />

72


É preciso que se convençam de que neste mun<strong>do</strong> há milhares e<br />

milhares de espíritos para fazerem o seu progresso espiritual, e que a<br />

maioria desses espíritos está cheia de imperfeições, espera resgate,<br />

aperfeiçoamento que lhes garanta felicidade espiritual. Deparan<strong>do</strong>-se com<br />

esses espíritos imperfeitos, a obrigação que possuem os de bons<br />

sentimentos é justamente procurarem auxiliar os imperfeitos a se<br />

aperfeiçoarem. Eis o que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> faz, à medida que<br />

esclarece a criatura: faz reconhecer as grandes e as pequenas qualidades,<br />

procura levantar o ânimo, a fim de enveredarem pelo caminho da honra e<br />

<strong>do</strong> dever.<br />

Tu<strong>do</strong> na Terra tem sua explicação racional, vem afirman<strong>do</strong> o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, e essa explicação racional nós vamos procuran<strong>do</strong><br />

dar àqueles que querem estudar, àqueles que investigam, àqueles que vêm<br />

às nossas Casas para se esclarecerem.<br />

Tu<strong>do</strong> se deve explicar racionalmente, porque a humanidade já está<br />

cansada de ser iludida, de ser enganada com o "milagre", com o<br />

"sobrenatural", com as fantasias e ilusões que só têm acarreta<strong>do</strong> a sua<br />

infelicidade.<br />

É preciso despertar a humanidade, falan<strong>do</strong>-lhe a Verdade, educan<strong>do</strong> os<br />

espíritos.<br />

São é o ambiente em que convivem as criaturas possui<strong>do</strong>ras de<br />

sentimentos puros, as sinceras, nobres no pensar e no agir. São esses<br />

sentimentos que as tornam felizes, porque lhes dão paz de espírito, aquela<br />

tranqüilidade íntima, de que só goza quem pensa bem.<br />

Procurem aperfeiçoar-se, viven<strong>do</strong> em paz, dan<strong>do</strong> ao espírito a força e<br />

o valor de que ele carece para vencer as dificuldades da vida e não para<br />

criar e aumentar essas dificuldades.<br />

73


O esta<strong>do</strong> espiritual <strong>do</strong> ser tem influência considerável sobre a sua<br />

produção. Um espírito atribula<strong>do</strong>, perturba<strong>do</strong>, não pode produzir, não pode<br />

desenvolver sua atividade com a mesma disposição que um espírito calmo,<br />

um espírito que vive num ambiente são.<br />

Razão temos em aconselhar àqueles que nos ouvem a necessidade de<br />

criar em volta de si um ambiente de paz e harmonia. A vida na Terra é<br />

cheia de preocupações, de trabalho, mas, quan<strong>do</strong> as criaturas, após um dia<br />

de luta, de trabalho, de preocupações e desgastes mentais, voltam ao seu<br />

lar e encontram nele um ambiente sadio, de paz, tranqüilidade e de<br />

harmonia, esse ambiente lhes refaz o ânimo, fortifica a vontade, para, no<br />

dia seguinte, entrarem novamente na luta.<br />

A paz de espírito é a maior felicidade que o ser pode possuir na Terra.<br />

Haven<strong>do</strong> paz de espírito, há bem-estar, há tranqüilidade, há alegria. Sem<br />

essa paz de espírito, as criaturas não podem ser felizes, não podem ter<br />

tranqüilidade.<br />

Façam o possível para criar ambiente de paz e harmonia, e isso é fácil,<br />

basta que queiram e se disponham a criar esse ambiente.<br />

Tu<strong>do</strong> pode ser remedia<strong>do</strong> e melhora<strong>do</strong> se têm força de vontade. O "eu"<br />

da criatura é como é, enquanto o ser não se esclarecer; mas, depois de<br />

esclareci<strong>do</strong>, tem por obrigação <strong>do</strong>minar esse "eu", <strong>do</strong>minar os ímpetos,<br />

educar a vontade. É da educação da vontade, é <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> "eu" que<br />

dependem a tranqüilidade e a paz de espírito, e assim a existência de bom<br />

ambiente.<br />

Não há ninguém perfeito neste mun<strong>do</strong>. Quem se julgar perfeito,<br />

engana-se. To<strong>do</strong>s são imperfeitos, e por isso aqui estão para corrigirem as<br />

suas imperfeições, para combaterem seus erros e para fazerem o seu<br />

progresso espiritual. E sen<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s imperfeitos, por que razão não procurar<br />

aperfeiçoar-se, toleran<strong>do</strong> as imperfeições ou ignorância <strong>do</strong>s outros? A<br />

74


tolerância é necessária, porque, sem ela, não pode haver compreensão e<br />

harmonia, mas tolerar não é pactuar com aquilo que esteja erra<strong>do</strong>.<br />

Aprendam a viver, sejam sensatos, pondera<strong>do</strong>s, modera<strong>do</strong>s e<br />

justiceiros, caminhan<strong>do</strong> como espíritos equilibra<strong>do</strong>s neste mun<strong>do</strong>, e criarão<br />

em re<strong>do</strong>r de si um ambiente são de paz e harmonia.<br />

A maioria das enfermidades é proveniente da falta de esclarecimento,<br />

da falta de ambiente são e, portanto, proveniente da falta de equilíbrio<br />

mental.<br />

Tenham equilíbrio, saibam pensar com elevação, saibam agir com<br />

prudência, e gozarão da paz de espírito e da saúde <strong>do</strong> corpo.<br />

Procurem pensar bem, porque é pelo pensamento que a criatura atrai o<br />

bem e repele o mal.<br />

75


CURA DE OBSEDADOS<br />

Criaturas há que causam lástima pela maneira indecorosa de se<br />

conduzirem na vida, por se prestarem a papéis ridículos, servin<strong>do</strong> de<br />

instrumentos dóceis a espíritos inferiores que delas se aproximam, atraídas<br />

pelos pensamentos afins. Uma criatura que possui educação e boa<br />

formação moral conduz-se sempre de maneira a nunca chegar ao<br />

avassalamento e de nunca se entregar à vontade <strong>do</strong>s obsessores que viciam<br />

aquelas criaturas desordenadas.<br />

Nas Sessões de Limpeza Psíquica, efetuam-se as desobsessões das<br />

criaturas, mas o avassalamento produz vícios que ficam arraiga<strong>do</strong>s no<br />

espírito de tal forma que é preciso saber controlá-lo, fazê-lo despertar de<br />

mo<strong>do</strong> a mostrar-lhe o papel ridículo que representa, para que sinta<br />

vergonha, reaja e procure ter atitudes de maior compostura.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não alimenta <strong>do</strong>enças nem lastima ninguém;<br />

esclarece e sacode os espíritos pela Verdade, para que reajam e tenham<br />

controle sobre si mesmos.<br />

Os avassalamentos são sempre passageiros, quan<strong>do</strong> o espírito é bem<br />

educa<strong>do</strong> e sabe reagir. Mas quan<strong>do</strong> o espírito se entrega prazenteiramente<br />

aos obsessores, quan<strong>do</strong> está acostuma<strong>do</strong> a fazer papéis tristes, dificilmente<br />

se controla, dificilmente se <strong>do</strong>mina. Nesta Casa, prática há demais, porque<br />

inúmeros são os casos de desobsessão passa<strong>do</strong>s durante os longos anos que<br />

vimos exercen<strong>do</strong> as nossas Sessões de Limpeza Psíquica.<br />

Há obseda<strong>do</strong>s que se normalizam facilmente, que no fim de algumas<br />

sessões, já demonstram lucidez, compreensão e vontade de reagir. Mas há<br />

outros cujos espíritos são tão rebeldes, tão vicia<strong>do</strong>s, tão acostuma<strong>do</strong>s às<br />

cenas espalhafatosas, que habitualmente fazem, que dificilmente se<br />

normalizam, por lhes faltar quem os submeta à disciplina <strong>do</strong> capítulo<br />

XVIII <strong>do</strong> livro <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

76


É preciso, para curar esses obseda<strong>do</strong>s, que haja na família quem tenha<br />

bastante energia para chamá-los à realidade. Concordar com um obseda<strong>do</strong><br />

é alimentar a sua obsessão. Para lidar com um obseda<strong>do</strong> haja energia e<br />

nada de pena, pois de nada adianta, pelo contrário, prejudica o obseda<strong>do</strong> e<br />

a criatura que toma conta dele. O enfermeiro tem que ser enérgico, ter<br />

energia cristã, disciplina, conforme explica e ensina a nossa obra<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

Saibam, portanto, fazer voltar à normalidade os enfermos da alma,<br />

como ensina o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

Há criaturas que pensam que, para normalizar uma criatura obsedada,<br />

é preciso condescender com ela, dizer com ela, fazer-lhe todas as vontades,<br />

não irritá-la. Nós não queremos que se irrite o obseda<strong>do</strong>, mas queremos<br />

que se o desperte por palavras e por ações enérgicas. Concordar com um<br />

obseda<strong>do</strong>, alimentar o seu vício é erro e grande erro, porque, assim, nunca<br />

se chega a normalizá-lo.<br />

Aprendam a tratar de obseda<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s aqueles que vêm às nossas<br />

Casas e que queiram ouvir os nossos conselhos. Operada a Limpeza<br />

Psíquica, não continuem os obseda<strong>do</strong>s a representar papéis tristes, aqueles<br />

que representavam nas macumbas, nos meios em que vivem. O Redentor e<br />

seus Filia<strong>do</strong>s não são macumba, não há neles o baixo espiritismo. Nesta<br />

Casa se exige respeito, nela há disciplina baseada em princípios que<br />

elevam e dignificam as criaturas, não se satisfaz a curiosidade de quem<br />

quer que seja, não se representam papéis tristes, ridículos, nojentos e<br />

vergonhosos.<br />

Aprendam as criaturas que vêm às nossas Casas a caminhar de mo<strong>do</strong> a<br />

<strong>do</strong>minarem o seu "eu", porque é ele que continua impon<strong>do</strong>, após a<br />

Limpeza Psíquica, a representação de papéis tristes.<br />

77


Não se ligue importância alguma àquilo que os obseda<strong>do</strong>s façam ou<br />

digam após a Limpeza Psíquica, porque é o vício que está imperan<strong>do</strong>, e<br />

vícios só se corrigem em casa com castigos morais e físicos, com muita<br />

energia e rigorosa disciplina.<br />

Aprendam to<strong>do</strong>s a curar os obseda<strong>do</strong>s de mo<strong>do</strong> a trazê-los a esta Casa<br />

com disposição para normalizá-los e reeducá-los, porque as portas de<br />

nossas Casas se abrem a to<strong>do</strong>s os que sofrem e estamos dispostos a aliviar<br />

to<strong>do</strong>s os infelizes que aqui chegam, mas não concordaremos nunca com o<br />

vício, não concordaremos nunca com as criaturas que estão acostumadas a<br />

fazer papéis tristes dentro <strong>do</strong> espiritismo.<br />

Saibam ser enérgicos, mas sempre educa<strong>do</strong>s, como nos ensina o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

78


CURANDO A OBSESSÃO<br />

A obsessão não é uma enfermidade física, ela tem origem no espírito.<br />

A obsessão é uma enfermidade psíquica e, como tal, precisa ser curada<br />

psiquicamente. Quan<strong>do</strong> a criatura chega ao esta<strong>do</strong> de obsessão, o dever<br />

daqueles que estão encarrega<strong>do</strong>s de zelar por ela, é procurarem esclarecerse<br />

para poderem curá-la psiquicamente, e assim poderem dar a esse<br />

espírito enfraqueci<strong>do</strong> e avassala<strong>do</strong> aquilo de que ele carece para reagir e<br />

voltar à normalidade. De acor<strong>do</strong> com o tempo de obsessão, ela pode ser<br />

curada rápida ou demoradamente, pois o enfermo, após as Limpezas<br />

Psíquicas fica livre <strong>do</strong>s obsessores, mas quan<strong>do</strong> a obsessão é já de muito<br />

tempo, torna-se ainda mais vicia<strong>do</strong>, pelos hábitos adquiri<strong>do</strong>s na obsessão,<br />

e para corrigi-lo é preciso energia, é preciso constância, é preciso, pois,<br />

esclarecimento racional e científico, a fim de se conseguir o êxito<br />

deseja<strong>do</strong>.<br />

Há muitas criaturas que chegam ao avassalamento por ignorância, por<br />

fraqueza de vontade, por falta de orientação espiritual. Essas criaturas são<br />

facilmente curadas, porque, assim que o seu espírito se esclarece, assim<br />

que se fortifica, começa a reagir, cai em si mais facilmente. Há outras<br />

criaturas, porém, que se deixam avassalar, por possuírem pensamentos<br />

maus, cheios de ódio e de inveja: essas são mais rebeldes à cura, por serem<br />

mais violentas, a sua educação espiritual é mais lenta.<br />

Nesta Casa têm-se feito muitas curas de obseda<strong>do</strong>s, que hoje se<br />

sentem felizes e completamente normaliza<strong>do</strong>s. Mas aqueles que os<br />

submeteram ao nosso tratamento psíquico souberam usar da força<br />

espiritual, tiveram constância, foram enérgicos e perspicazes.<br />

É preciso não se esquecerem de que para curar um obseda<strong>do</strong> não se<br />

deve condescender com ele; é preciso ser justo e compreender quan<strong>do</strong><br />

precisa usar de energia. Há criaturas que condescendem demais com os<br />

79


obseda<strong>do</strong>s, há criaturas que têm receio de irritar o obseda<strong>do</strong>. Não devem<br />

de fato irritá-lo, mas corrigir o obseda<strong>do</strong> é dever de quem dele cuida;<br />

corrigi-los cristãmente, corrigi-lo com energia, mas sem irritá-lo, sem<br />

revolta, sem impaciência. Uma energia calma e serena obriga o obseda<strong>do</strong> a<br />

obedecer, sem se irritar. Não é gritan<strong>do</strong>, nem baten<strong>do</strong>, nem aplican<strong>do</strong><br />

castigos que se consegue normalizar um obseda<strong>do</strong>. É preciso ação<br />

psíquica, é preciso ação fluídica, é preciso boa irradiação <strong>do</strong> pensamento, é<br />

preciso energia física e espiritual que o obrigue a se conter e a respeitar<br />

aqueles que dele tratam.<br />

Aprenda-se, pois, a curar os enfermos, psiquicamente, e to<strong>do</strong>s se<br />

normalizarão a contento, para satisfação da família.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> deseja que as criaturas se esclareçam para<br />

justamente evitarem os avassalamentos, para que sejam fortes de espírito,<br />

para que saibam se conter, para que saibam lutar pela vida e vencer.<br />

Dentro <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> tu<strong>do</strong> se explica e tu<strong>do</strong> é devidamente<br />

esclareci<strong>do</strong>. Os mistérios e os enigmas são para aqueles que têm prazer em<br />

viver na ignorância da vida fora da matéria ou em se divertir com a<br />

ignorância humana.<br />

Dentro <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> não há mistérios nem <strong>do</strong>gmas, tu<strong>do</strong> é<br />

explica<strong>do</strong> racionalmente. Não se admitem a superstição, a dúvida e a<br />

incerteza que se encontram em muitos seres. A vida é real, e como real<br />

deve ser vivida. Criar um ambiente misterioso, cheio de fantasias, para<br />

nele permanecer, é produto da ignorância humana. A explicação racional<br />

que a nossa Doutrina dá a to<strong>do</strong>s que procuram as suas Casas é acessível a<br />

todas as inteligências.<br />

Não se devem alimentar dúvidas nem incertezas; aos espíritos deve-se<br />

falar com clareza, com sinceridade, deve se dizer sempre e sempre só a<br />

verdade. Alimentar a mentira, a ilusão a um espírito é alimentar a sua<br />

80


ignorância, é torná-lo um infeliz. Quanto mais certeza tem a criatura<br />

daquilo que é e <strong>do</strong> que deve ser, melhor para o espírito se locomover neste<br />

mun<strong>do</strong>, pois não viverá de ilusões, deixan<strong>do</strong>-se enganar.<br />

Terminar com a ignorância seria um bem para a humanidade. Mas não<br />

sen<strong>do</strong> possível por enquanto eliminá-la por completo, que possamos ao<br />

menos diminuí-la. Para diminuir a ignorância é preciso falar às criaturas<br />

com sinceridade, dizen<strong>do</strong>-lhes sempre a verdade, para que levantem o seu<br />

ânimo, fortifiquem a sua vontade, para que, enfim, possam caminhar com<br />

firmeza neste mun<strong>do</strong>.<br />

Não queremos peditórios, esmolas e súplicas. Cada um deve ter<br />

confiança em si, certeza absoluta de que em si encontra a defesa para o seu<br />

espírito, a força de que necessita para caminhar e viver neste mun<strong>do</strong>.<br />

Ninguém deve estar ati<strong>do</strong> a milagres, porque o milagre e o<br />

sobrenatural são produtos da ignorância humana.<br />

To<strong>do</strong>s devem ter convicção, confiança em si próprios para<br />

caminharem por seus pés e pensarem com a sua própria mente, sem<br />

dependerem da de terceiros. Caminhar assim, e caminhar convicto, é ter<br />

certeza de lutar e vencer.<br />

81


DIVERSÃO PERIGOSA<br />

Quanta curiosidade sobre o espiritismo!<br />

Freqüentar uma sessão espírita, para certas criaturas, chega a ser um<br />

divertimento; saber o que lá se passa, ouvir o que os espíritos dizem,<br />

esperar a manifestação de um parente ou a resposta a uma pergunta<br />

mental, tu<strong>do</strong> isso diverte, é muito interessante, é assunto para conversa,<br />

aliás, muito comum na época, e chega a ser moda.<br />

No entanto, o espiritismo é uma coisa muito séria, séria demais para se<br />

brincar com ele. Séria demais para qualquer um se divertir a sua custa.<br />

Brincar com o espiritismo é o mesmo que brincar com o fogo; podem os<br />

seres se queimar e as queimaduras podem ser graves. Espiritismo é uma<br />

ciência complicada, profunda, vasta e eclética, como bem disse Pinheiro<br />

Guedes.<br />

É uma ciência que requer estu<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s os dias para ser compreendida.<br />

Não será apenas com assistência a algumas sessões, ouvin<strong>do</strong> alguns<br />

espíritos, assistin<strong>do</strong> a alguns fenômenos que se ficará seguro <strong>do</strong> que é o<br />

espiritismo. Ciência profundamente eclética, ela esclarece, fortifica o<br />

espírito, mas, se a criatura não tiver firmeza, pode, também, levá-la à<br />

loucura. Criaturas há que se fanatizam por assuntos espíritas e, de tal<br />

forma, que só encontram satisfação quan<strong>do</strong> neles se envolvem. Têm prazer<br />

em exercer a mediunidade como passatempo, como distração, trabalho<br />

esse que nós condenamos, quan<strong>do</strong> da mediunidade se faz distração. Que<br />

muitas criaturas cheguem ao espiritismo em busca de alívio para os seus<br />

males, numa aflição, para salvar um ente amigo, ou um ente queri<strong>do</strong> de<br />

família, até aí, nós concordamos, porque, na hora da aflição, lança-se mão<br />

de tu<strong>do</strong>; mas brincar com o espiritismo, não. É preciso estudá-lo e<br />

compreendê-lo.<br />

82


O estu<strong>do</strong> psíquico é uma necessidade; estudar psiquismo não é<br />

confabular com os espíritos, nem viver freqüentan<strong>do</strong> sessões espíritas e<br />

fazer sessões em família; estudar psiquismo é procurar conhecer a vida<br />

fora da matéria, o que seja a lei de atração, os males efetua<strong>do</strong>s pelos<br />

espíritos em esta<strong>do</strong> de perturbação, males psíquicos, males que existem e<br />

que precisam ser cura<strong>do</strong>s pelo <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, pois que,<br />

materialmente, nada conseguirão. A medicina não consegue curar os males<br />

<strong>do</strong> espírito; ela pode curar a matéria, ela tem progredi<strong>do</strong> na cura <strong>do</strong>s<br />

corpos, mas não pode curar o espírito, porque o mal é psíquico e, portanto,<br />

só uma terapêutica psíquica pode fazer efeito. Esse tratamento só produz<br />

resulta<strong>do</strong> satisfatório quan<strong>do</strong> há ambiente espiritual.<br />

É da máxima importância o estu<strong>do</strong> da vida fora da matéria; é preciso<br />

que as criaturas saibam e sintam que o pensamento é uma força poderosa.<br />

É pelo pensamento que o ser pode atrair o bem e o mal, pode ser feliz e<br />

infeliz. Pelo pensamento pode a criatura criar na sua imaginação figuras,<br />

fatos que podem vir a se dar, porque na sua aura –espelho <strong>do</strong> seu espírito –<br />

tu<strong>do</strong> se reflete, grava-se tu<strong>do</strong> quanto se passa no seu pensamento, e é nesse<br />

pensamento que vão os espíritos inferiores, os espíritos desencarna<strong>do</strong>s,<br />

servir-se daquilo que eles criaram na sua imaginação, no seu pensamento<br />

enfermiço e <strong>do</strong>entio. Desconhecen<strong>do</strong> o ser o que seja a vida fora da<br />

matéria, o que seja a ação psíquica, fica como que aban<strong>do</strong>na<strong>do</strong>, entregue à<br />

sua própria ignorância e sujeito, com facilidade, aos avassalamentos.<br />

Há criaturas infelizes, perturbadas, que se sentem nervosas,<br />

intranqüilas, que não <strong>do</strong>rmem, que tu<strong>do</strong> as incomoda, que se irritam por<br />

tu<strong>do</strong>, por culpa única e exclusiva da sua falta de estu<strong>do</strong> e raciocínio. São<br />

essas as criaturas enfermas <strong>do</strong> espírito e o seu caso é puramente psíquico.<br />

Há, pois, necessidade de se estudar o que seja a vida psíquica, para<br />

não se brincar com uma coisa perigosa.<br />

83


A freqüência, pois, às sessões espíritas, é um perigo, é um perigo,<br />

porque o espírito, ou a criatura desprevenida, que não conhece o<br />

espiritismo nem os seus efeitos, avassala-se e chega à loucura e a<br />

enfermidades físicas. A freqüência a essas sessões é um meio de atrair,<br />

mais dia menos dia, a infelicidade.<br />

Não temos interesse em ver as nossas Casas cheias, mas, sim, que se<br />

esclareçam aqueles que a elas chegam.<br />

As nossas Casas se enchem porque sentem-se bem aqueles que as<br />

freqüentam com assiduidade. Não enganamos ninguém, não fazemos,<br />

tampouco, concorrência às propaladas "casas espíritas", porque<br />

consideramos esta Doutrina como sen<strong>do</strong> o Espiritismo Racional e<br />

Científico <strong>Cristão</strong>. Esta Doutrina esclarece, fortifica os espíritos, preparaos<br />

para a vida, tornan<strong>do</strong>-os fortes, valentes, confiantes em si próprios, não<br />

lhes promete proteção alguma, porque a melhor proteção é aquela que a<br />

criatura busca em si própria, com a confiança absoluta que deve ter em si<br />

mesma, na sua convicção, possuin<strong>do</strong> personalidade e valor. O<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> fortifica os espíritos, fazen<strong>do</strong> com que caminhem<br />

convictos, certos de que precisam lutar, de que devem lutar, que devem<br />

vencer, que a vida é a luta destinada ao ser humano na Terra, que to<strong>do</strong>s<br />

vêm a este mun<strong>do</strong> para sofrer, para lutar sem serem venci<strong>do</strong>s. O homem<br />

deve vencer nos negócios, por mais difíceis que sejam, procuran<strong>do</strong> subir<br />

sempre na vida, o sucesso faz com que se sinta bem na Terra.<br />

84


DOMINANDO O GÊNIO<br />

Faz parte da boa educação e da formação <strong>do</strong> caráter saber exercer<br />

<strong>do</strong>mínio sobre o "eu".<br />

Se as criaturas soubessem como tem valor o saberem se <strong>do</strong>minar,<br />

conter os seus ímpetos, os seus maus hábitos, reconheceriam as suas<br />

imperfeições para corrigi-las; todas procurariam ser justas consigo<br />

mesmas.<br />

Para se preparar um espírito para a vida é preciso ensiná-lo a se<br />

<strong>do</strong>minar. A educação ministrada às crianças deve se basear,<br />

principalmente, neste ponto. Do <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> "eu", da maneira como se<br />

ensina a criatura a <strong>do</strong>minar-se, depende o seu êxito mais tarde na vida.<br />

Há criaturas que são mais impetuosas, geniosas.<br />

O gênio, todavia, nem sempre é uma demonstração de mau caráter; há<br />

criaturas geniosas e que, no entanto, têm um fun<strong>do</strong> muitíssimo bom, um<br />

ótimo caráter. Mas não se saben<strong>do</strong> <strong>do</strong>minar, podem essas criaturas praticar<br />

verdadeiros desatinos e chegarem mesmo ao crime, porque ficam<br />

desvairadas, justamente pela falta de <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> seu "eu".<br />

Os pais não devem descurar a educação <strong>do</strong>s seus filhos. É ensiná-los a<br />

<strong>do</strong>minarem o seu "eu", porque não <strong>do</strong>minar-se pode ser a sua infelicidade<br />

mais tarde, pode concorrer para fracassos na vida material.<br />

Para poderem bem viver to<strong>do</strong>s devem saber <strong>do</strong>minar-se.<br />

A vida é cheia de surpresas, de dificuldades e trabalhos, e se as<br />

criaturas não souberem conter-se, evitan<strong>do</strong> a irritação, que é um veículo de<br />

atração das forças astrais inferiores, que molestam, que enfermam, que<br />

<strong>do</strong>minam, que cangam, que prejudicam, não podem elas viver equilibradas<br />

e felizes.<br />

85


É preciso, pois, reeducar sempre a vontade, e saber reconhecer os<br />

defeitos.<br />

Aprendam, portanto, a viver.<br />

Sabemos que na Terra não existem criaturas perfeitas; mas desejamos<br />

que reconheçam as suas imperfeições, os seus defeitos para que saibam<br />

fazer justiça a si mesmas.<br />

Aproveitem as lições, porque todas podem ser de grande valia para a<br />

felicidade, para o êxito na vida de trabalho.<br />

Pouco a pouco, dia a dia, hora a hora, minuto a minuto, vai-se dan<strong>do</strong><br />

em pequeninas <strong>do</strong>ses aquilo de que precisam os que freqüentam as nossas<br />

Casas.<br />

Muita gente desconhece o valor <strong>do</strong> pensamento e é no pensamento que<br />

está o segre<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> o êxito. É pelo pensamento que a criatura se<br />

defende, é pelo pensamento que ela se inferioriza. O pensamento, pois, é<br />

tu<strong>do</strong>, e to<strong>do</strong> aquele que sabe guiar os seus pensamentos, que sabe servir-se<br />

deles nos momentos oportunos, tem certeza de êxito.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> se impõe justamente por não haver nele<br />

ilusões; ele não mente à humanidade, faz-lhe sentir a necessidade de um<br />

despertar para uma nova vida, mais racional e mais humana.<br />

Há muitas misérias, muitas misérias mesmo, mas são produto da<br />

ignorância humana. Se fossem as criaturas mais bem preparadas, se fossem<br />

guiadas para a vida, para o caminho <strong>do</strong> bem e da virtude, não se<br />

entregariam ao vício, não se deixariam aniquilar, ao ponto de se tornarem<br />

infelizes e a vida se tornaria mais suave. Mas, infelizmente, muito se tem<br />

menti<strong>do</strong> às criaturas, muito lhes têm prometi<strong>do</strong> e nada se lhes tem da<strong>do</strong>,<br />

tu<strong>do</strong> não tem passa<strong>do</strong> de misérias e de hipocrisias.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, com os seus ensinamentos, esclarece aqueles<br />

que já estão cansa<strong>do</strong>s de serem iludi<strong>do</strong>s, aqueles que estão cansa<strong>do</strong>s de<br />

86


serem engana<strong>do</strong>s e passam a aceitar o que se lhes oferece para saberem<br />

viver.<br />

Procurem dar valor ao pensamento, porque, pensan<strong>do</strong> sempre bem,<br />

estão sempre garanti<strong>do</strong>s. Fujam das idéias pessimistas, não se entreguem a<br />

pensamentos de fraqueza, não vivam a pensar em enfermidades, não<br />

deixem que o seu espírito enfraqueça e se acovarde, procurem levantá-lo<br />

sempre, dan<strong>do</strong>-lhe força, valor e compreensão. Não se deixem, portanto,<br />

enfraquecer, nem espiritual nem materialmente.<br />

Saibam pensar, caminhem com firmeza neste mun<strong>do</strong>, não vacilem,<br />

tenham confiança absoluta em si próprios e terão êxito.<br />

87


DOMÍNIO DO "EU"<br />

O conhecer-se a criatura a si mesma como Força e Matéria, conhecer,<br />

portanto, o que é por dentro e por fora, isso significa saber que é o<br />

universo em miniatura e que a causa da infelicidade de muita gente é o seu<br />

"eu" que, não sen<strong>do</strong> sofrea<strong>do</strong>, pode levar a criatura a cometer desatinos.<br />

Cada criatura possui dentro de si um "eu" animal, um "eu" perigoso, e<br />

que precisa ser <strong>do</strong>mestica<strong>do</strong>.<br />

Os ímpetos, as revoltas espirituais são provenientes desse "eu" mal<br />

educa<strong>do</strong>, desse "eu" vai<strong>do</strong>so e tolo a que muita gente dá grande<br />

importância, e daí caminharem desabridamente para a obsessão.<br />

O <strong>do</strong>mínio <strong>do</strong> "eu" tem uma importância capital na vida <strong>do</strong>s seres<br />

humanos. A criatura que sabe <strong>do</strong>minar-se enfrenta as vicissitudes da vida,<br />

os vendavais, as tempestades que se desencadeiam sobre si, enfrenta o<br />

sofrimento, suporta a <strong>do</strong>r oriunda das injustiças, das ingratidões e<br />

desilusões, porque, <strong>do</strong>minan<strong>do</strong>-se, alteia-se acima dessas misérias, e tu<strong>do</strong><br />

sem se deixar enfraquecer.<br />

Há criaturas intempestivas que, sem se saberem <strong>do</strong>minar, jogam com<br />

as palavras com uma facilidade espantosa, palavras que ferem, palavras<br />

que causticam e que muitas vezes deixam um eco <strong>do</strong>loroso nos ouvi<strong>do</strong>s<br />

daqueles cujos espíritos têm sensibilidade. Porém, o ser impetuoso não se<br />

lembra disso; ele quer é dar expansão ao seu "eu" e diz tu<strong>do</strong> que lhe vem à<br />

mente nesse infeliz esta<strong>do</strong> de revolta, de irritação. Se soubesse <strong>do</strong>minar o<br />

seu "eu", se sofreasse os seus ímpetos, não faria tal, esperaria que o<br />

ambiente se desanuviasse e depois, então, falaria com serenidade toda a<br />

verdade, mas tu<strong>do</strong> de uma maneira calma, franca e sincera.<br />

Deve, portanto, o homem conhecer-se, para saber o que é, o que vale,<br />

para poder valer sempre mais e melhor fazer ainda na trajetória de sua<br />

vida.<br />

88


A pretensão e a vaidade impedem que as criaturas reconheçam os seus<br />

defeitos. Mas é preciso que to<strong>do</strong>s se reconheçam imperfeitos e passem a<br />

ter vontade de alcançar a perfeição.<br />

Esta Doutrina deseja o esclarecimento da humanidade para que ela<br />

saiba viver e ser feliz.<br />

A vida na Terra será sempre cheia de surpresas, de trabalhos, de<br />

angústias e aflições, e só um espírito esclareci<strong>do</strong> saberá ser forte, valente,<br />

valoroso para vencer as lutas morais ou materiais que o acometam.<br />

Para progredir é preciso lutar. Não há progresso sem luta. Toda<br />

criatura que luta consciente, que se esforça, progride e avança no caminho<br />

da vida. As in<strong>do</strong>lentes é que se acomodam a qualquer situação. Essas não<br />

querem, absolutamente, subir, fazer alguma coisa para o bem <strong>do</strong> seu<br />

progresso espiritual.<br />

Passar neste mun<strong>do</strong> deixan<strong>do</strong> correr as horas e os dias sem nada<br />

produzir, sem nada fazer de útil e bom, não é viver; viver é lutar, e a luta<br />

dá sempre prazer àqueles que não desejam vegetar.<br />

É um prazer imenso o que sentem os seres, quan<strong>do</strong> conseguem bom<br />

resulta<strong>do</strong> em um empreendimento difícil.<br />

O produto de um trabalho honesto dá sempre satisfação ao espírito.<br />

Quan<strong>do</strong> as mãos produzem coisas boas e úteis, o espírito está satisfeito.<br />

A maioria <strong>do</strong>s casos de obsessão é proveniente da falta de trabalho, da<br />

falta de distração racional.<br />

Não queremos que se veja o trabalho como castigo para escravos. O<br />

trabalho enaltece, dá saúde e vigor quan<strong>do</strong> é metódico, racionaliza<strong>do</strong>. Há<br />

sempre o que fazer numa casa, há sempre o que fazer para o homem que<br />

ama o trabalho. Só não tem o que fazer a criatura in<strong>do</strong>lente, despreocupada<br />

e que não sente prazer em viver, apenas vegeta.<br />

89


Aprendam a lutar, esforcem-se para ser alguma coisa na vida,<br />

procurem sentir a sensação de bem-estar, após um dia de trabalho<br />

produtivo.<br />

Os fins de semana são sempre espera<strong>do</strong>s com prazer por to<strong>do</strong>s que<br />

lutam, quan<strong>do</strong> durante a semana se trabalhou e se produziu. O descanso,<br />

então, nessa ocasião, traz bem-estar ao espírito, uma satisfação íntima que<br />

dá a alegria de viver. E to<strong>do</strong>s devem viver com alegria, to<strong>do</strong>s devem viver<br />

com prazer e nunca viverem revolta<strong>do</strong>s, achan<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> difícil, achan<strong>do</strong> a<br />

vida pesada, achan<strong>do</strong> que os outros são melhores <strong>do</strong> que ele, achan<strong>do</strong> que<br />

tu<strong>do</strong> poderia ser mais fácil, se não houvesse tanto trabalho.<br />

A lei <strong>do</strong> mínimo esforço não faz parte <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. Aqui<br />

diz-se que é preciso esforço, trabalho e que só progride o espírito que<br />

trabalha gostosamente.<br />

90


DUAS VIDAS<br />

O tempo corre, os dias passam vertiginosamente e as criaturas deixam<br />

correr o tempo, passarem os dias, pouco se preocupan<strong>do</strong> com o seu<br />

progresso espiritual. Cuida-se muito da vida material, <strong>do</strong>s interesses<br />

materiais, mas descuida-se por completo <strong>do</strong>s interesses espirituais.<br />

No mun<strong>do</strong> há duas vidas a viver: a espiritual, precisa ao espírito; e a<br />

material, necessária ao corpo. Ambas, separadamente vividas, refletem-se<br />

uma na outra. Conforme a vida material que a criatura leva, assim se<br />

ressente a vida espiritual e conforme a vida espiritual, assim se reflete na<br />

vida material, portanto, uma é conseqüência da outra.<br />

O equilíbrio espiritual tem uma grande importância no sucesso da vida<br />

material e a desorganização, a perturbação, a falta de controle, a falta de<br />

ordem e méto<strong>do</strong> da vida material, perturbam a vida espiritual.<br />

To<strong>do</strong> aquele que tem uma vida moderada e metódica possui equilíbrio<br />

espiritual, lucidez de raciocínio, critério, calma e ponderação. To<strong>do</strong> aquele<br />

que tem vida moral equilibrada possui vida material normalizada.<br />

É preciso que saibam viver, bem viver as duas vidas, porque delas<br />

depende a felicidade <strong>do</strong>s seres.<br />

Há muita gente que não tem tranqüilidade, que não tem paz de<br />

espírito, porque traz a sua vida desorganizada e desonesta.<br />

Há muitos e muitos casos de loucura provenientes da vida<br />

desordenada e dissipada que as criaturas levam. São obsessões, são<br />

enfermidades <strong>do</strong> espírito adquiridas por uma vida irregular, por falta de<br />

controle, por falta de senso e raciocínio.<br />

91


É preciso saber viver, sim, e nós nos batemos hoje, mais <strong>do</strong> que nunca,<br />

pela correta maneira de a criatura viver na Terra, porque a desordem que<br />

se observa, social e familiar, a falta de critério, a falta de honestidade, tu<strong>do</strong><br />

enfim que vem prejudican<strong>do</strong> a família e a sociedade tem por única causa a<br />

maneira errada como as criaturas vivem.<br />

É preciso compreender a vida como a vida de fato é, fazer tu<strong>do</strong> para<br />

tê-la sempre equilibrada e não se esquecer de que não devem deixar de dar<br />

ao espírito a força e o valor de que ele carece para bem poder guiar o seu<br />

corpo e para bem poder manter-se equilibra<strong>do</strong> neste mun<strong>do</strong>.<br />

Aprendam a viver, procurem aproveitar a encarnação, não deixem<br />

passar os dias e os anos. Visto ser o tempo precioso, ele deve ser bem<br />

aproveita<strong>do</strong> em toda a trajetória da vida.<br />

Da compreensão <strong>do</strong>s deveres de cada um resulta o êxito na vida <strong>do</strong>s<br />

seres.<br />

As criaturas podem viver neste mun<strong>do</strong> de uma maneira diferente,<br />

desde que saibam equilibrar os seus espíritos, educar e fortificar a sua<br />

vontade, lutan<strong>do</strong> com honestidade e valor.<br />

Há criaturas que não sabem viver, porque entendem que hão de impor<br />

os seus caprichos, crian<strong>do</strong> situações embaraçosas, sem necessidade,<br />

quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s poderiam viver em paz, sem criar ambientes pesa<strong>do</strong>s,<br />

animosidades, que só trazem dissabores e contrariedades.<br />

A vida na Terra já é cheia de sofrimentos; por que razão, pois,<br />

aumentar esses sofrimentos, pelo mau uso <strong>do</strong> livre-arbítrio, crian<strong>do</strong><br />

situações difíceis e dificultan<strong>do</strong>, portanto, a vida?<br />

92


Eis por que fazemos com que as criaturas procurem saber viver<br />

inteligentemente. Ten<strong>do</strong> a noção <strong>do</strong> dever a cumprir, que vivam como<br />

criaturas equilibradas e não ator<strong>do</strong>adas e infelizes.<br />

A vida na Terra é um minuto em comparação com a vida <strong>do</strong> espírito e,<br />

conforme a vida que os seres levam na Terra, assim será o seu êxito<br />

espiritual.<br />

Não sejam, portanto, criaturas indesejáveis, não sejam revoltadas,<br />

aprendam a viver e vivam com inteligência.<br />

Há tanta coisa a se fazer na Terra e que deixa de ser feita, porque as<br />

criaturas não sabem viver, porque não sabem empregar bem o seu tempo,<br />

porque são egoístas, porque são más, porque têm prazer em viver em<br />

rivalidades, em desinteligências, crian<strong>do</strong> a desarmonia e fazen<strong>do</strong> a<br />

infelicidade de si próprias.<br />

93


EDUCAÇÃO E DECADÊNCIA<br />

A causa da decadência moral que se observa é a falta de educação e de<br />

preparo espiritual para a vida. Decaem moralmente as criaturas, quan<strong>do</strong><br />

mal orientadas e falhas <strong>do</strong>s Princípios que lhes garantem o seu equilíbrio<br />

neste mun<strong>do</strong>. Um espírito possui<strong>do</strong>r de um caráter bem forma<strong>do</strong>, não decai<br />

moralmente, mantém-se sempre firme, cumprin<strong>do</strong> o seu dever com lisura.<br />

Há quem atribua a imoralidade a uma "fatalidade" na vida. Nós<br />

condenamos essa fatalidade.<br />

Tu<strong>do</strong> tem a sua explicação racional, e se há infelicidades para as quais<br />

existe uma explicação e uma razão formal, há muitas faltas para as quais<br />

não há desculpa, nem se as aceita como fatalidade. A criatura, quan<strong>do</strong><br />

possui moral, enfrenta todas as vicissitudes da vida sem perder o equilíbrio<br />

e a sensatez.<br />

Bem sabemos que há muita miséria neste mun<strong>do</strong>, que os seres<br />

inexperientes e mal forma<strong>do</strong>s de caráter podem se perder, mas perdem-se<br />

justamente por lhes faltar o apoio moral, o apoio dessa moral que parte da<br />

educação de Princípios e que vem <strong>do</strong> berço, <strong>do</strong> lar, razão por que<br />

repisamos sempre sobre a necessidade de saber educar a criança, pois é<br />

desde criança que se deve fazer sentir a noção da moral, <strong>do</strong> pu<strong>do</strong>r, <strong>do</strong><br />

respeito por si própria. É de criança que se forma o caráter, e um caráter<br />

bem forma<strong>do</strong> é sempre sóli<strong>do</strong>, é a garantia <strong>do</strong> futuro. Os espíritos que<br />

possuem uma educação adequada podem passar pelo que for, porque eles<br />

se manterão firmes, caminhan<strong>do</strong> por este mun<strong>do</strong>, saltarão os lodaçais que<br />

encontrem, evitarão escorregar, possuirão ânimo forte, vontade educada<br />

para o bem, que é a sua garantia.<br />

Formar, pois, o caráter de um filho é uma necessidade para evitar<br />

quedas e desgostos.<br />

94


A humanidade está cheia de misérias, misérias que revoltam os<br />

espíritos bem forma<strong>do</strong>s, misérias que não deveriam existir, se houvesse<br />

mais senso e mais critérios. Mas, por isso mesmo, é preciso que os<br />

espíritos esclareci<strong>do</strong>s se mantenham equilibra<strong>do</strong>s e fortes para observar<br />

essas misérias, toman<strong>do</strong>-as como lições <strong>do</strong>lorosas, não perden<strong>do</strong> aquilo<br />

que aprenderam na casa <strong>do</strong>s pais.<br />

É preciso encarar a vida como a vida é, saber estar em toda a parte sem<br />

se prejudicar, sem se confundir, porque conforme a criatura se conduz,<br />

conforme as atitudes que ela toma, assim ela se impõe ao respeito alheio,<br />

não há ninguém que tenha coragem de faltar ao respeito àquele que sabe se<br />

impor, àquele que sabe se conduzir.<br />

Haja noção da moral, caminhem com passo firme neste mun<strong>do</strong>,<br />

tenham preocupação de se manterem sempre equilibra<strong>do</strong>s e sensatos,<br />

porque no mun<strong>do</strong> há tempestades que se desencadeiam sucessivamente<br />

mas, para os espíritos prepara<strong>do</strong>s, essas tempestades passam e não deixam<br />

vestígios, porque eles são fortes e compreendem a vida como a vida de<br />

fato é. Mas para aqueles que alimentam ilusões, para aqueles que não têm<br />

o seu espírito prepara<strong>do</strong>, o seu caráter bem forma<strong>do</strong>, e, portanto, uma<br />

educação espiritual sólida, essas tempestades podem derrubar e fazer<br />

fracassar muitos espíritos.<br />

Ninguém deve contar só com flores, prazeres e bons sucessos na vida;<br />

devem contar com alegrias, sim, mas também com fracassos, com<br />

sofrimentos e com desilusões e decepções. A vida não pode correr sempre<br />

bonançosa, não; se assim fosse, não haveria depuração espiritual, porque o<br />

que depura o espírito é o sofrimento, quan<strong>do</strong> vem naturalmente, sem que a<br />

criatura o procure pelo seu livre-arbítrio.<br />

To<strong>do</strong>s devem procurar ser fortes e compreender a vida como a vida<br />

deve ser compreendida. Repisamos sempre neste assunto, porque há<br />

necessidade de preparar os espíritos para a vida, porque há muitos que não<br />

95


foram prepara<strong>do</strong>s para tal e por isso há muita fraqueza espiritual, há<br />

muitos avassalamentos, há muitas desgraças, pois um espírito prepara<strong>do</strong><br />

para a vida é forte e consegue da luta sempre sair vitorioso. Um espírito<br />

sem preparo é um fraco, é um in<strong>do</strong>lente, nunca consegue a vitória nos seus<br />

empreendimentos.<br />

É preciso, pois, que as criaturas encarem a vida como a vida de fato é,<br />

que tenham os seus momentos de alegria e de distrações, porque isso é<br />

necessário ao espírito. Uma criatura que não se distrai, um espírito que não<br />

cria ambiente saudável, que vive num ambiente pestífero e rotineiro, pode<br />

se perturbar, pode enfermar, pode se tornar insociável e até intratável.<br />

Toda criatura deve se distrair com comedimento, deve dar ao espírito<br />

uma distração, deve trabalhar, porque o trabalho é o alimento <strong>do</strong> espírito,<br />

pois quem trabalha produz e quem produz sente a satisfação de ver o<br />

produto <strong>do</strong> seu trabalho.<br />

O mal da humanidade é exagerar, é se tornar insociável, é se tornar<br />

perdulária, é se tornar goza<strong>do</strong>ra. Saibam viver uma vida racional, dan<strong>do</strong> ao<br />

espírito o que ele necessita e ao corpo aquilo de que ele carece, e to<strong>do</strong>s<br />

podem construir a sua felicidade.<br />

Há muita gente que vive à espera de que lhe caia a felicidade nas<br />

mãos, mas a felicidade não é um presente que se compre com dinheiro ou,<br />

então, que se compre pelo prazer de comprar. A felicidade constrói-se, é<br />

feita pela própria criatura, ambientan<strong>do</strong>-se ela conforme é preciso, e<br />

agin<strong>do</strong> na vida com moderação e comedimento.<br />

Há criaturas que querem tu<strong>do</strong>, que tu<strong>do</strong> ambicionam, que tu<strong>do</strong><br />

desejam; essas criaturas nunca podem ser felizes. Aquele que só deseja o<br />

razoável é que sabe viver, esse é que é feliz.<br />

Há muita infelicidade proveniente da vaidade descomedida, <strong>do</strong> luxo<br />

demasia<strong>do</strong>, <strong>do</strong>s prazeres sem conta; essas infelicidades nunca deixarão de<br />

96


existir enquanto as criaturas não forem esclarecidas, não souberem ser<br />

comedidas e sensatas.<br />

Aprendam a viver, pois o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> ensina aquilo que<br />

precisam fazer para ter o espírito forte, a vontade educada para que saibam<br />

querer, para que possam lutar com valor e com desprendimento.<br />

Aproveitem as lições que ele oferece.<br />

97


EDUCAÇÃO FALHA<br />

O gênero humano é cheio de imperfeições e to<strong>do</strong>s os dias fornece<br />

casos interessantes para estu<strong>do</strong>. Há tamanha diversidade de tipos e de<br />

temperamentos a emitirem conceitos, tão vários e tão faltos de justiça,<br />

muito pouco sensatos e quase nenhum imparcial, pelo que se verifica como<br />

é falha a educação e assim a maneira de se conduzirem os espíritos na<br />

Terra. E, no entanto, são to<strong>do</strong>s Luz, como partes integrantes <strong>do</strong> Grande<br />

Foco, que se dispersam por este mun<strong>do</strong> para ativarem o progresso<br />

espiritual, para aumentarem o brilho da sua própria Luz e se tornarem<br />

almas mais diáfanas e mais puras. No entanto, verifica-se que, por haver<br />

falta<strong>do</strong> esclarecimento, estão os seres sempre prontos a se estraçalharem, a<br />

se ofenderem uns aos outros, poucos são aqueles que sabem dar a mão,<br />

poucos são aqueles que sabem salvar os náufragos, poucos são aqueles que<br />

se con<strong>do</strong>em verdadeiramente da miséria humana. Vivem tais quais feras,<br />

sempre prontos a se atacarem e a se digladiarem.<br />

Os irracionais possuem muitas vezes mais afetividade e melhores<br />

sentimentos <strong>do</strong> que os racionais. Há muito mais fidelidade, afeto e<br />

dedicação num cão, <strong>do</strong> que às vezes nos seres humanos, e, no entanto, são<br />

to<strong>do</strong>s <strong>do</strong>ta<strong>do</strong>s de raciocínio, de inteligência e, portanto, deviam ser<br />

clarividentes contra o mal. Acontecem guerras, umas após outras, sem que<br />

haja a menor alteração na maneira de sentir e de pensar das criaturas. É o<br />

ódio, o egoísmo, o despeito, a inveja que obsedam, perturbam e envolvem<br />

os homens, to<strong>do</strong>s querem a satisfação <strong>do</strong> seu "eu", da sua vaidade, e<br />

quan<strong>do</strong> chegam a ser alguma coisa ou a possuírem alguma autoridade,<br />

passam a ser déspotas e escravocratas.<br />

Como é triste o viver da humanidade! O homem, como espírito, vem a<br />

este mun<strong>do</strong> simples, modesto, mas, assim que começa a ter nele<br />

importância, assim que galga um degrau na vida, começa a se envaidecer,<br />

98


e, de modesto e simples, passa a ser vai<strong>do</strong>so; de bom, passa a ser egoísta e<br />

mau; não sabe subir com simplicidade para manter-se sereno e de lá de<br />

cima olhar com brandura para aqueles que embaixo ficaram e de quem<br />

antes eram amigos. Enchem-se de orgulho, de vaidade, e, então, começam<br />

a ofuscar os bons sentimentos e fazem misérias. É o que se observa no<br />

mun<strong>do</strong>, e por isso se julga a humanidade incorrigível.<br />

A nossa Doutrina tem uma finalidade nobre e justa –a de regenerar a<br />

humanidade, a de concorrer para salvar os espíritos, a de trazê-los ao<br />

caminho da honra e <strong>do</strong> dever, a de auxiliá-los a se levantarem para que<br />

caminhem com firmeza neste mun<strong>do</strong>, enveredan<strong>do</strong> sempre pela senda da<br />

honra e <strong>do</strong> dever.<br />

Mas vemos a humanidade tão renitente, tão teimosa no erro, que a<br />

julgamos incorrigível. Afirmamos que é pela <strong>do</strong>r que o espírito acorda, no<br />

entanto, após uma guerra sangrenta e má, que trouxe tanta <strong>do</strong>r e tantos<br />

sofrimentos aos espíritos, ainda há os espíritos revolta<strong>do</strong>s a quem nem a<br />

<strong>do</strong>r nem o sofrimento despertam para uma nova vida. Desapareceu o<br />

sentimento na humanidade, não há mais sentimentos nobres, tu<strong>do</strong> se leva<br />

para o deboche e para o indiferentismo, acabou-se o senso e o raciocínio,<br />

vivem os homens num eterno turbilhão, ator<strong>do</strong>an<strong>do</strong>-se para não sentir o<br />

peso da vergonha.<br />

Não podem desaparecer <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> os sentimentos que elevam e<br />

dignificam os seres, os sentimentos nobres, os atos que dignificam a<br />

criatura, porque uma criatura despida de sentimentos é infeliz, é desumana,<br />

não sente, não vibra, é um manequim maneja<strong>do</strong> por mãos alheias, agin<strong>do</strong><br />

instintivamente como os animais. Quiséramos despertar to<strong>do</strong>s os espíritos,<br />

quiséramos que to<strong>do</strong>s compreendessem bem a finalidade da sua estada<br />

neste mun<strong>do</strong>, para que soubessem encarar a vida como a vida de fato é,<br />

fortifican<strong>do</strong> a vontade, o ânimo, para caminharem com passo firme,<br />

auxilian<strong>do</strong> o despertar de outras almas, para verem claro na vida. Não é se<br />

99


enchen<strong>do</strong> de vaidade, não é diminuin<strong>do</strong>, não é ofenden<strong>do</strong>, amedrontan<strong>do</strong>,<br />

que se esclarecem os povos, que se ensina o ser a viver, que se ensina a<br />

criança a corrigir-se, a mocidade a despertar para uma vida real.<br />

É preciso saber viver com inteligência, com raciocínio, para se guiar<br />

acertadamente um povo. É preciso saber como fazê-lo reconhecer as suas<br />

fraquezas, como também as suas possibilidades, as suas qualidades, as<br />

suas inclinações, as suas aspirações, e respeitar tu<strong>do</strong> isso e de tu<strong>do</strong> se<br />

servir para bem guiar, para fortificar, para o auxiliar a viver, a produzir e a<br />

se sentir feliz com a sua produção. No dia em que os homens que possuem<br />

responsabilidades sérias neste mun<strong>do</strong> souberem reconhecer tu<strong>do</strong> isso,<br />

estarão capacita<strong>do</strong>s a guiar o povo, serão dele queri<strong>do</strong>s, serão benquistos e<br />

conseguirão muito e muito.<br />

Aprendam, pois, a ver as coisas como as coisas de fato são, sejam<br />

pondera<strong>do</strong>s, sejam modera<strong>do</strong>s, sejam valorosos, e sobretu<strong>do</strong> saibam fazer<br />

justiça, como ensinam os Princípios em que se baseia esta Doutrina. To<strong>do</strong>s<br />

se devem lembrar de que precisam agir neste mun<strong>do</strong> com retidão e<br />

firmeza, para que possam assim bem cumprir os seus deveres.<br />

100


EDUCAR OS SENTIMENTOS<br />

To<strong>do</strong>s os sentimentos partem <strong>do</strong> espírito, mas existem os bons e os<br />

maus. Os sentimentos puros são eleva<strong>do</strong>s, criam ambiente de alegria e<br />

felicidade e tornam as criaturas valorosas e apreciadas. Os maus<br />

sentimentos atestam inferioridade e às vezes são indício de baixa<br />

espiritualidade; essas criaturas vivem sempre irritadas, mal-humoradas,<br />

criam ambientes infelizes, tétricos.<br />

Uma criatura <strong>do</strong>tada de bons sentimentos é querida, estimada e<br />

respeitada. Alimentar os bons sentimentos é afastar os maus. Portanto, é<br />

dever de todas as criaturas, principalmente aquelas que têm filhos a<br />

educar, em formação <strong>do</strong> caráter, nunca criarem um ambiente de<br />

infelicidade para os filhos. Estes devem ver o semblante de seus pais<br />

sempre desanuvia<strong>do</strong> e nunca os ouvirem pronunciar palavras rancorosas.<br />

Quan<strong>do</strong> os pais percebem em seus filhos a inclinação para os maus<br />

sentimentos, devem ter o máximo cuida<strong>do</strong> de corrigi-los, a fim de os fazer<br />

desaparecer.<br />

A espiritualidade se demonstra sempre pelos sentimentos que os<br />

espíritos irradiam.<br />

To<strong>do</strong>s os espíritos encarnam para resgatar faltas, crimes pratica<strong>do</strong>s em<br />

encarnações anteriores. Ninguém fica impune. Por isso se diz que deve<br />

haver reflexão, para que não sejam praticadas más ações.<br />

Toda criança demonstra os sentimentos que possuía na última<br />

encarnação, e não há melhor oportunidade <strong>do</strong> que a da infância para<br />

combater os maus sentimentos, para corrigi-los, a fim de que os espíritos<br />

comecem a aproveitar o seu tempo, nesta encarnação.<br />

101


É de máxima necessidade que os pais tenham cuida<strong>do</strong> com os seus<br />

filhos. Sempre que possam, observem as suas tendências espirituais para<br />

ajudá-los ou para corrigi-los a tempo.<br />

Ensinar à criança é gravar em mármore; aquilo que na infância<br />

ensinardes aos vossos filhos, estará grava<strong>do</strong> para sempre em seu espírito;<br />

não deveis esquecer-vos de que há espíritos dóceis e espíritos rebeldes;<br />

para os espíritos dóceis há sempre facilidade de os induzir ao caminho <strong>do</strong><br />

bem. Os espíritos rebeldes com dificuldade se os guiam para o caminho da<br />

virtude e <strong>do</strong> bem, mas nem por isso devem os pais desanimar. Seu dever é<br />

trabalharem para fazer com que eles enveredem para o bom caminho.<br />

A rebeldia <strong>do</strong> espírito é sempre uma demonstração da necessidade de<br />

correção, para ele se espiritualizar. Há quem não acredite na reencarnação<br />

<strong>do</strong> espírito, nem tampouco na evolução espiritual através das encarnações.<br />

Entretanto, se quiserem pensar e raciocinar, verificarão que é um fato. Há<br />

espíritos que se recordam de coisas passadas numa existência longínqua e,<br />

quan<strong>do</strong> na infância, revelam coisas que fazem meditar aos pais. Há<br />

espíritos que em corpo de criança demonstram temperamentos de velhos,<br />

de criaturas experimentadas, raciocinan<strong>do</strong> com acerto, ten<strong>do</strong> por vezes<br />

frases de um certo alcance que fazem a admiração <strong>do</strong>s que os ouvem. São<br />

espíritos de fato velhos que desencarnaram há bem pouco tempo, e que<br />

têm certas reminiscências da vida passada.<br />

Há, portanto, necessidade de se cuidar carinhosamente da educação<br />

desses espíritos, da sua formação moral, pois, da formação <strong>do</strong> indivíduo<br />

depende o seu êxito na vida. Da boa formação espiritual da criança<br />

depende o seu futuro. E como to<strong>do</strong>s os pais desejam a felicidade <strong>do</strong>s seus<br />

filhos, é preciso que procurem desde já tu<strong>do</strong> fazer para que eles sejam<br />

felizes no futuro, para que eles sejam fortes, para que eles vençam na vida.<br />

Tenham, pois, o máximo cuida<strong>do</strong> na educação <strong>do</strong>s seus filhos, saibam<br />

dar-lhes não só o pão, mas também a educação, lembran<strong>do</strong>-se sempre de<br />

102


que o futuro <strong>do</strong>s filhos depende da educação, depende <strong>do</strong>s princípios que<br />

os pais lhes puderem dar agora.<br />

Tu<strong>do</strong> na vida tem a sua explicação racional, e não podemos deixar de<br />

fazer sentir que, apesar de pais cuida<strong>do</strong>sos educarem convenientemente os<br />

seus filhos e apesar de muitas vezes possuírem muitos filhos, educan<strong>do</strong>-os<br />

to<strong>do</strong>s da mesma forma, há uns que não seguem a mesma rota <strong>do</strong>s outros;<br />

esses são os espíritos rebeldes, aqueles espíritos renitentes a quem<br />

dificilmente conselhos e educação <strong>do</strong>s pais podem produzir efeitos. Mas<br />

não devem por isso os pais deixar de cumprir o seu dever, porque não há<br />

regra sem exceção e quanto mais cuida<strong>do</strong> tiverem na formação espiritual<br />

<strong>do</strong>s filhos melhor cumprirão os seus deveres e nunca terão remorsos de<br />

haverem guia<strong>do</strong> inconvenientemente os filhos no caminho da vida.<br />

103


EGOÍSMO E AUTORITARISMO<br />

Feliz a criatura que se conhece a si própria! Feliz, porque,<br />

conhecen<strong>do</strong>-se a si mesma, reconhece os seus defeitos, as suas<br />

imperfeições e tem, portanto, a oportunidade de corrigir-se.<br />

Infelizes daqueles que não se conhecem, porque, não se conhecen<strong>do</strong>,<br />

não se apercebem <strong>do</strong> ridículo em que caem, <strong>do</strong>s papéis tristes que<br />

representam.<br />

Todas as criaturas devem saber reconhecer aquilo que são, a<br />

capacidade que possuem e, assim, viverem com naturalidade, com<br />

simplicidade. É muito mais honrosa essa conduta <strong>do</strong> que as criaturas<br />

quererem aparentar aquilo que nunca conseguirão ser.<br />

Quanto mais modesta e simples a criatura, mais consideração, respeito<br />

e admiração terá; quanto mais inteligente e preparada, mais simples deve<br />

ser, porque a sua inteligência aparecerá mais fulgurante ainda; debaixo da<br />

sua simplicidade, esconderá aquilo que sabe, mas dá valor ao que valor<br />

tem, certa, porém, de que "honrarias, mais vale merecê-las e não tê-las, <strong>do</strong><br />

que tê-las e não merecê-las". Tu<strong>do</strong>, enfim, que é balofo, superficial, tu<strong>do</strong><br />

que é exterioridade, não deve ter valor para as criaturas de caráter bem<br />

forma<strong>do</strong>.<br />

Aqueles a quem faltam alicerces morais, intelectuais ou materiais, por<br />

circunstâncias várias podem subir na vida e daí tornarem-se vai<strong>do</strong>sos e<br />

pretensiosos, grandemente orgulhosos, mas, amanhã, pode tu<strong>do</strong> ruir por<br />

terra e fragorosamente.<br />

Aprenda a criatura a conhecer-se a si própria, procure aquilatar bem o<br />

seu valor, aquilo que é capaz de produzir e de ser. Esforce-se, não há<br />

dúvida nenhuma, por sempre saber enriquecer a sua mente, aumentar a sua<br />

cultura e até os bens materiais, mas nunca aumentar a vaidade, nem criar<br />

complexos que lhe poderão ser bastante desagradáveis no futuro.<br />

104


O homem é aquilo que é, e não aquilo que aparenta ser. Nem sempre<br />

as exterioridades traduzem o que intimamente são; é preferível ser superior<br />

no íntimo, <strong>do</strong> que mostrar superioridade e ser inferior intimamente.<br />

Tu<strong>do</strong> o que é superficial é pernicioso, e o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, que<br />

se bate pela Verdade e somente pela Verdade, que não afirma senão aquilo<br />

que está basea<strong>do</strong> nessa Verdade, quer que to<strong>do</strong>s sejam sinceros e<br />

verdadeiros para consigo próprios, e, assim sen<strong>do</strong>, eles serão também<br />

justos para com o seu semelhante.<br />

Caminham os homens, na época presente, de maneira bastante<br />

duvi<strong>do</strong>sa, porque a maioria deles pretende somente aparentar, subir, galgar<br />

posições para depois abusarem dessas posições, abusarem <strong>do</strong>s direitos que<br />

possuem, e descem, moralmente, descem na sua honestidade, tornar-se-ão,<br />

enfim, criaturas indesejáveis. Não adianta subir assim. É preferível nunca<br />

ter subi<strong>do</strong>, é preferível manter-se na sua posição de trabalha<strong>do</strong>r honesto,<br />

<strong>do</strong> que subir, galgar postos para deles fazer mau uso.<br />

É uma obsessão que vem <strong>do</strong>minan<strong>do</strong> os seres: "a <strong>do</strong> man<strong>do</strong>" ou <strong>do</strong><br />

luxo, da riqueza, <strong>do</strong> quererem aquilo que os outros possuem. Invejar as<br />

posições altas, a riqueza <strong>do</strong>s outros é estar o ser a prejudicar-se, e nada<br />

mais. Em vez de invejarem, em vez de quererem usufruir fortuna, em vez<br />

de quererem posições para gozarem delas, saibam aumentar o seu quinhão,<br />

honestamente, por meio <strong>do</strong> trabalho, por meio <strong>do</strong> seu labor, <strong>do</strong> seu braço<br />

forte, rijo, mas sempre honesto e bom. Quererem aquilo que vêem nos<br />

outros, e perderem o que de bom possuem, a moral e a honestidade, é<br />

degradarem-se.<br />

Quan<strong>do</strong> a humanidade for mais esclarecida, estamos certos de que ela<br />

pensará melhor, acabarão as prepotências, cessarão os sentimentos que<br />

levam os homens à guerra, passarão eles a ser mais justos, mais sinceros, e<br />

sobretu<strong>do</strong> modestos.<br />

105


Não queiram vitórias sem lutas, pois nada se consegue de bom neste<br />

mun<strong>do</strong> sem sacrifícios e sem trabalho, e tu<strong>do</strong> aquilo que é adquiri<strong>do</strong> sem<br />

sacrifícios e sem trabalho não medra, não progride.<br />

Saibam alcançar aquilo a que suas almas aspiram, honestamente, pelo<br />

trabalho, pelo esforço, pela constância; sejam sinceros e altruístas, e darão,<br />

assim, uma grande satisfação ao espírito, quan<strong>do</strong> partirem deste mun<strong>do</strong>.<br />

Ponham de parte a vaidade, o orgulho, o egoísmo, e procurem ser<br />

aquilo que são.<br />

106


EGOÍSMO, FONTE DE SOFRIMENTOS<br />

É tão difícil compreender a humanidade, satisfazê-la, atendê-la nas<br />

suas necessidades que, apesar da boa vontade e <strong>do</strong> grande desejo de serem<br />

úteis, aqueles que desejam auxiliar e esclarecer os seres encontram<br />

múltiplos fatores que dificultam a tarefa.<br />

É difícil compreender a humanidade. Ela está sempre descontente,<br />

nunca se satisfaz com aquilo que se lhe oferece, traz consigo uma eterna<br />

revolta, a revolta <strong>do</strong>s que tu<strong>do</strong> querem e pouco ou nada fazem por<br />

merecer.<br />

A humanidade só será feliz quan<strong>do</strong> possuir desprendimento e<br />

compreensão, quan<strong>do</strong> souber se colocar no seu lugar, adaptar-se ao seu<br />

meio, souber receber e dar.<br />

É o egoísmo que <strong>do</strong>mina os espíritos, que os cega, que os impossibilita<br />

de raciocinar. É o egoísmo que torna a humanidade má, injusta e<br />

eternamente descontente.<br />

Tu<strong>do</strong> se tornaria mais fácil, os homens seriam mais humanos e mais<br />

compreensivos, se cada um procurasse colocar-se no seu devi<strong>do</strong> lugar, se<br />

pensasse e medisse bem as conseqüências <strong>do</strong>s seus atos, desse mais valor<br />

àquilo que valor tem, pusesse de parte o seu "eu" vai<strong>do</strong>so, como espírito<br />

prepotente e orgulhoso, para tu<strong>do</strong> saber ver com moderação e<br />

discernimento.<br />

Os seres são infelizes, muitas vezes, porque querem ser, porque cavam<br />

a sua própria infelicidade, desprezam o bem que muitas vezes lhes vem<br />

cair às mãos, não sabem compreender a vida.<br />

To<strong>do</strong>s poderiam ser felizes, gozar felicidade e, se não o são, é porque<br />

não sabem <strong>do</strong>minar o seu "eu", educar a vontade e trabalhar o raciocínio.<br />

107


Esclarecen<strong>do</strong> a humanidade, nós pretendemos torná-la melhor e mais<br />

compreensiva. To<strong>do</strong>s os espíritos devem estar prepara<strong>do</strong>s para as surpresas<br />

que a vida lhes proporciona. Há muita coisa que vem a se passar no futuro<br />

e que no presente não se imagina que possa assim ser. São muitas as<br />

surpresas que surgem na vida de cada um, e para que essas surpresas, na<br />

maioria más, decepciona<strong>do</strong>ras, não abatam o moral, é preciso que se tenha<br />

o espírito prepara<strong>do</strong>, para não ficar <strong>do</strong>mina<strong>do</strong> pelos sofrimentos. Há<br />

sofrimentos que vêm naturalmente. São eles provenientes da luta pela vida,<br />

deles não se pode fugir. Mas há outros sofrimentos advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mau<br />

emprego <strong>do</strong> livre-arbítrio, e esses são sofrimentos que abatem o espírito. É<br />

o livre-arbítrio que os engendra, a própria criatura os procurou.<br />

Aqueles sofrimentos que vêm naturalmente e não se esperavam,<br />

constituem surpresas, abalam e fazem muitas criaturas boas se deixarem<br />

avassalar. Esse avassalamento é proveniente da falta de preparo espiritual.<br />

Mas, chegadas às correntes <strong>do</strong> Astral Superior, essas criaturas depressa<br />

reagem e se esclarecem para prosseguirem na luta pela vida.<br />

Há muitos seres que chegam à loucura por falta de orientação<br />

espiritual, que perdem a razão e se deixam avassalar, porque os espíritos<br />

enfraqueci<strong>do</strong>s sofrem um golpe moral, um sofrimento, uma <strong>do</strong>r. O<br />

abatimento se apodera deles de tal forma que cai completamente toda a sua<br />

energia e passam esses espíritos a ser <strong>do</strong>mina<strong>do</strong>s pelo astral inferior, forças<br />

inferiores que nunca perdem o ensejo de se aproximar daqueles que os<br />

atraem com seus pensamentos perturba<strong>do</strong>s.<br />

Há inúmeras causas de obsessão provenientes de abalos morais, e<br />

essas causas de obsessão se dão porque os espíritos não têm valor e<br />

energia para oporem a reação precisa nos momentos mais críticos da sua<br />

vida.<br />

Há, portanto, necessidade, e muita, de preparar os espíritos para o dia<br />

de amanhã, para o futuro, porque a maioria da humanidade procura viver o<br />

108


momento presente, e, se esse momento presente lhe dá prazer e alegria,<br />

não se lembra que amanhã poderá vir a sofrer, poderão surgir surpresas<br />

que avassalam e mortificam.<br />

Do preparo espiritual depende o equilíbrio mental, a saúde e a<br />

felicidade!<br />

É preciso esclarecer a humanidade, porque só esclarecida poderá ela<br />

ser justa, ponderada e moderada.<br />

Enquanto as criaturas viverem dissipada e turbulentamente, sem<br />

finalidade, sem clareza, sem aquela compreensão que caracteriza os<br />

espíritos cumpri<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s seus deveres, estarão sujeitas a tristes<br />

contingências.<br />

É preciso preparar o homem para a luta, a mulher para a vida <strong>do</strong> lar; é<br />

preciso que se convençam de que ambos se completam, mas, se ambos não<br />

souberem entender-se, a vida se lhes tornará um inferno, nunca<br />

combinarão.<br />

É preciso que o homem se convença de que tem que lutar e que o seu<br />

êxito depende <strong>do</strong> seu valor, da sua força de vontade, <strong>do</strong> seu equilíbrio<br />

mental; é preciso que homem e mulher se convençam de que têm deveres<br />

sérios a cumprir um para com o outro e ambos para com os filhos, quan<strong>do</strong><br />

os houver.<br />

É preciso que quem tem encargos de responsabilidade no mun<strong>do</strong> os<br />

saiba exercer com justiça, com desprendimento e valor. É preciso que<br />

todas as criaturas se convençam de que é necessário fazer esforço, é<br />

preciso lutar para conseguir alguma coisa útil na vida.<br />

Não é esperan<strong>do</strong> pelos "milagres", nem tampouco pela fortuna ou pela<br />

sorte no jogo que se triunfa. Tu<strong>do</strong> isso é próprio de quem não pensa nem<br />

raciocina. Aqueles que pensam e raciocinam não admitem a existência de<br />

milagres e sortes. Esses sabem que quem faz para si o faz, que da luta <strong>do</strong><br />

109


homem depende o seu êxito. E, assim, fortes e resolutos, esses espíritos<br />

enfrentam todas as tempestades morais, to<strong>do</strong>s os vendavais morais e<br />

materiais, todas as crises, to<strong>do</strong>s os fracassos que possam surgir, e<br />

prepara<strong>do</strong>s caminham até ao fim da existência com a consciência<br />

tranqüila, com o espírito sereno, lúci<strong>do</strong> e perfeitamente equilibra<strong>do</strong>.<br />

110


ENERGIZAR<br />

Fortificar o ânimo para poder vencer na luta pela vida, para adquirir<br />

novas energias, para poder reagir contra tu<strong>do</strong> o que possa atingir a criatura<br />

é uma necessidade que se impõe a to<strong>do</strong> aquele que vive pensan<strong>do</strong> e<br />

raciocinan<strong>do</strong>.<br />

Sem energia espiritual e resistência física ninguém pode vencer na<br />

vida, que é bem cheia de lutas e trabalhos. Não é com fraqueza que se<br />

transpõem os obstáculos, nem com lamúrias ou queixumes. É com a<br />

reação espiritual, é com a energia, é com o valor que tu<strong>do</strong> se consegue<br />

neste mun<strong>do</strong>. Entregar-se o espírito ao desânimo, deixar-se levar pela<br />

fraqueza, é aniquilar-se, pouco a pouco.<br />

To<strong>do</strong>s, para viverem neste mun<strong>do</strong>, precisam de força, de vigor, de<br />

valor e de compreensão. Há muita gente que ao menor abalo moral<br />

entrega-se ao sofrimento e deixa-se enfraquecer. Essas são as criaturas que<br />

não sabem dar valor ao pensamento, não sabem o que é energia espiritual.<br />

É preciso reagir, reagir contra tu<strong>do</strong>, contra qualquer coisa que lhe<br />

possa acontecer.<br />

O homem está no mun<strong>do</strong> sujeito a vicissitudes, a trabalhos, a<br />

decepções, a insucessos. Ninguém está livre disso. Mas, ele não deve se<br />

entregar, ele não deve se deixar abater, aconteça o que acontecer, suceda o<br />

que suceder, ele deve altear sempre o seu espírito, fortificar o seu ânimo,<br />

reagir a desgostos e decepções, e caminhar para a frente. Caminhar, sim,<br />

porque é preciso caminhar sempre, parar nunca!<br />

Toda criatura que tem essa disposição de espírito vence, torna-se forte<br />

e valorosa, por maiores que sejam os desgostos, por maiores que sejam as<br />

contrariedades. Ninguém se deve deixar abater, to<strong>do</strong>s devem reagir, lutar e<br />

vencer.<br />

111


O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, como Doutrina, faz o que nenhuma faz,<br />

porque não quer que aqueles que freqüentam as suas Casas, aqueles que se<br />

dizem seus instrumentos, vivam à espera de proteção, seja de quem for. O<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer que cada um encontre em si mesmo a proteção,<br />

que reaja, que se torne forte, não conte com ninguém, pois em si<br />

encontrará a energia necessária para transpor os obstáculos, para vencer os<br />

sofrimentos desde que saiba vencer-se a si próprio. O <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong> prepara o homem para a luta, fazen<strong>do</strong>-o conhecer o valor <strong>do</strong><br />

pensamento, o valor da lei de atração, o valor de uma boa irradiação e o<br />

valor sobretu<strong>do</strong>, da energia espiritual vinda <strong>do</strong>s seus Princípios.<br />

O estu<strong>do</strong> da vida fora da matéria deve interessar a todas as criaturas<br />

que pensam e raciocinam.<br />

A vida fora da matéria preocupa hoje muita gente culta. O espírito<br />

investiga<strong>do</strong>r quer ir além <strong>do</strong>s compêndios e das teorias puramente<br />

materialistas, ele quer ir além <strong>do</strong>s fatos presencia<strong>do</strong>s, vistos e apalpa<strong>do</strong>s. A<br />

vida fora da matéria é uma ciência psíquica, espiritualista, que to<strong>do</strong>s<br />

devem estudar e conhecer.<br />

A matéria mesmo viva é inerte; ela só se incita e só se movimenta com<br />

alguma coisa que vive fora dela. O corpo é matéria que sem a força<br />

(espírito) não vale nada. A matéria torna-se pútrida antes mesmo de vinte e<br />

quatro horas, a partir <strong>do</strong> momento em que o espírito a aban<strong>do</strong>na. A matéria<br />

sem o espírito é um corpo sem vida, sem beleza, sem brilho. E quanto mais<br />

vivaz o espírito, mais admirada a criatura; logo, há que se estudar essa vida<br />

fora da matéria.<br />

É preciso não desprezar esta ciência, que bem merece ser estudada. O<br />

cientista só tem a sua ciência completada quan<strong>do</strong> junta aos seus<br />

conhecimentos positivos os da ciência psíquica, aqueles que emanam <strong>do</strong><br />

espírito.<br />

112


Um espírito perturba<strong>do</strong> será sempre um enfermo. A enfermidade não<br />

está no corpo, mas sim no espírito. A reação espiritual auxilia de maneira<br />

considerável a cura de um corpo enfermo. Um espírito que se entrega à<br />

enfermidade é um ser venci<strong>do</strong>, é um <strong>do</strong>ente difícil de ser cura<strong>do</strong>.<br />

Um espírito que reage, um espírito que tem coragem, que encara a sua<br />

situação e procura vencê-la da melhor maneira possível é um espírito forte,<br />

é um espírito capaz de triunfar na vida.<br />

As perturbações psíquicas, as enfermidades psíquicas são originadas<br />

por distúrbios espirituais.<br />

Como não devem desconhecer aqueles que entendem alguma coisa de<br />

espiritismo, há muitos espíritos perturba<strong>do</strong>s na atmosfera da Terra,<br />

infelicitan<strong>do</strong> aqueles que os atraem pelo pensamento de amizade, quan<strong>do</strong><br />

são parentes, ou com pensamentos afins, quan<strong>do</strong> são criaturas perversas,<br />

viciadas, ou fracas. Um espírito perturba<strong>do</strong> só pode atrair fraqueza pelo<br />

seu pensamento.<br />

Desconhecer tu<strong>do</strong> isso é ignorância e, no entanto, há muita gente que<br />

desconhece porque quer.<br />

É preciso que to<strong>do</strong>s se convençam de que espiritismo não é uma coisa<br />

banal, não é um mo<strong>do</strong> de se distrair, como faz muita gente.<br />

Esse espiritismo, magia negra, é um perigo para aqueles que o<br />

procuram. O Espiritismo Racional e Científico <strong>Cristão</strong> vale a pena ser<br />

estuda<strong>do</strong>, porque a criatura que o conhece fica com uma bagagem<br />

considerável de saber e que muito a pode auxiliar para resolver os seus<br />

complica<strong>do</strong>s problemas da vida.<br />

Não se despreze, portanto, aquilo que tem um valor considerável e<br />

que, nos momentos difíceis da vida de cada um, nas horas amargas, tem<br />

uma importância tão grande para os espíritos, para suavizar os seus<br />

sofrimentos, fazen<strong>do</strong> desaparecer as <strong>do</strong>res, dan<strong>do</strong> valor, força e<br />

113


esignação, dan<strong>do</strong>, mesmo, a intuição que muitas vezes leva os seres à<br />

solução de um problema difícil.<br />

114


EQUILÍBRIO TRAZ TRANQUILIDADE<br />

Um espírito perturba<strong>do</strong> é sempre um infeliz, porque a perturbação faz<br />

com que deixe de raciocinar e comece a ver tu<strong>do</strong> erra<strong>do</strong>. A desconfiança se<br />

apodera dele e, assim, numa atmosfera completamente falsa, vive<br />

perturba<strong>do</strong>, perturban<strong>do</strong> também os outros.<br />

Do equilíbrio moral <strong>do</strong> espírito é que depende a sua felicidade. Um<br />

espírito que viva desassossega<strong>do</strong>, intranqüilo é um espírito infeliz.<br />

A compreensão <strong>do</strong>s deveres e o seu consciente cumprimento é que<br />

operam a tranqüilidade, a paz de espírito e a felicidade.<br />

Os seres podem viver neste mun<strong>do</strong> como entenderem, cheios de<br />

dinheiro, de bem-estar, tu<strong>do</strong> lhes pode ser fácil na vida, mas, desde que<br />

lhes falte a paz de consciência, a tranqüilidade espiritual, falta-lhes tu<strong>do</strong> e<br />

nunca poderão ser felizes.<br />

Há muita gente que pensa que para ser feliz basta possuir dinheiro à<br />

vontade para gastar, como se nisso se encerrasse a felicidade! Mas, a<br />

felicidade não está no dinheiro, não está na fortuna. A felicidade está na<br />

consciência tranqüila, na paz de espírito. E muitos daqueles que possuem<br />

dinheiro, grande fortuna, não possuem paz interior, esse sossego tão<br />

deseja<strong>do</strong>, porque não sabem estar condignamente no palco da vida.<br />

É preciso caminhar neste mun<strong>do</strong> com o passo firme, com a vontade<br />

forte e educada para o bem, caminhar com firmeza, com equilíbrio, com<br />

sensatez, tu<strong>do</strong> ven<strong>do</strong> e tu<strong>do</strong> compreenden<strong>do</strong>, sem ambicionar, sem invejar<br />

aquilo que é <strong>do</strong>s outros, porque isso só prova haver uma idéia errônea <strong>do</strong><br />

que seja a vida.<br />

Felizes daqueles que sabem viver com naturalidade, simplicidade, com<br />

valor e honestidade; felizes daqueles que palmilham este mun<strong>do</strong> com<br />

115


sensatez e honra; felizes daqueles que, à noite, se deitam com a<br />

consciência tranqüila de haverem cumpri<strong>do</strong>, durante o dia, o seu dever.<br />

Essa é a verdadeira felicidade.<br />

O desassossego, a intranqüilidade <strong>do</strong> espírito trazem o tormento, a <strong>do</strong>r<br />

e o sofrimento danifica<strong>do</strong>res.<br />

Procurem estudar a vida, para em to<strong>do</strong>s os atos morais ou materiais<br />

poderem agir com consciência, e serão felizes.<br />

Tu<strong>do</strong> se consegue, quan<strong>do</strong> há paciência, persistência e se sabe querer<br />

aquilo que é possível.<br />

Aqueles que tu<strong>do</strong> querem alcançar sem sacrifício, por espírito de<br />

imitação, afobadamente, perdem o seu tempo, porque perdem a<br />

tranqüilidade, passam a se ver envolvi<strong>do</strong>s num ambiente de perturbação,<br />

ator<strong>do</strong>am o espírito e nada de bom conseguem.<br />

Saibam, pois, viver, viver como criaturas inteligentes, caminhan<strong>do</strong><br />

com firmeza, ten<strong>do</strong> consciência daquilo que são e <strong>do</strong> que devem ser, tu<strong>do</strong><br />

procuran<strong>do</strong> fazer de maneira a que o espírito não venha, mais tarde, a<br />

arrepender-se.<br />

A luta será sempre a vida destinada ao ser humano na Terra! To<strong>do</strong>s se<br />

devem convencer de que precisam lutar. To<strong>do</strong>s os espíritos devem possuir<br />

energia, ela é que garante o êxito na vida. Aquele que não for enérgico,<br />

que não tiver força de vontade, fracassa invariavelmente na luta pela vida.<br />

É preciso, pois, saber lutar, manejan<strong>do</strong> as armas <strong>do</strong> pensamento para<br />

que não seja inglória a sua passagem pela Terra.<br />

Há muita gente que desanima quan<strong>do</strong> encontra qualquer dificuldade na<br />

vida. O desânimo é um inimigo <strong>do</strong> espírito, porque lhe tira a energia.<br />

Ninguém deve desanimar diante das dificuldades ou <strong>do</strong>s obstáculos que<br />

surjam pelo caminho da vida. Quanto mais dificuldades houver, quanto<br />

116


mais obstáculos encontrar, maior deve ser a sua energia, maior deve ser o<br />

seu valor.<br />

O ser humano não tem o direito de se deixar enfraquecer ou<br />

desanimar.<br />

O desânimo, o pouco caso, atestam um espírito não esclareci<strong>do</strong>,<br />

porque um espírito esclareci<strong>do</strong> sabe que precisa lutar e vencer.<br />

Nunca se deve dificultar a vida e sim facilitá-la pelo méto<strong>do</strong>, pela<br />

maneira metódica e disciplinada, pela maneira inteligente com que se<br />

devem encarar os problemas, para resolvê-los.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> prepara a criatura humana para a vida,<br />

ensinan<strong>do</strong>-a a pensar, a lutar e a vencer. Saibam, pois, to<strong>do</strong>s compreender<br />

a vida e vivê-la como seres esclareci<strong>do</strong>s.<br />

117


ERROS DESCULPÁVEIS<br />

Quan<strong>do</strong>, pela experiência adquirida no correr <strong>do</strong>s anos, a criatura se<br />

convence da nulidade de muitas coisas a que deu atenção, <strong>do</strong>s desvarios,<br />

<strong>do</strong>s atos irrefleti<strong>do</strong>s, de uma série de erros cometi<strong>do</strong>s por falta de<br />

experiência, por falta de compreensão da vida; quan<strong>do</strong> chega à realidade<br />

dessa mesma vida, ela passa, então, a viver, agin<strong>do</strong> com a mente<br />

esclarecida, com a vontade educada e forte sempre como criatura<br />

equilibrada.<br />

Os erros cometi<strong>do</strong>s, quan<strong>do</strong> os seres não têm experiência da vida, não<br />

possuem o esclarecimento, não têm a compreensão daquilo que fazem,<br />

esses erros têm, até certo ponto, desculpa, porque foram cometi<strong>do</strong>s<br />

inconscientemente. A criatura na sua inconsciência pode até cometer<br />

crimes, mas o que não se admite é que em plena consciência, saben<strong>do</strong> o<br />

que está fazen<strong>do</strong>, cometa erros e crimes.<br />

"Errar, dizem, é <strong>do</strong>s homens, mas teimar no erro é <strong>do</strong>s irracionais".<br />

Quan<strong>do</strong> a criatura erra e reconhece o seu erro, deve dar a mão à<br />

palmatória, deve se penitenciar, procuran<strong>do</strong> resgatar o seu erro e passan<strong>do</strong><br />

a viver uma vida equilibrada e sensata, fazen<strong>do</strong> desaparecer o mais<br />

possível a mancha que se tornou indelével e que se reflete sobre o espírito,<br />

sobre a consciência.<br />

Não há nada como a criatura possuir uma consciência leve, sentir-se<br />

bem consigo própria e viver feliz, por possuir a paz de espírito.<br />

Nem to<strong>do</strong>s ligam importância a essa paz de espírito, no entanto, é ela<br />

que dá tranqüilidade, é ela que traz sossego ao homem.<br />

Um espírito que vive em paz sente-se bem, sente-se perfeitamente à<br />

vontade; um espírito que vive atormenta<strong>do</strong>, sobressalta<strong>do</strong>, com receio<br />

sempre de que descubram os seus erros, a sua maldade, os seus crimes, é<br />

118


um espírito infeliz, nunca tem sossego, porque o remorso o acompanha<br />

noite e dia.<br />

Nada, portanto, como o homem ter a sua consciência tranqüila, e,<br />

quan<strong>do</strong> as criaturas puderem adquirir essa tranqüilidade espiritual, o<br />

devem fazer, seja a que preço for, pelo sacrifício, pelo trabalho, por tu<strong>do</strong>,<br />

enfim, para que consiga essa paz interior que lhe dá sossego e<br />

tranqüilidade de espírito.<br />

To<strong>do</strong>s podem ter felicidade relativa, porque a vida na Terra é de lutas,<br />

trabalhos, sofrimentos e desilusões, mas a maioria <strong>do</strong>s seres não procura<br />

ser feliz, não procura ser feliz porque não compreende a vida ou não a quer<br />

compreender. Uns deixam-se levar pela vaidade, vaidade que os cega, que<br />

os leva a to<strong>do</strong>s os atos indecorosos; outros deixam-se <strong>do</strong>minar pelo<br />

orgulho, orgulho mal cabi<strong>do</strong> que os torna prepotentes e déspotas, que<br />

impede que sejam justos e verdadeiros. Se o ser humano soubesse como<br />

seria feliz se pusesse de parte o seu "eu", para somente dar guarida ao seu<br />

espírito, ao seu pensamento para o bem, àquilo que é justo, que é direito,<br />

que é correto, que é bom, seria feliz. Porque, muitas vezes, o que leva à<br />

desgraça é o "eu" mal educa<strong>do</strong>, esse "eu" que obriga a ter ímpetos, esse<br />

"eu", que leva a criatura à prática de atos de que mais tarde se arrependerá.<br />

Dominem pois o "eu", sofreiem os seus ímpetos, eduquem a vontade<br />

por ser esse o dever de todas as criaturas que chegam a esta Casa, porque<br />

só assim conseguirão viver em paz.<br />

Aprendam a viver, saibam conter-se, saibam reprimir os impulsos para<br />

o mal, corrigir a vontade mal educada, ponham de parte a vaidade, a<br />

prepotência e o orgulho, porque são a causa da ruína espiritual e até<br />

material da humanidade.<br />

119


ESCLARECER-SE PARA SER FELIZ<br />

Ler, estudar, assimilar, compreender para tirar deduções acertadas é<br />

dever de to<strong>do</strong>s. Da compreensão resulta o bom entendimento.<br />

A incompreensão traz desarmonia, inquietação; quan<strong>do</strong> as criaturas<br />

sabem assimilar e compreender, tornam-se mais acessíveis, cordatas e<br />

sensatas, porque tu<strong>do</strong> encaram com serenidade e naturalidade.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> procura dar às criaturas o esclarecimento para<br />

garantir-lhes a estabilidade.<br />

A indiferença pelas coisas sérias da vida é um mal que, para ser<br />

debela<strong>do</strong>, leva tempo.<br />

O ignorante é sempre um infeliz, porque vê tu<strong>do</strong> pelo la<strong>do</strong> erra<strong>do</strong>, não<br />

compreende, não assimila. De sua incompreensão resultam deduções<br />

falhas. Comete erros, comete até crimes, pois, na sua ignorância, não<br />

enxerga, nem pode conceber a responsabilidade daquilo que pratica.<br />

O homem esclareci<strong>do</strong> é um forte. O homem sem preparo espiritual é<br />

um infeliz.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> tem a finalidade de preparar o homem para a<br />

luta, de ensinar às criaturas a viver e a fazer desaparecer a ignorância, para<br />

que saibam conduzir-se psíquica e materialmente à altura, como criaturas<br />

sãs, equilibradas e sensatas.<br />

Ter caráter é ter brio, é ter vergonha, é ter personalidade moral. Não<br />

possui caráter aquele que só sabe gritar, que diz desaforos, que impõe a<br />

sua vontade com despotismo, com arrogância. Possui caráter aquele que<br />

sabe se impor pelas suas qualidades morais e materiais.<br />

120


Dizem por aí que há uma grande crise de caráter na Terra. Não<br />

negamos que exista, porque vemos a humanidade, não pelo que exterioriza<br />

na sua face, no seu mo<strong>do</strong> de agir, mas pelo que pensa, pelo que deixa<br />

transparecer e refletir na sua aura.<br />

Há de fato uma grande crise de caráter, mas essa crise de caráter<br />

provém da falta de preparo espiritual, e, por conseguinte, da falta de<br />

educação.<br />

Os homens vêm sen<strong>do</strong> muito mal educa<strong>do</strong>s. A formação <strong>do</strong> caráter<br />

vem sen<strong>do</strong> defeituosíssima e, defeituoso o caráter, defeituosa é a formação<br />

moral. Por isso, razão tem o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> em insistir para que se<br />

eduque a criança, porque é da criança que depende o mun<strong>do</strong>.<br />

O caráter e a formação espiritual devem começar na infância, porque,<br />

quan<strong>do</strong> há princípios, embora os espíritos sejam rebeldes, embora se<br />

tornem homens e tenham seus defeitos, lá fica alguma coisa, uma semente<br />

boa cai em seus espíritos e, se essa semente acaba germinan<strong>do</strong>, ainda se<br />

pode aproveitar alguma coisa.<br />

Um espírito bem forma<strong>do</strong>, um caráter solidamente edifica<strong>do</strong> torna o<br />

homem forte e valoroso.<br />

Há seres que se queixam de não ter ti<strong>do</strong> quem os guiasse na vida, que,<br />

apesar de possuírem bons sentimentos e desejo de ser alguma coisa,<br />

sentem a falha da educação que receberam, e é uma pena se ver espíritos<br />

assim desprepara<strong>do</strong>s no mun<strong>do</strong>, porque, se possuem bons sentimentos, se<br />

possuem, portanto, elementos que poderiam ter si<strong>do</strong> cultiva<strong>do</strong>s por seus<br />

orienta<strong>do</strong>res, é lamentável que não tenham ti<strong>do</strong> orientação adequada.<br />

É necessário, pois, que os pais se lembrem disso. De que mais tarde os<br />

filhos podem queixar-se da falta de orientação, da má formação <strong>do</strong> caráter<br />

por parte <strong>do</strong>s pais.<br />

121


O mun<strong>do</strong> precisa de seres de valor e honra, porque, infelizmente, há<br />

muita e muita falta deles. Os homens de valor, desprendi<strong>do</strong>s e desejosos de<br />

acertar, encontram dificuldades, por faltar-lhes quem os auxilie, sustente<br />

suas opiniões e possa cumprir o seu programa.<br />

Os homens intrépi<strong>do</strong>s, destemi<strong>do</strong>s e valorosos são poucos e esses<br />

precisam de quem os auxilie.<br />

Haja, portanto, cuida<strong>do</strong> <strong>do</strong>s pais que nos lêem em bem formar o<br />

caráter <strong>do</strong>s seus filhos para que amanhã, se não forem os grandes homens<br />

que o mun<strong>do</strong> reclama, se não forem os "cabeças" ou os orienta<strong>do</strong>res <strong>do</strong>s<br />

povos, possam vir a ser os bons auxiliares desses homens a quem cabe a<br />

responsabilidade de orientar e guiar outros homens.<br />

Procurem educar os filhos ten<strong>do</strong> orgulho de os ver homens feitos,<br />

possui<strong>do</strong>res de moral, de bom senso e de caráter bem forma<strong>do</strong>.<br />

Será esse o grande prêmio que os pais terão!<br />

122


ESPIRITUALIZAÇÃO, ÚNICA VIA PARA A FELICIDADE<br />

Entre os seres humanos existe uma multiplicidade de temperamentos,<br />

de inclinações, de gênios, enfim uma infinidade de pequenas coisas que<br />

precisam ser tomadas em consideração, para que o espírito possa terminar<br />

com êxito sua estada neste mun<strong>do</strong>.<br />

Os temperamentos, as maneiras de pensar <strong>do</strong>s seres diferem<br />

consideravelmente de uns para os outros.<br />

Não se pode obrigar outrem a pensar como A ou B. O principal é fazer<br />

compreender aos espíritos a necessidade de se esclarecerem para<br />

<strong>do</strong>minarem seus ímpetos, para educarem sua vontade. Quem possui a<br />

vontade educada para o bem pode ter o temperamento que tiver, porque se<br />

<strong>do</strong>minará e se manterá sempre neste mun<strong>do</strong> com equilíbrio.<br />

A falta de orientação espiritual leva as criaturas a praticarem atos<br />

condenáveis, a tornarem-se indesejáveis, enfim, a viverem infelizes.<br />

O esclarecimento espiritual é uma necessidade para to<strong>do</strong>s os seres,<br />

porque a humanidade ignorante das coisas espirituais, das coisas<br />

transcendentes, não dá a devida importância à vida, descontrola-se, só vê<br />

com os olhos materiais, mas na hora <strong>do</strong> perigo quer segurar-se a tu<strong>do</strong>.<br />

As criaturas devem saber bastar-se a si próprias, mas saberem também<br />

que há uma Força invisível, que não é vista nem apalpada, mas que exerce<br />

uma influência considerável sobre o espírito. Dê-se, pois, valor às coisas<br />

transcendentais, às coisas espirituais, que muita gente despreza e de que<br />

até ri. Não sabem o mal que estão fazen<strong>do</strong>, e é por isso que muita gente<br />

sofre e não sabe por quê.<br />

Se não fossem os princípios religiosos a impedir as criaturas de<br />

raciocinarem, de estudarem, de discernirem, de buscarem a Verdade,<br />

estamos certos de que a maioria seria, hoje, esclarecida.<br />

123


Há muitos espíritos revolta<strong>do</strong>s, sequiosos de algo fazerem diferente<br />

daquilo que está feito, mas os princípios religiosos, estéreis que são,<br />

impedem que rompam os preconceitos, quebrem as cadeias e possam<br />

livremente estudar, perscrutar aquilo que seus espíritos buscam.<br />

É <strong>do</strong> esclarecimento espiritual que depende a felicidade <strong>do</strong> ser<br />

humano. Uma criatura esclarecida é feliz, passa a compreender a vida com<br />

naturalidade, enfrenta os problemas da vida, por mais difíceis, por mais<br />

árduos, por mais pesa<strong>do</strong>s que sejam, com serenidade. Tu<strong>do</strong> estuda para<br />

resolver dentro da razão e <strong>do</strong> bom senso, possuirá sempre lucidez, razão<br />

esclarecida, não se amedrontará, não terá receio de coisa alguma, porque<br />

sabe que cada um é aquilo que quer ser e que quem bem faz para si o faz.<br />

Enfrenta as dificuldades, vence pelo pensamento bem irradia<strong>do</strong>, possui<br />

uma vontade férrea e bem educada, sabe que, como esclarecida, tem por<br />

dever saber sofrer, saber lutar e dessa luta sair vitoriosa.<br />

Quem é esclareci<strong>do</strong> tem possibilidade de resolver os mais intrinca<strong>do</strong>s<br />

problemas da vida. O pior, porém, é que há muita gente que não quer ser<br />

esclarecida, e não o quer ser porque não lhe convém abdicar <strong>do</strong>s seus<br />

princípios errôneos, abdicar de seus vícios, de sua pusilanimidade, de sua<br />

in<strong>do</strong>lência espiritual, de sua preguiça mental. Não quer fazer esforço para<br />

raciocinar, não quer modificar os pensamentos, continua entregue ao seu<br />

"eu", à sua vontade, não quer aceitar a Verdade nem reconhece a<br />

necessidade de procurar emendar-se, enveredan<strong>do</strong> por caminho mais<br />

direito, mais correto, que lhe poderá trazer, às vezes, sacrifício, mas<br />

também maiores vantagens.<br />

Alguns desses, ainda presos à lei <strong>do</strong> mínimo esforço, preferem<br />

continuar erra<strong>do</strong>s, ignorantes, e, portanto, infelizes, porque não encontram<br />

em seus espíritos, nos pensamentos e na vontade, a resistência para os<br />

males e as misérias que os podem acometer durante uma existência<br />

inglória e infeliz.<br />

124


Não pouparemos esforços para irradiar luz sobre a humanidade,<br />

embora saibamos que muita gente não quer se esclarecer, porque, como já<br />

dissemos, não lhes convém. Mas, mesmo assim, nós continuaremos<br />

explanan<strong>do</strong> os nossos Princípios, esperan<strong>do</strong> que a semente que lançamos<br />

encontre terreno fértil, onde possa medrar, crescer e frutificar.<br />

Eis o que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> deseja, eis o que pretendemos da<br />

humanidade. Não queremos adeptos nem crentes, mas, sim, esclareci<strong>do</strong>s e<br />

fortes de vontade para seu bem próprio.<br />

125


EVITANDO FRACASSOS<br />

A evolução <strong>do</strong> espírito faz-se a partir <strong>do</strong>s conhecimentos que vai<br />

incorporan<strong>do</strong> na medida <strong>do</strong> seu crescimento físico, <strong>do</strong> estu<strong>do</strong> processa<strong>do</strong><br />

nas escolas e também na luta pela vida.<br />

Nenhum espírito pode evoluir sem cuidar <strong>do</strong> desenvolvimento mental.<br />

A ignorância atrofia a mente, impede o desenvolvimento da inteligência e,<br />

sem compreender, sem discernir, sem desenvolver a inteligência, o espírito<br />

não pode progredir. O seu progresso depende também <strong>do</strong> desenvolvimento<br />

intelectual. Esclarecen<strong>do</strong> as criaturas, nós desenvolvemos nelas aquelas<br />

qualidades que ativam o seu progresso.<br />

Quan<strong>do</strong> o espírito começa a discernir, a se desenvolver, a investigar,<br />

quan<strong>do</strong> começa, enfim, a beber conhecimentos que até então desconhecia,<br />

passa então a dar valor àquilo que ele próprio possuía, mas que ignorava,<br />

desconhecia.<br />

Combater a ignorância é um dever que assiste a to<strong>do</strong>s que são mais<br />

esclareci<strong>do</strong>s, porque desse combate resulta o progresso, a felicidade<br />

espiritual <strong>do</strong>s seres que vivem agrestemente, sem noção <strong>do</strong> dever, sem<br />

compreensão <strong>do</strong> que seja a vida. Sem esse conhecimento a criatura não<br />

progride, vegeta, passa por este mun<strong>do</strong> sem aproveitar o seu precioso<br />

tempo.<br />

Há necessidade, portanto, de fazer desaparecer a ignorância, que é o<br />

maior mal da humanidade.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> vem há muitos anos combaten<strong>do</strong> a ignorância<br />

e é de se lamentar que muitos daqueles que freqüentam as nossas Casas<br />

não queiram compreender a finalidade desta Doutrina. Ela não é uma<br />

religião a alimentar sentimentos religiosos, enfermiços, que tornam as<br />

126


criaturas covardes, desconhecen<strong>do</strong> que possuem em si mesmas o valor e a<br />

defesa contra o mal. O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, portanto, não é uma religião,<br />

nem tem princípios <strong>do</strong>utrinários que alimentem a fraqueza humana.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> esteia-se em Força e Matéria, tem sãs teorias<br />

de moral, ensina o homem a vencer-se a si próprio, estimula-o a estudar, a<br />

investigar, a compreender a vida, a ser forte e valoroso.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer que a criatura se defenda a si própria,<br />

que não esteja atida nem à nossa proteção, porque nós não pretendemos<br />

proteger ninguém. Esclarecemos, preparan<strong>do</strong> os espíritos para a luta pela<br />

vida, dan<strong>do</strong>-lhes valor e coragem, incutin<strong>do</strong> neles a disciplina <strong>do</strong>s<br />

Princípios que são o seu baluarte, a sua força, a sua resistência. Quan<strong>do</strong> as<br />

criaturas nos compreenderem e se dispuserem a ser aquilo que lhes<br />

ensinamos, estamos certos de que se tornarão valorosas, verdadeiramente<br />

esclarecidas.<br />

Se houvesse melhor compreensão da vida, se as criaturas se<br />

dispusessem a analisar fatos, a investigar, para poderem, então, concluir<br />

com acerto, muitos e muitos fracassos seriam evita<strong>do</strong>s.<br />

O mal <strong>do</strong>s seres é viverem ator<strong>do</strong>adamente, atirarem-se ao mun<strong>do</strong> sem<br />

tino e sem compreensão, sem pesarem nem medirem conseqüências,<br />

muitos por espírito de imitação apenas.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer fazer compreender àqueles que procuram<br />

as nossas Casas que to<strong>do</strong>s devem ter opinião própria, personalidade e<br />

agirem como seres equilibra<strong>do</strong>s.<br />

A confiança que cada um deve depositar em si será a sua garantia. Não<br />

se deve estar à espera de ninguém, nem de proteção divina, de santos e<br />

quejan<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong>s devem bastar-se para se protegerem a si próprios, e essa<br />

proteção cada um encontrará no seu pensamento equilibra<strong>do</strong>, pois não<br />

127


devem se esquecer de que é no pensamento que está o segre<strong>do</strong> de to<strong>do</strong><br />

êxito. Pensan<strong>do</strong> sempre com elevação, pensan<strong>do</strong> com dignidade, pensan<strong>do</strong><br />

sempre com valor se alcança a felicidade.<br />

O ser humano infelicita-se pelos pensamentos, porque avoluma<br />

sofrimentos, quan<strong>do</strong> não os engendra. Um pensamento pessimista, um<br />

pensamento de dúvida, um pensamento de vacilação é, invariavelmente,<br />

um veículo de infelicidade, avassalamento e fracasso espiritual.<br />

Aquele que sabe pensar e sabe guiar-se pelos bons pensamentos é<br />

vitorioso em to<strong>do</strong>s os empreendimentos. Luta, sim, porque a vida <strong>do</strong><br />

homem na Terra é de lutas, mas por mais árdua que seja a luta, desde que<br />

os pensamentos sejam fortes e valorosos, vence essa luta.<br />

Não queremos que os seres vivam por viver. Desejamos que tenham<br />

noção <strong>do</strong> que seja a vida, <strong>do</strong> valor dessa vida. Queremos que to<strong>do</strong>s se<br />

convençam de que este mun<strong>do</strong> não é um Paraíso onde a criatura se<br />

encontra somente para gozar. É um mun<strong>do</strong> de lutas, de sofrimentos, de<br />

apreensões, mas essas lutas serão sábias quan<strong>do</strong> as souberem vencer. Os<br />

sofrimentos serão ameniza<strong>do</strong>s e as apreensões diminuirão também. Saibam<br />

agir com equilíbrio, saibam ter confiança, valor e a vida se lhes tornará<br />

melhor.<br />

Não admitimos pensamentos pessimistas, não admitimos pensamentos<br />

enfermiços, condenamos tu<strong>do</strong> que venha enfraquecer o espírito. Uma<br />

criatura disposta a viver, disposta a vencer, disposta pelos seus<br />

pensamentos a agir com equilíbrio é vitoriosa, é feliz.<br />

Aprendam, portanto, a viver. Saibam ser homens e mulheres, saibam<br />

trabalhar, saibam lutar, pois tu<strong>do</strong> vencerão e serão felizes!<br />

128


EVOLUÇÃO SEM MEDO<br />

O cuida<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> ser humano deveria ser o de conhecer-se a si<br />

próprio como espírito e matéria, porque conhecen<strong>do</strong>-se, reconheceria os<br />

seus defeitos e as suas qualidades e nunca perderia a oportunidade para<br />

aumentar as suas boas qualidades e corrigir-se <strong>do</strong>s seus defeitos.<br />

Ninguém é perfeito neste mun<strong>do</strong>, o espírito quan<strong>do</strong> vem encarnar o<br />

faz para processar a sua evolução espiritual, porque possui imperfeições e<br />

quer resgatá-las, e essas imperfeições devem ser corrigidas para que o<br />

espírito consiga satisfazer a sua finalidade na Terra. O mal de muita gente<br />

é não se conhecer, e não se conhecen<strong>do</strong>, ela se envaidece, julga-se muito<br />

importante e não faz o mais pequenino esforço para corrigir os seus<br />

defeitos. As imperfeições são próprias da Terra, mas alimentá-las<br />

conscientemente, não é natural, chega a ser crime espiritual.<br />

To<strong>do</strong>s têm que evoluir, porque as leis da evolução <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> assim<br />

obrigam. Toda criatura que não quiser acompanhar o progresso <strong>do</strong> mun<strong>do</strong><br />

demonstra ter muita in<strong>do</strong>lência espiritual, carrancismo, ser retrógrada.<br />

Hoje, não se vive como se vivia ontem. A própria criança demonstra<br />

àqueles que a vão observan<strong>do</strong> que ela não é idêntica àquela criança de<br />

ontem. É que o espírito vem evoluin<strong>do</strong> e, na evolução que ele vem<br />

fazen<strong>do</strong>, adquiriu conhecimentos, experiências que demonstra, então, na<br />

sua atividade, na sua argúcia, na sua compreensão rápida, nas deduções<br />

acertadas com que assombram os pais e os avós.<br />

Se a evolução é um fato, por que razão não estudar a vida fora da<br />

matéria, essa ciência que não deve somente preocupar aqueles que<br />

estudam o espiritismo? Ela deve preocupar to<strong>do</strong>s aqueles que estudam, que<br />

possuem cultura, que desejam enriquecer a inteligência com<br />

conhecimentos que satisfaçam ao espírito.<br />

129


Das coisas materiais muito se tem cuida<strong>do</strong>, mas das coisas espirituais<br />

poucos são aqueles que se interessam.<br />

A lei de atração é um fato. E é dentro dela que é explicada a afinidade<br />

espiritual que existe entre certas criaturas e que os materialistas não sabem<br />

explicar. Essa atração, toda natural, que há entre criaturas que não são da<br />

mesma família, que não pertencem, portanto, ao mesmo grupo familiar e<br />

que, no entanto, se sentem atraídas umas para as outras, atesta afinidade,<br />

demonstra que o grau de espiritualidade se aproxima.<br />

Há tanta coisa a desvendar e que seria fácil reconhecer, se<br />

procurassem dar mais importância às coisas espirituais, àquilo que não se<br />

vê e não se apalpa, mas que existe, porque as criaturas sentem, sem<br />

saberem dar explicação.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é Doutrina que deseja esclarecer a<br />

humanidade. Não tem a pretensão de criar adeptos, quer despertar as<br />

criaturas fazen<strong>do</strong>-as ver claro na vida, para que sigam pelo melhor<br />

caminho neste mun<strong>do</strong>, dan<strong>do</strong> valor às coisas <strong>do</strong> espírito, saben<strong>do</strong> se<br />

defender espiritualmente.<br />

As criaturas sofrem as conseqüências da sua ignorância espiritual.<br />

Avassalam-se, porque não têm em si aquela defesa, aquela força que as faz<br />

afastar o mal.<br />

To<strong>do</strong>s devem se esclarecer para saberem conhecer e dar valor à vida.<br />

Há muita gente que vive por viver e, ao ser apanhada de surpresa por<br />

uma má notícia, não possui a resistência precisa para suportar o seu peso.<br />

É, pois, <strong>do</strong> preparo espiritual que depende o êxito <strong>do</strong> espírito neste<br />

mun<strong>do</strong>. Sem esse preparo podem os espíritos fracassar, e assim tem<br />

aconteci<strong>do</strong> com muita gente considerada experiente, mas nem a<br />

130


inteligência, nem a experiência impediram que fracassassem e isso, tão<br />

somente, por lhes faltar o preparo que dá valor, que dá coragem,<br />

desprendimento, que ensina a criatura a ver a vida como de fato ela é.<br />

Quan<strong>do</strong> as criaturas tiverem recebi<strong>do</strong> esclarecimento, terão valor,<br />

desprendimento e coragem para saírem vitoriosas em seus<br />

empreendimentos. Saberão passar por todas as vicissitudes sem se<br />

deixarem abater, suportarão as tempestades que sobre elas se<br />

desencadearem, sem temores e sem receios.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> prepara a humanidade para a luta, para resistir<br />

ao sofrimento, à <strong>do</strong>r. Uma criatura esclarecida tem consigo as armas<br />

necessárias para se defender <strong>do</strong>s inimigos que porventura queiram alvejála.<br />

A criatura preparada não será nunca apanhada de surpresa, tu<strong>do</strong><br />

esperará e nada, absolutamente nada, a amedrontará.<br />

Há seres que têm me<strong>do</strong> de tu<strong>do</strong>, até da sua própria sombra; esses seres<br />

são uns infelizes e estão sempre à mercê das forças inferiores e facilmente<br />

se deixarão avassalar. Não se deve ter me<strong>do</strong>. O receio é uma <strong>do</strong>ença<br />

perigosa, porque atrai, de fato, outras <strong>do</strong>enças. A criatura que tem receio<br />

da enfermidade "a", "b" e "c", acaba fican<strong>do</strong> com essa enfermidade. O<br />

pensamento é tu<strong>do</strong>. É pelo pensamento que a criatura atrai o mal, assim<br />

como também pode repelir o mal e atrair o bem.<br />

O astral inferior espreita as criaturas e, por afinidade de pensamentos,<br />

é que se aproxima <strong>do</strong>s encarna<strong>do</strong>s para intuí-los e avassalá-los com os seus<br />

flui<strong>do</strong>s deletérios. Ele começa a engendrar na sua mente aquilo que irá<br />

aumentar os seus receios, dan<strong>do</strong> os sintomas da enfermidade que receia.<br />

Isso é uma coisa importantíssima à qual ninguém dá importância.<br />

O pensamento reflete na aura da criatura aquilo que ela pensa e por<br />

esse pensamento as forças inferiores, que se quedam na atmosfera da Terra<br />

131


em perturbação, se aproximam daqueles que pensam identicamente, e<br />

assim vão avassalan<strong>do</strong>, pouco a pouco, minuto a minuto, hora a hora, dia a<br />

dia, até conseguirem totalmente o avassalamento.<br />

As criaturas, portanto, muitas vezes enfermam por culpa da sua<br />

ignorância, da sua fraqueza espiritual, e é combaten<strong>do</strong> essa fraqueza, é<br />

esclarecen<strong>do</strong> as criaturas que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> as livra de to<strong>do</strong>s os<br />

males, as prepara para a luta pela vida, porque ninguém neste mun<strong>do</strong> está<br />

isento de sofrimentos, de <strong>do</strong>res, de choques morais, de sofrimentos físicos.<br />

Para tu<strong>do</strong> na vida é preciso preparo espiritual. O espírito prepara<strong>do</strong> não se<br />

deixa avassalar, não se deixa abater, não deixa quebrar a sua energia.<br />

É preciso preparo espiritual e esse preparo o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> dá<br />

àqueles que procuram as suas Casas.<br />

132


EXERCÍCIO DO LIVRE-ARBÍTRIO<br />

Há muita gente que está habituada a que lhe falem ao paladar e por<br />

isso não gosta da Verdade que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> explana em suas<br />

Casas, com o fito exclusivo de esclarecer e livrar da ignorância as<br />

criaturas.<br />

Esta Doutrina se impõe pela Verdade, ela procura esclarecer e elevar,<br />

espiritualmente, as criaturas. Aqueles que explanam os seus princípios não<br />

se desviam da disciplina e tu<strong>do</strong> fazem para que a humanidade desperte<br />

para uma nova vida e se revolte contra o embuste e a hipocrisia que têm<br />

causa<strong>do</strong> tantos males. Os explana<strong>do</strong>res <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> dizem<br />

verdades que nem sempre agradam, isto porque a verdade fere, mas cura.<br />

Ferin<strong>do</strong>, obriga a criatura a sentir a vida e a raciocinar melhor. Quantas e<br />

quantas vezes daqui saem criaturas que foram feridas pela verdade, mas,<br />

ao chegarem à sua casa e rememoran<strong>do</strong> fatos, recordan<strong>do</strong> casos passa<strong>do</strong>s,<br />

chegam à conclusão de que houve razão no que aqui foi dito e daí em<br />

diante passam ser outras e criam disciplina nos seus lares.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer a humanidade esclarecida, consciente<br />

daquilo que é e <strong>do</strong> que deve ser para combater a fraqueza espiritual,<br />

porque esta é a causa <strong>do</strong>s maiores males que a atacam. Uma vez<br />

esclarecida, saberá dar combate à mentira, porque ela foi sempre um<br />

cancro a corroer o moral da humanidade.<br />

Combata-se o fanatismo, seja ele qual for. O fanático dá má nota de<br />

sua inteligência, atesta pouco raciocínio e nenhuma compreensão. A<br />

criatura esclarecida não pode ser fanática; ela tu<strong>do</strong> vê, tu<strong>do</strong> observa e<br />

analisa com inteligência e raciocínio. O fanatismo enfraquece o espírito,<br />

desnorteia o livre-arbítrio e a vontade.<br />

A criatura fanática não tem vontade, aceita aquilo que "a", "b" e "c"<br />

lhe impingem, aceita como certo aquilo que os seus mentores lhe dizem.<br />

133


O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer que a criatura pense e raciocine. No<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> a criança tem liberdade para raciocinar e poder dizer<br />

aos pais aquilo que sente, não há coação por parte <strong>do</strong>s pais esclareci<strong>do</strong>s. O<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer o adulto com sua personalidade, saben<strong>do</strong> o que<br />

quer e como deve pensar e agir, sen<strong>do</strong> o responsável pelos seus atos.<br />

Se o mun<strong>do</strong> caminha para o progresso espiritual e se há muito<br />

progresso material, por que razão não dar à criatura a liberdade de pensar,<br />

de deduzir, de tirar as suas conclusões, de desvendar os chama<strong>do</strong>s<br />

mistérios, de conhecer a fun<strong>do</strong> os <strong>do</strong>gmas, para, enfim, ter a certeza da<br />

Verdade?<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> deseja despertar a humanidade, seja ela<br />

religiosa ou não, tenha ti<strong>do</strong> uma educação religiosa ou não, tu<strong>do</strong> isso<br />

pouco nos importa. Se ela quiser aceitar, sem ofensa, sem se escandalizar,<br />

sem me<strong>do</strong> <strong>do</strong> inferno, sem se espantar com aquilo que ouve, que aceite; se<br />

não quiser, que continue ignorante, mas de uma coisa estamos certos; é<br />

que ela dirá sempre que no Redentor existe uma Doutrina diferente, uma<br />

Doutrina que diz a Verdade sem receio, com desassombro, que diz o que<br />

sente e que, portanto, é digna da consideração e <strong>do</strong> respeito de to<strong>do</strong>s.<br />

Eis o que nós desejamos que sintam, e como não fazemos obra só para<br />

o presente, mas, sim, para o futuro, esperamos que aqueles espíritos que<br />

hoje vêm reencarnan<strong>do</strong>, aqueles espíritos que já dão demonstração da sua<br />

inteligência, da sua sagacidade, esperteza, discernimento e até de uma<br />

certa independência, aproveitem as lições que damos, as lições que outros<br />

continuarão a dar, para compreenderem e viverem melhor <strong>do</strong> que aqueles<br />

que, na época presente, apesar de inteligentes, apesar de certa cultura,<br />

desprezam.<br />

É uma coisa natural e que a nós, absolutamente, não surpreende. É<br />

natural, porque, felizmente, aquilo que se grava em criança, dificilmente se<br />

esquece, e os adultos de hoje tiveram, naturalmente, quem gravasse nos<br />

134


seus espíritos isso, responden<strong>do</strong> àquele dita<strong>do</strong> conheci<strong>do</strong> que diz que<br />

"ensinar em criança é gravar em mármore", o que é um fato.<br />

E esses tiveram, naturalmente, quem lhes gravasse nesse mármore<br />

aqueles princípios que não podem esquecer e que eles sentem eternamente<br />

e que dificilmente serão expurga<strong>do</strong>s <strong>do</strong> mármore da sua memória.<br />

Se muitas coisas que dizemos, se muitas lições verdadeiras que aqui<br />

são ditas não são bem recebidas, estamos certos de, no futuro, aqueles<br />

espíritos a que já nos referimos, irão aproveitá-las e muito, porque viverão<br />

despi<strong>do</strong>s dessa ignorância, viverão, portanto, independentes, argutos e<br />

perspicazes, porque não aceitarão mais aquilo que não tenha explicação<br />

racional e científica, aquilo que a sua inteligência, que o seu raciocínio,<br />

que os seus sentimentos sãos, repilam.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é uma Doutrina diferente e que muita gente<br />

não compreende, disso temos a certeza. Para nos compreenderem é preciso<br />

levarem a mente longe, é preciso pôr de la<strong>do</strong> to<strong>do</strong> o misticismo, to<strong>do</strong> o<br />

fanatismo, toda a vaidade, to<strong>do</strong> o preconceito; enquanto isso não se der,<br />

não seremos bem compreendi<strong>do</strong>s, assim como não o serão os nossos<br />

Princípios.<br />

É por isso que aconselhamos àqueles que vêm às nossas Casas para<br />

que formem ambiente para os espíritos que virão encarnar no seu meio,<br />

para que eles possam, assim, encontrar facilidade para melhor<br />

compreenderem e melhor se aprofundarem no estu<strong>do</strong> da vida.<br />

135


FALAR AOS ESPÍRITOS<br />

Há muito pouco tempo vem a humanidade se interessan<strong>do</strong> pelas coisas<br />

<strong>do</strong> espírito; há bem pouco tempo se vem dan<strong>do</strong> importância ao<br />

pensamento; até, então, desconhecia-se o valor desse grande fator da<br />

felicidade ou infelicidade, da saúde ou da <strong>do</strong>ença, pois é no pensamento<br />

que está a garantia <strong>do</strong> ser humano. É o pensamento bem vibra<strong>do</strong>, o<br />

pensamento eleva<strong>do</strong> que dá êxito à criatura, que lhe aviva a inteligência,<br />

que lhe desanuvia o raciocínio, que lhe dá, enfim, valor.<br />

Só não vencem os fracos, os pusilânimes, os covardes. A criatura que<br />

sabe dar valor ao pensamento age sempre com elevação e certa de que,<br />

com vontade forte e bem irradiada, chegará à vitória, ao bom êxito em<br />

to<strong>do</strong>s os seus empreendimentos.<br />

Ninguém deve-se julgar incapaz na luta pela vida; to<strong>do</strong>s devem ter<br />

orgulho de se fazerem por si próprios, pelo seu trabalho bem dirigi<strong>do</strong>.<br />

To<strong>do</strong>s devem-se esforçar por vencer, por ter êxito, e não pode vencer, não<br />

pode ter êxito na vida aquele que não sabe pensar com elevação, que não<br />

sabe dar valor a si mesmo, que não é constante nas suas idéias e nos seus<br />

empreendimentos.<br />

Milagres e proteção não existem. O que existe é o esforço da criatura<br />

em ação e conformidade com as leis que regem o Universo.<br />

Não se pode mais viver, numa época como esta, de ilusões, de<br />

mistérios, de milagres e de fantasias. As criaturas têm por obrigação<br />

conhecer a vida real, e esta demonstra progresso e atividade, e obriga o ser<br />

a pensar e a raciocinar, a desenvolver a sua inteligência.<br />

Só não pensa acertadamente a criatura avassalada, porque o seu<br />

pensamento está atrofia<strong>do</strong>, os obsessores tomaram conta dela e tornaramna<br />

inconsciente, portanto; mas as criaturas sensatas são equilibradas,<br />

garantem-se e defendem-se pelo pensamento. O pensamento é tu<strong>do</strong>, é ele o<br />

136


segre<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> o êxito. As criaturas pessimistas possuem pensamentos de<br />

fraqueza e avolumam, aumentam as suas dificuldades pelo pensamento<br />

<strong>do</strong>entio, de ódio, de inveja e de ciúme. Essas criaturas são infelizes, não<br />

podem gozar daquela felicidade relativa a que to<strong>do</strong>s têm direito neste<br />

mun<strong>do</strong>.<br />

É preciso, portanto, dar mais valor ao pensamento, saben<strong>do</strong>-se que é<br />

com ele que to<strong>do</strong>s podem vencer as suas dificuldades.<br />

Aprenda-se, pois, a pensar, mas a pensar como criaturas dignas e<br />

valorosas, que pensam sempre bem, que pensam em vencer, em lutar, em<br />

progredir, e não e nunca em se acomodarem às situações.<br />

É preciso que to<strong>do</strong>s se convençam de que vieram a este mun<strong>do</strong> para<br />

lutar e não para estacionarem.<br />

Na vida, to<strong>do</strong>s os seres devem cultivar a arte de bem viver e, no<br />

entanto, muita gente a despreza. Para bem viver torna-se necessário que as<br />

criaturas abdiquem, algumas vezes, de certos e determina<strong>do</strong>s feitios, e se<br />

tornem ponderadas e simples, que não sejam teimosas e irônicas, que não<br />

queiram impor quan<strong>do</strong> por elas não falam os bons exemplos. Não são as<br />

palavras, não são as expressões, as discussões acaloradas, não são as<br />

opiniões dadas em voz alta que demonstram princípios <strong>do</strong>utrinários, que<br />

demonstram convicção e valor, mas, sim, o exemplo, porque esse fala mais<br />

alto.<br />

De palavras está farta a humanidade; o que é preciso é falar aos<br />

espíritos, despertá-los para que comecem a encarar a vida por um prisma<br />

mais eleva<strong>do</strong> e mais espiritual. To<strong>do</strong>s seriam felizes se deixassem de la<strong>do</strong><br />

o "eu" ofendi<strong>do</strong>, a vontade mal-educada, os caprichos, as idéias<br />

preconcebidas, o espírito de prevenção, pois tu<strong>do</strong> isso causa grandes<br />

males.<br />

137


Pugnamos pela explanação da verdade; ela tornará o homem livre de<br />

preconceitos e convenções, mas a verdade que dizemos não vai ferir, vai<br />

apenas despertar, alertar os espíritos, indican<strong>do</strong>-lhes a melhor maneira de<br />

se conduzirem neste mun<strong>do</strong>.<br />

Aprendam, pois, a viver para serem felizes e gozarem paz de espírito,<br />

que é a maior felicidade que o ser humano pode possuir.<br />

138


GRAUS DE ESPIRITUALIDADE<br />

Os graus de espiritualidade diferem. Daí, a diferença entre os<br />

temperamentos <strong>do</strong>s próprios seres componentes da mesma família. Há<br />

diversos gênios, diversas inclinações, umas boas, outras más, gênios<br />

exalta<strong>do</strong>s e modera<strong>do</strong>s, e, no entanto, pertencentes to<strong>do</strong>s a uma mesma<br />

família. É que não é o sangue que fala, não é o corpo, não é a matéria que<br />

tem aí preponderância, mas, sim, o espírito. São por vezes to<strong>do</strong>s filhos <strong>do</strong><br />

mesmo pai e da mesma mãe e, portanto, possui<strong>do</strong>res <strong>do</strong> mesmo sangue,<br />

vivem debaixo <strong>do</strong> mesmo teto, recebem a mesma educação. Sen<strong>do</strong><br />

diferente, o espírito reflete sempre a sua espiritualidade na maneira de<br />

pensar, na maneira de agir, no temperamento, enfim.<br />

Há espíritos rebeldes, difíceis de serem educa<strong>do</strong>s e há outros dóceis,<br />

maleáveis; há espíritos que, apesar da educação ser a mesma, com a<br />

mesma severidade, ou mesma <strong>do</strong>çura, tornam-se sempre irritadiços,<br />

revolta<strong>do</strong>s, porque o seu temperamento espiritual assim o exige. Razão por<br />

que recomendamos àqueles que têm filhos, para bem educá-los,<br />

observan<strong>do</strong>-lhes o temperamento, e não fazer uma regra geral na sua<br />

educação. Se um é leva<strong>do</strong> de uma maneira, outro não pode ser leva<strong>do</strong> da<br />

mesma maneira; é preciso estudá-los nas suas inclinações e no seu<br />

temperamento. Pode parecer de somenos importância esse fato, mas tem<br />

tanta e tanta importância na formação de um caráter que to<strong>do</strong>s os pais<br />

devem ter o máximo cuida<strong>do</strong> de observar. Exigir que to<strong>do</strong>s os filhos sejam<br />

obedientes como foi o mais velho, como foi o segun<strong>do</strong> ou o terceiro, ou o<br />

último, é um erro. Não devem exigir. Devem, sim, conseguir de certa<br />

maneira, de certo mo<strong>do</strong>, com certo jeito que eles sejam obedientes.<br />

Se um obedece facilmente e o outro é teimoso e foge à obediência,<br />

procure o pai ou a mãe a maneira mais fácil de fazer com que esse filho se<br />

torne obediente, falan<strong>do</strong>-lhe à alma, ao espírito; se ele não vai com<br />

139


severidade, irá, naturalmente, com <strong>do</strong>çura, tocan<strong>do</strong>-lhe na corda sensível e<br />

ninguém melhor <strong>do</strong> que a mãe, a mãe experiente, sabe fazer isso.<br />

A educação de uma criança não é tão fácil como parece. A mãe,<br />

principalmente, que está em convívio com os filhos, desde manhã até a<br />

noite, pode observar melhor, e assim também melhor guiá-los.<br />

Há nos arroubos infantis muitas coisas a observar; é desses arroubos<br />

que os pais tiram os elementos de que carecem para bem formarem o seu<br />

caráter. E notem bem que da formação <strong>do</strong> caráter de um espírito depende a<br />

sua felicidade futura, o seu êxito na vida.<br />

Há muita gente que desconhece o valor da espiritualidade e muita<br />

gente até que despreza a espiritualidade, porque vive uma época<br />

puramente materialista, onde o materialismo embota o raciocínio e a razão,<br />

onde o gozo perturba os senti<strong>do</strong>s, onde a vida turbulenta, desenfreada,<br />

torna os homens bastante materializa<strong>do</strong>s, mas a espiritualidade na vida <strong>do</strong>s<br />

seres tem uma importância considerável. É no espírito que reside tu<strong>do</strong>, é o<br />

espírito que movimenta o corpo, o espírito é luz, é inteligência, veio<br />

encarnar para fazer algo, não veio para perder o seu tempo, pois, muitas<br />

vezes, um espírito perde uma encarnação preciosa somente porque não<br />

encontrou na Terra quem o soubesse guiar, quem o soubesse instruir, quem<br />

o soubesse encaminhar para a vida.<br />

É um crime ter-se um espírito superior sob a sua tutela e não se fazer<br />

tu<strong>do</strong> para que vença, para que progrida, para que seja feliz.<br />

A espiritualidade deve ser encarada, não sob o aspecto <strong>do</strong> espiritismo,<br />

que muita gente procura por curiosidade ou para satisfazer um desejo, uma<br />

vontade absurda qualquer. A vida fora da matéria, a vida psíquica, o valor<br />

<strong>do</strong> pensamento têm mais importância para aqueles que estudam e<br />

raciocinam, para aqueles que se interessam pelas coisas espirituais.<br />

140


Materialmente, tu<strong>do</strong> se vê, tu<strong>do</strong> se explica, porque se pode apalpar,<br />

mas espiritualmente, só se pode ver, só se pode sentir quan<strong>do</strong> se procura<br />

investigar e quan<strong>do</strong> se procura estudar com afinco. Vemos a humanidade<br />

tão embrutecida, tão esquecida de que possui em si uma centelha de Luz!<br />

É preciso que a humanidade se convença de que, enquanto for<br />

puramente materialista, não pode progredir, não pode se sentir feliz, não<br />

pode gozar daquela paz de espírito que só gozam aqueles bem forma<strong>do</strong>s e<br />

que têm a consciência <strong>do</strong> dever cumpri<strong>do</strong>.<br />

Trate, pois, cada um de sua espiritualidade. Procurem dar aos seus<br />

filhos a educação de que eles carecem, ven<strong>do</strong> neles não somente os<br />

pedacinhos de carne, mas os espíritos que prometem, espíritos que<br />

merecem um futuro risonho, de paz, de tranqüilidade espiritual e de<br />

progresso.<br />

Estudai-os bem e levantai o seu espírito para que possam gozar de paz<br />

espiritual.<br />

141


IGNORÂNCIA DA VERDADE<br />

Combater a ignorância é um grande bem presta<strong>do</strong> à humanidade. A<br />

ignorância tem si<strong>do</strong> a única causa de to<strong>do</strong>s os males que vêm<br />

corrompen<strong>do</strong>, obsedan<strong>do</strong> e degradan<strong>do</strong> os seres.<br />

O esclarecimento fortifica o ser, torna-o invencível, dá-lhe forças para<br />

combater, para livrar-se <strong>do</strong>s males terrenos e de todas as coisas que o<br />

possam deter no caminho da vida.<br />

Se to<strong>do</strong>s soubessem dar valor às lições que oferece o <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong>, outro já seria o viver da humanidade.<br />

Nesta Casa diz-se a Verdade, esclarecem-se os seres para que possam<br />

ter melhor noção da vida.<br />

A ignorância tem leva<strong>do</strong> o homem à prática de atos, por vezes,<br />

irreparáveis.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> levanta o moral das criaturas e leva-as para o<br />

cumprimento <strong>do</strong> dever. A verdade faz compreender os direitos terrenos,<br />

manda respeitar as leis e o próximo, defende a sua pessoa e a sua família.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, quan<strong>do</strong> bem compreendi<strong>do</strong>, é tal qual a mão<br />

amiga a levantar o ser para o cumprimento <strong>do</strong>s deveres morais e materiais.<br />

Aqui não se condena ninguém, nem tampouco se quer saber da<br />

religião que os seres professam ou a que raça pertencem. Queremos que o<br />

homem saiba caminhar por si, conhecen<strong>do</strong>-se como Força e Matéria.<br />

Toda criatura humana deve ser forte, valorosa e destemida para<br />

enfrentar a luta pela vida tal qual se apresente.<br />

O me<strong>do</strong> é uma barreira fantástica que se levanta na frente <strong>do</strong> ser<br />

ignorante para acovardá-lo. O esclarecimento coloca o homem na altura de<br />

tu<strong>do</strong> enfrentar. Para o homem de caráter não há fantasias, ele sabe<br />

142


epresentar bem o seu papel na Terra e dá boas contas <strong>do</strong>s compromissos<br />

que o espírito assumiu ao descer à Terra, para evoluir, para progredir, para<br />

caminhar, enfim, no seu carro – o corpo.<br />

O homem esclareci<strong>do</strong> nunca deve julgar-se sábio, nunca deverá ter<br />

essa vaidade, porque a vida é contínua, e se a vida continua pelo infinito,<br />

to<strong>do</strong>s devem saber pensar, estudar e raciocinar como discípulos que são da<br />

Escola <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, deven<strong>do</strong> fazer bom uso das lições que forem receben<strong>do</strong>.<br />

To<strong>do</strong>s devem procurar compreender bem o que explanamos, para que<br />

possam cumprir os seus deveres sem maiores sacrifícios, sem profundas<br />

<strong>do</strong>res morais, materiais e espirituais.<br />

Há entre as criaturas muita incompreensão, muita falta de raciocínio e,<br />

por causa dessa incompreensão e dessa falta de raciocínio, é que há erros<br />

gravíssimos que com dificuldade são corrigi<strong>do</strong>s numa encarnação.<br />

To<strong>do</strong>s são imperfeitos na Terra, basta serem espíritos que aqui se<br />

encontram em depuração. Mas as imperfeições devem ser reconhecidas<br />

para poderem ser corrigidas, e felizes daqueles que as reconhecem, porque<br />

estes têm facilidade de se aperfeiçoarem. Mas a vaidade que cega muitos<br />

espíritos, cria neles uma auréola de perfeição de tal forma que se sentem<br />

perfeitos e não admitem nem aceitam a mais leve observação. Alguns<br />

chegam até ao cúmulo de se julgarem superiores àqueles que de fato têm<br />

superioridade. Isso não é só ignorância, é pretensão e vaidade<br />

inqualificáveis.<br />

Não julgamos ninguém perfeito, só reconhecemos as boas qualidades<br />

daqueles que, simples e modestos, as demonstram; portanto, não<br />

admitimos vai<strong>do</strong>sos nem pretensiosos ao serviço <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

Quanto mais simples é a criatura, mais natural, mais à vontade ela se<br />

encontra e mais à vontade põe o seu semelhante.<br />

143


A pretensão torna as criaturas antipáticas, torna-as indesejáveis<br />

mesmo, ao passo que a simplicidade e a naturalidade as tornam queridas e<br />

admiradas.<br />

A infelicidade humana tem por causa, justamente, a incompreensão<br />

das criaturas. Se to<strong>do</strong>s fossem razoáveis e procurassem se compreender<br />

mutuamente, não queren<strong>do</strong> suplantar nem ser superiores uns aos outros,<br />

agin<strong>do</strong> com naturalidade, subin<strong>do</strong> com naturalidade, exercen<strong>do</strong> postos com<br />

naturalidade, autoridade, com modéstia e simplicidade, não haveria tanta<br />

incompreensão, não haveria tanta maldade.<br />

O espírito vem encarnar para se depurar, para evoluir, para se tornar<br />

melhor; não vem para se envaidecer, para se tornar prepotente e orgulhoso,<br />

pois o orgulho é que leva as nações à guerra e ocasiona tantas desgraças e<br />

tantas infelicidades.<br />

Saiba a criatura impor-se pelo seu valor, mas não e nunca<br />

pretensiosamente.<br />

144


IGNORÂNCIA E CONFIANÇA<br />

Pouco a pouco vão os seres despertan<strong>do</strong>, ou pela necessidade, ou por<br />

força de certas e determinadas circunstâncias; mas que despertem, que<br />

despertem, porque urge despertar!<br />

Não podem os seres permanecer mais nessa inércia produzida pela<br />

ignorância, pois a ignorância é o maior mal da humanidade. Enquanto ela<br />

for ignorante da vida fora da matéria será vítima de si mesma, viverá<br />

desprevenida, cavará a sua própria ruína, quer material, quer espiritual.<br />

A falta de esclarecimento impede que a criatura veja claro,<br />

compreenda e raciocine, porque para ela tu<strong>do</strong> está bom, e muitas vezes o<br />

que está mal parece-lhe até que está melhor <strong>do</strong> que aquilo que é bom e está<br />

certo. O ignorante <strong>do</strong>s porquês da vida não ouve conselhos de ninguém,<br />

pois não os compreende, visto ter o raciocínio embota<strong>do</strong>, a razão<br />

escurecida, e por esse motivo não dá valor às coisas sérias da vida.<br />

É, pois, a ignorância <strong>do</strong>s porquês da vida o maior mal da humanidade<br />

e, para a humanidade evitar esse mal, é preciso sacudi-la para despertá-la<br />

e, quan<strong>do</strong> isso não se consegue, então terá ela mesma que despertar pela<br />

<strong>do</strong>r, pelo sofrimento que lhe vai baten<strong>do</strong> à porta, e como que exigin<strong>do</strong> que<br />

enverede por outro caminho mais certo, mais seguro e mais fácil de ser<br />

trilha<strong>do</strong>.<br />

É preciso, pois, que os seres se esclareçam. Nós não oferecemos a<br />

ninguém a nossa Doutrina, nem tampouco carecemos de adeptos ou<br />

crentes; a nossa finalidade é fortificar as almas, para que bem pensem e<br />

passem a ter uma vida racional, compreensiva, inteligente e de sã moral.<br />

Trabalhamos, espiritualmente, não para agradar a quem quer que seja,<br />

mas para dar cumprimento às leis que regulam a evolução <strong>do</strong> espírito, e<br />

disso estão certos to<strong>do</strong>s aqueles que, ao serviço <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong><br />

desinteressadamente, se batem pelo esclarecimento da humanidade.<br />

145


Saibam os seres dar valor a esse esclarecimento, porque só ele os<br />

tornará bons e úteis, sãos, fortes e independentes; só ele traz a paz de<br />

espírito, só ele dá tranqüilidade à consciência. Convictos e certos de que<br />

precisam realmente saber viver, saber pensar, viverão bem melhor.<br />

E então passam as criaturas a se convencer de que o tempo é o melhor<br />

fator para a solução de certos casos da vida. É o tempo que traz a<br />

resignação, é o tempo que traz a experiência, é o tempo que traz a<br />

consolação.<br />

Os dias passam, a experiência vai chegan<strong>do</strong>, as criaturas começam a<br />

ver mais claro na vida, a olhar as coisas como de fato são. É sempre difícil<br />

conseguir algo sem persistência, constância e valor.<br />

Mas, com o tempo, ela de tu<strong>do</strong> se refaz para colocar as coisas nos seus<br />

devi<strong>do</strong>s lugares. É questão de paciência, inteligência e persistência. O<br />

mun<strong>do</strong> é cheio de contratempos, de adversidades, de trabalhos e de<br />

canseiras. A criatura caminha pelo mun<strong>do</strong> sem suspeitar que vai encontrar<br />

barreiras na sua vida. E, quan<strong>do</strong> não está preparada, sente-se impotente<br />

para transpô-las. Mas, quan<strong>do</strong> existe o preparo espiritual, ela as enfrenta e<br />

as transpõe com coragem e valor.<br />

É preciso, pois, ter confiança cada um em si próprio, porque só essa<br />

confiança dá a coragem e o valor de que to<strong>do</strong>s carecem para tu<strong>do</strong><br />

transporem. E to<strong>do</strong>s se devem capacitar de que devem vencer, de que têm<br />

que vencer e para isso é retemperarem os seus espíritos com as efluviações<br />

das Forças Superiores. Nunca se deve desanimar, por mais difícil que seja<br />

a empresa. Desde que a criatura tenha força de vontade, ela chegará ao fim<br />

deseja<strong>do</strong>. O desânimo é inimigo da vitória, o desânimo é inimigo <strong>do</strong><br />

homem. O homem precisa ter valor, precisa ter coragem para enfrentar as<br />

dificuldades da vida, precisa caminhar sempre com passo firme, não<br />

vacilar, não andar para trás, porque é para a frente que to<strong>do</strong>s devem<br />

146


caminhar. E assim fazen<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s saberão ser fortes e valorosos para<br />

vencerem as dificuldades surgidas na vida.<br />

147


IGNORANDO A ESPIRITUALIDADE<br />

Desde que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> foi funda<strong>do</strong>, afirmam as Forças<br />

Superiores que "o maior mal da humanidade é a ignorância", e isso é um<br />

fato. O maior mal da humanidade é viver na ignorância <strong>do</strong> espírito. O ser<br />

ignorante assemelha-se ao diamante arranca<strong>do</strong> das entranhas da Terra e<br />

que ainda possui aquela crosta que o envolve e que, portanto, ofusca o seu<br />

brilho, e conseqüentemente, o seu valor. O diamante tem valor, mas só<br />

transparece o brilho após uma lapidação aprimorada. Aí, então, sim, a sua<br />

beleza, o seu brilho e o seu valor aparecem, e passa a ser admira<strong>do</strong> por<br />

to<strong>do</strong>s.<br />

Pois, meus amigos, o ser humano ignorante é a mesma coisa. O seu<br />

espírito só passará a ter brilho e verdadeiro valor quan<strong>do</strong> for esclareci<strong>do</strong>,<br />

quan<strong>do</strong> se conhecer como Força e Matéria, quan<strong>do</strong> conhecer os porquês da<br />

vida <strong>do</strong> espírito. Aí, então, sim, ele começará a dar um rumo mais certo e<br />

mais seguro à vida. Passará a raciocinar com mais acerto, saberá guiar os<br />

seus pensamentos, orientan<strong>do</strong>-os para o la<strong>do</strong> <strong>do</strong> progresso, saberá conduzilos<br />

para coisas superiores, saberá, enfim, quanto vale o pensamento.<br />

Portanto, continuamos a afirmar que o maior mal da humanidade é viver<br />

na ignorância.<br />

Há necessidade de se falar ao espírito, para que desperte, para que<br />

deixe de ser infeliz, muitas vezes, justamente, por não encontrar quem lhe<br />

diga a verdade.<br />

A vida na Terra não é tão difícil; ela se torna difícil, porque o ser<br />

humano não sabe guiar os seus pensamentos, não procura raciocinar, não<br />

procura despertar o espírito, só enxerga as coisas materiais, acomoda-se a<br />

tu<strong>do</strong>, prefere ir para os templos e prosternar-se diante <strong>do</strong>s chama<strong>do</strong>s<br />

deuses a implorar para que a desgraça não lhe venha cair nas mãos, mas<br />

148


não procura fazer o menor esforço mental, simplesmente, porque é<br />

ignorante da verdade.<br />

É preciso espancar as trevas da ignorância humana, pois, enquanto a<br />

humanidade assim viver, sofrerá as conseqüências da sua própria<br />

ignorância.<br />

O número de criaturas sensatas e esclarecidas é bem reduzi<strong>do</strong> em<br />

comparação com o da ignorância que paira por toda a parte. O número <strong>do</strong>s<br />

esclareci<strong>do</strong>s ainda é bem reduzi<strong>do</strong> para espantar as trevas da ignorância<br />

com mais rapidez.<br />

Tu<strong>do</strong> temos feito para ir aonde é possível, onde nos possam oferecer<br />

um pouco de ambiente para podermos espantar as trevas da ignorância<br />

dessas criaturas que tinham e têm obrigação de saber falar às massas com<br />

mais lealdade, e nós não negamos a esses seres cultura, mas são uns<br />

infelizes, espiritualmente falan<strong>do</strong>, porque se acomodam a uma vida de<br />

prazeres, a uma vida de luxo e não procuram raciocinar, não procuram<br />

educar os seus pensamentos.<br />

Precisamos de criaturas esclarecidas para nos auxiliarem a espantar as<br />

trevas da ignorância, porque estão se alastran<strong>do</strong> para pior. Através das<br />

nossas explanações distribuídas por toda parte, por todas as Casas<br />

Racionalistas, as criaturas ao serviço da Doutrina se integram bem nos<br />

seus deveres e procuram nos auxiliar, para que possamos ir aonde é<br />

preciso, para que de alguma forma possamos abrir uma brecha luminosa na<br />

mente <strong>do</strong>s homens, para ver se eles, ainda podem evitar maiores desgraças<br />

no planeta Terra, pois o que esses infelizes estão procuran<strong>do</strong> é urdir<br />

maiores desgraças.<br />

É, portanto, um infeliz o ser humano quan<strong>do</strong> possui cultura e não<br />

emprega a cultura, o estu<strong>do</strong> para o la<strong>do</strong> bom, para o la<strong>do</strong> <strong>do</strong> raciocínio<br />

sobre a vida <strong>do</strong> espírito, porque, se o fizesse, por momentos que fosse, ele<br />

149


seria intuí<strong>do</strong> e de alguma forma seria útil aos demais. E o Astral Superior,<br />

que não perde uma única oportunidade, lá estaria para limpar o ambiente,<br />

para intuir, para o muito que há a fazer em bem da humanidade. Mas esses<br />

infelizes não nos oferecem um momento sequer, e terão que sofrer as<br />

conseqüências <strong>do</strong> mau uso que fazem <strong>do</strong> livre-arbítrio.<br />

Contamos, portanto, repetimos, com to<strong>do</strong>s os que trabalham no<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> e que são esclareci<strong>do</strong>s, que possuem tu<strong>do</strong> que é<br />

preciso para viver neste mun<strong>do</strong>, para que, cada um no seu setor, não<br />

percam a oportunidade de falar a verdade, pela maneira mais prática<br />

possível, pelo caminho mais curto <strong>do</strong> dever, para que raciocinem e se<br />

esclareçam, incutin<strong>do</strong> nos seus espíritos a necessidade de estudarem e de<br />

investigarem para que de alguma forma despertem e cheguem à conclusão<br />

de que o caminho mais curto e seguro para o progresso <strong>do</strong> seu espírito é<br />

justamente o <strong>do</strong> esclarecimento, procuran<strong>do</strong> saber o quanto vale o<br />

pensamento para bem viver neste mun<strong>do</strong>.<br />

Sede luta<strong>do</strong>res destemi<strong>do</strong>s, elevai sempre os vossos pensamentos às<br />

alturas e estaremos fortifican<strong>do</strong> o vosso espírito.<br />

150


IMPORTÂNCIA AO QUE IMPORTANTE É<br />

A morte <strong>do</strong> corpo é a vida <strong>do</strong> espírito e, sen<strong>do</strong> a vida <strong>do</strong> espírito, é,<br />

portanto, o fim da matéria e <strong>do</strong>s trabalhos e canseiras. Inerte, morto o<br />

corpo, o espírito fica liberto da matéria e não se preocupa mais com as<br />

coisas terrenas, se é esclareci<strong>do</strong>, porque ascende ao seu mun<strong>do</strong> e não mais<br />

quer saber das misérias deste planeta.<br />

A matéria, pois, mesmo viva, é inerte, porque só se incita e só se<br />

movimenta com a Força que encarnou, que a impulsiona. Mas, uma vez<br />

dela afastada, nada mais vale a matéria. Por se tornar pútrida, entra logo<br />

em decomposição; ninguém a pode ter por mais de 24 horas em casa. E se<br />

assim é, por que dar tanta importância à carne, ao corpo, que serve de<br />

perturbação ao espírito?<br />

Vão ao cemitério para render homenagem ao corpo, que pode nem<br />

mais existir, como na maioria das vezes não existe mesmo, porque se<br />

desfaz, transforma-se em pó. Para que tanta importância ao que é material,<br />

quan<strong>do</strong> o espírito não preside mais a essas homenagens, nem liga mais<br />

importância àquilo que muitos procuram venerar, por haver ignorância da<br />

vida fora da matéria? É uma maneira errada de homenagear aqueles que<br />

partiram deste mun<strong>do</strong>.<br />

To<strong>do</strong>s aqueles que pensarem e raciocinarem têm que condenar sempre<br />

e sempre tais homenagens prestadas junto <strong>do</strong>s sepulcros.<br />

Toda criatura esclarecida por esta Doutrina passa a dar mais valor ao<br />

espírito <strong>do</strong> que ao corpo, porque o corpo sem o espírito não vale nada.<br />

Assim sen<strong>do</strong>, ao espírito essas manifestações fazem-no sofrer, por ele ver<br />

como é ainda ignorante o ser humano das coisas transcendentais da Vida.<br />

Tratem <strong>do</strong> espírito, tratem de se espiritualizar, isso sim, porque é da<br />

espiritualidade que as criaturas precisam. Enquanto viverem neste mun<strong>do</strong>,<br />

que vivam com inteligência, não se materializem tanto, não se confundam<br />

151


com os ignorantes, tenham sempre pensamentos eleva<strong>do</strong>s, cultivem a<br />

mente, dêem expansão às coisas espirituais para terem uma vida mais<br />

digna e mais pura.<br />

A materialidade, esse materialismo grosseiro e bruto que vem<br />

perturban<strong>do</strong> tantos espíritos, impedin<strong>do</strong> que eles façam o seu progresso<br />

espiritual, precisa desaparecer da Terra, porque atrasa a humanidade,<br />

prejudica-a, impede que as criaturas cheguem àquilo que desejam.<br />

É triste o esta<strong>do</strong> atual da humanidade; é triste, porque ela não quer<br />

progredir, não quer se libertar, não quer ser independente. To<strong>do</strong>s precisam<br />

adquirir uma personalidade própria, uma nova mentalidade para<br />

caminharem neste mun<strong>do</strong> como criaturas equilibradas e sensatas, para que,<br />

após a desencarnação, quan<strong>do</strong> deixarem o corpo, algo tenham feito em<br />

bem <strong>do</strong>s seus próprios espíritos.<br />

Viver como vive a maioria das criaturas, sem um objetivo na vida,<br />

sem um ideal, sem uma finalidade, invejan<strong>do</strong>-se umas às outras, odian<strong>do</strong>se,<br />

cheias de prevenção, de malquerença, alimentan<strong>do</strong> animosidades,<br />

crian<strong>do</strong> ambientes pesa<strong>do</strong>s e infelizes; com este viver não poderão ser<br />

felizes, nem fazerem a felicidade daqueles que os rodeiam. Esses são os<br />

ignorantes propositais, os cegos e sur<strong>do</strong>s que não querem progredir.<br />

É preciso que se espiritualizem mais, para que não sofram aqueles<br />

espíritos que lhes foram caros na Terra e que ora precisam estar na paz<br />

espiritual que merecem. Aqueles que vivem na Terra sem saber por quê,<br />

perturbam-se com os seus pensamentos inferiores, fazen<strong>do</strong> sofrer aos<br />

outros pela sua má conduta, pela sua maneira errada de encarar as coisas<br />

sérias da vida, pela maneira infeliz como vivem, ligan<strong>do</strong> importância<br />

àquilo que importância não tem.<br />

Aprendam a viver; saibam ser homens dignos, mulheres honestas,<br />

cumpri<strong>do</strong>res de to<strong>do</strong>s os seus deveres; caminhem neste mun<strong>do</strong> tu<strong>do</strong><br />

152


fazen<strong>do</strong> para se elevarem espiritualmente, pon<strong>do</strong> de parte vaidades, ódios,<br />

malquerenças e tu<strong>do</strong> que possa prejudicar o seu espírito, para que eles, ao<br />

deixarem este planeta, dele possam partir livremente para o seu mun<strong>do</strong>,<br />

onde gozarão da verdadeira paz espiritual, que é a maior recompensa para<br />

to<strong>do</strong> o espírito que parte da Terra, haven<strong>do</strong> cumpri<strong>do</strong> o seu dever.<br />

153


IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA<br />

Dentre os sofrimentos que depuram o espírito encarna<strong>do</strong> há aqueles<br />

que provêm da luta pela vida e da constituição da família, sofrimentos que<br />

são naturais, porque são próprios da vida.<br />

Constituir um lar é fácil, mas saber manter esse lar em equilíbrio<br />

espiritual e material para a vinda <strong>do</strong>s filhos e deles saber cuidar,<br />

encarreiran<strong>do</strong>-os, forman<strong>do</strong> bem o seu caráter para que possam mais tarde<br />

ser úteis, isso é difícil.<br />

A constituição da família tem importância capital para os caracteres<br />

bem forma<strong>do</strong>s, para aqueles que possuem a noção exata <strong>do</strong> dever a<br />

cumprir. É árdua a tarefa da criação. É de bastante trabalho a criação e<br />

formação moral <strong>do</strong>s filhos. Sim, criar um filho custa muito aos pais que<br />

cuidam da sua alimentação, <strong>do</strong> seu esta<strong>do</strong> físico, assusta-os; os pais sofrem<br />

com as enfermidades infantis e, até a criança ter um corpo forte, possuir<br />

um corpo capaz de resistir custa muito, porque não faltam trabalhos,<br />

canseiras e sofrimentos morais e físicos. A formação moral de um espírito<br />

dá muito mais preocupação aos pais, porque da sua formação moral<br />

depende o êxito no futuro, a felicidade ou infelicidade. É certo haver pais<br />

que têm a felicidade de conseguir <strong>do</strong>s filhos aquilo que desejam, e esses<br />

são os pais felicíssimos, porque não há maior felicidade, maior<br />

recompensa para um pai <strong>do</strong> que ver o seu filho forte, valoroso, honran<strong>do</strong> a<br />

família, respeitan<strong>do</strong> a sua memória.<br />

Mas é <strong>do</strong>lorosíssimo para um pai honra<strong>do</strong> ver um filho transvia<strong>do</strong> e<br />

infeliz, principalmente quan<strong>do</strong> esse pai soube cumprir o seu dever e tem<br />

consciência de o haver cumpri<strong>do</strong> em toda a linha!<br />

Mas é preciso que se saiba que os espíritos não são da mesma esfera.<br />

Vêm encarnar no mesmo lar, mas nem to<strong>do</strong>s possuem a mesma <strong>do</strong>cilidade,<br />

porque são de mun<strong>do</strong>s diferentes e, portanto, diferente às vezes tem que<br />

154


ser a educação. Há espíritos rebeldes, há espíritos recalca<strong>do</strong>s, há espíritos<br />

que querem ser infelizes e a esses nada cala; são espíritos que encarnam<br />

somente para fazer sofrerem os pais. São espíritos que em outras<br />

encarnações por certo foram inimigos. Isto, para aqueles que conhecem o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, é um fato natural. Não devem esmorecer aqueles<br />

pais que têm filhos a criar e educar, principalmente quan<strong>do</strong> dentre eles há<br />

um que é mais rebelde para os estu<strong>do</strong>s e indisciplina<strong>do</strong> em tu<strong>do</strong>; é<br />

justamente para esses espíritos que os pais devem voltar as suas atenções,<br />

re<strong>do</strong>brar seus cuida<strong>do</strong>s, para ver se conseguem <strong>do</strong>mar essa rebeldia e fazer<br />

com que eles enveredem pelo caminho <strong>do</strong> bem e da virtude; não devem se<br />

esquecer também que os conselhos e bons exemplos <strong>do</strong>s pais, mesmo<br />

nesses espíritos rebeldes, sempre influem alguma coisa nas suas horas de<br />

paz, nas suas horas boas que to<strong>do</strong>s os espíritos possuem, por mais rebeldes<br />

e criminosos que sejam. Nessa horas é que os espíritos se lembram <strong>do</strong>s<br />

conselhos <strong>do</strong>s pais, <strong>do</strong>s seus exemplos, da dedicação aos filhos, e quantos<br />

não reconhecem que são ruins, não por falta de educação, não porque o seu<br />

pai não o soube educar, mas porque há em si rebeldia que precisa<br />

combater, para se tornar bom como o desejam seu pai e sua mãe.<br />

Não se deixem enfraquecer, não se entreguem aos desgostos aqueles<br />

pais que, saben<strong>do</strong> cumprir o dever para com os seus filhos, veêm que nem<br />

to<strong>do</strong>s seguem o caminho <strong>do</strong> valor e da honra.<br />

Na Terra fala a experiência de to<strong>do</strong>s os pais que souberam educar, mas<br />

que não puderam escapar às decepções.<br />

A vida na Terra é cheia de lutas, de sofrimentos, mas também tem as<br />

suas compensações, quan<strong>do</strong> os espíritos sabem lutar com valor.<br />

Procurem, pois, to<strong>do</strong>s os pais educar convenientemente os seus filhos,<br />

não se arrependam nunca de haverem si<strong>do</strong> enérgicos, de haverem<br />

procura<strong>do</strong> encaminhar os seus filhos para o bem e para a virtude, usem<br />

sempre de moderação nas suas atitudes, sejam sempre pondera<strong>do</strong>s, ajam<br />

155


sempre pelo conselho amigo, não afastem, espiritualmente, nunca de si os<br />

filhos, chamem-nos a si, aconselhem-nos, façam-lhes ver o erro com certa<br />

energia, mas ao mesmo tempo também com carinho.<br />

É preciso estudar o temperamento <strong>do</strong>s filhos, é preciso observar as<br />

suas inclinações desde pequenos, e, assim fazen<strong>do</strong>, poderão melhor<br />

cumprir os seus deveres.<br />

É de pequenino que se torce o pepino; é no berço, é de criança que se<br />

deve procurar formar o caráter <strong>do</strong>s filhos, que mais tarde vão ser homens,<br />

vão ser mulheres e devem estar prepara<strong>do</strong>s para oferecer reação a todas as<br />

tentações.<br />

Não vos lembrais daquilo que vossos pais vos disseram em criança?<br />

Educai os vossos filhos como vos ensina o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>,<br />

forman<strong>do</strong> bem o seu caráter, fazen<strong>do</strong> com que sejam amigos da Verdade,<br />

fugin<strong>do</strong> sempre da hipocrisia e da mentira, para que sejam sempre leais,<br />

honestos e, assim fazen<strong>do</strong>, cumprireis os vossos deveres e tereis a<br />

satisfação de ver os vossos filhos bem encaminha<strong>do</strong>s, servin<strong>do</strong> de<br />

consolação ao vosso espírito.<br />

156


IMPORTÂNCIA DA PSICOLOGIA<br />

Quan<strong>do</strong> uma criatura se sente oprimida e a si mesma se interroga qual<br />

a razão desse sentir, já que tu<strong>do</strong> aparentemente lhe corre bem, os ventos<br />

lhe parecem sempre favoráveis, enfim, tu<strong>do</strong> em re<strong>do</strong>r de si demonstra<br />

brilho, essa impressão, esse sentimento que a oprime parece não ter<br />

significação. No entanto ele existe, às vezes, num pequenino nada, que<br />

parece nada, mas que tem importância para os espíritos sensíveis, que<br />

possuem sentimento diferente <strong>do</strong>s da sua época.<br />

Não queirais nunca decepcionar esses espíritos, porque uma decepção<br />

para um espírito desses tem uma repercussão tão grande que nem podeis<br />

avaliar.<br />

Insensíveis, indiferentes e displicentes são, atualmente, muitos<br />

espíritos, talvez porque a vida na sua agitação constante, modernizan<strong>do</strong> os<br />

hábitos e costumes, tenha-os leva<strong>do</strong> a esse esta<strong>do</strong>. Talvez, pela educação<br />

recebida, possam eles tu<strong>do</strong> ver e por tu<strong>do</strong> passar, sem se deixar abater.<br />

Mas é fato e fato verídico que, para certos espíritos, uma decepção tem o<br />

efeito de uma catástrofe espiritual, e esses espíritos, quan<strong>do</strong> feri<strong>do</strong>s, jamais<br />

voltam a ser aquilo que foram. O ferimento espiritual deixou impregnada<br />

uma marca indelével no seu ser, que o acompanha até o final da existência.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, Doutrina psicológica, espiritualista, estuda os<br />

diversos esta<strong>do</strong>s de espírito daqueles que vivem neste mun<strong>do</strong> e explica o<br />

daqueles que já não pertencem à vida física.<br />

O estu<strong>do</strong> da Psicologia na vida <strong>do</strong>s seres humanos tem uma grande<br />

importância. E o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, sen<strong>do</strong> uma <strong>do</strong>utrina espiritualista<br />

capaz de tu<strong>do</strong> explicar racionalmente àqueles que freqüentam as suas<br />

Casas, defende essa tese que, agora, muito preocupa os educa<strong>do</strong>res<br />

psicólogos, aqueles que procuram estudar a humanidade, desvendan<strong>do</strong> os<br />

seus sentimentos para melhorar a situação <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Melhoria que só se<br />

157


pode fazer por uma educação racional e científica, combaten<strong>do</strong> aqueles<br />

denomina<strong>do</strong>s complexos que se apoderam <strong>do</strong>s espíritos e que precisam<br />

desaparecer, para só perdurarem e pre<strong>do</strong>minarem a razão e o raciocínio<br />

certo e seguro.<br />

O estu<strong>do</strong> da psicologia humana tem grande importância no<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. Ele ensina Psicologia há muito tempo: ele, por si<br />

mesmo, é a Psicologia verdadeira. To<strong>do</strong>s os espíritos que possuem<br />

clarividência, já livres da matéria, lutam e trabalham para a melhoria da<br />

humanidade.<br />

Estudan<strong>do</strong>, portanto, a humanidade no íntimo, na sua parte espiritual,<br />

nós, melhor <strong>do</strong> que ninguém, a conhecemos.<br />

Tu<strong>do</strong> passa neste mun<strong>do</strong>, dizem aqueles que vivem nele, julgan<strong>do</strong> que<br />

com essa teoria fazem desaparecer os vestígios que ficam impregna<strong>do</strong>s no<br />

espírito. Mas nós sabemos muito bem que, se muita coisa passa neste<br />

mun<strong>do</strong>, há também muitas que não passam assim com essa facilidade,<br />

como julgam. Só por meio de uma educação espiritual ministrada, desde o<br />

lar, pelos pais zelosos aos seus filhos; nas escolas, pelos professores<br />

capazes e que se interessam pela formação, não só intelectual mas também<br />

espiritual <strong>do</strong>s seus alunos; até depois de adultos, quan<strong>do</strong> os próprios<br />

espíritos se tornarão capazes de se educar a si mesmos. Só, portanto, uma<br />

educação que reforme e retempere os espíritos conseguirá fazer com que<br />

se mantenham equilibra<strong>do</strong>s, pondera<strong>do</strong>s, modera<strong>do</strong>s e justos.<br />

A formação <strong>do</strong> caráter precisa ser feita mediante um estu<strong>do</strong> espiritual<br />

e de maneira inteligente. Há muita falha de caráter neste mun<strong>do</strong> e essa<br />

falha existe por não haver uma educação adequada à formação desses<br />

caracteres.<br />

Pensam muitos <strong>do</strong>s que vivem neste mun<strong>do</strong> que viver é procurar<br />

distrair-se o ser e gozar uma vida dissipada. Mas o fato é que a vida, para<br />

158


ser bem vivida, precisa ser algo mais <strong>do</strong> que vem sen<strong>do</strong> para muita gente.<br />

Essa displicência, esse pouco caso que se observa, traz conseqüências bem<br />

desagradáveis e até funestas à humanidade. E nós nos interessamos pelo<br />

esclarecimento da humanidade e mesmo nos esforçamos para fazer<br />

compreender àqueles que nos procuram a necessidade de se esclarecerem<br />

para que possam viver racionalmente, dan<strong>do</strong> ao espírito tu<strong>do</strong> que necessita,<br />

para que possa bem irradiar sobre o corpo e poder locomover-se com<br />

facilidade neste mun<strong>do</strong>. Dar também a esse corpo o necessário para que<br />

possa se movimentar livremente, livre de achaques, livre de enfermidades,<br />

para que possa o seu espírito bem cumprir o seu dever.<br />

Tu<strong>do</strong>, para o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, tem uma explicação racional, e a<br />

maior parte <strong>do</strong>s males que atacam a humanidade, as irregularidades, os<br />

erros que cometem os homens têm por base, ou têm por fundamento o<br />

desequilíbrio espiritual, e esse desequilíbrio só desaparecerá quan<strong>do</strong> os<br />

espíritos estiverem prepara<strong>do</strong>s para a vida, souberem tu<strong>do</strong> enfrentar, tu<strong>do</strong><br />

ver e tu<strong>do</strong> observar, sem se deixarem abater e sem, sobretu<strong>do</strong>, se deixarem<br />

envolver por essa onda de indiferentismo, de poucos sentimentos, ou de<br />

covardia espiritual.<br />

159


MALES PSÍQUICOS<br />

Os males psíquicos, as enfermidades psíquicas, têm uma causa externa<br />

a qual precisa ser conhecida por aqueles que tratam <strong>do</strong>s enfermos, para que<br />

haja eficiência no tratamento.<br />

Uma criatura obsedada, avassalada, exige a máxima atenção e muita<br />

calma por parte daqueles que com ela convivem ou <strong>do</strong>s que estão<br />

encarrega<strong>do</strong>s de normalizá-la. Calma e energia, mas energia espiritual,<br />

devem ter aqueles que têm de estar junto <strong>do</strong> enfermo. Um obseda<strong>do</strong> não se<br />

cura com condescendências. Não se deve condescender com a sua<br />

obsessão. Mas a energia empregada para com o obseda<strong>do</strong> deve ser de valor<br />

e ação, e não e nunca aquela que deixa transparecer irritação. Fazer com<br />

que o obseda<strong>do</strong> venha a si, com que ele passe a normal, é trabalho custoso,<br />

mas conseguível, quan<strong>do</strong> a obsessão é recente. O ambiente é tu<strong>do</strong> para um<br />

obseda<strong>do</strong>. Haven<strong>do</strong> ambiente de irritação, de sacrifício e desânimo, o<br />

obseda<strong>do</strong> sofre toda a influência dessa situação espiritual. É preciso que as<br />

criaturas encarem tu<strong>do</strong> na vida com naturalidade, em particular, as<br />

enfermidades psíquicas. Não tenham receio, nem me<strong>do</strong>, nem pavor<br />

daqueles que são enfermos psíquicos, porque a enfermidade psíquica não<br />

pega. A influência astral inferior que se exerce sobre o obseda<strong>do</strong> afasta-se<br />

pela calma, pela energia e pela ação sempre cristã de to<strong>do</strong>s para com o<br />

enfermo.<br />

Nada de receios, nada de pavor, porque, como já dissemos, não é uma<br />

enfermidade que contagie. O enfermo deve ser trata<strong>do</strong> com atenção<br />

especial por parte daqueles a quem está entregue e disso se trata no<br />

capítulo XVIII <strong>do</strong> livro <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>. Não devem, pois, as<br />

criaturas se religarem mentalmente com os obsessores <strong>do</strong> enfermo.<br />

Precisam to<strong>do</strong>s estar bem ao par <strong>do</strong> que encerra a obra <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong>. Estan<strong>do</strong> os seres ao par daquilo que essa obra encerra, é pôr em<br />

160


prática os seus ensinamentos, como já dissemos, e criar-se um ambiente de<br />

calma, paz e harmonia. Afastada a má assistência <strong>do</strong>s enfermos, o que se<br />

efetua nas limpezas psíquicas, restam apenas os vícios adquiri<strong>do</strong>s antes e<br />

durante a obsessão. E essa parte tem grande importância na cura <strong>do</strong>s<br />

obseda<strong>do</strong>s. É na educação, é na corrigenda <strong>do</strong>s maus hábitos e vícios que<br />

se deve exercer toda a energia, toda a força de vontade para que o enfermo<br />

não atraia novos obsessores. É preciso ter o seu espírito sempre ocupa<strong>do</strong><br />

em coisas úteis, para impedir que se entregue de novo aos maus hábitos.<br />

Aprendam a curar os enfermos da alma, a curá-los pela ação enérgica<br />

e espiritual, a curá-los pelo ambiente que devem criar em re<strong>do</strong>r deles, a<br />

curá-los com a noção nítida daquilo que fazem como criaturas já<br />

esclarecidas.<br />

Os males psíquicos desaparecerão quan<strong>do</strong> as criaturas forem<br />

esclarecidas, quan<strong>do</strong> elas tiverem noção <strong>do</strong> valor <strong>do</strong> pensamento, <strong>do</strong> valor<br />

da lei de atração, quan<strong>do</strong> tiverem em si próprias desenvolvidas as energias<br />

para a defesa contra as correntes perturba<strong>do</strong>ras originadas pelos<br />

obsessores.<br />

É preciso, portanto, esclarecer a humanidade para que se livre <strong>do</strong>s<br />

males psíquicos e para que possa viver com saúde e em paz.<br />

Uma vez esclarecida a criatura, convicta <strong>do</strong> que é como Força e<br />

Matéria e <strong>do</strong> que vale o pensamento, saberá estar dentro da corrente <strong>do</strong><br />

bem, não mais se deixará avassalar nem obsedar.<br />

161


MUDANÇA DE HÁBITOS<br />

O esclarecimento prodigaliza<strong>do</strong> por esta Doutrina prepara o espírito<br />

para saber viver, para se tornar útil a si próprio, para cumprir os seus<br />

deveres com mais facilidade e com mais compreensão.<br />

Há muitos seres que ouvem, ouvem, mas aquilo que ouvem entra por<br />

um ouvi<strong>do</strong> e sai pelo outro. Há os que conseguem guardar durante algum<br />

tempo as lições recebidas, mas depois cansam de ser virtuosos e, então,<br />

deixam-se resvalar e perdem tu<strong>do</strong> que adquiriram.<br />

É assim, infelizmente, a humanidade. Mas como sabemos que nem<br />

tu<strong>do</strong> está perdi<strong>do</strong>, e que, se nem to<strong>do</strong>s aproveitam, alguns aproveitarão,<br />

nós continuaremos a esclarecer aqueles que nos procuram, aproveitan<strong>do</strong> os<br />

de boa vontade, os que têm desejo de se tornarem bons, para que<br />

aproveitem o tempo, para que não percam as suas encarnações, muitas<br />

vezes preciosíssimas!<br />

Esta Casa abriu-se para nela serem recebi<strong>do</strong>s to<strong>do</strong>s os seres que<br />

sofrem, to<strong>do</strong>s os seres que lutam, to<strong>do</strong>s aqueles que, pela ignorância,<br />

vivem erra<strong>do</strong>s neste mun<strong>do</strong>. Não se fazen<strong>do</strong> seleção, não se queren<strong>do</strong><br />

saber de castas ou de raças, a to<strong>do</strong>s se vem dispensan<strong>do</strong> a mesma atenção,<br />

o mesmo interesse. Só lastimamos é que não aproveitam tanto quanto nós<br />

desejaríamos; só lastimamos que não nos compreendam como deveriam<br />

compreender, porque a nossa intenção foi sempre a de elevar, de enaltecer<br />

os espíritos, de enriquecer as mentes de conhecimentos, de dar forças, dar<br />

vigor, convicção e valor para que enfrentem a luta pela vida, para que<br />

saibam sofrer, mas da luta saiam vitoriosos.<br />

Foi sempre essa a nossa intenção e continua a ser o nosso dever. Por<br />

isso, aqui nos encontramos sempre e sempre a distribuir flui<strong>do</strong>s, a irradiar<br />

Luz sobre os espíritos, a dizer a Verdade àqueles que a precisam ouvir,<br />

fustigan<strong>do</strong>-os para que despertem, para que não se deixem enfraquecer<br />

162


espiritualmente, para que prossigam nesta vida com passo firme, com o<br />

raciocínio e a razão lúci<strong>do</strong>s, como seres equilibra<strong>do</strong>s e sensatos. Aqueles<br />

que queiram ouvir-nos, aqueles que queiram aproveitar o que lhes<br />

dizemos, encontrarão sempre aquilo de que precisam, certos de que o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> tem uma única finalidade: ESCLARECER!<br />

Entre os seres deveria haver mais humanidade, mas verifica-se que<br />

ainda há muita desumanidade. A revolta espiritual que leva à prática de<br />

atos indignos, que concorrem para a perversão e a desmoralização, essa<br />

degradação espiritual que os seres vêm sofren<strong>do</strong>, tu<strong>do</strong> faz parte da<br />

ignorância em que se têm manti<strong>do</strong>. Mas como fazer compreender aos seres<br />

que precisam ser mais humanos, se possuem entranha<strong>do</strong> em seus espíritos<br />

o egoísmo? Não fosse egoísta a humanidade, as guerras não existiriam, as<br />

incompreensões desapareceriam. É o egoísmo, esse egoísmo atroz, que faz<br />

com que as criaturas só vejam o que lhes agrada, só se sintam bem<br />

irradian<strong>do</strong> o mal aos semelhantes.<br />

A humanidade está ainda muito falha de princípios, falha de<br />

sentimentos, e é por isso que se luta com dificuldade, para chamá-la à<br />

razão, para fazê-la entender que outra deve ser a sua condução neste<br />

mun<strong>do</strong>.<br />

Ninguém se compreende e os espíritos se revoltam, muitas vezes sem<br />

motivo algum. A revolta não parte de um sentimento justo, mas de um<br />

sentimento de despeito. O despeito cega a criatura e a torna invejosa e má.<br />

Revolta-se porque quer ser aquilo para o que o seu espírito não tem<br />

tendência e, não poden<strong>do</strong> fazer o que quer, desce, desce, tornan<strong>do</strong>-se<br />

escrava <strong>do</strong> egoísmo.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, explanan<strong>do</strong> os seus Princípios há tantos anos,<br />

vem-se baten<strong>do</strong> para fazer com que reconheçam seus defeitos, corrijam<br />

seus maus hábitos e deixem, sobretu<strong>do</strong>, de ser egoístas. É o egoísmo que<br />

faz a desgraça <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> e torna as criaturas más.<br />

163


Aprenda-se a viver, seja-se humano, seja-se justo, cumpra-se o dever,<br />

pon<strong>do</strong> de parte a vaidade, porque ela só prejudica, amesquinha e diminui.<br />

164


O CAPRICHO<br />

Há casos na vida <strong>do</strong>s seres que surgem e que aparecem provoca<strong>do</strong>s<br />

pelos próprios seres. Há criaturas que deixam fugir a ambicionada<br />

felicidade, muitas vezes por um simples capricho.<br />

O capricho é um mau conselheiro <strong>do</strong> espírito, porque torna a criatura<br />

muitas vezes cega e surda à voz da razão e <strong>do</strong> bom senso.<br />

To<strong>do</strong>s seriam felizes se, em vez de se deixarem levar pelos seus<br />

ímpetos, pelas expansões <strong>do</strong> seu "eu" mal educa<strong>do</strong> e impetuoso,<br />

raciocinassem e ponderassem demoradamente, pesan<strong>do</strong> os prós e os<br />

contras, para chegarem a uma conclusão acertada.<br />

Há coisas que se criam na imaginação, que se avolumam no<br />

pensamento, que se tornam difíceis e que no fim nada têm de dificuldade.<br />

O pensamento é o motor <strong>do</strong> espírito, mas, quan<strong>do</strong> mal regula<strong>do</strong>,<br />

perturba-o, torna-o muitas vezes injusto.<br />

É um grande mal a criatura ter o espírito preveni<strong>do</strong> contra outrem sem<br />

primeiro procurar compreender bem esse alguém no mo<strong>do</strong> de ele agir, no<br />

interesse toma<strong>do</strong> pelos outros, no seu desprendimento, no seu desejo de<br />

auxiliar para o bem.<br />

Há criaturas que se tornam infelizes porque o querem; há criaturas<br />

que, no dizer <strong>do</strong> povo, "dão um pontapé na sorte", e o dão por quê? Porque<br />

têm os seus ímpetos, têm o seu "eu" perturba<strong>do</strong> e agrava<strong>do</strong> por um<br />

pensamento fixo e erra<strong>do</strong>.<br />

As criaturas, para bem viver neste mun<strong>do</strong>, devem estudar-se e tender<br />

para a virtude, e então viverão em paz.<br />

165


Há lares que se desmoronam, porque as criaturas que neles vivem não<br />

sabem se conter, não sabem <strong>do</strong>minar o seu "eu", não sabem frear a sua<br />

vontade. Está, portanto, na criatura o ser feliz ou infeliz; é a criatura que<br />

cava a sua própria infelicidade, assim como cria e constrói a felicidade.<br />

Saibam, portanto, viver, saibam pensar sempre com elevação, não<br />

sejam impetuosas, raciocinem e ponderem, para que possam ser felizes.<br />

Os bons sentimentos existem no mun<strong>do</strong>, nos espíritos: é saber cultiválos.<br />

To<strong>do</strong>s possuem bons e maus sentimentos. Mas há seres que possuem<br />

bons sentimentos e os deixam abafa<strong>do</strong>s por falta de estu<strong>do</strong> e raciocínio.<br />

É preciso que compreendam bem o que seja a vida. Não se deixem<br />

iludir, não criem fantasias, mas vivam da realidade, e essa realidade nem<br />

sempre deve ser aureolada de pessimismo, esse pessimismo que torna tu<strong>do</strong><br />

difícil, esse pessimismo que torna tu<strong>do</strong> mau. To<strong>do</strong>s devem viver neste<br />

mun<strong>do</strong> com a sua <strong>do</strong>se de otimismo, pois é o otimismo que traz o bom<br />

humor, que traz a paz de espírito, é o otimismo que afugenta a<br />

desconfiança, é o otimismo que torna as criaturas tranqüilas, é o otimismo<br />

que as torna felizes.<br />

O mun<strong>do</strong> tornar-se-ia mais favorável se as criaturas soubessem tu<strong>do</strong><br />

ver, tu<strong>do</strong> observar e, sobretu<strong>do</strong>, raciocinar sempre com acerto.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, que vem há longos anos esclarecen<strong>do</strong> aqueles<br />

que procuram as suas Casas, bate-se, justamente, pela maneira como to<strong>do</strong>s<br />

devem saber viver.<br />

Viver não é difícil; o que é difícil é a criatura se dispor de fato a viver.<br />

A vida só se torna difícil quan<strong>do</strong> a criatura não tem noção <strong>do</strong>s seus<br />

deveres, quan<strong>do</strong> ela não a encara como a vida de fato é, porque, quan<strong>do</strong> de<br />

166


fato tu<strong>do</strong> sabe enfrentar, ela vence to<strong>do</strong>s os obstáculos, transpõe todas as<br />

barreiras, enfrenta todas as vicissitudes com serenidade e valor.<br />

Aprendam a viver, construam a sua felicidade, ponderan<strong>do</strong>,<br />

raciocinan<strong>do</strong> e ten<strong>do</strong> o desejo de serem felizes, lutan<strong>do</strong>, mas lutan<strong>do</strong> com<br />

valor, certos de dias melhores, certos de uma vida de paz e tranqüilidade,<br />

proveitosa a si próprios e aos seus semelhantes.<br />

167


O LIVRO DO TEMPO<br />

Há sempre um ponto de interrogação para aqueles que desejam<br />

investigar para aprender e saber.<br />

A vida é um livro que se folheia dia a dia e dentro <strong>do</strong> qual há lições<br />

para se receberem. Algumas se tornam proveitosíssimas para, com o correr<br />

<strong>do</strong>s anos, poder-se apontá-las àqueles ainda inexperientes. Felizes são<br />

aqueles que encontram nas páginas da vida a explicação clara daquilo que<br />

devem fazer, pois esse viver de fantasias e de ilusões, de enganos, não é<br />

viver. No correr <strong>do</strong> tempo, no passar <strong>do</strong>s anos, <strong>do</strong>s meses, das semanas,<br />

<strong>do</strong>s dias, das horas e <strong>do</strong>s minutos, a criatura vai aprenden<strong>do</strong> e vai perden<strong>do</strong><br />

toda e qualquer ilusão que ainda alimentava por lhe faltar a experiência.<br />

É, portanto, a vida um livro aberto e sábio no qual to<strong>do</strong>s devem saber<br />

estudar para aprender a conhecer-se a si próprios e aos seus semelhantes,<br />

reconhecen<strong>do</strong> assim o seu valor, os seus defeitos e as suas qualidades,<br />

procuran<strong>do</strong> vencer todas as dificuldades.<br />

To<strong>do</strong>s aqueles que sabem folhear o livro da vida, sem perderem uma<br />

só linha, aproveitam bem o tempo. Pois é certo haver seres que julgam que<br />

o tempo não passa sobre eles; no entanto, ele vai corren<strong>do</strong> de uma maneira<br />

vertiginosa, e esses seres não o aproveitam, não sabem lançar mão das<br />

lições que lhes foram oferecidas, porque querem viver in<strong>do</strong>lentemente,<br />

porque são egoístas e grandemente materialistas.<br />

O materialismo sempre foi o maior inimigo da moral e <strong>do</strong> progresso<br />

espiritual; ele embrutece as criaturas, ele as aniquila para a vida, ele as<br />

torna cegas e surdas à voz da razão e <strong>do</strong> bom senso.<br />

O materialista só vê, só enxerga aquilo que lhe satisfaça os senti<strong>do</strong>s, o<br />

seu egoísmo; o materialista não quer sacrificar-se, ele quer obter para<br />

gozar; é incapaz de sofrer e lutar por causas justas; ele apenas dá satisfação<br />

ao seu "eu", aos seus instintos; vive brutalmente e, nesse viver, atrofia o<br />

168


espírito, aniquila as suas forças espirituais e torna-se um ser desprezível,<br />

apenas conten<strong>do</strong> a forma humana, dan<strong>do</strong> expansão aos seus instintos<br />

animais, mas não queren<strong>do</strong> pensar nem raciocinar sobre as coisas<br />

transcendentais.<br />

Para aprender a folhear o livro da vida, o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> aponta<br />

a melhor maneira de a criatura se conhecer para vencer as suas<br />

dificuldades.<br />

Nenhuma Doutrina, até hoje, cui<strong>do</strong>u de esclarecer a humanidade. Só o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> tem dito a verdade, só ele tem fala<strong>do</strong> sem embuste,<br />

sem hipocrisia, sem mentira, sem mistério e sem <strong>do</strong>gmas. O <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong> não ilude ninguém, não alimenta as fraquezas humanas, não admite<br />

lástimas, não promete, apenas aponta o erro, indican<strong>do</strong> às criaturas onde<br />

está a Verdade. Condenan<strong>do</strong> a mentira, ensina a criatura a vencer por si<br />

própria, ten<strong>do</strong> orgulho de ser útil a si e aos outros. Ensina a criatura a ter<br />

confiança absoluta em si própria, pois, to<strong>do</strong> aquele que viva ati<strong>do</strong> à<br />

proteção, seja de quem for, será sempre um fraco, um venci<strong>do</strong>. O<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer que as criaturas sejam fortes, destemidas,<br />

valorosas, encarem a vida e os seus problemas procuran<strong>do</strong> solucioná-los<br />

de acor<strong>do</strong> com o seu esclarecimento, com o seu valor espiritual, com<br />

convicção e certeza da vitória.<br />

169


ORIENTAR SEM COAÇÃO<br />

To<strong>do</strong>s os extremismos, para aqueles que têm a noção da vida e a<br />

compreensão <strong>do</strong>s fatos pela observação e pelo raciocínio, são prejudiciais,<br />

partam eles de onde partirem, venham de onde vierem.<br />

Tu<strong>do</strong> no mun<strong>do</strong> Terra obedece a leis comuns e naturais, e dentro<br />

dessas leis tu<strong>do</strong> se explica e tu<strong>do</strong> se resolve. Querer ir contra essas leis é<br />

errar na certa, porque nada se conseguirá.<br />

O tempo é o melhor fator para solucionar problemas difíceis da vida.<br />

Aqueles que agem apenas mecanicamente, queren<strong>do</strong> precipitar os<br />

acontecimentos, queren<strong>do</strong> o impossível, nada conseguem.<br />

A evolução <strong>do</strong> mun<strong>do</strong> vem-se fazen<strong>do</strong> dentro de leis sábias. Tu<strong>do</strong><br />

segue uma rota natural, da qual ninguém pode fugir.<br />

Paira sobre a humanidade uma atmosfera pesada, de incertezas e<br />

incompreensões, o que aliás já era de se esperar, porque bruscas<br />

transformações se efetuaram na mentalidade humana, na maneira de<br />

pensar das criaturas. Sem saber o que querem e desejam, todas querem<br />

muito mas, sem saber como consegui-lo, almejam o que não podem<br />

atingir.<br />

Essa transformação que se vem observan<strong>do</strong>, e que nós há muito<br />

anunciamos, é natural, mas nem há motivo para regozijos nem para receios<br />

concentra<strong>do</strong>s.<br />

Os homens, enquanto não se esclarecem, deixam-se empolgar pela<br />

ganância, só querem usufruir, avançar, conquistar, enfim, viver<br />

egoisticamente. Enquanto assim pensam, não enxergam senão os seus<br />

interesses e nada mais querem. Não se preocupam com o bem-estar alheio,<br />

não querem saber <strong>do</strong> progresso <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>, da paz das nações. Querem o<br />

170


que querem e, para satisfação <strong>do</strong> seu "eu", egoísta e mau, não há razão<br />

nem bom senso, que desaparecem perante o seu desejo de serem os<br />

senhores <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>.<br />

O mun<strong>do</strong> Terra evoluirá sim, como vem evoluin<strong>do</strong>, material e<br />

espiritualmente, mas não será com orgulho, prepotência ou escravidão que<br />

a humanidade fará mais depressa o seu progresso.<br />

Os seres, para saberem o que querem, precisam ser livres de<br />

preconceitos, livres para pensar e agir.<br />

Toda e qualquer coação espiritual que prenda o livre-arbítrio <strong>do</strong> ser é<br />

prejudicial. Não se tente, portanto, coagir as criaturas no seu mo<strong>do</strong> de<br />

pensar, na sua maneira de ver, porque isso nada adianta. Procure-se<br />

orientá-las racional e cientificamente para a vida.<br />

A revolta espiritual, essa revolta íntima, daqueles que governam, não é<br />

vista, não é demonstrada senão astralmente, psiquicamente. Essa revolta<br />

faz com que não enxerguem o abismo para onde caminham.<br />

Toda e qualquer idéia extremista, repetimos, é prejudicial à<br />

humanidade.<br />

Os homens precisam pensar e raciocinar livremente e, uma vez<br />

prepara<strong>do</strong>s para a vida, uma vez educa<strong>do</strong>s para essa vida, saberão separar<br />

o joio <strong>do</strong> trigo, terão equilíbrio e sensatez.<br />

Caminhem, pois, com as mentes elevadas e com os pés em terreno<br />

firme. Saibam pensar, saibam raciocinar, pois estarão dentro da corrente<br />

<strong>do</strong> Bem e agirão acertadamente.<br />

To<strong>do</strong> e qualquer materialismo religioso ou ideológico imposto à<br />

humanidade é prejudicial. O que vence é o Bem espiritual que existe nas<br />

criaturas.<br />

171


Aquilo que vemos atualmente no mun<strong>do</strong> é materialismo grosseiro e<br />

bruto. Toda idéia materialista grosseira e bruta é prejudicial ao espírito. E<br />

os seres não podem progredir materializa<strong>do</strong>s e brutos. Precisam<br />

espiritualizar-se, precisam ter ideais eleva<strong>do</strong>s, e não consideramos ideais<br />

eleva<strong>do</strong>s aqueles que se baseiam apenas na matéria, aqueles que só querem<br />

coação, escravidão e, portanto, infelicidade.<br />

Aprendam a tu<strong>do</strong> ver, discernir, e não se iludam, porque nada de bom<br />

veio à Terra que não tivesse parti<strong>do</strong> <strong>do</strong>s espíritos evoluí<strong>do</strong>s, já nos planos<br />

<strong>do</strong> Astral Superior.<br />

Saibam pensar, saibam viver e concluirão com acerto!<br />

172


PENSAMENTO, ALAVANCA DO SUCESSO<br />

A vida na Terra será sempre de lutas, e felizes daqueles que a sabem<br />

compreender como tal.<br />

Contar com uma vida de gozos e prazeres, alegrias e compensações é<br />

enganar-se o ser re<strong>do</strong>ndamente. As ilusões são admissíveis na mocidade<br />

inexperiente, para quem tu<strong>do</strong> é sonho e esperança, por tu<strong>do</strong> ver cor-derosa.<br />

Mas para aqueles que já sentiram o peso da vida, para aqueles a quem<br />

a experiência, pouco a pouco, vai mostran<strong>do</strong> o la<strong>do</strong> mau, para esses não há<br />

mais ilusão, a vida é o que de fato é, de lutas e de trabalhos.<br />

Quantas vezes uma criatura luta incansavelmente para conseguir algo<br />

e depois vê que perdeu o seu tempo, porque não conseguiu o resulta<strong>do</strong><br />

almeja<strong>do</strong>! São esses sofrimentos que ferem, que <strong>do</strong>em, mas que sempre<br />

depuram o espírito.<br />

To<strong>do</strong>s aqueles que na Terra vivem têm suas horas de amargura.<br />

Aqueles que passam pelo mun<strong>do</strong> sem responsabilidades, que levam uma<br />

vida quase inconsciente, esses não vivem, vegetam.<br />

O homem, para evoluir, tem que lutar com valor.<br />

As criaturas deixam ver claramente o seu esta<strong>do</strong> de alma. Coerentes<br />

ou incoerentes, a fisionomia tu<strong>do</strong> revela. A incoerência torna-as frias e<br />

indiferentes, e essas não sofrem. Para elas a vida consiste apenas na<br />

satisfação de seu "eu". Vivem para a matéria, sem se importarem com o<br />

la<strong>do</strong> moral da vida. São as eternas egoístas, para quem o mun<strong>do</strong> nada vale,<br />

só cuidam de si, de dar expansão à animalidade.<br />

Aqueles que lutam, e para quem o sofrimento advin<strong>do</strong> da luta fere, não<br />

se devem sentir diminuí<strong>do</strong>s, nem venci<strong>do</strong>s, e sim caminhar com passo<br />

firme, aproveitan<strong>do</strong> as lições que receberam para a solução de outros<br />

problemas.<br />

173


Quem bem faz para si o faz. Mas não contem nunca com recompensas<br />

neste mun<strong>do</strong>. Façam sempre por proceder bem, dan<strong>do</strong> satisfação à<br />

consciência. Deixem que o tempo se encarregará de absolver ou condenar.<br />

É ele que apresenta aquilo que cada um merece. Quem bem faz para si o<br />

faz. Isso se observa quan<strong>do</strong> se parte deste mun<strong>do</strong>. Então é que se sentirá a<br />

satisfação íntima, aquela satisfação espiritual que premia to<strong>do</strong>s os<br />

trabalhos, to<strong>do</strong>s os sacrifícios, todas as lutas e to<strong>do</strong>s os sofrimentos<br />

advin<strong>do</strong>s <strong>do</strong> cumprimento <strong>do</strong> dever, da abnegação, <strong>do</strong> desprendimento.<br />

Aprendam a viver, saibam sofrer e esperem sempre vencer. Nunca se<br />

julguem venci<strong>do</strong>s, lutem com valor e sentirão a vitória espiritual quan<strong>do</strong><br />

deste mun<strong>do</strong> partirem.<br />

O pensamento é tu<strong>do</strong>. É no pensamento que tu<strong>do</strong> se arquiteta, se cria o<br />

bem e se engendra o mal.<br />

Há muita gente que vive de imaginações, crian<strong>do</strong> fatos e imagens que<br />

não existem, mas que o seu pensamento <strong>do</strong>entio vai avoluman<strong>do</strong>. A mente<br />

trabalha tanto e tanto sem controle que daí vêm a obsessão e a loucura.<br />

É preciso saber guiar o pensamento. O pensamento pode ser a atração<br />

<strong>do</strong> mal como pode ser <strong>do</strong> bem. Correm perigo aqueles que vivem mais de<br />

imaginação, que tu<strong>do</strong> quanto observam avolumam, corrompem e<br />

deturpam. Isso é um mal perigoso, e pode criar sérias conseqüências.<br />

Toda criatura tem por obrigação saber controlar os pensamentos. São<br />

eles a alavanca <strong>do</strong> progresso. O pensamento engendra, cria, inventa. É pelo<br />

pensamento que se progride e ativa o progresso <strong>do</strong> mun<strong>do</strong>. Mas ninguém<br />

se deve esquecer de que o pensamento trabalha para o bem e para o mal,<br />

portanto, os pensamentos maus podem ser de nefastas conseqüências para<br />

os seres.<br />

Afirma-se que é no pensamento que está o segre<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> êxito e, se<br />

o segre<strong>do</strong> de to<strong>do</strong> êxito reside no pensamento, por que não saber pensar?<br />

174


To<strong>do</strong>s devem cultivar o pensamento para o êxito, para as grandes<br />

invenções, para os grandes empreendimentos, para as boas resoluções,<br />

para o bom êxito e, assim, habituan<strong>do</strong> o pensamento, passam a ser felizes e<br />

realizam aquilo que formularam no pensamento.<br />

Aprendam, pois, a pensar. Livrem-se <strong>do</strong> mal, irradian<strong>do</strong> sempre<br />

pensamentos bons. Fortaleçam a vontade, eduquem-se, corrijam os maus<br />

hábitos, não tenham a pretensão de ser perfeitos, mas aproximem-se<br />

sempre da perfeição. Não deixem que o orgulho e a vaidade os ceguem a<br />

ponto de se julgarem os únicos capazes e perfeitos no mun<strong>do</strong>. Procurem<br />

em si mesmos as imperfeições e encontrarão os meios para as corrigir.<br />

Aprendam a viver, guian<strong>do</strong>-se por bons pensamentos para afastarem o<br />

mal, para evitarem os avassalamentos, as perturbações, os descontroles,<br />

tu<strong>do</strong>, enfim, que possa vir a afetar a saúde.<br />

175


PERSONALIDADE ESPIRITUAL<br />

A espiritualidade <strong>do</strong>s seres nota-se e sente-se nas irradiações e<br />

produções, nas suas atividades, no seu desenvolvimento intelectual, pois<br />

quanto mais evoluí<strong>do</strong> o espírito, mais ativo, mais inteligente é.<br />

A espiritualidade difere, porque os espíritos não são to<strong>do</strong>s da mesma<br />

categoria e, assim sen<strong>do</strong>, não podem to<strong>do</strong>s possuir idêntica espiritualidade,<br />

porém o progresso espiritual se faz através das encarnações e<br />

desencarnações.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, como <strong>do</strong>utrina, procura esclarecer as<br />

criaturas, a fim de que não se iludam, a fim de que compreendam a<br />

necessidade de se espiritualizarem, enveredan<strong>do</strong> pelo caminho que mais<br />

depressa as faça galgar o terreno espiritual.<br />

O esclarecimento que o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> dá aos seres tem a<br />

finalidade de os predispor ao conhecimento de si mesmos, evitan<strong>do</strong> que<br />

percam encarnações preciosas, pois há espíritos que vêm encarnar e da<br />

Terra partem sem nada terem feito em proveito espiritual.<br />

A vaidade leva muitas criaturas a supor que são uns grandes espíritos,<br />

umas grandes inteligências, quan<strong>do</strong> é certo que o espírito verdadeiramente<br />

evoluí<strong>do</strong> e inteligente não é vai<strong>do</strong>so, não tem pretensões tolas e até dá<br />

pouco valor àquilo que produz, acha sempre que deveria produzir mais e<br />

melhor.<br />

A evolução <strong>do</strong> espírito se traduz na simplicidade, na maneira como o<br />

ser vive neste mun<strong>do</strong>, agin<strong>do</strong> sempre com inteligência, com sagacidade,<br />

mas sem estar dan<strong>do</strong> importância à sua pessoa, que chega a não se<br />

aperceber <strong>do</strong> seu real valor.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> quer a humanidade espiritualizada, sabe que<br />

não pode haver progresso espiritual nem material, nem os homens poderão<br />

176


legislar com acerto, produzir, criar e inventar, se desconhecerem a ação da<br />

vida fora da matéria.<br />

Haja espiritualidade e existirá um mun<strong>do</strong> melhor. Nele to<strong>do</strong>s se<br />

sentirão mais à vontade para trabalhar, para produzir, porque terão os<br />

meios necessários para viver com facilidade. Saberão ter personalidade<br />

espiritual, caráter, força de vontade para o bem.<br />

Há espíritos que desde a infância demonstram pelos seus atos, pelas<br />

suas brincadeiras, diversões infantis, a personalidade caracterizante <strong>do</strong><br />

homem que vai ser.<br />

Estudan<strong>do</strong> psicologicamente a criança, podeis observar nela o espírito<br />

que a anima. E é de personalidade moral que os homens carecem para<br />

haver um mun<strong>do</strong> melhor, de ordem e de paz. Mas, infelizmente, há crise<br />

de caráter, e aqueles que possuem qualidades nem sempre são bem aceitos,<br />

porque a humanidade está afeita à hipocrisia, à mentira, repelin<strong>do</strong> assim as<br />

criaturas sinceras, leais e verdadeiras, mas pouco importa, porque o mun<strong>do</strong><br />

processa a sua evolução, quer os seres queiram, quer não queiram. É uma<br />

verdade triste, mas que não podemos deixar de dizer.<br />

O esta<strong>do</strong> espiritual da humanidade seria bem outro, se outra também<br />

fosse a mentalidade <strong>do</strong>s seus condutores espirituais. Infelizmente, os<br />

espíritos, reencarnan<strong>do</strong>, não têm encontra<strong>do</strong> campo propício para<br />

desenvolverem as idéias com que encarnaram.<br />

Há muito, mas muito mesmo a se desejar. Como modificar a situação?<br />

– Educan<strong>do</strong>, preparan<strong>do</strong> homens e mulheres para o dia de amanhã. Instruir<br />

e educar racionalmente a criança é preparar esse mun<strong>do</strong> melhor de que<br />

tanto falam, mas pouco trabalham para a sua existência. Há uma<br />

dissipação constante na criança, na mocidade, dissipação que impede a<br />

concentração <strong>do</strong> espírito naquilo que lhe facilite demorar o raciocínio<br />

sobre as coisas sérias da vida. A educação mental e intelectual requer<br />

177


disciplina, méto<strong>do</strong> na maneira de ensinar e de viver, e isso falta de uma<br />

maneira espantosa, desde os lares às escolas.<br />

Há muita falta de orientação intelectual, mental e moral. Há pais que<br />

procuram educar os seus filhos, que se esforçam por preparar os seus<br />

espíritos dentro <strong>do</strong>s bons princípios educativos, mas que vêem perdi<strong>do</strong><br />

depois o seu tempo, quan<strong>do</strong> os filhos entram nas escolas, por faltar<br />

autoridade moral aos professores.<br />

Há um descaso completo pela educação da criança, e esse descaso vem<br />

aumentan<strong>do</strong> de dia para dia, com a falta de respeito e de disciplina nas<br />

escolas. E, no entanto, é sabi<strong>do</strong> que sem instrução não pode haver um povo<br />

são e forte.<br />

Um povo inculto, indisciplina<strong>do</strong>, supersticioso e fanático será sempre<br />

infeliz. A ignorância da verdade impede que a criatura raciocine com<br />

acerto, impede que ela veja claro na vida. É, portanto, a ignorância a causa<br />

<strong>do</strong>s maiores males que assoberbam a humanidade.<br />

É preciso instruir, é preciso formar povos esclareci<strong>do</strong>s. Um homem<br />

sem conhecimento será um mau caráter, viverá sem vontade própria e<br />

desprovi<strong>do</strong> <strong>do</strong>s princípios de honestidade, de valor e honra.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> bate-se pela instrução e pelo preparo<br />

espiritual da criança. É preciso preparar a criança para, quan<strong>do</strong> na<br />

a<strong>do</strong>lescência, estar o espírito com o seu caráter, com a sua personalidade<br />

forma<strong>do</strong>s. Quan<strong>do</strong> o espírito encarna<strong>do</strong> chega a uma certa idade, aquela<br />

em que o raciocínio começa a desenvolver-se, é preciso que haja quem o<br />

encaminhe, quem o elucide como verdadeiro amigo.<br />

Eduque-se sem despotismo, sem condenáveis e humilhantes castigos<br />

físicos, aplica<strong>do</strong>s à força bruta, com energia animal, que não faz outra<br />

coisa que não seja irritação.<br />

178


É preciso estudar o temperamento e as inclinações <strong>do</strong>s espíritos, para<br />

saber guiá-los na vida. Os pais e os professores devem saber chamar a si os<br />

filhos e os alunos e nunca afastá-los, porque é um perigo. É um grande<br />

perigo os pais ou as mães com certas atitudes afastarem os filhos de si,<br />

porque afastan<strong>do</strong>-se encontrarão lá fora, nos outros, uma amizade que<br />

pode ser falsa, insincera e nisso está o perigo das más companhias, <strong>do</strong>s<br />

amigos perversos, que só corrompem e desgraçam os filhos escorraça<strong>do</strong>s<br />

com a severidade <strong>do</strong>s pais, que deveriam ter sabi<strong>do</strong> ser pais e amigos.<br />

Saibam os pais chamar a si os filhos pelo carinho e respeito, pela<br />

energia espiritual, franca, leal e sincera, estudan<strong>do</strong> a maneira como devem<br />

atraí-los, falan<strong>do</strong>-lhes, explican<strong>do</strong>-lhes racionalmente as coisas de que<br />

precisam saber para poderem entrar no mun<strong>do</strong> de trabalhos e de lutas<br />

devidamente esclareci<strong>do</strong>s, fortes, cônscios <strong>do</strong>s deveres morais e materiais<br />

a cumprir, forman<strong>do</strong>-lhes assim o caráter.<br />

É preciso cuidar de formar a personalidade <strong>do</strong> homem e da mulher,<br />

para que no futuro os pais e os professores sintam a consciência tranqüila<br />

por haverem cumpri<strong>do</strong> os seus deveres para com os filhos e para com os<br />

discípulos, concorren<strong>do</strong> assim para melhorar o mun<strong>do</strong>, educan<strong>do</strong> e<br />

instruin<strong>do</strong> a humanidade em geral.<br />

179


REAGINDO AOS SOFRIMENTOS<br />

Têm aqueles que militam na explanação <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> a<br />

certeza absoluta de que, uma vez estuda<strong>do</strong>s e bem conheci<strong>do</strong>s os seus<br />

Princípios, to<strong>do</strong>s os seres se capacitarão de que ele é uma Doutrina<br />

diferente das demais, porque faz com que a criatura desperte, se esclareça<br />

e se prepare para a vida, faz com que se conheça e reconheça as energias<br />

que em si própria possui para delas lançar mão e não admitir a existência<br />

de milagres nem estar nunca atida à proteção divina.<br />

Esta Doutrina se recomenda pelo valor de seus Princípios. Ela não<br />

alimenta as fraquezas humanas, caustica até os seres, sacudin<strong>do</strong>-os com a<br />

verdade que explana.<br />

Nunca nesta Casa se enganou ninguém e to<strong>do</strong>s os que a ela vêm<br />

sentem os efeitos da verdade que liberta, da verdade que desperta e alerta<br />

para a vida.<br />

Se procedêssemos como os mentores religiosos da humanidade,<br />

estaríamos alimentan<strong>do</strong> a infelicidade e a <strong>do</strong>r com lamúrias e pensamentos<br />

de fraqueza e aqueles que vêm a esta Casa não se libertariam nunca <strong>do</strong>s<br />

males acometi<strong>do</strong>s.<br />

Quantas vezes as criaturas aqui chegam lamurian<strong>do</strong>-se, choran<strong>do</strong>,<br />

desanimadas e infelizes, sofren<strong>do</strong> <strong>do</strong>res físicas e <strong>do</strong>res morais, sofrimentos<br />

<strong>do</strong> corpo e da alma. Em nossas explanações ou nas da Presidência, pelos<br />

conselhos e observações que fazemos, nunca alimentamos esses<br />

sofrimentos, procuramos sempre fazer com que as criaturas reconheçam<br />

que de si próprias depende a reabilitação moral ou física, que a libertação<br />

<strong>do</strong>s sofrimentos se opera pela reação que se produz no espírito, fazen<strong>do</strong>-o<br />

despertar para uma nova vida, mais sã e mais útil, para que se sintam<br />

felizes, e se tornem outras criaturas mais compreensivas e mais fortes na<br />

vontade para o bem.<br />

180


Não admitimos que se alimentem os sofrimentos de quem quer que<br />

seja.<br />

É hábito, entre muitos seres, para se fazerem naturalmente de bons, ou<br />

para demonstrarem bondade aos seus semelhantes, condizer com o<br />

sofrimento alheio, alimentar os males físicos, as enfermidades, contan<strong>do</strong><br />

até casos idênticos, choran<strong>do</strong> com os enfermos, mostran<strong>do</strong> misericórdia no<br />

olhar e nos gestos. O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> condena tu<strong>do</strong> isso. Se alguém<br />

de nós se aproxima sofren<strong>do</strong>, choran<strong>do</strong>, nós lhe dizemos: – Reaja, não se<br />

entregue assim ao sofrimento, precisa esclarecer-se, ter valor, vontade<br />

forte para vencer os maus pensamentos, renovar a sua energia espiritual,<br />

lutar vigorosamente contra os sofrimentos, não pensar em coisas tristes,<br />

tratar de agir como criatura equilibrada e sensata, trabalhan<strong>do</strong>, ocupan<strong>do</strong><br />

bem o tempo e compreenden<strong>do</strong> a vida como deve ser compreendida no<br />

mun<strong>do</strong> físico. E assim a criatura que chega aqui choran<strong>do</strong> e se lamurian<strong>do</strong><br />

começa a despertar, a melhor raciocinar e, guiada pelos nossos conselhos,<br />

começa desde logo a se sentir mais feliz, passa a gozar saúde e a ter paz de<br />

espírito, que é única felicidade que o ser humano pode esperar na Terra.<br />

Estudar, analisar e procurar compreender, portanto, tu<strong>do</strong> que se passa,<br />

tu<strong>do</strong> que surge na vida, é o dever de toda criatura humana.<br />

É preciso que a criatura tenha perspicácia, elevação espiritual e que<br />

faça por ser justa. É de justiça que o mun<strong>do</strong> precisa, de justiça sim, para<br />

julgar sempre imparcialmente to<strong>do</strong>s os atos, tu<strong>do</strong> o que se passa, tu<strong>do</strong> o<br />

que se observa. O espírito justo é incapaz de julgar mal o seu semelhante;<br />

ele poderá se iludir pelas aparências, mas nunca será capaz de julgar sem<br />

ter certeza <strong>do</strong>s fatos.<br />

A falta de justiça muitas vezes concorre para a desgraça, para a<br />

infelicidade <strong>do</strong>s seres.<br />

181


A criatura sem esclarecimento adquire um complexo de inferioridade,<br />

cria no seu mental coisas inexistentes e fica convencida de que não dá para<br />

grandes coisas, que nunca conseguirá ser feliz; ao passo que o ser<br />

esclareci<strong>do</strong>, sente-se apoia<strong>do</strong> na verdade e passa muitas vezes a ser aquilo<br />

que nunca pensou ser, sente estimulada a vontade e julga-se capaz de<br />

chegar às grandes coisas, porque começa a agir, desembaraça-se e passa a<br />

ser uma criatura de valor nos seus empreendimentos.<br />

Tu<strong>do</strong> tem a sua razão de ser, e o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, como não<br />

pretende iludir ninguém, fala com toda clareza, explican<strong>do</strong> os fatos, as<br />

causas de um mo<strong>do</strong> to<strong>do</strong> racional.<br />

A humanidade vive em revolta espiritual, porque não se reconhece o<br />

valor de quem o tem, não se reconhecem os direitos de quem os tem, para<br />

dá-los a quem os não possui, e é por isso que se derrama sangue, e é por<br />

isso que ninguém se entende.<br />

Bateram-se os homens nos campos da batalha pela liberdade <strong>do</strong><br />

homem e, no entanto, o homem continua escraviza<strong>do</strong>. Os povos continuam<br />

escraviza<strong>do</strong>s. Não adianta, portanto, o derramamento de sangue, porque os<br />

espíritos não têm a noção da justiça, não querem saber de disciplina,<br />

querem é dar largas ao seu egoísmo, à sua prepotência descabida,<br />

desmoronan<strong>do</strong> países, levan<strong>do</strong> a miséria e a desgraça por toda parte.<br />

É preciso esclarecer a humanidade, sacudi-la espiritualmente, para que<br />

possa compreender que não é composta apenas de carne, mas de espírito<br />

também. Que é o espírito que vibra, que é o espírito que sente, que é o<br />

espírito que sabe amar, sofrer e lutar, mas que as lutas havidas foram<br />

oriundas <strong>do</strong> mau uso feito <strong>do</strong> livre-arbítrio.<br />

Esclarecida a humanidade, to<strong>do</strong>s os povos viverão em harmonia, to<strong>do</strong>s<br />

se entenderão para a vida <strong>do</strong> trabalho, natural e cabível ao espírito na<br />

Terra.<br />

182


SER ESPIRITUALISTA<br />

Cultivar a vida espiritual, ser espiritualista, não é privilégio deste ou<br />

daquele; é dever de to<strong>do</strong>s se prepararem para uma compreensão exata da<br />

vida e caminharem com segurança na passagem pela Terra.<br />

Evoluir não é viver num mar de rosas mas, sim, trabalhar, lutar<br />

conscientemente. Espiritualizar-se, não é confabular com os espíritos, não<br />

é falar neles a to<strong>do</strong> o momento, como muitos fazem. Muitos que<br />

freqüentam as Casas Racionalistas vivem a encher a boca com a palavra<br />

espiritualista, sem saberem com certeza o valor dessa palavra. É por esse<br />

motivo que recomendamos que estudeis, para que vos aperfeiçoeis,<br />

procuran<strong>do</strong> discernir bem sobre o que encerra a obra <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong>.<br />

Ser espiritualista é ser esclareci<strong>do</strong>, conhecer-se como Força e Matéria,<br />

trazer o tempo ocupa<strong>do</strong>, é ser honra<strong>do</strong>, é ter convicção <strong>do</strong> valor <strong>do</strong><br />

pensamento, é ser forte, é procurar vencer todas as vicissitudes, to<strong>do</strong>s os<br />

obstáculos, não querer o impossível, enfim, é ter prudência em to<strong>do</strong>s os<br />

atos, cuidar da vida material com valor e inteligência, trabalhar pelo bem<br />

geral da humanidade, sempre dentro destes Princípios sãos, saber acumular<br />

vida anímica para que o espírito possa muito produzir com o bem querer,<br />

nesse anseio de ser útil ao semelhante, clarividenciar o raciocínio para<br />

melhor vencer as dificuldades, caminhar devagar, ser calmo, mas veloz<br />

com o pensamento, alimentan<strong>do</strong> o desejo de produzir sempre e sempre.<br />

Observai o que se vai passan<strong>do</strong> pelo mun<strong>do</strong> afora! Campeia o desamor<br />

pelo trabalho e aumenta o deboche, há verdadeiro descaso pelas coisas<br />

sérias da vida. A dignidade se vende, troca-se por qualquer coisa de menos<br />

valia; o homem pouco ou nada procura produzir, cada vez se entrega mais<br />

à in<strong>do</strong>lência, esperan<strong>do</strong> por uma melhoria à custa <strong>do</strong>s braços alheios,<br />

183


queren<strong>do</strong> arrancar <strong>do</strong>s outros o que de direito possuem, queren<strong>do</strong> para si<br />

aquilo que não lhe pertence, aquilo que a ele não pode chegar, porque não<br />

faz esforço dentro das leis que regulam o trabalho honesto. Não pode<br />

haver produção sem esforço, sem trabalho, e infelizmente é com tristeza<br />

profunda que se observa haver falta de caráter.<br />

Temos frisa<strong>do</strong> muitas vezes que <strong>do</strong> preparo espiritual da criatura<br />

resulta o êxito, porque ele lhe dá coragem, lhe dá valor, lhe dá<br />

desprendimento.<br />

Para viver na Terra é preciso que haja desprendimento e valor. Há<br />

criaturas que não sabem viver, há criaturas que não têm, absolutamente<br />

controle sobre si mesmas, e <strong>do</strong> controle que cada um deve ter, <strong>do</strong> <strong>do</strong>mínio<br />

<strong>do</strong> seu "eu" é que dependem a estabilidade e a paz da criatura.<br />

Toda criatura tem os seus defeitos, toda criatura tem o seu célebre<br />

gênio, mas saber <strong>do</strong>minar esse gênio, conter o seu "eu" é o que to<strong>do</strong>s<br />

precisam fazer.<br />

Ninguém é perfeito neste mun<strong>do</strong>. Enganam-se aqueles que julgam que<br />

são perfeitos. To<strong>do</strong>s são imperfeitos e, assim sen<strong>do</strong>, to<strong>do</strong>s devem procurar<br />

aperfeiçoar-se.<br />

A vida se tornará mais suave quan<strong>do</strong> to<strong>do</strong>s se convencerem de que<br />

devem ser humanos uns para com os outros, de que devem ser tolerantes,<br />

de que devem ser condescendentes não com o erro, mas com a falta de<br />

conhecimento <strong>do</strong> semelhante. Não se pode exigir perfeições, mas, sim,<br />

tolerância e compreensão, porque daí resultará a harmonia <strong>do</strong>s seres. Há<br />

muitos lares em desarmonia, em desequilíbrio espiritual, por falta de<br />

senso, de controle.<br />

To<strong>do</strong>s devem saber primeiro olhar para dentro de si e depois então<br />

olhar para os outros, para não reconhecerem neles defeitos somente.<br />

184


Aprendam, portanto, a viver. Aprendam a agir como criaturas<br />

sensatas e equilibradas, saibam ser valorosas para compreenderem bem as<br />

suas obrigações e as cumpram. Ninguém deve resolver os seus problemas<br />

num ambiente de irritação. A irritação e a impaciência são inimigas da paz<br />

e da tranqüilidade.<br />

É preciso que to<strong>do</strong>s saibam resolver as coisas com naturalidade e<br />

inteligência.<br />

Aprendam a ser criaturas capazes de se bastarem pelo pensamento a si<br />

próprias, não precisan<strong>do</strong> da proteção espiritual de ninguém, mas contan<strong>do</strong><br />

com os seus próprios recursos espirituais, para vencerem na luta pela vida<br />

sempre de cabeça erguida.<br />

185


VENCENDO OBSTÁCULOS<br />

Estudan<strong>do</strong> a humanidade nos seus diversos aspectos, nas suas<br />

múltiplas modalidades, observan<strong>do</strong> bem, analisan<strong>do</strong> a sua maneira de ver,<br />

de sentir e de agir, concluirá o espírito estudioso e inteligente que muito e<br />

muito precisa ainda aprender para saber dar valor à vida, vida que muita<br />

gente vive sem saber como e por quê, vida a que muita gente se atira num<br />

ator<strong>do</strong>amento inexplicável, vida que é mais vegetativa <strong>do</strong> que racional.<br />

O gênero humano, <strong>do</strong>ta<strong>do</strong> de inteligência e raciocínio, diferin<strong>do</strong>,<br />

portanto, muito e muito <strong>do</strong>s animais que só agem pelo instinto, só se<br />

tornará verdadeiramente humano quan<strong>do</strong> chegar a ser espiritualiza<strong>do</strong>. Mas<br />

é bem difícil espiritualizar a criatura quan<strong>do</strong> ela prefere rastejar a andar de<br />

pé.<br />

Como é difícil fazer despertar o espírito humano! Como é árduo o<br />

trabalho daqueles que pretendem fazer da humanidade criaturas capazes<br />

para a luta pela vida, desejosas de se espiritualizarem, para que,<br />

encontran<strong>do</strong> obstáculos aparentemente invencíveis, saibam transpô-los<br />

com altivez, o que não podem fazer os empederni<strong>do</strong>s, que tão<br />

teimosamente persistem no erro, porque dificilmente se lhes faz<br />

compreender a verdade. Repelem essas criaturas a verdade, que muitas<br />

vezes fere, caustica, mas será sempre um remédio proveitosíssimo para o<br />

despertar de cada espírito.<br />

O papel <strong>do</strong> <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é fazer despertar a humanidade,<br />

fazer com que compreenda a necessidade de saber viver, de dar mais valor<br />

aos <strong>do</strong>tes morais que possui e traz ao encarnar neste mun<strong>do</strong> para,<br />

justamente, aproveitá-los e desenvolvê-los em beneficio <strong>do</strong> próprio<br />

progresso.<br />

É preciso esclarecer os seres humanos. O esclarecimento é que<br />

desperta o espírito. Esse esclarecimento tem que se fazer e nós não nos<br />

186


cansamos de irradiar sobre a humanidade. Mas observa-se que muitos<br />

espíritos que podiam aproveitar os ensinamentos recebi<strong>do</strong>s, as lições<br />

gostosamente dadas, desprezam tu<strong>do</strong>, esquecem tu<strong>do</strong>, para continuar<br />

materializadamente, grotesca e brutalmente a viver como apraz aos<br />

ignorantes.<br />

Continuaremos, porém, a esclarecer, a fortificar aqueles que precisam<br />

<strong>do</strong> nosso conforto espiritual, para poderem encarar os problemas da vida,<br />

as vicissitudes, as agruras e os sofrimentos. Continuaremos a trabalhar<br />

para aqueles que desejam progredir, que desejam ser algo na vida. Os<br />

outros que colham o prêmio <strong>do</strong> seu descaso e da sua indiferença, pois o<br />

pior cego é o que não quer ver.<br />

Ser ignorante <strong>do</strong>s porquês da vida é natural, quan<strong>do</strong> a criatura não<br />

possui conhecimentos nem bagagem para vencer a ignorância. Mas ser<br />

ignorante proposital, ser cego porque não quer ver, isso é teimosia, isso é<br />

demonstrar possuir inteligência empedernida, e, portanto, difícil será o<br />

esclarecimento nesta encarnação.<br />

Toda criatura pode errar por ignorância, errar por falta de<br />

conhecimentos. Mas pode, uma vez esclarecida, deixar de errar e emendarse.<br />

Quan<strong>do</strong>, porém, o ser não quer ver, não quer reconhecer os seus<br />

defeitos, as lacunas <strong>do</strong> seu caráter, para poder preenchê-las, para poder<br />

corrigir-se, é porque é cego proposital e, infelizmente, há muita gente<br />

assim. Encastela-se nos seus conhecimentos, orgulhan<strong>do</strong>-se de sua<br />

posição, porque fala nela apenas uma grande vaidade, e os acastela<strong>do</strong>s na<br />

vaidade julgam-se seres de grande importância, não ouvem, não vêem e<br />

não sentem nada que fira a sua vaidade. Esses são os piores espíritos para<br />

se fazer despertar e esclarecer.<br />

O maior mal da humanidade é a ignorância da verdade, mas essa<br />

ignorância deixará de existir quan<strong>do</strong> as criaturas deixarem de ser vai<strong>do</strong>sas<br />

e se convencerem da continuidade da vida.<br />

187


Educar o espírito para ter personalidade é um dever que assiste a<br />

to<strong>do</strong>s. To<strong>do</strong> espírito deve ter personalidade, porque, se a não tiver, não<br />

pode ter caráter. Mas não devem as criaturas confundir personalidade com<br />

vaidade.<br />

Personalidade é um sentimento de independência espiritual que se<br />

adquire desde a tenra idade e que se cultiva com as experiências, na luta<br />

pela vida. A criança, ainda em tenra idade, demonstra a sua personalidade,<br />

que se torna mais acentuada quan<strong>do</strong> o ser adquire a maioridade.<br />

Cultivar a personalidade, não deixan<strong>do</strong> envaidecer o espírito, é um<br />

dever <strong>do</strong>s pais, porque a vaidade impede o progresso, causa ruína<br />

espiritual e até material de muita gente, pois o vai<strong>do</strong>so nunca enxerga os<br />

seus defeitos, julga-se perfeito, julga-se uma perfeição, só vê defeitos nos<br />

outros e não admite que lhe apontem os erros.<br />

A vaidade prejudica muitos espíritos!<br />

To<strong>do</strong>s podem errar, mas teimar no erro é persistência vai<strong>do</strong>sa e nada<br />

mais. Combatam, portanto, a vaidade, os sentimentos com que a encobrem<br />

muitas vezes, para não se tornarem criaturas antipáticas, orgulhosas e até<br />

indesejáveis.<br />

A ignorância só desaparecerá quan<strong>do</strong> se convencerem de que estão<br />

neste mun<strong>do</strong> para aprender, para se esclarecer e para se depurar.<br />

188


VÍCIO DE RELIGIOSIDADE<br />

Quan<strong>do</strong> o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> se iniciou, muitas e muitas foram as<br />

criaturas que vieram à sua Casa, não para estudar, mas sim, para satisfazer<br />

a sua curiosidade, em busca <strong>do</strong> espiritismo, então uma novidade, uma<br />

coisa sensacional, porque, naquela época, eram muitos os religiosos e<br />

poucos, mui poucos, aqueles que se interessavam pelas coisas <strong>do</strong> espírito<br />

e, com o vício da religiosidade, aqui chegaram queren<strong>do</strong> confundir a nossa<br />

Doutrina com a religião que professavam. Gostavam de ouvir os espíritos<br />

para poder confabular com eles, tamanha era a curiosidade de ouvir os<br />

seus parentes e nada mais. Continuavam baten<strong>do</strong> no peito, curvan<strong>do</strong> os<br />

joelhos, desfian<strong>do</strong> os rosários, enfim, os mesmos religiosos de sempre.<br />

Lutamos muito, não só para combater os vícios religiosos como a<br />

curiosidade daqueles que buscavam nos espíritos o meio para satisfazerem<br />

os seus desejos. Dos muitos espíritas que nos procuraram, quase to<strong>do</strong>s<br />

discípulos de Kardec, só um escapou, e esse, para felicidade sua, tornou-se<br />

um convicto, e durante muito tempo, até desencarnar, prestou os seus<br />

serviços ao <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, e esse foi Leandro Francisco Gomes.<br />

Dos muitos outros mais nenhum ficou, to<strong>do</strong>s continuaram kardecistas,<br />

to<strong>do</strong>s continuaram os mesmos espíritas em provação.<br />

Portanto, não houve conversões, porque, infelizmente, to<strong>do</strong>s aqueles<br />

que se fazem espíritas praticantes ficam fanatiza<strong>do</strong>s pelo seu espiritismo e<br />

não querem, absolutamente, abraçar o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

Dentre aqueles que não eram espíritas, nem religiosos demais, muitos<br />

se entregaram e se dedicaram à nossa Doutrina. Com esses nós pudemos<br />

contar e são esses que até hoje servem ao <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>.<br />

Mas, quan<strong>do</strong> nós iniciamos, era tal nossa vontade de converter gente,<br />

de chamar as criaturas à realidade, que aceitávamos to<strong>do</strong>s, recebíamos a<br />

qualquer hora, conversan<strong>do</strong> com to<strong>do</strong>s, a to<strong>do</strong>s abríamos as nossas portas<br />

189


com prazer, sempre na esperança de converter, mas, no fim de um certo<br />

tempo, chegamos à conclusão de que não há conversões quan<strong>do</strong> as<br />

criaturas teimam na ignorância e querem ser cegas propositais.<br />

Passamos então a ligar importância à humanidade em geral, sem nos<br />

prendermos nem nos preocuparmos com os converti<strong>do</strong>s, e foi melhor<br />

assim para a Doutrina, porque ela começou a explanar os seus Princípios,<br />

hoje bem conheci<strong>do</strong>s, e nos sentimos satisfeitos com aqueles convictos que<br />

se entregaram à nossa Doutrina e a servem com abnegação, respeito e<br />

desprendimento.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> é uma Doutrina que se impõe pela Verdade<br />

que explana, e nem todas as criaturas gostam <strong>do</strong> ouvir a verdade, razão por<br />

que, muitos vinham e não voltavam, porque não lhes agradava a maneira<br />

franca e leal com que explanávamos os nossos Princípios. E como<br />

infelizmente a humanidade está habituada a que se lhe fale ao paladar, o<br />

<strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong>, sen<strong>do</strong> uma Doutrina que assim não fala, porque não<br />

há nela a hipocrisia, a mentira, com que to<strong>do</strong>s estão habitua<strong>do</strong>s, passou a<br />

ser uma Doutrina não compreendida por aqueles que gostam de curvaturas<br />

vertebrais, que gostam que se lhes minta, que se lhes insufle a vaidade.<br />

Dentro <strong>do</strong>s nossos Princípios não há embustes, a mentira não tem<br />

guarida, tu<strong>do</strong> quanto dizemos às criaturas é para despertá-las e para obrigálas<br />

a raciocinar e compreender a vida como a vida é, pois é preciso entrar<br />

na realidade <strong>do</strong>s fatos. Já basta de hipocrisia.<br />

Quan<strong>do</strong> o <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> for de fato compreendi<strong>do</strong> por toda a<br />

humanidade, estamos certos de que ninguém mais se iludirá, to<strong>do</strong>s<br />

encararão a vida como a vida de fato é, e tu<strong>do</strong> se resolverá como deve ser<br />

resolvi<strong>do</strong>.<br />

Os milagres, o sobrenatural e os mistérios não terão mais guarida nos<br />

espíritos esclareci<strong>do</strong>s, porque esses baseiam o seu raciocínio somente na<br />

190


verdade, vivem uma vida real como criaturas esclarecidas e cônscias <strong>do</strong>s<br />

seus deveres, responsáveis pelos seus atos, não esperan<strong>do</strong> proteção, nem<br />

ajuda de ninguém, porque cada um é aquilo que quer ser e conforme pensa<br />

assim é.<br />

Dentro destes Princípios, dentro da Verdade que o <strong>Racionalismo</strong><br />

<strong>Cristão</strong> explana, to<strong>do</strong>s podem ser felizes, to<strong>do</strong>s podem viver bem.<br />

191


VIVER COM REALISMO<br />

Tu<strong>do</strong> na Terra tem a sua explicação racional. Fugir da realidade para<br />

entrar no terreno da fantasia, <strong>do</strong> misticismo é errar, porque nada existe no<br />

mun<strong>do</strong> que não seja real e tenha a sua explicação racional. Fugir da<br />

realidade é ser fantasista, o que não se admite, pois to<strong>do</strong>s devem saber<br />

encarar os fatos como realmente são, não procuran<strong>do</strong> desculpas para os<br />

encobrir.<br />

To<strong>do</strong> espírito investiga<strong>do</strong>r deve observar e agir, seja qual for a<br />

situação, mas nunca fugir da realidade.<br />

O <strong>Racionalismo</strong> <strong>Cristão</strong> baseia suas explanações na Verdade, não<br />

admite embustes nem mentiras, não concebe a hipocrisia como<br />

necessidade para os homens vencerem na luta pela vida.<br />

Não se admite misticismo nem religiosidade onde há verdade.<br />

Alimentar idéias místicas ou religiosas é enfraquecer a vontade, perder o<br />

ânimo para a luta, chegar à debilidade mental.<br />

O misticismo torna a criatura alheia às coisas sérias da vida. Como no<br />

mun<strong>do</strong> tu<strong>do</strong> carece de atenção, de investigação e raciocínio, para se saber<br />

onde se pisa, como se age, como se pensa, fujam to<strong>do</strong>s <strong>do</strong> misticismo e<br />

saibam encarar as coisas como são de fato, como são na realidade.<br />

A educação <strong>do</strong> espírito, atualmente, vem sen<strong>do</strong> bem diferente<br />

daquela que se ministrava em tempos passa<strong>do</strong>s. A razão é bem justa,<br />

porque, na época presente, e nos tempos vin<strong>do</strong>uros, a humanidade tem que<br />

encarar, ou tem que deparar problemas bastante complica<strong>do</strong>s, difíceis de<br />

serem resolvi<strong>do</strong>s. Por isso, os espíritos carecem de uma educação sólida,<br />

baseada na realidade <strong>do</strong>s fatos, com uma concepção clara e nítida, para<br />

poder vencer toda e qualquer situação, para solucionar os problemas, por<br />

mais difíceis que sejam.<br />

192


Alimentar ilusões em um espírito que se vem educan<strong>do</strong> para a vida é<br />

enfraquecê-lo, porque esse espírito não pode viver de ilusões no futuro,<br />

tem que entrar na realidade <strong>do</strong>s fatos, na realidade da vida e, se não estiver<br />

prepara<strong>do</strong>, fracassará inevitavelmente!<br />

É preciso preparo espiritual que garanta a vitória <strong>do</strong> espírito!<br />

Não devem contar somente com o dia de hoje, mas sim com os dias<br />

que virão. Como serão eles? Melhores, piores, ninguém sabe, ninguém<br />

pode profetizar.<br />

É preciso, pois, estarem prepara<strong>do</strong>s para tu<strong>do</strong>, para o que der e vier,<br />

seja bom ou seja mau; é preciso estarem prepara<strong>do</strong>s, encaran<strong>do</strong> os fatos,<br />

observan<strong>do</strong> as coisas sempre com espírito investiga<strong>do</strong>r, procuran<strong>do</strong> a<br />

realidade, procuran<strong>do</strong> a verdade <strong>do</strong>s fatos.<br />

Vemos, ainda, entre os seres humanos, tanta hipocrisia, tanta mentira,<br />

tanta máscara! Pretendem fazer-se passar por aquilo que não são.<br />

Pretendem, pela aparência, demonstrar fatos e coisas que não existem. Por<br />

tu<strong>do</strong> isso nos sentimos tristes em ver, numa época como a que atravessa a<br />

humanidade, cheia de dificuldades, cheia de empecilhos e de surpresas,<br />

que ainda haja espíritos em esta<strong>do</strong> de não poderem conceber a vida como a<br />

vida de fato é.<br />

Eis a razão <strong>do</strong>s avassalamentos, das perturbações espirituais, das<br />

grandes obsessões. Esse mal não se debelará, enquanto as criaturas não<br />

forem verdadeiramente esclarecidas. Esclarecidas, repetimos, dentro da<br />

Verdade, dentro da realidade da vida.<br />

Não se deve iludir ninguém, porque a ilusão é um mal. Enquanto<br />

viverem num mun<strong>do</strong> de ilusões, sofrerão as conseqüências desse esta<strong>do</strong><br />

espiritual. Diga-se sempre a Verdade, fale-se claro, à luz da razão, <strong>do</strong> bom<br />

senso. Não se perca o caráter, o senso, o brio, a vergonha. Haven<strong>do</strong> tu<strong>do</strong><br />

isso, to<strong>do</strong>s serão equilibra<strong>do</strong>s e procederão sempre com honestidade.<br />

193


A mentira e a hipocrisia só servem para quem precisa encobrir a<br />

desonestidade.<br />

Haven<strong>do</strong> franqueza e lealdade, haverá paz, compreensão, e a guerra<br />

será afastada, ninguém pensará nela, porque to<strong>do</strong>s quererão ser amigos.<br />

194

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