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Contos gauchescos - PasseNaUFRGS.com.br

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onças do patrão e, preocupadíssimo, monta o cavalo outra vez para voltar ao lugar<<strong>br</strong> />

onde teria deixado a guaiaca.<<strong>br</strong> />

Depois de nova cavalgada, sempre a<strong>com</strong>panhado do fiel cãozinho, Blau Nunes chega<<strong>br</strong> />

ao passo, já de noite, e não mais encontra a guaiaca no lugar onde tinha certeza de<<strong>br</strong> />

que havia colocado quando se despira para o banho. Desespera-se tanto por imaginar<<strong>br</strong> />

que seu patrão o consideraria um desonesto, que pensa em suicidar-se. Chega a<<strong>br</strong> />

engatinhar o revólver e colocá-lo no ouvido, mas o cusco lambendo-lhe as mãos, o<<strong>br</strong> />

relincho de seu cavalo, o <strong>br</strong>ilho das Três Marias, o canto de um grilo, tudo lhe invoca a<<strong>br</strong> />

presença e a força divina, que o demove daquele ato transloucado.<<strong>br</strong> />

Assim, o gaúcho reequili<strong>br</strong>a-se e decide que venderá todos os seus bens e dará<<strong>br</strong> />

um jeito de pagar ao patrão o prejuízo da perda das trezentas onças. E volta para a<<strong>br</strong> />

pousada na estância da Coronilha. É então que tem uma feliz surpresa: so<strong>br</strong>e a mesa<<strong>br</strong> />

da sala do estanceiro, ao lado da chaleira <strong>com</strong> que se servia a água do mate, estava a<<strong>br</strong> />

sua guaiaca 'empanzinada de onças de ouro'. Uma <strong>com</strong>itiva de tropeiros, que chegava<<strong>br</strong> />

à estância no momento em que ele voltava ao passo de sesteada, havia encontrado a<<strong>br</strong> />

guaiaca e a trouxera intacta. E esta foi a saudação que ele recebeu quando entrou na<<strong>br</strong> />

sala:<<strong>br</strong> />

- Louvado seja Jesus Cristo, patrício! Boa noite! Entonces, que tal le foi de susto?<<strong>br</strong> />

Há nessa narrativa um desequilí<strong>br</strong>io ocasionado pela perda da guaiaca, que<<strong>br</strong> />

tenta recuperar-se quando Blau Nunes volta pelo trajeto que havia tropeado a fim de<<strong>br</strong> />

encontrá-la. Há, aí, outro desequilí<strong>br</strong>io, através da vontade de se matar por não ter<<strong>br</strong> />

encontrado as trezentas onças. Através da natureza, dos animais, das estrelas, há um<<strong>br</strong> />

novo equilí<strong>br</strong>io e Blau Nunes volta pra estância para prestar contas ao seu patrão.<<strong>br</strong> />

No Manantial<<strong>br</strong> />

Conto narrado em 3ª pessoa.<<strong>br</strong> />

Na tapera do Mariano há um manantial. Bem no meio dele, uma roseira,<<strong>br</strong> />

plantada por um defunto, e gente vivente não apanha flores por ser mau agouro.<<strong>br</strong> />

Carreteiros que ali perto acamparam viram duas almas: uma chorava,<<strong>br</strong> />

suspirando; outra, soltava barbaridades. O lugar ficou mal-assom<strong>br</strong>ado.<<strong>br</strong> />

Com Mariano morava a filha Maria Altina, duas velhas, a avó da menina e a tiaavó,<<strong>br</strong> />

e a negra Tanásia. Tudo em paz e harmonia.<<strong>br</strong> />

Certa vez foram a um terço na casa do <strong>br</strong>igadeiro Machado. Maria Altina<<strong>br</strong> />

encontrou o furriel André, e os dois se apaixonaram [conchavo entre o pai e o

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