Recursos Espirituais
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<strong>Recursos</strong> <strong>Espirituais</strong><br />
Í N D I C E<br />
MARÇO 2010<br />
1. Autoliderança 3<br />
Eric D. Rust<br />
Líderes eficazes devem investir mais energia no<br />
desenvolvimento de suas habilidades de liderança do que<br />
em qualquer outra área.<br />
2. Princípios e Práticas Bíblicas para um<br />
Testemunho Pessoal Eficaz 6<br />
Randy Hurst<br />
Devemos disciplinar a nós mesmos para fazermos nossa<br />
parte no evangelismo pessoal enquanto que, ao mesmo<br />
tempo, permanecemos dependentes de Deus, que fará o<br />
que somente Ele pode fazer.<br />
3. Aprendendo com os Erros 13<br />
Mark Batterson<br />
Se permitirmos que nossos fracassos nos definam, eles<br />
conseguirão nos arruinar. Mas se o fracasso for administrado<br />
de maneira apropriada, sairemos dele vitoriosos.<br />
4. Transformando Decisões em Acréscimos e<br />
Acréscimos em Discipuladores 18<br />
Jim Hall<br />
O discipulado para novos crentes é indispensável se<br />
pastores querem desacelerar a alarmante taxa de morte<br />
espiritual na igreja.<br />
5. Valorizando o Início da Vida:<br />
Aconselhamento Premarital e Bioético 26<br />
Christina M.H. Powel<br />
A Bíblia afirma que a presença de Deus e Seu propósito<br />
para nossas vidas são estabelecidos enquanto ainda<br />
estamos no ventre de nossa mãe.<br />
6. Comunicando o Batismo com o Espírito Santo de<br />
uma Maneira Nova 30<br />
Gary Grogan<br />
Não é necessário levar os crentes a um retiro para<br />
serem batizados no Espírito Santo.<br />
7. Cessação do Miraculoso? A Era dos Apóstolos Através<br />
da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica 34<br />
W.E Nunnally<br />
A natureza de Deus, a mensagem unificada das Escrituras e<br />
a natureza substancialmente necessitada do homem decaído<br />
argumentam em favor da continuação do miraculoso no<br />
mundo atual.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 1
2 enrichment | MARÇO 2010<br />
“NÃO É COMIGO”<br />
Esta é uma estória sobre 4 pessoas: Todo Mundo, Alguém,<br />
Qualquer Um e Ninguém.<br />
Havia um importante trabalho a ser feito, e Todo Mundo tinha certeza<br />
que Alguém o faria.<br />
Qualquer Um poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez.<br />
Alguém zangou-se porque era um trabalho de Todo Mundo.<br />
Todo Mundo pensou que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas<br />
Ninguém imaginou que Todo Mundo deixasse de fazê-lo.<br />
Ao final, Todo Mundo culpou Alguém quando Ninguém fez o<br />
que Qualquer Um poderia ter feito.<br />
Autor desconhecido<br />
Que cada um possa fazer a sua parte sem esperar pelo outro.<br />
Life Publishers International<br />
© Copyright Life Publishers 2010<br />
Publicado por Life Publishers, Springfield, Missouri - EUA<br />
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Equipe Editorial / Versão em Português<br />
Tradução: Nadja Matta e Rejane Eagleton<br />
Revisão de textos: Martha Jalkauskas<br />
Revisão Geral: Neide Carvalho<br />
Diagramação: ©MMDesign<br />
Coordenação geral: Márcio Matta<br />
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Liderança de Ponta / Eric D. Rust<br />
Autoliderança:<br />
Liderando de Dentro para Fora<br />
Mencione a palavra liderança em<br />
uma mesa redonda de líderes dotados<br />
espiritualmente e a probabilidade<br />
é que a conversa irá imediatamente<br />
virar para o desempenho das atividades do<br />
líder em liderar outros.<br />
Os líderes da igreja passam a maior parte<br />
da semana liderando outros. Contudo, no<br />
esforço de nos tornarmos líderes melhores,<br />
não prestamos atenção no maior dos desafios<br />
que iremos enfrentar — nós mesmos.<br />
Tendemos a não administrar a nós mesmos<br />
porque liderar nós mesmos é muito mais<br />
difícil do que liderar outros.<br />
É difícil passar uma semana sem tomarmos<br />
conhecimento de que um líder foi desqualificado<br />
para o exercício da liderança.<br />
Culpamos esse fracasso por causa de comprometimento<br />
sexual, improbidade financeira,<br />
ânsia pelo poder e uma liderança fraca. Essas<br />
falhas, porém, são apenas os sintomas aparentes<br />
de um fracasso pessoal mais profundo.<br />
Ao olharmos o problema mais além, geralmente<br />
descobrimos que o líder negligenciou<br />
sua vida pessoal.<br />
Em seu livro Leading from Inside Out,<br />
Samuel Rima afirma: “O modo como um líder<br />
conduz sua vida pessoal tem, de fato, um<br />
impacto profundo sobre sua habilidade para<br />
exercitar uma liderança pública eficaz. Existe<br />
uma correlação direta entre autoliderança e<br />
liderança pública.<br />
O escritor do Novo Testamento, Paulo,<br />
entendeu muito bem este conceito: “Antes,<br />
subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para<br />
que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de<br />
alguma maneira a ficar reprovado.” (1Co 9.27).<br />
Paulo entendeu que para ser tudo o que<br />
Deus o chamara para ser, ele precisava manter<br />
firmemente sua vida pessoal em ordem.<br />
Importância da Autoliderança<br />
Os líderes devem cuidar da nutrição e da<br />
administração de suas vidas pessoais. Nos círculos<br />
da liderança, isto é conhecido como<br />
ERIC D. RUST,<br />
Pastor-presidente da Igreja Assembleia de Deus Cedar Hills,<br />
em Sandpoint, Idaho (EUA).<br />
autoliderança. Líderes eficazes devem investir<br />
mais energia no desenvolvimento de suas<br />
habilidades de liderança do que em qualquer<br />
outra área.<br />
O expert em liderança, Dee Hock, sugere<br />
que a autoliderança deve ocupar 50% do<br />
tempo de um líder. O que aconteceria se os<br />
líderes de igreja levassem a sério a recomendação<br />
de Hock e investissem metade da semana<br />
em autoliderança? Para nos tornarmos<br />
os líderes sãos que Deus quer que sejamos,<br />
devemos desenvolver um domínio pessoal<br />
sobre nossas próprias vidas.<br />
Formação de Caráter<br />
Compreender personalidade e dons, esclarecer<br />
valores, identificar pontos fortes e fracos,<br />
melhorar a habilidade de comunicação e<br />
administrar o tempo de modo eficaz são todas<br />
áreas importantes em que os líderes precisam<br />
concentrar suas energias. Enquanto há dezenas<br />
de facetas para a autoliderança, nenhuma<br />
é tão crítica quanto a do caráter do líder. Sem<br />
caráter, os líderes não têm nada. Nosso caráter<br />
nos define. Apenas após determinarmos<br />
quem somos podemos saber como crescer.<br />
Para o líder cristão, caráter é essencial.<br />
É fato que a falta de caráter moral forte<br />
irá arruinar um líder. Um deslize financeiro<br />
pode ser reparado. Comunicação deficiente<br />
pode ser consertada. Decisões da liderança<br />
que não funcionam como o líder prometeu<br />
podem ser refeitas. Mas, falhas no caráter são<br />
capazes de destruir um líder. Recuperar-se<br />
de um comprometimento ético e moral é<br />
geralmente impossível. Uma vez perdida a<br />
confiança de um líder, raramente é recuperada.<br />
As pessoas só seguirão lideres que<br />
expressem o mais alto nível de integridade.<br />
Andy Stanley diz claramente: “Nós estamos<br />
sempre a apenas uma decisão, uma palavra,<br />
uma reação de colocarmos a perder o que<br />
se levou anos para desenvolver”. Vinte ou<br />
trinta anos de trabalho fiel a Deus podem ser<br />
destruídos com uma decisão simplesmente<br />
Líderes eficazes<br />
devem investir<br />
mais energia no<br />
desenvolvimento<br />
de suas<br />
habilidades de<br />
liderança do que<br />
em qualquer<br />
outra área.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 3
A melancia é<br />
por dentro o<br />
que aparenta<br />
ser por fora.<br />
E você?<br />
4 enrichment | MARÇO 2010<br />
Autoliderança: Liderando de dentro para fora<br />
comprometedora.”<br />
Quando o caráter fracassado de um líder<br />
é exposto, o problema geralmente origina-se<br />
na falta de integridade. Integridade é ser por<br />
dentro o que você afirma ser por fora.<br />
Erwin McManus usa a analogia de uma<br />
melancia para descrever integridade. Você<br />
provavelmente já comprou uma melancia.<br />
Quando você está em uma banca de frutas,<br />
enquanto segura a melancia, tudo o que<br />
consegue ver é a casca. Você bate na casca e<br />
se a melancia fizer um som oco, então você a<br />
compra. Ao passar pelo caixa, você gasta seu<br />
suado dinheiro em uma melancia que apenas<br />
consegue ver o que há por fora. Quando<br />
chega em casa e corta a casca, o que você<br />
espera encontrar? Melancia. Você confiou<br />
que a melancia tinha integridade. E se você<br />
cortasse a casca e encontrasse uma banana?<br />
Isso nunca aconteceria porque uma melancia<br />
tem integridade. A melancia é por dentro o<br />
que parece ser por fora.<br />
E você? E se alguém descascasse sua<br />
camada mais superficial, o que encontraria?<br />
Encontraria dentro o mesmo que você<br />
aparenta ser por fora? Aqui encontramos uma<br />
vantagem que a melancia leva sobre as<br />
pessoas — pela sua natureza, a melancia tem<br />
integridade.<br />
A integridade não vem naturalmente com<br />
as pessoas, nem mesmo com líderes.<br />
Ela deve ser desenvolvida.<br />
Líderes que praticam a autoliderança tem<br />
ciência das inconsistências de suas vidas.<br />
Ao contrário de ignorá-las enquanto ainda<br />
pequenas, eles escolhem alinhar o que são<br />
com o que acreditam. Entendem que a vida<br />
não pode ser compartimentada em caixinhas.<br />
Nós fomos criados como seres inteiros.<br />
Quem somos no particular não pode ser<br />
isolado de quem somos em público.<br />
Como líderes, devemos decidir quem<br />
queremos ser e então alinharmos a vida para<br />
que ela seja assim. Não é fácil, porque a<br />
pessoa que você não quer ser é a que mais<br />
naturalmente você se torna se deixar por sua<br />
própria conta. Jesus disse “porque aquele que<br />
quiser salvar a sua vida perdê-la-á e quem<br />
perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.”<br />
(Mt 16.25). Autolíderes devem morrer para<br />
suas tendências naturais internas para que se<br />
tornem o que Deus os está chamando para<br />
serem. Deus nos chama para sermos líderes<br />
de dentro para fora — líderes definidos mais<br />
pelo o que somos por dentro do que pelo o<br />
que parecemos ser por fora.<br />
Por causa de títulos e cargos que os líderes<br />
de igreja geralmente recebem, pode ser<br />
fácil para o orgulho entrar furtivamente em<br />
suas vidas. Quando líderes caem, vítimas de<br />
pecado sexual ou do jogo de poder, o orgulho<br />
normalmente está na raiz. Romanos 12.3 nos<br />
lembra, “... digo a cada um dentre vós que não<br />
saiba mais do que convém saber, mas que saiba<br />
com temperança, conforme a medida da fé que<br />
Deus repartiu a cada um.”. 1 Pedro 5.5 nos<br />
alerta “... porque Deus resiste aos soberbos, mas<br />
dá graça aos humildes.”.<br />
Os líderes da igreja só são cônscios de<br />
quem eles são quando praticam a disciplina<br />
espiritual de serventia. Quando os líderes<br />
colocam os joelhos no chão ou a toalha<br />
dobrada nos braços, em posição de serviço, aí<br />
lembram que Jesus encontrou Sua grandeza<br />
na serventia. Jesus jamais Se orgulhou de<br />
Sua santidade. Ele encontrou seu status na<br />
serventia. Em Sua pequenez, Ele se tornou<br />
grande. Pequenez e serventia podem não ser<br />
naturalmente palavras confortáveis para<br />
líderes, mas são palavras com as quais nosso<br />
Líder Se sentia confortável.<br />
Reconhecer nossa fraqueza é outro modo<br />
excelente de mantermos o orgulho a distância.<br />
Muitos líderes desconhecem suas forças<br />
e fraquezas. Admitir fraqueza requer segurança<br />
e humildade pessoal. Líderes que praticam<br />
a autoliderança prontamente reconhecem<br />
suas fraquezas. Em vez de entreter-se<br />
na soberbia ocultando suas fraquezas, eles as<br />
admitem e convidam outros que possuam<br />
forças complementares para ajudá-los a<br />
administrar suas fraquezas.<br />
Protegendo Nosso Caráter<br />
Líderes da igreja devem ser mestres de si<br />
mesmos pois as demandas são muito altas.<br />
Para um líder de negócios, os sinais do dólar<br />
é o que pesa na balança. Para líderes de<br />
igreja, o ministério futuro e a eternidade é o<br />
que está na balança. É triste ver um líder de<br />
negócios ou político ser vítima de sua própria<br />
negligência, mas o preço é sempre mais alto<br />
quando um líder que cai é da igreja.<br />
Pat Williams, cristão e vicepresidente da<br />
Orlando Magic, apresenta 6 ideias para salvaguardar<br />
nosso caráter, as quais servem como<br />
regras úteis para o líder da igreja que deseja<br />
liderar a si mesmo com excelência.<br />
1. Separe um tempo para a reflexão e<br />
consistente restauração do corpo e da alma.<br />
Muitos líderes de igreja mantêm um ritmo
tão acelerado em seus ministérios que mal<br />
conseguem tempo para si mesmos. Jesus<br />
exemplificou a restauração da alma deixando<br />
as multidões rotineiramente para despender<br />
algum tempo a sós com o Pai. Autolíderes<br />
tiram um tempo regular para a oração e a leitura.<br />
Um coração sadio é o melhor presente<br />
que um líder pode dar a seus seguidores.<br />
Além disso, os lideres precisam cuidar<br />
do corpo. A saúde física é um ponto cego<br />
para muitos pastores. A Bíblia nos desafia a<br />
honrar a Deus com nosso corpo (1Co 6.20).<br />
A saúde boa nos proporciona energia para<br />
que possamos responder ativamente ao<br />
chamado de Deus. Alimentar-se bem e<br />
praticar exercícios regularmente deveria ser<br />
parte do estilo de vida de todo líder.<br />
2. Quando enfrentar uma escolha<br />
ética ou uma tentação, leve em consideração<br />
o exemplo que você estabeleceu para aos<br />
outros. Pense em todos aqueles que estão<br />
observando você — filhos, amigos, mentoreados<br />
e membros da igreja. Como sua decisão<br />
os impactará? Com a liderança da igreja vem<br />
também o dom sagrado da autoridade moral.<br />
Nossa autoridade moral pode ser perdida em<br />
um instante. Quando a tentação bate à porta,<br />
devemos nos perguntar se vale a pena dizer<br />
sim a ela em detrimento daqueles que nos<br />
observam.<br />
3. Mostre para um pequeno grupo de<br />
amigos confiáveis que você é alguém com<br />
quem eles podem contar. Soldados solitários<br />
se arriscam muito mais do que os líderes que<br />
estão envolvidos em relacionamentos que<br />
requerem prestação de contas. Autoliderança<br />
é um trabalho muito grandioso para ser feito<br />
sozinho. Líderes precisam convidar um<br />
pequeno grupo de pessoas que conheça e em<br />
quem confiam para conversar regularmente e<br />
fazer perguntas difíceis. Todos nós somos capazes<br />
de mentir para nós mesmos com tamanha<br />
frequência que finalmente começamos a<br />
acreditar em nossas próprias mentiras.<br />
Amigos não são enganados facilmente.<br />
4. Concentre-se em integridade, não<br />
em imagem. Líderes que cultivam sua vida<br />
interior irão consistentemente reposicionar<br />
acima de situações na vida que os tentaria a<br />
empurrá-los para baixo.<br />
Dr. Robert Terry, autor de Reflective<br />
Leadership, observa que “o nosso desafio<br />
profundo é a autenticidade — ser verdadeiro<br />
e real conosco mesmo, em nossos relaciona-<br />
mentos e no mundo.”<br />
5. Cresça profundamente em sua fé.<br />
Como seguidores de Cristo, acreditamos que<br />
o Espírito de Deus tenha o poder de promover<br />
uma mudança espiritual no coração humano.<br />
O desenvolvimento do caráter é tarefa<br />
muito difícil de promover sem o envolvimento<br />
do Espírito de Deus. Nutrir o nosso relacionamento<br />
com Cristo e estar em sintonia<br />
com Seu Espírito nos mantém dependentes<br />
da operação divina em nossas vidas. Quanto<br />
mais profundamente conhecemos o amor de<br />
Deus, mais profundo se torna nosso amor pelo<br />
próximo e maior proteção teremos contra o<br />
mal.<br />
6. Lidere de modo firme e inflexível<br />
com falhas de caráter e pecados ocultos.<br />
Todos os líderes têm um lado sombrio.<br />
Alguns só querem agradar as pessoas. Outros<br />
desejam construir um nome para si mesmos.<br />
Outros têm problemas com raiva ou com<br />
tendências codependentes. Esses problemas<br />
afetarão a habilidade de liderança do líder.<br />
Bill Hybels pergunta aos líderes: “Quem é<br />
responsável por resolver seus problemas pessoais<br />
de forma que a igreja não seja negativamente<br />
impactada pelo seu dejeto? Você”.<br />
Líderes espirituais devem separar essas coisas.<br />
Nossas igrejas estão dependendo disso.<br />
Conclusão<br />
Na última página de seu livro The Next Generation<br />
Leader, Andy Stanley apresenta a pergunta:<br />
“Qual é a pequena coisa em minha vida<br />
atual que tem o potencial de crescer para<br />
algo grande?” Caráter medíocre não aparece<br />
do nada. Começa pequeno — tão pequeno<br />
que inicialmente não é sequer notado. Finalmente,<br />
o que era pequeno e despercebido se<br />
torna algo tão enorme, que controla a vida de<br />
um líder. Assim como o câncer no corpo humano,<br />
a melhor hora para remover o caráter<br />
medíocre é quando este ainda é “uma coisa<br />
pequena”.<br />
Em Sua infinita sabedoria, Deus escolheu<br />
colocar o futuro da Igreja nas mãos de líderes.<br />
Fez isto com expectativas claras. Ele quer<br />
que sejamos líderes excepcionais. Quer que<br />
afiemos nossas habilidades de liderança, para<br />
nos comunicarmos de forma eficaz e administrarmos<br />
bem nossas equipes. Mas, acima<br />
de tudo, o desejo de Deus para Seus líderes é<br />
que possam ser mestres na arte da autoliderança.<br />
Quando a<br />
tentação bate à<br />
porta, devemos<br />
nos perguntar se<br />
vale a pena dizer<br />
sim a ela em<br />
detrimento<br />
daqueles que<br />
nos observam.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 5
Princípios e<br />
Práticas Bíblicas<br />
U Por<br />
6 enrichment | MARÇO 2010<br />
Randy Hurst<br />
m estudo recente afirma que apenas<br />
10% daqueles que decidem seguir a<br />
Cristo fazem sua decisão em um culto na igreja.<br />
De longe, a prioridade maior de uma campanha<br />
evangelística da igreja é o testemunho<br />
pessoal de seus membros durante a semana.<br />
Outro estudo revela que menos de 10% da congregação<br />
realiza evangelismo. Por que mais cristãos não<br />
falam sobre Jesus Cristo com outras pessoas? Muitos<br />
acham que a razão mais comum seja o desinteresse —<br />
que os cristãos não se importam. Mas, para a maioria das<br />
pessoas, a razão é a falta de confiança. Eu acredito que<br />
os crentes queiram ser testemunhas eficazes, mas se<br />
sentem inadequados, intimidados, ou temerosos em<br />
compartilhar sua fé, especialmente com alguém que não<br />
tenha uma base cristã.<br />
Jesus disse, “Conhecerás a verdade, e a verdade o<br />
libertará.” (Jo 8.32). Conhecer o que a Palavra inspirada<br />
de Deus diz sobre a natureza do evangelismo libertará<br />
os crentes da sensação de inadequação ou até mesmo de<br />
medo em relação ao testemunho pessoal.<br />
Em Colossenses, Paulo fala sobre evangelismo de<br />
uma maneira que ajuda a libertar os crentes dos equívocos<br />
e emoções que possam inibi-los de falar sobre<br />
Cristo. Ele proporciona uma abordagem simples, bíblica<br />
e prática para ajudá-los no evangelismo relacional.<br />
O pedido mais frequente feito pela Comissão de<br />
Evangelismo é por materiais sobre motivação pessoal e<br />
treinamento para testemunhar. Pastores e outros líderes<br />
da igreja podem ensinar princípios e práticas apresentados<br />
a seguir, defendidos por Paulo de várias maneiras<br />
dentro da igreja. Estes princípios proporcionam uma<br />
estrutura bíblica para ensinar o evangelismo pessoal que<br />
pode se tornar uma parte integrante do estilo de vida de<br />
um crente.
para um<br />
Testemunho<br />
Pessoal Eficaz<br />
A Abordagem do Apóstolo Paulo<br />
O evangelismo não é uma opção; mas o modo como o<br />
fazemos sim. A mesma Bíblia que nos ordena alcançar<br />
as pessoas com o Evange-<br />
lho também nos mostra<br />
como fazê-lo.<br />
Paulo nos deu um ensinamento<br />
profundo mas<br />
também prático sobre o<br />
testemunho cristão eficaz à<br />
igreja de Colossenses. As instruções finais em sua carta<br />
mostram como os cristãos precisam se relacionar com os<br />
descrentes, a quem ele chama apropriadamente de “os<br />
de fora” (4.5). Eu chamo a abordagem de Paulo de<br />
evangelismo de resposta (veja v. 6). “Perseverai em oração,<br />
velando nela com ação de graças; orando também juntamente<br />
por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra a fim de<br />
falarmos do ministério de Cristo, pelo qual estou também<br />
Devemos disciplinar a nós mesmos para<br />
fazermos nossa parte no evangelismo<br />
pessoal enquanto que, ao mesmo tempo,<br />
permanecemos dependentes de Deus, que<br />
fará o que somente Ele pode fazer.<br />
preso; para que o manifeste, como convém falar. Andai com<br />
sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.<br />
A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal,<br />
para que saibais como vos<br />
convém responder a cada<br />
um.” (Cl 4.2-6, grifo nosso).<br />
Nas instruções de Paulo<br />
vemos que o testemunho<br />
eficaz envolve dois<br />
princípios — dependência<br />
(vv. 2-4) e disciplina (vv. 5,6). Devemos nos disciplinar<br />
para fazermos nossa parte no evangelismo pessoal enquanto,<br />
ao mesmo tempo, permanecemos dependentes<br />
de Deus fazer o que somente Ele pode fazer.<br />
Paulo expressa essa interação divina/humana numa<br />
trecho inicial de sua carta: “E para isto também trabalho,<br />
combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente.”<br />
(Cl 1.29). Paulo está defendendo o esforço<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 7
humano (“também trabalho”) que<br />
depende de Deus (“segundo a sua<br />
eficácia”).<br />
Juntamente com os princípios de<br />
dependência e de disciplina, Paulo<br />
defende seis práticas na vida cristã<br />
que ajudam a realizar o testemunho<br />
eficaz e contínuo a não crentes. Um<br />
pastor pode ensinar estes princípios<br />
à congregação de duas maneiras.<br />
Primeiro, pode ensinar os princípios<br />
e práticas juntos, como uma abordagem<br />
bíblica abrangente para o evangelismo<br />
pessoal. Segundo, cada<br />
princípio e prática precisa ser enfatizado<br />
sempre que possível em contextos<br />
diferentes. Apenas um ensino<br />
ou um sermão não ajudará adequadamente<br />
os crentes a fazerem<br />
dessas práticas uma parte de seu<br />
estilo de vida.<br />
Prática nº 1 — Ore por Portas Abertas<br />
“Orando... para que Deus nos abra a<br />
porta da palavra.” (Cl 4.3)<br />
Paulo começa suas instruções aos<br />
Colossenses exortando-os a orar.<br />
A oração é algo essencial no evangelismo.<br />
A menos que Deus trabalhe<br />
no coração e na vida das pessoas,<br />
nosso trabalho não produzirá resultados<br />
duradouros.<br />
No Livro de Atos, encontramos<br />
um exemplo expressivo do trabalhar<br />
de Deus com um de Seus mensageiros.<br />
Quando Paulo e seus companheiros<br />
foram à margem do rio fora<br />
de Filipos para orar no sábado, sentaram<br />
e começaram a falar com um<br />
grupo de mulheres. “E uma certa<br />
mulher chamada Lídia, vendedora de<br />
púrpura, da cidade de Tiatira, e que<br />
servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe<br />
abriu o coração para que estivesse<br />
atenta ao que Paulo dizia.” (At 16.14).<br />
Paulo pregou a mensagem.<br />
O Senhor abriu o coração de Lídia.<br />
8 enrichment | MARÇO 2010<br />
Nós temos o privilégio e a<br />
responsabilidade de compartilhar o<br />
Evangelho. Mas apenas Deus pode<br />
abrir o coração de uma pessoa.<br />
Dependemos de Deus para nos<br />
abrir oportunidades, para trazer entendimento<br />
às mentes dos ouvinte,<br />
e mover seu coração para a decisão.<br />
Os crentes precisam de ensino<br />
regular e repetido sobre oração e<br />
encorajamento para fazer com que a<br />
oração seja uma característica de<br />
suas vidas diárias.<br />
Prática nº 2 — Faça com que sua<br />
mensagem seja clara<br />
“Para que o manifeste, como convém<br />
falar.” (Cl 4.4).<br />
A mensagem de Paulo foi “o mistério<br />
de Deus” (Cl 2.2). O foco de<br />
nossa mensagem também deve ser<br />
Jesus (veja Cl 1.13-23,28; 2.9-15).<br />
Após a ascensão de Jesus, o apóstolo<br />
Pedro se tornou rapidamente<br />
uma das vozes mais proeminentes<br />
na Igreja do Novo Testamento.<br />
No poder do Espírito Santo, este<br />
pescador tão indouto se tornou um<br />
pregador convincente e eloquente<br />
do Evangelho.<br />
Pedro pregou seu sermão mais<br />
conhecido no Dia de Pentecostes.<br />
Lucas, porém, registra várias proclamações<br />
de Pedro sobre o Evangelho<br />
em Atos (3.12-26; 4.8-12; 5.29-32;<br />
10.34-43). Quando analisamos essas<br />
apresentações, encontramos Pedro<br />
destacando em cada sermão duas<br />
verdades básicas: quem Jesus é e por<br />
que Ele entregou Sua vida. Estar<br />
preparado para discutir estas duas<br />
verdades ajuda todo crente a falar<br />
sobre Cristo de forma eficaz com os<br />
não crentes.<br />
Quem foi Jesus?<br />
A avaliação da vida de Cristo pela<br />
mídia secular geralmente apresenta<br />
Jesus como um personagem fictício.<br />
Mesmo quando O mostra como uma<br />
pessoa histórica, a mídia O retrata<br />
como um grande mestre ou mesmo<br />
profeta — mas apenas um homem.<br />
Os crentes devem transmitir que<br />
Jesus foi mais que um mestre ou<br />
profeta; Ele era Deus em forma de<br />
homem. Foi concebido pelo Espírito<br />
Santo, nascido de uma virgem,<br />
viveu uma vida sem pecados, morreu<br />
por nossos pecados e venceu a<br />
morte ressuscitando para oferecer o<br />
perdão dos nossos pecados e o dom<br />
da vida eterna.<br />
Por Que Jesus Entregou Sua Vida?<br />
João Batista anunciou porque Jesus<br />
veio ao mundo quando disse, “Eis o<br />
Cordeiro de Deus, que tira o pecado do<br />
mundo”. (Jo 1.29, grifo nosso).<br />
Os pecados de toda a humanidade<br />
são a razão para a morte de Jesus.<br />
A existência da cruz estabelece dois<br />
fatos: todos somos pecadores e não<br />
há nada que possamos fazer.<br />
É significativo que Paulo, como<br />
Pedro, comunicassem as mesmas<br />
duas verdades em Tessalônica.<br />
Lucas resumiu os ensinamentos de<br />
Paulo nas sinagogas nos dias de<br />
sábado: “E Paulo, como tinha por<br />
costume, foi ter com eles e, por três<br />
sábados disputou com eles sobre as<br />
Escrituras, expondo e demonstrando<br />
que convinha que o Cristo padecesse e<br />
ressuscitasse dos mortos. E, este Jesus,<br />
que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo”<br />
(At 17.2,3).<br />
A apresentação do Evangelho<br />
precisa incluir essas duas verdades<br />
sobre Jesus. Ambas são essenciais<br />
para a compreensão da graça que<br />
Deus manifestou através da morte<br />
de Jesus na cruz, Sua ressurreição e<br />
Sua consequente compra da
edenção de toda a humanidade.<br />
Prática nº 3 — Seja Prudente com<br />
“os que estão de fora”<br />
“Andai com sabedoria para com os que<br />
estão de fora.” (Cl 4.5).<br />
O termo “os que estão de fora” de<br />
Paulo dá uma descrição apropriada e<br />
prática de onde os não crentes estão<br />
em relação à Igreja. Por diversas razões,<br />
a maioria dos não crentes hoje<br />
estão mais fora do contexto cristão<br />
do que nunca. Não podemos afirmar<br />
que os não crentes estejam comprometidos<br />
com os valores cristãos ou<br />
mesmo que compreendam.<br />
A Igreja hoje enfrenta o desafio<br />
de comunicar o Evangelho interculturalmente,<br />
como os missionários<br />
em países estrangeiros fazem. Se os<br />
crentes têm passado boa parte da<br />
vida na Igreja, eles têm adquirido<br />
valores, percepções e vocabulário da<br />
Igreja. Cristãos e não cristãos podem<br />
ambos falar português, mas os<br />
cristãos geralmente usam termos<br />
não familiares ou com significado<br />
diferente na cultura secular.<br />
Ao usarmos jargões cristãos, criamos<br />
uma barreira de comunicação<br />
com os não crentes. Cristãos entendem<br />
palavras como salvo, evangelho e<br />
unção, porém são confusas para<br />
pessoas que não estão familiarizadas<br />
com elas. Os não crentes devem ser<br />
alcançados através do vocabulário<br />
deles — não do nosso.<br />
Parte da cultura da Igreja precisa<br />
ser equipar os cristãos para transmitirem<br />
sua fé numa linguagem que os<br />
não crentes possam entender e através<br />
de conceitos com os quais consigam<br />
se relacionar — como Jesus fez.<br />
Prática nº 4 — Aproveite as<br />
Oportunidades ao Máximo.<br />
“Aproveitai as oportunidades.” (Cl 4.5)<br />
As oportunidades têm um tempo<br />
certo. O ditado que diz que uma<br />
Compartilhar nossa experiência e<br />
nosso relacionamento pessoal com<br />
Jesus Cristo com sinceridade e<br />
convicção pode ser um argumento<br />
convincente para algumas pessoas.<br />
oportunidade não bate duas vezes à<br />
porta é verdadeiro. Uma oportunidade<br />
pode não aparecer uma segunda<br />
vez. Cada uma é única porque as<br />
pessoas e as circunstâncias são<br />
diferentes.<br />
Memorizar alguns versículos bíblicos<br />
ou fazer um curso de evangelização<br />
não prepara cristãos para responder<br />
tudo às pessoas. Pode ajudar,<br />
mas conhecer a verdade, que<br />
nos capacita a responder às pessoas<br />
em várias situações, requer um<br />
aprendizado contínuo no decorrer<br />
da vida. Significa que devemos crescer<br />
em um conhecimento pessoal de<br />
Jesus Cristo. Nós nunca nos graduamos<br />
nisso. Estamos todos em uma<br />
jornada espiritual. O que estamos<br />
aprendendo pessoalmente podemos<br />
compartilhar com um vigor renovado<br />
tal, que convença os descrentes.<br />
Alguns se sentem desconfortáveis<br />
para testemunhar porque não<br />
conseguem lembrar os versículos<br />
que acham que precisam saber.<br />
Mesmo que gravem, não se sentem<br />
seguros em sua habilidade de<br />
lembrar-se quando necessário. Mas<br />
todo crente, mesmo sem qualquer<br />
treinamento em evangelismo pes-<br />
soal, pode compartilhar seu testemunho<br />
pessoal e orar. Todo mundo<br />
tem um testemunho pessoal. Compartilhar<br />
nossa experiência e nosso<br />
relacionamento pessoal com Jesus<br />
Cristo com sinceridade e convicção<br />
pode ser um argumento convincente<br />
para algumas pessoas.<br />
Uma das maneiras mais oportunas<br />
de ministrar a descrentes é a<br />
oração. Quando incrédulos expressam<br />
seus problemas, peça o privilégio<br />
de orar com eles. Se cremos<br />
que Deus responde nossa oração,<br />
precisamos praticar a fé através da<br />
oração com e pelas pessoas e acreditar<br />
que Deus irá responder. Ouvir<br />
a oração de um crente pode causar<br />
um efeito significativo sobre os<br />
descrentes. Quando os crentes oram<br />
por uma necessidade, as pessoas<br />
podem sentir que eles são sinceros e<br />
que têm um relacionamento com<br />
Deus. Os corações podem ser<br />
abertos ao Evangelho quando Deus<br />
responde as orações.<br />
A liderança pastoral pode<br />
também desencadear oportunidades<br />
para os membros da igreja se conectarem<br />
com descrentes através de<br />
eventos de evangelismo.<br />
Prática nº 5 — Fale com Graça.<br />
“A vossa palavra seja sempre agradável,<br />
temperada com sal.” (Cl 4.6)<br />
Em 1 Pedro 3.15, o apóstolo faz<br />
um comentário similar ao de Paulo.<br />
Pedro diz aos crentes para estarem<br />
sempre preparados para dar uma<br />
resposta à sua esperança, mas com<br />
“mansidão e temor”. Não é somente<br />
o que falamos que importa, mas<br />
também como falamos. A maior<br />
parte da nossa comunicação interpessoal<br />
é não verbal. Se há uma<br />
contradição entre o que alguém diz e<br />
a maneira como ela diz, acreditare-<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 9
A ESCALA DE ENGEL<br />
A escala de Engel é um sistema<br />
numérico que mostra onde as<br />
pessoas estão em sua caminhada<br />
espiritual.<br />
-8 Ciência de um ser supremo,<br />
mas nenhum conhecimento do<br />
Evangelho.<br />
-7 Consciência inicial do Evangelho.<br />
-6 Ciência dos fundamentos do<br />
Evangelho.<br />
-5 Noção das implicações do<br />
Evangelho.<br />
-4 Atitude positiva em relação ao<br />
Evangelho.<br />
-3 Reconhecimento de problemas<br />
pessoais.<br />
-2 Decisão para agir<br />
-1 Arrependimento e fé em Cristo.<br />
0 Conversão<br />
+1 Avaliação pósdecisão<br />
+2 Integração ao corpo de Cristo<br />
+3 Uma vida de crescimento<br />
conceitual e comportamental<br />
em Cristo.<br />
As pessoas estão dispostas a<br />
mos sempre na mensagem não<br />
verbal. Uma pessoa pode ver uma<br />
apologia — feita com as mesmas<br />
palavras mas falada de diferentes<br />
formas — quer sincera, quer sarcástica.<br />
Entonação de voz e expressões<br />
faciais podem mostrar mensagens<br />
confusas que contradizem as palavras<br />
que dizemos.<br />
A maioria dos que se tenta alcançar<br />
nos EUA tem uma história<br />
negativa com a igreja; é defensiva<br />
ou mesmos hostil aos testemunhos<br />
cristãos. Outros com cicatrizes<br />
emocionais se tornaram insensíveis<br />
a questões espirituais. Um cristão<br />
com graça e credibilidade pessoal<br />
pode ajudar a neutralizar a confusão<br />
dos sinais que as pessoas receberam<br />
daqueles cuja vida tem se mostrado<br />
inconsistente em relação às suas<br />
mensagens. Assim como o sal tem-<br />
10 enrichment | MARÇO 2010<br />
pertencer antes mesmo de estarem<br />
dispostas a acreditar. Quando falar<br />
sobre o Evangelho, use uma linguagem<br />
básica. As pessoas não entendem<br />
palavras como arrependimento, santificação<br />
e redenção se nunca ouviram ou<br />
viram palavras como amor, bondade, e<br />
aceitação. Até mesmo a Palavra de<br />
Deus sugere que o amor de Deus<br />
conduz ao arrependimento. Essas palavras<br />
abrangentes conduzem a coisas<br />
mais profundas do Evangelho. Paulo<br />
reconhecia que bebês precisam de<br />
leite antes de precisarem de carne.<br />
pera a comida, o espírito de graça,<br />
brandura e respeito precisa temperar<br />
nossa conversa com não<br />
crentes. Não devemos transigir com<br />
a verdade, mas podemos comunicála<br />
com bondade.<br />
Crentes necessitam de um discipulado<br />
contínuo em formação<br />
espiritual para que os frutos do<br />
Espírito se tornem<br />
cada vez<br />
mais evidentes<br />
em suas vidas.<br />
O fator mais<br />
crítico em um evangelismo pessoal<br />
é a credibilidade do pregador.<br />
Prática nº 6 — Responda Individualmente.<br />
“Para que saibais como vos convém<br />
responder a cada um.” (Cl 4.6)<br />
Relevância é uma questão indi-<br />
Deus chama todo crente para<br />
ser testemunha, e cada crente<br />
pode ser com a ajuda dEle.<br />
Ele apresentava o Evangelho em<br />
diferentes níveis, de acordo com o<br />
público a quem estava ministrando.<br />
Nosso desejo é ver pessoas<br />
progredirem dos números<br />
negativos para os positivos e<br />
finalmente, para um crescimento<br />
saudável +3.<br />
Existe, geralmente, uma<br />
lacuna entre o mundo dos<br />
descrentes e o mundo dos<br />
crentes. O conhecimento<br />
social-arbitrário, ou conhecimento<br />
cultural-específico dos cristãos<br />
pode tão plenamente ser desenvolvido<br />
que eles acabem se alienando<br />
completamente dos não cristãos.<br />
Começam, inconscientemente, a<br />
utilizar jargões simplesmente aos<br />
quais se referem porque aprenderam a<br />
cultura da cristandade.<br />
Para termos um espírito missionário,<br />
precisamos aprender como reestruturar<br />
nossas vidas, ações e discurso,<br />
para que sejam relevantes àqueles que<br />
não desenvolveram a noção de cristandade.<br />
Devemos aprender, como disse<br />
Paulo, a nos fazermos de “tudo para<br />
vidual. Em nossos esforços para<br />
entender e agir sabiamente em relação<br />
aos “de fora”, não devemos<br />
jamais esquecer que cada um deles<br />
é único. Entender a mentalidade, os<br />
valores, as preocupações, os interesses<br />
e os desejos das pessoas em<br />
várias culturas e gerações é muito<br />
útil. Generalizações, porém, podem<br />
conduzir a<br />
equívocos<br />
porque cada<br />
pessoa é única.<br />
Termos como<br />
geração “X”, póscristãos, pósmodernos,<br />
etc. são perfis e estereótipos, não<br />
realidades pessoais.<br />
As pessoas não são estatísticas ou<br />
apenas almas que conquistamos<br />
para o Reino. Pessoas são indivíduos<br />
com personalidades distintas —<br />
criações únicas para as quais Deus
todos, para, por todos os meios, chegar a<br />
salvar alguns.” (1Co 9.22).<br />
Essa reestruturação estende-se até<br />
mesmo ao nosso discurso. Paulo, em<br />
seu sermão no Areópago, usa ícones<br />
culturais da época (deuses e ídolos, e<br />
os poetas da época) para apresentar o<br />
seu caso. Refere-se à estátua do deus<br />
desconhecido e aos seus poetas que<br />
disseram, “Nós...somos sua geração.”<br />
(At 17.22-31), para falar em um nível<br />
que fosse relevante e significante para<br />
aqueles a quem estava tentando<br />
alcançar.<br />
O livro The Shaping of Things to<br />
Come, de Michael Frost e Alan Hirsh,<br />
apresenta um gráfico para explicar<br />
como os não crentes devem superar a<br />
lacuna cultural da sua ignorância sobre<br />
Deus, antes de conseguirem atravessar<br />
a lacuna do discipulado que todos<br />
os crentes enfim devem atravessar.<br />
Se as pessoas passam por estágios,<br />
como Engel sugere, devemos<br />
examinar como e quando apresentamos<br />
as sugestões verbais e não verbais<br />
do Reino de Deus. Até mesmo Jesus<br />
insistiu em conversar com as crianças,<br />
tem um plano e um propósito pessoal.<br />
Nós construímos o Reino de<br />
Deus com uma pessoa de cada vez.<br />
Jesus é o melhor exemplo nos<br />
ensinamentos de Paulo sobre como<br />
responder às pessoas.<br />
O ensino de Jesus era claro para<br />
os Seus ouvintes. Ele usava vocabulário<br />
e figuras de linguagem<br />
tirados da vida diária de Seu público.<br />
Identificou-Se e conectou-Se<br />
com Seus ouvintes através de uma<br />
linguagem que conseguiam entender,<br />
e conceitos com os quais<br />
tinham como se relacionar.<br />
Devemos lembrar que o versículo<br />
mais citado na Bíblia, João 3.16,<br />
não era parte de um dos sermões de<br />
Jesus. Essas palavras foram proferidas<br />
por Jesus em uma conversa<br />
informal com Nicodemos numa<br />
noite quando respondia às<br />
mesmo com os discípulos tentando<br />
despachá-las. Ele ensinou Seus<br />
discípulos, tanto de forma verbal<br />
como não verbal, que o coração de<br />
uma pessoa deve ser como o de uma<br />
criança para entrar no Reino dos Céus.<br />
Quando falou com a mulher adúltera<br />
no poço (Jo 4.5-29), Jesus não<br />
começou a conversa pelo pecado dela<br />
e pela necessidade de arrependimento.<br />
Ao contrário, Ele se dirigiu a ela<br />
em um nível físico quando disse, “Dême<br />
de beber”. Dirigiu-Se ao seu estilo<br />
de vida, mencionando o fato de que<br />
“tinha muitos maridos”. Dirigiu-Se à<br />
necessidade dela de encontrar<br />
satisfação — beber de tudo o que é<br />
bom. Ele então ofereceu-lhe água<br />
viva. A oferta de Jesus não foi um<br />
clichê cristão do momento; foi uma<br />
oferta para satisfazer sua necessidade<br />
atual.<br />
Como cristãos, devemos considerar<br />
nossas palavras, que podem, às vezes,<br />
advir de uma necessidade em nossa<br />
vida, mas as pessoas que encontramos<br />
podem não ter as mesmas<br />
necessidades. Elas podem não<br />
perguntas desse fariseu.<br />
Mesmo que ensinasse a multidões,<br />
Jesus se concentrava em indivíduos<br />
e respondia a eles. Pessoas<br />
perdidas merecem o mesmo que<br />
aqueles que vieram ao encontro de<br />
Jesus receberam — uma resposta<br />
pessoal.<br />
Deus chama todo crente para ser<br />
testemunha, e cada crente pode ser<br />
com a ajuda dEle. Membros da<br />
igreja podem ficar seguros de que<br />
Deus os usará como testemunhas<br />
eficazes à medida que cooperarem<br />
na obra que o Espírito Santo estiver<br />
fazendo na vida de um descrente.<br />
Estes cinco versículos de Colossenses<br />
oferecem um ensinamento bíblico,<br />
prático e abrangente em relação<br />
a evangelismo pessoal. Os princípios<br />
de dependência (vv. 2-4) e de disciplina<br />
(vv. 5,6) referem-se a toda a<br />
necessitar de uma igreja no<br />
momento, mas podem precisar de<br />
alguém que demonstre o amor de<br />
Deus através de palavras generosas<br />
e sugestões não verbais, como ação<br />
e serviço. A forma como demonstramos<br />
interesse e estruturamos<br />
palavras determinam se<br />
pareceremos repugnantes em<br />
nosso orgulho, abstratos em nossas<br />
conversas na igreja ou amáveis e<br />
gentis em nossa preocupação<br />
genuína pelas necessidades do<br />
nosso próximo.<br />
É hora de os crentes<br />
redescobrirem a linguagem<br />
esquecida de sua juventude<br />
espiritual.<br />
Devemos falar aos descrentes<br />
onde vivem, onde trabalham e<br />
onde quer que estejam na escala<br />
de Engel.<br />
L. ALTON GARRISON,<br />
Springfield, Missouri (EUA)<br />
vida cristã. As práticas precisam ser<br />
reforçadas continuamente em todos<br />
os aspectos da vida da igreja.<br />
A verdade da Palavra de Deus<br />
em relação à natureza do evangelismo<br />
pode libertar as pessoas de<br />
qualquer coisa que as amarre, assim<br />
como pode ajudá-las a encontrar o<br />
propósito que Deus quer que se<br />
cumpra através delas.<br />
Se a liderança pastoral ajudar<br />
pessoas a entenderem as verdades<br />
poderosas que Paulo ensina, os<br />
crentes conseguirão desenvolver um<br />
estilo de vida de evangelismo<br />
pessoal eficaz.<br />
RANDY HURST,<br />
Springfield, Missouri (EUA)<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 11
12 enrichment | MARÇO 2010
Se permitirmos que nossos fracassos nos definam, eles<br />
conseguirão nos arruinar. Mas se o fracasso for administrado<br />
de maneira apropriada, sairemos dele vitoriosos.<br />
APRENDENDO<br />
COM OS ERROS<br />
Por Mark Batterson<br />
P<br />
or mais de uma década<br />
tenho servido como pastor da<br />
Igreja National Community em<br />
Washington, DC (EUA). Eu amo<br />
morar em Capitol Hill. Sou grato<br />
a Deus por ter pastoreado uma igreja na vida. Mas<br />
também já passei pela minha quota de desafios,<br />
decepções e fracassos.<br />
Após me formar pelo Central Bible College, em<br />
Springfield, Missouri, entrei na Trinity Evangelical<br />
Divinity School, em Deerfield, Illinois. Meu sonho<br />
era o de plantar uma igreja na área de Chicago, IL.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 13
Minha esposa e eu crescemos em Naperville, um<br />
subúrbio na região oeste de Chicago. Amo o estilo de<br />
pizzas de Chicago. E Michael Jordan ainda estava<br />
jogando pelo Chicago Bulls. Por que<br />
iríamos querer estar em qualquer<br />
outro lugar? Então criamos um grupo<br />
principal, abrimos uma conta no<br />
banco, e escolhemos um nome de<br />
igreja. Eu fiz até um planejamento<br />
para 25 anos. Mas nosso grupo<br />
implodiu antes mesmo que pudéssemos<br />
realizar nosso primeiro culto.<br />
Ainda tenho questões sem respostas<br />
sobre aquela primeira igreja.<br />
Será que fomos chamados para<br />
plantar essa igreja? Ou foi Deus<br />
quem planejou nosso fracasso?<br />
Estávamos fora de tempo? Ou foi<br />
minha inaptidão e inexperiência que<br />
me fizeram fracassar? Eu saí dessa<br />
experiência com uma forte convicção:<br />
às vezes, nossos planos têm<br />
que fracassar para que os de Deus<br />
tenham sucesso.<br />
Essa tentativa frustrada de plantar<br />
uma igreja se classifica como uma<br />
das fases mais constrangedoras e<br />
desiludidas da minha vida. Eu não<br />
fazia ideia de para onde ir ou o que<br />
fazer. Estava emocional e espiritualmente<br />
abalado.<br />
Se permitirmos que nossos fracassos<br />
nos definam, eles conseguirão<br />
nos arruinar. Mas se o fracasso for<br />
administrado de maneira apropriada,<br />
sairemos dele vitoriosos. Nós não estamos propensos<br />
a admitir ou a levar o crédito por um sucesso tardio.<br />
Descobrimos que, mesmo quando caímos de cara no<br />
chão, Deus está lá para nos levantar. O fracasso tem<br />
um jeito de abrir novas opções.<br />
Quando o sonho de plantar uma igreja em Chicago<br />
desvaneceu, estava disposto a ir a qualquer lugar.<br />
Então, depois de vários meses orando e buscando a<br />
Deus, encontrei uma porta aberta em Washington.<br />
Nós não tínhamos um lugar para morar ou um salário<br />
garantido; mas, pela fé, arrumamos nossas coisas e nos<br />
mudamos.<br />
“EM BREVE, EM UM CINEMA PERTO DE VOCÊ”<br />
No primeiro final de semana de Janeiro de 1996, uma<br />
14 14 enrichment | MARÇO | MARÇO 2010<br />
Se suas<br />
perspectivas<br />
são de<br />
curto<br />
prazo,<br />
você viverá<br />
em um<br />
desencorajamento<br />
perpétuo.<br />
nevasca varreu a costa leste, deixando um recorde de<br />
nevasca nos EUA. Este foi meu primeiro fim de semana<br />
como pastor da Igreja National Community. Apenas<br />
3 pessoas apareceram no culto —<br />
minha esposa, meu filho e eu.<br />
A parte boa foi que tivemos a experiência<br />
de vermos um crescimento<br />
de 533% em uma semana, quando<br />
19 pessoas apareceram no domingo<br />
seguinte.<br />
Nós colocamos por terra vários<br />
axiomas de como se plantar uma<br />
igreja. Contaram-me que se você<br />
não alcançar 100 pessoas em seu<br />
primeiro ano, ou 200 em seu segundo<br />
ano, você nunca conseguiria quebrar<br />
aquelas barreiras.<br />
A média de frequência em<br />
nosso primeiro ano foi de<br />
aproximadamente 35 pessoas.<br />
Geralmente começávamos os<br />
cultos com seis ou oito pessoas na<br />
assistência. Eu fechava meus olhos<br />
durante o louvor porque era<br />
deprimente abri-los. Mas nunca<br />
perdi minha esperança. Sabia que<br />
Deus tinha nos chamado. E sabia<br />
que alguma coisa boa aconteceria. Só<br />
não sabia que a coisa boa seria algo<br />
que eu julgaria ser ruim.<br />
No outono de 1996, a escola<br />
pública em Washington onde estávamos<br />
nos reunindo foi fechada por<br />
causa de violação do código de<br />
incêndio. A Igreja National<br />
Community poderia facilmente ter se tornado uma<br />
casualidade. Começamos a explorar as opções de<br />
espaço para as reuniões. Todas as portas se fecharam<br />
exceto uma: a do cinema da Union Station.<br />
Fazendo uma retrospectiva, é difícil imaginar um<br />
ponto espiritual mais estratégico que a Union Station.<br />
Vinte e cinco milhões de pessoas passam pela Union<br />
Station todo ano, fazendo-a o destino mais visitado de<br />
Washington. Temos nove salas, 40 restaurantes e um<br />
estacionamento coberto. Nós também temos nosso<br />
“próprio” sistema de metrô, com estação em frente à<br />
nossa porta. Se Deus não tivesse fechado a porta da<br />
escola pública de Washington, não teríamos procurado<br />
por uma porta aberta no cinema.<br />
Devo mencionar um comentário histórico. No dia
que assinei o contrato de aluguel do cinema na<br />
Union Station, peguei um livro, Union Station:<br />
A History of Washington’s Grand Terminal. Eu queria<br />
conhecer a história por trás da Union Station.<br />
Em 28/02/1903, o presidente norte-americano<br />
Theodore Roosevelt assinara o projeto de Lei do<br />
Congresso, permitindo a criação da Union Station.<br />
Implantação de igrejas:<br />
Estudo VINEYARD sobre Fracassos e Sucessos<br />
Todd Hunter conduziu um significativo<br />
estudo enquanto diretor denominacional<br />
de implantação de igrejas.<br />
Embora datadas, diversas descobertas<br />
apresentadas em seu estudo<br />
para Association of Vineyard Churches<br />
— Church Pathology Report, de<br />
Dezembro de 1986, ainda são totalmente<br />
relevantes.<br />
Hunter dividiu seu relatório em<br />
duas categorias principais: “Relatórios<br />
de Autópsia” de igrejas fracassadas<br />
e “Igrejas Bem Sucedidas”. As<br />
questões-chaves mencionadas, que<br />
contribuem grandemente para o<br />
fracasso incluem:<br />
A inabilidade do plantador de<br />
igrejas de recrutar, mobilizar e fomentar<br />
trabalhadores e líderes;<br />
A inabilidade do plantador de<br />
igrejas de planejar eficazmente;<br />
A ineficácia do plantador de<br />
igrejas de recrutar pessoas e;<br />
A ineficácia do plantador de<br />
igrejas em sua metodologia de evangelismo.<br />
Hunter concluiu que os obreiros<br />
que implantam novas igrejas poderiam<br />
corrigir essas questões com treinamento<br />
e a experiência do crescimento<br />
da igreja.<br />
Hunter prosseguiu para descobrir<br />
que a disposição desses obreiros faz<br />
uma diferença crucial.<br />
Os pastores que lutam muito em<br />
sua maioria são mais pastorais do que<br />
carregadores de peso e faltam-lhes<br />
habilidades fortes de liderança.<br />
Os obreiros que plantam novas<br />
igrejas e não são bem sucedidos ficam<br />
simplesmente predispostos a<br />
uma abordagem mais passiva para<br />
ministério, que concentra-se em<br />
fomentar aqueles que naturalmente<br />
vêm de encontro a eles, em vez de<br />
buscar agressivamente adentrar a<br />
comunidade e reunir aqueles que<br />
poderiam ser líderes para o Reino.<br />
Eles preferem nutrir os relacionamentos<br />
já existentes ao invés de<br />
recrutar, evangelizar, planejar ou<br />
examinar sua comunidade.<br />
FATORES DE SUCESSO<br />
Por outro lado, de acordo com a<br />
pesquisa Vineyard, as igrejas que<br />
prosperam são dirigidas por pastores<br />
que trabalham arduamente, que<br />
possuem bem elaborados planejamentos,<br />
que focam-se em recrutar<br />
pessoas novas e que conseguem se<br />
mexer de forma criativa para resolver<br />
problemas. Estes pastores se envolvem<br />
agressivamente com ações<br />
sociais e o otimismo e a fé servem<br />
como combustível para sua paixão.<br />
O projeto declarava: “Um Ato do Congresso para criar<br />
uma Union Station e para outros propósitos”.<br />
O presidente Roosevelt pode ter pensado que estava<br />
construindo uma estação de trem, mas Deus sabia que<br />
anos depois a Union Station serviria Seus propósitos<br />
através do ministério desta igreja — Igreja National<br />
Community.<br />
Além disso, esses plantadores de<br />
igrejas possuem boas habilidades<br />
sociais e assumem responsabilidade<br />
pelo crescimento da igreja enquanto<br />
consolidam o valor da igreja para as<br />
pessoas.<br />
Finalmente, Hunter também<br />
descobriu vários fatores de sucesso<br />
relacionados à nova congregação. As<br />
perspectivas de sobrevivência de uma<br />
igreja nova diminuem se em seu<br />
estágio inicial ela atrair muitos cristãos<br />
feridos ou aqueles apenas nominais<br />
que não estão dispostos ou não são<br />
capazes de crescer (i.e., saltadores de<br />
igrejas, líderes queimados, os feridos<br />
crônicos, etc.). Da mesma forma, se os<br />
primeiros membros não estiverem dispostos<br />
a buscar e a receber ativamente<br />
aqueles que são diferentes deles<br />
mesmos, isto pode também reduzir a<br />
saúde e a capacidade de sobrevivência<br />
da igreja.<br />
Estrangulação sociológica e os<br />
problemas ocultos ferem tanto as<br />
igrejas novas quanto as igrejas estabelecidas.<br />
— ED STETZER<br />
Extraído de “Improving the health and<br />
Survability of New Churches”.<br />
Leadership Network. Usado com<br />
permissão.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 15<br />
15
NO MEIO DO MERCADO<br />
Entrei no negócio de plantar uma igreja<br />
com uma mentalidade tradicional:<br />
reunir-se em prédios alugados até se<br />
conseguir comprar ou construir um templo.<br />
No entanto, eu experimentei uma<br />
mudança de paradigma. Sabia que iria<br />
demorar até que começássemos até<br />
mesmo a pensar em comprar ou construir<br />
um prédio. As propriedades custavam<br />
US$ 10 milhões o acre. Então veio-<br />
-me este pensamento: por que construir<br />
uma igreja quando temos um auditório<br />
todo adaptado, com telões, assentos<br />
confortáveis e sistema de som surround?<br />
Além disso, quantas igrejas têm praça de<br />
alimentação, estacionamento coberto e metrô?<br />
Estabelecer uma igreja no mercado se tornou parte do<br />
nosso DNA espiritual.<br />
Eu estava caminhando da Union Station para casa<br />
quando tive uma visão na esquina das ruas Fifth com a<br />
F. Nenhum coral de anjos. Nenhum grafite na calçada.<br />
Mas pude ver um mapa do metrô em minha mente. Eu<br />
enxerguei a Igreja NC se reunindo em salas do cinema<br />
nas estações do metrô em toda a área de Washington.<br />
Finalmente, conseguimos nosso segundo cinema<br />
em Ballston Commom Mall, em Arlington, Virgínia.<br />
Desde então, conseguimos também mais dois lugares:<br />
um em Georgetown (Washington, DC) e outro em<br />
Alexandria, Virgínia.<br />
Juntamente com nossos quatro cinemas, a igreja NC<br />
também possui e opera a maior cafeteria de Capitol<br />
Hill. Em 2008, Ebenezers foi considerada a cafeteria<br />
número 1 do metrô de Washington pela AOL<br />
CityGuide.<br />
A paixão era simples: criar um lugar onde a igreja e a<br />
comunidade cruzassem seus caminhos. Jesus não<br />
aparecia apenas nas sinagogas; Ele aparecia também<br />
perto dos poços. Poço não é somente um lugar para se<br />
tirar água. Na cultura antiga, os poços eram lugares<br />
onde as pessoas se reuniam. Cafeterias são os poços<br />
pósmodernos.<br />
Não apenas interagimos com centenas de clientes<br />
diariamente; também fazemos dois cultos no sábado à<br />
noite em nosso auditório. Todo o lucro da cafeteria é<br />
investido em missões.<br />
CINCO LIÇÕES<br />
Aqui estão as lições que aprendi durante a jornada de<br />
plantar igrejas.<br />
16 16 enrichment | MARÇO | MARÇO 2010<br />
Lição nº 1: Abra os horizontes<br />
Se suas perspectivas são de curto prazo,<br />
você viverá em um desencorajamento<br />
perpétuo. Quando estou desencorajado,<br />
geralmente é porque superdimensionei<br />
algumas coisas que me frustraram.<br />
Preciso subdimensioná-las e lembrar<br />
do quadro grande. Preciso lembrar que,<br />
há mais de 2000 anos, Jesus morreu<br />
numa cruz por meus pecados. Preciso<br />
também me lembrar do futuro eterno<br />
que tenho. Isso ajuda a recalibrar-me<br />
espiritualmente. Por que estou fazendo o<br />
que estou fazendo? Preciso reconectar<br />
com meu primeiro chamado que Deus<br />
fez para a minha vida. Preciso me lembrar<br />
que estou nisso para um grande projeto.<br />
Crescimento leva tempo. Deus não abençoará você<br />
mais do que possa lidar com isso. Deus está mais preocupado<br />
com o que você está se tornando do que com o<br />
que você está fazendo. Quanto mais você precisa esperar,<br />
mais você aprecia. Nossa cafeteria, por exemplo,<br />
é o resultado de oito anos de oração, rezoneamento e<br />
construção.<br />
Crescimento de igreja não é a questão. A questão é o<br />
crescimento pessoal. Se você tiver o crescimento<br />
pessoal, a igreja crescerá em escala corporativa.<br />
Aqui está uma ironia do crescimento da igreja. Nas<br />
semanas que estou “a todo vapor” e penso que todo<br />
visitante se tornará um membro na semana seguinte,<br />
ninguém volta. Então na semana seguinte prego uma<br />
mensagem que bomba. Sinto-me como se estivesse<br />
mandando um e-mail com queixa para mim mesmo.<br />
Então as pessoas se convertem e todos os visitantes<br />
voltam.<br />
Parte do<br />
desafio da<br />
liderança é<br />
descobrir<br />
quem<br />
você é.<br />
Lição nº 2: Não tenha medo de cometer erros<br />
Todo obreiro que planta uma igreja luta com medo de<br />
fracassar. O remédio não é o sucesso. O remédio é<br />
fracassar em pequenas doses, quase como injeções de<br />
alergia, para que consiga imunidade.<br />
O fracasso tem um efeito de libertação. Você percebe<br />
que Deus está lá para pegar e limpar você. Isso mantém<br />
você humilde.<br />
Nós temos um valor central na Igreja NC: tudo é um<br />
experimento. Se o Reino de Deus tivesse departamentos,<br />
poderíamos trabalhar em pesquisa e desenvolvimento.<br />
Sou guiado por uma convicção elementar:<br />
existem maneiras de se plantar uma igreja que ninguém<br />
pensou ainda. Isso, no entanto, significa que preciso
cometer alguns erros. Preciso chegar ao ponto onde fico<br />
com mais medo de perder oportunidades do que de<br />
errar.<br />
Não tenho problemas em ver a minha equipe<br />
cometendo um erro. Só não quero que cometam os<br />
mesmos erros várias vezes. Cometer erros significa que<br />
você está tentando coisas novas. E este é o caminho<br />
para se crescer como líder.<br />
Lição nº 3: Desista de fazer comparação<br />
Sou competitivo, não gosto de perder nem um jogo de<br />
damas para meus filhos. Mas, pedi a Deus para<br />
santificar meu ímpeto competitivo e usá-lo para Seus<br />
propósitos. Com muita frequência, nós nos comparamos<br />
com outros pastores e olhamos para outras igreja como<br />
concorrentes.<br />
Líderes sãos têm uma mentalidade vol-tada para o<br />
Reino. Não preciso ser todas as coisas para todas as<br />
pessoas porque eu não sou a única igreja na cidade. Precisamos<br />
de diferentes tipos de igrejas porque existem<br />
diferentes tipos de pessoas. Celebremos nossas diferenças<br />
enquanto pregamos o Evangelho.<br />
Você pode se comparar a alguém que não tenha os<br />
mesmos dons que você, e isso resultará em orgulho.<br />
Ou pode se comparar a alguém que possua mais dons<br />
que você, e isso resultará em ciúme. De qualquer jeito,<br />
você perde.<br />
Parte do desafio da liderança é descobrir quem você<br />
é. A outra parte é descobrir quem você não é. Então se<br />
cerque de pessoas que compensem suas fraquezas. Já<br />
no início do ministério, seu nível de dotações irá determinar<br />
sua influência. Mas, com o tempo, suas dotações<br />
terão menos a ver com sua influência final. Sua influência<br />
será determinada pelas dotações das pessoas com as<br />
quais você se cerca. É por isso que o desenvolvimento<br />
de liderança e a contratação de pessoal são capacidades<br />
de missão tão críticas.<br />
Se você não tem uma visão claramente definida, tentará<br />
ser tudo para todos. Vários pastores são verdadeiros<br />
contorcionistas. Tentamos atender todos os caprichos e<br />
desejos de todos que batem à nossa porta.<br />
Anos atrás, memorizei algo que Abraham Lincoln<br />
disse e isto se tornou um mantra da liderança: “Você<br />
consegue agradar todas as pessoas por algum tempo,<br />
algumas pessoas todo o tempo, mas não consegue<br />
agradar todas as pessoas todo o tempo”.<br />
Lição nº 4: Continue aprendendo<br />
Um seminarista me perguntou: “Qual é a chave do<br />
sucesso no ministério?”<br />
Eu disse: “Continue aprendendo”.<br />
Líderes são aprendizes. Parte do que os guia é uma<br />
curiosidade santa. E eles são suficientemente humildes<br />
para admitir sua falta de conhecimento.<br />
Um dos meus medos é o de me tornar um sistema<br />
fechado. Você deixa de fazer o ministério a partir de<br />
sua imaginação e começa a fazê-lo a partir de sua memória.<br />
Você deixa de criar o futuro e começa a repetir<br />
o passado. Você deixa de liderar e passa a administrar.<br />
Duas coisas têm me ajudado a continuar a ser um<br />
sistema aberto. Primeiro, os livros mantêm minhas<br />
sinapses queimando de maneiras novas. Tento também<br />
fazer o máximo de reconhecimento possível. Vou<br />
a conferências e visito outras igrejas para obter novas<br />
ideias. Isso me ajuda a manter minha perspectiva<br />
saudável na Igreja National Community.<br />
Lição nº 5: Aproveite a jornada<br />
Quando fui entrevistado para obter credencial, um<br />
pastor do comitê perguntou: “Se você tivesse que<br />
descrever você mesmo com uma palavra, qual seria?”<br />
Eu disse: “guiado”. Pensei que fosse então uma<br />
ótima resposta. Agora não tenho tanta certeza.<br />
Meu objetivo como obreiro que planta igrejas era<br />
pastorear mil pessoas antes de fazer 30 anos. Não há<br />
nada errado em estabelecer objetivos enormes desde<br />
que o motivo esteja correto. A dimensão dos nossos<br />
sonhos é um ótimo barômetro de maturidade espiritual.<br />
O problema, porém, com este objetivo em particular<br />
é: eu estava preocupado mais com números do que<br />
com pessoas. Nós plantamos e regamos; Deus dá o<br />
crescimento (1Co 3.7).<br />
Eu estou tão voltado para o futuro que normalmente<br />
deixo de apreciar a jornada. Mas o Senhor<br />
estampou em mim: seja o melhor pastor que você<br />
puder aqui e agora. É como ser pai. Você precisa aproveitar<br />
cada idade e cada fase. Ministrar é difícil. Mas<br />
que possamos jamais nos esquecer do privilégio<br />
maravilhoso de fazer parte do plano de redenção de<br />
Deus para o planeta Terra.<br />
Esteja certo de que os sacrifícios que fazemos<br />
renderão dividendos eternos.<br />
MARK BATTERSON é o pastor presidente<br />
da Igreja National Community, em<br />
Washington, DC (EUA).<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 17<br />
17
Transformando Decisões<br />
18 enrichment | MARÇO 2010<br />
em Acréscimos e
Acréscimos em Discipuladores<br />
(Cuidados para com o Novo Convertido)<br />
Para onde foram todas os crianças espirituais? Uma<br />
tendência alarmante e perturbadora está ocorrendo<br />
nas Assembleias de Deus dos EUA. Quando<br />
mais de 75% de todas as decisões por Cristo nas igrejas<br />
assembleianas escapam pela porta dos fundos, algo está<br />
desesperadamente errado e requer uma resposta para<br />
esta pergunta: “Por que tão poucas decisões por Cristo<br />
resultam em adição à igreja?”<br />
Numa tentativa de responder a esta pergunta, devemos<br />
considerar primeiramente o exemplo do apóstolo<br />
Paulo aos crentes de Tessalônica: “antes, fomos brandos<br />
entre vós, como a ama que cria seu filho.” (1Ts 2.7, grifo<br />
nosso). Paulo sabia que esses recém-nascidos em<br />
Cristo viveriam e cresceriam através de relacionamentos<br />
carinhosos, ou morreriam se deixados<br />
sozinhos. O relacionamento de Paulo com eles<br />
continuou, podendo assim exortá-los, encorajá-los<br />
e implorar que “a cada um de vós...como o pai a seus<br />
filhos.” (1Ts 2.11). O resultado foi a sobrevivência espiritual<br />
e sua transformação em poderosas testemunhas.<br />
Como um pai orgulhoso, Paulo notou que “em todos os<br />
lugares a vossa fé para com Deus se espalhou.” (1Ts 1.8).<br />
O discipulado para novos crentes é indispensável<br />
se pastores querem desacelerar a alarmante taxa de<br />
morte espiritual na igreja.<br />
Tem sua igreja um ministério de discipulado bem<br />
desenvolvido que garanta a taxa de sobrevivência de<br />
seus novos convertidos e que os ajude a se tornarem<br />
membros que cresçam e sejam prósperos?<br />
Este artigo apresenta passos práticos para se estabelecer<br />
um ministério eficaz de discipulado para<br />
novos convertidos numa igreja de qualquer tamanho,<br />
que irá transformar decisões em acréscimos e acréscimos<br />
em discipuladores. Essas dinâmicas são atemporais<br />
e eficazes.<br />
Por Jim Hall<br />
Valores do Discipulado<br />
Deus se alegra quando um perdido é encontrado e nos<br />
chama para nos alegrarmos com Ele (Lc 15. 6-10).<br />
O pai do filho pródigo argumentou com seu filho<br />
mais velho que ele também precisava celebrar porque<br />
“o seu irmão” voltara para casa (Lc 15.32). Os recémnascidos<br />
espirituais são claramente nossos irmãos e cada<br />
um deve ser bem vindo porque os novos crentes têm o<br />
mesmo valor que nós para o Pai Celestial.<br />
No Novo Testamento, o valor de cada criança em<br />
Cristo reflete-se nas referências apostólicas ao cuidado<br />
individualizado. Paulo falou aos Tessalonicenses que<br />
O discipulado para novos crentes é<br />
indispensável se pastores querem desacelerar<br />
a alarmante taxa de morte espiritual na igreja.<br />
ele guiara “cada um de vós” como um pai (1Ts 2.11, grifo<br />
nosso). Ele lembrou aos Efésios: “vigiai, lembrando-vos<br />
de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de<br />
admoestar, com lágrimas, a cada um de vós.” (At 20.31,<br />
grifo nosso). Jesus discipulou Pedro individualmente<br />
desde o início de Seu ministério público. O primeiro<br />
objetivo para o acompanhamento de novos convertidos<br />
é o de prover um cuidado individual, colocando-os em<br />
contato com outros cristãos maduros ou discipuladores<br />
treinados.<br />
Amizade no discipulado<br />
O ingrediente amizade no discipulado pode preceder a<br />
conversão ou ser desenvolvida através de um discipulador<br />
que seja designado para um novo convertido após<br />
sua entrega a Cristo. Os discipuladores precisam ser do<br />
mesmo sexo que o novo convertido. Também, leve em<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 19
Identidade e comunidade são questões primordiais para a igreja hodierna.<br />
consideração a idade, personalidade,<br />
profissão, trabalho, horários, onde as<br />
pessoas vivem e a direção do<br />
Espírito. A dificuldade inicial de um<br />
relacionamento entre o novo<br />
convertido e o discipulador é<br />
normalmente superada com um<br />
pouco de persistência. Em raras<br />
ocasiões, pode haver a necessidade<br />
de um novo discipulador.<br />
Fidelidade ao discipulado<br />
É importante que um novo cristão<br />
seja contatado pela igreja, e/ou pelo<br />
pretenso discipulador, logo após ter<br />
se convertido, para agendar um<br />
horário (de 1 a 1 hora e meia) para<br />
um discipulado informal.<br />
Escolha um lugar confortável<br />
para se reunir que seja conveniente<br />
para o novo convertido — a casa<br />
dele, ou qualquer outro lugar que<br />
ele escolha.<br />
Reunir-se na casa do novo<br />
convertido permite ao discipulador<br />
encontrar outros membros da<br />
família e amigos e dar apoio ao<br />
testemunho do novo convertido.<br />
Também oferece um contexto<br />
importante para o discipulador<br />
observar e entender o ambiente de<br />
onde provém o novo convertido.<br />
O discipulado precisa ser realizado<br />
semanalmente. A fidelidade do<br />
discipulador cria uma experiência<br />
consistente que é importante para a<br />
vida espiritual do novo crente.<br />
A igreja precisa desenvolver um<br />
sistema de prestação de contas para<br />
que o discipulador apresente a<br />
consistência e a qualidade de cada<br />
reunião de discipulado.<br />
A Formação do Discipulado<br />
As reuniões de discipulado precisam<br />
concentrar-se em ajudar os novos<br />
convertidos a interagirem com as<br />
Escrituras para aprenderem como<br />
20 enrichment | MARÇO 2010<br />
ter um relacionamento diário com<br />
Jesus. Lições com cadernos de exercícios<br />
que levem o novo convertido<br />
diretamente à Palavra para verem<br />
por si mesmos o que Deus está<br />
dizendo são os melhores.<br />
A comunicação com Deus é<br />
aprendida através do ouvir Sua<br />
Palavra escrita, da resposta de<br />
oração e também do ouvir Deus<br />
falar através de Seu Espírito<br />
enquanto se ora.<br />
A cooperação momento a<br />
momento com Deus é o objetivo<br />
para cada novo convertido.<br />
O discipulador, assim como as lições<br />
utilizadas, precisa enfatizar que o<br />
conteúdo da Bíblia é aprendido por<br />
causa da conduta bíblica.<br />
O relacionamento do discipulado<br />
precisa propiciar uma prestação de<br />
contas de apoio para aplicar o que<br />
Deus está dizendo ao novo convertido<br />
a respeito de como Ele quer que<br />
viva. A celebração pelo avanço deve<br />
ser frequente e sincera (At 11.23).<br />
O Processo do Discipulado<br />
Primeiro Encontro<br />
Após estar familiarizado, o discipulador<br />
precisa perguntar se pode orar<br />
para que Deus os ajudem enquanto<br />
estudam Sua Palavra juntos. A oração<br />
deve ser simples, curta e em<br />
uma linguagem do dia-a-dia. Isso dá<br />
exemplo ao novo convertido de que<br />
a oração é uma conversa natural com<br />
Deus. No final da lição, o novo<br />
convertido precisa ser encorajado a<br />
conversar com Deus de maneira<br />
similar. Suas orações sinceras e não<br />
polidas devem ser estimuladas pelo<br />
discipulador (por exemplo: “Foi<br />
uma ótima oração. Sei que Deus<br />
gostou muito de ter ouvido você<br />
falando assim com Ele.”)<br />
Segundo: use lições de discipulado<br />
escritas para pessoas, que nun-<br />
ca frequentaram uma igreja, possam<br />
entender. Essas lições devem levar<br />
o novo convertido a passagens<br />
simples na Palavra que mostrem<br />
como Deus quer ter comunicação e<br />
cooperação com os crentes.<br />
O conteúdo da série de lições<br />
deve incluir:<br />
1. uma revisão do compromisso de<br />
seguir a Jesus;<br />
2. sua presença constante para guiar<br />
e dar assistência à obediência;<br />
3. o primeiro e segundo mandamentos;<br />
4. batismos em águas e no Espírito<br />
Santo;<br />
5. comunhão;<br />
6. princípios de administração do trabalho<br />
e do dinheiro;<br />
7. como testemunhar e discipular<br />
outros.<br />
Terceiro: atravesse a primeira lição<br />
com o novo convertido, utilizando<br />
uma linguagem simples, sobre<br />
como fazê-la, como localizar as referências<br />
bíblicas, como entender a<br />
verdade na lição, e como pôr em<br />
prática a verdade no seu viver diário.<br />
Faça com que o novo cristão leia<br />
cada questão e acompanhe as<br />
passagens das Escrituras, então faça<br />
perguntas que gentilmente o levem<br />
a ver as respostas no caderno de<br />
exercícios sobre a passagem que foi<br />
lida. Não aceite um “chute” ou uma<br />
resposta baseada em conhecimento<br />
anterior. Você está lançando este<br />
novo convertido numa vida de<br />
disciplina em que usará a Bíblia a<br />
vida toda para encontrar as respostas<br />
para a vida.<br />
Faça com que o novo convertido<br />
explique o que ele vê na passagem<br />
que responde à pergunta da lição —<br />
e qualquer outra coisa interessante<br />
que ele veja. O Espírito Santo<br />
mostrará frequentemente verdades<br />
não ditas na lição, mas que são<br />
mostradas na passagem bíblica e<br />
que são úteis ao novo crente.
Observações corretas precisam<br />
ser afirmadas e respostas incorretas<br />
precisam ser gentilmente<br />
redirecionadas até que a verdade<br />
seja depreendida e confirmada.<br />
As respostas a cada questão devem<br />
ser escritas nos espaços providenciados<br />
na folha de estudo. As verdades<br />
bíblicas providenciam o Espírito<br />
que conduz à convicção no que diz<br />
respeito a substituir velhas práticas<br />
por novos comportamentos.<br />
Quarto: combinem um horário<br />
regular para os encontros semanais<br />
— o máximo de vezes possível de<br />
acordo com a conveniência do novo<br />
convertido. Além disso, deve existir<br />
um contato ou alguma atividade<br />
semanal informal (tomar café, fazer<br />
compras, lazer ou uma conversa<br />
pelo telefone) para fazer com que a<br />
amizade se desenvolva. Neste<br />
ambiente, o novo cristão pode<br />
conversar sobre coisas que estão em<br />
sua mente e coração ou fazer<br />
perguntas. Isso permite ao discipulador<br />
entender melhor o quanto o<br />
novo convertido está crescendo<br />
espiritualmente ou onde estão suas<br />
dificuldades e valores. Seja fiel aos<br />
encontros e ao tempo que passar<br />
com o novo cristão. A vida espiritual<br />
deles depende disso.<br />
Finalmente, no final do<br />
encontro, explique a importância de<br />
um tempo diário dedicado ao estudo<br />
e à oração além das lições de casa.<br />
Ajude-o a planejar tempo e lugar<br />
para seu momento com Deus,<br />
encoraje-o a ser fiel aos encontros<br />
com Deus.<br />
Segundo Encontro<br />
Vá para a lição seguinte — ou termine<br />
a primeira — com o novo convertido,<br />
ajudando-o no que for preciso.<br />
Pergunte se ele aplicou em sua vida<br />
o que aprendeu no encontro ante-<br />
rior. Pergunte sobre suas devoções e<br />
se ele já sentiu a presença de Deus<br />
ou Deus falando com ele durante<br />
esse período — ou em qualquer<br />
outro momento durante a semana.<br />
Se o novo convertido parecer<br />
confortável com o formato da lição<br />
ou com o processo de aprendizagem,<br />
peça para que a próxima lição<br />
seja feita por sua conta antes do<br />
próximo encontro. Encoraje-o a fazer<br />
o melhor e ajude-o em qualquer<br />
coisa que ainda não esteja clara.<br />
Terceiro e Demais Encontros<br />
Entre na lição que você pediu no<br />
encontro anterior. Leve seu novo<br />
convertido a ver a verdade nas passagens<br />
que estão sendo estudadas.<br />
Discuta suas respostas, perguntas e<br />
ainda outras respostas dadas na<br />
lição. Se ele quiser discutir questões<br />
que não sejam importantes para sua<br />
vida neste momento, gentilmente<br />
diga que irá responder à sua pergunta<br />
depois e continue com a lição. Se<br />
a questão estiver distraindo-o do<br />
aprendizado e uma lição seguinte<br />
lidar com o assunto, entre nessa<br />
lição e lide com esta urgência.<br />
Flexibilidade é uma vantagem do<br />
discipulado individual.<br />
Certifique-se de que você discute<br />
continuamente como o novo<br />
convertido está aplicando à sua vida<br />
cotidiana as lições que tem aprendido<br />
das Escrituras. Isto estabelece<br />
uma prestação de contas amigável a<br />
fim de alcançar o objetivo de seus<br />
encontros — para que este novo<br />
convertido se torne um praticante<br />
da Palavra. Isto também permite<br />
uma celebração pelo avanço que o<br />
anima e o encoraja. Quando orarem<br />
juntos, inclua o agradecimento pelo<br />
progresso e a evidência de Deus no<br />
trabalho em sua vida. A oração deve<br />
também incluir o pedido pela ajuda<br />
de Deus em relação aos desafios<br />
que enfrenta no dia-a-dia.<br />
No final do encontro, atribua a<br />
nova lição. Continue esse processo<br />
com relação às lições remanescentes.<br />
Recomendo de 6 a 8 meses de<br />
curso em uma grade de uma por<br />
uma. Após completar o processo de<br />
discipulado, algumas igrejas fazem a<br />
transição dos novos convertidos para<br />
grupos de estudo. Independentemente<br />
de quando o discipulado<br />
individual termina, o novo convertido<br />
precisa unir-se a um grupo que<br />
seja apropriado para sua próxima<br />
fase de aprendizado e crescimento.<br />
Um sistema de acompanhamento<br />
deve existir para monitorar sua participação<br />
contínua no processo de<br />
aprendizado do grupo.<br />
O andamento do discipulado<br />
Reunir-se regularmente é mais<br />
importantes do que completar uma<br />
lição em cada reunião. Às vezes,<br />
lidar com necessidades urgentes da<br />
vida do novo convertido significa<br />
que várias sessões são necessárias<br />
para terminar aquela lição. É importante<br />
oferecer o tempo que for<br />
necessário para entender e aplicar a<br />
verdade em sua vida. É como alimentar<br />
um bebê — ele é que decide<br />
a frequência com que se deve<br />
alimentá-lo. O processo individual<br />
facilita a flexibilidade no andamento<br />
do discipulado.<br />
Conexões do Discipulado<br />
O discipulador se torna o elo entre o<br />
novo convertido e a igreja ao acolhê-<br />
-lo na igreja ou em grupo pequeno.<br />
O discipulador ou encontra com<br />
o novo convertido na reunião ou lhe<br />
oferece carona. O discipulador também<br />
precisa sentar-se com o novo<br />
convertido e apresentá-lo às pessoas<br />
e às atividades. Este é um papel<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 21
Certifique-se de que você discute continuamente como o novo convertido está<br />
aplicando à sua vida cotidiana as lições que tem aprendido das Escrituras.<br />
importante que precisa ser cumprido<br />
com fidelidade pelo discipulador.<br />
Batismo em Águas<br />
O batismo em águas é um passo de<br />
obediência muito importante para<br />
os novos convertidos e deve ser<br />
fortemente estimulado, o mais rápido<br />
possível, após seu novo nascimento.<br />
O discipulador pode ajudar<br />
o novo crente a preparar um testemunho<br />
breve para ser compartilhado<br />
antes do batismo. Pode ser<br />
escrito e lido por ele mesmo para<br />
aliviar o nervosismo e ganhar<br />
tempo. (Outra opção é mostrá-lo<br />
testificando em um vídeo editado).<br />
Uma boa ideia é fazer com que o<br />
discipulador participe do batismo<br />
orando por seu discípulo — ou mesmo<br />
executando o batismo. É tam-<br />
22 enrichment | MARÇO 2010<br />
bém uma boa oportunidade para o<br />
novo convertido convidar familiares<br />
e amigos para testemunhar seu<br />
batismo e ouvir seu testemunho.<br />
Medindo o Progresso<br />
O discipulador precisa exercitar a<br />
paciência e dar tempo para que a<br />
Palavra e o Espírito tragam mudança<br />
interna à medida que os antigos<br />
hábitos rendem-se às substituições<br />
de Deus. A mudança na vida do<br />
novo convertido precisa ser uma<br />
resposta do senhorio de Cristo, não<br />
condizente com a pressão humana.<br />
Deve haver celebração quando<br />
ocorre mudança. A evidência mensurável<br />
da transformação precisa<br />
incluir: esforço consistente em<br />
oração e estudo da Bíblia; a evidência<br />
de ouvir Deus através das Escri-<br />
Discipulado que Conduz à Decisão<br />
O discipulado que precede a decisão pode acontecer<br />
no contexto de amizade para preparar o novo convertido<br />
para uma decisão de mudança de vida baseada em:<br />
Um entendimento claro do compromisso:<br />
a) Por exemplo, deve-se esclarecer que Jesus<br />
apenas oferece a vida eterna àqueles que se<br />
submetem à Sua autoridade. Sem submissão,<br />
sem salvação.<br />
b) Use um vocabulário claro para que uma<br />
pessoa que nunca frequentou uma igreja<br />
possa entender e utilizar termos que relacionem<br />
ao indivíduo. Por exemplo, Jesus falou<br />
sobre pescaria para pescadores e sobre água<br />
da vida à mulher junto ao poço.<br />
Uma profunda persuasão de Deus de que o Evangelho<br />
é verdadeiro. É trabalho do Espírito Santo<br />
o convencer e atrair uma pessoa para Cristo.<br />
turas e da oração, seguida de obediência;<br />
e a busca consciente do<br />
crescimento no amor por Cristo e<br />
pelas outras pessoas.<br />
Reprodução<br />
O discipulado básico não é considerado<br />
completo até que o novo<br />
convertido esteja discipulando outro<br />
novo convertido. O discipulador<br />
precisa encorajá-lo a ser uma testemunha<br />
para sua rede de relacionamentos.<br />
Enquanto o discipulado<br />
estiver em curso, explique ao<br />
discipulando que ele está sendo<br />
discipulado para discipular outros.<br />
Mostre que Deus pode usá-lo para<br />
ajudar novos crentes. O novo convertido<br />
precisa fornecer algumas<br />
instruções à medida que o discipulando<br />
começa a discipular.<br />
A pessoa deve decidir. Jesus disse, “E, quando já<br />
o fruto se mostra, meta-lhe logo a foice, porque<br />
está chegada a ceifa.” (Mc 4.29). Nosso papel é<br />
orar.<br />
Uma decisão esclarecida para entrar em um relacionamento<br />
com Jesus baseada em Suas condições.<br />
A oração pode ser explicada como a assinatura<br />
do compromisso e as cláusulas devem ser<br />
revisadas e incluídas na oração. Quem busca a<br />
salvação pode ser encorajado a orar por si só, ou<br />
pode ser dirigido em oração, como já explicado.<br />
Um discipulado informal prepara a nova etapa do discipulado<br />
mais formal (treinamento) que é necessário mais<br />
adiante.<br />
JIM HALL, Springfield, Missouri (EUA)
Decisão Verdadeira:<br />
Salvação e Senhorio<br />
A revista Decision, de Billy Graham, tem um título<br />
apropriado para uma publicação focada em<br />
evangelismo. Quer seja evangelismo pessoal<br />
individual ou um culto evangelístico público, as<br />
decisões são a questão principal.<br />
No decorrer da minha vida eu ouvi essa pergunta<br />
muitas vezes em igrejas pentecostais:<br />
“Você recebeu a Cristo como seu Salvador — mas<br />
já O aceitou como seu Senhor?” Esta pergunta<br />
deveria motivar as pessoas a um comprometimento<br />
espiritual mais profundo. Infelizmente,<br />
também cria uma distinção antibíblica na mente<br />
de algumas pessoas entre salvação e senhorio.<br />
Jamais devemos insinuar aos descrentes que<br />
salvação é meramente uma questão de escapar<br />
do Inferno. Cristo veio ao mundo não apenas para<br />
nos livrar da pena do pecado mas também para<br />
nos livrar do poder do pecado.<br />
As duas decisões mais importantes da minha<br />
vida foram ambas feitas no altar. A primeira ao<br />
aceitar a Cristo; a segunda, meu casamento. Essas<br />
decisões têm várias semelhanças. Cada decisão,<br />
feita em um momento particular, determinou uma<br />
multiplicidade de escolhas futuras.<br />
Quando eu disse “eu aceito” — duas palavras<br />
pequenas — em meu casamento, eu não tinha<br />
ideia das consequências de uma vida inteira às<br />
quais meu comprometimento estava sendo<br />
vinculado. Naquela única decisão eu estava fazendo<br />
milhares de outras decisões. Estava decidindo<br />
Reconhecimento<br />
Após completar o processo de discipulado<br />
básico, o discipulador e o<br />
novo convertido devem ser honrados<br />
em um culto de domingo.<br />
O pastor pode oferecer ao novo convertido<br />
um Certificado de Conclusão<br />
e uma Bíblia de estudos para<br />
que publicamente confirme o valor<br />
dessa experiência para as duas<br />
pessoas envolvidas.<br />
o que eu iria comer nas maioria das minha futuras refeições,<br />
o tipo de louça nas quais minhas refeições seriam servidas, o<br />
estilo dos móveis que estariam na cozinha e que cortinas<br />
seriam penduradas nas janelas. Pedir a Ruth para ser minha<br />
esposa envolveu as escolhas pelo seu gosto, preferências e<br />
decisões a respeito de muitas coisas.<br />
Quando eu tinha 7 anos, fiz a escolha de receber a Cristo<br />
como meu Salvador. Mesmo que eu não entendesse naquele<br />
momento, eu também estava fazendo milhares de outras<br />
decisões. Estava determinando onde eu estaria em cada dia<br />
do Senhor, para onde iriam os 10 centavos de cada tostão<br />
conseguido, que tipo de livros eu leria e de quais entretenimentos<br />
eu participaria.<br />
Quando aceitamos a Cristo, obtemos o benefício dos<br />
nossos pecados perdoados. Mas também devemos responder<br />
apropriadamente ao sacrifício de Jesus, submetendo<br />
nossa vida à Sua autoridade.<br />
Quer em um evangelismo pessoal ou um culto público,<br />
quando oramos com alguém que está recebendo a Cristo,<br />
devemos ter a certeza de que ele entende a natureza da<br />
decisão que está tomando. Na salvação recebemos perdão<br />
através da graça de Deus e nos entregamos ao senhorio de<br />
Cristo.<br />
A Palavra de Deus ensina que a decisão de uma pessoa<br />
de receber a Cristo não é a linha final do processo de<br />
evangelismo. É um ponto de entrada para uma vida de segui-lO.<br />
Preparando para Discipular<br />
Recrutamento de discipuladores<br />
Ao pregar uma série de mensagens<br />
sobre discipulado, você motivará<br />
potenciais candidatos a discipuladores<br />
para treinamento em sua<br />
congregação. Os candidatos, porém,<br />
precisam ser abordados individualmente<br />
— não publicamente — e ser<br />
convidados para serem treinados.<br />
Os discipuladores que não tem<br />
RANDY HURST, Springfield, Missouri (EUA)<br />
auto-confiança para se voluntariar<br />
publicamente geralmente aceitarão<br />
um convite pessoal do pastor ou de<br />
alguém de sua equipe. Este convite<br />
pessoal também evita que indivíduos<br />
não qualificados se voluntariarem<br />
para o treinamento.<br />
As características dos candidatos<br />
a discipuladores devem ser: amor<br />
consistente e genuíno por Jesus e<br />
pelas pessoas; devoção para obede-<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 23
DISCIPULADO EFICAZ<br />
Ajudando os novos convertidos na caminhada cristã.<br />
24 enrichment | MARÇO 2010
Quando a igreja segue a direção dada pelas estruturas e atitudes societárias, o foco de<br />
sua missão torna-se obscuro e seus membros são desviados do curso.<br />
cer a Deus; bons aprendizes, bons<br />
ouvintes e comunicadores.<br />
Os candidatos também devem<br />
ser batizados no Espírito Santo ou<br />
buscarem honestamente este dom<br />
espiritual. Os candidatos também<br />
devem ser treinados para se tornarem<br />
proficientes no sistema de discipulado<br />
em uso. O treinamento é<br />
também importante porque a maioria<br />
nunca foi discipulada. O treinamento<br />
lhes permitirá desenvolver<br />
(ou melhorar) suas habilidades e<br />
segurança para discipular.<br />
Treinamento do Discipulado<br />
É recomendável que o pastor tanto<br />
crie um modelo de discipulado<br />
individual quanto conduza o treinamento.<br />
Este envolvimento do pastor<br />
acrescenta valor ao ministério de<br />
discipulado e, em discipulando,<br />
ganha uma valiosa experiência que<br />
se estenderá ao treinar outros.<br />
Os discipuladores se sentem valorizados<br />
porque seu pastor está confiando<br />
neles para fazerem uma parte<br />
do processo pastoral na igreja.<br />
O treinamento deve incluir:<br />
1. Estudo das lições por conta do<br />
novo convertido para se familiarizar<br />
com o conteúdo e o formato bíblico.<br />
2. Convocação semanal em grupo<br />
para discutir as perguntas e as respostas<br />
do material do discipulado.<br />
Treinadores e treinandos precisam<br />
se ajudar mutuamente para evitar<br />
jargões e usar vocabulário do dia-adia<br />
de forma que os novos convertidos<br />
possam entender. Este pode<br />
ser um desafio para os que já estão<br />
integrados na igreja, mas é crucial<br />
para ajudar os novos convertidos.<br />
3. Prática da paciência e do ouvir<br />
atentamente.<br />
4. Prática da honestidade e da<br />
transparência de se falar sobre expe-<br />
riências passadas e do processo de<br />
crescimento. O discipular ajuda o<br />
novo convertido a entender o processo<br />
de crescimento na vida cristã.<br />
5. Aceitação da tarefa de discipular<br />
um novo convertido — ou um<br />
crente com problemas — enquanto<br />
ainda estiver em treinamento. (Isso<br />
acrescenta a vantagem do treinamento<br />
em serviço.)<br />
O treinamento do discipulador<br />
eficaz é uma experiência do tipo<br />
BootCamp (jogo de Arcade) —<br />
aprendizado dirigido pela prática.<br />
Potencial da Disciplina<br />
As experiências têm mostrado que<br />
um novo convertido responsivo pode<br />
ser discipulado para discipular<br />
outros novos convertidos dentro de<br />
1 ano, dobrando assim o número de<br />
discipuladores a cada ano. O pastor<br />
precisa avaliar o número de discipuladores<br />
potenciais em sua igreja, os<br />
quais pode treinar, considerando um<br />
potencial de crescimento numérico<br />
da igreja se todos os anos o discipulador<br />
dobrar esse número. Por exemplo,<br />
se ele treinou 10 discipuladores,<br />
os quais cada um discipulou e acrescentou<br />
um discipulador no primeiro<br />
ano, o resultado em 5 anos pode ser<br />
de 320 discipuladores na igreja<br />
(10+10=20+20=40+40=80+80=160+160=320).<br />
O plano de Deus produz os melhores<br />
resultados em transformar a<br />
vida do indivíduo crente e os<br />
melhores resultados na multiplicação<br />
do número de crentes.<br />
Conclusão<br />
Discipular todas as nações é a descrição<br />
do trabalho do Comandante-<br />
-em-Chefe para Sua Igreja.<br />
Quando estivermos diante dEle,<br />
qual será nosso registro de obediência<br />
para aqueles a quem nós<br />
lideramos como pastor e para nossa<br />
vida como seguidores? Quantos<br />
estaremos presentes diante do<br />
Senhor como resultado de nossa<br />
obediência?<br />
Podemos ter uma visualização<br />
prévia dessa celebração futura vendo<br />
agora como o discipulado de novos<br />
convertidos traz uma vida nova<br />
e em crescimento para a igreja. Essa<br />
tarefa frutífera de amar os bebês<br />
espirituais aumenta grandemente a<br />
fé e a satisfação dos pais espirituais<br />
nos bancos da igreja.<br />
Quando os discipuladores se<br />
tornam avós espirituais, a alegria é<br />
ainda maior. Não há melhor expressão<br />
que “o aperfeiçoamento dos santos<br />
para a obra do ministério” de acordo<br />
com “o trabalho eficaz” de cada parte<br />
individual (Ef 4.12,16) do que um<br />
ministério de discipulado de novos<br />
convertidos que treina novos crentes<br />
para se tornarem discipuladores<br />
na seara, juntamente com aqueles<br />
que os discipularam. Foi tudo plano<br />
de Deus e o Reino tem sofrido com<br />
a negligência. O Reino floresce<br />
quando somos fiéis para seguir as<br />
instruções, e Pai, Filho e Espírito<br />
Santo se alegram com isso.<br />
Que possamos preservar e multiplicar<br />
a colheita, usando os métodos<br />
já exemplificados e prescritos<br />
pelo Senhor da colheita.<br />
JIM HALL é fundador do<br />
New Life Christian<br />
Ministries, em Springfield,<br />
Missouri (EUA).<br />
Como missionário das<br />
Assembleias de Deus<br />
americanas, Jim se<br />
concentra nos maiores centros populacionais<br />
dos EUA, incluindo treinamento de evangelismo<br />
e discipulado, publicação de materiais<br />
utilizados em cursos de treinamento, e apoio<br />
a pastores urbanos em mais de 35 cidades de<br />
atividades do Urban Bible Training Centers.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 25
Pastores têm o<br />
privilégio de<br />
assentar as pedras<br />
para a fundação de<br />
um lar cristão ao<br />
ajudar casais<br />
noivos a lidarem<br />
com questões<br />
potencialmente<br />
difíceis sobre<br />
planejamento<br />
familiar.<br />
26 enrichment | MARÇO 2010<br />
Valorizando o<br />
Início da Vida:<br />
Aconselhamento<br />
Premarital e<br />
Bioético<br />
Uma das grandes alegrias do<br />
ministério pastoral é o privilégio<br />
de orientar as pessoas através de<br />
marcos importantes em sua vida,<br />
como unir duas vidas em matrimônio.<br />
Durante o aconselhamento prenupcial, os<br />
pastores têm a oportunidade para educar<br />
casais novos sobre várias questões relacionadas<br />
à vida conjugal, incluindo questões bioéticas.<br />
Vamos explorar as questões bioéticas<br />
que casais em fase inicial da vida marital<br />
enfrentarão e maneiras que os ensinos sobre<br />
essas questões podem ser integradas neste<br />
aconselhamento prenupcial.<br />
Perspectivas Culturais X Perspectivas<br />
Bíblicas sobre a Gravidez<br />
Quando se aproxima o dia do casamento,<br />
os casais se envolvem em um sentimento de<br />
euforia por compartilhar a vida<br />
juntos como marido e mulher.<br />
A ideia de se tornarem pais e<br />
compartilharem a vida como<br />
uma família geralmente parece<br />
uma possibilidade distante, um<br />
momento da vida que ainda<br />
está por vir. Entretanto, o<br />
aconselhamento premarital<br />
oferece uma oportunidade<br />
ideal para discutir questões<br />
relacionadas à gravidez. Tais<br />
questões incluem escolhas em<br />
relação ao momento certo para<br />
a gravidez e o número desejado<br />
de filhos, assim como os<br />
assuntos relacionados às<br />
tecnologias de reprodução.<br />
A idade com que o casal está<br />
se casando influenciará sua visão<br />
sobre o tempo ideal para engravidar.<br />
Um casal com mais ou menos<br />
20 anos de idade pode ter objetivos<br />
que esperam alcançar antes mesmo de<br />
começar uma família. Por exemplo, um ou<br />
ambos podem ter o desejo de terminar os<br />
estudos ou estabelecer uma carreira ou<br />
mesmo de alcançar um certo nível de estabilidade<br />
financeira antes de ter filhos. Casais<br />
casando-se com mais de 30 anos de idade<br />
pode já ter conseguido o término de seus<br />
estudos, e alcançado objetivos de carreira e<br />
financeiros e estarem prontos para ter filhos.<br />
Enquanto há sabedoria em um casal que<br />
espera ter filhos ou enquanto eles fortalecem<br />
seu relacionamento como casal, as<br />
crianças jamais devem ser vistas como um<br />
fardo ou impedimento para alcançar outros<br />
objetivos. Uma visão bíblica da gravidez é<br />
que: “Eis que os filhos são herança do Senhor e o<br />
fruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3). Um<br />
dos primeiros mandamentos de Deus para a<br />
humanidade foi “... Frutificai, e multiplicai-<br />
-vos, ...” (Gn 1.28). Se tivermos uma visão<br />
CHRISTINA M.H. POWEL, PhD, ministra norte-americana ordenada e cientista de pesquisas<br />
médicas, prega em igrejas e conferências em todos os EUA. Ela é pesquisadora na Escola de<br />
Medicina de Harvard e no Hospital Geral de Massachussets, assim como fundadora do<br />
Life Impact Ministries.
panorâmica da vida, a capacidade de ter<br />
filhos que serão o futuro de nossos dias na<br />
terra é um dos maiores presentes de Deus<br />
para nós. Os filhos trazem um sentido tal<br />
para a nossa vida que transcende o limite<br />
de nossa expectativa de vida.<br />
Infelizmente, a urgência se sobrepõe à<br />
importância. A pressão dos objetivos neste<br />
momento pode ficar no caminhos dos objetivos<br />
a serem alcançados no longo prazo.<br />
O objetivo de criar filhos para Deus pode ser<br />
deixado de lado devido às preocupações do<br />
momento.<br />
Nossa cultura valoriza as aparências externas<br />
e o sucesso profissional. Em um ambiente<br />
como este, os sacrifícios que a maternidade<br />
exige de uma mulher, como as mudanças<br />
físicas que aparecem com a gravidez e a<br />
diminuição de tempo disponível para o crescimento<br />
profissional que ocorrem após o<br />
nascimento de um filho, podem persuadi-la a<br />
demorar ou até a evitar ter filhos.<br />
Semelhantemente, a valorização de nossa<br />
cultura à acumulação de riqueza material<br />
pode dissuadir o homem de abraçar a paternidade<br />
até que ele sinta que tenha aumentado<br />
suficientemente seu potencial de ganho.<br />
Para o casal cristão, todo filho é planejado<br />
por Deus, mesmo que seu nascimento não<br />
tenha sido planejado por seus pais (Sl 139.15,<br />
16; Ef 1.4-14). Embora possa ser aconselhável<br />
a um casal tomar precauções para tentar<br />
controlar o número de filhos e o espaçamento<br />
entre eles, um casal cristão deve estar preparado<br />
para amar e aceitar toda criança que vier.<br />
Como parte da preparação para o casamento,<br />
casais devem ser encorajados a verem<br />
os filhos como bênçãos de Deus e aconselhados<br />
a terem a responsabilidade de criá-los<br />
com seriedade. Finalmente, os casais devem<br />
ser aconselhados a discutirem decisões sobre<br />
planejamento familiar com oração (Tg 1.5),<br />
comunicação honesta com o cônjuge<br />
(Ef 4.25) e respeito pela santidade da vida<br />
humana (Jr 1.5).<br />
O Que Torna a Vida Humana Sagrada?<br />
Quando falamos da santidade da vida humana,<br />
estamos afirmando o fato de ela ser sagrada.<br />
Sagrado significa pertencente a Deus.<br />
A vida humana pertence a Deus. “Porque<br />
nenhum de nós vive para si e nenhum morre para<br />
si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se<br />
morremos, para o Senhor morremos. De sorte que,<br />
ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.”<br />
(Rm 14.7,8). A vida humana é eterna (Mt<br />
25.46). Além disso, a vida humana é sagrada<br />
porque fomos feitos à imagem de Deus<br />
(Gn 5.1). A vida humana é única em relação<br />
a todas as outras que Deus criou, e na qual<br />
Jesus Cristo veio dos céus e Se tornou<br />
homem (Jo 1.14) para salvar-nos (1Tm 1.15).<br />
Em contrapartida, temos a liberdade de escolher<br />
acreditar em Cristo e sermos reconciliados<br />
com Deus (Jo 3.16). O Evangelho salienta<br />
a santidade da vida humana. Uma vez que<br />
a Bíblia é tão clara acerca do caráter sacro da<br />
vida humana, a pergunta que devemos fazer<br />
é: Quando a vida começa?<br />
Quando a Vida Começa?<br />
Quando você, como pessoa, passou a existir?<br />
Foi quando como uma criança que dá seus<br />
primeiros passos cambaleantes? Ou quando<br />
você tinha um dia de idade? Você existia<br />
enquanto estava no ventre de sua mãe e seu<br />
coração começava a bater de forma ritmada?<br />
Você existia quando era apenas um conjunto<br />
de células contendo o código genético único<br />
que definia suas características físicas?<br />
Quando era um óvulo não fertilizado,<br />
sua vida já tinha começado?<br />
O desenvolvimento humano<br />
é um continuum da concepção<br />
ao fim da vida. Um blastocisto<br />
(um conjunto de<br />
células que mais tarde<br />
forma um embrião e uma<br />
placenta) difere<br />
grandemente de uma<br />
criança trôpega comendo<br />
pão e bebendo leite na<br />
mesa da cozinha de casa.<br />
Porém, se precisarmos<br />
traçar uma linha para<br />
marcar o começo de uma<br />
nova vida, esta linha é<br />
mais logicamente traçada<br />
na concepção. Um óvulo não<br />
fecundado ainda não possui o<br />
código genético completo<br />
necessário para definir um indivíduo.<br />
Porém, um novo indivíduo<br />
com código genético único é formado<br />
no momento em que o óvulo é fertilizado.<br />
Com o tempo e a nutrição apropriada, aquela<br />
célula única é capaz de se desenvolver em<br />
um ser humano adulto composto por mais de<br />
dez trilhões de células especializadas.<br />
A Bíblia que a presença de Deus e Seu<br />
A Bíblia<br />
afirma que a<br />
presença de<br />
Deus e Seu<br />
propósito<br />
para nossas<br />
vidas são<br />
estabelecidos<br />
enquanto<br />
ainda<br />
estamos no<br />
ventre de<br />
nossa mãe<br />
(Sl 139.12-16;<br />
Lc 1.39-44).<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 27
Valorizando o Início da Vida: Aconselhamento Premarital e Bioético<br />
É importante<br />
que o marido<br />
e a mulher<br />
estejam em<br />
paz em<br />
relação a<br />
qualquer<br />
que seja o<br />
método do<br />
planejamento<br />
familiar<br />
escolhido.<br />
28 enrichment | MARÇO 2010<br />
propósito para nossas vidas<br />
são estabelecidos enquanto<br />
ainda estamos no ventre<br />
de nossa mãe (Sl 139.12-<br />
16; Lc 1.39-44). Deste<br />
modo, concluímos que<br />
Deus valoriza as crianças<br />
que ainda nem<br />
nasceram.<br />
Eva: Feita de Forma<br />
Terrível e Maravilhosa.<br />
O salmista admirava<br />
como o corpo humano<br />
é feito “... de um modo<br />
terrível e tão maravilhoso...”<br />
(Sl 139.14).<br />
Um exemplo dramático<br />
das maravilhas do corpo<br />
humano é o ritmo cíclico da<br />
fertilidade feminina e da capacidade<br />
do corpo de uma mulher<br />
de proteger e nutrir uma nova vida<br />
humana. O entendimento básico da biologia<br />
feminina é inestimável para o homem que se<br />
prepara para o casamento. Enquanto esse<br />
entendimento pode advir de um livro de<br />
ciências, um pastor conduzindo o aconselhamento<br />
prenupcial pode proporcionar o guia<br />
moral necessário para fazer escolhas sábias<br />
sobre questões de reprodução. Aspectos da<br />
fertilidade feminina que são importantes entender<br />
em relação a decisões relacionadas a<br />
planejamento familiar incluem ovulação, alterações<br />
no endométrio e regulação de fertilidade<br />
hormonal, gravidez e amamentação.<br />
Um homem saudável é sempre fértil porque<br />
os espermatozóides estão continuamente<br />
sendo produzidos dentro de seu corpo a uma<br />
taxa de aproximadamente mil por segundo.<br />
Uma mulher saudável, porém, é fértil<br />
somente uma semana por mês, tipicamente<br />
produzindo um óvulo por ciclo mensal.<br />
A ovulação é o processo através do qual<br />
cada óvulo é produzido e liberado por um<br />
folículo ovariano. O óvulo morre se não for<br />
fecundado no prazo de 24 horas de ovulação.<br />
A concepção ocorre quando o espermatozóide<br />
fecunda o óvulo. A ovulação ocorre uma vez<br />
por mês, porém uma fêmea é considerada<br />
fértil quando tem o fluido cervical que consegue<br />
manter o espermatozóide vivo enquanto<br />
espera o óvulo maduro ser liberado. O espermatozóide<br />
pode se manter vivo no corpo de<br />
uma mulher fértil por mais de cinco dias.<br />
Uma vez que a ovulação acabou, a concepção<br />
não é mais possível pelo restante do ciclo da<br />
mulher.<br />
Métodos de controle contraceptivo baseados<br />
em hormônios funcionam principalmente<br />
ao evitar a ovulação, embora também tenham<br />
o efeito secundário de inibir a movimentação<br />
do espermatozóide através do colo do útero<br />
por causa do espessamento do muco cervical,<br />
evitando assim a fecundação do óvulo. Métodos<br />
de controle contraceptivo por barreira<br />
evitam que o espermatozóide fecunde o óvulo.<br />
Métodos de controle contraceptivo por<br />
observação detectam mudanças na temperatura<br />
basal do corpo e o muco cervical, que<br />
sinalizam ovulação. Estas informações podem<br />
ser usadas para prevenir a gravidez.<br />
A ovulação é suprimida em uma mulher<br />
que está amamentando seu bebê exclusivamente<br />
pelo peito, fazendo assim da amamentação<br />
um método natural de se ter um espaço<br />
de tempo entre cada filho. Porém, se uma<br />
mulher escolhe amamentar seu filho através<br />
de uma escala ou oferece mamadeira e chupeta<br />
além de amamentá-lo, ela pode começar<br />
a ovular de novo logo após o nascimento.<br />
Uma vez que o óvulo é fecundado, o próximo<br />
passo na jornada da concepção é o da<br />
implantação. Cerca de uma semana após a<br />
concepção, o óvulo fecundado alcança o útero<br />
depois da jornada pelas trompas de Falópio.<br />
O óvulo fecundado se tornou agora um conjunto<br />
de células conhecido como blastocisto.<br />
Se o blastocisto conseguir lograr êxito em<br />
implantar-se no revestimento endometrial do<br />
útero, então a gonadotropina coriônica humana<br />
(GCH) será ativada. Este é o hormônio<br />
detectado pelos testes de gravidez. Normalmente,<br />
neste ponto do ciclo da mulher, o<br />
revestimento do endométrio se torna mais<br />
espesso, fazendo com que o embrião tenha<br />
um lugar aquecido e rico em nutrientes para<br />
se implantar. Alguns métodos de controle de<br />
natalidade, como o dispositivo intra-uterino<br />
(DIU) às vezes funcionam como um impedimento<br />
à implantação, embora seu mecanismo<br />
de ação primária seja o de evitar a fecundação.<br />
Tomando Decisões Conscientes sobre<br />
Planejamento Familiar<br />
Um dos princípios mais importantes dos<br />
cuidados médicos éticos é o consentimento<br />
informado. Significa que o paciente aceita<br />
uma decisão proposta ou uma intervenção<br />
médica após entender a natureza dessa
decisão ou intervenção médica; as alternativas<br />
razoáveis disponíveis; e os riscos, benefícios,<br />
e incertezas relacionadas à intervenção<br />
médica; e toda alternativa disponível. Com o<br />
princípio de consentimento informado, o<br />
casal que estiver fazendo a escolha sobre o<br />
controle de natalidade deve ter certeza que<br />
entende os riscos e os benefícios do tipo de<br />
controle que esteja escolhendo.<br />
Em vez de recomendar ou condenar um<br />
tipo de controle de natalidade, prefiro sugerir<br />
perguntas que o casal deve fazer ao tomar<br />
a decisão de planejar uma família. Avanços<br />
tecnológicos podem mudar as opções disponíveis<br />
para o planejamento familiar de um<br />
casal, mas as perguntas sobre a escolha do<br />
método do controle de natalidade são atemporais.<br />
Se você ensinar um casal a fazer as<br />
perguntas certas como parte de uma preparação<br />
premarital, ele será capaz de fazer escolhas<br />
sábias, tanto agora como no futuro à medida<br />
que novas opções se tornem disponíveis.<br />
Um bom questionamento para um casal<br />
fazer a seu médico sobre métodos de<br />
controle de natalidade inclui perguntar sobre<br />
os mecanismos de ação dos métodos.<br />
O método funciona evitando a ovulação,<br />
prevenindo a fecundação ou a implantação<br />
de óvulos fecundados, ou através de mecanismos<br />
combinados de ação? O mecanismo<br />
de ação é desconhecido ou não tão claro?<br />
O mecanismo de ação pode variar dependendo<br />
de certos fatores, como: quando e como o<br />
método é empregado ou a presença de outras<br />
condições de saúde? Outras perguntas<br />
boas para se fazer ao médico envolvem considerações<br />
sobre sua saúde futura. Qual é a<br />
eficácia do método? O método é facilmente<br />
reversível quando a gravidez for desejada?<br />
O método pode afetar uma fertilidade<br />
futura? Este método pode levar a um risco<br />
maior de gravidez ectópica? Quais são os<br />
efeitos colaterais e prejudiciais à saúde para<br />
aqueles que adotam o método?<br />
Boas perguntas para o casal questionar a<br />
si próprio relacionado a métodos de controle<br />
de natalidade que estejam considerando<br />
incluem: Estamos confortáveis o suficiente<br />
com este método para que possamos usá-lo e<br />
ser eficaz? Entendemos como empregar<br />
corretamente o método? Queremos ter filhos<br />
(ou mais filhos) no futuro? Estamos ambos<br />
felizes com esta escolha? Esta escolha entra<br />
em conflito com nossas crenças sobre a santidade<br />
da vida humana?<br />
Respeito pelas Necessidades do Cônjuge<br />
Ajudar um casal a aprender como fazer uma<br />
escolha sábia com relação a um método de<br />
planejamento familiar se encaixa na categoria<br />
mais ampla de aconselhar casais a<br />
respeitarem as necessidades de<br />
cada um ao tomarem decisões<br />
em seu casamento. O apóstolo<br />
Paulo lembra-nos em<br />
1 Coríntios 7.3-6 sobre a<br />
importância de satisfazer<br />
as necessidades<br />
de cada um na intimidade<br />
física dentro do<br />
casamento. É importante<br />
que o marido e a<br />
mulher estejam em paz<br />
em relação a qualquer que<br />
seja o método do planejamento<br />
familiar escolhido.<br />
Semelhantemente, as<br />
considerações em relação à saúde<br />
devem ser parte da decisão. Em alguns<br />
casos, a mulher pode ter uma condição<br />
médica que pode fazer com que a gravidez<br />
futura seja um risco. Em outros casos, certos<br />
métodos de controle de natalidade podem<br />
expor a mulher a um risco maior de<br />
coagulação sanguínea, derrame e infarto.<br />
O princípio salientado pelo apóstolo Paulo<br />
deve ser aplicado dentro do casamento:<br />
“Nada façais por contenda ou por vanglória,<br />
mas por humildade; cada um considere os outros<br />
superiores a si mesmos. Não atente cada um<br />
para o que é propriamente seu, mas cada qual<br />
também para o que é dos outros.” (Fp 2.3,4).<br />
Nenhum cônjuge deve se sentir pressionado<br />
pelo outro a se submeter a um método que<br />
não seja o melhor para sua própria saúde no<br />
longo prazo.<br />
Enquanto aprende a enfrentar o desafio<br />
do planejamento familiar, o casal aprende a<br />
respeitar um ao outro e a respeitar o início da<br />
vida, ele estará dando um importante passo<br />
em direção ao fortalecimento de sua relação.<br />
Um dia, seu forte relacionamento conjugal<br />
se tornará a fundação sobre a qual uma família<br />
cristã poderá ser construída.<br />
Os pastores têm o privilégio de assentar<br />
as pedras para a fundação de um lar cristão<br />
ao ajudar casais noivos a lidarem com questões<br />
potencialmente difíceis. Lares fortes<br />
fazem igrejas fortes e um testemunho eficaz<br />
para o mundo ao nosso redor. Que alegria<br />
construir o reino de Deus, casal por casal!<br />
Encoraje os<br />
casais a<br />
verem os filhos<br />
como bênçãos<br />
de Deus e<br />
a terem a<br />
responsabilidade<br />
de criá-los com<br />
seriedade.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 29
ENRIQUECIMENTO TEOLÓGICO / GARY GROGAN<br />
Comunicando o Batismo<br />
com o Espírito Santo de<br />
uma Maneira Nova<br />
30 enrichment | MARÇO 2010<br />
“E todos foram cheios do Espírito Santo e<br />
começaram a falar em outras línguas,<br />
conforme o Espírito Santo lhes concedia<br />
que falassem.” (At 2.4).<br />
Numa nota explicativa sobre deste versículo,<br />
Worrell afirma: “esta experiência<br />
graciosa — seja considerada imersão no<br />
Espírito Santo ou enchimento com Ele,<br />
ou o dom do Espírito Santo, é o privilégio<br />
de cada cristão verdadeiro (v. 39), e seu<br />
dever.” (Ef 5.18). Como ensinarmos<br />
este privilégio e dever em nossa cultura<br />
póscristã?<br />
O Senhor quer batizar cada crente<br />
no poder do Espírito. Para que isto<br />
aconteça, Ele quer ensinar pastores<br />
— como Ele tem feito fielmente em<br />
cada época de cada cultura. Como<br />
transmitir essa experiência de<br />
maneiras novas que alcançarão as<br />
pessoas ao invés de afastá-las?<br />
Aqui estão algumas maneiras práticas<br />
de ministrar o batismo com o<br />
Espírito Santo na cultura de hoje.<br />
Creia que o Batismo com o<br />
Espírito Santo É uma Bênção, Não<br />
uma Maldição<br />
Líderes missionários trabalham<br />
para se comunicar com as culturas<br />
para as quais Deus os enviou.<br />
A última coisa que eles querem<br />
fazer é afastar as pessoas. Por causa<br />
disso, alguns líderes desenvolvem<br />
uma concepção em relação a pregar<br />
ou ensinar sobre o batismo com o<br />
Espírito Santo. Ninguém precisa se<br />
sentir condenado; esta é uma<br />
preocupação legítima, especialmente<br />
para aqueles que estão alcançando<br />
pessoas com diferentes backgrounds.<br />
Os pastores devem se convencer<br />
de que o batismo com o Espírito Santo<br />
é bíblico e uma experiência viável para<br />
sua igreja hoje. Com alguma criatividade<br />
e intencionalidade, os pastores podem<br />
conduzir seu povo para uma experiência<br />
de mudança de vida sem assustá-lo<br />
nem afastá-lo.<br />
Muitos ministros mais jovens estão se
esquivando de círculos pentecostais<br />
porque se convenceram de que falar<br />
em línguas não é mais teologicamente<br />
correto. Em muitos casos, eles lutam<br />
com metodologias antigas, mas nem<br />
tanto com teologia.<br />
Todo mundo que eu conheço que<br />
se esquivou de proclamar o batismo<br />
fala em línguas em seus momentos<br />
particulares de oração. Agora, ao invés<br />
de conduzir outros a esta feliz experiência,<br />
eles estão “roubando” este<br />
dom de outros. Isto é repugnante e<br />
desnecessário.<br />
O batismo com o Espírito Santo é<br />
tanto uma experiência válida e bíblica<br />
que Jesus administra Ele mesmo<br />
(Lc 24.49). Estou pedindo — não<br />
importam as dificuldades — que os<br />
pastores simplesmente digam com<br />
sinceridade, “Tudo bem, é bíblico”.<br />
É por onde devemos começar. O Pentecostes<br />
não é uma experiência cultural<br />
que nos desliga; é uma experiência<br />
de Jesus, experiência bíblica e uma<br />
experiência para os dias de hoje.<br />
Seja Criativo Quando Ensinar sobre o<br />
Batismo com o Espírito Santo assim<br />
como Você É em Relação a Outros<br />
Assuntos.<br />
Eu amo a criatividade e a inovação<br />
desta geração. Então seja criativo ao<br />
ensinar esta grande verdade.<br />
Use a criatividade que Deus lhe<br />
deu e faça com que seja agradável<br />
e poderoso.<br />
Mark Batterson, pastor da igreja<br />
National Community, em<br />
Washington, DC, diz que parte da<br />
semelhança com Deus é ser criativo.<br />
Eu concordo. Ser semelhante a Deus<br />
em proclamar a verdade do batismo<br />
no Espírito Santo.<br />
Usei uma série de sermões do<br />
Pentecost Sunday escrita por Ron<br />
Bontrager, pastor do Lakeview<br />
GARY GROGAN é o pastor-presidente da Igreja Stone Creek,<br />
Urbana, Illinois (EUA).<br />
Seu blog é: http://papagrogan.blogspot.com/<br />
Christian Center, em Indianápolis,<br />
Indiana, intitulado “Power-Aide.”<br />
Minha jovem e criativa equipe de<br />
ministros colocou mais de 100<br />
garrafas de Power-Aide no palco.<br />
Toda semana distribuíamos bebidas.<br />
Este foi um jeito simples mas muito<br />
interessante (e até divertido) de lidar<br />
com o batismo no Espírito Santo.<br />
Após a terceira mensagem, fomos à<br />
frente e louvamos a Deus. Muitos<br />
vivenciaram sua própria oração em<br />
línguas pela primeira vez. Foi agradável,<br />
contemporâneo e fácil. Por várias<br />
semanas depois disso, as pessoas<br />
nos mandaram e-mails testificando<br />
que tinham recebido o batismo enquanto<br />
liam suas Bíblias em casa.<br />
Uma pessoa recebeu o batismo enquanto<br />
dirigia para o trabalho.<br />
Seja Intencional<br />
Programe um estudo bíblico individual<br />
ou uma série curta sobre batismo<br />
no Espírito Santo. Ao contrário<br />
de ignorar o batismo com o Espírito<br />
Santo, programar esta série forçará<br />
você fazê-lo funcionar na cultura de<br />
sua igreja e comunidade. Programe<br />
um retiro com o tema “Batismo com<br />
o Espírito Santo” e no final desta<br />
série de estudos comece uma aula ou<br />
seminário sobre o assunto. Resista à<br />
Não é necessário levar os crentes a um retiro para<br />
serem batizados no Espírito Santo.<br />
tentação de não fazer nada.<br />
Uma igreja luterana em Saint Paul,<br />
Minnesota, ensina sobre o batismo<br />
com o Espírito Santo através de<br />
aulas, seminário, retiros e outras formas<br />
criativas — mais do que a<br />
maioria das igrejas pentecostais e<br />
carismáticas fazem.<br />
Parte da liderança missionária é<br />
fazer coisas que sabemos serem<br />
certas mas que preferiríamos não<br />
fazer. Para mim, é como pregar sobre<br />
dinheiro. Não gosto de pregar sobre<br />
dinheiro, mas quando prego, as<br />
pessoas e a igreja são abençoadas por<br />
causa da minha obediência. Pastorear<br />
seria fácil se tudo o que tivéssemos<br />
que pregar fosse a graça, mas não é<br />
sempre fácil. Resista à sutil tentação<br />
de esperar até que você tenha a<br />
questão do batismo com o Espírito<br />
Santo resolvida. É simplesmente<br />
nosso trabalho como líderes ensinar<br />
as pessoas e conduzi-las no caminho.<br />
Devemos oferecer oportunidades<br />
para o crescimento e fazemos isso<br />
quando somos intencionais. É fazer<br />
planos e depois trabalhar para que<br />
eles se concretizem, assim como<br />
fazemos com outras coisas.<br />
Evite as Valas do Legalismo e do<br />
Liberalismo<br />
Queremos o que é melhor para o<br />
nosso povo e não queremos que<br />
nossa negligência retarde a caminhada<br />
com Deus. Relegar o ensinamento<br />
sobre o batismo com o Espírito Santo<br />
leva as pessoas a serem críticas,<br />
julgadoras e à vala do liberalismo.<br />
Com liberalismo, eu quero dizer sem<br />
equilíbrio.<br />
É melhor dirigir descida abaixo<br />
do que sair da estrada e cair<br />
numa vala. As pessoas podem<br />
ficar feridas, nossos veículos<br />
podem ser danificados e, no<br />
mínimo, atrasaremos a viagem nossa<br />
ou de outrem. Precisamos lembrar<br />
que nosso chamado é para fielmente<br />
pregarmos a Palavra (1Tm 4.2).<br />
Queremos fazer isto de maneira<br />
culturalmente relevante.<br />
Esta maravilhosa experiência do<br />
batismo com o Espírito Santo enriquecerá<br />
grandemente muitas vidas.<br />
Precisamos evitar a vala da indiferença.<br />
Precisamos também evitar a vala<br />
do legalismo. Os legalistas nunca estão<br />
contentes com o que foi dito ou feito.<br />
Eles estão certamente sem equilíbrio.<br />
Legalistas geralmente comparam o<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 31
Comunicando o Batismo com o Espírito Santo de uma Maneira Nova<br />
Pentecostes com certos estilos de<br />
pregar, cantar e outras metodologias.<br />
Tendem a rejeitar qualquer coisa que<br />
não entendam.<br />
Uma legalista pentecostal adentrou<br />
nossa igreja enquanto eu estava<br />
ensinando sobre o batismo com o<br />
Espírito Santo. Eu ensinei como se<br />
fosse uma conversa e então tivemos<br />
um pequeno momento de louvor e<br />
oração em volta do altar por mais ou<br />
menos 10 minutos. Aproximadamente<br />
20 pessoas começaram a falar em<br />
línguas pela primeira vez naquela<br />
manhã, incluindo Erika Harold, Miss<br />
América 2003. Essa legalista pentecostal<br />
veio a mim após o culto e disse,<br />
“De jeito nenhum aquelas pessoas<br />
foram batizadas de fato no Espírito<br />
Santo”. Perguntei por que ela se<br />
sentia daquela maneira e ela me<br />
respondeu, “Porque não foi alto o<br />
bastante e não havia uma emoção<br />
real”. Ela estava presa na vala do<br />
legalismo.<br />
Para ficarmos fora de ambos os<br />
buracos, precisamos lembrar que<br />
nenhum de nós pode salvar ninguém,<br />
então por que achamos que podemos<br />
encher alguém com o Espírito Santo?<br />
Em ambos os casos, nós simplesmente<br />
ensinamos a Palavra de Deus e<br />
criamos uma atmosfera, então Deus<br />
faz Sua parte. Pregue sobre salvação<br />
e as pessoas serão salvas. Pregue o<br />
batismo com o Espírito Santo e os<br />
crentes serão batizados. Nós obtemos<br />
o que pregamos.<br />
Para ficar fora das valas os pastores<br />
também precisam se libertar da<br />
pressão de pensar que sempre precisam<br />
ter um culto no altar. Treine<br />
pessoas para estarem em grupos de<br />
oração e tenha-os sempre disponíveis<br />
para orar por pessoas que querem ter<br />
um compromisso público com Jesus e<br />
por aqueles que querem ser cheios do<br />
Espírito Santo.<br />
Não é necessário convidar alguém<br />
com o perfil de Billy Graham para ver<br />
pessoas serem salvas, e não é necessário<br />
levá-las a um retiro para serem<br />
batizadas no Espírito Santo. O públi-<br />
32 enrichment | MARÇO 2010<br />
co de hoje jamais processará uma<br />
metodologia antiga. Isso poderá<br />
esfriar ou espantar as pessoas.<br />
Nem sempre as pessoas reagem<br />
imediatamente à mensagem de salvação.<br />
O mesmo acontece com o<br />
batismo com o Espírito Santo.<br />
As pessoas não darão sempre uma<br />
resposta imediata, mas eventualmente<br />
algumas responderão.<br />
Ore para Que seu Povo Seja Batizado<br />
com o Espírito Santo.<br />
Orar para que as pessoas sejam batizadas<br />
não requer dons nem habilidades<br />
especiais. Nós simplesmente<br />
ensinamos a Palavra de Deus de<br />
maneira criativa, aprendemos a nos<br />
conectar com a cultura e não a alienar<br />
as pessoas; então oramos ao<br />
Senhor para que salve e batize Seu<br />
povo.<br />
Encorajo jovens líderes/pastores a<br />
orar: “Jesus, preciso que batize essas<br />
pessoas com o Espírito Santo.<br />
O Senhor disse que batizaria e eu<br />
estou pedindo para que batize”.<br />
Lance a Ele suas preocupações sobre<br />
pessoas que ficam estranhas, eufóricas<br />
e mal-assombradas. Peça para<br />
que Ele cuide disso.<br />
Eu pastoreio em uma cidade que<br />
possui uma grande universidade<br />
onde pessoas de vários estilos de<br />
vida frequentam nossos cultos.<br />
Tentamos fazer as coisas com ordem<br />
e excelência. Quero que as pessoas<br />
se relacionem com Deus através da<br />
salvação e do batismo com o Espírito<br />
Santo, mas não quero que coisas culturais<br />
pentecostais afugentem-nas.<br />
Eu disse ao Senhor que não estou<br />
envergonhado, mas que Ele precisa<br />
me ajudar a fazer todo o trabalho<br />
neste nosso ambiente.<br />
No passado, algumas igrejas americanas<br />
pentecostais deixaram de<br />
lado o batismo quando cresceram ou<br />
o deixaram para os domingos ou as<br />
quartas-feiras à noite. Com essa<br />
grande mudança cultural que vimos<br />
com o fim dos cultos nos domingos à<br />
noite, é imperioso que aprendamos<br />
como ensinar o batismo com o Espírito<br />
Santo de maneiras relevantes nos<br />
cultos de domingo de manhã, nas<br />
nossas reuniões de jovens ou de<br />
adultos, e outras reuniões importantes.<br />
Admita seu Medo e Faça uma<br />
Desfragmentação<br />
Paulo disse ao jovem Timóteo:<br />
“Porque Deus não nos deu o espírito de<br />
temor, mas de fortaleza, e de amor, e de<br />
moderação.” (2Tm 1.7). Assim como<br />
um computador precisa ser desfragmentado<br />
de vez em quando, precisamos<br />
fazer o mesmo. Precisar nos<br />
SEIS PASSOS que lhe<br />
ajudarão a receber o batismo<br />
com o Espírito Santo<br />
1. Sede — Marcos 11.24; Mateus 5.6<br />
2. Peça — Mateus 7.7<br />
3. Olhe para Jesus — Atos 1.8<br />
4. Receba — Gálatas 3.14<br />
5. Louve — Salmos 22.3<br />
6. Fale em uma línguas desconhecidas<br />
— Salmos 81.10<br />
— GARY GROGAN, Urbana, Illinois
livrar de coisas que não prestam,<br />
como o medo, que nos desacelera e<br />
nos afasta de fazermos o que sabemos<br />
que deveríamos fazer.<br />
Não podemos nos dar ao luxo de<br />
ceder aos nossos medos e apreensões.<br />
O desejo supera o medo e a intimidação.<br />
Se tivermos simplesmente o<br />
desejo e pedirmos ao Senhor que<br />
realmente nos ajude, Ele o fará. Se<br />
formos fiéis, Ele será fiel e batizará os<br />
crentes com Espírito Santo.<br />
Você não precisa perder a cabeça e<br />
frequentar um show evangélico para<br />
ensinar a verdade sobre o batismo<br />
com o Espírito Santo. Mas você<br />
precisa mesmo é estar disposto a<br />
pregar “... a palavra instes a tempo e<br />
fora de tempo, redarguas, repreenda,<br />
exortes, com toda a longanimidade e<br />
doutrina.” (1Tm 4.2) como prometeu<br />
fazer quando foi consagrado ao ministério<br />
do Evangelho pleno.<br />
Como homens e mulheres de integridade,<br />
os pastores devem fazer o<br />
que prometeram ao Senhor que fariam.<br />
Precisamos de alguns ministros<br />
jovens e destemidos para nos mostrar<br />
como fazer isto na cultura póscristã.<br />
Pastores não precisam pregar<br />
sobre o Espírito Santo toda semana,<br />
mas precisam estar dispostos a pregar<br />
esta importante doutrina pentecostal.<br />
Talvez, uma série de estudos sobre o<br />
tema seja suficiente. Se não há pecado<br />
algum em se pregar sobre Encarnação<br />
e Ressurreição somente perto<br />
do Natal ou da Páscoa, por que alguns<br />
hiperpentecostais acham que abandonamos<br />
o ensino sobre o batismo<br />
com Espírito Santo por pregarmos<br />
apenas uma vez por ano?<br />
Não deixe que legalistas arruínem<br />
sua pregação sobre batismo com o<br />
Espírito Santo. Você pode mencionar<br />
batismo com o Espírito Santo em seus<br />
ensinamentos no decorrer do ano<br />
dizendo: “Alguns de vocês precisam<br />
buscar o batismo com o Espírito Santo<br />
para ver se é verdade assim como<br />
fizeram ao clamar por Cristo. Esta é<br />
uma igreja bíblica. Prometo-lhes que<br />
eu não ensinaria a esse respeito se não<br />
estivesse na Palavra. Veja se Deus<br />
tem uma língua estranha de oração<br />
para você.”<br />
A maneira como dizemos as coisas<br />
irá libertar pessoas ou esfriá-las.<br />
Como líderes missionários, estamos<br />
tentando nos aproximar e alcançar as<br />
pessoas — não espantá-las.<br />
Também falo sobre o batismo<br />
com o Espírito Santo no final dos<br />
cultos de oração, quando as pessoas<br />
estão em torno do altar. Mostro um<br />
esboço no PowerPoint e passo pelas<br />
noções básicas do batismo com o<br />
Espírito Santo (veja na página anterior<br />
“Seis Passos para Receber o Batismo com o<br />
Espírito Santo”). Quase sempre as<br />
pessoas recebem o batismo e começam<br />
a orar em uma língua que jamais<br />
aprenderam.<br />
A atmosfera em uma reunião de<br />
oração é diferente da dos cultos de<br />
domingo quando estas mais parecem<br />
um Cristianismo de vitrine. Eu não<br />
me constranjo de ser pentecostal.<br />
É apenas uma questão de tentar ser<br />
sábio e alcançar o maior número de<br />
pessoas possível para Cristo. Afinal<br />
de contas, esta é a principal razão de<br />
Jesus ter dito para recebermos esta<br />
promessa do Pai, para que nós<br />
pudéssemos ser Suas testemunhas<br />
(At 1.4,8).<br />
Muitas pessoas criam suas ideias<br />
sobre Pentecostes por causa de<br />
filmes como O Apóstolo ou por causa<br />
de programas evangelísticos na TV,<br />
muitos dos quais a cultura até zomba.<br />
Por causa desses obstáculos, muitos<br />
temem ensinar e orar por pessoas<br />
para que sejam batizadas com o<br />
Espírito Santo. Desfragmente seu<br />
medo e ensine sobre o batismo de<br />
uma maneira que não transgrida sua<br />
personalidade ou a cultura de sua<br />
igreja. Estilos que funcionam em<br />
acampamentos, retiros e convenções<br />
geralmente não funcionam em cultos<br />
de domingo. Não tem problema.<br />
Concluindo<br />
Peço desculpas à nossa geração de<br />
jovens ministros que, às vezes,<br />
sentem-se abandonados. Perdoem<br />
minha geração por não sermos pais<br />
espirituais melhores. Perdoem-nos<br />
por fazermos metodologias e programas<br />
sagrados. Por favor, evitem nossos<br />
erros e abracem o batismo com o<br />
Espírito Santo. Minha palavra para<br />
nossos jovens ministros é: “procurai<br />
com zelo, profetizar e não proibais falar<br />
línguas.” (1Co 14.39, grifo meu).<br />
Eu gosto muito de orar em uma<br />
língua que jamais aprendi. Muitas<br />
vezes eu não sabia o que fazer, mas<br />
quando eu oro no Espírito, o Senhor<br />
me dá uma palavra de sabedoria,<br />
profecia ou discernimento, para trazer<br />
a cura e ajudar uma pessoa ou<br />
situação. Muitas pessoas que eu<br />
conheço e amo que estão tentando<br />
alcançar os sem igreja precisam da<br />
plenitude do Espírito Santo para<br />
ajudá-las. Seja Joel Gross em<br />
Minneapolis, Brad Riley na Universidade<br />
do Colorado, em Boulder, ou<br />
Terry Austria na Universidade de<br />
Illinois, em Urbana, perceberam que<br />
sem a ajuda do Espírito Santo eles<br />
não podem alcançar as pessoas em<br />
suas próprias culturas.<br />
Nenhum de nós pode se dar ao<br />
luxo de deixar de lado o batismo<br />
com o Espírito Santo quando pregamos.<br />
Devemos aprender a fazer<br />
melhor as coisas e desacreditar nos<br />
mitos pentecostais. O batismo com o<br />
Espírito Santo é uma benção tremenda<br />
para toda pessoa que o recebe.<br />
Como jovem ministro, seja criativo,<br />
intencional, fique longe das<br />
valas, ore para que o Senhor batize<br />
Seu povo, e faça uma desfragmentação<br />
de seus medos. Nós todos<br />
encontramos dificuldades. Ministrar<br />
o batismo com o Espírito Santo em<br />
uma cultura poscristã é um desafio<br />
para qualquer jovem líder. Mas saiba<br />
que você é amado, acreditado e é lhe<br />
dado um caminho adicional para<br />
descobrir coisas. Que não nos afastemos<br />
uns dos outros. Que possamos<br />
nos abraçar enquanto estivermos<br />
nesta jornada juntos. Estou passando<br />
o bastão para você.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 33
Os cessacionistas<br />
dizem que os<br />
dons espirituais<br />
se foram junto<br />
com a Era dos<br />
Apóstolos.<br />
Será que os<br />
pentecostais<br />
estão<br />
preparados para<br />
compartilhar<br />
porquê<br />
acreditam em<br />
um Deus<br />
miraculoso hoje?<br />
À direita: Pedro e João<br />
curam o coxo à porta do<br />
templo chamada<br />
Formosa. (At 3.1-10)<br />
34 enrichment | MARÇO 2010<br />
ENRIQUECIMENTO TEOLÓGICO / W.E. NUNNALLY<br />
Cessação do Miraculoso?<br />
A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva<br />
Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />
Com muita frequência as pessoas<br />
pedem aos pentecostais para<br />
explicarem o porquê de sua crença<br />
e daquilo que praticam. Muitos, infelizmente,<br />
não estão “preparados para responder<br />
a qualquer pessoa que lhes pedir.” (1Pe 3:15 -<br />
NVI) . Isto deve-se geralmente a um de<br />
dois fatores: ou os pentecostais não estão<br />
bem alicerçados na evidência ou não<br />
ponderaram a respeito daquilo que está<br />
por trás do conteúdo e das práticas de sua<br />
fé. Assim, costumam responder defensivamente,<br />
com vergonha ou apelando para<br />
experiências pessoais. Seus ouvintes<br />
facilmente descartam esses apelos com um<br />
“Serve para você mas não tem relevância<br />
W.E. Nunnally, PhD, professor de Judaísmo Antigo e Origens Cristãs na<br />
Evangel University, Springfield, Missouri (EUA).
para nós”. É importante, então, que os<br />
pastores preparem melhor os membros de<br />
sua igreja para que possam compartilhar<br />
com outros a razão dos pentecostais confiarem<br />
em Deus, hoje, para o miraculoso.<br />
Uma pergunta frequentemente feita aos<br />
pentecostais é: por quê acreditar que<br />
milagres, dons do Espírito, revelações<br />
pessoais e intervenções divinas continuam<br />
acontecendo nos dias de hoje? A maioria<br />
dos cristãos à parte das tradições pentecostais<br />
ou carismáticas crê que essas manifestações<br />
do Espírito tenham cessado quando<br />
morreu o último apóstolo, período comumente<br />
conhecido como o fim da Era dos<br />
Apóstolos. Esse termo representa a crença<br />
de que o poder revelador e miraculoso de<br />
Deus, ausente por mais de 400 anos, foi<br />
restabelecido entre os homens por volta<br />
de 30-90A.D. Segundo essa teoria, com o<br />
fim da Era Apostólica, esses poderes<br />
foram novamente recolhidos ao céu, de<br />
onde aguardam o retorno de Cristo.<br />
Contestando os Argumentos Lógicos e<br />
Históricos para uma Era Apostólica<br />
A expressão Era dos Apóstolos é comumente<br />
usada entre os teólogos dispensacionalistas<br />
e da Aliança, que também o associam<br />
a um assunto relacionado — o encerramento<br />
do cânon bíblico. Ambos os lados<br />
tentam usar a doutrina da Era Apostólica<br />
para proteger e justificar o fim e o conteúdo<br />
do cânon do Novo Testamento.<br />
A justificativa seria que o fim desse<br />
período apostólico na história da Igreja<br />
tenha colocado uma pausa natural e lógica<br />
na revelação. Isso, por sua vez, marcou a<br />
conclusão dos escritos divinamente<br />
inspirados, os quais chamamos de Novo<br />
Testamento. Não há necessidade, entretanto,<br />
de atribuir o encerramento do<br />
processo canônico aos homens, seja pelo<br />
voto (o cânon do Novo Testamento havia<br />
se tornado realidade centenas de anos<br />
antes de qualquer conselho eclesiástico<br />
oficialmente ratificá-lo) ou pela morte de<br />
todos os apóstolos.<br />
A expressão Era dos Apóstolos e o conceito<br />
que ela representa não podem ser<br />
encontrados no Novo Testamento. Isso<br />
significa que a doutrina da Era dos Após-<br />
tolos e suas consequências — o fim da<br />
revelação e o encerramento do cânon —<br />
são ideias (ou revelações) posteriores ao<br />
Novo Testamento. Se for este o caso,<br />
temos uma contradição lógica. Não se<br />
pode logicamente afirmar a cessação de<br />
revelação por ocasião do encerramento da<br />
escrita do Novo Testamento enquanto se<br />
afirma, ao mesmo tempo, receber revelação<br />
adicional após a conclusão desse<br />
processo.<br />
A posição cessacionista baseia-se apenas<br />
em inferências extrabíblicas e pósbíblicas.<br />
Essa inferência, entretanto, parece<br />
ter alcançado status canônico (autoridade<br />
equivalente à da Bíblia) por aqueles<br />
que aderem a essa posição. Isso é evidenciado<br />
pelo fato de as comunidades de fé<br />
que mantêm a crença na Era dos Apóstolos<br />
terem permitido que esse conceito<br />
traduza sua fé e conduta. Já que os assuntos<br />
de fé e de conduta na cristandade<br />
protestante devem ser informados exclusivamente<br />
por revelação divina, pode-se<br />
dizer que essa posição extrabíblica tenha<br />
alcançado um status anteriormente reservado<br />
somente à Bíblia. Ironicamente, em<br />
uma tentativa de preservar o status único<br />
das Escrituras, os indivíduos e as comunidades<br />
adeptos da teoria cessacionista<br />
elevaram eles mesmos sua própria revelação<br />
extrabíblica ao mesmo status da Bíblia,<br />
um ônus normalmente atribuído a pentecostais<br />
ou a carismáticos.<br />
Defensores da doutrina da Era dos<br />
Apóstolos também tentam sustentar sua<br />
crença com a referência ao encerramento<br />
do cânon do Antigo Testamento. Afirmam<br />
que a revelação e os milagres cessaram<br />
com o último profeta do Antigo Testamento<br />
— o que para eles é análogo à relação<br />
dos apóstolos com o Novo Testamento,<br />
revelação e milagres na Era da Igreja.<br />
À primeira vista, esse argumento parece<br />
defensável. Em análise mais profunda,<br />
contudo, parece também ter sido mal<br />
formulado. Primeiramente, assim como o<br />
Novo Testamento, o cânon do Antigo<br />
Testamento foi determinado pelo uso<br />
dentro da comunidade da fé e não pelo<br />
voto de um corpo oficial ou pelo tempo de<br />
vida de qualquer indivíduo ou indivíduos.<br />
Acima: O derramemento do Espírito<br />
Santo no dia de Pentecostes. (At 2.1-4)<br />
A posição dos<br />
cessacionistas<br />
baseia-se<br />
apenas em<br />
inferências<br />
extrabíblicas e<br />
pós-bíblicas que<br />
chegam parecer<br />
ter alcançado<br />
status canônico.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 35
A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />
A Igreja Primitiva<br />
acreditava que a<br />
atividade de<br />
Deus na história<br />
redentora<br />
permaneceu<br />
constante<br />
— da criação à<br />
encarnação e à<br />
consumação.<br />
36 enrichment | MARÇO 2010<br />
Em segundo lugar, profecia e milagres<br />
encontram-se bem documentados em<br />
literatura relacionada ao período intertestamentário,<br />
como Flávio Josefo, Os Pergaminhos<br />
do Mar Morto, literatura rabínica<br />
antiga, os Livros Apócrifos e os Pseudepígrafos.<br />
Em terceiro lugar, relatórios históricos<br />
no Novo Testamento registram<br />
eventos que ocorreram durante o período<br />
intertestamentário.<br />
Tanto Mateus como Lucas relatam revelações,<br />
intervenções angélicas, profecia<br />
e milagres que antecedem a concepção, o<br />
nascimento e o ministério de Jesus.<br />
Zacarias recebeu revelação e proferiu profecia<br />
(Lc 1:11-20, 67-79). José recebeu<br />
revelação sobrenatural e direção através de<br />
sonhos (Mt 1:20-24; 2:13, 19-22). Maria<br />
recebeu revelação e proferiu um cântico<br />
inspirado (Lc 1:26-38, 46-55). Simeão<br />
recebera uma revelação muito antes dos<br />
eventos que envolveram o nascimento de<br />
Jesus e de João Batista (Lc 2:25, 26).<br />
Assim como os pastores (Lc 2: 8-16),<br />
Simeão havia recebido direção divina (v.<br />
27). Tanto Maria como Isabel experimentaram<br />
concepções miraculosas (Mt 1:18,20;<br />
Lc 1:13,24,36, 37,57). Os reis magos obtiveram<br />
orientação divina através de um<br />
sinal sobrenatural (Mt 2:1,2,9,10) e de um<br />
sonho (v. 12). Estes e muitos outros eventos<br />
sobrenaturais importantes mostram<br />
que, no Novo Testamento, as revelações<br />
divinas e os milagres estavam acontecendo<br />
antes do nascimento e do ministério de<br />
Jesus.<br />
Deve-se concluir, com base nessas<br />
observações, que não houve cessação do<br />
profético nem do miraculoso na história de<br />
Israel antes da vinda de Jesus. A reconsideração<br />
desse dado relevante não apenas<br />
remove a fundação do argumento a favor<br />
da cessação baseado em paralelos do<br />
Antigo Testamento, como também é<br />
uma contrapartida.<br />
A Imutabilidade de Deus, O Sacramento<br />
da História e a Diferença entre Inspiração<br />
e Canonização<br />
Nosso Deus — o Deus da Bíblia, o Deus<br />
histórico de Israel — é um Deus de<br />
firmeza. Não é excêntrico ou instável, da<br />
maneira como os deuses pagãos geralmente<br />
eram retratados na mitologia antiga.<br />
O Deus da Bíblia é um Deus de fidelidade<br />
em Suas alianças. Ele não muda (Sl 55:<br />
19; 102:27; Is 46:4; Ml 3:6; Hb 1:12) e Sua<br />
Palavra não muda (Is 40:8). Ele é o mesmo<br />
ontem, hoje e para sempre (Hb 13:8). Ele<br />
“não muda como sombras inconstantes.” (Tg<br />
1:17 - NVI). Ele lida com o homem firmemente<br />
e Suas formas de lidar com o<br />
homem mostram continuidade. O assunto<br />
de que tratamos não é exceção. Já que as<br />
maneiras milagrosas de Deus lidar com<br />
Seu povo continuaram entre os Testamentos,<br />
não há precedente ou necessidade<br />
lógica que nos faça crer que Ele agiria de<br />
outra maneira no final do NT.<br />
Uma discussão sobre desenvolvimentos<br />
intertestamentários deve também<br />
tratar de algumas questões levantadas com<br />
a referência ao período intertestamentário.<br />
Primeiramente, toda a história é sagrada.<br />
Deus esteve envolvido nas vidas de Sua<br />
criação durante o período intertestamentário<br />
da mesma maneira como esteve em<br />
outras épocas. Muitas profecias contidas<br />
no livro de Daniel, por exemplo, cumpriram-se<br />
no período intertestamentário.<br />
Além disso, o Novo Testamento cita<br />
exemplos (mencionados acima) da atividade<br />
de Deus antes do início do período do<br />
Novo Testamento. Portanto, Deus tinha<br />
Sua mão na nação judaica, na tribo de<br />
Judá, na família de Jessé e em uma<br />
linhagem específica da família de David.<br />
Também é evidente que Deus direcionou<br />
a propagação dessa linhagem até<br />
mesmo durante o período intertestamentário<br />
e que Ele finalmente fez com que o<br />
Messias nascesse dessa árvore genealógica<br />
específica. O fato de que Deus estava no<br />
controle desse processo, até no período<br />
intertestamentário, é evidenciado pela<br />
inclusão de nomes dessa época na genealogia<br />
de Jesus (Mt 1:13-16; Lc 3:23-27).<br />
A totalidade dessa história era evidentemente<br />
importante, pois o Espírito Santo<br />
orquestrou a narrativa de toda a História.<br />
O Espírito Santo não fez nenhuma distinção<br />
entre as histórias secular e sagrada
(ou bíblica) nas genealogias de Jesus<br />
registradas por Mateus ou Lucas. Além<br />
disso, a preservação desses versículos pela<br />
Igreja Primitiva e sua atitude com relação<br />
aos mesmos sugerem que eles acreditavam<br />
que a atividade de Deus na história<br />
redentora permaneceu constante (incluindo<br />
a orquestração divina da história humana,<br />
a revelação e o miraculoso) — da<br />
criação à encarnação e à consumação.<br />
A Igreja Primitiva foi uma Igreja verdadeiramente<br />
pentecostal.<br />
Em segundo lugar, devemos fazer uma<br />
distinção entre atividade profética e<br />
Escritura canonizada. Em muitas igrejas<br />
pentecostais da atualidade, a voz autêntica<br />
de profecia ainda é ouvida. Contudo,<br />
essas profecias dos dias de hoje não são<br />
iguais às das Escrituras. O cânon bíblico<br />
não se encontra mais aberto e tais profecias<br />
não deveriam ser incluídas no cânon<br />
das Escrituras. Essas mensagens de Deus<br />
para Seu povo são para um tempo, lugar e<br />
situação específicos. Elas não prescrevem<br />
questões de fé e conduta para todo mundo,<br />
em todos os tempos, em todos os lugares.<br />
Além disso, sua legitimidade deve ser<br />
julgada pelo padrão da Palavra de Deus<br />
revelada, a Bíblia.<br />
A atividade profética do período intertestamentário<br />
deve ser vista de forma<br />
semelhante. Essas profecias representam<br />
as necessidades e as reflexões piedosas<br />
das comunidades individuais de onde se<br />
originaram. O fato de a profecia ser um<br />
meio de comunicação é uma questão de<br />
registro histórico. Seu status literário como<br />
não canônico, o qual reflete o processo<br />
dirigido por Deus pelo qual o cânon foi<br />
formado, também é uma questão de registro<br />
histórico. Todo o restante é para provar<br />
que a relação entre o Antigo Testamento<br />
e a profecia intertestamentária é análoga à<br />
relação que existe entre o Novo Testamento<br />
e a profecia dos dias de hoje.<br />
Antigo e Novo Testamentos são<br />
Escrituras canonizadas. Como tal, representam<br />
o auge de um processo sob a<br />
direta orientação de Deus. As Escrituras<br />
são normativas — eternamente relevante<br />
— e são nossa única regra de fé e conduta.<br />
A profecia intertestamentária não o era<br />
e a profecia dos dias modernos também<br />
não o é. Nenhuma delas passou por um<br />
processo de uso popular e universal,<br />
divinamente dirigido. Nenhuma delas é<br />
eternamente relevante ou normativa.<br />
Ambas estão condicionadas pelo tempo,<br />
pelo lugar e pela situação e, portanto, não<br />
possuem a autoridade intrínseca para ditar<br />
questões de fé e prática.<br />
No período intertestamentário, a<br />
comunidade da fé precisava da voz da<br />
profecia. Muito embora tivesse a Bíblia (o<br />
Antigo Testamento), ela necessitava ouvir<br />
a voz profética de reprovação, correção,<br />
desafio, esperança, encorajamento e chamada<br />
ao arrependimento, uma vez que<br />
lidava com situações contemporâneas.<br />
Deus em Sua sabedoria e constância<br />
instilou uma dinâmica semelhante em<br />
nossa comunidade de fé. Embora tenhamos<br />
a Bíblia (Antigo e Novo Testamentos),<br />
Deus continua a envolver Sua igreja<br />
com a voz da profecia. Ele conhece intimamente<br />
a natureza do homem (Gn 6:5;<br />
Sl 103:14; 139; Mt 7:11; Rm 3:23).<br />
Através dos tempos, a natureza do<br />
homem e sua necessidade de ouvir a voz<br />
profética de Deus não mudaram. Semelhantemente,<br />
a natureza de Deus não<br />
mudou. Ele ainda ama Sua criação, tem<br />
um plano para ela e deseja dinamicamente<br />
comunicar Seu plano para cada geração.<br />
A Era dos Apóstolos Versus O Ensino do<br />
Novo Testamento<br />
O Novo Testamento testifica contra a teoria<br />
de uma Era dos Apóstolos e a cessação<br />
de profecia e de outros fenômenos sobrenaturais.<br />
Efésios 4:11 nos diz que Deus<br />
concedeu dons à igreja através de indivíduos<br />
que trabalham como apóstolos,<br />
evangelistas, pastores e mestres. Os que<br />
defendem uma era apostólica e a cessação<br />
do miraculoso devem estar sendo seletivos<br />
com esse versículo. Por um lado, ninguém<br />
afirmaria que os postos de evangelista,<br />
pastor e mestre tenham se tornado<br />
ineficientes. Por outro lado, os cessacionistas<br />
precisam sustentar o argumento de<br />
que os postos de apóstolo e profeta já não<br />
O apóstolo Paulo, na prisão,<br />
escrevendo sua epístola aos Efésios<br />
Embora<br />
tenhamos a<br />
Bíblia, Deus<br />
continua a<br />
envolver Sua<br />
Igreja com a voz<br />
da profecia.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 37
A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />
A imaturidade e<br />
inadequabilidade<br />
da igreja no<br />
passado e no<br />
presente estão<br />
diretamente<br />
relacionadas à<br />
falta de respeito<br />
e de ênfase<br />
que os dons<br />
carismáticos têm<br />
sofrido.<br />
38 enrichment | MARÇO 2010<br />
existem devido à sua natureza carismática<br />
e reveladora.<br />
O problema com essa posição é sua<br />
abordagem puramente arbitrária. A intenção<br />
dos autores humano e divino dessa<br />
passagem era que essa lista fosse considerada<br />
como um todo. Não há nenhuma indicação<br />
de que exista uma distinção na<br />
lista com respeito à duração de alguns<br />
dons e de outros não. Mexer, truncar ou<br />
fazer uma linha de distinção entre os elementos<br />
dessa lista é uma violação ao texto.<br />
Paulo, entretanto, coloca limitações<br />
temporais em toda a lista. A passagem de<br />
fato indica que todos esses postos de<br />
trabalho acabarão no final. A questão, no<br />
entanto, não é “qual?”, mas “quando?”.<br />
Os versículos 12 e 13 claramente tratam<br />
dessa questão. Esses postos são concedidos<br />
“com o fim de preparar os santos para a<br />
obra do ministério, para que o corpo de Cristo<br />
seja edificado, até que todos alcancemos:<br />
1. a unidade da fé<br />
2. e do conhecimento do Filho de Deus,<br />
3. cheguemos à maturidade,<br />
4. atingindo a medida da plenitude de<br />
Cristo.” (NVI).<br />
Nenhum cristão conseguiu atingir plenamente<br />
esses alvos. Dessa forma, todos<br />
os cargos de Efésios 4:11 ainda são necessários<br />
para amadurecer a Igreja. Pode-se<br />
mesmo sugerir que a imaturidade e inadequabilidade<br />
da Igreja no passado e no<br />
presente estão diretamente relacionadas à<br />
falta de respeito e de ênfase que os dons<br />
carismáticos têm sofrido. “Os membros do<br />
corpo que parecem mais fracos são indispensáveis.<br />
... Quando um membro sofre, todos os outros<br />
sofrem com ele.” (1Co 12:22,26; observe<br />
que o contexto se refere especificamente<br />
ao assunto em questão).<br />
Um segundo texto a considerar é Romanos<br />
11:29, “pois os dons e o chamado de<br />
Deus são irrevogáveis”. Obviamente, os<br />
“dons” aqui mencionados não são os dons<br />
de 1 Coríntios 12. Nesse sentido, o contexto<br />
imediato dessa passagem não está<br />
relacionado com as passagens citadas acima.<br />
Contudo, o princípio básico em vigor<br />
é relevante. Romanos 11:29 fala da fideli-<br />
dade e da firmeza de Deus em lidar com o<br />
homem. Não só Sua natureza imutável O<br />
impede de anular Suas promessas para o<br />
Israel étnico, como Sua natureza também<br />
O impede de ab-rogar Sua promessa de<br />
conceder os dons do Espírito ao homem<br />
no decorrer da Era da Igreja.<br />
Uma terceira passagem que requer<br />
atenção no atual contexto é a de Atos<br />
2:39. Nesse primeiro sermão cristão, numa<br />
situação escatologicamente intensa, Pedro<br />
declarou que a promessa de Deus para<br />
conceder o Espírito Santo — completa,<br />
com os fenômenos que acompanham Sua<br />
residência dentro de um ser humano — “<br />
é para vocês, para os seus filhos e para todos<br />
os que estão longe, para todos quantos o<br />
Senhor, o nosso Deus, chamar.” (NVI). Esse<br />
versículo tem sido um locus classicus para a<br />
posição pentecostal. O texto sugere que<br />
no início da Era da Igreja, no derramamento<br />
inicial do Espírito Santo e as manifestações<br />
que Ele inspira, Pedro tenha<br />
declarado que essa experiência deveria<br />
ser a norma para a Era da Igreja toda.<br />
Especificamente mencionando, em<br />
sequência, a geração presente, a próxima<br />
geração e todas as gerações futuras, Pedro<br />
dá evidência apostólica explícita para uma<br />
crença na importância dessa promessa<br />
para todas as gerações.<br />
Embora mais obscura, uma quarta<br />
passagem importante, sobretudo para uma<br />
abordagem bíblica completa, é 1 Coríntios<br />
1:7. Paulo observou que os membros da<br />
igreja de Corinto haviam sido “enriquecidos<br />
em tudo, isto é, em toda palavra e em todo<br />
conhecimento.” (1Co 1:5 - NVI) . A verdade<br />
do Evangelho havia sido miraculosamente<br />
“confirmada” entre eles “de modo que não<br />
lhes falta nenhum dom espiritual.” (vv. 6,7 -<br />
NVI). O final do versículo 7 demanda<br />
nossa atenção. Paulo disse que os irmãos<br />
de Corinto estavam sendo enriquecidos,<br />
tendo o Evangelho miraculosamente<br />
confirmado entre eles, e gozando de cada<br />
dom espiritual — embora por um período<br />
de tempo específico — “enquanto vocês<br />
esperam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja<br />
revelado.” (NVI). O que Paulo tem em
vista é o mesmo espaço de tempo escatológico<br />
que ele apresenta em Efésios 4:13 e<br />
1 Coríntios 13:10-12. (Uma discussão<br />
desse texto encontra-se abaixo). Os dons<br />
carismáticos do Espírito chegarão a um<br />
fim. Esse fim não se encontra no encerramento<br />
da Era dos Apóstolos ou em<br />
nenhum outro momento na história<br />
humana. A cessação dos dons miraculosos<br />
do Espírito acontecerá quando o tempo já<br />
não mais existir — quando o Rei retornar<br />
e a ordem deste mundo presente chegar<br />
ao fim. Nesse momento, os esforços<br />
evangelísticos cessarão. Pecado e doença<br />
farão parte do passado. Dons de revelação<br />
não serão necessários, pois teremos<br />
comunhão imediata e inextinguível com o<br />
divino — “face a face” (1Co 13:12; comparar<br />
com 1Jo 3:2). Até mesmo os dons de<br />
conhecimento sobrenatural perderão sua<br />
utilidade nesse estado abençoado, pois,<br />
com o retorno de Cristo, “conhecerei plenamente,<br />
da mesma forma como sou plenamente<br />
conhecido.” (1Co 13:12 - NVI).<br />
Um último texto de Paulo, possivelmente<br />
o mais negligenciado de todos,<br />
aparece em 2 Coríntios 3:3-11. Nessa<br />
passagem o apóstolo está comparando o<br />
esplendor da dispensação da lei com o da<br />
dispensação do Espírito. Ele argumenta:<br />
“O ministério que trouxe a morte foi gravado<br />
com letras em pedras; mas esse ministério veio<br />
com tal glória que os israelitas não podiam<br />
fixar os olhos na face de Moisés, por causa do<br />
resplendor do seu rosto, ainda que desvanecente.<br />
Não será o ministério do Espírito ainda<br />
muito mais glorioso? Se era glorioso o ministério<br />
que trouxe condenação, quanto mais glorioso<br />
será o ministério que produz justificação!<br />
... E se o que estava se desvanecendo se<br />
manifestou com glória, quanto maior será a<br />
glória do que permanece!”<br />
(2 Co 3:7-9,11 - NVI)<br />
Paulo traça diversos paralelos interessantes<br />
entre as duas dispensações. O único<br />
de interesse para a presente discussão,<br />
entretanto, é a distinção entre o esplendor<br />
temporário ou desvanecente da dispensação<br />
da Lei com o maior esplendor da<br />
dispensação do Espírito, o qual, diz ele, é<br />
“permanente”. Mais uma vez, Paulo<br />
apresenta evidência de uma escatologia/<br />
pneumatologia que vê o batismo no<br />
Espírito e os dons dEle advindos, como<br />
acessórios permanentes na Igreja até o<br />
retorno de Cristo.<br />
Com base nas declarações de Pedro e<br />
de Paulo, podemos concluir que se alguma<br />
vez houve uma Era dos Apóstolos, a<br />
igreja deve ainda estar nela.<br />
Assim sendo, é difícil de se imaginar<br />
um cenário tal qual aquele exigido pela<br />
teoria da Era dos Apóstolos. Levemos<br />
Timóteo em consideração. Paulo desafiou<br />
Timóteo com a responsabilidade de pastorear<br />
a igreja de Éfeso (1Tm 1:3).<br />
Timóteo recebeu poder especial de Deus<br />
quando Paulo e os anciãos impuseram as<br />
mãos sobre ele (1Tm 4:14; 2Tm 1:6).<br />
Imaginemos Timóteo, ocupado com seus<br />
deveres pastorais, orando pela cura de<br />
uma pessoa ou expulsando um demônio<br />
do único filho de alguém. Agora imagine<br />
que naquele momento, em Éfeso (de<br />
acordo com a tradição da Igreja Primitiva),<br />
o idoso apóstolo João, o último do círculo<br />
mais próximo de Jesus, desse o último<br />
suspiro e fosse para seu descanso celestial.<br />
Revogaria Deus, arbitrariamente, o poder<br />
para realizar maravilhas que havia dado a<br />
Timóteo e parar um milagre em andamento?<br />
Poderia Ele dar a um indivíduo<br />
necessitado uma explicação bíblica<br />
aceitável do porquê a pessoa anterior fora<br />
curada ou liberta e esta segunda pessoa<br />
não? Como seria afetado o testemunho da<br />
igreja local? Imagine o impacto negativo<br />
no ministério que Deus havia confiado a<br />
Timóteo. Em um nível pessoal, ele não<br />
poderia mais responder em obediência ao<br />
mandamento que havia recebido por inspiração<br />
divina, “mantenha viva a chama do<br />
dom de Deus que está em você mediante a<br />
imposição das minhas mãos.” (2Tm 1:6).<br />
Obviamente, esse cenário é insustentável.<br />
Vai contra a natureza de Deus, que<br />
é firme, fiel, imutável e misericordioso<br />
para com os necessitados. Vai contra a<br />
Palavra de Deus, a qual, enquanto discutimos,<br />
fornece apoio exclusivo ao conceito<br />
Acima: O livramento miraculoso<br />
de Pedro da prisão (At 12.6-11).<br />
Com base nas<br />
declarações de<br />
Pedro e de Paulo,<br />
podemos concluir<br />
que se alguma vez<br />
houve uma Era<br />
dos Apóstolos, a<br />
igreja deve ainda<br />
estar nela.<br />
RECURSOS ESPIRITUAIS 39
A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />
A natureza<br />
de Deus, a<br />
mensagem<br />
unificada das<br />
Escrituras e<br />
a natureza<br />
substancialmente<br />
necessitada do<br />
homem decaído<br />
argumentam<br />
em favor da<br />
continuação do<br />
miraculoso no<br />
mundo atual.<br />
40 enrichment | MARÇO 2010<br />
de continuação, enquanto nada diz a favor<br />
de cessação. Graças a Deus que a Igreja<br />
não depende da frágil e fugaz condição<br />
física de um apóstolo para o seu poder,<br />
mas sim do Jesus ressurreto e eterno, que<br />
“vive sempre para interceder por nós.”<br />
(Hb 7:25 - NVI).<br />
Textos do Novo Testamento Impropriamente<br />
Usados para Apoiar a Era dos<br />
Apóstolos/Cessacionismo<br />
Proponentes de teorias da cessação geralmente<br />
referem-se a 1 Coríntios 13:10:<br />
“... quando, porém, vier o que é perfeito, o que<br />
é imperfeito desaparecerá.” (NVI). “O perfeito”<br />
não se refere ao Novo Testamento,<br />
como afirmam, mas ao retorno de Jesus,<br />
como está claro no versículo 12. Não há<br />
necessidade de outro argumento além<br />
daquele do contexto. É interessante, contudo,<br />
observar que o sexo de “o perfeito”<br />
(teleion) é neutro, enquanto que a palavra<br />
traduzida como testamento (diatheke) em<br />
outros lugares é feminina. Se Paulo tivesse<br />
a intenção de que o leitor entendesse<br />
esse adjetivo-usado-como-substantivo<br />
representando o Novo Testamento, ele<br />
teria colocado “o perfeito” no mesmo<br />
gênero — feminino.<br />
Da mesma forma, 1 Coríntios 15:8, “depois<br />
destes apareceu também a mim.” (NVI),<br />
não indica o fim de revelação nem a conclusão<br />
do cânon. Paulo continuou a receber<br />
revelação após a experiência na estrada<br />
de Damasco. Outros no Novo Testamento<br />
receberam revelação depois de<br />
Jesus ter aparecido a Paulo. Além disso, o<br />
Novo Testamento todo foi inspirado pelo<br />
Espírito Santo após o encontro de Paulo<br />
com Cristo na estrada de Damasco. A quê,<br />
então, se refere essa afirmação? Paulo está<br />
apenas dizendo que, daqueles homens<br />
chamados de apóstolos, ele era o último a<br />
ver o Cristo ressurreto.<br />
Hebreus 1:1,2 é outro conhecido texto<br />
de prova para os cessacionistas. Entretanto,<br />
é preciso apenas mostrar que os “dias” são<br />
“últimos”, não a revelação de Jesus na carne;<br />
caso contrário, o autor estaria quebrando<br />
a própria regra, tentando comunicar re-<br />
velação após a revelação terrena de Cristo.<br />
Apocalipse 22:18,19 é o texto de prova<br />
final utilizado por proponentes da cessação.<br />
É ordenado aos crentes, nesse versículo,<br />
que não acrescentem nem retirem<br />
algo das “palavras da profecia deste livro.”<br />
(NVI). Os cessacionistas argumentam que,<br />
como o Livro de Apocalipse vem no final<br />
da revelação canônica, essa passagem<br />
proíbe qualquer revelação posterior.<br />
Os problemas com essa interpretação são<br />
múltiplos. Em primeiro lugar, o autor nos<br />
fala especificamente a que se refere essa<br />
proibição. Não fala em termos gerais, mas<br />
refere-se apenas às suas palavras — “essa<br />
profecia” (itálico adicionado). Em segundo<br />
lugar, o autor não poderia ter tido em<br />
mente o Novo Testamento todo, pois este<br />
ainda seria formado. Então, a intenção<br />
autoral elimina essa linha de raciocínio.<br />
Em terceiro lugar, outros livros incluem<br />
proibições semelhantes. Um exemplo<br />
disso é Deuteronômio 12:32. Será que<br />
esse versículo significa que revelação<br />
além do livro de Deuteronômio é ilegítimo?<br />
Esperemos que não.<br />
Conclusão<br />
Três aplicações importantes podem ser<br />
extraídas deste artigo. Primeiramente,<br />
nenhuma analogia histórica ou passagem<br />
na Bíblia oferece argumento legítimo para<br />
apoiar uma Era dos Apóstolos ou a cessação<br />
do miraculoso. Em segundo lugar, a<br />
natureza de Deus, a mensagem unificada<br />
das Escrituras e a natureza substancialmente<br />
necessitada do homem decaído<br />
argumentam em favor da continuação do<br />
miraculoso no mundo atual. Em terceiro<br />
lugar, a Igreja hodierna encontra-se em<br />
solo bíblico firme quando procura ser<br />
revestida de poder para um trabalho para<br />
Deus mais efetivo através do batismo no<br />
Espírito Santo e dos dons do Espírito.<br />
Temos todos os motivos para buscar a<br />
Deus para direção, cura, proteção e provisão<br />
divinas. Nesse dia de necessidade e<br />
oportunidade sem precedentes, “Mantenha<br />
viva a chama do dom de Deus que está<br />
em você.” (2Tm 1:6).