18.04.2013 Views

Clique para baixar o PDF - A ARTE DA PALAVRA

Clique para baixar o PDF - A ARTE DA PALAVRA

Clique para baixar o PDF - A ARTE DA PALAVRA

SHOW MORE
SHOW LESS

Create successful ePaper yourself

Turn your PDF publications into a flip-book with our unique Google optimized e-Paper software.

Português<br />

A Arte da Palavra<br />

Língua portuguesa<br />

Gabriela Rodella<br />

Graduada em Português e Alemão e licenciada em Português pela USP<br />

Mestre em Linguagem e Educação pela Faculdade de Educação da USP<br />

Flávio Nigro<br />

Graduado em Jornalismo e Comunicação Social pela PUC-SP<br />

João Campos<br />

Graduado em Português pela USP<br />

Professor da rede particular de ensino da cidade de São Paulo<br />

o<br />

7ano<br />

1ª edição São Paulo 2009<br />

Livro do<br />

professor<br />

L i ura<br />

Os textos selecionaselecionados <strong>para</strong> leitura trazem<br />

uma variedade de gêneros<br />

que você deve<br />

aprender a manejar.<br />

Foram escolhidos com<br />

muito cuidado – esperamos<br />

que você goste<br />

deles e que se divirta<br />

com a sua leitura.<br />

Você Sabia?<br />

Mais informações e<br />

curiosidades sobre o<br />

assunto estudado.<br />

Apresentação<br />

Aqui você fi ca sabendo<br />

quais são os<br />

principais conteúdos<br />

do capítulo.<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra<br />

Conheça o seu livro<br />

Para Discutir…<br />

Traz questões que serão respondidas<br />

oralmente. Elas servem <strong>para</strong><br />

saber o que você já conhece sobre o<br />

que vai estudar no capítulo e orientam<br />

a discussão com os colegas.<br />

E<br />

Introdução<br />

Textos, imagens ou<br />

até mesmo atividades<br />

sobre o assunto que<br />

será estudado servem<br />

<strong>para</strong> introduzi-lo<br />

e <strong>para</strong> motivar a discussão<br />

sobre ele.<br />

Estudo<br />

do Texto<br />

Seção com perguntas<br />

de compreensão e interpretação<br />

dos textos<br />

estudados.<br />

Seu professor vai indicar<br />

se as questões<br />

devem ser respondidas<br />

oralmente em classe<br />

ou por escrito, em seu<br />

caderno.<br />

5


Textos expositivos<br />

Nesta seção apresentamos textos<br />

que sistematizam conceitos<br />

centrais ou trazem mais informações<br />

sobre o assunto estudado.<br />

Preste sempre atenção às ilustrações<br />

que acompanham os textos.<br />

Concorde, discorde, pesquise<br />

mais sobre o que você leu.<br />

A<br />

Boxes<br />

Ao longo do capítulo, podem<br />

aparecer caixas com textos que<br />

explicam com detalhes algum<br />

aspecto importante do assunto<br />

abordado.<br />

Atividades<br />

São seções que contêm ativi-<br />

dades de diversos tipos. Podem até<br />

mesmo trazer trechos de textos a serem<br />

estudados.<br />

Língua<br />

em Uso<br />

Nesta seção, você vai estudar rerecursos e aspectos da língua que geralmente<br />

são usados em textos do<br />

gênero tratado no capítulo.<br />

Gramática<br />

em Ação<br />

Nesta seção, você vai estudar a língua<br />

portuguesa e aspectos dela que servem de<br />

referência <strong>para</strong> as variedades linguísticas<br />

que usamos em situações mais formais.<br />

Você vai aprender sobre o funcionamento<br />

da gramática, sobre as relações entre as<br />

palavras e também sobre a ortografi a.<br />

Mão na<br />

Massa<br />

É hora de arregaçar as mangas! Como o<br />

próprio nome diz, esta seção foi feita <strong>para</strong><br />

orientar a produção dos textos dos alunos,<br />

com base em tudo o que você estudou ao<br />

longo do capítulo.<br />

As propostas de produção trazem projetos<br />

de trabalho contextualizado, com<br />

objetivos claros e dirigidos a um público<br />

específi co.<br />

Algumas vezes, você vai produzir seus<br />

textos individualmente. Outras, produzirá<br />

textos em conjunto com seus colegas.<br />

Você vai perceber também que a seção<br />

Mão na Massa, por vezes, é dividida em<br />

etapas ao longo do capítulo, como pre<strong>para</strong>ção<br />

<strong>para</strong> a produção fi nal.<br />

Leitura da Arte<br />

Pinturas, fotografi as, murais, esculturas,<br />

enfi m, imagens que estão relacionadas ao<br />

gênero ou ao tema estudado no capítulo<br />

são apresentadas geralmente como um<br />

enigma, <strong>para</strong> que você possa fazer a leitura<br />

de códigos não verbais.<br />

Multimídia<br />

Aqui você tem dicas de fi lmes, livros,<br />

músicas e sites que trazem mais informações<br />

sobre o gênero e temas estudados.<br />

A leitura desses textos não precisa esperar<br />

pelo fi nal do capítulo. Você pode procurar<br />

na biblioteca os livros que achar interessantes<br />

ou consultar já a internet.<br />

6 7<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra


Sumário<br />

1. Narrativas de Aventura 12<br />

Qual é o fim da história? 13<br />

Leitura 1 – Viagem ao centro da Terra Júlio Verne 14<br />

A aventura 21<br />

Estrutura da narrativa 22<br />

Os conectores temporais 23<br />

Leitura 2 – Primeiras aventuras em companhia de Sancho Cervantes/Lobato 24<br />

As personagens 27<br />

Leitura 3 – A segunda viagem de Simbad, o marujo Trad. Ferreira Gullar 28<br />

Os narradores 33<br />

A fala das personagens 34<br />

Morfossintaxe 1 35<br />

Frase 36<br />

Oração 37<br />

Período 38<br />

As frases e a pontuação 39<br />

A frase e seu contexto 40<br />

Mão na Massa – Narrativa de Aventura 42<br />

Leitura da Arte 44<br />

Multimídia 45<br />

2. Diários e Blogs 46<br />

Meninas renunciam aos blogs 47<br />

Leitura 1 – Querido diário otário Jim Benton 48<br />

Os diários 49<br />

Leitura 2 – Diário de Anne Frank Anne Frank 50<br />

Querido diário… 54<br />

Vocativo 55<br />

Leitura 3 – Cem dias entre céu e mar Amyr Klink 56<br />

Mão na Massa – Escrevendo um Diário 60<br />

Leitura 4 – Meninas más arranjam tempo quando lhes interessa Alê Felix 61<br />

Na teia dos blogs 63<br />

Leitura 5 – Posts de blogs Diversos autores 64<br />

O post e os comentários 65<br />

Leitura 6 – O blog nas esquinas do cotidiano Fal Azevedo 66<br />

Termos essenciais da oração: o sujeito e o predicado 68<br />

Núcleo do sujeito 70<br />

Tipos de sujeito 71<br />

Oração sem sujeito 72<br />

Termos essenciais e a pontuação 74<br />

Mão na Massa – Do Diário ao Relato 75<br />

Leitura da Arte 76<br />

Multimídia 77<br />

3. Entrevistas 78<br />

Um, dois, três, gravando… 79<br />

Leitura 1a – Alunos-luz Gilberto Dimenstein 80<br />

Leitura 1b – A entrevista pede bis Carla Mühlhaus 81<br />

Mais que uma conversa 83<br />

Leitura 2 – “Fingi ser gari por 8 anos e vivi como um ser invisível” P. Delphino 84<br />

Estrutura da entrevista 87<br />

Pre<strong>para</strong>ndo a entrevista 88<br />

Mão na Massa – Entrevistando um Colega 89<br />

Formas de tratamento 90<br />

Conduzindo a “conversa” 91<br />

Leitura 3 – Entrevista com João Donato Tião Maia 92<br />

Do oral <strong>para</strong> a escrita 95<br />

Concordância verbal 96<br />

Verbos de ligação 98<br />

Tipos de predicado 100<br />

Uso do s e do z 103<br />

Mão na Massa – Memória do Bairro 104<br />

Leitura da Arte 106<br />

Multimídia 107<br />

4. Teatro 108<br />

A vida representada 109<br />

Leitura 1 – O califa cegonha Wilhelm Hauff 110<br />

O texto teatral 115<br />

Diálogo, rubrica e conflito 116<br />

Mão na Massa – Escrevendo Diálogos 119<br />

Breve história do teatro 120<br />

Leitura 2 – O santo e a porca Ariano Suassuna 124<br />

Personagem teatral 129<br />

Mão na Massa – Criação de Personagens 130<br />

A expressão teatral 131<br />

A entonação 131<br />

Os gestos 131<br />

Termos integrantes da oração 132<br />

Verbos nocionais 132<br />

Transitividade 133<br />

Termos integrantes e a pontuação 138<br />

Mão na Massa – Leitura Dramática 140<br />

Leitura da Arte 142<br />

Multimídia 143<br />

8 9<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra


5. Histórias de TERROR 144<br />

Sob o domínio das trevas 145<br />

Leitura 1 – O gato preto Edgar Allan Poe 146<br />

Histórias de terror 150<br />

A hora do pesadelo 152<br />

Leitura 2 – Vovó Maria Heloisa Prieto 153<br />

Personagens inquietantes 157<br />

Mão na Massa – Estranhas Criaturas 157<br />

Leitura 3 – Devolva minha aliança Rosa Amanda Strausz 158<br />

O espaço nas narrativas 165<br />

A descrição 166<br />

Mão na Massa – A Descrição e o Espaço 167<br />

Termos acessórios da oração 168<br />

Adjunto adverbial 168<br />

Adjunto adnominal 170<br />

Aposto 171<br />

Termos acessórios e a pontuação 172<br />

Por que, por quê, porque e porquê 174<br />

Mão na Massa – Histórias de Terror 176<br />

Leitura da Arte 178<br />

Multimídia 179<br />

6. Pesquisas e Resumos 180<br />

Raízes do Brasil 181<br />

Leitura 1 – O pastor Drauzio Varella 182<br />

Mão na Massa – Árvore Genealógica 185<br />

Leitura 2 – As muitas faces do Brasil Klick Educação 186<br />

O texto expositivo 188<br />

Aprender a aprender 189<br />

Leitura 3 – Migrações IBGE Teen 190<br />

O resumo e a pesquisa 192<br />

Resumindo… 193<br />

Leitura 4a – “Brasil tem a cara do futuro”, diz professor C. Glycerio 194<br />

Leitura 4b – “Tenho orgulho de ser quase 100% africana” C. Glycerio 195<br />

Mão na Massa – Fazendo um Resumo 195<br />

Vozes verbais 196<br />

Voz ativa, passiva e reflexiva 196<br />

Agente da passiva 197<br />

Vozes passivas sintética e analítica 198<br />

Pronomes relativos 200<br />

Verbos terminados em ão e am 203<br />

Mão na Massa – A Formação do Brasil 204<br />

Leitura da Arte 206<br />

Multimídia 207<br />

Volume de entradas nas Grandes Regiões<br />

1986/1991, 1991/1996 e 1995/2000<br />

1.600.000<br />

1.400.000<br />

1.200.000<br />

1.000.000<br />

800.000<br />

600.000<br />

400.000<br />

200.000<br />

0<br />

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste<br />

1991 1996 2000<br />

Fonte: Contagem da População 1996 Censo Demográfico 1991;<br />

Tabulação Avançada do Censo Demográfico 2000. Resultados<br />

Preliminares da Amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2000<br />

7. Canções Populares 208<br />

É só sucesso! 209<br />

Leitura 1a – O cio da terra M. Nascimento/Chico Buarque 210<br />

Leitura 1b – Asa-branca Luiz Gonzaga/Humberto Teixeira 210<br />

Música e letra 212<br />

A fala e o canto 213<br />

Leitura 2 – Valsinha Vinicius de Moraes/Chico Buarque 214<br />

A estrutura da canção 216<br />

A letra da canção 217<br />

Repetições na canção 218<br />

Refrão e <strong>para</strong>lelismo 218<br />

Rimas 221<br />

Aliterações e assonâncias 222<br />

Acentuação musical 223<br />

Leitura 3 – Conversa de botequim Vadico/Noel Rosa 224<br />

Brevíssima história da MPB 226<br />

Mão na Massa – Pesquisa: Canções do Brasil 227<br />

Leitura 4 – Domingo no parque Gilberto Gil 228<br />

Pronomes oblíquos 230<br />

Usos do há e do a 235<br />

Mão na Massa – Paródias 236<br />

Mão na Massa – Festival da Paródia 237<br />

Leitura da Arte 238<br />

Multimídia 239<br />

Bibliografia 240<br />

Volume de saídas nas Grandes Regiões<br />

1986/1991, 1991/1996 e 1995/2000<br />

1.600.000<br />

1.400.000<br />

1.200.000<br />

1.000.000<br />

800.000<br />

600.000<br />

400.000<br />

200.000<br />

0<br />

Norte Nordeste Sudeste Sul Centro-Oeste<br />

1991 1996 2000<br />

Fonte: Contagem da População 1996 Censo Demográfico 1991;<br />

Tabulação Avançada do Censo Demográfico 2000. Resultados<br />

Preliminares da Amostra. Rio de Janeiro: IBGE, 2000<br />

10 11<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra


Capítulo 1<br />

Narrativas<br />

de Aventura<br />

Neste capítulo vamos:<br />

b Ler e escrever narrativas de aventura;<br />

b Saber mais sobre a estrutura dessas histórias,<br />

sobre seus narradores, suas personagens e a voz delas;<br />

b Estudar as diferenças entre frase, oração e período;<br />

b Entender a importância da pontuação.<br />

Qual é o fi m da história?<br />

Quem não gosta de uma boa narrativa de aventura, com heróis corajosos<br />

que enfrentam desafios imprevistos e mirabolantes?<br />

As histórias de aventura são narradas e lidas há séculos. Isso as torna<br />

conhecidas por todos, como é o caso de algumas das aventuras que você<br />

vai ler neste capítulo.<br />

Na Grécia Antiga, essas narrativas contavam<br />

as peripécias de deuses e semideuses. Na Idade<br />

Média, narravam as aventuras de nobres ca- ca-<br />

valeiros. Hoje em dia podemos encontrá-<br />

-las em livros, histórias em quadrinhos, filmes<br />

e jogos: peripécias e façanhas dos mais<br />

variados tipos de herói.<br />

Que tipo de narrativa de aventura tem<br />

mais a ver com você?<br />

Para Discutir…<br />

1. As cenas acima foram tiradas de aventuras do cinema<br />

e da televisão. Você sabe a que histórias pertencem?<br />

O que está ocorrendo em cada uma das cenas?<br />

3. De qual personagem dessas narrativas você mais<br />

gosta? Por quê?<br />

12 13<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra<br />

Imagens: Divulgação


Prensa Três<br />

Leitura seria fácil recuperá-la soltando uma ponta e puxando a outra.<br />

1<br />

Você Sabia?<br />

O gosto por aventuras<br />

surgiu bem cedo em Júlio<br />

Verne. Nascido na cidade<br />

portuária francesa de<br />

Nantes, ainda garoto costumava<br />

observar os navios<br />

que zarpavam <strong>para</strong> terras<br />

desconhecidas. Com apenas<br />

12 anos, o jovem Verne trocou<br />

de lugar com um adolescente<br />

e embarcou como<br />

grumete (aprendiz de marinheiro)<br />

em um cargueiro<br />

a vela que partia <strong>para</strong> as<br />

Bermudas. O futuro escritor,<br />

porém, foi logo descoberto<br />

e mandado de volta<br />

<strong>para</strong> casa.<br />

Viagem ao centro da Terra é, como o próprio nome diz, uma aventura<br />

rumo ao interior do nosso planeta. Tudo começa quando o professor<br />

Lidenbrock e seu sobrinho Axel, moradores de Hamburgo, decifram<br />

um antigo manuscrito de Saknussemm, um alquimista que afirmava<br />

ter encontrado a entrada <strong>para</strong> o centro da Terra na cratera de um<br />

vulcão localizado na Islândia. Em Reikjavik, o jovem Axel e seu tio<br />

contratam a ajuda de Hans Bjelke, um caçador islandês que lhes serve<br />

de guia até o sopé do vulcão e os acompanha na fantástica jornada.<br />

Viagem ao centro da Terra<br />

Júlio Verne<br />

Capítulo XVI<br />

Agora começava a verdadeira viagem. Até então, o cansaço havia sido maior<br />

que as dificuldades; agora, estas iriam realmente brotar a nossos pés.<br />

Eu ainda não tinha olhado <strong>para</strong> esse poço insondável em que ia mergulhar. Chegara<br />

a hora. Podia ainda aderir à iniciativa ou desistir dela. Mas eu tinha vergonha<br />

de recuar na presença do caçador. Hans aceitava tão tranquilo a aventura, com tal<br />

indiferença e inconsciente de qualquer perigo, que fiquei vermelho só de pensar em<br />

ser menos valente que ele. Se eu estivesse sozinho, teria arranjado uma porção de<br />

desculpas; mas, na presença do guia, não tive saída. Uma de minhas lembranças<br />

voou <strong>para</strong> minha querida virlandesa, e me aproximei da chaminé central.<br />

Acho que ela tinha trinta metros de diâmetro, ou cem metros de circunferência.<br />

Inclinei-me de cima de uma rocha que pendia sobre o buraco e observei. Meus<br />

cabelos arrepiaram-se. Uma sensação de vazio tomou conta de mim. Comecei a<br />

perder o equilíbrio, e a vertigem subiu-me à cabeça, como se eu estivesse me embriagando.<br />

Que coisa mais chata essa atração do abismo. Eu ia cair.<br />

Uma mão me segurou: era Hans. Na verdade, eu não assistira a todas as “lições<br />

de abismo” na Vor Frelsers Kirke de Copenhague.<br />

Mas, se eu olhasse um pouco mais <strong>para</strong> dentro desses poços, teria percebido<br />

sua conformação. As paredes, quase perpendiculares, tinham numerosas saliências<br />

que podiam facilitar a descida. Contudo, se não faltava escada, faltava corrimão.<br />

Uma corda amarrada em cima era o bastante <strong>para</strong> nos segurar, mas como soltá-la<br />

quando chegássemos lá embaixo?<br />

Para superar essa dificuldade, meu tio empregou um recurso muito simples.<br />

Desenrolou uma corda de uns dois centímetros de grossura e uns cento e trinta<br />

metros de comprimento. Primeiro, deixou que ela desenrolasse até a metade; depois,<br />

enrolou-a em volta de um bloco de lava com uma saliência e jogou a outra<br />

metade no buraco. Cada um de nós podia então descer segurando na mão as duas<br />

metades da corda que ficaria presa no bloco; depois de descer uns sessenta metros,<br />

Daí, era só recomeçar esse exercício ad infinitum.<br />

– Agora – disse meu tio, depois de ter feito esses pre<strong>para</strong>tivos<br />

–, vamos cuidar das bagagens. Vamos dividi-las<br />

em três fardos, e cada um de nós prenderá um deles nas<br />

costas, isto é, só os objetos frágeis.<br />

É claro que o professor não nos incluía nessa última<br />

categoria:<br />

– Hans vai se encarregar dos utensílios e de uma parte<br />

da comida; você, Axel, vai ficar com outra parte da comida<br />

e com as armas; e eu, com o resto da comida e com os<br />

instrumentos frágeis.<br />

– Mas e as roupas, e este monte de cordas e escadas,<br />

quem vai levá-las até lá embaixo?<br />

– Elas descerão sozinhas.<br />

– Como?<br />

– Você vai ver.<br />

Meu tio, como sempre, não vacilava em mandar. A<br />

uma ordem sua, Hans reuniu num único volume os objetos<br />

pesados, e esse fardo, bem amarrado, foi simplesmente<br />

jogado no buraco.<br />

Ouvi o estrondo produzido pelo deslocamento das<br />

camadas de ar. Meu tio, debruçado sobre o abismo,<br />

olhava satisfeito a descida de suas bagagens e só se levantou<br />

depois que as perdera de vista:<br />

– Muito bem. Agora é nossa vez. […]<br />

1. Na passagem que você acabou de ler, podemos<br />

identificar três personagens: prof. Lidenbrock,<br />

o jovem Axel e Hans Bjelke.<br />

a. O narrador de Viagem ao centro da Terra é<br />

uma dessas três personagens ou é alguém que<br />

não estava presente entre os viajantes?<br />

b. Justifique sua resposta usando três trechos do<br />

texto.<br />

2. Como o narrador descreve Hans Bjelke? Justifique<br />

sua resposta copiando adjetivos atribuídos a ele.<br />

3. Que tipo de sentimento Axel tem antes de olhar<br />

<strong>para</strong> dentro da chaminé do vulcão? Por que ele<br />

não se deixa contagiar por tal sentimento?<br />

4. Nem sempre uma personagem é descrita por<br />

adjetivos. Suas ações também servem <strong>para</strong> nos<br />

indicar suas características exteriores e interiores.<br />

Leia atentamente os trechos abaixo sobre o Prof.<br />

Lidenbrock. Qual característica psicológica eles<br />

apontam?<br />

a. “Meu tio, como sempre, não vacilava em<br />

mandar...”<br />

b.“Para superar essa dificuldade, meu tio empregou<br />

um recurso muito simples.”<br />

5. Como você imagina que sejam fisicamente o prof.<br />

Lidenbrock, Axel e Hans Bjelke? Descreva-os em<br />

seu caderno, e então explique por que você os<br />

vê assim.<br />

14 15<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra<br />

E<br />

Glossário<br />

chaminé: canal pelo qual o vulcão<br />

expele a lava. A cratera se localiza<br />

no topo da chaminé vulcânica.<br />

vertigem: tontura.<br />

Vor Frelsers Kirke: igreja de<br />

Copenhague, com uma torre de<br />

noventa metros.<br />

ad infinitum: expressão em latim,<br />

significa “sem fim”.<br />

virlandesa: nativa de Vierlande,<br />

região ao sul de Hamburgo, na<br />

Alemanha.


M M<br />

Estrutura da narrativa<br />

Numa narrativa de aventura, o mais importante são as peripécias e os<br />

acontecimentos inesperados que o herói vive ao longo da história, que<br />

se passa num determinado espaço e num determinado tempo. Ou seja, o<br />

mais importante é a sequência de ações das personagens.<br />

Geralmente, cada episódio de uma narrativa desse tipo conta uma pequena<br />

história. Na situação inicial são apresentadas as personagens, os<br />

fatos, o tempo da narrativa e o espaço. Essa situação se desequilibra quando<br />

algo inesperado acontece, isto é, quando surge um conflito. Tal conflito<br />

ou complicação pode ou não ter uma resolução<br />

final. E os acontecimentos vão se sucedendo uns<br />

aos outros, complicando ou resolvendo os con-<br />

A seguir, você vai ler três situações iniciais.<br />

flitos apresentados.<br />

Para que elas se tornem histórias, você<br />

precisará continuá-las em seu caderno. Nos trechos do romance de Júlio Verne que<br />

Escreva <strong>para</strong> cada uma delas dois ou você acabou de ler, por exemplo, são narrados<br />

três parágrafos, transformando-as em a descida das personagens ao centro da Terra e<br />

pequenas narrativas.<br />

seu encontro com os répteis antediluvianos no<br />

1. As situações iniciais<br />

oceano que lá encontraram.<br />

b Dois barcos piratas, em busca do mesmo te- No episódio da luta dos répteis que as personasouro,<br />

encontram-se em pleno oceano, a camigens presenciam no centro da Terra, teríamos:<br />

nho de uma ilha perdida.<br />

Situação inicial: Alex, Hans e o professor<br />

b Um velhinho sai de casa <strong>para</strong> ir ao banco Lidenbrock encontram-se no centro da Terra,<br />

buscar dinheiro. Leva consigo seu cachorro vi-<br />

sobre a jangada no meio do calmo oceano.<br />

ra-lata, em em sua sua coleira. coleira.<br />

b Um jornalista chega ao serviço e encon-<br />

Conflito: dois répteis gigantes lutam entre si<br />

tra uma carta anônima sobre sua mesa de muito próximos à jangada em que estão as per-<br />

trabalho.<br />

sonagens principais.<br />

2. Analisando a sequência<br />

Resolução: um dos répteis é morto pelo outro,<br />

que se afasta da jangada, e tudo volta ao<br />

b Escolha uma dentre as três histórias que você<br />

inventou e responda em seu caderno: Qual é a equilíbrio.<br />

situação inicial dessa narrativa? Qual o confl ito Podemos ainda perceber, durante o conflito,<br />

da da história? Ele é é resolvido? Como? Como?<br />

que o ponto mais tenso desse trecho da narrativa<br />

de Verne é a luta dos gigantes animais marinhos.<br />

Esse momento é chamado de clímax e anuncia<br />

o desfecho ou a resolução do conflito: a morte de<br />

um dos animais e o retorno à normalidade.<br />

Nessa sequência da narrativa há ainda o<br />

suspense, criado pela expectativa em que ficam<br />

as personagens e o leitor enquanto não descobrem<br />

o que está se passando no mar, enquanto<br />

não descobrem que se trata de uma luta entre dois<br />

– e não vários – gigantescos animais marinhos.<br />

Os conectores temporais<br />

Nas narrativas em geral conta-se uma série de acontecimentos encadeados<br />

no tempo. Para tanto, usam-se expressões que funcionam como<br />

conectores temporais, assinalando a passagem do tempo e servindo<br />

<strong>para</strong> ligar as ações, <strong>para</strong> conectá-las.<br />

Alguns conectores temporais expressam a ideia de simultaneidade, outros<br />

ajudam a colocar em ordem a sequência de fatos. Veja abaixo alguns<br />

exemplos.<br />

Conectores que indicam<br />

simultaneidade<br />

no mesmo instante,<br />

enquanto isso,<br />

ao mesmo tempo,<br />

simultaneamente,<br />

neste momento,<br />

nesta ocasião,<br />

agora,<br />

durante.<br />

Conectores que indicam<br />

que certos fatos ocorreram<br />

antes de outros<br />

antes,<br />

um minuto mais cedo,<br />

um dia antes,<br />

dias atrás,<br />

anteriormente,<br />

previamente,<br />

até então,<br />

primeiro.<br />

Conectores que indicam<br />

que certos fatos ocorreram<br />

depois de outros<br />

depois,<br />

após,<br />

logo,<br />

mais tarde,<br />

um segundo depois,<br />

no dia seguinte,<br />

imediatamente,<br />

posteriormente.<br />

1. Releia abaixo dois trechos de Viagem ao centro da Terra e anote em seu<br />

caderno os conectores de tempo usados <strong>para</strong> encadear os aconteciacontecimentos no tempo.<br />

“Agora começava a verdadeira viagem. Até então, o<br />

cansaço havia sido maior que as dificuldades; agora, estas<br />

iriam realmente brotar a nossos pés.”<br />

“Primeiro, deixou que ela [a corda] desenrolasse até a<br />

metade; depois, enrolou-a em volta de um bloco de lava<br />

com uma saliência e jogou a outra metade no buraco.”<br />

2. Agora leia as frases abaixo e use conectores temporais <strong>para</strong> reescrevê-las<br />

em seu caderno, como se contasse uma história juntando todas elas. Faça<br />

as alterações que julgar necessárias <strong>para</strong> que sua narrativa fi que coesa.<br />

Ela lavou a louça e secou a pia.<br />

Ela estendeu a roupa no varal.<br />

Ela varreu o chão da casa e do quintal.<br />

Ela sentou e chorou.<br />

Estava muito triste com tudo o que acontecera.<br />

Língua<br />

em Uso<br />

22 23<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra


Língua<br />

em Uso A fala das personagens<br />

Em todos os tipos de narrativa é muito frequente que o narrador, a certa<br />

altura, dê a palavra às personagens. Reveja o trecho abaixo, de Viagem<br />

ao centro da Terra, prestando atenção às falas reproduzidas.<br />

“Hans aponta <strong>para</strong> uma massa escura a uma distância<br />

de uns cem metros, que se eleva e mergulha várias vezes.<br />

Observo e grito:<br />

– É um golfinho gigante!<br />

– É – replica meu tio –, e, olhe agora, um lagarto marinho<br />

de um tamanho incomum!<br />

– E, lá adiante, um crocodilo monstruoso! Olhe só o<br />

tamanho de sua mandíbula e as fileiras de dentes que ele<br />

tem. Ah, ele sumiu!<br />

– Uma baleia! Uma baleia! – grita, então, o professor.<br />

– Estou vendo suas nadadeiras enormes! Veja o ar e a água<br />

que ela solta pelas narinas!”<br />

Nesse caso, é como se o leitor pudesse “escutar” perfeitamente o que dizem<br />

as personagens, é como se ele pudesse ler as frases e as palavras que<br />

elas pronunciam. Para tanto, foi usado o discurso direto, no qual se reproduz<br />

exatamente o que disse uma outra pessoa ou personagem.<br />

No diálogo acima, as vozes das personagens são marcadas por travessões.<br />

Além disso, a primeira fala (do próprio narrador) é introduzida pelo<br />

verbo gritar (“[eu] grito”), o que dá informações ao leitor a respeito de como<br />

a fala é dita (a personagem provavelmente está assustada, temerosa, nervosa<br />

ou alterada, senão não gritaria).<br />

Além do travessão, também é comum o uso de aspas <strong>para</strong> marcar a fala<br />

das personagens.<br />

1. Leia a situação inicial abaixo.<br />

Certa feita, um herói, ao descansar em uma caverna de uma longa<br />

jornada, encontra ali um monstro. O monstro, que gosta de tudo muito<br />

organizado, não acha graça naquele herói em sua morada.<br />

Quando as personagens se encontram, um diálogo se desenrola.<br />

a. Como seria o desenvolvimento dessa história?<br />

b. Pense em um breve diálogo entre o herói e o monstro e escreva-o em seu<br />

caderno. Não se esqueça de usar as marcas necessárias ao diálogo e de introduzi-lo,<br />

usando os verbos adequados.<br />

Morfossintaxe 1<br />

Quando falamos ou escrevemos, não vamos pronunciando ou escrevendo<br />

as palavras ao acaso, mas as selecionamos e agrupamos conforme certas<br />

regras, <strong>para</strong> que formem o sentido que desejamos transmitir. Da mesma<br />

forma, quando ouvimos ou lemos, também vamos agrupando as palavras<br />

<strong>para</strong> compreender o sentido da mensagem.<br />

Para que isso aconteça, estabelecemos relações entre as palavras, de maneira<br />

a organizá-las numa estrutura com sentido.<br />

Falando assim, pode parecer complicado, mas todos nós fazemos essas<br />

operações de maneira intuitiva e precisa.<br />

Por exemplo, podemos pedir que alguém nos informe as horas de diversas<br />

maneiras. Há inúmeras palavras que poderiam ser escolhidas <strong>para</strong> isso<br />

e inúmeras maneiras de combiná-las.<br />

Que horas são? • Que hora é? • Você tem horas?<br />

São que horas? • Tem horas? • Quantas horas são?<br />

No entanto, não encontraremos ninguém que fale ou escreva assim:<br />

Horas são quê? • Horas tem?<br />

Isso porque essas duas estruturas, ou seja, essas maneiras de organizar<br />

as palavras não fazem parte das possibilidades oferecidas pela Língua<br />

Portuguesa. Vamos ver outro exemplo.<br />

1. Escreva em seu caderno quantas frases você conseguir com as palavras abaixo.<br />

Pedro • vê • Maria<br />

Podemos concluir que as mesmas palavras, em diferentes ordens, exprimem<br />

significados diferentes.<br />

2. Para formar as frases, portanto, selecionamos e combinamos as palavras. Com<br />

base no quadro abaixo, forme enunciados com sentido, fazendo as adaptações<br />

e inclusões necessárias:<br />

Substantivos Artigos Adjetivos Verbos Advérbios<br />

bolo, livro, gol,<br />

professor, caixa,<br />

médico, menina,<br />

bailarina, casa,<br />

aluna, óculos<br />

o, a,<br />

os, as,<br />

um, uns,<br />

uma, umas<br />

bonito, novo,<br />

feio, velho,<br />

doente,<br />

inteligente,<br />

brasileiro, alegre<br />

ser, ir, vir, estar,<br />

trazer, comer,<br />

chorar, chover,<br />

encontrar, fazer,<br />

quebrar<br />

A partir deste capítulo, vamos estudar as relações que se estabelecem<br />

entre as palavras e a ordem em que elas se encaixam na frase <strong>para</strong> formar<br />

o sentido. Ou seja, vamos estudar as funções das palavras nas frases (por<br />

exemplo, sujeito, predicado, objeto direto, complemento nominal etc.)<br />

Apesar de já usarmos essas relações e estruturas quando nos comunicamos,<br />

ao tomarmos consciência delas, aumentamos nosso controle sobre<br />

elas, ampliando nossa capacidade de expressão e de compreensão.<br />

Gramática<br />

em Ação<br />

nunca, sempre,<br />

ontem, agora,<br />

não, muito,<br />

rapidamente<br />

34 35<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra


A distribuição de palavras em classes de palavras chama-se classificação<br />

morfológica (substantivo, adjetivo, verbo etc.).<br />

A classificação das palavras de acordo com sua função na frase, que veremos<br />

a partir de agora, chama-se classificação sintática (sujeito, predicado,<br />

objeto direto etc.). O estudo das relações que as palavras estabelecem<br />

entre si nas frases chama-se sintaxe.<br />

Frase<br />

Frase é a menor unidade do discurso capaz de transmitir uma mensagem.<br />

Geralmente, a frase começa com letra maiúscula e termina com um sinal<br />

de pontuação (ponto final, de interrogação ou exclamação, reticências).<br />

Amanhã é feriado.<br />

Chove...<br />

Por favor, sente-se!<br />

Cada um por si.<br />

Ao estudar as frases, é sempre importante considerar todo o contexto de<br />

comunicação, ou seja, a situação em que a interação acontece. Isso porque o<br />

significado das frases pode depender de algo que foi escrito anteriormente.<br />

Por exemplo, isoladas, as frases a seguir não têm sentido.<br />

Não.<br />

Para dizer o mínimo!<br />

No trecho de Viagem ao centro da Terra, vimos o seguinte diálogo entre<br />

Axel e seu tio. Inseridas nesse diálogo, essas frases adquirem sentido.<br />

– O senhor parece inquieto, tio. O que foi? – digo, ao<br />

ver que ele não <strong>para</strong>va de levar a luneta aos olhos.<br />

– Inquieto? Não.<br />

– Impaciente, então?<br />

– Para dizer o mínimo!<br />

– Mas estamos indo a uma velocidade…<br />

– O que me importa? Não é a velocidade que é muito<br />

pequena. É o mar que é muito grande!<br />

Portanto, apesar de a frase ser a menor unidade do discurso capaz de<br />

transmitir uma mensagem, o sentido dessa mensagem depende de outras<br />

frases anteriores ou do contexto de comunicação.<br />

1. No trecho apresentado, há frases sem verbos. Transcreva-as em seu caderno.<br />

As frases que não apresentam verbo são chamadas de frases<br />

nominais.<br />

Oração<br />

A frase ou a parte dela que se organiza em torno de um verbo ou<br />

locução verbal recebe o nome de oração.<br />

Por exemplo:<br />

Agora começava a verdadeira viagem.<br />

Chegara a hora.<br />

Simbad começou a falar-lhes de sua terceira viagem.<br />

Dizemos que a oração se organiza em torno do verbo porque ele, além<br />

do seu significado, determina uma estrutura que deve ser preenchida, ou<br />

seja, “lugares” que devem ser ocupados por outras palavras.<br />

Quando pensamos no verbo entregar, nos ocorrem três “lugares” que devem<br />

ser preenchidos: quem entregou, o que foi entregue e a quem.<br />

Cecília entregou o bilhete ao Pedrão.<br />

Dependendo do verbo, essa necessidade varia. Por<br />

exemplo, o verbo “chover” não apresenta essa exigência:<br />

36 37<br />

Chovia.<br />

Além dessas palavras “exigidas” pelos verbos, outras<br />

podem ser acrescentadas, <strong>para</strong> indicar informações adicionais;<br />

por exemplo: modificando o verbo (advérbios),<br />

determinando um substantivo (adjetivos, artigos, pronomes)<br />

ou ligando palavras (preposições) etc.<br />

A esperta Cecília entregou rapidamente o<br />

bilhete manuscrito ao distraído Pedrão.<br />

É importante entender que a análise de frases isoladas é apenas um recurso<br />

<strong>para</strong> entendermos como o discurso vai se formando. Na prática, as<br />

coisas funcionam um pouco diferente, já que o contexto pode indicar indiretamente<br />

o conteúdo desses “lugares virtuais” que o verbo exige que sejam<br />

preenchidos. Por exemplo:<br />

– Cecília entregou o bilhete ao Pedrão?<br />

– Entregou.<br />

Nesse exemplo, as palavras que “faltam” <strong>para</strong> completar o sentido do<br />

verbo na segunda oração foram mencionadas na oração anterior.<br />

Portanto, <strong>para</strong> delimitarmos uma oração, em primeiro lugar devemos<br />

localizar um verbo ou locução verbal. Em seguida, identificamos as palavras<br />

que “completam” o sentido desse verbo.<br />

1. Transcreva, do diálogo da página anterior, uma oração organizada em torno de<br />

um verbo e outra em torno de uma locução verbal.<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra


Mão na<br />

Massa<br />

Prensa Três<br />

Narrativa de Aventura<br />

Objetivo<br />

Escrever, em dupla, uma narrativa de aventura.<br />

Neste projeto, você vai escrever em dupla com um colega uma breve narrativa<br />

de aventura que deverá ter a extensão de uma ou duas páginas. Quando<br />

terminarem, vocês poderão organizar um mural, no qual as narrativas fi carão<br />

expostas. Assim, todas as histórias poderão ser lidas por todos da classe.<br />

1. Criando as personagens<br />

Em A A A A ilha ilha ilha ilha do do do do tesouro, tesouro, tesouro, tesouro, escrito por Robert Louis<br />

b Vocês podem começar pela escolha das<br />

Stevenson, um garoto que mora numa cidade<br />

personagens.<br />

litorânea da Inglaterra vive diversas aventuras<br />

• Quem será a personagem principal?<br />

após a chegada de um estranho marinheiro.<br />

• Quem será seu antagonista?<br />

• Ela terá um companheiro ou uma companheira?<br />

• Quais são as características dessa personagem?<br />

• E de seu antagonista?<br />

• Ele é um gigante?<br />

• Um ser sobrenatural, fantástico?<br />

2. O que contar?<br />

b Agora, o mais importante é inventar a história<br />

que vocês vão contar. Lembrem-se de que vocês só<br />

terão uma ou duas páginas <strong>para</strong> contá-la.<br />

b Pensem numa situação inicial, imaginem qual o<br />

confl ito que trará desequilíbrio a essa situação e<br />

cheguem a uma solução possível.<br />

3. Quem vai narrar a história?<br />

b Depois, é preciso saber quem vai narrar a história.<br />

Um narrador em terceira pessoa, que sabe de<br />

tudo o que aconteceu? Ou um narrador que também<br />

é personagem, em primeira pessoa.<br />

b Atenção aos verbos e pronomes que vocês vão<br />

usar ao escrever a narrativa! Eles precisam combinar<br />

com o narrador em primeira ou terceira pessoa.<br />

4. Escrevendo a primeira versão<br />

b Tendo anotado os itens acima em seus cadernos,<br />

escrevam a história que planejaram.<br />

b Lembrem-se de incluir diálogos entre as personagens<br />

e de usar travessão ou aspas <strong>para</strong> indicar<br />

a fala delas.<br />

b Procurem usar os conectores temporais <strong>para</strong> fazer<br />

a ligação entre as ações da história.<br />

5. Trocando com outra dupla<br />

b Depois de escrita a narrativa, releiam-na. Ela está compreensível?<br />

b Corrijam tudo o que acharem que não está bom.<br />

b Troquem então as narrativas entre as duplas.<br />

b Leiam a história dos colegas e questionem:<br />

• O que não fi cou bem explicado?<br />

• Faltam informações?<br />

• As personagens estão bem descritas por adjetivos e ações?<br />

• O confl ito fi cou claro?<br />

• A resolução poderia ter acontecido desse modo?<br />

6. Revisando<br />

b Tendo recebido as questões que seus colegas levantaram sobre sua narrativa,<br />

revejam-na.<br />

• É preciso reescrever alguma coisa?<br />

• Há detalhes que não fi caram claros?<br />

7. Escrevendo a versão fi nal<br />

b Passem a limpo a narrativa, atentando ainda <strong>para</strong> a <strong>para</strong>grafação, <strong>para</strong> a pontuação<br />

e <strong>para</strong> a ortografi a. Se tiverem dúvida com relação à grafi a de alguma<br />

palavra, procurem-na no dicionário.<br />

8. Ilustrando a história<br />

b Por fi m, façam o desenho de uma das cenas de sua narrativa. Ela vai ilustrar<br />

a história que vocês acabaram de criar.<br />

9. Organizando o mural<br />

b Encontrem na sala uma superfície que possa servir<br />

de mural e organizem a exposição das narrativas de<br />

aventura do 7º ano.<br />

b Leiam as histórias que seus colegas criaram e discutam<br />

entre vocês: houve temas comuns? As personagens<br />

se repetiram? De quais histórias vocês mais gostaram?<br />

Avaliação<br />

b Vocês conseguiram usar o conteúdo que estudaram<br />

ao longo do capítulo <strong>para</strong> escrever sua história de<br />

aventura?<br />

b A troca de textos entre as duplas foi proveitosa?<br />

b Foi possível melhorar a história de vocês com base nas<br />

questões que os colegas levantaram?<br />

b Houve muitas mudanças entre a primeira e a segunda<br />

versão da narrativa de aventura que vocês produziram?<br />

b As ilustrações fi caram adequadas à narrativa?<br />

b Como fi cou o mural que vocês organizaram na sala? É<br />

fácil de ler as histórias que nele foram colocadas?<br />

42 43<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra


Leitura da Arte<br />

Em 1972, Carlos Drummond de Andrade escreveu 21 poemas sobre duas personagens da<br />

literatura universal que você conheceu neste capítulo, inspirado em uma série de gravuras<br />

feitas por Cândido Portinari, em 1956. Aqui você vê a reprodução de uma das gravuras.<br />

Cândido Portinari (1956). Museu Castro Maya, Brasil.<br />

O desenho de Portinari faz alusão a que obra da literatura universal?<br />

2. Identifi que as personagens que estão representadas nele.<br />

3. O que a personagem principal, montada no cavalo, parece estar fazendo? Descreva sua ação.<br />

Livros<br />

Multimídia<br />

Os três mosqueteiros – Direção: Stephen Herek<br />

EUA/Inglaterra/Áustria, 1993.<br />

D’Artagnan vai a Paris pensando em se tornar um mosqueteiro, como seu pai.<br />

Ao chegar lá, não obtém sucesso, pois os mosqueteiros do rei Luís XIII haviam sido<br />

dispersados pelo cardeal Richelieu, que pretendia dar um golpe e assumir o trono<br />

da França. Assim, D’Artagnan junta-se aos três inseparáveis mosqueteiros Athos,<br />

Porthos e Aramis <strong>para</strong> tentar impedir os planos do cardeal.<br />

Filmes<br />

Viagem ao centro da Terra – Direção: Eric Brevig<br />

EUA, 2008.<br />

O fi lme baseia-se na história de Júlio Verne. Na companhia do sobrinho e de uma<br />

guia islandesa, o geólogo Trevor Anderson sai em busca de seu irmão desaparecido.<br />

Os três caem no interior de um vulcão que os levará ao centro da Terra. Para retratar<br />

o universo pré-histórico de criaturas assustadoras, como piranhas voadoras gigantes e<br />

plantas devoradoras de homens, a história foi rodada em 3D.<br />

44 45<br />

' A Arte da Palavra - ' A Arte da Palavra<br />

Os grandes contos populares do mundo – Organizador: Flávio Moreira da Costa (PNBE 2006)*<br />

Editora Ediouro, 2005.<br />

Esta antologia reúne histórias contadas em diversas épocas, em várias partes do mundo: Inglaterra, Itália,<br />

Rússia, Afeganistão, Suíça, Macau e, inclusive, no Brasil, num total de 33 lugares distintos. São aventuras contadas<br />

e compartilhadas por povos nômades que andavam por desertos, cavernas, mercados antigos, em encruzilhadas<br />

de viajantes e bandidos, aventureiros e comerciantes, enredos que vão se repetindo ao longo do tempo.<br />

Você vai poder ler Ali Babá e os quarenta ladrões, Simbad, o marujo, Guilherme Tell etc.<br />

As mil e uma noites (PNBE 2006)*<br />

Tradução: Ferreira Gullar. Editora Revan, 4ª ed., 2006.<br />

Ninguém sabe ao certo quem foi o autor (ou os autores) das histórias que Sherazade conta <strong>para</strong> o sultão<br />

Shariar, a fi m de salvar a própria vida e a das futuras esposas do soberano. Porém, estima-se que tenham sido<br />

escritas entre os séculos VIII e XV. Trata-se de uma coletânea de histórias fascinantes preservadas na tradição<br />

oral pelos povos da Pérsia e da Índia. A primeira versão em língua ocidental é de 1704 e nesta, brasileira, a tradução<br />

coube ao poeta Ferreira Gullar.<br />

A volta ao mundo em 80 dias – Júlio Verne<br />

Tradução: Marina Appenzeller. Editora Melhoramentos, 2008.<br />

No ano de 1872, um cavalheiro britânico faz uma aposta milionária em que se compromete a realizar uma<br />

viagem ao redor do mundo em 80 dias. Ele e seu criado francês atravessam os mais variados e distantes países<br />

– que você pode conhecer por meio do texto do autor e de diversas ilustrações e documentos da época.<br />

Robinson Crusoé – Daniel Defoe<br />

Tradução: Hildergard Feist. Editora Companhia das Letrinhas, 2003.<br />

Jovem ansioso <strong>para</strong> viver grandes aventuras, Robinson Crusoé naufraga no mar do Caribe. Mas consegue<br />

chegar a uma ilha deserta, ao largo da costa venezuelana, e ali vive 27 anos, dois meses e 19 dias. Nesse tempo,<br />

ele passa por muitas provações, medo e fome. O livro traz muitas ilustrações e informações sobre o autor<br />

e sobre os séculos XV e XVI, época em que a história se passa.<br />

Caçadas de Pedrinho – Monteiro Lobato<br />

Editora Globo, 2008.<br />

Pedrinho e uma expedição formada por Narizinho, Emília, Rabicó e Visconde de Sabugosa vão à caça de uma<br />

onça-pintada escondida na mata de taquaraçus, perto do Sítio do Picapau Amarelo. A turma arma a maior confusão<br />

entre os animais silvestres e os bichos saem correndo atrás das crianças – mas não conseguem pegá-las,<br />

porque os fugitivos colocam uma perna de pau de 4 metros de altura.<br />

* Estes livros foram indicados pelo Programa Nacional Biblioteca da Escola de 2006.<br />

Imagens: Divulgação

Hooray! Your file is uploaded and ready to be published.

Saved successfully!

Ooh no, something went wrong!