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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE FEIRA DE SANTANA<br />

DEPARTAMENTO DE TECNOLOGIA<br />

FRANCISCO CERQUEIRA DA SILVA JUNIOR<br />

UMA REVISÃO SOBRE AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS<br />

MAIS FREQÜENTES EM FUNDAÇÕES DE CONCRETO DE<br />

EDIFICAÇÕES<br />

FEIRA DE SANTANA - BAHIA<br />

2008<br />

1


FRANCISCO CERQUEIRA DA SILVA JUNIOR<br />

UMA REVISÃO SOBRE AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MAIS<br />

FREQÜENTES EM FUNDAÇÕES DE CONCRETO DE EDIFICAÇÕES<br />

Monografia apresenta<strong>da</strong> ao curso de<br />

Engenharia Civil do Departamento de<br />

Tecnologia <strong>da</strong> Universi<strong>da</strong>de Estadual de Feira<br />

de Santana, como requisito para obtenção do<br />

titulo de bacharel em Engenharia Civil.<br />

Área de Concentração:<br />

Fun<strong>da</strong>ções / Patologia de construção<br />

Orientador:<br />

Prof. Titular<br />

M. Sc.. Areobaldo Oliveira Aflitos<br />

Co-orientador:<br />

Prof. Titular<br />

Dr. Carlos Henrique A. Couto Medeiros<br />

FEIRA DE SANTANA - BAHIA<br />

2008<br />

2


TERMO DE APROVAÇÃO<br />

FRANCISCO CERQUEIRA DA SILVA JUNIOR<br />

UMA REVISÃO SOBRE AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MAIS<br />

FREQÜENTES EM FUNDAÇÕES DE CONCRETO DE EDIFICAÇÕES<br />

Monografia aprova<strong>da</strong> como requisito para a obtenção do título de bacharel em Engenharia<br />

Civil, Departamento de Tecnologia, Universi<strong>da</strong>de Estadual de Feira de Santana - UEFS, pela<br />

seguinte banca examinadora:<br />

_________________________________________<br />

Prof. Areobaldo Oliveira Aflitos, M. Sc.<br />

Universi<strong>da</strong>de Estadual de Feira de Santana<br />

_________________________________________<br />

Prof.ª Maria do Socorro Costa São Mateus, M.Sc.<br />

Universi<strong>da</strong>de Estadual de Feira de Santana<br />

_________________________________________<br />

Prof. Carlos César Uchoa de Lima, Dr.<br />

Universi<strong>da</strong>de Estadual de Feira de Santana<br />

FEIRA DE SANTANA, abril de 2008.<br />

3


Dedico este trabalho ao meu pai e a minha mãe, Francisco e Edna, que com muito<br />

esforço fizeram com que eu chegasse ao fim <strong>da</strong> etapa graduação.<br />

4


AGRADECIMENTOS<br />

Sempre fui cobrado em relação aos estudos e ao caráter, graças a minha irmã, Karine, cresci<br />

como o homem que sou aprendendo do mais simples como falar até o mais complicado que é<br />

como me relacionar.<br />

Ao meu irmão Fábio, que foi o passo inicial destes anos de graduação, me incentivando a<br />

fazer o processo seletivo em Feira de Santana, quase que me carregando até a cadeira do<br />

vestibular.<br />

A Carine e a minha família de Feira de Santana, que foram o incentivo e o apoio à minha<br />

passagem por Feira encarando e compartilhando as minhas dificul<strong>da</strong>des com o carinho de<br />

uma família.<br />

Aos professores Carlos Henrique e Areobaldo Aflitos que me orientaram, até mesmo sob as<br />

dificul<strong>da</strong>des burocráticas impostas pelo “regimento” <strong>da</strong> universi<strong>da</strong>de e conseguiram me trazer<br />

até o final <strong>da</strong>s contas e apresentações.<br />

A colaboração dos professores Carlos Uchoa e Maria do Socorro que me aju<strong>da</strong>rem e<br />

aconselharam no desenvolvimento e organização deste trabalho.<br />

Aos meus companheiros de graduação Patrick, Isabella e Micheline, juntos nas horas mais<br />

complica<strong>da</strong>s, a Jonas e a empresa GUNITEST FUNDAÇÕES que contribuiram de forma<br />

significativa para o desenvolvimento dos estudos de casos reais.<br />

5


Risco é inerente à ativi<strong>da</strong>de geotécnica, várias obras<br />

de porte colapsaram recentemente na Europa e Ásia sem<br />

que a quali<strong>da</strong>de <strong>da</strong> engenharia fosse questiona<strong>da</strong>.<br />

6<br />

Eng. Jarbas Milititsky, março de 2007


RESUMO<br />

UMA REVISÃO SOBRE AS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS MAIS<br />

FREQÜENTES EM FUNDAÇÕES DE CONCRETO DE EDIFICAÇÕES<br />

Francisco Cerqueira <strong>da</strong> Silva Junior<br />

Abril / 2008<br />

O presente trabalho apresentou e analisou algumas manifestações patológicas<br />

inerentes às estruturas de fun<strong>da</strong>ções, sob o foco <strong>da</strong> área de patologia de construções,<br />

abor<strong>da</strong>ndo temas clássicos de anomalias e um caso real de problema patológico em fun<strong>da</strong>ção.<br />

O sistema de apresentação e análise figura sob um fluxograma baseado em procedimentos<br />

corriqueiros <strong>da</strong> área <strong>da</strong> medicina, como anamneses e diagnósticos, e tópicos intrínsecos à<br />

engenharia geotécnica, culminando com a apresentação de um laudo técnico desenvolvido<br />

neste trabalho, que visou reunir as informações mais importantes e pertinentes ao tema<br />

abor<strong>da</strong>do. Todo o embasamento para o escopo do trabalho foi baseado na mecânica dos solos<br />

e suas teorias básicas, abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s de forma sucinta. O foco em fun<strong>da</strong>ções foi encaminhado<br />

para estacas, principalmente estacas raiz do tipo microestaca, devido a sua abor<strong>da</strong>gem do caso<br />

estu<strong>da</strong>do. O exemplo de patologia de fun<strong>da</strong>ções apresentado ao final <strong>da</strong> monografia diz<br />

respeito a uma obra, cujas fun<strong>da</strong>ções em estacas pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s de concreto não atingiram a<br />

profundi<strong>da</strong>de de cravação prevista em projeto, devido a falhas técnicas na análise do perfil do<br />

solo. Como solução para o problema foi adotado reforço estrutural com microestacas injeta<strong>da</strong>s<br />

internamente na seção transversal <strong>da</strong> estaca que é vaza<strong>da</strong> até atingir uma profundi<strong>da</strong>de<br />

compensatória, pelos efeitos de ponta e engastamento na rocha, devi<strong>da</strong>mente perfura<strong>da</strong> por<br />

equipamentos específicos.<br />

Palavras-chave: Fun<strong>da</strong>ções; patologia; microestacas.<br />

7


ABSTRACT<br />

A REVIEW ABOUT THE MORE FREQUENT PATHOLOGICAL<br />

PROBLEMS IN FOUNDATIONS OF CONCRETE OF BUILDINGS<br />

Francisco Cerqueira <strong>da</strong> Silva Júnior<br />

April / 2008<br />

This work presents and analyzes some inherent pathological problems in the<br />

foun<strong>da</strong>tions structures, under the focus in the area of constructions pathology, approaching<br />

classic themes of anomalies and a real case of pathological problem in foun<strong>da</strong>tion. The<br />

presentation and analysis system is made from a flowchart based on current medical<br />

procedures, as anamneses and diagnoses, and intrinsic topics to the geotechnical engineering,<br />

culminating with the presentation of a technical report developed in the present work, that<br />

aims to gather the most important and pertinent information to the approached theme. The<br />

background for the objective of the work was based on the soils mechanics and their basic<br />

theories, approached in a succinct way. The focus in foun<strong>da</strong>tions was directed for stakes,<br />

mainly stakes root of the type micro stakes, due to his approach of the studied case. The<br />

example of pathology of foun<strong>da</strong>tions presented at the end of the monograph is about a work,<br />

whose foun<strong>da</strong>tions in premolded stakes of concrete didn't reach the stick depth expected in the<br />

project, due to technical faults in the analysis of the profile of the soil. As a solution for the<br />

structural reinforcement problem it was adopted with micro stakes internally in the traverse<br />

section of the stake that is drained until reaching a compensatory depth, by the tip stick effects<br />

and in the rock, properly perforated by specific equipments.<br />

Keywords: Foun<strong>da</strong>tions; pathology; micro stakes.<br />

8


LISTA DE FIGURAS<br />

Figura 1-1 - Fluxograma reduzido de análise patológica (apud Moura, 2007; Milititsky et al.,<br />

2005) .................................................................................................................................... 19<br />

Figura 2-1 – Representação de fun<strong>da</strong>ções rasa e profun<strong>da</strong> .................................................. 24<br />

Figura 2-2 - Execução <strong>da</strong> base de uma fun<strong>da</strong>ção (disponível em<br />

http://www.geotechnia.com.br) ............................................................................................. 25<br />

Figura 2-3 - Estaca profun<strong>da</strong> tipo hélice contínua (disponível em http://www.ibts.org.br).... 26<br />

Figura 2-4 - Estaca pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong> de concreto vaza<strong>da</strong> (disponível em<br />

http://www.benaton.com.br) ................................................................................................. 30<br />

Figura 2-5 - Cravação de estaca de concreto a percussão (disponível em<br />

http://www.estacasprefabrica<strong>da</strong>s.eng.br) ............................................................................. 30<br />

Figura 2-6 - Execução de emen<strong>da</strong> em sol<strong>da</strong> de estaca pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong> (disponível em<br />

http://www.estacasprefabrica<strong>da</strong>s.eng.br) ............................................................................. 31<br />

Figura 2-7 - Reforço de estaca vaza<strong>da</strong> com microestaca, internamente (Prado; Faria, & Vaz)<br />

............................................................................................................................................. 31<br />

Figura 2-8 - Ilustração Estaca Raiz...................................................................................... 32<br />

Figura 2-9 - Bloco de microestacas executa<strong>da</strong>s (Prado; Faria & Vaz) ................................. 32<br />

Figura 2-10 - Execução de microestaca (ABMS/ABEF, 2006) .............................................. 33<br />

Figura 2-11 - Etapa de execução <strong>da</strong> microestaca ................................................................. 34<br />

Figura 2-12 - Estabili<strong>da</strong>de Global ........................................................................................ 39<br />

Figura 2-13 - Fun<strong>da</strong>ção x Solo (Milititsky et al., 2005) ........................................................ 40<br />

Figura 2-14 - Gráfico representativo <strong>da</strong> distribuição de tensões geostáticas no maciço ....... 41<br />

Figura 2-15 - Distribuição de tensões (Pinto, 2002) ............................................................. 42<br />

Figura 2-16 - Sobreposição de Tensões nas Fun<strong>da</strong>ções (Milititsky et al., 2005) ................... 43<br />

Figura 2-17 - Distorções angulares e <strong>da</strong>nos associados (Velloso & Lopes, 2004) ................ 46<br />

Figura 2-18 - Principais modos de deformações: (a) recalques uniformes, (b) recalques<br />

diferenciais sem distorção e (c) recalques diferenciais com distorção (Velloso & Lopes, 2004)<br />

............................................................................................................................................. 47<br />

Figura 2-19 - Presença de Matacão no Solo (Milititsky et al., 2005) .................................... 49<br />

Figura 2-20 - Procedimentos para patologia de fun<strong>da</strong>ções (Moura, 2007) ........................... 51<br />

Figura 2-21 - Falha na Investigação do Solo (apud Milititsky et al., 2005) .......................... 54<br />

Figura 2-22 - Execução do ensaio de son<strong>da</strong>gem a percussão ............................................... 57<br />

Figura 2-23 - Equipamentos para execução de son<strong>da</strong>gens rotativas (Diminsky) ................... 58<br />

9


Figura 2-24 - Utilização do torquímetro no ensaio SPT-T (Tourruco, 2004) ........................ 59<br />

Figura 2-25 - Equipamentos para execução do CPT (Diminski) ........................................... 60<br />

Figura 2-26 - Prova de carga Vertical (disponível em http://www.insitu.com.br) ................. 61<br />

Figura 2-27 - Prova de carga estática (Medeiros, 2005) ...................................................... 61<br />

Figura 2-28 - Prova de carga dinâmica (Medeiros, 2005) .................................................... 62<br />

Figura 2-29 - Laudo de patologia de fun<strong>da</strong>ções ................................................................... 63<br />

Figura 3-1 - Recalque <strong>da</strong> torre de Pisa. ............................................................................... 65<br />

Figura 3-2 - Vista <strong>da</strong> deformação nas cama<strong>da</strong>s do perfil ..................................................... 66<br />

Figura 3-3 - Utilização de peso para equilíbrio <strong>da</strong> torre no processo de recuperação .......... 66<br />

Figura 3-4 - Recalque <strong>da</strong>s edificações em Santos (Milititsky et al., 2005). ............................ 67<br />

Figura 3-5 - Mecanismo de recalque diferencial (Grigoli) ................................................... 68<br />

Figura 3-6 -Palácio <strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de (apud http://www.panoramio.com) ................................. 69<br />

Figura 3-7 - Fun<strong>da</strong>ção assenta<strong>da</strong> em bloco de rocha ........................................................... 71<br />

Figura 3-8 - Ilustração do perfil real e do perfil adotado por interpretação equivoca<strong>da</strong> ...... 72<br />

Figura 3-9 - Trinca em alvenaria devido à expansão do solo (disponível em<br />

www.conder.ba.gov.br) ........................................................................................................ 73<br />

Figura 4-1 - Ilustração <strong>da</strong> estaca SCAC de mesmo modelo utiliza<strong>da</strong> no empreendimento .... 77<br />

Figura 4-2 - Fluxograma de empresas e serviços contratados .............................................. 77<br />

Figura 4-3 - Representação <strong>da</strong> estaca reforça<strong>da</strong> do empreendimento ................................... 78<br />

Figura 4-4 - Utilização de reforço na situação do empreendimento ..................................... 79<br />

Figura 4-5 - Resultado do ensaio de son<strong>da</strong>gem no empreendimento ..................................... 81<br />

Figura 4-6 - Perfuração do solo ........................................................................................... 82<br />

Figura 4-7 - Cravação de SCAC à percussão ....................................................................... 83<br />

Figura 4-8 - Esquema de execução de microestaca com tubo Schedule 80 ........................... 84<br />

Figura 4-9 - Relação entre a carga <strong>da</strong> estaca de concreto e do reforço com microestaca ..... 85<br />

10


LISTA DE TABELAS<br />

Tabela 1-1 - Problemas Típicos em fun<strong>da</strong>ções (Milititsky et al., 2005) ................................. 15<br />

Tabela 2-1 – Índices físicos dos solos ................................................................................... 22<br />

Tabela 2-2 - Classificação de engenharia <strong>da</strong> rocha intacta (Gusmão Filho, 2003) ............... 27<br />

Tabela 2-3 - Terminologia para o espaçamento <strong>da</strong>s juntas (Gusmão Filho, 2003) ................ 28<br />

Tabela 2-4 - Classificação <strong>da</strong>s rochas em função do número de fraturas por metro (Gusmão<br />

Filho, 2003) ......................................................................................................................... 28<br />

Tabela 2-5 - Pressões básicas para materiais rochosos ........................................................ 29<br />

Tabela 2-6 - Características técnicas de estacas centrifuga<strong>da</strong>s (ABMS/ABEF, 2006) ........... 36<br />

Tabela 2-7 –Dimensionamento estrutural do concreto <strong>da</strong> estaca raiz (ABMS/ABEF, 2006) .. 37<br />

Tabela 2-8 - Cargas admissíveis máximas de estacas raiz (ABMS/ABEF, 2006) ................... 38<br />

Tabela 2-9 – Abertura de fissuras e <strong>da</strong>nos associados (Velloso & Lopes, 2004) ................... 47<br />

Tabela 2-10 - Definições de termos <strong>da</strong> área <strong>da</strong> saúde (apud Moura, 2007) .......................... 52<br />

11


SUMÁRIO<br />

1 - INTRODUÇÃO ..................................................................................................... 14<br />

1.1 - JUSTIFICATIVA ............................................................................................. 16<br />

1.2 - OBJETIVOS ..................................................................................................... 17<br />

1.2.1 - OBJETIVO GERAL .................................................................................... 17<br />

1.2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS ....................................................................... 17<br />

1.3 - METODOLOGIA ............................................................................................ 18<br />

2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA ............................................................................ 20<br />

2.1 - MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES ............................................... 20<br />

2.1.1 - COMPRESSIBILIDADE DO SOLO ........................................................... 20<br />

2.1.2 - PROPRIEDADES DO SOLO PERTINENTES AO TEMA ......................... 21<br />

2.1.3 - FUNDAÇÕES ............................................................................................. 24<br />

2.1.4 - FUNDAÇÕES EM ROCHAS (GUSMÃO FILHO, 2003) ........................... 26<br />

2.1.5 - ESTACAS PRÉ-MOLDADAS E MICRO ESTACAS (breve comentário) .. 29<br />

2.1.6 - CAPACIDADE DE CARGA ....................................................................... 35<br />

2.1.7 - INTERAÇÃO SOLO-FUNDAÇÃO ............................................................ 39<br />

2.1.8 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES .................................................................. 40<br />

2.1.9 - DEFORMAÇÕES (RECALQUE) ............................................................... 44<br />

2.2 - PATOLOGIA DE FUNDAÇÕES .................................................................. 49<br />

2.2.1 - PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL ................................................. 49<br />

2.2.2 - METODOLOGIA DE ESTUDOS PATOLÓGICOS ................................... 50<br />

2.2.3 - CAUSAS DAS ANOMALIAS EM FUNDAÇÕES ..................................... 53<br />

2.2.4 - PROCEDIMENTOS PARA DIAGNÓSTICO DA ANOMALIA ................. 54<br />

2.2.5 - ENSAIOS PARA INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO .................................. 56<br />

2.2.6 - PROVAS DE CARGA ................................................................................ 60<br />

2.2.7 - LAUDO TÉCNICO DE PATOLOGIA DE FUNDAÇÕES .......................... 63<br />

2.3 - RECUPERAÇÃO DE FUNDAÇÕES ............................................................ 64<br />

3 - ALGUMAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM FUNDAÇÕES ..... 65<br />

3.1 - APRESENTAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES ............................................. 65<br />

3.2 - UTILIZAÇÃO DO LAUDO TÉCNICO PARA APRESENTAÇÃO DE<br />

UMA ANOMALIA ....................................................................................................... 75<br />

4 - ESTUDO DE CASO ............................................................................................. 76<br />

12


4.1 - INFORMAÇÕES GERAIS ............................................................................. 76<br />

4.2 - A ANOMALIA E O DIAGNÓSTICO ........................................................... 76<br />

4.3 - A TERAPÊUTICA .......................................................................................... 80<br />

4.4 - EXECUÇÃO DO REFORÇO ......................................................................... 82<br />

4.5 - O PROGNÓSTICO E AS OBSERVAÇÕES ................................................. 85<br />

4.6 - LAUDO TÉCNICO ......................................................................................... 86<br />

5 - CONCLUSÕES ..................................................................................................... 87<br />

6 - REFERÊNCIAS .................................................................................................... 89<br />

13


1 - INTRODUÇÃO<br />

A patologia <strong>da</strong>s construções, área específica <strong>da</strong> engenharia civil, nas últimas déca<strong>da</strong>s,<br />

tem se preocupado não só com o projeto e sua execução, mas também com a durabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

obras de construção. Segundo Helene (1992), “A patologia pode ser entendi<strong>da</strong> como a parte<br />

<strong>da</strong> engenharia que estu<strong>da</strong> os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens <strong>da</strong>s anomalias<br />

em construções civis, ou seja, é o estudo <strong>da</strong>s partes que compõem o diagnóstico do<br />

problema”. Logo esse estudo ganhou espaço significativo na engenharia, devido à grande<br />

ocorrência de “doenças” <strong>da</strong>s construções, observa<strong>da</strong>s com o passar dos anos.<br />

Para inserir as fun<strong>da</strong>ções no contexto de patologia é necessário um arcabouço básico<br />

de terminologias e procedimentos usados, muitas vezes, por profissionais <strong>da</strong> área de saúde.<br />

Souza & Ripper (1999) introduzem o conceito de patologia <strong>da</strong>s estruturas como sendo “um<br />

novo campo <strong>da</strong> Engenharia <strong>da</strong>s Construções que se ocupa do estudo <strong>da</strong>s origens, formas de<br />

manifestação, conseqüências e mecanismos de ocorrência <strong>da</strong>s falhas e dos sistemas de<br />

degra<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s estruturas”.<br />

As causas mais freqüentes de problemas patológicos nas fun<strong>da</strong>ções, segundo Cânovas<br />

(1988), são: excesso de carga, movimentação do solo (provocando recalque), ações de<br />

natureza química, erros de projeto e/ou execução, alterações <strong>da</strong>s características do solo,<br />

instabili<strong>da</strong>de e problemas de deterioração devido à ação <strong>da</strong> umi<strong>da</strong>de.<br />

To<strong>da</strong>s as obras de Engenharia Civil são apoia<strong>da</strong>s sobre uma estrutura de solo ou rocha,<br />

que em conjunto com a fun<strong>da</strong>ção e a superestrutura definem o seu comportamento. As<br />

manifestações patológicas mais freqüentes apresenta<strong>da</strong>s no projeto e execução <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções<br />

e obras de terra são: Problemas de deformações do solo (recalque), problemas relacionados à<br />

ruptura de um maciço (colapso) e ataque ao concreto por agentes agressivos.<br />

14


Numerosos acidentes ocorridos com obras de engenharia, principalmente relacionados<br />

ao solo, nos séculos XIX e XX, mostram o quão é importante um estudo mais aprofun<strong>da</strong>do <strong>da</strong><br />

Mecânica dos Solos. A maior parte <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>mentação teórica e prática desta ciência foi<br />

proposta por Karl Terzaghi no início do século XX este, foi um marco significativo para o<br />

desenvolvimento de técnicas de análises, projeto e construção de sistemas de fun<strong>da</strong>ções,<br />

servindo como base para os modernos estudos e avanços tecnológicos atuais.<br />

Cânovas (1988) classifica as fun<strong>da</strong>ções como inadequa<strong>da</strong>s, quando há um aumento nas<br />

cargas ou sobrecargas ou quando as dimensões <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções são inadequa<strong>da</strong>s para as<br />

solicitações normais.<br />

A umi<strong>da</strong>de do solo é outra causa de problemas patológicos, ocorrendo geralmente<br />

quando há uma mu<strong>da</strong>nça nas condições do solo alterando o nível do lençol freático,<br />

propiciando principalmente o carreamento de materiais que formam a estrutura de fun<strong>da</strong>ção, e<br />

o ataque ao concreto <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção por sais de magnésio e de cálcio em forma de sulfatos e<br />

cloretos, o que caracteriza outra anomalia em concreto, muito freqüente, abor<strong>da</strong><strong>da</strong> por<br />

Cânovas (1988). A tabela 1-1 apresenta<strong>da</strong> por Milititsky et al. (2005) mostra problemas<br />

típicos em fun<strong>da</strong>ções devido à falta de investigação adequa<strong>da</strong> do subsolo.<br />

Tabela 1-1 - Problemas Típicos em fun<strong>da</strong>ções (Milititsky et al., 2005)<br />

TIPO DE FUNDAÇÃO PROBLEMAS TÍPICOS DECORRENTES<br />

Fun<strong>da</strong>ções diretas<br />

Fun<strong>da</strong>ções Profun<strong>da</strong>s<br />

Tensões de contato excessivas com as reais características do solo,<br />

resultando em recalques inadmissíveis ou ruptura.<br />

Fun<strong>da</strong>ções sobre solos compressíveis sem estudos de recalque,<br />

resultando grandes deformações<br />

Fun<strong>da</strong>ções apoia<strong>da</strong>s em materiais de comportamento muito diferente,<br />

sem junta, ocasionando o aparecimento de recalques diferenciais<br />

Fun<strong>da</strong>ções apoia<strong>da</strong>s em crosta dura sobre solos moles, sem análise de<br />

recalques, ocasionando a ruptura ou grandes deslocamentos <strong>da</strong><br />

fun<strong>da</strong>ção<br />

Estacas de tipo inadequado ao subsolo, resultando mau comportamento<br />

Geometria inadequa<strong>da</strong>, comprimento ou diâmetro inferior aos<br />

necessários<br />

Estacas apoia<strong>da</strong>s em cama<strong>da</strong>s resistentes sobre solos moles, com<br />

recalques incompatíveis com a obra<br />

Ocorrência de atrito negativo não previsto, reduzindo a carga<br />

admissível nominal adota<strong>da</strong> para a estaca<br />

15


1.1 - JUSTIFICATIVA<br />

Todos os tipos de manifestações patológicas comprometem a durabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s<br />

estruturas, sendo que um erro pode significar um custo muito mais alto de execução, portanto,<br />

quanto antes for detectado o problema, menores serão estes custos para repará-lo. Com um<br />

mercado crescente, o ramo <strong>da</strong> engenharia que estu<strong>da</strong> as patologias, tem se destacado em<br />

relação às outras áreas, devido às maiores exigências dos clientes <strong>da</strong>s empresas construtoras e<br />

à crescente incidência de construções com problemas, principalmente, relacionados a projetos,<br />

execução e à falta de manutenção <strong>da</strong> estrutura.<br />

Normalmente as manifestações patológicas nas fun<strong>da</strong>ções são estu<strong>da</strong>s e avalia<strong>da</strong>s com<br />

minúcia apenas quando apresentam problema de cunho relativamente alto para manter a<br />

segurança <strong>da</strong> estrutura e, por este motivo, não há uma preocupação ativa sobre o tema ao<br />

decorrer <strong>da</strong> sua vi<strong>da</strong> útil. Esta reali<strong>da</strong>de, na área técnica, pode se apresentar na forma de<br />

desastres de grandes dimensões e repercussão, que poderiam ser minorados ou evitados<br />

apenas com pequenas precauções e mu<strong>da</strong>nças de pensamentos, visto que, para Milititsky et al.<br />

(2005), o custo de uma fun<strong>da</strong>ção gira em torno de 3 a 6 % do valor <strong>da</strong> obra.<br />

O estudo de problemas patológicos de fun<strong>da</strong>ções de concreto, bem como suas causas<br />

e, uma terapêutica aceitável são temas atuais e ain<strong>da</strong> pouco difundidos, apresentando técnicas<br />

de solução com custo bastantes elevados, pois necessita de profissionais especializados e<br />

equipamentos sofisticados. Trata-se de um campo de trabalho bastante desafiador<br />

apresentando grandes perspectivas de crescimento e evolução para a engenharia civil.<br />

Do exposto, verifica-se a importância <strong>da</strong> realização de estudos sobre o tema abor<strong>da</strong>do<br />

a partir de informações teóricas correlaciona<strong>da</strong>s com os acontecimentos na prática de forma a<br />

enriquecer os conhecimentos acadêmicos, abrindo espaço para uma maior interação entre a<br />

teoria e a prática.<br />

16


1.2 - OBJETIVOS<br />

1.2.1 - OBJETIVO GERAL<br />

Este trabalho fez uma revisão sobre o tema manifestações patológica em fun<strong>da</strong>ções de<br />

concreto em obras de construção civil, utilizando conceitos <strong>da</strong> mecânica dos solos, e ao final<br />

apresentou um exemplo real de patologia de fun<strong>da</strong>ções.<br />

1.2.2 - OBJETIVOS ESPECÍFICOS<br />

a) Correlacionar procedimentos e terminologias aplica<strong>da</strong>s na medicina com a<br />

engenharia, no campo denominado patologia <strong>da</strong>s construções;<br />

b) Apresentar casos clássicos de anomalias em fun<strong>da</strong>ções;<br />

c) Apresentar uma anomalia e a aplicação <strong>da</strong> terapêutica com microestacas em uma<br />

situação real <strong>da</strong> construção de um empreendimento;<br />

d) Desenvolver um modelo de laudo técnico de patologia e terapêutica de fun<strong>da</strong>ções;<br />

e) Apresentar um caso real de anomalia em fun<strong>da</strong>ções em estaca, que apresentou<br />

problemas de cravação, não conseguindo atingir as especificações do projeto.<br />

17


1.3 - METODOLOGIA<br />

No presente trabalho realizou-se uma revisão bibliográfica através de consultas em<br />

revistas e artigos técnicos <strong>da</strong> área, além de pesquisas específicas noutros trabalhos acadêmicos<br />

relativos ao mesmo campo de estudo, com apresentação de casos clássicos de patologia de<br />

fun<strong>da</strong>ções e de um exemplo de recuperação de uma estrutura de fun<strong>da</strong>ção.<br />

O estudo foi subdivido em três etapas:<br />

1ª. etapa – revisão de conceitos e tecnologias intrínsecos à mecânica dos solos e<br />

fun<strong>da</strong>ções, que serviram como base para a compreensão <strong>da</strong>s principais causas e conseqüências<br />

<strong>da</strong>s anomalias apresenta<strong>da</strong>s neste trabalho.<br />

2ª. etapa - estudo de manifestações patológicas específicas em fun<strong>da</strong>ções.<br />

3ª. etapa - estudo de caso em um empreendimento particular, onde ocorreu uma<br />

anomalia na execução <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção.<br />

As anomalias foram abor<strong>da</strong><strong>da</strong>s de forma sistemática, iniciando pela identificação <strong>da</strong><br />

manifestação patológica, em segui<strong>da</strong> a apresentação de sua origem e possíveis causas com a<br />

descrição do diagnóstico (procedimento onde se verifica a anomalia, as causas e os sintomas,<br />

determinando sua origem e o mecanismo de deterioração); prescrição dos prognósticos<br />

(contextualização sobre a evolução futura de um problema patológico) <strong>da</strong> situação; e, por<br />

último, a terapia indica<strong>da</strong> e viável tecnicamente para os sinistros abor<strong>da</strong>dos. A sequência de<br />

estudos patológicos pode ser revisa<strong>da</strong>, conforme o fluxograma apresentado na figura 1-1.<br />

18


Figura 1-1 - Fluxograma reduzido de análise patológica (apud Moura, 2007; Milititsky et al.,<br />

2005)<br />

19


2 - REVISÃO BIBLIOGRÁFICA<br />

2.1 - MECÂNICA DOS SOLOS E FUNDAÇÕES<br />

2.1.1 - COMPRESSIBILIDADE DO SOLO<br />

em fun<strong>da</strong>ções.<br />

O estudo <strong>da</strong> compressibili<strong>da</strong>de dos solos é importante para a avaliação de recalques<br />

O solo é um sistema composto de partículas sóli<strong>da</strong>s e espaços vazios, os quais podem<br />

estar parcialmente ou totalmente preenchidos com água. Vargas (1978) define como<br />

compressibili<strong>da</strong>de a proprie<strong>da</strong>de do solo em mu<strong>da</strong>r seu volume ou forma quando é aplica<strong>da</strong>,<br />

ao corpo, uma força externa. Os decréscimos de volume (as deformações) dos solos podem<br />

ser atribuídos, de maneira genérica, a três causas principais (BRAJA, 1994):<br />

imediato);<br />

• Realocação <strong>da</strong>s partículas do solo com re-arranjo <strong>da</strong> sua estrutura (recalque<br />

• Compressão dos espaços vazios do solo, com a conseqüente expulsão <strong>da</strong> água, no<br />

caso de solo saturado (recalque primário);<br />

secundário).<br />

• Compressão <strong>da</strong>s partículas sóli<strong>da</strong>s, com deformação <strong>da</strong>s mesmas (recalque<br />

O resultado prático <strong>da</strong> compressibili<strong>da</strong>de dos solos é o recalque <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções, ou seja,<br />

a deformação vertical de uma superfície no terreno. Caputo (1978) define compressibili<strong>da</strong>de<br />

do solo, como sendo a diminuição do volume do maciço sob a ação de cargas aplica<strong>da</strong>s, sendo<br />

seus principais mecanismos: deformação do esqueleto do solo, quebra de grãos, deslocamento<br />

relativo do solo. Em solos saturados a variação de volume está diretamente relacionado com a<br />

drenagem <strong>da</strong> água, sendo este fluxo governado pela lei de Darcy. O recalque constitui-se em<br />

uma <strong>da</strong>s causas mais encontra<strong>da</strong>s de problemas em fun<strong>da</strong>ções trazendo conseqüências que<br />

podem variar, desde fissuras simples, até mesmo a ruína <strong>da</strong> estrutura.<br />

20


Para os níveis de tensões usuais aplicados na engenharia de solos, as deformações que<br />

ocorrem na água, pois são incompressíveis (VELLOSO E LOPES, 2004). As deformações<br />

volumétricas do solo são calcula<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> variação do índice de vazios, que é função <strong>da</strong><br />

variação <strong>da</strong>s tensões efetivas.<br />

É importante mencionar que o projeto de fun<strong>da</strong>ções precisa prever e avaliar a<br />

magnitude dos recalques <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções de uma obra, embora neste trabalho, este tema, não<br />

seja apresentado de forma tão enfática.<br />

2.1.2 - PROPRIEDADES DO SOLO PERTINENTES AO TEMA<br />

Para o perfeito entendimento <strong>da</strong> relação fun<strong>da</strong>ção – solo – anomalia é necessário<br />

alguns conhecimentos e conceitos sobre os diversos tipos de solo e suas proprie<strong>da</strong>des. Pinto<br />

(2002) afirma que o comportamento de um solo depende <strong>da</strong> quanti<strong>da</strong>de relativa de ca<strong>da</strong> uma<br />

<strong>da</strong>s três fases de sua constituição (sólidos, água e ar). As quanti<strong>da</strong>des de água e ar podem<br />

variar indicando proprie<strong>da</strong>des distintas como umi<strong>da</strong>de, índice de vazios, porosi<strong>da</strong>de, peso<br />

específico e grau de saturação dos solos.<br />

Os parâmetros que sevem de base para avaliar recalques são a porosi<strong>da</strong>de e o índice de<br />

vazios, que são definidos, respectivamente, pelas seguintes relações:<br />

<br />

<br />

<br />

<br />

Onde:<br />

=Volume de vazios <strong>da</strong> amostra do solo<br />

<strong>da</strong> amostra do solo<br />

<br />

(1)<br />

(2)<br />

21


Estas proprie<strong>da</strong>des são de grande valia no estudo de recalques e podem ser<br />

relaciona<strong>da</strong>s, segundo as expressões (3 a 8), já bastante conheci<strong>da</strong>s ma Mecânica dos Solos. A<br />

tabela 2-1 apresenta os índices físicos, que são utilizados no estudo do comportamento dos<br />

mesmos.<br />

<br />

(3)<br />

<br />

<br />

<br />

()<br />

<br />

()<br />

()<br />

<br />

<br />

Onde:<br />

Tabela 2-1 – Índices físicos dos solos<br />

SÍMBOLO DEFINIÇÃO CONCEITO UNIDADE<br />

γ Peso especifico<br />

natural<br />

γs Peso especifico<br />

dos sólidos<br />

Relação entre o peso total do solo e o<br />

volume total<br />

Relação entre o peso <strong>da</strong>s partículas<br />

sóli<strong>da</strong>s e o seu volume<br />

w Umi<strong>da</strong>de Relação entre o peso <strong>da</strong> água e o<br />

peso dos sólidos<br />

γd Peso especifico Relação entre o peso <strong>da</strong>s partículas<br />

aparente seco sóli<strong>da</strong>s e o volume total<br />

(completamente seco)<br />

γsat<br />

Peso especifico<br />

aparente saturado<br />

Peso específico do solo se viesse a<br />

ficar saturado, sem variação de<br />

volume<br />

S Saturação Relação entre o volume de água e o<br />

volume de vazios<br />

kN/m³<br />

kN/m³<br />

%<br />

kN/m³<br />

kN/m³<br />

%<br />

()<br />

()<br />

22


Algumas proprie<strong>da</strong>des relaciona<strong>da</strong>s com a estrutura dos solos podem ser avalia<strong>da</strong>s a<br />

partir dos índices físicos e fornecem subsídios para a compreensão do comportamento dos<br />

solos:<br />

a) Compaci<strong>da</strong>de: Estado em que se encontra uma areia, solo não coesivo,<br />

expressado pelo índice de vazios, analisando a relação entre limites mínimos<br />

e máximos com o valor encontrado na amostra de campo, definindo se a areia<br />

está num estado fofa ou compacta (PINTO, 2002).<br />

b) Consistência: Característica <strong>da</strong>s argilas, solos coesivos, em permanecerem<br />

rijas em determina<strong>da</strong>s situações, sendo determina<strong>da</strong> por meio de um ensaio de<br />

resistência a compressão simples. Esta resistência varia a depender do arranjo<br />

entre os grãos de argila e do seu índice de vazios (PINTO, 2002).<br />

c) Resistência a compressão simples: É o nível de esforço que um maciço de<br />

solo suporta; a partir de ensaios de compressão simples é possível obter a<br />

coesão do solo (VARGAS, 1978).<br />

d) Resistência ao cisalhamento: Tensão cisalhante máxima que o solo pode<br />

suportar devido ao atrito e a coesão entre as partículas por efeito físico e<br />

químico respectivamente, sem sofrer ruptura, ou seja, sem sofrer excessivo<br />

movimento de partículas,<br />

Estas proprie<strong>da</strong>des são de fun<strong>da</strong>mental importância para o entendimento <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção e<br />

para a parametrização de procedimentos e rotinas referentes ao tema e, em muitos casos, para<br />

o diagnóstico rápido e preciso de problemas corriqueiros do meio técnico.<br />

23


2.1.3 - FUNDAÇÕES<br />

Velloso & Lopes (2004) dividem as fun<strong>da</strong>ções em duas classes: fun<strong>da</strong>ções superficiais<br />

ou rasas e fun<strong>da</strong>ções profun<strong>da</strong>s, distintas segundo um critério arbitrário que classifica a<br />

fun<strong>da</strong>ção profun<strong>da</strong> como aquela que apresenta mecanismo de ruptura de base fora <strong>da</strong><br />

superfície do terreno e profundi<strong>da</strong>de de apoio <strong>da</strong> base <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção de 3 (três) metros, valor<br />

acima do qual a fun<strong>da</strong>ção se afigura antieconômica devido a escoramentos, rebaixamento de<br />

nível de água, entre outros fatores. Fun<strong>da</strong>ção rasa, segundo NBR6122/1996, são elementos de<br />

fun<strong>da</strong>ção onde a carga é transmiti<strong>da</strong> ao terreno pelas pressões distribuí<strong>da</strong>s através <strong>da</strong> base e a<br />

profundi<strong>da</strong>de de assentamento deve ser inferior a duas vezes a sua menor dimensão. Veja a<br />

figura 2-1 comparando as fun<strong>da</strong>ções rasas e profun<strong>da</strong>s.<br />

Figura 2-1 - Representação fun<strong>da</strong>ções rasa e profun<strong>da</strong><br />

24


A fun<strong>da</strong>ção é o elemento estrutural com função de transmitir as cargas <strong>da</strong> estrutura ao<br />

terreno onde ela se apóia, devendo apresentar resistência mecânica para suportar as tensões<br />

devido aos esforços solicitantes, rigidez suficiente para não provocar a ruptura e controlar<br />

deformações (AZEREDO, 1988), A figura 2-2 mostra uma base de fun<strong>da</strong>ção em etapa de<br />

construção.<br />

Figura 2-2 - Execução <strong>da</strong> base de uma fun<strong>da</strong>ção (disponível em<br />

http://www.geotechnia.com.br)<br />

A estaca, defini<strong>da</strong> pela NBR6122/1996 é um elemento de fun<strong>da</strong>ção profun<strong>da</strong>, podendo<br />

ser de aço, concreto ou madeira executa<strong>da</strong> com a utilização de equipamentos e ferramentas,<br />

dependendo do tipo <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, como por exemplo Straus, Franki, raiz, entre outras.<br />

As fun<strong>da</strong>ções classificam-se em diretas ou indiretas, de acordo com a forma de<br />

transferência de cargas <strong>da</strong> estrutura para o solo de apoio e, em rasas ou profun<strong>da</strong>s que<br />

dependo <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de suporte.<br />

Segundo Velloso e Lopes (ABMS/ABEF, 2006) a fun<strong>da</strong>ção rasa ou superficial é<br />

utiliza<strong>da</strong> quando a cama<strong>da</strong> superficial do solo apresenta resistência suficiente para suportar as<br />

cargas <strong>da</strong> edificação, com custo reduzido e, tecnicamente, quando a cama<strong>da</strong> de suporte está<br />

próxima a 3,0 (três) metros, recomen<strong>da</strong>-se até 2,5 m, de profundi<strong>da</strong>de, ou quando a cota de<br />

apoio é inferior à largura do elemento <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção.<br />

25


A NBR6122/1996 designa que, fun<strong>da</strong>ções profun<strong>da</strong>s são aquelas cujas bases estão<br />

implanta<strong>da</strong>s a uma profundi<strong>da</strong>de com pelo menos 3m ou duas vezes a sua menor dimensão.<br />

Este tipo de fun<strong>da</strong>ção pode ser considera<strong>da</strong> direta, quando o carregamento é transmitido<br />

diretamente pela ponta <strong>da</strong> estrutura, ou indireta quando o carregamento é transmitido tanto<br />

pela ponta, quanto pelo atrito lateral com o solo. A transição entre a superestrutura e a<br />

fun<strong>da</strong>ção propriamente dita é feita através de um bloco de concreto chamado bloco de<br />

coroamento. A figura 2-3 mostra estaca tipo hélice executa<strong>da</strong>s, aguar<strong>da</strong>ndo a execução do<br />

bloco de coroamento<br />

Figura 2-3 - Estaca profun<strong>da</strong> tipo hélice contínua (disponível em http://www.ibts.org.br)<br />

2.1.4 - FUNDAÇÕES EM ROCHAS (GUSMÃO FILHO, 2003)<br />

O modelo de projeto de fun<strong>da</strong>ções em rocha segue o mesmo modelo de solos, devendo<br />

iniciar pela verificação <strong>da</strong>s proprie<strong>da</strong>des do maciço, que é mais complexo do que os maciços<br />

em solos, levando em muitas situações a projetos conservadores. No caso <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de<br />

carga e dos recalques, a teoria difere <strong>da</strong> teoria aplica<strong>da</strong> aos solos.<br />

Existem dois grandes grupos de rochas, caracteriza<strong>da</strong>s na engenharia civil, que são as<br />

rochas intactas e as rochas altera<strong>da</strong>s. No primeiro caso, trata-se de rochas que não sofreram<br />

intemperismo, sua classificação está fun<strong>da</strong>menta<strong>da</strong> nas proprie<strong>da</strong>des de resistência a<br />

compressão simples ou uniaxial (σ) e na proprie<strong>da</strong>de de elastici<strong>da</strong>de (E), conforme<br />

apresentado na tabela 2-2.<br />

26


Tabela 2-2 - Classificação de engenharia <strong>da</strong> rocha intacta (Gusmão Filho, 2003)<br />

REFERÊNCIA CLASSE RESISTÊNCIA VALOR (MPa)<br />

Resistência (σ)<br />

Bloco de rocha<br />

E / σ<br />

A Muito Alta >200<br />

B Alta 100


Tabela 2-3 - Terminologia para o espaçamento <strong>da</strong>s juntas (Gusmão Filho, 2003)<br />

Descrição <strong>da</strong>s Juntas Espaçamento <strong>da</strong>s Juntas<br />

Muito Próxima Menor que 5 cm<br />

Próxima 5 – 30 cm<br />

Modera<strong>da</strong>mente Próxima 30 cm – 1m<br />

Afasta<strong>da</strong> 1 – 3m<br />

Muito Afasta<strong>da</strong> Maior que 3m<br />

Tabela 2-4 - Classificação <strong>da</strong>s rochas em função do número de fraturas por metro (Gusmão<br />

Filho, 2003)<br />

Rocha Símbolo<br />

Número de<br />

Fraturas por<br />

metro<br />

Espaçamento<br />

entre fraturas<br />

(metro)<br />

Ocasionalmente Fratura<strong>da</strong> F1 < 1 > 1<br />

Pouco Fratura<strong>da</strong> F2 2 - 4 0,50 – 0,25<br />

Medianamente Fratura<strong>da</strong> F3 5 - 10 0,25 – 0,10<br />

Muito Fratura<strong>da</strong> F4 11 - 15 0,10 – 0,06<br />

Extremamente Fratura<strong>da</strong> F5 > 16 < 0,06<br />

O projeto de fun<strong>da</strong>ções em rocha inicia-se com a adoção <strong>da</strong> tensão admissível <strong>da</strong><br />

rocha, segui<strong>da</strong> <strong>da</strong> análise <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de carga e do recalque. A tensão admissível <strong>da</strong> rocha<br />

é defini<strong>da</strong> a partir de provas de carga em escala real, métodos empíricos, métodos racionais,<br />

normas e/ou códigos de construção.<br />

A tensão admissível na rocha pode ser obti<strong>da</strong> através de diversos métodos, sendo a<br />

prova de carga o método mais indicado. A NBR6122/1996 indica alguns valores, assumidos<br />

de forma conservadora, apresentados na tabela 2-5.<br />

A formulação para o cálculo <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção é semelhante às<br />

fun<strong>da</strong>ções em maciço de solo, com métodos de Aoki-Velloso e Décourt-Quaresma.<br />

28


Tabela 2-5 - Pressões básicas para materiais rochosos (apud NBR6122/1996)<br />

CLASSE DESCRIÇÃO DO MATERIAL VALOR (MPa)<br />

1 Rocha sã, sem sinal de decomposição 3,0<br />

2 Rocha lamina<strong>da</strong>, com pequenas fissuras, estratifica<strong>da</strong> 1,5<br />

3 Rochas altera<strong>da</strong>s ou em decomposição Nota “a”<br />

4 Conglomerados ou solos granulares 1,0<br />

Nota a: Para rochas altera<strong>da</strong>s ou em decomposição, têm que ser levados em consideração a<br />

natureza <strong>da</strong> rocha matriz e o grau de decomposição/alteração.<br />

Um problema patológico de fun<strong>da</strong>ções em maciços rochosos é a presença de um bloco<br />

de rocha em uma região de predominância de maciço terroso. Durante a son<strong>da</strong>gem à<br />

percussão, em um dos resultados, poderá apresentar a formação de um perfil com cama<strong>da</strong>s de<br />

solos e blocos de rochas. Quando um matacão for encontrado, deve-se proceder aos passos<br />

citados pela NBR8036 (1983), que aconselha: na presença de um bloco rochoso deve-se<br />

afastar o equipamento de son<strong>da</strong>gem 1 (um) metro de distância <strong>da</strong>quele ponto e refazer o<br />

ensaio, para verificar se o elemento encontrado é um simples matacão ou bloco de rocha, ou<br />

se existe uma cama<strong>da</strong> de rocha no local.<br />

2.1.5 - ESTACAS PRÉ-MOLDADAS E MICRO ESTACAS (breve comentário)<br />

A escolha do tipo de fun<strong>da</strong>ção depende de uma analise criteriosa de elementos como a<br />

natureza e características do solo no local, a grandeza de cargas a serem transmiti<strong>da</strong>s à<br />

fun<strong>da</strong>ção, a proximi<strong>da</strong>de de edifícios limítrofes e o fator de mercado que impõe indiretamente<br />

a escolha <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção (ALONSO, 2001).<br />

a) ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO<br />

Para Alonso (ABMS/ABEF, 2006) as estacas pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s são crava<strong>da</strong>s no terreno<br />

por percussão, prensagem ou vibração, por isso são considera<strong>da</strong>s estacas de deslocamentos.<br />

Estas são constituí<strong>da</strong>s de concreto armado ou protendido confecciona<strong>da</strong>s por vibração ou<br />

centrifugação (mais usado).<br />

29


As estacas de concreto possuem forma quadra<strong>da</strong>, hexagonal, octogonal e circular<br />

maciça ou vaza<strong>da</strong> em forma de coroa circular ver figura 2-4. Em casos de solo muito rígidos<br />

ou cravação até o perfil rochoso, pode-se acoplar à estaca de concreto um perfil metálico<br />

internamente, que tem por finali<strong>da</strong>de evitar a ruptura de segmentos <strong>da</strong> estaca.<br />

Figura 2-4 - Estaca pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong> de concreto vaza<strong>da</strong> (disponível em<br />

http://www.benaton.com.br)<br />

O método executivo para estacas pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s, geralmente é por cravação a percussão<br />

(bate-estaca figura 2-5), Em estacas vaza<strong>da</strong>s pode-se utilizar um sistema misto com perfil<br />

metálico dentro <strong>da</strong> estaca, garantindo maior rigidez flexional, evitando efeitos de fissuras e<br />

rupturas de parte <strong>da</strong> estaca. A emen<strong>da</strong> (Figura 2-6) <strong>da</strong>s 2 (duas) bor<strong>da</strong>s é executa<strong>da</strong> com perfil<br />

de aço sol<strong>da</strong>do ao concreto, sendo uma vantagem, pois possibilita maiores alcances de<br />

profundi<strong>da</strong>des. Depois de crava<strong>da</strong> a estaca faz-se o arrasamento com o corte cabeça (topo) <strong>da</strong><br />

estaca.<br />

Figura 2-5 - Cravação de estaca de concreto a percussão (disponível em<br />

http://www.estacasprefabrica<strong>da</strong>s.eng.br)<br />

30


Figura 2-6 - Execução de emen<strong>da</strong> em sol<strong>da</strong> de estaca pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong> (disponível em<br />

http://www.estacasprefabrica<strong>da</strong>s.eng.br)<br />

Uma solução que está sendo muito adota<strong>da</strong> é a cravação <strong>da</strong> estaca de concreto vaza<strong>da</strong><br />

até a proximi<strong>da</strong>de do perfil rochoso e, por dentro do furo, executa-se outra estaca, injeta<strong>da</strong>,<br />

embuti<strong>da</strong> na rocha veja figura 2-7. Esta solução está detalha<strong>da</strong> mais adiante.<br />

Figura 2-7 - Reforço de estaca vaza<strong>da</strong> com microestaca, internamente (Prado; Faria, & Vaz)<br />

31


) MICROESTACAS<br />

As estacas escava<strong>da</strong>s com injeção, tipo raiz (figura 2-8) , são fun<strong>da</strong>ções profun<strong>da</strong>s<br />

executa<strong>da</strong>s a partir <strong>da</strong> injeção de compostos aglutinantes como nata de cimento ou argamassa<br />

de areia e cimento sob pressão ou por gravi<strong>da</strong>de. NBR6122 (1996).<br />

Figura 2-8 - Ilustração Estaca Raiz<br />

Figura 2-9 - Bloco de microestacas executa<strong>da</strong>s (Prado; Faria & Vaz)<br />

32


A microestaca (figura 2-9) é uma estaca concreta<strong>da</strong> “in-loco”, considera<strong>da</strong> de<br />

pequeno diâmetro, pois o mesmo varia entre 100 mm e 410 mm, tendo eleva<strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de<br />

carga basea<strong>da</strong> essencialmente na resistência por atrito lateral do terreno atravessado, no seu<br />

diâmetro e no comprimento <strong>da</strong> estaca. Evidentemente, se constata<strong>da</strong> a presença de rocha na<br />

ponta <strong>da</strong> mesma, a estaca poderá contar com a resistência de ponta. Em ambos os casos, o<br />

cálculo de uma fun<strong>da</strong>ção em estacas raiz é semelhante ao método clássico utilizado em outros<br />

tipos de estacas e baseia-se na capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong> mesma. A estaca raiz é indica<strong>da</strong> para<br />

reforços em locais de difícil acesso. Atualmente está sendo muito emprega<strong>da</strong> para fun<strong>da</strong>ções<br />

de pontes, viadutos, contenções de encostas, perfuração do subsolo com matacões e rochas, já<br />

na etapa de construção (disponível em http://www.estacaraiz.com.br).<br />

O método executivo <strong>da</strong> microestaca conforme Alonso (ABMS/ABEF, 2006) consiste<br />

na perfuração do solo, instalação de um tubo manchete, execução <strong>da</strong> bainha, injeção <strong>da</strong> cal<strong>da</strong><br />

e ve<strong>da</strong>ção do tubo manchete (figura 2-10). As proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> cal<strong>da</strong> como resistência,<br />

densi<strong>da</strong>de, viscosi<strong>da</strong>de e vi<strong>da</strong> útil/durabili<strong>da</strong>de, deverão ser controla<strong>da</strong>s através de ensaios e<br />

parâmetros definidos em normas específicas.<br />

Figura 2-10 - Execução de microestaca (ABMS/ABEF, 2006)<br />

33


Baseado na figura 2-10 tem-se que:<br />

a. A perfuração do solo é realiza<strong>da</strong> por uma perfuratriz de rotação associa<strong>da</strong> a um<br />

sistema de limpeza que pode ser a água ou a ar. Em função <strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de<br />

alcança<strong>da</strong> pela penetração faz-se a emen<strong>da</strong> do tubo por meio de rosca;<br />

b. Instalação do tubo manchete: Armadura que tem por finali<strong>da</strong>de resistir<br />

estruturalmente a tensões laterais do solo, composto de aço ou PVC; quando<br />

usar em PVC, envolver por armadura de aço, caso contrário não haveria<br />

contribuição estrutural para a estaca;<br />

c. Execução <strong>da</strong> bainha: Serve como fuste <strong>da</strong> estaca, proporcionando atrito lateral<br />

e é executa<strong>da</strong> após a instalação do tubo manchete, injetando-se cal<strong>da</strong> de<br />

cimento pela válvula inferior até extravasar pela boca do furo;<br />

d. Injeção de cal<strong>da</strong> de cimento: É feita com o auxílio de um tubo dotado de<br />

obturador duplo acoplado a um misturador e bomba de injeção. Executa<strong>da</strong> no<br />

sentido ascendente através de ca<strong>da</strong> uma <strong>da</strong>s válvulas, formando sucessivos<br />

bulbos no fuste <strong>da</strong> estaca, procedimento ilustrado na figura 2-11.<br />

e. Ve<strong>da</strong>ção do tubo-manchete: Depois de concluí<strong>da</strong> a injeção, pode-se adicionar<br />

armadura de aço na parte central do tubo-manchete, que será preenchi<strong>da</strong> com<br />

nata de cimento ou argamassa.<br />

Figura 2-11 - Etapa de execução <strong>da</strong> microestaca<br />

34


2.1.6 - CAPACIDADE DE CARGA<br />

I. CAPACIDADE DE CARGA DE ESTACAS EM SOLO<br />

A capaci<strong>da</strong>de de carga, segundo Décourt e Quaresma (ABMS/ABEF, 2006), de uma<br />

estaca é defini<strong>da</strong> a partir <strong>da</strong> soma <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de suporte lateral devido ao atrito e com a<br />

capaci<strong>da</strong>de de carga obti<strong>da</strong> pela ponta. Os métodos de Aoki e Velloso e o Método de Décourt<br />

e Quaresma são os mais utilizados para o cálculo <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de carga de estacas.<br />

a. Método Aoki e Velloso: Este método avalia a capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong> estaca,<br />

tanto a tensão limite de ruptura de ponta (qp), quanto à de atrito lateral (qs),<br />

relacionando-as com a resistência de ponta (qc) obti<strong>da</strong> do ensaio de penetração<br />

do cone (CPT).<br />

<br />

(10)<br />

<br />

(11)<br />

Onde:<br />

α = coeficiente de ajuste para ca<strong>da</strong> tipo de solo.<br />

F1 e F2 = Fatores de escala e execução <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção<br />

b. Método Décourt e Quaresma: Este método avalia a capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong><br />

estaca com base nos valores de N do ensaio SPT (Stan<strong>da</strong>rd Penetration Test),<br />

podendo tanto ser o SPT tradicional, quanto o SPT-T (SPT com torque).<br />

<br />

(12)<br />

)<br />

<br />

(<br />

<br />

35


onde:<br />

= Resistência dinâmica do solo a cravação<br />

= Resistência equivalente para ensaios com torque<br />

= Torque verificado no ensaio SPT-T<br />

= Capaci<strong>da</strong>de de carga<br />

= Tensão de ruptura de ponta<br />

= Área <strong>da</strong> seção transversal <strong>da</strong> ponta<br />

= Atrito lateral unitário<br />

= Área lateral<br />

II. ESTACAS PRÉ-MOLDADAS DE CONCRETO<br />

A capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong> estaca pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong> de concreto centrifugado corresponde ao<br />

menor valor referente à resistência estrutural do concreto armado, correlacionado-a com o<br />

valor <strong>da</strong> resistência do solo que a envolve, veja tabela 2-6.<br />

Tabela 2-6 - Características técnicas de estacas centrifuga<strong>da</strong>s (ABMS/ABEF, 2006)<br />

Peso Esp. Área <strong>da</strong><br />

Área<br />

<strong>da</strong><br />

Dist.<br />

Min. Armadura<br />

Diâmetro Carga Nominal Parede<br />

Seção<br />

conc.<br />

Seção<br />

cheia<br />

Perímetro<br />

entre<br />

eixos<br />

Long.<br />

(cm)<br />

Max.<br />

(kN)<br />

(N/m) (cm) (cm²) (cm²) (cm) (cm) Tipo<br />

20 300 660 6 264 314 63 70 CA-50A<br />

23 400 800 6 320 415 72 70<br />

26 500 940 6 377 531 82 70<br />

33 750 1430 7 572 655 104 85<br />

38 900 1700 7 682 1134 119 95<br />

42 1150 2140 8 855 1385 132 105<br />

50 1700/1800 2900 9/10 1159/1257 1963 157 130<br />

60 2300/2500 3930 10/11 1571/1693 2827 188 150<br />

70 3000/3300 5100 11/12 2039/2167 3848 220 175<br />

No caso <strong>da</strong> microestaca, segundo Alonso (ABMS/ABEF, 2006), a carga admissível<br />

máxima estrutural é forneci<strong>da</strong> pela resistência dos materiais que a compõe, com a aplicação<br />

de um coeficiente de segurança de no mínimo 2 (dois). Existem dois tipos de microestaca que<br />

sediferenciam apenas pela sua resistência característica, que são:<br />

36


• Carga até 500 kN: Com percentual de aço inferior a 6%, o dimensionamento é<br />

feito semelhante ao de um pilar de concreto armado;<br />

• Carga superior a 500 kN: Com percentual acima de 6%, a capaci<strong>da</strong>de de carga<br />

<strong>da</strong> estaca será somente a capaci<strong>da</strong>de de resistência <strong>da</strong> armadura, desprezando a<br />

contribuição <strong>da</strong> nata ou argamassa.<br />

Na tabela 2-7 apresentam-se as proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> estaca raiz, enquanto a tabela 2-8 são<br />

mostrados os tipos de microestaca mais utiliza<strong>da</strong>s com a análise entre a capaci<strong>da</strong>de de carga<br />

<strong>da</strong> estaca, o diâmetro <strong>da</strong> seção transversal e a armadura de aço necessária para o<br />

dimensionamento.<br />

Tabela 2-7 –Dimensionamento estrutural do concreto <strong>da</strong> estaca raiz (ABMS/ABEF, 2006)<br />

Ø (mm) Área (cm²) Peso (kg/m)<br />

25,00 5,00 4,00<br />

22,00 3,80 3,05<br />

20,00 3,15 2,50<br />

16,00 2,00 1,60<br />

12,50 1,25 1,00<br />

10,00 0,80 0,63<br />

8,00 0,50 0,40<br />

6,30 0,32 0,25<br />

5,00 0,20 0,16<br />

37


Tabela 2-8 - Cargas admissíveis máximas de estacas raiz (ABMS/ABEF, 2006)<br />

Diâmetro (mm) 100 120 150 160 200 250 310 410 Diâmetro (mm)<br />

Carga (kN) T T Carga (kN)<br />

1400-1500 A<br />

6 Ø<br />

22mm<br />

A 1400-1500<br />

1300-1400 B<br />

6 Ø<br />

20mm<br />

B 1300-1400<br />

1200-1300 C<br />

4 Ø<br />

22mm<br />

C 1200-1300<br />

1100-1200 D<br />

5 Ø<br />

16mm<br />

D 1100-1200<br />

1000-1100 E<br />

7 Ø<br />

22mm<br />

E 1000-1100<br />

900-1000 F<br />

5 Ø<br />

22mm<br />

F 900-1000<br />

800-900 G<br />

5 Ø<br />

20mm<br />

G 800-900<br />

700-800 H<br />

6 Ø 5 Ø<br />

H 700-800<br />

20mm 16mm<br />

650-700 I<br />

5 Ø<br />

20mm<br />

I 650-700<br />

600-700 J<br />

4 Ø<br />

16mm<br />

J 600-700<br />

550-650 L<br />

4 Ø<br />

20mm<br />

L 550-650<br />

550-600 M<br />

450-550 N<br />

350-450 O<br />

250-350 P<br />

250-300 Q<br />

200-250 R<br />

150-200 S<br />

100-150 T 1 Ø<br />

25mm<br />

0-100 U 1 Ø<br />

16mm<br />

2 Ø<br />

22mm<br />

2 Ø<br />

20mm<br />

1 Ø<br />

20mm<br />

1 Ø<br />

12,5mm<br />

3 Ø<br />

20mm<br />

3 Ø<br />

16mm<br />

4 Ø 22mm<br />

3 Ø 20mm<br />

3 Ø 16mm<br />

6 Ø<br />

20mm<br />

5 Ø<br />

20mm<br />

5 Ø<br />

16mm<br />

4 Ø<br />

16mm<br />

4 Ø<br />

12,5mm<br />

4 Ø<br />

16mm<br />

4 Ø<br />

12,5mm<br />

4 Ø<br />

12,5mm<br />

4 Ø<br />

12,5mm<br />

38<br />

M 550-600<br />

N 450-550<br />

O 350-450<br />

P 250-350<br />

Q 250-300<br />

R 200-250<br />

S 150-200<br />

T 100-150<br />

U 0-100


2.1.7 - INTERAÇÃO SOLO-FUNDAÇÃO<br />

A análise solo-fun<strong>da</strong>ção, para Velloso & Lopes (2004), tem por objetivo possibilitar o<br />

dimensionamento estrutural e a escolha <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção apropria<strong>da</strong> considerando-se as<br />

deformações e os deslocamentos reais <strong>da</strong> estrutura, bem como seus esforços internos, que<br />

podem ser obtidos diretamente pela análise física <strong>da</strong> interação ou de forma indireta por meio<br />

<strong>da</strong>s pressões de contato. Estas pressões, por sua vez dependem <strong>da</strong>s: características <strong>da</strong>s cargas<br />

aplica<strong>da</strong>s, rigidez relativa solo-fun<strong>da</strong>ção, proprie<strong>da</strong>des do solo e intensi<strong>da</strong>de <strong>da</strong> carga.<br />

O problema desta interação, para Velloso & Lopes (2004), está basicamente no estado<br />

de rigidez <strong>da</strong> estrutura <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, onde quanto mais rígido for o sistema, menores serão os<br />

deslocamentos atingidos. Assim sendo seria muito melhor para o sistema de fun<strong>da</strong>ção-solo<br />

que fossem adota<strong>da</strong>s soluções combina<strong>da</strong>s para a estrutura, veja figura 2-12.<br />

Figura 2-12 - Estabili<strong>da</strong>de Global<br />

39


Os problemas intrínsecos a esta relação são basicamente o recalque e a capaci<strong>da</strong>de de<br />

carga (carga que pode provocar a ruptura <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção), que são influencia<strong>da</strong>s pelas dimensões<br />

e pelo posicionamento <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, mas dependem principalmente <strong>da</strong> resistência e <strong>da</strong><br />

compressibili<strong>da</strong>de do solo e <strong>da</strong> posição do nível d’água. A ruptura ocorre quando a tensão de<br />

resistência do maciço é inferior à resistência do esforço transferido pela fun<strong>da</strong>ção, provocando<br />

a destruição de parte <strong>da</strong> estrutura do solo.<br />

A escolha <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção depende <strong>da</strong>s características do solo, <strong>da</strong> interação do mesmo<br />

com a fun<strong>da</strong>ção, considerando-se as características <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s de solos abaixo <strong>da</strong> cota de<br />

apoio <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção (figura 2-13), para evitar problemas de instabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção.<br />

Figura 2-13 - Fun<strong>da</strong>ção x Solo (Milititsky et al., 2005)<br />

2.1.8 - TENSÕES E DEFORMAÇÕES<br />

Os esforços solicitantes num maciço são proporcionados pela carga <strong>da</strong> estrutura, pelo<br />

seu peso próprio e outras cargas acidentais.<br />

Para Pinto (2002), o solo é constituído de cama<strong>da</strong>s aproxima<strong>da</strong>mente horizontais e a<br />

tensão vertical ( , devido ao peso próprio do solo, resulta do somatório dos efeitos <strong>da</strong>s<br />

diversas cama<strong>da</strong>s; ou seja, é o produto do peso especifico do solo pela espessura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong>,<br />

resultando num esforço distribuído linearmente por uma área (figura 2-14).<br />

()<br />

40


onde:<br />

= Tensão vertical devido ao peso próprio do solo<br />

= Peso específico <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de solo<br />

= Espessura <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de solo<br />

O cálculo <strong>da</strong> tensão efetiva (σ’) será efetuado levando em consideração a parcela <strong>da</strong><br />

pressão neutra (u), ou pressão exerci<strong>da</strong> pela água que se encontra nos vazios do solo, portanto:<br />

()<br />

()<br />

onde:<br />

u = Pressão neutra – Pressão exerci<strong>da</strong> pela água na cama<strong>da</strong> analisa<strong>da</strong><br />

= Peso específico <strong>da</strong> água<br />

= Altura <strong>da</strong> coluna de água no maciço<br />

Figura 2-14 - Gráfico representativo <strong>da</strong> distribuição de tensões geostáticas no maciço<br />

Onde:<br />

Z = Cota de ca<strong>da</strong> cama<strong>da</strong> do maciço<br />

NA = Cota <strong>da</strong> altura do nível d’água<br />

41


As tensões totais atuando em um maciço de solo são o resultado <strong>da</strong>s tensões<br />

geostáticas mais o acréscimo de tensão (sobrecarga) devido às construções.<br />

No caso <strong>da</strong> sobrecarga, segundo Pinto (2002), a distribuição dos esforços é transmiti<strong>da</strong><br />

de cama<strong>da</strong> a cama<strong>da</strong> (figura 2-15) e diminui com a profundi<strong>da</strong>de. Para a estimativa do<br />

acréscimo de tensões, faz-se o emprego <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> elastici<strong>da</strong>de com algumas modificações<br />

sugeri<strong>da</strong>s por vários autores como Boussinesq, Newmark, Love, entre outros. Uma prática<br />

corrente para determinar o valor <strong>da</strong>s tensões consiste em considerar a propagação de tensões<br />

segundo áreas crescentes com uma inclinação de 30º, conforme a formulação básica proposta<br />

por Pinto (2002):<br />

<br />

<br />

<br />

onde:<br />

2L = Largura de carregamento;<br />

Z = Profundi<strong>da</strong>de requeri<strong>da</strong>;<br />

= Tensão de carregamento.<br />

Figura 2-15 - Distribuição de tensões (Pinto, 2002)<br />

()<br />

Segundo Alonso (1979), a deformação é um deslocamento específico <strong>da</strong> estrutura<br />

devido a fatores como adensamento e recalque, sendo que o deslocamento dos solos diante<br />

dos carregamentos depende <strong>da</strong> constituição do maciço de solo e do estado momentâneo.<br />

42


Uma forma de mensurar a evolução de deformações <strong>da</strong> estrutura é partir para o<br />

controle e acompanhamento de fissuras, ou seja, utilizar uma técnica ou equipamento que<br />

identifique o grau de evolução <strong>da</strong> abertura <strong>da</strong> fissura, fazendo esta verificação periodicamente<br />

para avaliar o grau de risco à estrutura.<br />

Vargas (1978) admite que haja uma relativa proporcionali<strong>da</strong>de entre tensões e<br />

deformações, desde que aplica<strong>da</strong>s fórmulas <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> elastici<strong>da</strong>de, como modelo de uma<br />

simples mola. Entretanto há de se considerar um efeito viscoso <strong>da</strong> deformação, onde se<br />

percebe o amortecimento <strong>da</strong>s deformações, assim que aplica<strong>da</strong>s as tensões, fazendo com que<br />

as deformações sejam inversamente proporcionais às veloci<strong>da</strong>des de aplicação <strong>da</strong>s cargas,<br />

desconfigurando a lineari<strong>da</strong>de entre tensões e deformações, pelo menos acima de certo valor<br />

<strong>da</strong>s pressões aplica<strong>da</strong>s.<br />

As tensões oriun<strong>da</strong>s <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções são propaga<strong>da</strong>s no solo, de cama<strong>da</strong> a cama<strong>da</strong> até<br />

uma determina<strong>da</strong> profundi<strong>da</strong>de, com a formação de um bulbo, que a região onde são<br />

concentra<strong>da</strong>s as tensões de uma única fun<strong>da</strong>ção nas cama<strong>da</strong>s. Estes bulbos de tensões têm<br />

uma característica natural de estabilizar-se na cama<strong>da</strong> de solo, porém quando outra estrutura<br />

interferir nesta região de concentração de tensões, isto poderá ocasionar problemas na<br />

estrutura como visto na figura 2-16. Este problema acontece muito comumente nas grandes<br />

ci<strong>da</strong>des pela existência de edificações muito próximas umas <strong>da</strong>s outras e deverá ser previsto<br />

no projeto de fun<strong>da</strong>ções.<br />

Figura 2-16 - Sobreposição de Tensões nas Fun<strong>da</strong>ções (Milititsky et al., 2005)<br />

43


2.1.9 - DEFORMAÇÕES (RECALQUE)<br />

Recalque, para Velloso & Lopes (2004), é todo deslocamento sofrido por uma<br />

estrutura, na sua fun<strong>da</strong>ção, e pode acontecer imediatamente após o carregamento e/ou com o<br />

decorrer do tempo. Segundo Pinto (2002), o comportamento do solo e a deformação do<br />

mesmo perante um carregamento, dependem de sua constituição e do estado do maciço,<br />

podendo ser expresso por parâmetros obtidos em ensaios de compressão triaxial e edométrica.<br />

O cálculo do recalque de fun<strong>da</strong>ções é feito utilizando a equação (19).<br />

()<br />

()<br />

Onde:<br />

Recalque total<br />

Recalque imediato<br />

Recalque por adensamento primário<br />

Recalque por adensamento secundário<br />

Recalque por adensamento total<br />

O cálculo do recalque imediato ( ) pode ser efetuado através <strong>da</strong> teoria <strong>da</strong> elastici<strong>da</strong>de,<br />

dependendo de variáveis obti<strong>da</strong>s no ensaio de compressão triaxial como o modulo de<br />

defromabili<strong>da</strong>de (E) e o coeficiente Poisson (ν) expressados pela equação Pinto (2002):<br />

<br />

()<br />

onde:<br />

= Pressão uniformemente distribuí<strong>da</strong> na superfície;<br />

= Largura ou diâmetro <strong>da</strong> área carrega<strong>da</strong>;<br />

I= Coeficiente que leva em consideração a forma <strong>da</strong> superfície carrega<strong>da</strong> e do sistema<br />

de aplicação <strong>da</strong>s pressões.<br />

44


Vargas (1978) explica que um maciço de solo pode sofrer recalque imediato quando<br />

carregado. Este tipo de recalque ocorre predominante em solos não coesivos (Areias), sem<br />

variação do índice de vazios e o mecanismo que predomina é o deslocamento relativo dos<br />

grãos com rearranjo <strong>da</strong>s partículas sóli<strong>da</strong>s do maciço. A teoria <strong>da</strong> elastici<strong>da</strong>de é utiliza<strong>da</strong> para<br />

o cálculo do recalque imediato.<br />

O recalque por escoamento lateral ocorre quando há deslocamento <strong>da</strong>s partículas do<br />

solo <strong>da</strong>s zonas mais carrega<strong>da</strong>s para as zonas menos solicita<strong>da</strong>s (Perpendicular ao<br />

carregamento). Verifica-se de maneira mais acentua<strong>da</strong> nos solos não coesivos sob fun<strong>da</strong>ções<br />

rasa.<br />

O recalque por adensamento ( ) ocorre após um determinado tempo de atuação do<br />

carregamento, predominante em solos coesivos (Argilas), ocorrendo com variação de volume.<br />

O mecanismo que predomina é a deformação do esqueleto do solo. É calculado pela teoria do<br />

adensamento vertical de Terzaghi, que considera a expulsão <strong>da</strong> água dos vazios do solo. São<br />

recalques lentos, seculares, face ao baixo coeficiente de permeabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong>s argilas.<br />

45<br />

“Aplica<strong>da</strong> uma pressão externa à cama<strong>da</strong> argilosa, to<strong>da</strong> ela no<br />

primeiro momento é transmiti<strong>da</strong> à água intersticial, a qual sob<br />

pressão tende a escoar através dos poros do solo. À medi<strong>da</strong> que<br />

a água intersticial escoa, a pressão externa vai sendo transferi<strong>da</strong><br />

para o esqueleto dos grãos de solo e este vai deformando,<br />

diminuindo o volume dos poros,... Quando to<strong>da</strong> pressão externa<br />

for transferi<strong>da</strong> para os grãos, a água deixa de escoar, pois já não<br />

mais estará sob pressão.” (VARGAS, 1978), explicando o<br />

processo de adensamento primário.<br />

O recalque por adensamento secundário começa a ocorrer após o final de to<strong>da</strong><br />

drenagem <strong>da</strong> água, quando as partículas sóli<strong>da</strong>s começam a sofrer as solicitações impostas<br />

pelo carregamento e iniciam um processo de deformação física. Não há formulações que<br />

sirvam de embasamento para o cálculo destas deformações e poucos pesquisadores <strong>da</strong> área<br />

conseguiram implementar com sucesso seus estudos.


As manifestações que mais ocorrem, são os recalques diferenciais, que vão desde o<br />

aparecimento de fissuras até o comprometimento <strong>da</strong> estrutura. A figura 2-17 apresenta as<br />

distorções correlaciona<strong>da</strong>s com aos desvios causados às estruturas. Ela subdivide em recalque<br />

total, diferencial e distorções, salientando que o recalque total seria o somatório dos recalques<br />

imediatos devido a distorções internas do solo e de adensamento devido à dissipação de poro-<br />

pressão em argilas moles e também adensamento devido à fluência do solo após a dissipação<br />

do poro-pressão. A figura 2-18 ilustra os <strong>da</strong>nos causados na estrutura pela deformação.<br />

Figura 2-17 - Distorções angulares e <strong>da</strong>nos associados (Velloso & Lopes, 2004)<br />

46


Figura 2-18 - Principais modos de deformações: (a) recalques uniformes, (b) recalques<br />

diferenciais sem distorção e (c) recalques diferenciais com distorção (Velloso & Lopes, 2004)<br />

Para fun<strong>da</strong>ções existem limites de deformações que são aceitáveis, em níveis ou<br />

ordens de grandeza estabelecidos por vários autores e em diferentes tempos. O problema<br />

como descreve Milititsky et al., (2005) é que as regras na maioria dos casos são empíricas e<br />

que estes limites recomen<strong>da</strong>dos não identificam o <strong>da</strong>no correspondente, que podem ser<br />

divididos em visuais, de usabili<strong>da</strong>de e estruturais. A tabela 2-9 apresenta um gráfico<br />

comparativo entre a abertura de fissuras e os <strong>da</strong>nos associados à estrutura.<br />

Tabela 2-9 – Abertura de fissuras e <strong>da</strong>nos associados (Velloso & Lopes, 2004)<br />

ABERTURA INTENSIDADE DOS DANOS<br />

DA COMERCIAL<br />

FISSURA (mm) RESIDENCIAL OU PÚBLICO INDUSTRIAL<br />

< 0,1 Insignificante Insignificante Insignificante<br />

0,1 a 0,3 Muito Leve Muito Leve Insignificante<br />

0,3 a 1 Leve Leve Muito leve<br />

1 a 2 Leve a modera<strong>da</strong> Leve a modera<strong>da</strong> Muito leve<br />

2 a 5 Modera<strong>da</strong> Modera<strong>da</strong> Leve<br />

5 a 15 Modera<strong>da</strong> a severa Modera<strong>da</strong> a severa Modera<strong>da</strong><br />

15 a 25 Severa a muito Severa a muito severa Modera<strong>da</strong> a severa<br />

severa<br />

> 25 Muito severa a<br />

perigosa<br />

Severa a perigosa Severa a perigosa<br />

FISSURA EFEITO NA ESTRUTURA E USO DO EDIFÍCIO<br />

< 0,1 a 0,3 Nenhum<br />

0,3 a 5 Apenas estética com deterioração acelera<strong>da</strong> do aspecto externo<br />

5 a 25 Utilização do edifício será afeta<strong>da</strong> e, no limite superior, a estabili<strong>da</strong>de<br />

pode também estar em risco<br />

> 25 Cresce o risco <strong>da</strong> estrutura tornar-se perigosa<br />

47


Além do recalque devido à carga estática, citam-se entre outras as seguintes causas:<br />

Cargas dinâmicas (vibrações, tremores de terra); Operações vizinhas (Abertura de escavações,<br />

execução de novas estruturas); Erosão do subsolo; Alterações químicas do solo;<br />

Rebaixamento do nível de água.<br />

Os prédios de Santos são exemplos de casos de recalque de fun<strong>da</strong>ções. Segundo Reis<br />

(2000) os fatores que se destacam neste problema são: a rigidez relativa solo-estrutura; a<br />

influência recíproca entre elementos de fun<strong>da</strong>ções do mesmo prédio e também de prédios<br />

vizinhos; etapas de construção de reforço de fun<strong>da</strong>ções com mu<strong>da</strong>nça de ambiente.<br />

48


2.2 - PATOLOGIA DE FUNDAÇÕES<br />

2.2.1 - PATOLOGIA NA CONSTRUÇÃO CIVIL<br />

A incidência de manifestações patológicas em edificações é um problema que afeta<br />

várias ci<strong>da</strong>des do Brasil e do mundo e gera conflitos de interesses, onde, as ver<strong>da</strong>deiras causas<br />

<strong>da</strong>s manifestações, acabam muitas vezes desconheci<strong>da</strong>s. “Patologia pode ser entendi<strong>da</strong> como<br />

a parte <strong>da</strong> engenharia que estu<strong>da</strong> os sintomas, os mecanismos, as causas e as origens <strong>da</strong>s<br />

anomalias <strong>da</strong>s construções civis, ou seja, é o estudo <strong>da</strong>s partes que compõem o diagnóstico do<br />

problema” (HELENE, 1992). O resultado deste estudo pode ser utilizado para a difusão de<br />

conhecimentos técnicos <strong>da</strong> área que possam desmistificar alguns aspectos devido a<br />

desconhecimentos dos profissionais que tem contato com a área.<br />

Segundo Logeais (1982), quando se trata de problemas patológicos com ênfase em<br />

fun<strong>da</strong>ções, estudos comprovam que, a maior parte <strong>da</strong>s anomalias ocorre devido ao<br />

desconhecimento <strong>da</strong>s características do solo. Na figura 2-19 observa-se um problema<br />

característico de erro na investigação do solo, onde um matacão (volume pequeno de rocha)<br />

foi confundido com uma cama<strong>da</strong> inteira rochosa e foi adota<strong>da</strong> uma solução de fun<strong>da</strong>ção<br />

inadequa<strong>da</strong> para o perfil de solo. Na medi<strong>da</strong> em que o solo é o meio que vai suportar as<br />

cargas, sua identificação e caracterização são essenciais à previsão do seu comportamento.<br />

Figura 2-19 - Presença de Matacão no Solo (Milititsky et al., 2005)<br />

49


Os problemas patológicos simples, para Souza & Ripper (1999) são aqueles nos quais<br />

o diagnóstico fica bastante evidente, e admite padronização dos procedimentos, enquanto que<br />

os problemas complexos não são diagnosticados com mecanismos convencionais e esquemas<br />

rotineiros de inspeção, tornando sua terapêutica personaliza<strong>da</strong> e individualiza<strong>da</strong>.<br />

As manifestações segundo Gotlieb (ABMS/ABEF, 2006) indicam o mau desempenho<br />

de uma fun<strong>da</strong>ção e podem ser caracteriza<strong>da</strong>s por uma peça única, com deterioração dos<br />

materiais que a compõe ou então, por deformações excessivas, per<strong>da</strong> de cobrimento mínimo e<br />

oxi<strong>da</strong>ção <strong>da</strong>s armaduras, esmagamentos, rupturas, fissuras e outras. As manifestações podem<br />

se apresentar na obra como um todo, com recalques e desaprumos. Os <strong>da</strong>nos ocasionados por<br />

estas manifestações podem ser configura<strong>da</strong>s como: <strong>da</strong>nos arquitetônicos, funcionais e<br />

estruturais.<br />

Para Gotlieb (ABMS/ABEF, 2006) as soluções para os problemas de fun<strong>da</strong>ções são<br />

muito diversifica<strong>da</strong>s e depende principalmente de: tipo de solo; urgência do cliente no prazo<br />

de entrega, interferindo apenas em questões financeiras, nível de carregamento; espaço físico<br />

disponível para instalação de equipamentos e execução do serviço e as fun<strong>da</strong>ções já<br />

existentes.<br />

2.2.2 - METODOLOGIA DE ESTUDOS PATOLÓGICOS<br />

A metodologia proposta por Cânovas (1988), usa<strong>da</strong> para atuação em problemas<br />

patológicos inicia-se com detecção <strong>da</strong> anomalia através de uma vistoria no local, etapa em que<br />

poderão ser utilizados apenas os sentidos humanos e a experiência do profissional ou a<br />

utilização de instrumentos técnicos específicos. A partir desta etapa introduz-se ao processo<br />

um mecanismo de coleta de um conjunto de informações a respeito do início e <strong>da</strong> evolução <strong>da</strong><br />

anomalia até aquele momento, que é designado anamnese. Caso seja necessário, serão feitas<br />

verificações complementares, in loco ou em laboratório, com uma possível pesquisa técnica<br />

em referências <strong>da</strong> área específica para incrementar o banco de <strong>da</strong>dos. Na figura 2-20<br />

apresenta-se um fluxograma de etapas para identificação <strong>da</strong>s causas <strong>da</strong>s anomalias por<br />

Milititsky et al. (2005).<br />

50


Figura 2-20 - Procedimentos para patologia de fun<strong>da</strong>ções (Moura, 2007)<br />

Segundo Milititsky et al. (2005) quando verifica<strong>da</strong> a ocorrência de manifestações<br />

patológicas deve-se caracterizar suas origens e os mecanismos de degra<strong>da</strong>ção. Os<br />

conhecimentos básicos de mecânica dos solos, como capaci<strong>da</strong>de de carga e recalques<br />

admissíveis, devem ser utilizados para o diagnóstico do problema. Tendo em mãos <strong>da</strong>dos<br />

como tipo de fun<strong>da</strong>ção, <strong>da</strong>dos referentes à investigação geotécnica do solo, projetos e cálculos<br />

de dimensionamento <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, poder-se-á fazer uma intervenção na estrutura e recuperá-<br />

la, se possível, de forma a garantir a integri<strong>da</strong>de estrutural e o uso <strong>da</strong> edificação.<br />

51


Algumas terminologias <strong>da</strong> área <strong>da</strong> saúde foram utiliza<strong>da</strong>s neste trabalho e, às vezes,<br />

são utiliza<strong>da</strong>s no meio técnico de forma equivoca<strong>da</strong> por muitos profissionais <strong>da</strong> área de<br />

engenharia. Como o público alvo, desta monografia, geralmente não tem muita afini<strong>da</strong>de e<br />

conhecimentos sobre o tema, terminologias e procedimentos foram apresentados no tabela 2-<br />

10, para facilitar a compreensão do assunto.<br />

Tabela 2-10 - Definições de termos <strong>da</strong> área <strong>da</strong> saúde (apud Moura, 2007)<br />

TERMINOLOGIAS DEFINIÇÕES E ESCLARECIMENTOS BÁSICOS<br />

PROCEDIMENTOS<br />

Anamnese Conjunto de informações coleta<strong>da</strong>s no local que trata desde o<br />

início <strong>da</strong> manifestação até período atual, constando o processo<br />

evolutivo e todo apanhado de informações e documentos<br />

encontrados que auxiliarão no diagnostico do problema<br />

Anomalia Problema patológico propriamente dito como falha ou <strong>da</strong>no.<br />

Conhecido popularmente como patologia, termo erroneamente<br />

empregado para anomalia<br />

Causa Motivo <strong>da</strong> anomalia, razão objetiva ou subjetiva que levou a<br />

estrutura apresentar <strong>da</strong>nos ou falhas<br />

Diagnóstico Procedimento onde se verifica a anomalia, as causas e os<br />

sintomas, determinando sua origem e o mecanismo de<br />

Mecanismo de<br />

deterioração<br />

deterioração<br />

Processo físico ou químico que induzem a causa<br />

Patologia Estudo de manifestações patológicas, sintoma, mecanismos,<br />

origens e causas<br />

Prognóstico Contextualização sobre a evolução futura de um problema<br />

patológico<br />

Recuperação Conjunto de ações destina<strong>da</strong>s a restituir uma edificação até um<br />

estado aceitável<br />

Reforço Aumento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de portante <strong>da</strong> estrutura<br />

Reparo Correção localiza<strong>da</strong> de problemas patológicos<br />

Terapêutica Área que trata <strong>da</strong> recuperação do problema patológico<br />

Através de monitoramento do comportamento de fissuras, trincas, desaprumos,<br />

desalinhamentos e outras situações pré-identifica<strong>da</strong>s como problemas em solos expansivos ou<br />

colapsíveis (que são situações comuns), pode-se iniciar os estudos do problema.<br />

52


2.2.3 - CAUSAS DAS ANOMALIAS EM FUNDAÇÕES<br />

As causas para anomalias em fun<strong>da</strong>ção são as mais diversas possíveis, Logeais (1982)<br />

cita algumas em seu trabalho como construção de edificações em aterros mal compactados;<br />

presença de água principalmente em aterros; perturbações devido a novas construções<br />

vizinhas; profundi<strong>da</strong>de insuficiente <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções; construções em maciços de solos instáveis,<br />

como encostas. As anomalias mais freqüentes encontra<strong>da</strong>s em fun<strong>da</strong>ção segundo Cânovas<br />

(1988), são origina<strong>da</strong>s por:<br />

a) Falha ou negligência no processo de investigação geotécnica;<br />

b) Fun<strong>da</strong>ções Inadequa<strong>da</strong>s: Dimensões <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções inadequa<strong>da</strong>s ou aumento nas<br />

cargas ou sobrecargas previstas em projeto;<br />

c) Recalques do Solo: Que podem provocar um estado de fissuração na estrutura<br />

podendo levá-la ao colapso. Ex.: torre de Pisa (Itália) e as edificações <strong>da</strong> ci<strong>da</strong>de de<br />

Santos-SP;<br />

d) Mu<strong>da</strong>nças nas condições do solo: Umi<strong>da</strong>de relativa do solo ou alteração no nível<br />

do lençol freático com a exploração <strong>da</strong> água subterrânea.<br />

O problema com a interação solo-estrutura, segundo Souza & Ripper (1999) é o<br />

principal responsável por instabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> estrutura, por isso é indispensável conhecer as<br />

características do solo. Quando a execução de son<strong>da</strong>gens é relega<strong>da</strong> a segundo plano, ou<br />

quando os resultados não são corretamente interpretados, a escolha do tipo de fun<strong>da</strong>ção fica<br />

prejudica<strong>da</strong>, podendo sofrer recalques , aparecimento de fissuras na estrutura e outros<br />

problemas.<br />

Vários relatos de acontecimentos demonstram que, a maioria dos problemas<br />

patológicos encontrados no Brasil são por falta de uma elaboração correta e minuciosa dos<br />

projetos de engenharia, principalmente no que tange à coleta de informações e parâmetros<br />

adequados para ca<strong>da</strong> situação de construção.<br />

53


Na área de fun<strong>da</strong>ções o problema não é muito diferente. Milititsky et al. (2005)<br />

afirmam que a investigação do subsolo pode apresentar vários problemas e pode ser a causa<br />

<strong>da</strong> ocorrência de anomalias em fun<strong>da</strong>ções. Os problemas com a investigação do subsolo<br />

podem ser desde a simples ausência de investigação, investigação ineficiente, investigação<br />

com falhas, até a interpretação errônea dos resultados <strong>da</strong>s son<strong>da</strong>gens, problema retratado na<br />

figura 2-21, onde a profundi<strong>da</strong>de estu<strong>da</strong>do no ensaio de son<strong>da</strong>gem não reflete a real situação<br />

apresenta<strong>da</strong> pela distribuições de tensões pelas cama<strong>da</strong>s do solo.<br />

Figura 2-21 - Falha na Investigação do Solo (apud Milititsky et al., 2005)<br />

2.2.4 - PROCEDIMENTOS PARA DIAGNÓSTICO DA ANOMALIA<br />

Algumas técnicas são adota<strong>da</strong>s para a identificação de anomalias e evolução do estado<br />

de depreciação <strong>da</strong> estrutura de fun<strong>da</strong>ção, e muitos deles só poderão ser entendidos através de<br />

ensaios de campo. Entretanto, para Cânovas (1988), algumas manifestações que acontecem<br />

com freqüência, podem ser diagnostica<strong>da</strong>s apenas com a experiência do profissional<br />

habilitado.<br />

54


O diagnóstico para Souza & Ripper (1999) é um processo que consiste em apresentar<br />

as origens, as causas e os mecanismos de degra<strong>da</strong>ção que a anomalia propicia à estrutura.<br />

Com estes novos <strong>da</strong>dos, o profissional pode apontar o prognóstico (que é a previsão <strong>da</strong><br />

evolução do problema e do desempenho futuro <strong>da</strong> construção), auxiliando na escolha <strong>da</strong><br />

conduta a ser adota<strong>da</strong> para a solução do problema. Para finalizar este processo é defini<strong>da</strong> uma<br />

terapêutica adequa<strong>da</strong> para a situação, que pode ser: reparo, reforço ou restauração, além de<br />

outras soluções mais drásticas como restrição ao uso <strong>da</strong> edificação.<br />

Os ensaios de investigação do subsolo, tanto para sua identificação como para<br />

avaliação de proprie<strong>da</strong>des, são etapas que deveriam anteceder a execução <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção.<br />

To<strong>da</strong>via no estado de anomalias são refeitos algumas destas investigações são realiza<strong>da</strong>s pela<br />

primeira vez na obra, para subsidiarem o estudo, fornecendo informações detalha<strong>da</strong>s sobre<br />

situação atual física <strong>da</strong> estrutura de fun<strong>da</strong>ção.<br />

Entre os ensaios mais importantes estão:<br />

a) Investigação tátil-visual: Segundo Pinto (2002), é a verificação de proprie<strong>da</strong>des<br />

através do contato direto do profissional com o solo a ser analisado. Esta situação<br />

depende principalmente <strong>da</strong> habili<strong>da</strong>de e experiência do profissional, sendo uma<br />

provável etapa inicial, base para definição de um planejamento de investigação<br />

mais consistente.<br />

b) Son<strong>da</strong>gens: São procedimentos de engenharia utilizando equipamentos específicos<br />

de perfuração, visando à obtenção de informações do solo como determinação <strong>da</strong><br />

resistência <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s, nível do lençol freático, profundi<strong>da</strong>de do perfil rochoso,<br />

amostra de jazi<strong>da</strong>s, etc.. Os mais utilizados são: SPT, SPT-T e, internacionalmente<br />

utiliza-se o CPT com bastante freqüência.<br />

55


2.2.5 - ENSAIOS PARA INVESTIGAÇÃO DO SUBSOLO<br />

O estudo do solo e reconhecimento de suas principais características constitui um pré-<br />

requisito para projetos de fun<strong>da</strong>ções a fim de garantir a segurança. Segundo Schnaid (2000) os<br />

projetos geotécnicos são normalmente elaborados a partir de <strong>da</strong>dos obtidos nos ensaios em<br />

campo e fazendo-se estimativas dos parâmetros de comportamento dos materiais envolvidos.<br />

Atualmente, modernos equipamentos podem ser utilizados para uma melhor investigação do<br />

subsolo, garantindo uma melhor precisão de <strong>da</strong>dos sobre o maciço.<br />

Milititsky et al. (2005) afirmam que a causa mais freqüente de problemas de fun<strong>da</strong>ções<br />

está na investigação do subsolo, sendo que os problemas em solos colapsíveis, expansivos e<br />

em adensamento podem ter as manifestações patológicas previstas em fase preliminar, desde<br />

que realizado um planejamento adequados <strong>da</strong>sde investigações e que estes sejam diretamente<br />

acompanhados por um engenheiro experiente, evitando falhas e interpretação equivoca<strong>da</strong>s dos<br />

resultados.<br />

Os métodos de investigação mais utilizados, segundo Pinto (2002) são:<br />

a) Trincheiras:<br />

São valas longas com profundi<strong>da</strong>de máxima de 2 metros, para uma investigação linear<br />

<strong>da</strong>s primeiras cama<strong>da</strong>s do terreno, em situações específicas.<br />

b) Son<strong>da</strong>gem a trado:<br />

As son<strong>da</strong>gens a trado são efetua<strong>da</strong>s com uma ferramenta chama<strong>da</strong> trado concha, com<br />

diâmetro de 75 mm, 100 mm e 150 mm, podendo ser usados outros diâmetros. Outro tipo de<br />

trado usual é o helicoi<strong>da</strong>l.<br />

Estas son<strong>da</strong>gens são executa<strong>da</strong>s em solos argilosos ou arenosos até atingir uma<br />

profundi<strong>da</strong>de, que é limita<strong>da</strong> pelo nível de água ou natureza do terreno. São utiliza<strong>da</strong>s para<br />

coletas de amostras deforma<strong>da</strong>s, identificação do perfil do terreno, determinação do N.A, e<br />

servem como ferramenta auxiliar de outros tipos de son<strong>da</strong>gem e para a execução de furos em<br />

ensaios especiais, como permeabili<strong>da</strong>de e palheta.<br />

56


c) Son<strong>da</strong>gem à Percussão (figura 2-22):<br />

objetivo de:<br />

Estas son<strong>da</strong>gens são as mais freqüentes na engenharia e usualmente executa<strong>da</strong>s com o<br />

• Determinar o perfil geológico <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s do subsolo;<br />

• Determinar a capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong>s diferentes cama<strong>da</strong>s do subsolo;<br />

• Coletar amostras de solo;<br />

• Determinar o nível do lençol freático;<br />

• Determinar a compaci<strong>da</strong>de ou consistência <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s do subsolo<br />

Segundo a NBR6448 (2001) o Stan<strong>da</strong>rd Penetration Test (ensaio de penetração<br />

padrão) tem por objetivo determinar uma carga dinâmica (NSPT) com a cravação de um<br />

amostrador padrão, no solo, através de furo de escavação devido à que<strong>da</strong> de um corpo livre de<br />

massa 65 kg e altura de que<strong>da</strong> igual a 75 cm. Durante o ensaio, anota-se o número de golpes<br />

do amostrador padrão, necessários para a penetração 75 cm, sendo avaliado apenas os últimos<br />

30 cm.<br />

Figura 2-22 - Execução do ensaio de son<strong>da</strong>gem a percussão<br />

57


d) Son<strong>da</strong>gens Rotativas:<br />

Estas son<strong>da</strong>gens são as mais freqüentes na engenharia e usualmente executa<strong>da</strong>s para:<br />

• Identificar a profundi<strong>da</strong>de em que se encontra o embasamento rochoso;<br />

• O tipo ou os tipos de rocha e seu estado de sani<strong>da</strong>de e fraturas;<br />

• Implantação de uma fun<strong>da</strong>ção ou de tirantes;<br />

• Obtenção de poços para captação de águas;<br />

• Possibilitar injeção de cimento ou de outros materiais em fraturas que podem<br />

ocorrer nos maciços rochosos em profundi<strong>da</strong>de.<br />

Na figura 2-23 são mostrados os equipamentos utilizados na son<strong>da</strong>gem rotativa.<br />

Figura 2-23 - Equipamentos para execução de son<strong>da</strong>gens rotativas (Diminsky)<br />

58


e) Son<strong>da</strong>gens Mistas:<br />

São aquelas executa<strong>da</strong>s por son<strong>da</strong>gem à percussão e por meio de son<strong>da</strong>gem rotativa,<br />

no trecho onde for inoperante o sistema à percussão, face à impenetrabili<strong>da</strong>de no terreno<br />

prospectado.<br />

Os dois métodos são utilizados alterna<strong>da</strong>mente, de acordo com a natureza do terreno<br />

atravessado, até ser atingi<strong>da</strong> a cota do estudo e/ou critérios estabelecidos em especificação<br />

para sua paralisação. Sua execução é recomen<strong>da</strong><strong>da</strong>, dentre outras em: Terrenos com presença<br />

de blocos de rocha e de matacões; Área de tálus (matacões erráticos em maciços terrosos);<br />

Área de concreções lateríticas; Área de rejeito de pedreira; Área de bota fora, etc..<br />

f) SPT-T:<br />

Executado logo após o término do SPT, o SPT-T, “Stan<strong>da</strong>rd Penetration Test whit<br />

Torque measurements” visa determinar a intensi<strong>da</strong>de do torque necessário para vencer a<br />

aderência do amostrador padrão com o solo que o envolve. Para este ensaio, utiliza-se um<br />

instrumento denominado torquímetro (figura 2-24) fixo à haste do amostrador, que medirá o<br />

torque máximo (Tmáx) e o torque residual (Tres) (TOURRUCO 2004).<br />

Figura 2-24 - Utilização do torquímetro no ensaio SPT-T (Tourruco, 2004)<br />

59


g) CPT:<br />

Consiste na cravação contínua, no terreno, de uma ponteira cônica a uma veloci<strong>da</strong>de<br />

aproxima<strong>da</strong> de 10 mm/s, usando equipamento hidráulico. Considerado um dos mais<br />

importantes ensaios de investigação do subsolo no mundo (DIMINSKI).<br />

A maior característica benéfica do ensaio é que o cone de penetração é semelhante a<br />

uma estaca pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>, servindo de modelo de ensaio. Os resultados do CPT fornecem,<br />

através de relações empíricas, o cálculo <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong> estaca, além de definir o<br />

perfil do solo, e proprie<strong>da</strong>des do solo como densi<strong>da</strong>de, ângulo interno e coesão (GEO IN<br />

SITU).<br />

Figura 2-25 - Equipamentos para execução do CPT (Diminski)<br />

2.2.6 - PROVAS DE CARGA<br />

Existem outros ensaios de campo que podem auxiliar no diagnóstico e prognóstico e<br />

que são utilizados para verificação real do desempenho <strong>da</strong> estrutura, que são as provas de<br />

carga estática e dinâmica (figura 2-26 - ensaio vertical), também utilizado como fonte de<br />

<strong>da</strong>dos para a terapêutica do problema. Segundo ABMS/ABEF (2006) a prova de carga é<br />

destina<strong>da</strong> a estu<strong>da</strong>r fun<strong>da</strong>ções diretas ou profun<strong>da</strong>s e consiste, basicamente, em verificar as<br />

condições <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção e a interação solo-fun<strong>da</strong>ção.<br />

60


Figura 2-26 - Prova de carga Vertical (disponível em http://www.insitu.com.br)<br />

Segundo Medeiros (2005), a melhoria do projeto e processo executivo de fun<strong>da</strong>ções<br />

em estacas mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s in loco está relacionado à realização de ensaios que comprovem a<br />

capaci<strong>da</strong>de de carga e a integri<strong>da</strong>de <strong>da</strong> peça. Segundo a engenheira Gisleine Campos<br />

(MEDEIROS, 2005), os ensaios são muito importantes, principalmente se forem realizados<br />

em seqüência, pois possibilitam a comparação de alguns <strong>da</strong>dos e o complemento de <strong>da</strong>dos de<br />

um ensaio para o outro, com relação à prova de carga estática, e dinâmica.<br />

a) Prova de carga estática (figura 2-27): Ensaio em ver<strong>da</strong>deira grandeza, que permite<br />

avaliar a capaci<strong>da</strong>de de carga de uma fun<strong>da</strong>ção pela simulação de carregamentos.<br />

É executa<strong>da</strong> com macaco hidráulico, bomba, manômetro e célula de carga, através<br />

do qual são aplica<strong>da</strong>s etapas de carregamentos, registrando-se os deslocamentos a<br />

ca<strong>da</strong> estágio. O principal <strong>da</strong>do obtido é a curva carga x recalque.<br />

Figura 2-27 - Prova de carga estática (Medeiros, 2005)<br />

61


) Prova de carga dinâmica (figura 2-28): Aplica<strong>da</strong> com golpes em um sistema de<br />

percussão, determina a carga de ruptura <strong>da</strong> interação fun<strong>da</strong>ção-solo. São usados 2<br />

(dois) pares de sensores, onde um gera tensão proporcional a deformação sofri<strong>da</strong> e<br />

o outro gera tensão proporcional à aceleração <strong>da</strong>s partículas, baseados na teoria <strong>da</strong><br />

on<strong>da</strong>. É obtido o valor <strong>da</strong> resistência estática e o valor <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de carga, é<br />

mais rápido e possui o custo mais baixo que a prova estática.<br />

Figura 2-28 - Prova de carga dinâmica (Medeiros, 2005)<br />

Para Milititsky et al. (2005), o custo mais baixo <strong>da</strong> prova de carga dinâmica e o<br />

reduzido prazo de execução, resultou numa procura muito maior deste procedimento,<br />

constituindo-o como uma ferramenta valiosa no processo de verificação <strong>da</strong> quali<strong>da</strong>de de<br />

fun<strong>da</strong>ções profun<strong>da</strong>s.<br />

62


2.2.7 - LAUDO TÉCNICO DE PATOLOGIA DE FUNDAÇÕES<br />

O uso de relatórios visa simplificar um processo longo com muitas etapas, impondo<br />

transparência e facili<strong>da</strong>de no entendimento e difusão de informações sobre um determinado<br />

tema. Neste trabalho foi utilizado um relatório padronizado (figura2-29) para apresentação <strong>da</strong><br />

patologia de fun<strong>da</strong>ções, facilitando a apresentação e a análise de anomalias encontra<strong>da</strong>s. Este<br />

relatório foi elaborado utilizando o sistema proposto por Helene (1992) e modificado para este<br />

trabalho pela abor<strong>da</strong>gem de Milititsky et al. (2005) já apresentados nos tópicos anteriores.<br />

Figura 2-29 - Laudo de patologia de fun<strong>da</strong>ções<br />

63


2.3 - RECUPERAÇÃO DE FUNDAÇÕES<br />

Os reforços podem ser permanentes ou provisórios. No primeiro caso, são utilizados<br />

devido ao mau desempenho <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções ou aumento de carga, atuando como complemento<br />

à capaci<strong>da</strong>de de carga. O reforço provisório é usado quando a estrutura não poderá manter-se<br />

integra até o fim <strong>da</strong> recuperação. Existem várias formas de realizar o reforço ABMS/ABEF<br />

(2006):<br />

• Reparo do material: Quando o material está em fase de degra<strong>da</strong>ção, pode-se fazer a<br />

recuperação ou até mesmo reforçá-lo;<br />

• Enrijecimento <strong>da</strong> estrutura: Para evitar recalques diferenciais, pode-se utilizar uma<br />

técnica de enrijecimento <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção com a interligação <strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções com vigas;<br />

• Aumento <strong>da</strong> Área de Apoio: Quando a área de transferência <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção for<br />

inadequa<strong>da</strong>, pode-se utilizar esta técnica para solucionar os problemas, inclusive com<br />

soluções mistas como o aumento <strong>da</strong> base <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção e o uso de estacas vincula<strong>da</strong>s à<br />

base desta fun<strong>da</strong>ção.<br />

Outros tipos de reforços podem ser utilizados para recuperação de fun<strong>da</strong>ção como:<br />

Utilização de estacas raiz, estaca prensa<strong>da</strong>, tubulões, estacas mega, sapatas adicionais,<br />

porém com restrições peculiares a ca<strong>da</strong> um, como por exemplo, restrição de espaço para<br />

trabalhabili<strong>da</strong>de, espaço físico para locação de equipamentos, problemas de vibrações. Uma<br />

forma relativamente nova de efetuar o reforço é a utilização de técnicas como injeções de<br />

cimento (Jet grounting) para melhoria do solo, no que tange às proprie<strong>da</strong>des de resistência e<br />

compressibili<strong>da</strong>de dos solos.<br />

64


3 - ALGUMAS MANIFESTAÇÕES PATOLÓGICAS EM FUNDAÇÕES<br />

Neste item são apresentados alguns exemplos de manifestações patológicas.<br />

3.1 - APRESENTAÇÃO DAS MANIFESTAÇÕES<br />

a) TORRE DE PISA<br />

Figura 3-1 - Recalque <strong>da</strong> torre de Pisa.<br />

65<br />

A Torre de Pisa, figura 3-1, teve sua construção inicia<strong>da</strong> em<br />

1173, e termina<strong>da</strong> em 1350. Apresentou recalques diferenciais<br />

que a levaram a inclinar-se, numa taxa de inclinação de 1,2mm<br />

por ano. Alguns procedimentos terapêuticos foram feitos para<br />

solucionar o problema no curso <strong>da</strong> história, mas somente em<br />

1997 foi utiliza<strong>da</strong> uma técnica de son<strong>da</strong>gem especial, retirando o<br />

solo abaixo do trecho que havia recalcado menos, fazendo com<br />

que apenas esta região recalcasse, diminuindo o desaprumo <strong>da</strong><br />

torre, até um nível de segurança de utilização <strong>da</strong> estrutura. Foi<br />

feita a estabilização do solo com uma técnica moderna de<br />

congelamento e injeção de cal<strong>da</strong>s de cimento, tudo de forma<br />

controla<strong>da</strong> e monitora<strong>da</strong>.<br />

(http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/Estruturas/deslocament<br />

o.htm).


Figura 3-2 - Vista <strong>da</strong> deformação nas cama<strong>da</strong>s do perfil<br />

Segundo Terracina (LAMBE & WHITMAN, 1979) o lado sul <strong>da</strong> torre sofreu recalque<br />

de quase 3 (três) metros, resultando num recalque diferencial, com a outra região, de 1,8 m,<br />

representando, para época, uma situação de instabili<strong>da</strong>de muito perigosa. Utilizou-se uma<br />

técnica de equilíbrio físico com pesos para manter a estabili<strong>da</strong>de <strong>da</strong> torre, no processo de<br />

recuperação e reforço <strong>da</strong> torre.<br />

Figura 3-3 - Utilização de peso para equilíbrio <strong>da</strong> torre no processo de recuperação<br />

66


) EDIFICAÇÕES EM SANTOS<br />

No Brasil, um exemplo de manifestações patológicas em<br />

fun<strong>da</strong>ções são os prédios <strong>da</strong> orla santista, figura 3-4, que<br />

apresentaram deslocamento diferencial dos apoios<br />

diferencialmente, inclinando as estruturas. Várias propostas de<br />

correção foram feitas para reverter à situação. A origem do<br />

problema foi a deficiência do solo de Santos, formado por uma<br />

cama<strong>da</strong> superficial de areia sobre uma extensa cama<strong>da</strong> de solo<br />

argiloso, muito compressível. Como as fun<strong>da</strong>ções dos edifícios<br />

eram sapatas, o sistema fun<strong>da</strong>ção-solo não foi adequado e<br />

muitos (cerca de cem) destes prédios passaram a inclinar-se.<br />

(http://www.lmc.ep.usp.br/people/hlinde/Estruturas/deslocament<br />

o.htm).<br />

Figura 3-4 - Recalque <strong>da</strong>s edificações em Santos (Milititsky et al., 2005).<br />

67


Os problemas dos deslocamentos <strong>da</strong>s edificações agravaram-se com a construção de<br />

novos empreendimentos que, devido ao carregamento imposto ao solo, influenciaram outras<br />

fun<strong>da</strong>ções (superposição de bulbo de pressões), interferindo no equilíbrio físico do sistema<br />

solo-estrutura.<br />

No caso <strong>da</strong>s edificações em Santos-SP houve um processo de recalque gradual, ou<br />

seja, o aumento do recalque com o passar do tempo, e atingirem uma situação com riscos<br />

eminentes de ruína, (figura 3-5). O problema consiste em fazer a edificação retornar ao prumo<br />

e este procedimento poderia ser executado com a mesma técnica utiliza<strong>da</strong> na Torre de Pisa.<br />

Entretanto, o custo para estabilizar o solo, neste caso, seria muito elevado. Uma solução<br />

apreciável para a recuperação <strong>da</strong> estrutura seria trazer a estrutura ao prumo através de<br />

“macaqueamento” com a realização do reforço <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, executando uma placa de<br />

concreto sob partes <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção ou sob a edificação como um todo, aumentando a área de<br />

transferência de cargas para o solo e diminuindo, portanto, a solicitação ao mesmo<br />

(GRIGOLI).<br />

Figura 3-5 - Mecanismo de recalque diferencial (Grigoli)<br />

68


c) PALÁCIO DA LIBERDADE – MINAS GERAIS (ABMS, 1986)<br />

A edificação <strong>da</strong> sede do governo do estado de Minas Gerais (figura 3-6), por volta dos<br />

anos 80, apresentou recalque diferencial <strong>da</strong>s suas fun<strong>da</strong>ções com presença de trincas e<br />

fissuras. O problema ocorreu devido à execução <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção em sapata sobre solo argiloso<br />

poroso.<br />

Figura 3-6 -Palácio <strong>da</strong> Liber<strong>da</strong>de (apud http://www.panoramio.com)<br />

O prédio tem estrutura mural, ou seja, as cargas <strong>da</strong> edificação são distribuí<strong>da</strong>s pelas<br />

alvenarias, que no caso são de tijolo maciço e o telhado é composto por perfis metálicos. No<br />

processo de levantamento de informações <strong>da</strong> obra foram ca<strong>da</strong>stra<strong>da</strong>s as instalações hidráulicas<br />

com um minucioso exame <strong>da</strong>s mesmas. Ensaios realizados in loco mostraram que as<br />

fun<strong>da</strong>ções existentes eram em sapatas apoia<strong>da</strong>s sobre blocos de concreto ciclópico de<br />

dimensões variáveis e irregulares, com 5 estacas de 4 (quatro) metros de comprimento<br />

designa<strong>da</strong>s como estacas de compactação. Foi verificado que o nível de água estava a 13,50m<br />

de profundi<strong>da</strong>de.<br />

O diagnóstico <strong>da</strong> anomalia indicou que assim que as fun<strong>da</strong>ções receberam<br />

carregamento iniciou-se um processo de adensamento <strong>da</strong> argila e essas deformações do<br />

maciço de solo geram recalques de mesma intensi<strong>da</strong>de nas fun<strong>da</strong>ções. Por um período longo,<br />

não surgiu problema algum, pois o recalque ain<strong>da</strong> era compatível com os valores admissíveis<br />

<strong>da</strong> estrutura. As fissuras na alvenaria apareceram após um longo período.<br />

69


O reforço adotado para o problema viabilizou a transmissão <strong>da</strong>s cargas a horizontes<br />

mais profundos do solo, transformando as fun<strong>da</strong>ções superficiais em fun<strong>da</strong>ções profun<strong>da</strong>s,<br />

através de estacas crava<strong>da</strong>s por reação, microestacas e/ou tubulões. A solução em tubulões foi<br />

descarta<strong>da</strong>, pois implicaria principalmente em escavações demasia<strong>da</strong>mente grandes, próximo<br />

à fun<strong>da</strong>ção trazendo risco de colapso <strong>da</strong> estrutura. A solução em estaca crava<strong>da</strong> não seria uma<br />

boa solução, pois apresentaria capaci<strong>da</strong>de de carga insuficiente e falsa “nega”.Optou-se,<br />

então, pelo reforço com estaca raiz.<br />

70


d) OCORRÊNCIA DE MATACÕES (MILITITSKY ET AL., 2005)<br />

A presença de matacões são problemas que ocorrem com certa freqüência em obras de<br />

fun<strong>da</strong>ção. Matacões são blocos de rochas que ain<strong>da</strong> não sofreram a decomposição completa,<br />

conseqüência de intemperismo diferencial <strong>da</strong> rocha. A conseqüência deste problema é a<br />

adoção de uma fun<strong>da</strong>ção inadequa<strong>da</strong> (figura 3-7) e, em muitos casos, levam a situações de<br />

recalques e fissuras <strong>da</strong>s estruturas <strong>da</strong> edificação.<br />

Figura 3-7 - Fun<strong>da</strong>ção assenta<strong>da</strong> em bloco de rocha<br />

Ao executar um ensaio de son<strong>da</strong>gem para o reconhecimento do perfil do solo, poderá<br />

ocorrer <strong>da</strong> locação do furo coincidir com um bloco de rocha; estes casos estão previstos na<br />

NBR8036/1983.<br />

Quando o matacão possui dimensões muito grandes o furo deve ser deslocado<br />

conforme NBR8036/1983. Caso acusar rocha novamente, deve-se aumentar a distância para<br />

realização de outro furo e se houver outra coincidência e outro matacão for encontrado a<br />

interpretação do perfil será feita erroneamente e a <strong>da</strong> escolha de fun<strong>da</strong>ção e dimensionamento<br />

estarão prejudicados (figura 3-8). Esta situação também pode ocorrer por falta de<br />

investigações suficientes.<br />

71


Figura 3-8 - Ilustração do perfil real e do perfil adotado por interpretação equivoca<strong>da</strong><br />

Os matacões têm que ser ultrapassados e as fun<strong>da</strong>ções, assenta<strong>da</strong>s em uma cama<strong>da</strong><br />

consistente. No caso de fun<strong>da</strong>ções diretas, isto se torna um grande problema, pois sua<br />

execução será dificulta<strong>da</strong>, geralmente com a remoção de parte do bloco; nas fun<strong>da</strong>ções<br />

profun<strong>da</strong>s, a presença de matacões pode resultar em elementos apoiados de forma não segura.<br />

72


e) SOLOS EXPANSIVOS<br />

A expansibili<strong>da</strong>de é um grande problema do Brasil, em regiões como a Bahia, pois<br />

existem vários casos de patologias de fun<strong>da</strong>ções registra<strong>da</strong>s com este problema (figura 3-9),<br />

principalmente em casas de baixa ren<strong>da</strong> e em estra<strong>da</strong>s de ro<strong>da</strong>gem.<br />

Figura 3-9 - Trinca em alvenaria devido à expansão do solo (disponível em<br />

www.conder.ba.gov.br)<br />

A expansibili<strong>da</strong>de pode ser compreendi<strong>da</strong> pela pressão de expansão e variação<br />

volumétrica do maciço terroso, devido à presença de argilo-minerais. Estruturas apoia<strong>da</strong>s<br />

sobre solos expansivos podem estar sujeitas a uma série de ações indesejáveis, resultantes <strong>da</strong>s<br />

expansões durante o umedecimento, bem como <strong>da</strong>s variações de volumes associados, que<br />

podem provocar o levantamento ou deslocamento <strong>da</strong>s estruturas (OLIVEIRA, JESUS, &<br />

MIRANDA).<br />

O controle de variações de umi<strong>da</strong>de não é simples, pois são inúmeros os fatores que<br />

provocam estas variações: variações do lençol freático; características pluviométricas;<br />

presença de vegetação. Para reduzir as anomalias, não se devem atacar as causas propriamente<br />

ditas e sim trabalhar a fun<strong>da</strong>ção para reduzir ou evitar estes efeitos.<br />

73


Os procedimentos cabíveis para evitar as anomalias segundo Peck et al.<br />

(MILITITSKY ET AL., 2005) são:<br />

- Isolar a estrutura dos solos expansivos com a utilização de outros materiais como<br />

isopor ou compensados, minimizando os efeitos de compressão dos materiais<br />

componentes <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção.<br />

- No caso de estacas, dimensioná-las com armadura para suportar esforços de tração ao<br />

longo do fuste, além de garantir a rigidez e resistência <strong>da</strong> superestrutura para absorver<br />

tais esforços;<br />

- Eliminar os efeitos de expansibili<strong>da</strong>de com técnicas de estabilização do solo através<br />

de adições de cimentantes alcalinos ou <strong>da</strong> substituição de parte <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> do solo<br />

expansivo por um aterro superficial com material inerte, cujo peso equilibraria as<br />

forças de expansão.<br />

74


3.2 - UTILIZAÇÃO DO LAUDO TÉCNICO PARA APRESENTAÇÃO DE<br />

UMA ANOMALIA<br />

ANOMALIA ERRO DE INVESTIGAÇÃO GEOTÉCNICA<br />

DIAGNÓSTICO<br />

TERAPÊUTICA<br />

INFORMAÇÕES PERTINENTES<br />

No processo de son<strong>da</strong>gem e<br />

reconhecimento do solo há um risco<br />

de ocorrer falhas tanto na<br />

identificação de blocos de rochas,<br />

como na interpretação <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s<br />

do perfil.<br />

APRESENTAÇÃO<br />

VISUAL<br />

CAUSAS<br />

Má interpretação dos resultados dos ensaios de son<strong>da</strong>gem e<br />

reconhecimento <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s ou falta de investigação suficiente<br />

SINTOMAS<br />

Deslocamentos relativos à fun<strong>da</strong>ção que fora executa<strong>da</strong> sobre o<br />

bloco de rocha, com aparecimento de fissuras e até mesmo risco de<br />

colapso <strong>da</strong> edificação<br />

PROGNÓSTICO<br />

A partir do erro no processo de investigação pode-se iniciar uma<br />

série de falhas, mas principalmente a escolha equivoca<strong>da</strong> do tipo de<br />

fun<strong>da</strong>ção<br />

OBSERVAÇÕES<br />

È um problema muito comum e pode ocorrer por simples<br />

coincidência no processo de son<strong>da</strong>gem, visto que esta análise é feita<br />

de fora para dentro e as tecnologias avança<strong>da</strong>s com boa precisão<br />

ain<strong>da</strong> são inacessíveis para diversos setores <strong>da</strong> construção civil<br />

Executar reforço <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção com uso de estacas desde que estas<br />

ultrapassem o bloco e seja considera<strong>da</strong> apenas a contribuição <strong>da</strong>s<br />

proprie<strong>da</strong>des abaixo do matacão<br />

75


4 - ESTUDO DE CASO<br />

4.1 - INFORMAÇÕES GERAIS<br />

O estudo de caso apresentado, refere-se a uma obra de construção de um galpão que<br />

servirá como hipermercado na ci<strong>da</strong>de de Salvador-BA. O empreendimento pertence a um<br />

grupo, cuja identificação não será feita nesta monografi, para resgar<strong>da</strong>r as partes envolvi<strong>da</strong>s.<br />

A empresa construtora contrata<strong>da</strong> pelo grupo é de grande porte técnico-financeiro com uma<br />

equipe muito bem qualifica<strong>da</strong> e que se deparou com um problema durante a execução <strong>da</strong>s<br />

fun<strong>da</strong>ções.<br />

A escolha do tipo de fun<strong>da</strong>ção partiu de estudos solicitados pela empresa construtora,<br />

que contratou uma empresa de son<strong>da</strong>gem para investigação do subsolo, que foi acompanha<strong>da</strong><br />

por um profissional especialista (engenheiro geotécnico) integrante do grupo técnico <strong>da</strong><br />

construção do galpão, ocorreu, entretanto uma falha do ponto de vista geotécnico, considera<strong>da</strong><br />

como imprevisto. Para a solução do problema, foi contrata<strong>da</strong> um empresa especializa<strong>da</strong> em<br />

serviços geotécnicos e reforços estruturais que, do ponto de vista técnico, resolveu<br />

satisfatoriamente o problema.<br />

4.2 - A ANOMALIA E O DIAGNÓSTICO<br />

O tipo de fun<strong>da</strong>ção escolhi<strong>da</strong> para o projeto do empreendimento foi estaca pré-<br />

mol<strong>da</strong><strong>da</strong> de concreto centrifugado, vaza<strong>da</strong> (SCAC), conforme mostrado na figura 4-1. A<br />

cravação foi realiza<strong>da</strong> por percussão (figura 4-7), porém no decorrer do processo de cravação,<br />

verificou-se que algumas estacas não penetraram até a profundi<strong>da</strong>de especifica<strong>da</strong> em projeto.<br />

Esta situação foi analisa<strong>da</strong> e condena<strong>da</strong> pelo engenheiro geotécnico contratado pela<br />

construtora, o qual desenvolveu estudos sobre o caso e definiu o reforço a ser adotado,<br />

sugerindo a contratação de uma empresa especializa para a execução do serviço. O<br />

fluxograma <strong>da</strong> figura 4-2 mostra a situação e os passos para resolução do problema.<br />

76


Figura 4-1 - Ilustração <strong>da</strong> estaca SCAC de mesmo modelo utiliza<strong>da</strong> no empreendimento<br />

Figura 4-2 - Fluxograma de empresas e serviços contratados<br />

77


Fazendo a anamnese <strong>da</strong> situação, a empresa especializa<strong>da</strong> contrata<strong>da</strong> conseguiu<br />

relatórios técnicos de caráter estrutural e alguns relatórios de ensaios de son<strong>da</strong>gem executados<br />

pela construtora, além <strong>da</strong>s informações obti<strong>da</strong>s através de reuniões periódicas junto ao corpo<br />

técnico <strong>da</strong> referi<strong>da</strong> construtora. Alguns ensaios foram realizados pela empresa especializa<strong>da</strong><br />

para a análise de parâmetros e obtenção de proprie<strong>da</strong>des pertinentes ao reforço que fora<br />

adotado. Alguns dos relatórios estão apresentados adiante e serviram de base para a<br />

determinação <strong>da</strong>s causas e do diagnóstico do problema aqui exposto.<br />

Por meio de informações obti<strong>da</strong>s para a elaboração do presente trabalho, sabe-se que a<br />

construtora tinha em mãos os resultados de son<strong>da</strong>gem a percussão realizados inicialmente.<br />

Sabe-se que a cravação era interrompido quando havia alcançado uma cama<strong>da</strong> muito<br />

resistente do solo e esta cama<strong>da</strong> poderia ser rocha ou não. Com base nestes resultados foi<br />

definido que a fun<strong>da</strong>ção seria estaca tipo SCAC, apoia<strong>da</strong> na rocha. De fato esta solução<br />

obteve algum êxito, to<strong>da</strong>via não em to<strong>da</strong>s as estacas, conduzindo à reprovação <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção<br />

por parte do engenheiro geotécnico que prestava consultoria à construtora. Algumas estacas<br />

de uma região do terreno não conseguiram ultrapassar a cama<strong>da</strong> de solo e ficara com a<br />

capaci<strong>da</strong>de de carga comprometi<strong>da</strong> devido à área lateral não crava<strong>da</strong>. A figura 4-3 ilustra a<br />

fun<strong>da</strong>ção do empreendimento com utilização de reforço.<br />

Figura 4-3 - Representação <strong>da</strong> estaca reforça<strong>da</strong> do empreendimento<br />

78


Posteriormente, foi comprovado que em alguns setores a cama<strong>da</strong> encontra<strong>da</strong> era rocha<br />

mesmo assim, a cravação não obteve sucesso no critério profundi<strong>da</strong>de, comprometendo a<br />

capaci<strong>da</strong>de de carga por atrito lateral (fuste). Deste modo o engenheiro geotécnico definiu, de<br />

antemão, que iria ter de reforçar a fun<strong>da</strong>ção e também definiu que o reforço seria executado<br />

com o uso de microestaca trabalhando como complemento <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de carga perdi<strong>da</strong><br />

pela estaca; ou seja, a microestaca trabalharia engasta<strong>da</strong> na rocha e transferiria parte <strong>da</strong> carga<br />

<strong>da</strong> estaca para o perfil rochoso. Para o desenvolvimento deste serviço, o engenheiro propôs a<br />

contratação de uma empresa especializa<strong>da</strong> nesse tipo de serviço.<br />

A causa detecta<strong>da</strong> para o problema, e que foi identifica<strong>da</strong> neste trabalho, foi a<br />

interpretação equivoca<strong>da</strong> do perfil <strong>da</strong> son<strong>da</strong>gem e, como conseqüência, a capaci<strong>da</strong>de de carga<br />

<strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção inadequa<strong>da</strong> para as solicitações <strong>da</strong> superestrutura.A figura 4.4 apresenta um<br />

esquema ilustrativo do problema até o procedimento de reforço adotado.<br />

Figura 4-4 - Utilização de reforço na situação do empreendimento<br />

79


4.3 - A TERAPÊUTICA<br />

A solução adota<strong>da</strong> para reforço foi determina<strong>da</strong> a partir de reuniões <strong>da</strong> construtora<br />

com o engenheiro geotécnico e com a empresa especializa<strong>da</strong>. Decidiu-se pela utilização de<br />

microestaca executa<strong>da</strong> por dentro <strong>da</strong> estaca SCAC e engastando na rocha, para complementar<br />

o desempenho estrutural <strong>da</strong> estaca vaza<strong>da</strong> de concreto. Sabe-se que parte dos novos ensaios,<br />

feitos pela empresa especializa<strong>da</strong>, foram executados internamente através <strong>da</strong> estaca vaza<strong>da</strong> de<br />

concreto.<br />

Nas reuniões entre a construtora e a empresa especializa<strong>da</strong> surgiram várias propostas<br />

de terapêutica para a situação: inicialmente pensou-se que as estacas tinham atingido a nega<br />

no embasamento rochoso e a solução seria utilização de tubo PVC e um feixe de barras de<br />

aço, aumentando a capaci<strong>da</strong>de portante <strong>da</strong> estaca com a aplicação <strong>da</strong> cal<strong>da</strong> por gravi<strong>da</strong>de. A<br />

segun<strong>da</strong> alternativa proposta após a verificação <strong>da</strong> existência de uma cama<strong>da</strong> de solo<br />

intermediária entre a cama<strong>da</strong> rochosa e a cota de cravação alcança<strong>da</strong> <strong>da</strong> estaca. Para este caso,<br />

sugeriu-se a utilização de tubo Schedule em lugar do feixe de barras, e a cal<strong>da</strong> injeta<strong>da</strong> a alta<br />

pressão. A última alternativa foi semelhante à segun<strong>da</strong> alternativa, to<strong>da</strong>via a cal<strong>da</strong> seria<br />

injeta<strong>da</strong> por gravi<strong>da</strong>de.<br />

Segundo o relatório fornecido pela empresa especializa<strong>da</strong>, o dimensionamento<br />

geométrico considerou engastamento <strong>da</strong> microestaca na rocha e a predominância <strong>da</strong><br />

resistência de ponta obti<strong>da</strong> através <strong>da</strong> transferência <strong>da</strong>s cargas verticais nos blocos para a<br />

ponta <strong>da</strong>s estacas engasta<strong>da</strong>s no embasamento. O referido relatório afirma que, segundo a<br />

NBR6122/1996, o atrito lateral poderia ser desprezado desde que fosse garantido o<br />

engastamento <strong>da</strong> estaca injeta<strong>da</strong> de no mínimo 3 (três) vezes o diâmetro <strong>da</strong> estaca, dentro <strong>da</strong><br />

rocha.<br />

Além dos ensaios de son<strong>da</strong>gem a percussão, foram executados ensaios de son<strong>da</strong>gem<br />

rotativa, configurando son<strong>da</strong>gem mista, com a finali<strong>da</strong>de de caracterização <strong>da</strong>s cama<strong>da</strong>s do<br />

perfil e obtenção de proprie<strong>da</strong>des do solo e, também, buscando identificar a profundi<strong>da</strong>de <strong>da</strong><br />

cama<strong>da</strong> de rocha que serviu de base para o reforço. A seguir, apresenta-se um dos boletins de<br />

son<strong>da</strong>gem a percussão (figura 4-5), feito pela empresa especializa<strong>da</strong>. Pode-se verificar através<br />

destes boletins que não houve a constatação <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de rocha no perfil, confirmando que<br />

houve faltade precisão por parte dos <strong>da</strong>dos obtidos nas son<strong>da</strong>gens iniciais.<br />

80


Figura 4-5 - Resultado do ensaio de son<strong>da</strong>gem no empreendimento<br />

81


4.4 - EXECUÇÃO DO REFORÇO<br />

A perfuração foi executa<strong>da</strong> internamente (na estaca SCAC) até alcançar a cama<strong>da</strong> de<br />

rocha, utilizando uma perfuratriz, a seco (com ar comprimido), com profundi<strong>da</strong>des varia<strong>da</strong>s,<br />

de acordo com as proprie<strong>da</strong>des <strong>da</strong> rocha. Normalmente era perfurado derca de 1 (um) metro<br />

dentro <strong>da</strong> rocha, onde observou características de rochas sãs. Foram perfura<strong>da</strong>s as estacas que<br />

apresentaram profundi<strong>da</strong>des entre 1,98 m e 4,30 m, prosseguindo até uma profundi<strong>da</strong>de média<br />

de 5,50 m. Houve um caso em que foram perfurados 7,00 m e não foi encontra<strong>da</strong> a cama<strong>da</strong><br />

de rocha. A figura 4-6 ilustra o processo de perfuração do solo com perfuratriz, até alcançar a<br />

cama<strong>da</strong> de solo.<br />

Figura 4-6 - Perfuração do solo<br />

82


O sistema utilizado para cravação <strong>da</strong> estaca foi à percussão, veja ilustração abaixo.<br />

Como já foi abor<strong>da</strong>do, não obteve êxito em parte de seus objetivos, pode-se verificar na figura<br />

abaixo (meramente ilustrativa) que uma parte <strong>da</strong> estaca fica externamente ao solo, o que é<br />

normal (haverá o arrasamento destas pontas), porém no caso <strong>da</strong> execução do empreendimento<br />

estu<strong>da</strong>do grandes comprimentos <strong>da</strong> estaca ficaram expostos. Para a correção do problema<br />

relatado, foi necessária a aplicação de um sistema de reforço permanente e de aumento do<br />

desempenho estrutural <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, já que parte <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de portante <strong>da</strong> estrutura de<br />

fun<strong>da</strong>ção ficara prejudica<strong>da</strong> pela anomalia.<br />

Figura 4-7 - Cravação de SCAC à percussão<br />

A alternativa inicial proposta pela empresa especializa<strong>da</strong> fora microestaca constituí<strong>da</strong><br />

por um feixe de três barras de aço CA-50 ∅=20 mm, fixados a um tubo (tipo manchete) de<br />

PVC com diâmetro de 32 mm. Os pinos seriam instalados em furos executados com uma<br />

perfuratriz roto-pneumática no interior de algumas estacas pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong>s de concreto, que<br />

tiveram a cravação interrompi<strong>da</strong> sob a suspeita <strong>da</strong> presença de cama<strong>da</strong> rochosa. O reforço<br />

consistia em perfurar 1m de profundi<strong>da</strong>de na cama<strong>da</strong> rochosa abaixo <strong>da</strong> cota de interrupção<br />

<strong>da</strong>s cravações e o posterior engastamento dos pinos, que seriam incorporados às estacas<br />

formando um único elemento de fun<strong>da</strong>ção.<br />

83


A função do tubo de PVC consistia, inicialmente, na limpeza do furo executado pela<br />

perfuratriz e, logo em segui<strong>da</strong>, na injeção por gravi<strong>da</strong>de de nata de cimento até a superfície do<br />

furo. Esta opção, porém, foi descarta<strong>da</strong> devido à descoberta de uma cama<strong>da</strong> de solo entre a<br />

rocha e a cota de nega <strong>da</strong> estaca, conforma já relatado.<br />

A solução proposta foi modifica<strong>da</strong> através de reuniões internas, ficando defini<strong>da</strong>, por<br />

sugestão <strong>da</strong> empresa especializa<strong>da</strong>, a substituição do feixe de barras por um tubo manchete de<br />

aço Schedule 80 ∅=3” e armadura complementar interna de 4 ∅25 mm em aço CA-50. O<br />

tubo manchete compreende o trecho que envolve o topo <strong>da</strong> estaca crava<strong>da</strong> até a extremi<strong>da</strong>de<br />

engasta<strong>da</strong> na rocha e foi preenchido através de injeção por gravi<strong>da</strong>de de cimento (fator<br />

a/c=0,5). Um esquema mostrando a utilização de microestaca com tubo Schedule conforme a<br />

solução adota<strong>da</strong>, é apresentado na figura 4-8.<br />

Figura 4-8 - Esquema de execução de microestaca com tubo Schedule 80<br />

84


O sistema proposto, (estaca de concreto vaza<strong>da</strong> com reforço em microestaca), garante<br />

uma rigidez maior flexional à estrutura de concreto armado <strong>da</strong> fun<strong>da</strong>ção, visto que a coroa<br />

circular <strong>da</strong> estaca pré-mol<strong>da</strong><strong>da</strong> foi preenchi<strong>da</strong> pela microestaca e argamassa, tornando a estaca<br />

“maciça”.<br />

4.5 - O PROGNÓSTICO E AS OBSERVAÇÕES<br />

A solução construtiva proposta pela empresa especializa<strong>da</strong> foi executa<strong>da</strong> com sucesso<br />

em to<strong>da</strong>s as estacas que apresentaram a anomalia abor<strong>da</strong><strong>da</strong>. Do ponto de vista técnico, foram<br />

executados os cálculos de capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong> estaca vaza<strong>da</strong>, considerando que o<br />

comprimento adotado em projeto, foi executado. Através de comparação de cargas, pôde-se<br />

verificar a parcela de resistência por atrito lateral perdi<strong>da</strong> devido a não-cravação <strong>da</strong> estaca por<br />

completo. Partindo desses <strong>da</strong>dos, foram dimensiona<strong>da</strong>s as microestacas e suas proprie<strong>da</strong>des<br />

para este caso especificamente, considerando apenas a resistência de ponta e desconsiderando<br />

a contribuição do fuste (figura 4-9).<br />

Figura 4-9 - Relação entre a carga <strong>da</strong> estaca de concreto e do reforço com microestaca<br />

85


4.6 - LAUDO TÉCNICO<br />

ANOMALIA<br />

DIAGNÓSTICO<br />

TERAPÊUTICA<br />

ESTUDO DE CASO - HIPERMERCADO<br />

ERRO NA INTERPRETAÇÃO DA INVESTIGAÇÃO<br />

GEOTÉCNICA<br />

INFORMAÇÕES PERTINENTES<br />

Empreendimento implementado com<br />

fun<strong>da</strong>ções em estacas de concreto<br />

centrifugado vazado; Havia uma<br />

equipe prepara<strong>da</strong> tecnicamente, com<br />

um especialista prestando consultoria<br />

no campo <strong>da</strong> engenharia geotécnica;<br />

Ocorreu problema com a execução <strong>da</strong><br />

cravação <strong>da</strong>s estacas de concreto e<br />

uma empresa especializa<strong>da</strong> foi<br />

contrata<strong>da</strong> para solucionar o problema<br />

APRESENTAÇÃO<br />

VISUAL<br />

CAUSAS<br />

Ocorreu falha na interpretação dos resultados <strong>da</strong> investigação<br />

geotécnica por parte <strong>da</strong> equipe de empresa construtora o que<br />

resultou na falha do processo de cravação <strong>da</strong>s estacas de concreto<br />

SINTOMAS<br />

As estacas de concreto não alcançaram o comprimento requerido<br />

pelo projeto em uma região <strong>da</strong> área construí<strong>da</strong>, implicando na<br />

reprovação técnica do sistema solo-estrutura<br />

PROGNÓSTICO<br />

Foram executados os cálculos de capaci<strong>da</strong>de de carga <strong>da</strong> estaca<br />

vaza<strong>da</strong> considerando a per<strong>da</strong> <strong>da</strong> capaci<strong>da</strong>de de carga por atrito<br />

lateral devido a não-cravação e dimensionou-se a microestaca para<br />

complementar esta capaci<strong>da</strong>de, que neste caso foi considerado<br />

apenas contribuição <strong>da</strong> resistência de ponta <strong>da</strong> microestaca<br />

OBSERVAÇÕES<br />

Na prospecção do subsolo foi encontra<strong>da</strong> uma cama<strong>da</strong> de solo<br />

muito rígi<strong>da</strong>, antes <strong>da</strong> cama<strong>da</strong> de rocha, o que dificultou a<br />

continuação do ensaio. A empresa continuou o processo de<br />

cravação, mesmo após verificar a anomalia nos primeiros casos. Os<br />

pilares que apresentaram anomalias foram: P1, P2, P3, P4, P5, P6,<br />

P7, P7A, P8, P158, P159, P160, com blocos compostos de 2 (duas)<br />

estacas por pilar<br />

Foi utiliza<strong>da</strong> uma solução em microestaca que fora executa<strong>da</strong> na<br />

parte interna <strong>da</strong> estaca vaza<strong>da</strong>, com a finali<strong>da</strong>de de complementar a<br />

capaci<strong>da</strong>de <strong>da</strong> mesma interagindo como ponte de distribuição <strong>da</strong><br />

carga oriun<strong>da</strong> <strong>da</strong> SCAC. A microestaca fora dimensiona<strong>da</strong><br />

desprezando sua contribuição de carga lateral.<br />

86


5 - CONCLUSÕES<br />

Patologia de fun<strong>da</strong>ções é um tema recente, principalmente no Brasil, com poucas<br />

publicações na área técnica e com uma significativa importância para criação de novas áreas e<br />

tecnologias na análise de problemas intrínsecos à estrutura de fun<strong>da</strong>ção. O presente trabalho<br />

abordou teorias básicas de mecânica dos solos e fun<strong>da</strong>ções, que servem de base para o<br />

entendimento dos problemas em fun<strong>da</strong>ções, bem como suas causas. Para tal, foram<br />

apresentados termos e procedimentos específicos <strong>da</strong> área <strong>da</strong> medicina, como anamnese,<br />

diagnóstico, etc., correlacionando-os à engenharia civil e geotécnica, em casos reais e<br />

clássicos de problemas patológicos geotécnicos. Por fim foi feita uma apresentação de um<br />

caso de patologia de fun<strong>da</strong>ção em estaca, focando-o para a área de patologia e resumindo-o<br />

em um laudo de manifestações patológicas.<br />

A partir do apresentado no escopo do trabalho pode-se concluir que:<br />

Existem inúmeros problemas patológicos em fun<strong>da</strong>ções, muitos já foram<br />

estu<strong>da</strong>dos por especialistas <strong>da</strong> área de geotecnia, porém não há a propagação<br />

destes conhecimentos específicos;<br />

As anomalias são geralmente conheci<strong>da</strong>s e as soluções são de fácil acesso mas<br />

em geral, com elevado custo. No entanto, a melhor solução é garantir a<br />

quali<strong>da</strong>de do empreendimento desde o seu início, sendo este procedimento<br />

mais seguro e economicamente mais viável;<br />

A correlação entre conceitos <strong>da</strong> área <strong>da</strong> saúde com a área de engenharia civil<br />

pode auxiliar nos procedimentos de diagnósticos de anomalias e nos processos<br />

de terapêuticas no campo de engenharia;<br />

É possível utilizar microestaca com capaci<strong>da</strong>de de carga apenas de ponta,<br />

desconsiderando o efeito lateral, desde que a microestaca seja dimensiona<strong>da</strong> e<br />

reforça<strong>da</strong> (se necessário) para o caso, e que a resistência do embasamento seja<br />

compatível com as características desta estaca de pequeno diâmetro;<br />

87


A microestaca pode ser loca<strong>da</strong> internamente numa estaca vaza<strong>da</strong> como reforço,<br />

garantindo a distribuição de esforços <strong>da</strong> estaca e complementando a capaci<strong>da</strong>de<br />

de carga, além de aumentar a rigidez flexional <strong>da</strong> estaca vaza<strong>da</strong>;<br />

A investigação do solo bem feita e criteriosa, é fun<strong>da</strong>mental para a definição<br />

<strong>da</strong>s fun<strong>da</strong>ções adequa<strong>da</strong>s, evitando custos adicionais e atrasos no cronograma<br />

<strong>da</strong> obra;<br />

Existe um moderno campo dentro <strong>da</strong> engenharia, a patologia de construção,<br />

falta o incentivo, novas pesquisas na área e o investimento <strong>da</strong>s universi<strong>da</strong>des e<br />

institutos tecnológicos que possibilitem a difusão do tema e a abor<strong>da</strong>gem do<br />

mesmo na graduação, com mais ênfase.<br />

88


6 - REFERÊNCIAS<br />

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89


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