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1 TEMA E SUA DELIMITAÇÃO - Curso de Psicologia da FACCAT.

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ESTRESSE, ANSIEDADE E A PERSONALIDADE DE GINASTAS DE ALTO<br />

RENDIMENTO: UM ESTUDO DE CASO 1<br />

Sara Matte Lucena 2<br />

Jefferson Silva Krugg 3<br />

Ana Lucia Cecconello 4<br />

Cármen Marilei Gomes 5<br />

RESUMO<br />

O esporte proporciona muitos benefícios aos seus praticantes. Porém, em esporte competitivo, <strong>de</strong> alto<br />

rendimento, trata-se do empenho e <strong>da</strong> exigência máxima do corpo ao atleta, que <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>de</strong>ste para<br />

resultados satisfatórios e isto po<strong>de</strong> gerar estados emocionais diversos. O presente artigo avaliou os<br />

níveis <strong>de</strong> estresse e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> em ginastas do clube Grêmio Náutico União <strong>de</strong> Porto Alegre/RS, bem<br />

como as características <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stes com o intuito <strong>de</strong>, em um estudo <strong>de</strong> casos, ter maior<br />

entendimento dos aspectos psicológicos envolvidos na ginástica artística <strong>de</strong> alto rendimento, suas<br />

causas e implicações. Para tanto, foram utilizados quatro instrumentos: um questionário<br />

sóciobio<strong>de</strong>mográfico, o Inventário <strong>de</strong> Sintomas <strong>de</strong> Stress para Adultos <strong>de</strong> Lipp (ISSL), o Inventário <strong>de</strong><br />

Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Beck (BAI), a técnica <strong>de</strong> Zulliger (Z-teste) e uma entrevista semiestrutura<strong>da</strong>.<br />

Participaram <strong>da</strong> pesquisa dois ginastas artísticos, e os <strong>da</strong>dos obtidos no ISSL e BAI foram discutidos<br />

juntamente com as informações do Z-teste e <strong>da</strong> entrevista para uma maior compreensão. Como<br />

resultados, constatou-se a presença <strong>de</strong> estresse em uma ginasta e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> em ambos. Este estudo<br />

po<strong>de</strong> auxiliar no direcionamento do trabalho do psicólogo do esporte, permitindo maior entendimento<br />

sobre os estados emocionais envolvidos na prática esportiva <strong>de</strong> alto rendimento e qual sua implicação,<br />

bem como, para que o psicólogo <strong>de</strong>senvolva em um trabalho ético, trazendo retornos positivos para a<br />

saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sempenho do ginasta.<br />

Palavras-chave: <strong>Psicologia</strong> do Esporte. Ginastas. Estresse. Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

INTRODUÇÃO<br />

São diversos os estados emocionais gerados pela prática esportiva, e isto po<strong>de</strong> trazer<br />

diversas respostas ao <strong>de</strong>sempenho do atleta (MARQUES, 2003). A <strong>Psicologia</strong> do Esporte tem<br />

um papel importante na contribuição para a performance <strong>de</strong> esportistas, já que estes<br />

1 Artigo <strong>de</strong> pesquisa apresentado ao <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong>s Facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s Integra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Taquara (Faccat), como<br />

requisito parcial para a aprovação na disciplina Trabalho <strong>de</strong> Conclusão II.<br />

2 Acadêmica do <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong>s Facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s Integra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Taquara (Faccat). En<strong>de</strong>reço Postal:<br />

Canela/RS. E-mail: sarinha_lucena@yahoo.com.br.<br />

3 Psicólogo, Mestre em <strong>Psicologia</strong> Clínica (PUCRS), Doutorando em <strong>Psicologia</strong> (UFRGS), Coor<strong>de</strong>nador do<br />

<strong>Curso</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong> Faccat, e Co-orientador do Trabalho <strong>de</strong> Conclusão. En<strong>de</strong>reço para contato: Av. Getúlio<br />

Vargas, 1594, sala 309, Porto Alegre/RS. E-mail: jeffkrug@faccat.br. E-mail:<br />

analuciacecconello@yahoo.com.br.<br />

4 Médica Veterinária, Mestre e Doutora em Neurociências (UFRGS), Docente do <strong>Curso</strong> <strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong>s<br />

Facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s Integra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Taquara (Faccat), e Orientadora substituta do Trabalho <strong>de</strong> Conclusão. En<strong>de</strong>reço Postal:<br />

Porto Alegre/RS. E-mail: analuciacecconello@yahoo.com.br.<br />

5 Bióloga, Mestre e Doutora em Neurociências (UFRGS), Pós-Doutora em Fisiologia (USP), Docente do <strong>Curso</strong><br />

<strong>de</strong> <strong>Psicologia</strong> <strong>da</strong>s Facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s Integra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Taquara (Faccat), e Orientadora do Trabalho <strong>de</strong> Conclusão.<br />

En<strong>de</strong>reço Postal: Canoas/RS. E-mail: cmarilei@terra.com.br.<br />

1


frequentemente trazem <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s que po<strong>de</strong>m estar sendo trabalha<strong>da</strong>s pelo Psicólogo na busca<br />

por melhores resultados (COZAC, 2004).<br />

Valle (2007) explica que há relação entre o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong> atletas e o estresse, <strong>de</strong>stacando<br />

a importância <strong>de</strong> compreen<strong>de</strong>r as variáveis envolvi<strong>da</strong>s nos estados emocionais presentes e<br />

intervir nestes aspectos com fim <strong>de</strong> influenciar a atuação <strong>de</strong> esportistas em treinamentos e<br />

competições. O <strong>de</strong>sempenho po<strong>de</strong> estar sujeito a interferências pela forma com que o estresse<br />

é encarado pelo indivíduo. O estresse po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como uma reação a <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s do ser<br />

humano com a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação, buscando manter o equilíbrio, a normali<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

indivíduo (SIMMONS, 2000).<br />

A ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> um medo irreal, que vem acompanhado <strong>de</strong> sintomas<br />

físicos e comportamentais (GREENBERG, 2002). Para tanto, este é também um fator que<br />

po<strong>de</strong> influenciar <strong>de</strong> forma benéfica ou maléfica a performance do atleta (MARQUES, 2003).<br />

Isto acontece, pois a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> po<strong>de</strong> ser consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> <strong>de</strong> normal até patológica, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo os<br />

níveis alcançados, tendo que ser levados em conta as características individuais, o contexto<br />

em que aparece e principalmente sua interferência no <strong>de</strong>sempenho funcional do indivíduo<br />

(KAPCZINSKI; FONSECA; SANT´ANNA, 2004).<br />

Assim, esse trabalho se justifica por obter <strong>da</strong>dos que auxiliem no trabalho emocional com<br />

esportistas, tendo como objetivo geral investigar os níveis <strong>de</strong> estresse e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, em atletas <strong>de</strong><br />

alto rendimento. Especificamente, preten<strong>de</strong>u-se investigar em Ginastas do Clube Grêmio Náutico<br />

União <strong>de</strong> Porto Alegre (RS) se apresentam sintomas <strong>de</strong> estresse e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> bem como as<br />

características <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stes a fim <strong>de</strong> uma maior compreensão dos estados emocionais<br />

envolvidos na prática <strong>da</strong> ginástica artística, propiciando maior conhecimento e auxiliando no<br />

<strong>de</strong>senvolvimento <strong>de</strong> um treinamento a<strong>de</strong>quado que gere maior prazer e interesse pela profissão<br />

no <strong>de</strong>sporto, e melhor <strong>de</strong>sempenho dos atletas.<br />

1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA<br />

1.1 A <strong>Psicologia</strong> do Esporte<br />

Po<strong>de</strong>mos <strong>de</strong>finir o esporte como uma ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> predominantemente física, pratica<strong>da</strong> sobre<br />

regras <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> que acaba envolvendo a competição. Enquanto isso, competir<br />

trata-se <strong>de</strong> um empenho na busca <strong>de</strong> atingir um objetivo, rivalizando com outras pessoas que<br />

também procuram este, que é sempre a busca pelo melhor resultado. Cabe ressaltar que a<br />

competição é um fato normal do ser humano, que compete pela vi<strong>da</strong> <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o nascimento. É na<br />

concorrência com os <strong>de</strong>mais o momento em que o atleta <strong>de</strong>monstra suas quali<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

fraquezas, pois está passando por constantes e diferentes avaliações. (DE ROSE JR, 2002).<br />

2


Com isso, cabe ressaltar conforme Rubio (2003), que mesmo que o esporte esteja ligado à<br />

competição, este também abrange a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> física em geral, práticas <strong>de</strong> tempo livre e<br />

ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s não regulamenta<strong>da</strong>s ou institucionaliza<strong>da</strong>s.<br />

A Ginástica Artística é uma mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> complexa que envolve diferentes práticas,<br />

compreen<strong>de</strong>ndo diversas especiali<strong>da</strong><strong>de</strong>s. É disputa<strong>da</strong> por atletas <strong>de</strong> ambos os sexos e a área <strong>de</strong><br />

execução é <strong>de</strong>limita<strong>da</strong> em um ambiente feito sobre um tablado, cerca <strong>de</strong> 80 cm do chão, on<strong>de</strong><br />

são colocados os aparelhos e <strong>de</strong>marcados espaços para apresentações <strong>de</strong> solo (VIEIRA;<br />

FREITAS, 2007). Frente a tais conceitos, Markunas (2000) esclarece que o atleta <strong>de</strong> alto<br />

rendimento trata-se <strong>de</strong> um esportista atuando em um espaço <strong>de</strong> exigência máxima, que<br />

propicia a ele maiores e melhores índices <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho em sua mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong>, atuando<br />

profissionalmente na disputa <strong>de</strong> campeonatos.<br />

A <strong>Psicologia</strong> do Esporte entra neste contexto, buscando a construção <strong>de</strong> metodologias que<br />

visem o <strong>de</strong>senvolvimento humano, promoção <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, quali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> vi<strong>da</strong> e<br />

consequentemente, o <strong>de</strong>senvolvimento esportivo (MARKUNAS, 2007). Segundo Samulski<br />

(1992), esta consiste na aplicação <strong>da</strong>s práticas do <strong>de</strong>sporto, sendo a prática esportiva o campo<br />

i<strong>de</strong>al para esta área <strong>da</strong> psicologia. Para tanto, ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s que oportunizam a reflexão sobre o<br />

papel do atleta são váli<strong>da</strong>s, já que um dos papéis <strong>da</strong> psicologia do esporte é auxiliar os atletas<br />

na criação <strong>de</strong> alternativas para as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que fazem parte do dia-a-dia (MARKUNAS,<br />

2007).<br />

Consi<strong>de</strong>ra-se que para um bom <strong>de</strong>sempenho do atleta na competição, este <strong>de</strong>ve estar<br />

sendo submetido a uma preparação física a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>, assim como a atenção em particular ao<br />

elemento psicológico envolvido. Portanto, Fabiani (2009) assegura que um treinamento <strong>de</strong>ve<br />

ter como objetivo a <strong>de</strong>finição do preparo físico, técnico-tático, intelectual, psíquico e moral do<br />

atleta. To<strong>da</strong>via, a preparação psicológica não é eficiente quando esta ocorre somente em fases<br />

<strong>de</strong> competição ou quando a equipe ou um atleta apresenta maus resultados, cabendo ao<br />

psicólogo acompanhar estes durante to<strong>da</strong> fase <strong>de</strong> treinamentos (DE ROSE JR, 2000).<br />

No esporte, as competições englobam além <strong>da</strong>s questões fisiológicas e <strong>da</strong> técnica,<br />

aspectos emocionais do atleta (FABIANI, 2009). Logo, Samulski (1992) esclarece que<br />

experiências <strong>de</strong> êxito e fracasso <strong>de</strong>vem ligar-se diretamente ao rendimento esperado – se este<br />

foi alcançado ou não e não simplesmente a uma <strong>de</strong>rrota ou vitória. O êxito esportivo é<br />

importante no rendimento do atleta estimulando este no treinamento e facilitando um<br />

entendimento <strong>de</strong> que a <strong>de</strong>dicação po<strong>de</strong> levar ao sucesso na competição. Geralmente após o<br />

êxito, aparece a satisfação, diminuição <strong>da</strong> tensão e um estado <strong>de</strong> alegria.<br />

3


Na origem do movimento olímpico atual, a participação do atleta já era consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> uma<br />

conquista. Hoje em dia, <strong>de</strong>s<strong>de</strong> o início do século XXI, a vitória prevalece a qualquer custo, e<br />

muitas vezes uma situação <strong>de</strong> sucesso que não está no lugar mais alto do pódio, é encara<strong>da</strong><br />

pelo atleta como <strong>de</strong>rrota, diminuindo a importância <strong>da</strong> conquista. Tal valorização faz com que<br />

movimentos como o doping e a trapaça, muitas vezes, apareçam tão valiosos quanto a<br />

preparação física e psicológica em si (RUBIO, 2006). Dentro <strong>de</strong>ste contexto, Samulski (1992)<br />

ressalta que experiências <strong>de</strong> fracasso po<strong>de</strong>m levar os atletas a experimentarem reações <strong>de</strong><br />

frustração como <strong>de</strong>scontentamento e per<strong>da</strong> <strong>da</strong> autoconfiança, influenciando no seu<br />

rendimento. Mas, se o atleta souber usar <strong>de</strong>ste momento como construção, po<strong>de</strong> experimentar<br />

emoções positivas, como a autocrítica construtiva e uma auto-avaliação realista.<br />

A importância <strong>de</strong> uma preparação psicológica para o <strong>de</strong>sempenho no esporte é uma<br />

questão muito discuti<strong>da</strong> por atletas, técnicos e até mesmo a imprensa, tornando-se habitual na<br />

mídia, comentários sobre a atuação <strong>de</strong> atletas que sabem ou não li<strong>da</strong>r com uma situação difícil<br />

em competição (DE ROSE JR., 2000). Frente a essa <strong>de</strong>man<strong>da</strong>, a exigência no esporte por<br />

psicólogos ca<strong>da</strong> vez mais qualificados é gran<strong>de</strong> e importante, mas a formação <strong>de</strong> profissionais<br />

ain<strong>da</strong> não tem alcançado as condições necessárias (SILVA M. 2007).<br />

As universi<strong>da</strong><strong>de</strong>s, <strong>de</strong> modo geral, ain<strong>da</strong> não oferecem conhecimento específico <strong>da</strong><br />

psicologia esportiva aos alunos. Assim, Rubio (2007) <strong>de</strong>staca a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> do psicólogo do<br />

esporte ter conhecimento <strong>de</strong> diversas áreas <strong>da</strong> <strong>Psicologia</strong>, isso porque muitas <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s dos<br />

atletas não estão diretamente liga<strong>da</strong>s a treinos e competições, po<strong>de</strong>ndo ser conflitos <strong>de</strong> or<strong>de</strong>m<br />

pessoal, familiar ou social, mas que estão influenciando no seu rendimento <strong>de</strong> alguma forma.<br />

Dentro <strong>de</strong>ste contexto, Silva, F. (2007) critica a procura <strong>da</strong> psicologia apenas por esportes<br />

presentes na mídia, ligados ao alto rendimento, valores e resultados, percebendo-se pouco<br />

interesse em projetos sociais. Contudo, o trabalho <strong>da</strong> psicologia do esporte com atletas, em<br />

algum momento, acaba consi<strong>de</strong>rando os aspectos sociais e o cenário sócioeconômico<br />

envolvidos no contexto.<br />

Cabe então ressaltar De Rose Jr. (2000) e Rubio (2007) quando enfatizam que o atleta é<br />

diferente <strong>de</strong> um paciente <strong>de</strong> consultório e não <strong>de</strong>ve ser tratado como tal. Salienta-se que é <strong>de</strong><br />

extrema importância que o psicólogo saiba como a intervenção clínica no esporte se<br />

diferencia <strong>da</strong> convencional, se <strong>de</strong>tendo na resolução <strong>de</strong> conflitos do sujeito-atleta para a busca<br />

do <strong>de</strong>senvolvimento e rendimento do potencial esportivo (RUBIO, 2007). Assim, é<br />

indispensável que o psicólogo tenha conhecimento na mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> esporte em que trabalha,<br />

para que possa compreen<strong>de</strong>r <strong>de</strong> forma prática e familiar as <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s trazi<strong>da</strong>s (COZAC,<br />

2004). No Brasil, mesmo que em constante crescimento e superação dos atletas, nem sempre<br />

4


conta com uma estrutura institucional eficaz e suficiente para um resultado ain<strong>da</strong> maior<br />

(SILVA, F. 2007). Muitas vezes, o <strong>de</strong>spreparo dos profissionais <strong>da</strong> psicologia e a resistência<br />

<strong>de</strong>ste mercado em aceitar um psicólogo na equipe, levam a psicologia esportiva a ser<br />

visualiza<strong>da</strong> como algo importante, porém secundário. Também <strong>de</strong>vemos consi<strong>de</strong>rar que<br />

alguns educadores físicos se sentem aptos para <strong>de</strong>sempenhar tal função, dispensando a entra<strong>da</strong><br />

do profissional psicólogo. Soma-se a isto o fato <strong>de</strong> que gran<strong>de</strong> parte <strong>da</strong>s equipes ain<strong>da</strong><br />

possuem o técnico como pessoa referência e que <strong>de</strong>sempenha vários papéis, inclusive o <strong>de</strong><br />

psicólogo (DE ROSE JR., 2000).<br />

Sabe-se que as atitu<strong>de</strong>s humanas não po<strong>de</strong>m ser compreendi<strong>da</strong>s como causa e efeito.<br />

Portanto, não há como criar um padrão ou prever atitu<strong>de</strong>s <strong>de</strong> um atleta em resultados<br />

esportivos esperados, por isso é tão importante este ter e apren<strong>de</strong>r a li<strong>da</strong>r com reações<br />

diversas, colocando seu adversário também em prova <strong>de</strong> uma resposta. Desse modo,<br />

Markunas (2007) enfatiza a importância <strong>da</strong> formação <strong>de</strong> um atleta criativo, que po<strong>de</strong> chegar a<br />

resultados inesperados. Assim, o psicólogo tem como objetivo instigar o papel profissional<br />

junto ao atleta, buscando não apenas reproduzir vivências ou <strong>de</strong>sejos <strong>de</strong> outros, mas a<br />

construção <strong>de</strong> sua história.<br />

1.2 A ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s práticas esportivas<br />

A ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> é uma reação normal e necessária ao indivíduo, sendo que seu caráter<br />

aversivo a faz um fator motivador fun<strong>da</strong>mental para um apropriado <strong>de</strong>sempenho na vi<strong>da</strong><br />

diária. Contudo, quando esta se apresenta em excesso, po<strong>de</strong> estar passando a prejudicar este<br />

mesmo <strong>de</strong>sempenho (GUIMARÃES, 2008). Esta então é <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> por Davidoff como: “[...]<br />

uma emoção caracteriza<strong>da</strong> por sentimentos <strong>de</strong> antecipação <strong>de</strong> perigo, tensão e sofrimento e<br />

por tendências <strong>de</strong> esquiva ou fuga.” (2001, p. 390). Contudo, é importante esclarecer,<br />

conforme Brandão (2002) e Davidoff (2001) que apesar do medo ser <strong>de</strong>finido <strong>da</strong> mesma<br />

forma, estes se diferenciam entre si, pois a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> aparece <strong>de</strong> forma menos clara, as<br />

pessoas não sabem por que a sentem, e quando sabem esta tem intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> supostamente<br />

maior que o perigo objetivo. O medo, é uma resposta a uma ameaça externa e conheci<strong>da</strong>.<br />

Existem diferenciações na manifestação <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Esta po<strong>de</strong> ser um componente<br />

estável <strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong> (ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>-estado) ou como um estado <strong>de</strong> humor variável<br />

(ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>-traço) (WEINBERG; GOULD, 2008). Na ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, quando um estímulo é<br />

captado, é prontamente enviado ao córtex cerebral, que o <strong>de</strong>codifica, analisa, e compara a<br />

registros pré-existentes. Se essa avaliação mostrar que o estímulo é <strong>de</strong>sconhecido,<br />

aterrorizante ou punitivo, quando chegar ao hipocampo, ocasionará uma hiperativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste,<br />

5


sendo que a intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> está diretamente liga<strong>da</strong> com o grau <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> gera<strong>da</strong>. Uma<br />

constatação intrigante é a <strong>de</strong> que as estruturas cerebrais que são críticas para a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

também o são para a memória (GRAEFF, 2004). Este tipo <strong>de</strong> emoção então ocorre com a<br />

finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa ou reação e coloca o indivíduo em um constante estado <strong>de</strong> alerta e<br />

atenção aumenta<strong>da</strong>. Quando esta acontece sem causa <strong>de</strong>fini<strong>da</strong>, <strong>de</strong> forma exacerba<strong>da</strong> e<br />

contínua, acaba se tornando <strong>de</strong>sagradável ao indivíduo, pois atrapalha sua funcionali<strong>da</strong><strong>de</strong> e<br />

po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>fini<strong>da</strong> como patológica (OLIVEIRA, 1999).<br />

Contudo, a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> apresenta-se também como um impulso motivacional essencial em<br />

diversas configurações <strong>de</strong> comportamento, tendo importante sentido a<strong>da</strong>ptativo e evolutivo.<br />

Esta então é consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong> patológica, quando é uma resposta ina<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> a um <strong>de</strong>terminado<br />

estímulo, por sua intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> ou duração (BRANDÃO, 2002). Sendo assim, o comportamento<br />

ansioso po<strong>de</strong> manifestar-se <strong>de</strong> forma maléfica ou benéfica, prejudicando ou impulsionando o<br />

atleta na competição (MARQUES, 2003). Segundo Humara (1999), a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> possui uma<br />

relação consi<strong>de</strong>rável com o <strong>de</strong>sempenho, porém são necessários que sejam levados em conta<br />

todos os aspectos do funcionamento psicológico do atleta, para permitir ao psicólogo uma<br />

intervenção que o leve a atingir um impacto máximo em seu <strong>de</strong>sempenho. Estudos <strong>de</strong> Cottyn<br />

et al. (2006) <strong>de</strong>tectaram um significativo aumento <strong>da</strong> frequencia cardíaca <strong>de</strong> ginastas durante<br />

a competição no aparelho trave <strong>de</strong> equilíbrio. Esta, po<strong>de</strong> estar liga<strong>da</strong> a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, pois tais<br />

<strong>da</strong>dos sugeriram uma maior excitação fisiológica durante a competição, porém, não teve<br />

impacto negativo ao atleta, não se mostrando algo aversivo ou <strong>de</strong>bilitante durante a execução<br />

do exercício. O estudo mostra que o acompanhamento contínuo <strong>da</strong> manifestação <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

física e psicológica permite o entendimento <strong>de</strong> eventos inesperados durante a performance do<br />

ginasta.<br />

A intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> vivencia<strong>da</strong>, segundo Fabiani (2009), <strong>de</strong>pen<strong>de</strong> <strong>da</strong><br />

personali<strong>da</strong><strong>de</strong> do atleta, a forma com que este encara <strong>de</strong>termina<strong>da</strong>s situações e do seu preparo<br />

psicológico. Conforme Weinberg e Gould (2008), a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>-estado nem sempre tem um<br />

efeito negativo sobre o <strong>de</strong>sempenho. Sendo assim, a autoconfiança é necessária para que a<br />

ativação ocorri<strong>da</strong> seja interpreta<strong>da</strong> como positiva e facilitadora e não negativa ou <strong>de</strong>bilitante.<br />

Sabe-se então, que um indivíduo po<strong>de</strong> ter personali<strong>da</strong><strong>de</strong> mais ou menos ansiosa e que<br />

interações entre influências genéticas e ambientais serão importantes na <strong>de</strong>terminação <strong>de</strong>sse<br />

tipo <strong>de</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong> (CLÉMENT et al., 2002).<br />

A ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, caso ultrapasse os limites i<strong>de</strong>ais, po<strong>de</strong> vir a acarretar um prejuízo no<br />

<strong>de</strong>sempenho do atleta (FABIANI, 2009). Sendo assim, o psicólogo <strong>de</strong>ve enten<strong>de</strong>r e transmitir<br />

ao jogador uma tranquili<strong>da</strong><strong>de</strong> a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong> para que esse tipo <strong>de</strong> emoção possa manifestar-se em<br />

6


um nível bom <strong>de</strong> rendimento, <strong>de</strong>ixando-o a vonta<strong>de</strong> para <strong>de</strong>senvolver suas habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s e<br />

atingir um resultado satisfatório (MARQUES, 2000).<br />

A falta <strong>de</strong> confiança ou controle <strong>de</strong> uma situação po<strong>de</strong>m ser fatores a gerar o<br />

comportamento ansioso no ser humano. No jovem atleta, esta aparece, pois há um excesso <strong>de</strong><br />

cobranças do meio. Esportistas alegam pressão <strong>de</strong> diversas fontes: a partir dos pais, <strong>de</strong><br />

treinadores, <strong>de</strong> colegas e <strong>de</strong> patrocinadores. Isto po<strong>de</strong> estar gerando uma ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

<strong>de</strong>sagradável que se vincula a cobrança e não ao prazer ou <strong>de</strong>safio, atuando então <strong>de</strong> forma<br />

maléfica ao atleta. Sendo assim, o psicólogo po<strong>de</strong> estar atuando em situações geradoras <strong>de</strong>sta<br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> negativa. Segundo Marques (2003), por estes motivos os atletas veem na psicologia<br />

uma possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> transformarem o esporte em uma prática prazerosa.<br />

A <strong>Psicologia</strong> <strong>de</strong>ve se atentar a aspectos geradores <strong>de</strong> cobrança, diminuindo o abandono do<br />

esporte, e modificando a concepção <strong>de</strong> competição para o atleta, levando-o a aproveitar<br />

melhor os treinamentos e praticar o esporte com maior tranquili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong>sempenho<br />

(MARQUES, 2003).<br />

1.3 O estresse <strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s práticas esportivas<br />

Estresse po<strong>de</strong> ser <strong>de</strong>finido como um processo <strong>de</strong> percepção e resposta a acontecimentos<br />

estressores, que são compreendidos como ameaçadores, nocivos ou <strong>de</strong>safiadores ao indivíduo,<br />

po<strong>de</strong>ndo trazer para a pessoa um estado <strong>de</strong> tensão, irritabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

concentração maiores que em seu estado habitual. Este é um componente comum, que aparece<br />

na vi<strong>da</strong> emocional cotidiana <strong>de</strong> alguma forma, sendo que po<strong>de</strong> ter diversas origens, como<br />

escola, família, trabalho e amigos (STRAUB, 2005). Não obstante, Oliveira (1999) <strong>de</strong>staca,<br />

que o excesso <strong>de</strong> estímulos agradáveis ao organismo, como por exemplo, um indivíduo ter<br />

tudo o que <strong>de</strong>seja sem precisar gerar maiores esforços para isso, po<strong>de</strong> também ser gerador <strong>de</strong><br />

estresse.<br />

O estresse visa estabelecer a homeostase do indivíduo, que foi movido para uma reação <strong>de</strong><br />

luta ou fuga, objetivando a mobilização do organismo para solucionar a condição em que se<br />

encontra, consi<strong>de</strong>rando o contexto, a biologia e experiências anteriores. Frente a isso, cabe<br />

ressaltar, conforme Sardá Jr. et al. (2004) que o estresse compreen<strong>de</strong> uma série <strong>de</strong> reações<br />

com papel <strong>de</strong> a<strong>da</strong>ptação do organismo à uma condição ambiental, que está exigindo uma<br />

reação rápi<strong>da</strong> geralmente liga<strong>da</strong> à sobrevivência ou interpreta<strong>da</strong> assim pelo indivíduo.<br />

Portanto, a reação <strong>de</strong> estresse envolve questões psicológicas, físicas, mentais e hormonais<br />

(LIPP, 2000). Sendo assim, Carvalhal (2008) explica que uma dose baixa <strong>de</strong> estresse é<br />

7


normal, fisiológica e <strong>de</strong>sejável, tornando-se indispensável para a saú<strong>de</strong> e capaci<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

evolutiva.<br />

Os estressores po<strong>de</strong>m ser internos (<strong>de</strong>terminados pelo próprio sujeito, como a forma <strong>de</strong><br />

ver o mundo, crenças, valores, características pessoais, etc.) ou externos (qualquer situação<br />

boa ou ruim no mundo externo <strong>da</strong> pessoa, como por exemplo, sua profissão, situação<br />

financeira, etc.) (CARVALHAL, 2008). Para isso, ressalta-se que a interpretação e o grau <strong>de</strong><br />

importância <strong>da</strong>do para uma <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> situação nem sempre é tão evi<strong>de</strong>nte. Isso por que, um<br />

evento sem importância para a maioria, po<strong>de</strong> ter valor significativo para <strong>de</strong>termina<strong>da</strong> pessoa<br />

(WEINBERG; GOULD, 2008). Quando o estresse torna-se muito intenso, po<strong>de</strong> levar o<br />

indivíduo a um esgotamento <strong>de</strong> energia, acarretando um <strong>de</strong>sequilíbrio <strong>da</strong> harmonia corpórea,<br />

com alterações orgânicas secundárias aos mecanismos iniciais, que antes auxiliavam na<br />

sobrevivência (ARANTES; VIEIRA, 2002).<br />

Cabe então ressaltar que o estresse abarca fatores físicos e psicológicos do indivíduo. Para<br />

tanto, Gazzaniga e Heatherton (2005) explicam que apren<strong>de</strong>r quanto estresse um indivíduo<br />

po<strong>de</strong> manejar é essencial para reconhecer os efeitos no seu bem-estar físico, mental e<br />

emocional, não havendo um padrão, já que diferentes níveis <strong>de</strong> estresse são ótimos para<br />

diferentes pessoas. Frente a isso, Valle (2007) <strong>de</strong>staca o fato que no esporte, tensão e estresse<br />

são <strong>de</strong>man<strong>da</strong>s constantemente presentes na vi<strong>da</strong> <strong>de</strong> atletas <strong>de</strong> alto rendimento. Porém, o modo<br />

com que estes enfrentam tais aspectos reflete em seu <strong>de</strong>sempenho, pois este está diretamente<br />

relacionado com o estresse. O que po<strong>de</strong> estar então sob o controle do indivíduo, é a<br />

possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> saber li<strong>da</strong>r com momentos em que o estresse parece ser inevitável<br />

(CARVALHAL, 2008). Para Oliveira (1999), reações <strong>de</strong> estresse, consi<strong>de</strong>ra<strong>da</strong>s normais,<br />

permitem ao cérebro prestar atenção, relacionar idéias e ser criativo. Sem esta condição, o<br />

indivíduo torna-se apático, sem capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar atitu<strong>de</strong>s que o impulsionem à conquista<br />

<strong>de</strong> qualquer objetivo.<br />

A importância pessoal <strong>da</strong><strong>da</strong> a um <strong>de</strong>terminado evento, está intimamente liga<strong>da</strong> ao nível <strong>de</strong><br />

estresse gerado (WINBERG; GOULD, 2008). No atleta, o estresse é basicamente ocorrido<br />

pelo fato <strong>de</strong> que seus resultados não <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>m apenas <strong>de</strong> seu empenho pessoal, mas também<br />

<strong>de</strong> seus pares, condições físicas, treinadores e do contexto (MAGNINO, 2003).<br />

O Estresse po<strong>de</strong> ser dividido em quatro fases, são elas:<br />

a) Fase <strong>de</strong> Alerta<br />

Quando o indivíduo se <strong>de</strong>para com um estressor, prontamente o organismo tem um aviso<br />

<strong>de</strong> alerta e se prepara a ação. Se este souber li<strong>da</strong>r com a situação po<strong>de</strong>rá usar o estresse como<br />

fator <strong>de</strong> motivação, entusiasmo e energia já que é nessa fase que ocorrem aumentos na<br />

8


criativi<strong>da</strong><strong>de</strong> e produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do indivíduo (CARVALHAL, 2008). Por isso essa fase é<br />

<strong>de</strong>staca<strong>da</strong> por Lipp (2000) como Estresse Positivo, pois nesse momento o organismo produz<br />

adrenalina, que traz energia ao organismo, impulsionando este a uma maior motivação e<br />

produção. Para tanto, se essa fase perdurar por muito tempo, o estresse passa dos limites, se<br />

tornando excessivo.<br />

Assim, quando ocorre um evento estressor, o estímulo é captado pelo tálamo, que passa<br />

para o córtex, na tentativa <strong>de</strong> i<strong>de</strong>ntificá-lo, e também para o hipotálamo, on<strong>de</strong> aciona o centro<br />

<strong>de</strong> ataque-<strong>de</strong>fesa-fuga (OLIVEIRA, 1999). Frente a isso, Straub (2005) explica que a reação<br />

geral do corpo ao estresse é regula<strong>da</strong> pelo sistema nervoso central (SNC) e portanto, o<br />

hipotálamo é a região do cérebro que controla a resposta <strong>de</strong> estresse <strong>de</strong> forma mais direta,<br />

sendo que gran<strong>de</strong> parte do encéfalo interage com este. Sendo assim, esta estrutura reage a<br />

estímulos variados, como a uma ameaça real, a memórias e até mesmo a estressores<br />

imaginários.<br />

b) Fase <strong>de</strong> Resistência<br />

Se a fase <strong>de</strong> alerta é manti<strong>da</strong> por um longo tempo ou o estressor persiste, provoca uma<br />

reação reparadora do organismo, que utiliza to<strong>da</strong> sua energia a<strong>da</strong>ptativa para restabelecer o<br />

equilíbrio interno que foi quebrado na fase <strong>de</strong> Alerta. Quando isto ocorre, o <strong>de</strong>saparecimento<br />

<strong>de</strong> sintomas iniciais faz a pessoa acreditar que está melhor. Porém, a produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> do<br />

indivíduo cai e ocorrem algumas reações fisiológicas, como no funcionamento <strong>de</strong> glândulas<br />

suprarrenais (CARVALHAL, 2008).<br />

O centro <strong>de</strong> ataque-<strong>de</strong>fesa-fuga, acionado no hipotálamo, elabora uma substância chama<strong>da</strong><br />

<strong>de</strong> fator <strong>de</strong> regulação cortical (CRF). Esta substância vem a estimular a hipófise, que produz e<br />

secreta o hormônio adrenocorticotrófico (ACTH), que <strong>de</strong>positado no sangue irá ativar<br />

diversos órgãos, entre eles o fígado e glândulas suprarrenais. As glândulas suprarrenais, por<br />

sua vez, sintetizam os glicocorticói<strong>de</strong>s como o cortisol, que tem como função a retira<strong>da</strong> <strong>de</strong><br />

combustível <strong>da</strong>s células disponibilizando maior quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> glicose no sangue, que será<br />

envia<strong>da</strong> para os músculos. Há também os minerais corticói<strong>de</strong>s, que chegam a órgãos como<br />

estômago e intestinos, com or<strong>de</strong>m <strong>de</strong> reduzir a ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>stes para poupar energia. Enquanto<br />

isso, a noradrenalina e a adrenalina, possibilitam reação, com algumas alterações orgânicas<br />

como: taquicardia, aumento <strong>da</strong> pupila, pali<strong>de</strong>z, hipertensão, aumento <strong>da</strong> glicose sanguínea<br />

(energia), entre outros. Estas reações são normais e importantes para <strong>de</strong>fesa (OLIVEIRA,<br />

1999). O sistema endócrino po<strong>de</strong> interromper esta resposta <strong>de</strong> estresse do corpo, antes que o<br />

prejudique. Este mecanismo envolve o cortisol através <strong>de</strong> um sistema <strong>de</strong> retroalimentação<br />

9


negativa. Assim, haverá uma redução na quanti<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ACTH no sangue e portanto redução<br />

<strong>da</strong> ativi<strong>da</strong><strong>de</strong> do eixo do estresse (STRAUB, 2005).<br />

c) Fase <strong>de</strong> Quase Exaustão<br />

Caso o estressor não seja eliminado, ou nenhuma técnica <strong>de</strong> controle <strong>de</strong> estresse seja<br />

utiliza<strong>da</strong>, po<strong>de</strong> se instalar essa fase que, por sua vez, é caracteriza<strong>da</strong> por um enfraquecimento<br />

<strong>da</strong> pessoa que po<strong>de</strong> apresentar reações físicas e emocionais do organismo (CARVALHAL,<br />

2008). Na fase <strong>de</strong> Quase Exaustão, ain<strong>da</strong> existem momentos <strong>de</strong> luci<strong>de</strong>z, iniciativa e ativi<strong>da</strong><strong>de</strong>s<br />

laborais, porém estes exigem um gran<strong>de</strong> esforço e são intercalados com momentos <strong>de</strong> muito<br />

<strong>de</strong>sconforto. A produção <strong>de</strong> cortisol aumenta, baixando a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> imunológica, inclusive<br />

com a presença <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> em alto grau (LIPP, 2000). A longa permanência nessa fase po<strong>de</strong><br />

levar a exaustão (CARVALHAL, 2008).<br />

d) Fase <strong>de</strong> Exaustão<br />

Fase mais negativa e patológica (LIPP, 2000). O estressor perdura por mais tempo ou vem<br />

associado a outros, levando a um esgotamento psicológico e fisiológico. Ocorre um aumento<br />

<strong>de</strong> estruturas linfáticas, acarretando o aparecimento <strong>de</strong> doenças e até mesmo óbito. Sintomas<br />

psicológicos como <strong>de</strong>pressão, apatia, ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> intensa, inabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> tomar <strong>de</strong>cisões,<br />

agressivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, entre outros aparecem, bem como sintomas físicos, em forma <strong>de</strong> úlceras e<br />

hipertensão arterial (CARVALHAL, 2008).<br />

Quando o indivíduo está constantemente sujeito a ação do estressor, mesmo que<br />

imaginário, o organismo per<strong>de</strong> a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> diminuição dos sintomas do estresse, se<br />

mantendo em constante prontidão. Isto faz com que as reações fisiológicas persistam,<br />

acresci<strong>da</strong>s <strong>de</strong> consequências emocionais e comportamentais, tais como mau-humor, falta <strong>de</strong><br />

apetite, <strong>de</strong> impulso prazeroso, dores no corpo e baixa imuni<strong>da</strong><strong>de</strong> (OLIVEIRA, 1999).<br />

2 MÉTODO<br />

Foi realizado um estudo <strong>de</strong> caráter qualitativo com base no estudo <strong>de</strong> casos. Este método,<br />

<strong>de</strong> acordo com Creswell (2010), emprega questões e procedimentos emergentes on<strong>de</strong><br />

concentra diferentes concepções i<strong>de</strong>ológicas, estratégias <strong>de</strong> investigação e métodos <strong>de</strong> coleta,<br />

análise e interpretação <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.<br />

O estudo <strong>de</strong> caso trata-se <strong>de</strong> uma estratégia em que o pesquisador explora com<br />

profundi<strong>da</strong><strong>de</strong> um ou mais indivíduos, coletando informações <strong>de</strong>talha<strong>da</strong>s com a utilização <strong>de</strong><br />

diversos procedimentos para coletas <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos (CRESWELL, 2010). Estudos <strong>de</strong> caso buscam<br />

i<strong>de</strong>ntificar características e processos comuns e específicos <strong>de</strong> organizações e indivíduos, em<br />

10


uma pesquisa que proporciona maior número <strong>de</strong> <strong>de</strong>talhes e informações ao levantamento <strong>de</strong><br />

<strong>da</strong>dos (BELL, 2008).<br />

2.1 Participantes<br />

Participaram <strong>de</strong>ste estudo dois atletas <strong>de</strong> Ginástica Artística do clube Grêmio Náutico<br />

União (GNU), localizado na ci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Porto Alegre/RS, que foram indicados por<br />

conveniência pelo local. Como critério <strong>de</strong> seleção teve-se como requisito que os atletas<br />

estivessem engajados em competições, tivessem pelo menos cinco anos <strong>de</strong> treinamento e a<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong> máxima <strong>de</strong> 20 anos.<br />

2.2 Instrumentos<br />

Foram utilizados cinco instrumentos na coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos: um questionário<br />

sóciobio<strong>de</strong>mográfico, o Inventário <strong>de</strong> Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Beck (Beck anxiety Inventory – BAI), o<br />

Inventário <strong>de</strong> Sintomas <strong>de</strong> Stress para Adultos <strong>de</strong> Lipp (ISSL), a técnica <strong>de</strong> Zulliger (Der<br />

Zulliger-Talfen-Tes – Z-teste) e uma entrevista semiestrutura<strong>da</strong>.<br />

O questionário sóciobio<strong>de</strong>mográfico foi utilizado a fim <strong>de</strong> avaliar, <strong>de</strong> forma objetiva, o<br />

contexto social em que se encontram os atletas, possibilitando atentar para dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s que<br />

possam aparecer no ambiente familiar. Enquanto isso, os níveis <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> foram<br />

levantados através do BAI. Este consiste em uma escala <strong>de</strong> autorrelato, que me<strong>de</strong> a<br />

intensi<strong>da</strong><strong>de</strong> dos sintomas <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> (CUNHA, 2001). O inventário é constituído por 21<br />

itens sobre afirmações <strong>de</strong> sintomas ansiosos, que <strong>de</strong>vem ser avaliados pelo participante sobre<br />

si mesmo numa escala <strong>de</strong> zero a três pontos (CUNHA, 2000).<br />

O ISSL divi<strong>de</strong> o estresse em quatro fases, e tem como objetivo i<strong>de</strong>ntificar a<br />

sintomatologia apresenta<strong>da</strong> pelo paciente, o tipo <strong>de</strong> estresse (somático ou psicológico) e a fase<br />

em que este se encontra. (LIPP, 2000). A técnica <strong>de</strong> Zulliger é um instrumento <strong>de</strong> avaliação<br />

<strong>da</strong> personali<strong>da</strong><strong>de</strong> com base no psicodiagnóstico <strong>de</strong> Rorschach. A técnica <strong>de</strong> aplicação<br />

individual consiste em três manchas <strong>de</strong> tinta não estrutura<strong>da</strong>s, propiciando ao examinador<br />

informações, que são transforma<strong>da</strong>s em categorias e assim quantifica<strong>da</strong>s e interpreta<strong>da</strong>s no<br />

todo plurifacetado <strong>de</strong> dinamismos perceptivo-associativos que é a personali<strong>da</strong><strong>de</strong> (VAZ,<br />

2002). Para a aplicação do Z-teste, esta é dividi<strong>da</strong> em quatro fases: o rapport, a fase <strong>de</strong><br />

instruções, a fase <strong>de</strong> aplicação propriamente dita, e por último, a fase <strong>de</strong> inquérito (VAZ,<br />

2000).<br />

Por fim, a entrevista semiestrutura<strong>da</strong> foi utiliza<strong>da</strong> a fim <strong>de</strong> buscar <strong>da</strong>dos relevantes e<br />

necessários, com alicerce no que já foi estu<strong>da</strong>do. Dentro disso, este instrumento teve o intuito<br />

11


<strong>de</strong> buscar uma maior proximi<strong>da</strong><strong>de</strong> com o participante e <strong>de</strong> atentar a aspectos que se ligam aos<br />

sintomas <strong>de</strong> estresse e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> do atleta através <strong>da</strong> verbalização <strong>de</strong>ste, bem como outras<br />

dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s e facili<strong>da</strong><strong>de</strong>s que po<strong>de</strong>m estar interferindo no emocional e consequentemente na<br />

preparação e <strong>de</strong>sempenho em treinamentos e competições.<br />

2.3 Procedimentos para a Coleta <strong>de</strong> Dados<br />

Após análise e aprovação do projeto pelo Comitê <strong>de</strong> Ética em Pesquisa (CEP) <strong>da</strong>s<br />

Facul<strong>da</strong><strong>de</strong>s Integra<strong>da</strong>s <strong>de</strong> Taquara (<strong>FACCAT</strong>), a psicóloga do Clube Grêmio Náutico União<br />

(GNU) foi contata<strong>da</strong> a fim <strong>de</strong> agen<strong>da</strong>r a coleta <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos.<br />

Os participantes foram eleitos para o presente estudo, utilizando-se o critério <strong>de</strong> escolha<br />

do clube, por conveniência, conforme a disponibili<strong>da</strong><strong>de</strong> dos atletas. As entrevistas foram<br />

realiza<strong>da</strong>s em uma sala no GNU, disponibiliza<strong>da</strong> pelo mesmo para a realização <strong>de</strong>stas. Após a<br />

leitura do TCLE, que teve a finali<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> assegurar o caráter sigiloso e fornecer informações<br />

acerca <strong>da</strong> pesquisa e do consentimento dos atletas, foram aplicados os seguintes instrumentos,<br />

na or<strong>de</strong>m que seguem: questionário sóciobio<strong>de</strong>mográfico, Inventário <strong>de</strong> Sintomas <strong>de</strong> Stress<br />

para Adultos <strong>de</strong> Lipp (ISSL), Inventário <strong>de</strong> Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Beck (Beck anxiety Inventory –<br />

BAI), técnica <strong>de</strong> Zulliger (Der Zulliger-Talfen-Tes – Z-teste) e a entrevista semiestrutura<strong>da</strong><br />

que foi grava<strong>da</strong> em áudio.<br />

2.4 Procedimentos para Análise dos Dados<br />

Inicialmente, foi realizado o levantamento <strong>da</strong>s respostas do questionário<br />

sóciobio<strong>de</strong>mográfico. Após, a análise dos testes (BAI, ISSL e Z-teste) foi feita conforme as<br />

instruções <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> instrumento, no qual a interpretação <strong>de</strong> ca<strong>da</strong> um foi obti<strong>da</strong> e vali<strong>da</strong><strong>da</strong><br />

através <strong>de</strong> estudos com a população.<br />

As informações coleta<strong>da</strong>s na entrevista semiestrutura<strong>da</strong> foram submeti<strong>da</strong>s à análise <strong>de</strong><br />

conteúdo. Esta, segundo Bardin (2002) busca <strong>de</strong>sven<strong>da</strong>r o significado <strong>de</strong> diferentes tipos <strong>de</strong><br />

discursos. Trata-se <strong>de</strong> leituras flutuantes que permitem a divisão do material em categorias <strong>de</strong><br />

características comuns e relevantes, permitindo inferências e interpretações a respeito do tema<br />

estu<strong>da</strong>do e ao mesmo tempo respeitando critérios específicos que permitem compreen<strong>de</strong>r o<br />

sentido <strong>da</strong>s comunicações e suas significações explícitas e/ou não. Em coerência com o<br />

suporte teórico referenciado, a análise proporciona uma síntese dos <strong>da</strong>dos levantados.<br />

3 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS<br />

3.1 Características sóciobio<strong>de</strong>mográficas dos ginastas/casos<br />

12


Dentre os atletas entrevistados, um foi do sexo feminino e o outro do sexo masculino, com<br />

i<strong>da</strong><strong>de</strong>s <strong>de</strong> 20 e 21 anos respectivamente. Ambos estão engajados em competições, não estando<br />

próximos, portanto, <strong>de</strong> encerrarem suas carreiras. Havia se estabelecido como critério <strong>de</strong><br />

inclusão que os atletas tivessem no máximo 20 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>, no entanto, um dos<br />

participantes entrevistados tinha 21 anos, mas este <strong>da</strong>do não influenciou na análise dos<br />

resultados.<br />

O Caso 1 refere-se a uma ginasta do sexo feminino, com 20 anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Os <strong>da</strong>dos<br />

obtidos através do questionário sóciobio<strong>de</strong>mográfico esclarecem que esta mora sozinha, e se<br />

mantém com uma ren<strong>da</strong> mensal <strong>de</strong> R$ 781,00 a R$ 1.300,00, ren<strong>da</strong> esta que se trata <strong>de</strong> uma<br />

bolsa atleta forneci<strong>da</strong> pelo governo, <strong>de</strong> acordo com sua participação em competições. Ela<br />

cursou o ensino médio em escola pública e, atualmente, faz curso pré-vestibular, e preten<strong>de</strong><br />

cursar a facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> Educação Física. O Caso 2 é um ginasta do sexo masculino, com 21<br />

anos <strong>de</strong> i<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ele mora com sua mãe e irmão, e a ren<strong>da</strong> mensal <strong>da</strong> família fica entre R$<br />

2.601,00 a R$ 3.900,00, sendo que ele contribui com esta ren<strong>da</strong> com a bolsa atleta que recebe.<br />

Ele cursou o ensino médio em escola particular e, atualmente está cursando a Facul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong><br />

Biomedicina.<br />

Ambos os ginastas iniciaram seus treinamentos quando ain<strong>da</strong> crianças. Cabe ressaltar o<br />

fato <strong>de</strong> que o Caso 1 é <strong>de</strong> uma ginasta que no segundo semestre do ano apresenta uma agen<strong>da</strong><br />

com gran<strong>de</strong> <strong>de</strong>dicação em competições <strong>de</strong> esfera internacional, permanecendo gran<strong>de</strong> parte do<br />

tempo viajando e participando <strong>de</strong> campeonatos. Ela relata que no primeiro semestre as<br />

competições não são tão frequentes. Enquanto isso, o Caso 2 é um ginasta que possui uma<br />

rotina <strong>de</strong> competições <strong>de</strong> âmbito nacional, saindo do país poucas vezes. Ele não está treinando<br />

e competindo atualmente, pois foi submetido a uma cirurgia na semana anterior a <strong>da</strong><br />

entrevista. A atleta do Caso 1 tem maior especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> no salto, enquanto o atleta do Caso 2<br />

tem especiali<strong>da</strong><strong>de</strong> na argola e no solo.<br />

3.2 Estresse<br />

Após a realização <strong>da</strong> análise do ISSL, constatou-se que o Caso 1 apresentou estresse,<br />

encontrando-se este na fase <strong>de</strong> resistência, com predominância <strong>de</strong> maior manifestação dos<br />

sintomas físicos, área <strong>de</strong> maior vulnerabili<strong>da</strong><strong>de</strong> segundo as respostas assinala<strong>da</strong>s pela Ginasta.<br />

Como o levantamento dos <strong>da</strong>dos avançou os limites em mais <strong>de</strong> um quadro do ISSL, ou seja,<br />

indicou estresse em outra fase além <strong>da</strong> <strong>de</strong> resistência, o teste indica que o estresse está em<br />

processo <strong>de</strong> agravamento, po<strong>de</strong>ndo vir a avançar mais uma fase caso não seja realizado<br />

13


nenhum tipo <strong>de</strong> intervenção. Enquanto isso, o Caso 2 não mostrou níveis significativos em<br />

nenhum dos quadros do teste LIPP, indicando ausência <strong>de</strong> estresse.<br />

Níveis <strong>de</strong> estresse saudáveis, ocorrem quando o indivíduo apren<strong>de</strong> como li<strong>da</strong>r com este <strong>de</strong><br />

maneira que consiga alternar entre a fase <strong>de</strong> alerta e sair do alerta. O organismo precisa<br />

estabelecer a homeostase após esta fase para que consiga se recuperar, e caso não haja essa<br />

recuperação, o estresse po<strong>de</strong> se tornar excessivo. Por isso, a fase <strong>de</strong> resistência ocorre quando<br />

o estresse inicial permanece por muito tempo ou são acumulados novos estressores no<br />

organismo. Este então reage com o objetivo <strong>de</strong> evitar o <strong>de</strong>sgaste <strong>de</strong> energia, buscando<br />

reestabelecer o equilíbrio anteriormente quebrado. Nesta fase, ocorre produção <strong>de</strong> Cortisol e<br />

uma que<strong>da</strong> significativa na produtivi<strong>da</strong><strong>de</strong> e na imuni<strong>da</strong><strong>de</strong> do indivíduo´, tornando-o mais<br />

vulnerável a vírus e bactérias (LIPP, 2000).<br />

3.3 Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

Quanto ao BAI, os levantamentos permitiram concluir que em ambos os casos estu<strong>da</strong>dos<br />

houve a presença <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, em nível mo<strong>de</strong>rado. Este representa um nível significativo,<br />

que po<strong>de</strong> ser importante para o <strong>de</strong>sempenho dos atletas, visto que a presença <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> é<br />

um fator motivador. Assim, a teoria do U invertido, muito utiliza<strong>da</strong> por psicólogos do esporte,<br />

sustenta que baixos ou muito altos níveis <strong>de</strong> ativação no atleta prejudicam seu <strong>de</strong>sempenho,<br />

enquanto que este <strong>de</strong>ve apresentar níveis <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> até o ponto i<strong>de</strong>al, evitando a baixa<br />

ativação ou níveis acima <strong>de</strong>ste ponto, para que não ocorra o <strong>de</strong>clínio no <strong>de</strong>sempenho<br />

(WEINBERG; GOULD, 2008).<br />

3.4 Características <strong>de</strong> Personali<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

O levantamento <strong>de</strong> <strong>da</strong>dos do Z-teste confirma a presença <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> em elevado grau<br />

em ambos os casos. A ginasta, Caso 1, apresentou boa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> em seus relacionamentos<br />

interpessoais. Ela mostrou-se mais ansiosa no início <strong>da</strong> testagem, acalmando-se na sequência,<br />

o que permite inferir que esta venha a apresentar maior grau <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> no início <strong>da</strong>s<br />

competições e abran<strong>da</strong>r esses níveis posteriormente. Através do teste, constatou-se também o<br />

uso <strong>de</strong> mecanismos <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesa para li<strong>da</strong>r com a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, como a negação, através <strong>de</strong> uma<br />

fuga <strong>da</strong> reali<strong>da</strong><strong>de</strong> e fantasia, que transmite muitas vezes a sensação <strong>de</strong> <strong>de</strong>satenção, falta <strong>de</strong><br />

iniciativa e introspecção.<br />

O Caso 2, mostrou que li<strong>da</strong> com a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> através <strong>de</strong> <strong>de</strong>fesas do tipo obsessivas, como o<br />

excesso <strong>de</strong> intelectualização e o perfeccionismo, trazendo a ele pouca objetivi<strong>da</strong><strong>de</strong>. O teste<br />

indicou ain<strong>da</strong> certa dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em suas relações interpessoais, mostrando <strong>de</strong>scontrole e<br />

14


impulsivi<strong>da</strong><strong>de</strong> em suas reações, po<strong>de</strong>ndo este ter <strong>de</strong>scontroles momentâneos diante <strong>de</strong> uma<br />

situação geradora <strong>de</strong> estresse.<br />

3.5 Compreensão dos <strong>da</strong>dos e informações coleta<strong>da</strong>s<br />

A realização <strong>da</strong> análise <strong>de</strong> conteúdo <strong>da</strong>s entrevistas segundo Bardin (2002) possibilitou a<br />

categorização do conteúdo em categorias <strong>de</strong> análise, que foram analisa<strong>da</strong>s e <strong>de</strong>compostas em<br />

subcategorias. A Tabela 1 apresenta os <strong>da</strong>dos referentes à análise <strong>de</strong> conteúdo realiza<strong>da</strong>.<br />

Tabela 1: Descrição <strong>da</strong>s Categorias e Subcategorias referentes à Entrevista Semiestrutura<strong>da</strong><br />

CATEGORIAS SUBCATEGORIAS<br />

1 Menstruação<br />

1.1 Ciclo menstrual<br />

Refere-se às colocações <strong>da</strong> Caso 1: “...é totalmente <strong>de</strong>sregula<strong>da</strong>.. .eu menstruo uma vez a ca<strong>da</strong> três, quatro,<br />

ginasta quanto ao seu ritmo cinco meses...”<br />

menstrual.<br />

1.2 TPM (tensão pré-menstrual)<br />

Caso 1: “...fico muito irrita<strong>da</strong>, me dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar, e qualquer coisinha, se<br />

alguém me xinga, eu já <strong>de</strong>sabo... mesmo se não menstruo tenho TPM...”<br />

2 Alimentação<br />

2.1 Dieta<br />

Refere-se às colocações Caso 1: “...é uma dieta até alcançar o peso, aí <strong>de</strong>pois se troca a dieta para<br />

dos ginastas quanto à dieta manter o peso...”<br />

que seguem para manter o Caso 2: “...controlo minha alimentação, pois já tive nutricionista, então meio<br />

rendimento.<br />

que me eduquei, sei o que comer para ficar bem, e o que me <strong>de</strong>ixa pesado...”<br />

2.2 Peso<br />

Caso 1: “...às vezes com 500g a mais, não consegue fazer na<strong>da</strong> praticamente...”<br />

2.3 Compulsão alimentar<br />

Caso 1: “...eu tomo suplemento, mas se me dá vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> comer eu vou lá e<br />

como... não é nem fome, é só pra satisfazer aquela vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> comer... eu posso<br />

tá embucha<strong>da</strong>, mas dá muita vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> comer....”<br />

3 Treinamento<br />

3.1 Rotina diária<br />

Refere-se às colocações Caso 1: “...todos os dias... segun<strong>da</strong>, quarta e sexta são seis horas, e terça,<br />

dos ginastas acerca dos quinta e sábado são três horas...”<br />

treinamentos.<br />

Caso 2: “...treino <strong>de</strong> 4 a 6 horas por dia <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> a sábado, <strong>de</strong> tar<strong>de</strong>...”<br />

Caso 1: “...quando não tá bom o treino, passamos do horário <strong>de</strong> término...”<br />

3.2 Duração do treino<br />

Caso 1: “...<strong>de</strong>pen<strong>de</strong> do humor do técnico...”<br />

3.3 Humor<br />

Caso 1: “...é comum eu ter vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar <strong>de</strong>pois do treino... tenho meus<br />

ataques...”<br />

Caso 1: “...me incomo<strong>da</strong> muito fazer força, me cansa. O preparo físico <strong>de</strong>pois<br />

do aquecimento me cansa muito, me incomo<strong>da</strong>, me irrita...”<br />

3.4 Distração<br />

Caso 2: “...no treino me incomodo muito com o barulho... ele parece um ima pra<br />

se concentrar nas pessoas brincando e isso me <strong>de</strong>sconcentra...”<br />

3.5 Desempenho<br />

Caso 2: “...se tu tá como no treino, cansado, não tá afim, tá num dia ruim, vai<br />

ter que treinar assim mesmo e normalmente não sai bem...”<br />

Caso 1: “...no treino acaba sendo mais difícil... tu tem a vonta<strong>de</strong>, mas<br />

obviamente é bem menos que na competição... e <strong>de</strong>pois <strong>da</strong> competição relaxa<br />

um pouco, ficando mais pesa<strong>da</strong>, mais lenta, mais cansa<strong>da</strong>...”<br />

4 Competição<br />

4.1 Pressão<br />

Refere-se às colocações Caso 2: “...eu sou um cara que precisa <strong>de</strong> pressão.Quando tem minha família na<br />

dos ginastas acerca <strong>da</strong>s platéia e amigos me cobro mais e tenho que ir melhor...”<br />

competições.<br />

4.2 Concentração<br />

Caso 2: “...barulho <strong>de</strong> torci<strong>da</strong> me incomo<strong>da</strong> um pouco, mas também me motiva,<br />

enten<strong>de</strong>u? Se é <strong>de</strong>mais me incomo<strong>da</strong> mas se é aquela torci<strong>da</strong> que faz barulho só<br />

15


5 Treinadores<br />

Refere-se às colocações<br />

dos ginastas acerca dos<br />

seus treinadores.<br />

6 Lesões<br />

Refere-se às colocações<br />

dos ginastas acerca <strong>da</strong>s<br />

lesões sofri<strong>da</strong>s durante a<br />

prática esportiva em<br />

treinamentos e<br />

competições.<br />

6 Apoio<br />

Refere-se às colocações<br />

dos ginastas quanto ao<br />

apoio recebido <strong>de</strong> pessoas<br />

próximas.<br />

na hora, antes assim, aí não...”<br />

4.3 Adrenalina<br />

Caso 1: “...na competição dá aquela adrenalina, aquela vonta<strong>de</strong> máster <strong>de</strong><br />

fazer... tu está mais forte e mais magrinha...”<br />

Caso 2: “...na competição tem a palavra competição, o lugar, o ambiente, a<br />

torci<strong>da</strong> e adversários. A adrenalina vem sempre, é impossível não estar pilhado.<br />

Ai tu passa a li<strong>da</strong>r com ela pro teu bem, e não pro teu mal...”<br />

4.4 Ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e Nervosismo<br />

Caso 2: “...na competição é mais difícil executar os movimentos pela ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

e nervosismo... tanto para menos, fica muito nervoso, dá um branco, um baque<br />

que não consegue fazer.... quanto para mais, quando tu não precisa <strong>de</strong> tanta<br />

explosão, <strong>de</strong> tanta força, e por estar pressionado, motivado, com os nervos a<br />

flor <strong>da</strong> pele passar no elemento, não cair, mas sobrar...”<br />

Caso 2: “...tem que martelar aquilo que tu fez no treino, estar nervoso po<strong>de</strong> te<br />

<strong>de</strong>ixar com menos força e não conseguir fazer, ou te <strong>de</strong>ixar muito plugado,<br />

entusiasmado, fazer um elemento não com calma, mas além <strong>da</strong>quilo e errar...”<br />

4.5Crenças e rituais<br />

Caso 2: “...rezo bastante... levo na mochila <strong>de</strong> competição tipo um amuleto, que<br />

meu pai trouxe do Japão e significa proteção... a mochila po<strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r, mas o<br />

amuleto sempre fica, e acredito que me aju<strong>da</strong>...”<br />

Caso 2: “...eu faço respiração, mentalização do exercício, passar to<strong>da</strong> a série<br />

<strong>de</strong>le acertando... pensar e repetir sempre coisas positivas...”<br />

5.1 Insistência<br />

Caso 1: “...eu estava tentando, mas meu corpo não respondia o meu pensamento<br />

e então para a treinadora, eu não estava tentando fazer, e isso estava me<br />

irritando muito...”<br />

5.2 Exigências<br />

Caso 2: “...eu achava que se ele me largasse <strong>de</strong> mão eu ia evoluir muito mais,<br />

mas não. Quando ele me largou, só pra mim sentir, foi a pior coisa, não<br />

consegui evoluir.... ele sempre ficou no pé, e isso é bom...”<br />

Caso 1: “...parece que tu precisa <strong>de</strong> alguém dizendo fica firme, nos corrigindo...<br />

a rigi<strong>de</strong>z estressa , mas por outro lado é necessário...”<br />

5.3 Treinador substituto<br />

Caso 1: “...eu estava treinando com outra técnica , mas não é o mesmo... eu<br />

senti muita falta... o corpo fica mole,<br />

Caso 2: “...quando o treinador está viajando é horrível, tenho medo <strong>de</strong> me<br />

machucar,... o cara treina sozinho, é muito arriscado e perigoso... fico com<br />

medo...”<br />

5.4 Relacionamento<br />

Caso 1: “...me dou muito bem com as treinadoras...”<br />

Caso 2: “...é uma relação boa, uma relação <strong>de</strong> muito respeito, <strong>de</strong> amiza<strong>de</strong>, eu<br />

com ele e ele comigo... já brigamos muito até nos acertarmos, gênios fortes, e<br />

eu tava entrando na adolescência... via ele como um técnico chato... comecei a<br />

treinar melhor, os resultados foram aparecendo e eu comecei a ver ele <strong>de</strong> outro<br />

forma... ele começou a me enten<strong>de</strong>r, e eu comecei a ver que ele queria meu<br />

bem...”<br />

6.1 Em competições<br />

Caso 1: “há 2 anos rompi o tendão e tive que parar <strong>de</strong> treinar...e agora, no<br />

primeiro dia do mundial fiquei em primeiro no salto, mas no segundo<br />

machuquei o joelho aquecendo, estava dolorido <strong>de</strong>mais, e então não saltei tão<br />

bem, fiquei em quarto...”<br />

6.2 Desgaste<br />

Caso 2: “...com 16 anos operei minha mão, sofri uma lesão, fiquei parado um<br />

ano... agora com 20 anos, tive uma lesão comum e estou operado no ombro, só<br />

volto ano que vem...”<br />

6.1 Família<br />

Caso 2: “...tenho muito apoio <strong>da</strong> família até... meu pai, minha mãe e meu<br />

irmão...”<br />

16


A primeira categoria intitula<strong>da</strong> “menstruação” refere-se ao período menstrual <strong>da</strong> ginasta<br />

do Caso 1. Há alterações no ciclo e uma oscilação significativa <strong>de</strong> humor no que antece<strong>de</strong> os<br />

períodos menstruais, em que ela refere maior irritabili<strong>da</strong><strong>de</strong> e sensibili<strong>da</strong><strong>de</strong> a críticas e<br />

estressores (TPM - tensão pré menstrual). Conforme explica Helito e Kauffman (2006), a<br />

TPM é uma fase comum, anterior à menstruação <strong>da</strong> mulher. Nesta etapa, ela está mais<br />

vulnerável a apresentar diversos sintomas como irritabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, agressivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, choro<br />

imotivado, baixa <strong>de</strong> energia, entre outros.<br />

Junto a isso, <strong>de</strong>staca-se o fato <strong>da</strong> ginasta expor nos relatos alterações constantes nos<br />

períodos <strong>de</strong> menstruação, referindo estar <strong>de</strong>sregula<strong>da</strong> (ciclo menstrual). Existe alta<br />

prevalência <strong>de</strong> amenorréia em jovens atletas, sendo que tais alterações no ciclo menstrual<br />

<strong>de</strong>vem ser atentados já que po<strong>de</strong>m acarretar em prejuízos. Porém, as causas <strong>de</strong>sta disfunção e<br />

suas consequências ain<strong>da</strong> são <strong>de</strong>sconheci<strong>da</strong>s, mas sabe-se que efeitos metabólicos ou<br />

endocrinológicos são presentes em indivíduos com gordura corporal inferior ao necessário<br />

para manter o organismo, <strong>de</strong>primindo o metabolismo ou diminuindo a produção <strong>de</strong> estrógeno<br />

(MANTOANELLI; VITALLE; AMANCIO, 2002).<br />

Com relação à “alimentação” dos ginastas, tema <strong>da</strong> segun<strong>da</strong> categoria, os relatos mostram<br />

que ambos necessitam <strong>de</strong> atenção especial à nutrição (dieta), e que alterações no peso po<strong>de</strong>m<br />

vir a influenciar o rendimento (peso). Silva A. et al. (2009) reforça que a preocupação com o<br />

peso entre os atletas é habitual e por isso há uma crescente em quadros <strong>de</strong> transtornos<br />

alimentares neste meio. Assim, a educação nutricional <strong>de</strong>ve ser atenta<strong>da</strong> por atletas e<br />

treinadores, reforçando os prejuízos que po<strong>de</strong>m acarretar para a saú<strong>de</strong> e <strong>de</strong>sempenho do<br />

esportista que vem a associar os treinos a uma dieta restritiva.<br />

Nos relatos, a ginasta, Caso 1, <strong>de</strong>monstra dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> em manter a disciplina exigi<strong>da</strong> na<br />

dieta, relatando episódios <strong>de</strong> compulsão alimentar (compulsão alimentar). Estes episódios <strong>de</strong><br />

compulsão po<strong>de</strong>m estar relacionados com os níveis <strong>de</strong> estresse e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> apresentados nos<br />

testes. Durante um período <strong>de</strong> estresse, os indivíduos po<strong>de</strong>m estar menos propensos ao<br />

planejamento <strong>de</strong> refeições com o cui<strong>da</strong>do necessário, havendo maior probabili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> se<br />

direcionar aos alimentos ricos em gordura (SIMS et al., 2008). Assim, o ato <strong>de</strong> comer po<strong>de</strong><br />

estar vinculado com a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>, tornando este estado mais suportável (CAPITÃO; TELLO,<br />

[S.d.]). Quando há o comer compulsivo, a fome aparece como algo psicológico e o indivíduo<br />

volta-se para a comi<strong>da</strong> como um meio <strong>de</strong> se acalmar, vendo nesta, a função tranquilizante e<br />

não <strong>de</strong> nutrição (SARUBBI, 2003).<br />

A terceira categoria refere-se ao “treinamento” dos ginastas. É possível perceber a<br />

necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> organização e disciplina que é exigido dos atletas. Estes treinam <strong>de</strong> segun<strong>da</strong> a<br />

17


sábado <strong>de</strong> forma rigorosa e, quando não apresentam um bom <strong>de</strong>sempenho o horário dos<br />

treinos são estendidos (rotina diária e duração do treino). Foi neste sentido que o Caso 1<br />

relatou ter vonta<strong>de</strong> <strong>de</strong> chorar após o término do treino, e que o preparo físico lhe causava<br />

irritação, sintoma muito presente no estresse e na ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> (humor).<br />

Os ruídos <strong>de</strong> fundo po<strong>de</strong>m atrapalhar a concentração do indivíduo e resultar em um nível<br />

<strong>de</strong> estresse que po<strong>de</strong> vir a tornar críticos o aprendizado e a memória (ANDREWS, 2010).<br />

Neste sentido, o Caso 2 relatou a dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> treinar com barulho que acaba direcionando<br />

sua atenção, <strong>de</strong>sconcentrando-o em seus exercícios (distração).<br />

A ativação e a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> são características que fazem com que atletas fiquem atentos a<br />

estímulos que não são os i<strong>de</strong>ais, o que vem a afetar a concentração. Assim, distrações no<br />

ambiente esportivo po<strong>de</strong>m ocorrer por fatores externos ou internos, ou seja, po<strong>de</strong>m acontecer<br />

através <strong>de</strong> pensamentos, preocupações e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>s. A concentração em ambientes esportivos<br />

leva em conta a atenção seletiva, a manutenção constante do foco <strong>de</strong> atenção e a consciência<br />

<strong>da</strong> situação. Na atenção seletiva, o atleta está selecionando quais os estímulos irá consi<strong>de</strong>rar e<br />

quais <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar. Essa capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> focalizar a atenção no exercício é fun<strong>da</strong>mental na<br />

execução do mesmo, e é necessário mantê-la durante todo o movimento para permanecer com<br />

o nível <strong>de</strong> rendimento. Enquanto isso, a consistência <strong>da</strong> situação trata-se do entendimento do<br />

atleta ao que está em sua volta permitindo a avaliação do ambiente e tomar <strong>de</strong>cisões<br />

a<strong>de</strong>qua<strong>da</strong>s com base na situação (WEINBERG; GOULD, 2008).<br />

Ambos relatam que durante o treinamento, se torna mais difícil a execução dos<br />

movimentos (<strong>de</strong>sempenho). Isto po<strong>de</strong> estar ligado ao estresse e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> que a competição<br />

gera no atleta e que foram apontados nos testes, mas que durante os treinamentos, estão<br />

expostos a menos estímulos para o aparecimento <strong>de</strong>stes estados em níveis i<strong>de</strong>ais para a<br />

performance.<br />

A “competição” é o tema <strong>da</strong> quarta categoria. Quando atleta controla o nervosismo, a<br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e o estresse aparecem <strong>de</strong> forma positiva para este, motivando-o para competição.<br />

Ambos os casos afirmam que este momento tem uma pressão e algo que os motiva para a<br />

execução do movimento, auxiliando para um bom <strong>de</strong>sempenho (adrenalina). Assim, po<strong>de</strong>mos<br />

inferir que a competição gera uma reação <strong>de</strong> alerta no atleta, Lipp (2000) explica que é na<br />

tensão que ocorre produção <strong>de</strong> adrenalina (ou dopamina), gerando maior entusiasmo e<br />

energia. Esta fase <strong>de</strong> alerta trata-se <strong>de</strong> uma reação do organismo, quando este se prepara para<br />

luta ou fuga. Neste caso, o corpo libera energia para reagir, e isto nos permite inferir que o<br />

<strong>de</strong>sempenho é uma reação <strong>de</strong> luta do organismo à competição (evento estressor). Assim,<br />

18


ocorre o aumento e a ação <strong>da</strong> adrenalina tornando o atleta motivado, forte e atento o que vem<br />

a influenciar em sua performance.<br />

O Caso 2 relatou que por muitas vezes, quando os níveis <strong>de</strong> tensão estão acima do<br />

esperado e o atleta não sabe li<strong>da</strong>r com isso, po<strong>de</strong> prejudicar seu <strong>de</strong>sempenho, po<strong>de</strong>ndo este<br />

equivocar-se na execução <strong>de</strong> algum movimento (ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e nervosismo). Fatores emocionais<br />

como a pressão <strong>da</strong> competição po<strong>de</strong>m trazer alguns prejuízos ao atleta, mas principalmente no<br />

nível <strong>da</strong> atenção que ao invés <strong>de</strong> focar nos estímulos externos e necessários, esta se focaliza<br />

em questões internas e a pressão aumenta<strong>da</strong> reduz a capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> mu<strong>da</strong>r o foco <strong>de</strong> atenção<br />

conforme a situação exige do atleta (WEINBERG; GOULD, 2008). Porém, quando o atleta<br />

utiliza <strong>de</strong>ste nervosismo que aparece durante a competição <strong>de</strong> forma positiva, este po<strong>de</strong> servir<br />

como algo motivador ao invés <strong>de</strong> aversivo.<br />

Segundo Cottyn et al. (2006), a medição contínua <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> cognitiva e excitação<br />

fisiológica durante o <strong>de</strong>sempenho do ginasta po<strong>de</strong> fornecer sua relação com a performance.<br />

Ain<strong>da</strong>, o aumento na excitação fisiológica no cenário competitivo não leva ao prejuízo no<br />

<strong>de</strong>sempenho quando a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> cognitiva permanece estável. Assim, o Caso 2 ressalta a<br />

importância <strong>da</strong> cobrança individual que a competição confere ao atleta, influenciando<br />

positivamente no seu <strong>de</strong>sempenho quando aumentam as responsabili<strong>da</strong><strong>de</strong>s, com situações<br />

como por exemplo a presença <strong>de</strong> pessoas importantes ao atleta o prestigiando na platéia<br />

(pressão).<br />

O barulho <strong>da</strong> torci<strong>da</strong> po<strong>de</strong> tanto influenciar <strong>de</strong> forma positiva como também negativa<br />

(concentração). Weinberg e Gould (2008) explicam que são diversas as distrações auditivas<br />

presentes nas competições e que a performance do atleta po<strong>de</strong> <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>r <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong>ste<br />

em ignorar tais sinais e focar atenção no que é relevante para a execução do seu movimento.<br />

Quando há muita pressão, esta po<strong>de</strong> acarretar em dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s no foco <strong>de</strong> atenção necessária<br />

ao atleta e também em prejuízos na coor<strong>de</strong>nação, fadiga, tensão muscular e julgamento e<br />

toma<strong>da</strong>s <strong>de</strong> <strong>de</strong>cisão equivocados. O Caso 2 relatou também alguns rituais e crenças que o<br />

aju<strong>da</strong>m em campeonatos, como o uso <strong>de</strong> técnicas cognitivas, como a mentalização e o<br />

pensamento positivo (crenças e rituais). Tais aspectos po<strong>de</strong>m ser sendo vistos como<br />

estratégias para alívio do estresse e <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Conforme Figueiredo (2000) apren<strong>de</strong>r a<br />

reconhecer e mu<strong>da</strong>r pensamentos negativos, regular a respiração, pensamento positivo, manter<br />

o senso <strong>de</strong> humor e fazer relaxamento são algumas estratégias que po<strong>de</strong>m ser utiliza<strong>da</strong>s para<br />

que o atleta consiga li<strong>da</strong>r com o excesso <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e tensão muitas vezes presentes nas<br />

competições.<br />

19


A quinta categoria, que se refere aos “treinadores”, os ginastas expuseram a importância<br />

<strong>de</strong> uma boa relação com seus treinadores para um bom <strong>de</strong>sempenho. O Caso 2 relata que já<br />

esteve em conflito com seus instrutores. Disto, po<strong>de</strong>mos inferir conforme apontado na<br />

apuração do Z-teste, as dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>s nos relacionamentos interpessoais, e personali<strong>da</strong><strong>de</strong> com<br />

possível <strong>de</strong>scontrole emocional e impulsivi<strong>da</strong><strong>de</strong>, corroboram com o relato do ginasta. Porém,<br />

ele afirma manter uma boa relação com seu treinador atualmente, auxiliando positivamente<br />

em seu <strong>de</strong>sempenho (relacionamento).<br />

A falta dos técnicos trazem prejuízos nos treinamentos, afetando inclusive a confiança na<br />

execução <strong>de</strong> movimentos, além <strong>da</strong> falta <strong>de</strong> motivação e o medo <strong>de</strong> se machucar. (treinador<br />

substituto). Cabe então ressaltar a importância <strong>da</strong> presença <strong>de</strong> um nível <strong>de</strong> estresse, que po<strong>de</strong><br />

estar sendo gerado na presença <strong>de</strong> treinadores. Isto por que segundo Lipp e Rocha (2007),<br />

quando este se encontra na fase <strong>de</strong> alerta, o organismo está buscando a preparação do<br />

indivíduo para reação <strong>de</strong> luta ou fuga, mantendo a pessoa em alerta e prepara<strong>da</strong> para reação,<br />

impulsionando-a na resolução dos conflitos.<br />

A ginasta, Caso 1, novamente apresentou sintomatologia <strong>de</strong> estresse, quando falou <strong>da</strong><br />

insistência <strong>da</strong> sua treinadora frente à sua dificul<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> executar um movimento, mostrando-<br />

se, novamente também, irrita<strong>da</strong> ao enfrentar a situação (insistência). Vendo <strong>de</strong>sta forma,<br />

Samulski (1992) <strong>de</strong>staca que metas traça<strong>da</strong>s pelos atletas e treinadores <strong>de</strong>ntro <strong>de</strong> num nível<br />

médio <strong>de</strong> dificul<strong>da</strong><strong>de</strong>, há a possibili<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> um maior aproveitamento do atleta. Sendo assim,<br />

tarefas fáceis, se solucionam facilmente, tarefas muito difíceis não são realiza<strong>da</strong>s mostrando-<br />

se, em ambas as situações, <strong>de</strong>sfavoráveis para o processo <strong>de</strong> aprendizagem do atleta. Isto<br />

<strong>de</strong>ixa claro nas entrevistas o quão importante é a presença dos treinadores, mas que suas<br />

exigências quando além dos seus limites, po<strong>de</strong>m vir a <strong>de</strong>ixá-los com um nível <strong>de</strong> irritabili<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

muito alto, como foi constatado no relato do Caso1.<br />

Quando os atletas referem a importância <strong>da</strong> exigência e <strong>da</strong> pressão dos treinadores para<br />

com eles, isto remete, novamente, a necessi<strong>da</strong><strong>de</strong> <strong>de</strong> ativação e <strong>de</strong> geração <strong>de</strong> um nível <strong>de</strong><br />

estresse ou ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> que auxilie o atleta na execução dos movimentos. Este papel tem<br />

importância significativa e mostra a influencia que exerce a presença do treinador sobre o<br />

atleta. Frente a isso, ressalta-se que se o atleta estiver em um meio ambiente gerador <strong>de</strong><br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> esta aparecerá, e caberá ao psicólogo e ao treinador ensinar este a li<strong>da</strong>r com tais<br />

condições do meio, ativando o atleta quando há pouca excitação ou acalmando-o, caso<br />

contrário (MARQUES, 2000).<br />

Na sexta categoria intitula<strong>da</strong> “lesões”, po<strong>de</strong>-se perceber que estas estão presentes na<br />

carreira <strong>de</strong> ambos os casos. O Caso 1 relatou que há dois anos havia tido uma lesão que a<br />

20


<strong>de</strong>ixou afasta<strong>da</strong> durante um tempo dos treinos e, recentemente uma lesão durante uma<br />

competição extremamente importante a prejudicou em sua mo<strong>da</strong>li<strong>da</strong><strong>de</strong> (em competições).<br />

Conforme Weinberg e Gould (2008), fatores psicólogicos também po<strong>de</strong>m estar presentes na<br />

contribuição para lesões esportivas, em especial o Estresse e a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>. Ou seja, uma<br />

situação esportiva po<strong>de</strong> contribuir para uma lesão, <strong>de</strong>pen<strong>de</strong>ndo <strong>da</strong> interpretação do atleta.<br />

Quando a situação é vista como ameaçadora, o estado <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> é aumentado e aparecem<br />

reações físicas como tensão muscular e mu<strong>da</strong>nças no foco ou atenção. To<strong>da</strong>via, são inúmeros<br />

os fatores que po<strong>de</strong>m estar contribuindo com uma situação <strong>de</strong> lesão, como personali<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

histórico <strong>de</strong> estressores e recursos <strong>de</strong> controle. Cabe ressaltar que a lesão também po<strong>de</strong><br />

ocorrer como uma estratégia <strong>de</strong> enfrentamento do atleta para evitar situações estressantes,<br />

como cargas excessivas <strong>de</strong> treinamento ou competição importante (DIAZ; BUCETA;<br />

BUENO, 2002).<br />

Dentro disso, o estado <strong>de</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> também po<strong>de</strong> causar distração e pensamentos<br />

irrelevantes, o que po<strong>de</strong> facilitar um aci<strong>de</strong>nte durante a performance do atleta. Destaca-se<br />

ain<strong>da</strong> que atletas que experimentam muito estresse <strong>de</strong> vi<strong>da</strong>, po<strong>de</strong>m estar mais propensos a<br />

sofrer lesões. Portanto, acompanhamento psicológico e habili<strong>da</strong><strong>de</strong>s como ensinar técnicas <strong>de</strong><br />

controle <strong>de</strong> estresse po<strong>de</strong> auxiliá-los tanto em sua performance como na redução <strong>de</strong> riscos <strong>de</strong><br />

lesionarem (WEINBERG; GOULD, 2008).<br />

O ginasta do Caso 2 foi recentemente submetido a uma cirurgia <strong>de</strong>vido a uma lesão no<br />

ombro, o que o impedirá <strong>de</strong> treinar e competir durante um período (<strong>de</strong>sgaste). Vários estados<br />

emocionais po<strong>de</strong>m surgir nesse processo, por isso Samulski e Azevedo (2009) e Weinberg e<br />

Gould (2008) <strong>de</strong>stacam que atletas lesionados experimentam reações diversas, como a<br />

frustração e a raiva. Tais aspectos muitas vezes dificultam um contato entre terapeuta e atleta,<br />

porém, esse <strong>de</strong>ve ser assistido nesse momento proporcionando suporte emocional e<br />

comunicação constantes, diminuindo a sensação <strong>de</strong> isolamento social. É interessante que o<br />

psicólogo que acompanha o atleta lesionado, tenha conhecimento <strong>da</strong> lesão e do processo <strong>de</strong><br />

reabilitação, para que possa mostrar uma posição otimista, porém sem excessos para não criar<br />

falsas expectativas.<br />

O “apoio”, sétima categoria, foi relatado apenas pelo Caso 2, e presente apenas no âmbito<br />

familiar (família). Cabe ressaltar, no entanto, que a forma com que o esporte é encarado, bem<br />

como dos estímulos recebidos pelos amigos, familiares e treinadores po<strong>de</strong>m vir a influenciar<br />

na manifestação <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> do atleta e consequentemente no seu <strong>de</strong>sempenho (MARQUES,<br />

2003). Por isso a importância do relato, que afirma o papel motivador que a família exerce<br />

oferecendo um apoio a<strong>de</strong>quado ao atleta.<br />

21


CONSIDERAÇÕES FINAIS<br />

Os principais resultados <strong>de</strong>ste estudo mostram que a ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e o estresse são fatores<br />

constantes nos atletas do esporte <strong>de</strong> alto rendimento. Fez-se notável a presença <strong>da</strong> ansie<strong>da</strong><strong>de</strong><br />

como fator relevante no <strong>de</strong>sempenho dos ginastas, porém, esta pesquisa torna-se limita<strong>da</strong> por<br />

tratar-se <strong>de</strong> um estudo <strong>de</strong> dois casos, impossibilitando a generalização.<br />

Assim, é inevitável uma reflexão que remete a questionamentos quanto a ética profissional<br />

do psicólogo do esporte. Isto é levantado, por que a excitação constante dos estados <strong>de</strong><br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> e estresse, importantes para o <strong>de</strong>sempenho do atleta é um fator que se liga a<br />

prejuízos psicológicos e salutares quando em níveis muito altos, po<strong>de</strong>ndo o estresse e a<br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> evoluírem para níveis patológicos.<br />

Portanto, se o psicólogo trabalhar junto ao atleta para baixar tais níveis <strong>de</strong> excitação, po<strong>de</strong><br />

estar indiretamente “boicotando” o <strong>de</strong>sempenho <strong>de</strong>ste. Porém, se não atentar para estes<br />

aspectos que estão presentes além dos níveis normais indicados para a população geral,<br />

também estará trabalhando em um caminho contrário ao i<strong>de</strong>al <strong>de</strong> saú<strong>de</strong>, infligindo com a ética<br />

profissional. O profissional <strong>da</strong> psicologia <strong>de</strong>ve estar atuando em benefício do atleta, visando<br />

seu <strong>de</strong>sempenho mas sem <strong>de</strong>sconsi<strong>de</strong>rar tais aspectos.<br />

Esta reflexão é <strong>de</strong> extrema importância e cabe ao profissional <strong>da</strong> psicologia acompanhar e<br />

trabalhar junto ao atleta para que este apren<strong>da</strong> a li<strong>da</strong>r com estes níveis <strong>de</strong> estresse e ansie<strong>da</strong><strong>de</strong>,<br />

<strong>de</strong> modo que propicie o autoconhecimento e técnicas <strong>de</strong> autocontrole para que estes estados<br />

não atrapalhem sua funcionabili<strong>da</strong><strong>de</strong>, chegando ao plano patológico. Eles <strong>de</strong>vem ser<br />

preparados e orientados com técnicas para alívio e manutenção dos sintomas assim<br />

possibilitando, <strong>de</strong>ntro do possível, um nível <strong>de</strong> <strong>de</strong>sempenho sem prejuízos a saú<strong>de</strong>.<br />

Educar os atletas, tornando consciente a eles como a ativação está envolvi<strong>da</strong> nas emoções,<br />

e posteriormente ensinar diversas estratégias psicológicas, po<strong>de</strong> ajudá-los a controlar sua<br />

ativação, contribuindo para o <strong>de</strong>sempenho esportivo (WEINBERG; GOULD, 2008). Assim,<br />

pesquisas nesta área são <strong>de</strong> gran<strong>de</strong> relevância, reforçando o importante papel do psicólogo<br />

<strong>de</strong>ntro <strong>da</strong>s práticas esportivas <strong>de</strong> alto rendimento, mais especificamente na ginástica artística,<br />

<strong>da</strong>ndo suporte e atenção necessários ao atleta e seu rendimento.<br />

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25


APÊNDICES<br />

26


APÊNDICE A – Questionário Sociobio<strong>de</strong>mográfico<br />

Iniciais do nome:________________________________________ I<strong>da</strong><strong>de</strong>:_____ Sexo: ____<br />

QUAL O NÍVEL DE INSTRUÇÃO DE SEU PAI?<br />

( ) SEM ESCOLARIDADE<br />

( ) ENSINO FUNDAMENTAL (1º GRAU) INCOMPLETO<br />

( ) ENSINO FUNDAMENTAL (1º GRAU) COMPLETO<br />

( ) ENSINO MÉDIO (2º GRAU) INCOMPLETO<br />

( ) ENSINO MÉDIO (2º GRAU) COMPLETO<br />

( ) SUPERIOR INCOMPLETO<br />

( ) SUPERIOR COMPLETO<br />

( ) PÓS-GRADUAÇÃO<br />

( ) NÃO SEI INFORMAR<br />

QUAL O NÍVEL DE INSTRUÇÃO DE <strong>SUA</strong> MÃE?<br />

( ) SEM ESCOLARIDADE<br />

( ) ENSINO FUNDAMENTAL (1º GRAU) INCOMPLETO<br />

( ) ENSINO FUNDAMENTAL (1º GRAU) COMPLETO<br />

( ) ENSINO MÉDIO (2º GRAU) INCOMPLETO<br />

( ) ENSINO MÉDIO (2º GRAU) COMPLETO<br />

( ) SUPERIOR INCOMPLETO<br />

( ) SUPERIOR COMPLETO<br />

( ) PÓS-GRADUAÇÃO<br />

( ) NÃO SEI INFORMAR<br />

QUANTOS CARROS EXISTEM EM <strong>SUA</strong> RESIDÊNCIA?<br />

( ) NENHUM<br />

( ) UM<br />

( ) DOIS<br />

( ) TRÊS<br />

( ) QUATRO OU MAIS<br />

POSSUI COMPUTADOR EM <strong>SUA</strong> CASA?<br />

( ) NÃO POSSUO COMPUTADOR<br />

( ) POSSUO APENAS UM SEM ACESSO À INTERNET<br />

( ) POSSUO APENAS UM COM ACESSO À INTERNET<br />

( ) POSSUO MAIS DE UM SEM ACESSO À INTERNET<br />

( ) POSSUO MAIS DE UM COM ACESSO À INTERNET<br />

QUANTAS PESSOAS MORAM EM <strong>SUA</strong> CASA ALÉM DE VOCÊ? _______________<br />

27


ASSINALE A RENDA FAMILIAR MENSAL DE <strong>SUA</strong> CASA:<br />

( ) ATÉ 260,00<br />

( ) DE R$ 261,00 A R$ 780,00<br />

( ) DE R$ 781,00 A R$ 1.300,00<br />

( ) DE R$ 1.301,00 A R$ 1.820,00<br />

( ) DE R$ 1.821,00 A R$ 2.600,00<br />

( ) DE R$ 2.601,00 A R$ 3.900,00<br />

( ) MAIS DE R$ 3.900,00<br />

QUANTAS PESSOAS CONTRIBUEM PARA A OBTENÇÃO DESSA RENDA<br />

FAMILIAR?<br />

( ) UMA<br />

( ) DUAS<br />

( ) TRÊS<br />

( ) QUATRO<br />

( ) MAIS DE QUATRO<br />

QUANTAS PESSOAS SÃO SUSTENTADAS COM A RENDA FAMILIAR?<br />

( ) UMA<br />

( ) DUAS<br />

( ) TRÊS<br />

( ) QUATRO<br />

( ) CINCO<br />

( ) MAIS DE CINCO<br />

VOCÊ CONTRIBUI NA RENDA FAMILIAR?<br />

( ) SIM<br />

( ) NÃO<br />

ATUALMENTE VOCÊ ESTÁ ESTUDANDO?<br />

( ) SIM<br />

( ) NÃO<br />

SE <strong>SUA</strong> RESPOSTA FOI SIM, QUE TIPO DE ESCOLA VOCÊ ESTUDA?<br />

( ) PARTICULAR<br />

( ) PÚBLICA<br />

COMO FEZ SEUS ESTUDOS DE ENSINO FUNDAMENTAL (1º GRAU)?<br />

( ) INTEGRALMENTE EM ESCOLA PÚBLICA<br />

( ) INTEGRALMENTE EM ESCOLA PARTICULAR<br />

( ) MAIOR PARTE EM ESCOLA PÚBLICA<br />

( ) MAIOR PARTE EM ESCOLA PARTICULAR<br />

( ) AINDA NÃO CONCLUÍ<br />

COMO FEZ SEUS ESTUDOS DE ENSINO MÉDIO (2º GRAU)?<br />

( ) INTEGRALMENTE EM ESCOLA PÚBLICA<br />

( ) INTEGRALMENTE EM ESCOLA PARTICULAR<br />

( ) MAIOR PARTE EM ESCOLA PÚBLICA<br />

( ) MAIOR PARTE EM ESCOLA PARTICULAR<br />

( ) AINDA NÃO CONCLUÍ<br />

28


APÊNDICE B – Roteiro <strong>da</strong> Entrevista Semiestrutura<strong>da</strong><br />

1. Como foi seu ingresso na ginástica Artística?<br />

2. Como é sua relação com seus treinadores?<br />

3. Você sente maior <strong>de</strong>sempenho na execução dos movimentos durante os<br />

treinamentos ou na competição? O que atrapalha sua performance?<br />

4. Quando você se sente ansioso/estressado?<br />

5. Faz uso <strong>de</strong> algum ritual ou técnica para baixar os níveis <strong>de</strong> estresse ou<br />

ansie<strong>da</strong><strong>de</strong> antes <strong>de</strong> competições?<br />

29


ANEXOS<br />

30


ANEXO A – Autorização Para Realização <strong>da</strong> Pesquisa<br />

31


ANEXO B – Declaração <strong>de</strong> Revisão Ortográfica<br />

32

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