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Setembro <strong>de</strong> 2010 12<br />

Dom Antonio Carlos Rossi Keller<br />

Bispo <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rico Westphalen (RS)<br />

Nota Pastoral a respeito da chamada “Missa Criolla”<br />

Tendo em vista a proximida<strong>de</strong> da tradicional “Semana Farroupilha”, durante a<br />

qual inúmeras ativida<strong>de</strong>s são organizadas para o saudável cultivo das tradições gaúchas<br />

e tendo em vista que serão muitas as solicitações para a celebração da Santa Missa<br />

no ambiente que, no Rio Gran<strong>de</strong> do Sul se costuma chamar <strong>de</strong> “Missa Criolla”, venho<br />

por meio <strong>de</strong>sta Nota Pastoral, solicitar a atenção dos senhores padres para as<br />

orientações seguintes:<br />

1. Procure-se aten<strong>de</strong>r sempre com muita generosida<strong>de</strong> estes justos pedidos, que<br />

vão ao encontro da alma católica <strong>de</strong> nosso povo, que tem a alegria <strong>de</strong> po<strong>de</strong>r<br />

participar da Celebração da Eucaristia em momentos importantes <strong>de</strong> sua vida,<br />

em datas marcantes <strong>de</strong> sua cultura.<br />

2. Procure-se sempre preparar bem estas celebrações, provi<strong>de</strong>nciando tudo o<br />

que é necessário e digno para a Celebração da Eucaristia, bem como cuidando<br />

<strong>de</strong> ter bons leitores, salmista e cantores.<br />

3. Segundo as Normas Litúrgicas vigentes e as orientações dos Bispos da Província<br />

Eclesiástica <strong>de</strong> Porto Alegre, as adaptações previstas e autorizadas são as<br />

seguintes:<br />

– Músicas adaptadas.<br />

– Monições (Inicial, antes do Ato Penitencial, antes das Leituras Bíblicas – uma única<br />

intervenção – Homilia, curtas intervenções antes do Prefácio, antes do Pai Nosso,<br />

antes da Saudação da Paz, antes da Benção Final).<br />

– As vestes litúrgicas po<strong>de</strong>m também ser adaptadas, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> que se mantenha a dignida<strong>de</strong><br />

e a integrida<strong>de</strong>. Um belo conjunto túnica, estola e casula, com marcas da tradição<br />

gaúcha po<strong>de</strong>m muito bem ser utilizados nesta ocasião. Nunca se celebre sem as<br />

vestes litúrgicas.<br />

– A ornamentação do altar (flores, velas, toalhas) e do espaço sagrado on<strong>de</strong> será<br />

realizada a celebração, po<strong>de</strong>m também ser objeto <strong>de</strong> criativida<strong>de</strong>. Ao lado do altar e<br />

nunca sobre ele, em uma mesa distinta, po<strong>de</strong>m ser colocados objetos típicos <strong>de</strong> uso<br />

tradicional (cuia, chaleira e lampião).<br />

– As Leituras Bíblicas, segundo as possibilida<strong>de</strong>s previstas pelas Normas, po<strong>de</strong>m ser<br />

adaptadas, escolhendo-se aquelas, mais expressivas e apropriadas.<br />

– Antes do início da Celebração Eucarística, e nunca durante a mesma, po<strong>de</strong> ser<br />

realizado o convite e a procissão da entrega simbólica dos facões, explicando-se o<br />

gesto <strong>de</strong> “<strong>de</strong>sarmamento do espírito”, para a participação no Sagrado Rito.<br />

4. Nas <strong>de</strong>mais realida<strong>de</strong>s, <strong>de</strong>ve-se manter fielmente o estabelecido pelas Normas<br />

Litúrgicas em vigor, especialmente:<br />

– Nas partes fixas do Rito Sagrado seja utilizado o Missal Romano, não se permitindo<br />

nenhuma modificação ou adaptação.<br />

– Seja utilizado, para as Leituras Bíblicas o Lecionário Ferial ou o Dominical, nunca<br />

<strong>de</strong>vendo ser usada na Celebração Eucarística, qualquer outra leitura que não seja<br />

bíblica, bem como nunca se <strong>de</strong>ve usar, para a Leitura Bíblica folhetos ou outras edições<br />

da Bíblia.<br />

– Evite-se, na Homilia ou nos comentários, o uso <strong>de</strong> termos teologicamente não<br />

a<strong>de</strong>quados, como por exemplo, a aplicação do termo “patrão” a Deus e “peão” aos<br />

homens, que dão uma conotação <strong>de</strong> dominação não condizente com sentido <strong>de</strong><br />

paternida<strong>de</strong> e <strong>de</strong> filiação divina que constituem o cerne da Mensagem Cristã.<br />

5. Nós, bispos do Rio Gran<strong>de</strong> do Sul já estamos encaminhando um estudo a<strong>de</strong>quado<br />

em relação à chamada “Missa Criolla”, para po<strong>de</strong>r posteriormente solicitar à<br />

CNBB e à Santa Sé uma regulamentação <strong>de</strong>sta realida<strong>de</strong> tão tradicional em<br />

nosso Estado. Até lá, <strong>de</strong>vemos nos a<strong>de</strong>quar às orientações acima expostas,<br />

que foram acertadas entre todos os bispos do Estado.<br />

Fre<strong>de</strong>rico Westphalen, 1º <strong>de</strong> setembro <strong>de</strong> 2009.<br />

+ Antonio Carlos Rossi Keller<br />

Bispo <strong>de</strong> Fre<strong>de</strong>rico Westphalen<br />

LÍRIO LÍRIO ZANCHET<br />

ZANCHET<br />

Seria Jesus patriota?<br />

liriozanchet@bol.com.br<br />

“Ao chegar perto da cida<strong>de</strong> <strong>de</strong> Jerusalém, extasiados os discípulos pela<br />

grandiosida<strong>de</strong> do templo, Jesus chorou... Dias virão, em que os inimigos te cercarão<br />

com trincheiras, te sitiarão e te apertarão por todos os lados, te arrasarão<br />

juntamente com teus habitantes e não <strong>de</strong>ixarão pedra sobre pedra...” (Lc 19, 41)<br />

“Quantas vezes quis reunir teus filhos como a galinha reúne os pintinhos <strong>de</strong>baixo<br />

das asas e tu não quiseste” (Mt 23, 37). “A espada nunca cessou <strong>de</strong> ferir seus<br />

filhos. Houve mais guerras ante suas portas do que em qualquer cida<strong>de</strong> do mundo.<br />

Andar em Jerusalém é andar sobre um mar <strong>de</strong> sangue humano. Foi sitiada<br />

mais <strong>de</strong> 50 vezes, conquistada mais <strong>de</strong> 30 e <strong>de</strong>struída <strong>de</strong>z vezes” (Mauro<br />

Brancher em ‘Eu estive lá’).<br />

Flávio Josefo na ‘Destruição <strong>de</strong> Jerusalém’ conta que os romanos, cercaram<br />

a cida<strong>de</strong>, <strong>de</strong>ixando-a sem alimentos, matando-a à míngua. A fome foi tamanha<br />

que uma mãe, para alimentar o restante dos filhos, sacrificou um <strong>de</strong>les. Os vizinhos,<br />

sentindo o cheiro <strong>de</strong> carne assada, arrebataram-lhe o ‘alimento’ que manteria<br />

vivos os outros irmãos. Tem-se a impressão que Israel, a Pátria <strong>de</strong> Jesus,<br />

por ter rejeitado Seu Filho, não encontra mais a paz, é pomo <strong>de</strong> discórdia por<br />

todos os lados, e respira guerra 24 horas por dia.<br />

Jesus Cristo, perfeito Deus e perfeito homem, foi mo<strong>de</strong>lo também <strong>de</strong> cidadão.<br />

Quis nascer numa família, a célula da socieda<strong>de</strong>, sendo submisso a seus<br />

pais, e não in<strong>de</strong>pen<strong>de</strong>nte como pregam as i<strong>de</strong>ologias hodiernas. Trabalhou como<br />

carpinteiro, seguindo a profissão do pai, participando no sustento do lar, e não<br />

recebendo <strong>de</strong> mão beijada, a pretexto <strong>de</strong> ser pobre. Foi exemplar aluno na sinagoga,<br />

apren<strong>de</strong>ndo os Livros Sagrados, além do hebraico, latim e grego, idiomas<br />

que dominava, ao contrário <strong>de</strong> muitos estudantes que nem o vernáculo conhecem.<br />

Era versado no judaísmo, na pesca e na agricultura, como comprovam seus<br />

discursos e parábolas.<br />

Não foi covar<strong>de</strong>, enfrentou a chicote os vendilhões do templo que profanavam<br />

a Casa <strong>de</strong> Seu Pai. Não alimentou rancor em seu coração contra os romanos,<br />

que dominavam sua pátria, nem contra os samaritanos ou outros povos<br />

adversários seus (tipo brasileiro x argentino). Não arregimentou exércitos, embora<br />

os soldados que O foram pren<strong>de</strong>r caíssem a seus pés com um simples ‘Sou<br />

Eu’. Não amontoou tesouros que ‘as traças consomem’, embora tivesse po<strong>de</strong>r<br />

<strong>de</strong> multiplicar pães e peixes. Deixou <strong>de</strong> organizar um lucrativo SUS ou UNIMED,<br />

apesar <strong>de</strong> se ver ro<strong>de</strong>ado <strong>de</strong> coxos, leprosos e cegos. E como os ju<strong>de</strong>us tentaram<br />

jogá-lo contra Pilatos, acusando-o <strong>de</strong> subversivo, tão correto era seu agir que o<br />

governador o inocentou ‘não vendo nele crime algum’.<br />

Respeitou o po<strong>de</strong>r público e autorida<strong>de</strong>, a tal ponto que se inclinou diante do<br />

Chefe romano afirmando ‘teu po<strong>de</strong>r vem do Alto’. E até com relação aos tributos,<br />

ensinou a doutrina civil, or<strong>de</strong>nando ‘dar a César o que é <strong>de</strong> César’. Paulo<br />

mais tar<strong>de</strong> escreverá aos romanos: “Dai a cada um o que lhe é <strong>de</strong>vido, o imposto<br />

a quem é <strong>de</strong>vido, a taxa a quem é <strong>de</strong>vida, a reverência a quem é <strong>de</strong>vida” (Rm<br />

13,7). Jesus po<strong>de</strong>ria muito bem ter fabricado <strong>de</strong>sculpas, já que Roma esfolava os<br />

ju<strong>de</strong>us com uma tributação injusta fazendo correr o sagrado dinheiro das dracmas<br />

para as termas imperiais, on<strong>de</strong> as mulheres do imperador se banhavam no leite<br />

das camelas.<br />

Com relação aos impostos, o Mestre dá uma lição universal, especialmente<br />

aos sonegadores. Em Cafarnaum, acusado <strong>de</strong> não pagar imposto, chamou Simão<br />

e or<strong>de</strong>nou: “sabes que sou inocente, mas para não escandalizar estes cobradores,<br />

vai ao mar, lança o anzol e pesca o primeiro peixe, abre-lhe a guelra e nela<br />

acharás uma moeda. Retira-a e dá para mim e para ti” (Mt 17,27).<br />

Se o leitor enten<strong>de</strong>r que Cristo não foi um cidadão patriota, procure alguém<br />

com melhor perfil <strong>de</strong>ntre a centena <strong>de</strong> candidatos que solicitam seu voto. Ponhaos<br />

no Raio X da tevê e da rádio e examine-os se são mo<strong>de</strong>los <strong>de</strong> filhos, como a<br />

Família <strong>de</strong> Nazaré. Se tiravam boas notas, como o Jesus da sinagoga. Se não<br />

perseguem riquezas ou procuram engordar seu saldo bancário. Se estão preocupados<br />

com a fome do povo e a saú<strong>de</strong> dos doentes que vivem empilhados nas<br />

salas dos hospitais como os leprosos nas grutas da Samaria. Se procuram na<br />

boca dos peixes, o árduo cifrão para saldar seus impostos. E principalmente,<br />

examine-os se teriam capacida<strong>de</strong> <strong>de</strong> CHORAR pelo seu município.

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