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Sistema PESAGRO RIO para produção de tomate orgânico - Embrapa

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Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

<strong>Sistema</strong> <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong><br />

(Documentos 97, ISSN 1413-3903)<br />

Marco Antonio <strong>de</strong> Almeida Leal<br />

1- Introdução<br />

O <strong>tomate</strong> é uma das hortaliças mais consumidas no Brasil. Nos últimos anos tem aumentado<br />

muito o consumo e a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> hortaliças orgânicas. Entretanto a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong><br />

não tem acompanhado esta <strong>de</strong>manda. Isto ocorre, principalmente <strong>de</strong>vido a dificulda<strong>de</strong> em se<br />

controlar o ataque <strong>de</strong> pragas e doenças. Além disto, o <strong>tomate</strong> é uma hortaliça muito exigente em<br />

relação a clima, solo e também em relação à <strong>de</strong>dicação do produtor, sendo que os tratos culturais<br />

necessários <strong>de</strong>vem ser realizados <strong>de</strong> forma a<strong>de</strong>quada e no tempo certo.<br />

A <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong> exige que o produtor tenha experiência com o cultivo <strong>de</strong><br />

<strong>tomate</strong> em sistema convencional ou com o cultivo <strong>de</strong> outras hortaliças em sistema <strong>orgânico</strong>. Caso o<br />

produtor não possua esta experiência, ele <strong>de</strong>ve procurar orientação <strong>de</strong> um técnico treinado. O<br />

objetivo <strong>de</strong>sta publicação não é ensinar um leigo a produzir <strong>tomate</strong>, mas sim abordar as<br />

peculiarida<strong>de</strong>s da <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong> em estufas ou casas <strong>de</strong> vegetação.<br />

Por utilizar o cultivo em estufas ou cultivo protegido, o sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong>senvolvido<br />

pela <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> necessita <strong>de</strong> um maior investimento inicial, <strong>de</strong>vido à estrutura <strong>de</strong> proteção.<br />

Mas os elevados preços obtidos pelo <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong> no mercado e os baixos custos <strong>de</strong> <strong>produção</strong><br />

proporcionados pelo sistema possibilitam recuperar rapidamente este investimento. Recomendamos<br />

a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong>s do tipo salada, pois possuem uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda no mercado e estes<br />

<strong>tomate</strong>s dificilmente são produzidos a céu aberto, <strong>de</strong>vido ao ataque da broca pequena. O <strong>tomate</strong><br />

tipo cereja possui um mercado mais restrito e não é atacado pela broca pequena, sendo possível a<br />

sua <strong>produção</strong> a céu aberto.<br />

Este sistema, além <strong>de</strong> proporcionar um retorno financeiro razoável, utiliza pequenas áreas,<br />

consome pouca quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água e não utiliza produtos tóxicos, possibilitando a sua implantação<br />

tanto em áreas rurais quanto em áreas urbanas ou na sua periferia, constituindo uma fonte <strong>de</strong><br />

emprego e renda <strong>para</strong> estas populações.<br />

2- Princípios Básicos<br />

Nos sistemas convencionais <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, o uso intensivo <strong>de</strong> adubos e agrotóxicos<br />

uniformizam o ambiente, possibilitando que as técnicas <strong>de</strong> <strong>produção</strong> sejam as mesmas <strong>para</strong><br />

diferentes situações. Já no sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong>, que segue princípios agroecológicos, as<br />

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recomendações técnicas <strong>de</strong>vem levar em conta as peculiarida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> cada ambiente. Deste modo, é<br />

muito importante que a sua implantação seja acompanhada por um técnico treinado.<br />

O objetivo <strong>de</strong>ste sistema não é obter gran<strong>de</strong>s produtivida<strong>de</strong>s por um curto período <strong>de</strong> tempo,<br />

como ocorre tradicionalmente, mas obter produtivida<strong>de</strong>s satisfatórias, a um baixo custo, por vários<br />

anos. Deste modo, o sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong> está baseado em<br />

alguns princípios que <strong>de</strong>vem ser compreendidos e adotados pelos produtores <strong>para</strong> que obtenham o<br />

sucesso <strong>de</strong>sejado.<br />

2.1- Cultivo protegido.<br />

As maiores dificulda<strong>de</strong>s na <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong> estão no controle da Broca<br />

Pequena (Neoleucino<strong>de</strong>s elegantalis), que causa perdas <strong>de</strong> até 80% dos frutos, e da Requeima<br />

(Phytophthora infestans), doença que po<strong>de</strong> inviabilizar a cultura nas épocas mais frias do ano.<br />

O cultivo em estufas ou casas <strong>de</strong> vegetação, com telas nas laterais possui as seguintes<br />

vantagens:<br />

• Impe<strong>de</strong> a entrada <strong>de</strong> alguns insetos pragas;<br />

• Evita a incidência direta <strong>de</strong> chuvas, sol forte e ventos;<br />

• Mantêm a umida<strong>de</strong> e a temperatura mais uniformes;<br />

• Permite o uso mais eficiente <strong>de</strong> fertilizantes e <strong>de</strong>fensivos.<br />

Deste modo, evita totalmente o ataque da Broca Pequena, auxilia muito na prevenção <strong>de</strong><br />

algumas doenças <strong>de</strong> folhas, principalmente a Requeima, e favorece o <strong>de</strong>senvolvimento vegetativo<br />

do <strong>tomate</strong>iro. Além disto, melhora as condições <strong>de</strong> trabalho do produtor, evitando que este realize<br />

suas ativida<strong>de</strong>s sob chuva ou sol forte.<br />

As principais <strong>de</strong>svantagens do cultivo protegido são:<br />

• A necessida<strong>de</strong> <strong>de</strong> um maior investimento inicial;<br />

• A redução do número <strong>de</strong> pencas do <strong>tomate</strong>iro <strong>de</strong>vido ao aumento da distância entre elas;<br />

• O risco <strong>de</strong> salinização do solo;<br />

• O aumento, ao longo do tempo, da incidência <strong>de</strong> algumas doenças <strong>de</strong> folhas e <strong>de</strong> solo.<br />

Neste sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong> recomenda-se que sejam utilizadas estufas do mo<strong>de</strong>lo <strong>PESAGRO</strong><br />

<strong>RIO</strong> (solicite por email o arquivo digital da cartilha), pois além <strong>de</strong> possuir um custo muito inferior<br />

aos mo<strong>de</strong>los comerciais, é muito eficiente <strong>para</strong> o cultivo do <strong>tomate</strong>iro. Recomendamos também que<br />

a tela lateral seja <strong>de</strong> Sombrite® malha 30% ou produto equivalente. Malhas mais finas dificultam a<br />

circulação <strong>de</strong> ar e malhas mais grossas permitem a entrada da mariposa da Broca Pequena.<br />

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2.2- Manutenção da Fertilida<strong>de</strong> do Solo<br />

O sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> foi <strong>de</strong>senvolvido visando evitar o cultivo nôma<strong>de</strong> do <strong>tomate</strong>iro,<br />

tornando possível que seja cultivado durante vários anos no mesmo local em rotação com outras<br />

culturas. Para isto, é necessário um cuidado constante com a fertilida<strong>de</strong> do solo, levando-se em<br />

conta suas características químicas, físicas e biológicas.<br />

O cultivo protegido, quando realizado <strong>de</strong> forma ina<strong>de</strong>quada po<strong>de</strong> causar rapidamente o<br />

problema <strong>de</strong> salinização do solo. Este efeito é tão intenso que também ocorre em estufas que<br />

utilizam adubação exclusivamente orgânica. A principal causa é a ausência <strong>de</strong> chuvas no interior<br />

das estufas. Com isto, não há lixiviação dos nutrientes aplicados, que com o tempo ten<strong>de</strong>m a se<br />

concentrar na superfície do solo. Quando chove, ocorre também que a estufa torna-se uma área seca<br />

ro<strong>de</strong>ada <strong>de</strong> áreas úmidas. Com isto, a estufa transforma-se em uma espécie <strong>de</strong> chaminé, fazendo<br />

com que a umida<strong>de</strong> a sua volta migre <strong>para</strong> o interior da estufa, carreando sais e aumentando a<br />

salinização (Figura 1).<br />

Figura 1: Umida<strong>de</strong> e sais migrando <strong>para</strong> o interior da estufa.<br />

O uso <strong>de</strong> irrigação localizada (gotejamento) po<strong>de</strong> agravar este problema, pois neste sistema<br />

a água <strong>de</strong> irrigação penetra no solo apenas no ponto sob o gotejador. Mas após formar um bulbo<br />

úmido próximo às raízes, a água é evaporada em toda a superfície do solo. Nesta trajetória<br />

ascen<strong>de</strong>nte, a água carreia e concentra os sais na superfície do solo (Figura 2).<br />

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Figura 2: Concentração <strong>de</strong> sais na superfície do solo <strong>de</strong>vido ao gotejamento.<br />

Para se evitar a salinização, é necessário que a adubação seja muito equilibrada,<br />

adicionando-se apenas os nutrientes que serão extraídos pelas culturas. Deve-se ter um controle dos<br />

níveis <strong>de</strong> nutrientes no solo através da realização <strong>de</strong> análises químicas a cada nova cultura <strong>de</strong><br />

<strong>tomate</strong>.<br />

Visando melhorar e manter a fertilida<strong>de</strong> do solo é muito importante a adição <strong>de</strong> gran<strong>de</strong><br />

quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica, seja na forma <strong>de</strong> composto ou na forma <strong>de</strong> esterco <strong>de</strong> curral<br />

curtido. Isto melhora as proprieda<strong>de</strong>s químicas e físicas, reduz os efeitos da salinização e reduz a<br />

população <strong>de</strong> organismos patogênicos através do aumento da ativida<strong>de</strong> biológica. Técnicos da<br />

<strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> po<strong>de</strong>m orientar no preparo <strong>de</strong> composto a partir dos materiais disponíveis.<br />

Para viabilizar o investimento realizado na construção das estufas, estas <strong>de</strong>vem ser<br />

cultivadas <strong>de</strong> forma intensiva, não sendo recomendados longos períodos <strong>de</strong> pousio. Com isto,<br />

populações <strong>de</strong> microorganismos patogênicos ten<strong>de</strong>m a aumentar, po<strong>de</strong>ndo causar sérios danos. É<br />

muito comum o aparecimento ou o aumento dos focos da bactéria causadora da murcha<strong>de</strong>ira<br />

(Ralstonia solanacearum) após alguns anos <strong>de</strong> cultivo. Deste modo, torna-se fundamental a rotação<br />

do <strong>tomate</strong>iro com culturas que reduzam a população <strong>de</strong> microorganismos patogênicos e que<br />

extraiam o excesso <strong>de</strong> adubos do solo. Na seção 9 nós apresentamos algumas espécies que são<br />

recomendadas <strong>para</strong> esta rotação.<br />

2.3- Aumento do equilíbrio biológico.<br />

O sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> busca aumentar o equilíbrio biológico <strong>de</strong>ntro da cultura do<br />

<strong>tomate</strong>iro, e não apenas realizar uma simples troca <strong>de</strong> insumos convencionais por insumos<br />

<strong>orgânico</strong>s. Para isto, procuramos aumentar nossa tolerância quanto ao aparecimento <strong>de</strong> algumas<br />

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pragas, doenças e plantas invasoras, cuja infestação, quando em baixos níveis, praticamente não<br />

provoca danos a cultura. Isto requer alguma experiência, pois a resposta do <strong>tomate</strong>iro e o<br />

comportamento <strong>de</strong> pragas, doenças e plantas invasoras varia <strong>de</strong> acordo com as condições<br />

específicas <strong>de</strong> cada local.<br />

Também procuramos reduzir o emprego <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos alternativos através da utilização <strong>de</strong><br />

práticas como a catação <strong>de</strong> insetos, a retirada <strong>de</strong> folhas infestadas, a utilização <strong>de</strong> cultivares<br />

resistentes, a utilização <strong>de</strong> mudas <strong>de</strong> <strong>tomate</strong>iro enxertadas em porta-enxertos resistentes e o aumento<br />

do espaçamento, visando aumentar a aeração <strong>de</strong>ntro da cultura. A utilização dos <strong>de</strong>fensivos<br />

alternativos <strong>de</strong>ve ser realizada com muito critério, apenas nas épocas necessárias e sem excesso. O<br />

cultivo protegido evita a lavagem dos produtos das folhas do <strong>tomate</strong>iro. Isto reduz muito a<br />

quantida<strong>de</strong> necessária, mas também po<strong>de</strong> causar toxi<strong>de</strong>z em caso <strong>de</strong> aplicação excessiva. O sistema<br />

procura favorecer o aparecimento <strong>de</strong> inimigos naturais e microorganismos úteis.<br />

Neste sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, é muito comum o aparecimento <strong>de</strong> uma gran<strong>de</strong> população <strong>de</strong><br />

aranhas, que auxiliam na redução <strong>de</strong> alguns insetos pragas.<br />

3- Cultivares e <strong>produção</strong> <strong>de</strong> mudas<br />

A escolha da cultivar mais a<strong>de</strong>quada é muito importante <strong>para</strong> o sucesso do sistema. Para<br />

isto, <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar os seguintes fatores:<br />

• Resistência a doenças: atualmente existem cultivares e híbridos que são resistentes ou<br />

tolerantes a diversos tipos <strong>de</strong> doenças. Em algumas situações, torna-se fundamental a utilização<br />

<strong>de</strong>stas cultivares.<br />

• O custo da semente: Existe uma gran<strong>de</strong> variação neste custo. Sementes <strong>de</strong> algumas<br />

cultivares e híbridos possuem um custo muito elevado, representando um investimento<br />

significativo, mas seu <strong>de</strong>sempenho geralmente compensa este investimento. Já as cultivares mais<br />

tradicionais, como a Santa Clara, possuem um custo muito baixo, po<strong>de</strong>ndo ser multiplicadas pelo<br />

próprio produtor.<br />

• Preferência dos consumidores: Entre as cultivares disponíveis existe uma gran<strong>de</strong> variação<br />

quanto a tamanho, formato, cor, textura, sabor e durabilida<strong>de</strong>. Por isto, é muito importante que se<br />

utilize cultivares com as características preferidas pelo mercado consumidor.<br />

• Restrição da certificadora. Não é permitido o uso <strong>de</strong> trangênicos e a certificadora po<strong>de</strong><br />

restringir a utilização <strong>de</strong> alguns híbridos ou <strong>de</strong> sementes produzidas no sistema convencional, só<br />

aceitando sementes produzidas em sistema <strong>orgânico</strong>. Por isto, <strong>de</strong>ve-se consultar a certificadora<br />

sobre a existência <strong>de</strong> alguma restrição.<br />

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As mudas <strong>de</strong>vem ser produzidas em ban<strong>de</strong>jas <strong>de</strong> 128 células, e crescidas em estufas ou casas<br />

<strong>de</strong> vegetação. Po<strong>de</strong> ser usado algum espaço livre <strong>de</strong>ntro da estufa <strong>de</strong> cultivo, como as entrelinhas.<br />

O substrato <strong>de</strong>ve estar <strong>de</strong> acordo com as normas da certificadora. Produtos convencionais<br />

tradicionais são facilmente encontrados no mercado, mas po<strong>de</strong>m não ser permitidos. Neste caso,<br />

substratos <strong>orgânico</strong>s po<strong>de</strong>m ser confeccionados a partir <strong>de</strong> composto <strong>orgânico</strong>. Técnicos da<br />

<strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> po<strong>de</strong>m orientar na confecção <strong>de</strong>stes substratos.<br />

Em locais <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> incidência <strong>de</strong> murcha<strong>de</strong>ira (Ralstonia solanacearum) é necessário utilizar<br />

enxertos <strong>de</strong> cultivares comerciais em porta enxertos resistentes. Esta tecnologia também está<br />

disponível na <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong>.<br />

4- Localização e posicionamento da estufa<br />

A localização da estufa influencia muito no sucesso da cultura. Para um melhor controle <strong>de</strong><br />

pragas e doenças, estas <strong>de</strong>vem ser construídas em locais livres <strong>de</strong> encharcamento, bem ventilados e<br />

que recebam sol pela manhã o mais cedo possível. É importante a construção <strong>de</strong> valas <strong>de</strong> drenagem<br />

ao redor da estufa.<br />

O tipo <strong>de</strong> solo possui importância secundária, pois como se utilizam pequenas áreas, tornase<br />

economicamente viável corrigir ou até reconstituir o solo <strong>para</strong> cultivo.<br />

Com relação ao posicionamento, é muito comum encontrar na literatura a recomendação <strong>de</strong><br />

se posicionar a estufa no sentido norte-sul, mas isto só é válido <strong>para</strong> regiões muito ao sul do país.<br />

Em regiões tropicais, este posicionamento <strong>de</strong>ve levar em consi<strong>de</strong>ração os seguintes critérios:<br />

• A direção dos ventos dominantes. Quando a estufa é construída no sentido <strong>de</strong>stes ventos,<br />

ocorre uma melhor circulação <strong>de</strong> ar <strong>de</strong>ntro da cultura e as estruturas ficam menos vulneráveis a<br />

danos causados por vendavais.<br />

• As dimensões, formato e nivelamento do terreno, sendo a estufa posicionada <strong>de</strong> forma a<br />

aproveitar melhor o terreno.<br />

5- Preparo do solo<br />

Como este sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong> visa à <strong>produção</strong> contínua e em uma área reduzida, o custo <strong>de</strong><br />

correção do solo fica muito reduzido. Assim, torna-se econômico a utilização <strong>de</strong> gran<strong>de</strong>s<br />

quantida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> fertilizantes e matéria orgânica, possibilitando inclusive a reconstituição do solo no<br />

caso <strong>de</strong> cortes ou aterros.<br />

Recomendamos que os <strong>tomate</strong>iros sejam cultivados em canteiros com aproximadamente<br />

1,20m <strong>de</strong> largura e 0,20m <strong>de</strong> altura. Com isto, se obtêm um melhor controle da umida<strong>de</strong>, evitando<br />

encharcamentos; reduz-se o problema <strong>de</strong> salinização, que se concentra nas ruas entre os canteiros; e<br />

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cria-se um ambiente favorável ao <strong>de</strong>senvolvimento das raízes do <strong>tomate</strong>iro, com maior fertilida<strong>de</strong> e<br />

livre <strong>de</strong> pisoteios. Recomendamos revolver o solo e refazer os canteiros a cada dois anos. Este<br />

revolvimento po<strong>de</strong> ser manual ou realizado através <strong>de</strong> implementos como enxada-rotativa ou gra<strong>de</strong>.<br />

Para um bom <strong>de</strong>senvolvimento do <strong>tomate</strong>iro as covas <strong>de</strong>vem ser gran<strong>de</strong>s, com um volume <strong>de</strong><br />

aproximadamente 5 litros.<br />

A utilização <strong>de</strong> mulching ou cobertura morta sobre os canteiros po<strong>de</strong> ser muito benéfica,<br />

pois mantêm a umida<strong>de</strong> do solo e reduz as plantas invasoras. Além disto, quando aplicado sobre a<br />

adubação <strong>de</strong> cobertura, acelera a sua <strong>de</strong>composição e cria um ambiente que favorece o<br />

<strong>de</strong>senvolvimento das raízes superficiais do <strong>tomate</strong>iro, acelerando a absorção <strong>de</strong> nutrientes. Para esta<br />

cobertura po<strong>de</strong>m ser utilizados composto <strong>orgânico</strong> fresco, palha e outros produtos similares. Não se<br />

recomenda a utilização <strong>de</strong> serragem.<br />

6- Correção do solo e adubações<br />

Ao se iniciar o sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, é necessário realizar a correção do solo, que <strong>de</strong>ve ser <strong>de</strong><br />

acordo com a orientação <strong>de</strong> um agrônomo, baseando-se nos resultados da análise <strong>de</strong> solos e nas<br />

recomendações do Manual <strong>de</strong> Adubação <strong>para</strong> o Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Na <strong>produção</strong> <strong>de</strong> hortaliças orgânicas, os macronutrientes K, P, Ca, Mg e S, e os<br />

micronutrientes po<strong>de</strong>m ser adicionados através <strong>de</strong> alguns adubos minerais ou através <strong>de</strong> adubos<br />

<strong>orgânico</strong>s. O N, nutriente pelo qual a planta tem uma gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>manda, só po<strong>de</strong> ser adicionado na<br />

forma orgânica. Como os adubos <strong>orgânico</strong>s possuem baixos teores <strong>de</strong> N e também adicionam os<br />

<strong>de</strong>mais nutrientes, a adubação nitrogenada geralmente provoca o acúmulo dos outros nutrientes no<br />

solo. Com o cultivo protegido, este processo se intensifica.<br />

A adição <strong>de</strong> N é realizada <strong>de</strong> duas formas: adubação <strong>de</strong> cova e adubação <strong>de</strong> cobertura. Na<br />

adubação <strong>de</strong> cova, que <strong>de</strong>ve ser realizada a cada novo plantio do <strong>tomate</strong>iro, utilizamos<br />

aproximadamente 3 litros por cova <strong>de</strong> esterco bovino ou composto <strong>orgânico</strong>. De acordo com o<br />

resultado da análise <strong>de</strong> solo, adicionamos também os outros nutrientes na forma <strong>de</strong> fertilizantes<br />

permitidos pela certificadora. As adubações <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong>vem ser iniciadas após o início da<br />

floração. O número, freqüência e quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong>stas adubações serão função da <strong>de</strong>manda <strong>de</strong> N pela<br />

planta e do teor <strong>de</strong>ste nutriente no adubo <strong>orgânico</strong> utilizado. Na adubação <strong>de</strong> cova, <strong>de</strong>vem ser<br />

utilizados adubos <strong>orgânico</strong>s com baixos teores <strong>de</strong> N, que atuam mais como condicionadores <strong>de</strong> solo.<br />

Já na adubação <strong>de</strong> cobertura, <strong>de</strong>vem ser utilizados adubos <strong>orgânico</strong>s com altos teores <strong>de</strong> N. O tipo<br />

<strong>de</strong> fertilizante, a quantida<strong>de</strong> utilizada e a freqüência das adubações <strong>de</strong> cobertura <strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>finidas<br />

por um agrônomo.<br />

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7- Espaçamento e condução<br />

O espaçamento entre linhas é fixo, pois sempre utilizamos duas linhas por canteiro. O<br />

espaçamento entre plantas e o número <strong>de</strong> hastes por planta po<strong>de</strong> variar <strong>de</strong> acordo com cada<br />

condição local, pois influenciam muito na luminosida<strong>de</strong> e na aeração <strong>de</strong>ntro da cultura, interferindo<br />

no <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> algumas doenças e distúrbios fisiológicos.<br />

Geralmente utilizamos espaçamento <strong>de</strong> 0,40m entre plantas, com uma haste por planta.<br />

Quando <strong>de</strong>sejamos um plantio mais a<strong>de</strong>nsado utilizamos o espaçamento <strong>de</strong> 0,60m entre plantas com<br />

duas hastes por planta. Quando <strong>de</strong>sejamos um plantio menos a<strong>de</strong>nsado utilizamos o espaçamento <strong>de</strong><br />

0,60m entre plantas com uma haste por planta (Figura 3). O custo das mudas também <strong>de</strong>ve ser<br />

consi<strong>de</strong>rado, pois a condução com duas hastes permite reduzir este custo e também aumentar o<br />

número <strong>de</strong> pencas, mas o a<strong>de</strong>nsamento provocado dificulta os tratos culturais e reduz a aeração da<br />

cultura, favorecendo o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> algumas doenças.<br />

Figura 3: Diferentes <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s <strong>de</strong> plantio.<br />

O tutoramento é realizado na vertical, através do enrolamento da haste em um fitilho.<br />

Devem ser usados fitilhos <strong>de</strong> plástico novo, pois fitilhos <strong>de</strong> baixa qualida<strong>de</strong> não suportam o peso do<br />

<strong>tomate</strong>iro quando este está carregado. A extremida<strong>de</strong> inferior do fitilho po<strong>de</strong> ser amarrada ao pé do<br />

<strong>tomate</strong>iro e a extremida<strong>de</strong> superior <strong>de</strong>ve ser amarrada em fios <strong>de</strong> arame número 14, posicionados ao<br />

longo da linha do <strong>tomate</strong>iro e escorados em esteios <strong>de</strong> bambu posicionados ao longo das linhas.<br />

Estes fios <strong>de</strong> arame <strong>de</strong>vem ser amarrados em vergalhões 3/8” posicionados transversalmente em<br />

cada extremida<strong>de</strong> da estufa e travados nos esteios. O enrolamento das hastes do <strong>tomate</strong>iro no fitilho<br />

<strong>de</strong>ve ser realizado pelo menos uma vez por semana.<br />

O cultivo no interior <strong>de</strong> estufas provoca uma maior distância entre as pencas do <strong>tomate</strong>iro.<br />

Como a altura do <strong>tomate</strong>iro também <strong>de</strong>termina o número total <strong>de</strong> pencas em cada planta, <strong>tomate</strong>iros<br />

com maior altura compensam este problema. O limite <strong>de</strong> altura será estabelecido pelo ponto on<strong>de</strong> o<br />

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produtor po<strong>de</strong> alcançar <strong>para</strong> realizar os tratos culturais. Geralmente utilizamos alturas entre 2,00 e<br />

2,30m.<br />

8- Tratos culturais<br />

8.1- Irrigação<br />

A irrigação <strong>de</strong>ve ser realizada molhando-se toda a superfície do canteiro através <strong>de</strong><br />

mangueiras <strong>de</strong> borracha. Em períodos chuvosos, quando o solo está úmido <strong>de</strong>vido à água presente<br />

ao redor da estufa, também <strong>de</strong>ve haver irrigação no interior da estufa <strong>para</strong> evitar a entrada <strong>de</strong> sais,<br />

conforme explicado no item 2.2. Para não favorecer o <strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> doenças, <strong>de</strong>ve-se molhar<br />

apenas o solo, evitando molhar as folhas do <strong>tomate</strong>iro. Não recomendamos o uso <strong>de</strong> gotejamento<br />

<strong>de</strong>vido este causar problemas <strong>de</strong> salinização.<br />

8.2- Capinas<br />

Como explicado no item 2.3, o sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong><br />

tolera a presença <strong>de</strong> algumas plantas invasoras, enquanto estas não causarem prejuízos<br />

significativos à cultura. Como o <strong>tomate</strong>iro cresce rapidamente, invasoras <strong>de</strong> pequeno porte, como a<br />

Tiririca e a Trapoeraba, dificilmente competem por luz, água e nutrientes. Além disto, a capina<br />

causa ferimentos às raízes que po<strong>de</strong>m ser a porta <strong>de</strong> entrada <strong>para</strong> doenças. O tipo <strong>de</strong> invasora e o<br />

comportamento <strong>de</strong>stas plantas variam <strong>de</strong> acordo com as condições locais, mas recomenda-se<br />

realizar capinas manuais, retirando-se as invasoras <strong>de</strong> porte maior.<br />

O uso <strong>de</strong> esterco bovino compostado reduz a infestação por invasoras.<br />

8.3- Desbrota<br />

A <strong>de</strong>sbrota, que é a eliminação dos brotos laterais, <strong>de</strong>ve ser realiza pelo menos uma vez por<br />

semana. Quanto menor o broto eliminado, menor é a perda <strong>de</strong> vigor pela planta.<br />

8.4- Capação<br />

A capação, que é a eliminação da ponteira do <strong>tomate</strong>iro, <strong>de</strong>ve ser realizada quando a haste<br />

do <strong>tomate</strong>iro atingir a altura máxima em que se po<strong>de</strong> realizar os tratos culturais. Sempre <strong>de</strong>ixar uma<br />

folha acima da última penca.<br />

8.5- Desfolha<br />

A <strong>de</strong>sfolha é a retirada das folhas velhas ou infestadas com alguma praga ou doença. Seu<br />

objetivo é eliminar focos <strong>de</strong> contaminação e aumentar a aeração no interior da cultura. Deve ser<br />

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realizada quando for observado algum foco <strong>de</strong> contaminação ou quando as folhas mais velhas<br />

começarem a ficar amareladas. Recomenda-se eliminar as folhas quando a penca logo acima <strong>de</strong>sta<br />

já estiver com os frutos “cheios”.<br />

8.6- Raleio <strong>de</strong> frutos<br />

Quando se reduz o número <strong>de</strong> frutos por penca, estes alcançam maiores tamanhos. O raleio<br />

dos frutos é recomendado somente quando o mercado exigir frutos maiores.<br />

Também realiza-se o raleio com o objetivo <strong>de</strong> eliminar, ainda pequenos, os frutos que não<br />

possuam valor comercial, como os atacados por alguma praga ou doença, ou quando apresentam<br />

fundo preto. Com isto, direciona-se o vigor do <strong>tomate</strong>iro <strong>para</strong> encher os frutos comerciais.<br />

8.7- Pulverizações<br />

Ao realizar as pulverizações, <strong>de</strong>ve-se ter em mente que <strong>de</strong>ntro da estufa não há lavagem dos<br />

produtos pela chuva. As dosagens po<strong>de</strong>m ser reduzidas e o intervalo <strong>de</strong> aplicação aumentado. Além<br />

disto, quando se utilizam produtos não <strong>de</strong>gradáveis, como a calda bordalesa, as aplicações <strong>de</strong>vem<br />

ser direcionadas <strong>para</strong> as partes da planta que ainda não receberam o produto, como as folhas mais<br />

novas.<br />

9- Rotação <strong>de</strong> culturas<br />

Conforme foi explicado na seção 2.2, <strong>para</strong> manter a fertilida<strong>de</strong> do solo é fundamental<br />

realizar a rotação <strong>de</strong> culturas com o <strong>tomate</strong>. Seus objetivos são a redução <strong>de</strong> organismos causadores<br />

<strong>de</strong> doenças e a extração <strong>de</strong> fertilizantes não aproveitados pelo <strong>tomate</strong>iro. Para esta rotação, jamais<br />

<strong>de</strong>vem ser utilizadas plantas da mesma família que o <strong>tomate</strong> (Solanacaeas), como pimentão, jiló,<br />

berinjela e batata inglesa. Para escolher a cultura mais a<strong>de</strong>quada, <strong>de</strong>ve-se consi<strong>de</strong>rar os seguintes<br />

fatores:<br />

• Ciclo da cultura: como o <strong>tomate</strong> é a cultura principal, <strong>de</strong>ve-se escolher culturas <strong>de</strong> ciclo<br />

curto, com 2 ou 3 meses.<br />

• <strong>Sistema</strong> radicular: espécies com sistema radicular bem <strong>de</strong>senvolvido e ramificado, como<br />

ocorre nas gramíneas, possuem uma maior capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> extração <strong>de</strong> adubos e <strong>de</strong> melhorar as<br />

características físicas e biológicas do solo.<br />

• Custo <strong>de</strong> implantação: <strong>de</strong>ve-se ter bem <strong>de</strong>finido o custo <strong>de</strong> implantação da cultura e o<br />

retorno em termos financeiros e em termos <strong>de</strong> manutenção da fertilida<strong>de</strong> do solo.<br />

O feijão <strong>de</strong> vagem é recomendado <strong>para</strong> esta rotação por ser uma cultura <strong>de</strong> ciclo curto,<br />

pouco exigente em tratos culturais e que aproveita a adubação residual e o tutoramento do<br />

<strong>tomate</strong>iro. Utilizam-se duas plantas em cada cova do <strong>tomate</strong>iro. Não é necessária adubação <strong>de</strong> cova<br />

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e realiza-se adubação <strong>de</strong> cobertura apenas se as plantas apresentarem <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> nitrogênio. O<br />

feijão <strong>de</strong> vagem obtido nestas condições é <strong>de</strong> excelente qualida<strong>de</strong>.<br />

A Crotalaria juncea é um adubo ver<strong>de</strong> <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> rusticida<strong>de</strong>, que po<strong>de</strong> ser cultivado no<br />

período entre outubro e fevereiro. Adiciona gran<strong>de</strong> quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> matéria orgânica e nitrogênio,<br />

reduz a população <strong>de</strong> nematói<strong>de</strong>s e aumenta a ativida<strong>de</strong> biológica do solo. Seu plantio é realizado<br />

em sulcos, com duas linhas por canteiro e 30 sementes por metro linear. O seu corte po<strong>de</strong> ser<br />

realizado a partir do segundo mês. A massa vegetal obtida po<strong>de</strong> ser incorporada ou <strong>de</strong>ixada em<br />

cobertura.<br />

Outra cultura recomendada é o milho, utilizando-se duas plantas em cada cova do <strong>tomate</strong>iro.<br />

Como o objetivo <strong>de</strong> seu cultivo é apenas “<strong>de</strong>scansar” o solo, o milho po<strong>de</strong> ser cortado com dois<br />

meses <strong>de</strong> ida<strong>de</strong>. Apesar <strong>de</strong> não proporcionar retorno financeiro, o milho promove excelentes<br />

resultados <strong>para</strong> cultura do <strong>tomate</strong>.<br />

10- Pragas, doenças e distúrbios fisiológicos<br />

Nesta seção, apresentaremos as principais pragas, doenças e distúrbios fisiológicos<br />

observadas no sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong>.<br />

10.1 -Pragas:<br />

10.1.1- Broca Pequena (Neoleucino<strong>de</strong>s elegantalis / Aculops lycopersici)<br />

Como já foi explicado no item 2.1, o cultivo do <strong>tomate</strong>iro em estufas com telas nas laterais<br />

evita totalmente o ataque da Broca Pequena. Apesar <strong>de</strong> este inseto não ter o hábito <strong>de</strong> procurar<br />

aberturas, é necessário manter a porta da estufa sempre fechada.<br />

10.1.2- Broca Gran<strong>de</strong> (Helicoverpa zea)<br />

A mariposa da Broca Gran<strong>de</strong> tem o habito <strong>de</strong> procurar pequenas aberturas na estufa, por isto<br />

é muito comum ser encontrada neste sistema <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, causando danos significativos. A sua<br />

lagarta (Figura 4) come as folhas e faz perfurações nos frutos, que ficam sem valor comercial<br />

(Figura 5). Além <strong>de</strong>stes danos, a presença da broca gran<strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada por suas fezes<br />

(Figura 6).<br />

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Figura 4: Lagartas <strong>de</strong> Broca Gran<strong>de</strong>. Figura 5: Tomates perfurados.<br />

O controle é realizado através <strong>de</strong> pulverizações quinzenais com produtos biológicos a base<br />

<strong>de</strong> Bacillus thuringiensis, sendo o Dipel PM® o produto mais conhecido. Estas pulverizações<br />

<strong>de</strong>vem ser iniciadas quando as plantas entrarem em floração e continuar até o final da cultura.<br />

Figura 6: Fezes da Broca Gran<strong>de</strong> sobre a folha <strong>de</strong> <strong>tomate</strong>iro.<br />

10.1.3- Coritaica ou Percevejo Rendado (Corythaica cyathicallis)<br />

A Coritaica é um pequeno percevejo (Figura 7) que dificilmente causa danos em cultivos<br />

convencionais. Mas em cultivos <strong>orgânico</strong>s, principalmente os realizados em estufas, esta praga é um<br />

sério problema. Se não for controlada, po<strong>de</strong> ocorrer uma superpopulação, reduzindo drasticamente a<br />

<strong>produção</strong> do <strong>tomate</strong>iro.<br />

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Figura 7: Adulto <strong>de</strong> Coritaica.<br />

Sua presença é facilmente i<strong>de</strong>ntificada por causar manchas brancas nas folhas (Figura 8) e<br />

pelos adultos e formas jovens presentes na face inferior das folhas atacadas (Figura 9). O ataque<br />

po<strong>de</strong> iniciar-se quando as plantas estão ainda pequenas, começando pelas folhas mais velhas.<br />

Figura 8: Manchas nas folhas. Figura 9: Adulto e formas jovens <strong>de</strong> Coritaica.<br />

Não se conhece nenhum controle eficiente com <strong>de</strong>fensivos alternativos. No sistema<br />

<strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> o controle é realizado <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início da cultura, com inspeções semanais dos<br />

<strong>tomate</strong>iros e a retirada <strong>de</strong> todas as folhas com a Coritaica. Também é necessária a eliminação<br />

imediata <strong>de</strong> restos <strong>de</strong> cultura.<br />

10.1.4- Traça (Tuta absoluta)<br />

Esta é uma praga que ocorre principalmente quando os <strong>tomate</strong>iros são cultivados próximos à<br />

culturas <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> em final <strong>de</strong> <strong>produção</strong> e com elevada infestação <strong>de</strong>ste inseto. Seu ataque, quando<br />

fora <strong>de</strong> controle, po<strong>de</strong> inviabilizar a cultura. Além <strong>de</strong> <strong>de</strong>struir as folhas (Figura 10), reduzindo a<br />

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capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> fotossíntese da planta, a Traça também <strong>de</strong>strói a ponteira do <strong>tomate</strong>iro, cessando o<br />

seu crescimento. Os frutos também são atacados (Figura 11), reduzindo o seu valor comercial.<br />

Figura 10: Folha <strong>de</strong> <strong>tomate</strong>iro atacada pela Traça.<br />

O controle é realizado fechando-se todas as aberturas da estufa e aplicando-se semanalmente<br />

produtos biológicos a base <strong>de</strong> Bacillus thuringiensis, sendo o Dipel PM® o produto mais<br />

conhecido.<br />

Figura 11: Fruto <strong>de</strong> <strong>tomate</strong>iro atacado pela Traça.<br />

10.1.5- Cochonilha (Pseudococcus sp)<br />

Esta praga dificilmente causa danos ao <strong>tomate</strong>iro adulto, atacando principalmente mudas ou<br />

plantas pequenas. O Pseudocoscus é facilmente i<strong>de</strong>ntificado por possuir uma capa esbranquiçada,<br />

parecendo-se com uma pequena bolinha <strong>de</strong> isopor (Figura 12). Ao sugar a planta, este inseto injeta<br />

uma substância que causa o encarquilhamento das folhas, dando a impressão <strong>de</strong> que a planta está<br />

com alguma virose.<br />

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Figura 12: Cochonilha Pseudococcus atacando um <strong>tomate</strong>iro.<br />

O seu controle é realizado manualmente, catando-se ou amassando-se as Cochonilas. Estas<br />

<strong>de</strong>vem ser procuradas principalmente no interior das folhas encarquilhadas.<br />

10.1.6- Mosca Branca (Bemisia tabaci)<br />

Ataques intensos <strong>de</strong>sta praga não ocorrem todos os anos. São mais comuns após longos<br />

períodos <strong>de</strong> seca. A presença <strong>de</strong>stes insetos, que são minúsculos e brancos, é i<strong>de</strong>ntificada por seu<br />

vôo ao se balançar as folhas da planta. As formas jovens se alojam na face inferior da folha. A<br />

mosca branca suga a seiva do <strong>tomate</strong>iro, e quando ocorrem superpopulações <strong>de</strong>ste inseto a <strong>produção</strong><br />

fica comprometida e os frutos e as folhas inferiores ficam cobertos por uma camada preta e viscosa.<br />

Entretanto, pequenas populações <strong>de</strong> Mosca Branca po<strong>de</strong>m indiretamente causar gran<strong>de</strong>s prejuízos,<br />

pois po<strong>de</strong>m atuar como vetor <strong>de</strong> viroses.<br />

Não conhecemos nenhum controle eficiente <strong>para</strong> sistemas <strong>orgânico</strong>s <strong>de</strong> <strong>produção</strong>. O uso <strong>de</strong><br />

placas atrativas amarelas embebidas <strong>de</strong> cola auxilia na redução da população <strong>de</strong>ste inseto. Devido<br />

ao maior equilíbrio biológico do sistema <strong>orgânico</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong>, com a presença <strong>de</strong> muitos inimigos<br />

naturais, não se observa ataques muito intensos.<br />

10.2- Doenças<br />

10.2.1- Requeima (Phytophthora infestans)<br />

A Requeima é um dos principais problemas da cultura do <strong>tomate</strong>, principalmente no sistema<br />

<strong>orgânico</strong>. Esta doença ocorre nas épocas frias e úmidas, quando a temperatura <strong>de</strong>sce abaixo dos 21<br />

ºC, po<strong>de</strong>ndo <strong>de</strong>struir totalmente a cultura. Ataca folhas, caules e frutos, causando extensas necroses<br />

(Figuras 13 e 14).<br />

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Figura 13: Folha atacada por Requeima. Figura 14: Caule atacado por Requeima.<br />

Para a Requeima se manifestar é necessário que as folhas fiquem molhadas. No sistema<br />

<strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>para</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong>, isto ocorre quando há chuvas <strong>de</strong> vento ou<br />

quando o plantio é a<strong>de</strong>nsado, criando um ambiente em que a umida<strong>de</strong> gerada pela transpiração e<br />

glutação das plantas <strong>de</strong>ixa as folhas molhadas.<br />

O controle <strong>de</strong>sta doença <strong>de</strong>ve ser realizado com a combinação <strong>de</strong> diversas medidas:<br />

• Em regiões frias, mais sujeitas a esta doença, a estufa <strong>de</strong>ve ser construída em locais<br />

arejados, que recebam o sol da manhã o mais cedo possível e ser posicionada no sentido dos ventos<br />

dominantes.<br />

• Deve-se aumentar a aeração <strong>de</strong>ntro da cultura, utilizando-se uma menor <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

plantio (0,60m entre plantas, com uma haste por planta) e intensificando-se as <strong>de</strong>sfolhas.<br />

• Realizar a irrigação na parte da manhã e somente com a quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> água necessária,<br />

sem excessos.<br />

• Realizar pulverizações preventivas com Calda Bordalesa. Geralmente utilizamos a<br />

concentração <strong>de</strong> 1%, sendo que no inverno aplicamos uma vez por semana e na primavera e no<br />

outono aplicamos antes da quedas repentinas <strong>de</strong> temperatura causadas pela chegada <strong>de</strong> frentes frias.<br />

Para evitar problemas <strong>de</strong> queimaduras, a Calda Bordalesa <strong>de</strong>ve ser pre<strong>para</strong>da fora do pulverizador,<br />

<strong>de</strong>scartando-se a borra formada.<br />

• Evitando-se o plantio <strong>de</strong> cultivares com folhas e hastes mais tenras e com o crescimento<br />

muito vigoroso, que geralmente são mais atacadas pela Requeima.<br />

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• Reduzindo o resfriamento da cultura durante a noite. Isto po<strong>de</strong> ser realizado através da<br />

colocação <strong>de</strong> cortinas <strong>de</strong> plástico nas laterais da estufa e o seu fechamento durante a noite, visando<br />

manter o calor no interior das estufas. Este manejo <strong>de</strong>ve ser realizado com muito critério, <strong>para</strong> não<br />

se criar condições <strong>de</strong> elevada umida<strong>de</strong> e favorecer o aparecimento <strong>de</strong> outras doenças.<br />

10.2.2- Mancha <strong>de</strong> Cladospório (Cladosporium fulvum)<br />

Esta doença ocorre principalmente em <strong>tomate</strong>iros cultivados em estufas. O seu ataque é<br />

favorecido por altas umida<strong>de</strong>s do ar (acima <strong>de</strong> 80%) e por temperaturas amenas ou altas. É<br />

caracterizada pelo aparecimento <strong>de</strong> manchas amareladas na face superior das folhas (Figura 15) e<br />

pelo aspecto aveludado <strong>de</strong> cor marrom na face inferior da folha (Figura 16). Alastra-se rapidamente<br />

pelas folhas mais velhas, mas não ataca os frutos. A Mancha <strong>de</strong> Cladospório reduz muito a<br />

capacida<strong>de</strong> fotossintética da planta, mas quando aparece no final da cultura causa poucos prejuízos.<br />

Figura 15: Manchas amareladas na face superior. Figura 16: Aspecto aveludado na face inferior.<br />

No sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> o controle <strong>de</strong>sta doença é realizado <strong>de</strong> duas formas:<br />

• Aumentando-se a aeração <strong>de</strong>ntro da cultura, através <strong>de</strong> <strong>de</strong>sfolhas e <strong>de</strong> menores <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong>s<br />

<strong>de</strong> plantio.<br />

• Através da eliminação <strong>de</strong> folhas com o sintoma da doença. Com isto, reduzem-se os focos<br />

<strong>de</strong> contaminação e adia-se a infestação <strong>para</strong> o final do ciclo da cultura. Deve-se realizar inspeções<br />

duas vezes por semana e eliminar imediatamente as folhas contaminadas.<br />

10.2.3- Mancha <strong>de</strong> Estenfílio (Stenphylium solani)<br />

Esta doença causa pequenas necroses nas folhas, reduzindo a capacida<strong>de</strong> fotossintética das<br />

plantas. No sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> a Mancha <strong>de</strong> Estenfílio não causa danos muito severos, mas<br />

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po<strong>de</strong> reduzir significativamente a <strong>produção</strong> se atacar a planta quando muitos frutos ainda estiverem<br />

em fase <strong>de</strong> enchimento.<br />

O ataque inicia-se pelas folhas mais jovens. Ocorre em condições <strong>de</strong> temperaturas amenas<br />

ou elevadas e com umida<strong>de</strong> relativa acima <strong>de</strong> 80%. O seu controle é realizado através <strong>de</strong> práticas<br />

culturais aumentando-se a aeração <strong>de</strong>ntro da cultura e através <strong>de</strong> pulverizações com Calda<br />

Bordalesa. Caso esta doença se torne limitante, recomenda-se utilizar cultivares resistentes.<br />

10.2.4- Murcha Bacteriana (Ralstonia solanacearum)<br />

É comum o aparecimento <strong>de</strong>sta doença após alguns anos da cultura <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> em estufas.<br />

Esta bactéria está presente na maioria dos solos, sendo multiplicada por cultivos sucessivos do<br />

<strong>tomate</strong>iro até que sua população atinja um nível em que causa sérios problemas. Manifesta-se<br />

principalmente em temperaturas quentes e solos úmidos.<br />

Inicialmente causa a murcha da planta (Figura 17) nos horários mais quentes do dia e<br />

rapidamente progri<strong>de</strong> causando a sua morte. Po<strong>de</strong> ser i<strong>de</strong>ntificada através da exsudação <strong>de</strong> um pus<br />

bacteriano <strong>de</strong> cor cinza claro quando o caule <strong>de</strong> plantas muito atacadas é cortado próximo às raízes.<br />

Figura 17: Planta com sintomas <strong>de</strong> Murcha Bacteriana.<br />

O aparecimento e a progressão <strong>de</strong>sta doença po<strong>de</strong>m ser retardados com as seguintes<br />

medidas:<br />

• Reduzir a capina na cultura do <strong>tomate</strong> e não utilizar enxadas, visando evitar ferimentos<br />

nas raízes.<br />

• Nunca arrancar as plantas atacadas, pois isto po<strong>de</strong> espalhar a contaminação. Estas plantas<br />

<strong>de</strong>vem ser <strong>de</strong>ixadas em suas covas <strong>para</strong> morrer e se <strong>de</strong>compor. Nunca utilizar qualquer produto<br />

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químico no solo, principalmente produtos à base <strong>de</strong> cobre, pois além <strong>de</strong> não resolver o problema,<br />

isto contaminaria o solo com este metal pesado.<br />

• Drenar bem a área <strong>de</strong> plantio e evitar irrigações excessivas.<br />

Quando a contaminação atinge níveis significativos, o controle <strong>de</strong>sta doença é realizado<br />

através da utilização <strong>de</strong> mudas enxertadas em porta-enxertos resistentes. Com isto resolve-se<br />

totalmente o problema. Esta é uma solução economicamente viável, pois atualmente existem<br />

técnicas <strong>de</strong> enxertia cujo custo se com<strong>para</strong> ao <strong>de</strong> sementes <strong>de</strong> alguns <strong>tomate</strong>s híbridos <strong>de</strong> custo mais<br />

elevado. Técnicos da <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> po<strong>de</strong>m orientar os interessados em como realizar esta<br />

enxertia.<br />

10.2.5- Viroses<br />

As viroses po<strong>de</strong>m ser um problema limitante <strong>para</strong> a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong>. Existem vários<br />

tipos <strong>de</strong> viroses. Algumas causam apenas redução na <strong>produção</strong>. Outras contaminam rapidamente<br />

todas as plantas, causando sua morte e manchando os frutos (Figura 18). É comum o aparecimento<br />

<strong>de</strong> viroses no verão em algumas regiões, como na Baixada Fluminense. Também é comum a<br />

ocorrência <strong>de</strong> surtos <strong>de</strong> viroses em regiões produtoras <strong>de</strong> <strong>tomate</strong>.<br />

Figura 12: Frutos <strong>de</strong> plantas atacadas pelo vírus Vira Cabeça.<br />

A principal forma <strong>de</strong> controle é através do plantio <strong>de</strong> cultivares resistentes ou tolerantes.<br />

Outras medidas po<strong>de</strong>m ser aplicadas, como a utilização <strong>de</strong> sementes certificadas, a <strong>produção</strong> <strong>de</strong><br />

mudas sadias e o controle <strong>de</strong> insetos vetores, como o Trips e a Mosca Branca. Também é<br />

recomendável, ao se realizar a <strong>de</strong>sbrota, <strong>de</strong>sfolha ou capação, entre uma planta e outra, que o<br />

instrumento utilizado seja imerso em um recipiente com solução <strong>de</strong> água sanitária, <strong>para</strong> que ocorra<br />

sua <strong>de</strong>sinfecção.<br />

Para o correto controle <strong>de</strong>ste problema, é importante a i<strong>de</strong>ntificação do tipo exato <strong>de</strong> virose<br />

que está ocorrendo.<br />

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10.3- Distúrbio fisiológicos<br />

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10.3.1- Fundo Preto ou Podridão Apical.<br />

O Fundo Preto é causado pela carência <strong>de</strong> Cálcio durante a fase <strong>de</strong> formação dos frutos,<br />

ocorrendo quando estes ainda estão ver<strong>de</strong>s. Qualquer condição que dificulte sua absorção po<strong>de</strong><br />

causar este distúrbio, pois o cálcio possui pouca mobilida<strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro da planta. Como no sistema<br />

<strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> o solo geralmente possui elevados teores <strong>de</strong> Cálcio, o Fundo Preto ocorre<br />

principalmente em condições <strong>de</strong> encharcamento ou <strong>de</strong> falta d’água.<br />

Os frutos que apresentarem este distúrbio <strong>de</strong>vem ser imediatamente eliminados. Com isto,<br />

direcionam-se as reservas do <strong>tomate</strong>iro <strong>para</strong> encher os frutos com valor comercial.<br />

10.3.2- Abortamento <strong>de</strong> flores<br />

O abortamento <strong>de</strong> flores po<strong>de</strong> reduzir drasticamente a <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> em cultivos <strong>de</strong><br />

verão em regiões quentes. Este problema é agravado em cultivos com excesso <strong>de</strong> adubação<br />

nitrogenada ou que recebam pouca luz. Algumas cultivares são mais susceptíveis que outras.<br />

10.3.3- Rachaduras nos frutos.<br />

As rachaduras nos frutos reduzem o valor comercial do <strong>tomate</strong>. São causadas principalmente<br />

por irrigações realizadas <strong>de</strong> forma inconstante. Este problema é agravado pelo cultivo do <strong>tomate</strong>iro<br />

nos períodos mais quentes, por <strong>de</strong>ficiência <strong>de</strong> potássio e pelo plantio <strong>de</strong> cultivares susceptíveis.<br />

11- Custo e produtivida<strong>de</strong><br />

Nesta seção, serão apresentados alguns valores <strong>de</strong> custo e <strong>de</strong> produtivida<strong>de</strong> do <strong>Sistema</strong><br />

<strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong>. Entretanto, os valores exatos variam <strong>de</strong> acordo com cada situação e os custos<br />

apresentados ficam <strong>de</strong>satualizados com o passar do tempo. Os valores apresentados são referentes a<br />

uma unida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong> <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> implantado em estufa Mo<strong>de</strong>lo <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> padrão, com<br />

280 m 2 .<br />

20


11.1- Custos<br />

11.1.1- Estufa mo<strong>de</strong>lo <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> com 280 m 2 .<br />

Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

Peças N o 1 e 2: 15 pernas <strong>de</strong> três (6,0 x 7,5 cm) <strong>de</strong> Massaranduba com 4,50m. R$ 506,25<br />

Peça N o 3: 22 pernas <strong>de</strong> três (6,0 x 7,5 cm) <strong>de</strong> Massaranduba com 3,00m. R$ 495,00<br />

Peça N o 4: 10 caibros (3,0 x 7,5 cm) <strong>de</strong> Massaranduba com 3,50m (ou 36m corridos). R$ 122,50<br />

Peça N o 5: 18 peças (5,0 x 2,5cm) <strong>de</strong> Massaranduba com 2,30m. R$ 58,50<br />

Peça N o 6: 9 peças (5,0 x 2,5cm) <strong>de</strong> Massaranduba com 2,00m. R$ 23,40<br />

Peça N o 7: 8 caibros (3,0 x 7,5 cm) <strong>de</strong> Massaranduba com 2,50m. R$ 70,00<br />

Peça N o 8: 20 caibros (3,0 x 7,5 cm) <strong>de</strong> Massaranduba com 3,50m (ou 71m corridos). R$ 245,00<br />

25 ripas (3,0 x 1,5cm) <strong>de</strong> Eucalipto ou Cedrinho com 4,00m. R$ 100,00<br />

11 varas <strong>de</strong> vergalhão 1/2” com no mínimo 10m <strong>de</strong> comprimento. R$ 440,00<br />

100 metros <strong>de</strong> mangueira <strong>de</strong> polietileno ¾”. R$ 40,00<br />

20 kg <strong>de</strong> arame N o 12. R$ 130,00<br />

3 kg <strong>de</strong> prego 19 x 36. R$ 18,00<br />

2 kg <strong>de</strong> prego 15 x 15. R$ 16,00<br />

100 metros <strong>de</strong> plástico agrícola <strong>de</strong> 100micras e 4,00m <strong>de</strong> largura. R$ 580,00<br />

21<br />

Total Material R$ 2.844,65<br />

20 dias homens <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra especializada (R$ 30,00/dia) R$ 600,00<br />

Custo obtido em agosto <strong>de</strong> 2005.<br />

11.1.2- Tela Lateral<br />

TOTAL R$ 3.444,65<br />

100 metros <strong>de</strong> Sombrite® 30% com 3,00m <strong>de</strong> largura. R$ 650,00<br />

4 dias homens <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra <strong>de</strong> campo (R$ 20,00/dia) R$ 80,00<br />

Custo obtido em agosto <strong>de</strong> 2005.<br />

11.1.3- Tutoramento<br />

TOTAL R$ 730,00<br />

2 vergalhões <strong>de</strong> 3/8” R$ 60,00<br />

8 kg <strong>de</strong> arame N o 14. R$ 80,00<br />

2 dias homens <strong>de</strong> mão <strong>de</strong> obra R$ 40,00<br />

Custo obtido em agosto <strong>de</strong> 2005.<br />

TOTAL R$ 180,00


Empresa <strong>de</strong> Pesquisa Agropecuária do Estado do Rio <strong>de</strong> Janeiro.<br />

11.1.4- Cultura do <strong>tomate</strong><br />

O custo da cultura do <strong>tomate</strong> <strong>orgânico</strong> no sistema <strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong> <strong>de</strong> <strong>produção</strong> é muito<br />

inferior quando com<strong>para</strong>do ao cultivo convencional, por utilizar pouca quantida<strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fensivos<br />

alternativos e fertilizantes. O principal componente do custo é a mão <strong>de</strong> obra. Em seguida, serão<br />

apresentadas estimativas <strong>de</strong> gasto com mão <strong>de</strong> obra.<br />

Operação Dias/homem R$<br />

Preparo do solo e construção <strong>de</strong> canteiros 4 80,00<br />

Plantio 1 20,00<br />

Tratos culturais 15 300,00<br />

Colheita 5 100,00<br />

Custo obtido em agosto <strong>de</strong> 2005.<br />

TOTAL 25 500,00<br />

11.2- Produção esperada<br />

Se o plantio for realizado na <strong>de</strong>nsida<strong>de</strong> normal, com 0,40m entre plantas e uma haste por<br />

planta, teremos 680 plantas em uma estufa <strong>de</strong> 280 m 2 . A produtivida<strong>de</strong> obtida será função <strong>de</strong><br />

diversos fatores, como clima, solo, experiência e <strong>de</strong>dicação do produtor, etc. A produtivida<strong>de</strong> média<br />

observada neste sistema é <strong>de</strong> 3 kg <strong>de</strong> frutos comerciais por planta ou 150 caixas/1000 plantas.<br />

Assim, espera-se uma <strong>produção</strong> média <strong>de</strong> 2040 kg <strong>de</strong> frutos comerciais por cultura do <strong>tomate</strong>. Com<br />

o manejo correto, é possível realizar até 3 culturas a cada 2 anos ou 1,5 culturas <strong>de</strong> <strong>tomate</strong> por ano,<br />

levando-se em conta também o tempo necessário <strong>para</strong> as culturas em rotação.<br />

• Se<strong>de</strong> (Niterói): (21) 3603 9200.<br />

• Chefia: (21) 2682 1074 e (21) 2682 1091.<br />

• Área <strong>de</strong> Olericultura: (21) 2682 1196.<br />

12- Telefones <strong>para</strong> contato<br />

<strong>PESAGRO</strong> <strong>RIO</strong><br />

Estação Experimental <strong>de</strong> Seropédica<br />

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