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Recursos Espirituais

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<strong>Recursos</strong> <strong>Espirituais</strong><br />

Í N D I C E<br />

MARÇO 2010<br />

1. Autoliderança 3<br />

Eric D. Rust<br />

Líderes eficazes devem investir mais energia no<br />

desenvolvimento de suas habilidades de liderança do que<br />

em qualquer outra área.<br />

2. Princípios e Práticas Bíblicas para um<br />

Testemunho Pessoal Eficaz 6<br />

Randy Hurst<br />

Devemos disciplinar a nós mesmos para fazermos nossa<br />

parte no evangelismo pessoal enquanto que, ao mesmo<br />

tempo, permanecemos dependentes de Deus, que fará o<br />

que somente Ele pode fazer.<br />

3. Aprendendo com os Erros 13<br />

Mark Batterson<br />

Se permitirmos que nossos fracassos nos definam, eles<br />

conseguirão nos arruinar. Mas se o fracasso for administrado<br />

de maneira apropriada, sairemos dele vitoriosos.<br />

4. Transformando Decisões em Acréscimos e<br />

Acréscimos em Discipuladores 18<br />

Jim Hall<br />

O discipulado para novos crentes é indispensável se<br />

pastores querem desacelerar a alarmante taxa de morte<br />

espiritual na igreja.<br />

5. Valorizando o Início da Vida:<br />

Aconselhamento Premarital e Bioético 26<br />

Christina M.H. Powel<br />

A Bíblia afirma que a presença de Deus e Seu propósito<br />

para nossas vidas são estabelecidos enquanto ainda<br />

estamos no ventre de nossa mãe.<br />

6. Comunicando o Batismo com o Espírito Santo de<br />

uma Maneira Nova 30<br />

Gary Grogan<br />

Não é necessário levar os crentes a um retiro para<br />

serem batizados no Espírito Santo.<br />

7. Cessação do Miraculoso? A Era dos Apóstolos Através<br />

da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica 34<br />

W.E Nunnally<br />

A natureza de Deus, a mensagem unificada das Escrituras e<br />

a natureza substancialmente necessitada do homem decaído<br />

argumentam em favor da continuação do miraculoso no<br />

mundo atual.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 1


2 enrichment | MARÇO 2010<br />

“NÃO É COMIGO”<br />

Esta é uma estória sobre 4 pessoas: Todo Mundo, Alguém,<br />

Qualquer Um e Ninguém.<br />

Havia um importante trabalho a ser feito, e Todo Mundo tinha certeza<br />

que Alguém o faria.<br />

Qualquer Um poderia tê-lo feito, mas Ninguém o fez.<br />

Alguém zangou-se porque era um trabalho de Todo Mundo.<br />

Todo Mundo pensou que Qualquer Um poderia fazê-lo, mas<br />

Ninguém imaginou que Todo Mundo deixasse de fazê-lo.<br />

Ao final, Todo Mundo culpou Alguém quando Ninguém fez o<br />

que Qualquer Um poderia ter feito.<br />

Autor desconhecido<br />

Que cada um possa fazer a sua parte sem esperar pelo outro.<br />

Life Publishers International<br />

© Copyright Life Publishers 2010<br />

Publicado por Life Publishers, Springfield, Missouri - EUA<br />

Todos os direitos reservados.<br />

Agora você pode acessar online <strong>Recursos</strong> <strong>Espirituais</strong> em 13 idiomas. Visite o website do Enrichment Journal e tecle<br />

na opção desejada. Você será direcionado para um dos treze idiomas que selecionar: português, espanhol, francês,<br />

alemão, russo, ucraniano, romeno, húngaro, croata, tâmil, bengalês, malaio ou hindi.<br />

Você terá oportunidade para ler os periódicos online ou pode ainda transferir os arquivos, para sua conveniência.<br />

As informações para contato encontram-se em http://www.enrichmentjournal.ag.org<br />

Equipe Editorial / Versão em Português<br />

Tradução: Nadja Matta e Rejane Eagleton<br />

Revisão de textos: Martha Jalkauskas<br />

Revisão Geral: Neide Carvalho<br />

Diagramação: ©MMDesign<br />

Coordenação geral: Márcio Matta<br />

Entre em contato conosco para obter informações adicionais ou fazer perguntas através do e-mail<br />

enrichmentJournal@lifepublishers.org


Liderança de Ponta / Eric D. Rust<br />

Autoliderança:<br />

Liderando de Dentro para Fora<br />

Mencione a palavra liderança em<br />

uma mesa redonda de líderes dotados<br />

espiritualmente e a probabilidade<br />

é que a conversa irá imediatamente<br />

virar para o desempenho das atividades do<br />

líder em liderar outros.<br />

Os líderes da igreja passam a maior parte<br />

da semana liderando outros. Contudo, no<br />

esforço de nos tornarmos líderes melhores,<br />

não prestamos atenção no maior dos desafios<br />

que iremos enfrentar — nós mesmos.<br />

Tendemos a não administrar a nós mesmos<br />

porque liderar nós mesmos é muito mais<br />

difícil do que liderar outros.<br />

É difícil passar uma semana sem tomarmos<br />

conhecimento de que um líder foi desqualificado<br />

para o exercício da liderança.<br />

Culpamos esse fracasso por causa de comprometimento<br />

sexual, improbidade financeira,<br />

ânsia pelo poder e uma liderança fraca. Essas<br />

falhas, porém, são apenas os sintomas aparentes<br />

de um fracasso pessoal mais profundo.<br />

Ao olharmos o problema mais além, geralmente<br />

descobrimos que o líder negligenciou<br />

sua vida pessoal.<br />

Em seu livro Leading from Inside Out,<br />

Samuel Rima afirma: “O modo como um líder<br />

conduz sua vida pessoal tem, de fato, um<br />

impacto profundo sobre sua habilidade para<br />

exercitar uma liderança pública eficaz. Existe<br />

uma correlação direta entre autoliderança e<br />

liderança pública.<br />

O escritor do Novo Testamento, Paulo,<br />

entendeu muito bem este conceito: “Antes,<br />

subjugo o meu corpo e o reduzo à servidão, para<br />

que, pregando aos outros, eu mesmo não venha de<br />

alguma maneira a ficar reprovado.” (1Co 9.27).<br />

Paulo entendeu que para ser tudo o que<br />

Deus o chamara para ser, ele precisava manter<br />

firmemente sua vida pessoal em ordem.<br />

Importância da Autoliderança<br />

Os líderes devem cuidar da nutrição e da<br />

administração de suas vidas pessoais. Nos círculos<br />

da liderança, isto é conhecido como<br />

ERIC D. RUST,<br />

Pastor-presidente da Igreja Assembleia de Deus Cedar Hills,<br />

em Sandpoint, Idaho (EUA).<br />

autoliderança. Líderes eficazes devem investir<br />

mais energia no desenvolvimento de suas<br />

habilidades de liderança do que em qualquer<br />

outra área.<br />

O expert em liderança, Dee Hock, sugere<br />

que a autoliderança deve ocupar 50% do<br />

tempo de um líder. O que aconteceria se os<br />

líderes de igreja levassem a sério a recomendação<br />

de Hock e investissem metade da semana<br />

em autoliderança? Para nos tornarmos<br />

os líderes sãos que Deus quer que sejamos,<br />

devemos desenvolver um domínio pessoal<br />

sobre nossas próprias vidas.<br />

Formação de Caráter<br />

Compreender personalidade e dons, esclarecer<br />

valores, identificar pontos fortes e fracos,<br />

melhorar a habilidade de comunicação e<br />

administrar o tempo de modo eficaz são todas<br />

áreas importantes em que os líderes precisam<br />

concentrar suas energias. Enquanto há dezenas<br />

de facetas para a autoliderança, nenhuma<br />

é tão crítica quanto a do caráter do líder. Sem<br />

caráter, os líderes não têm nada. Nosso caráter<br />

nos define. Apenas após determinarmos<br />

quem somos podemos saber como crescer.<br />

Para o líder cristão, caráter é essencial.<br />

É fato que a falta de caráter moral forte<br />

irá arruinar um líder. Um deslize financeiro<br />

pode ser reparado. Comunicação deficiente<br />

pode ser consertada. Decisões da liderança<br />

que não funcionam como o líder prometeu<br />

podem ser refeitas. Mas, falhas no caráter são<br />

capazes de destruir um líder. Recuperar-se<br />

de um comprometimento ético e moral é<br />

geralmente impossível. Uma vez perdida a<br />

confiança de um líder, raramente é recuperada.<br />

As pessoas só seguirão lideres que<br />

expressem o mais alto nível de integridade.<br />

Andy Stanley diz claramente: “Nós estamos<br />

sempre a apenas uma decisão, uma palavra,<br />

uma reação de colocarmos a perder o que<br />

se levou anos para desenvolver”. Vinte ou<br />

trinta anos de trabalho fiel a Deus podem ser<br />

destruídos com uma decisão simplesmente<br />

Líderes eficazes<br />

devem investir<br />

mais energia no<br />

desenvolvimento<br />

de suas<br />

habilidades de<br />

liderança do que<br />

em qualquer<br />

outra área.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 3


A melancia é<br />

por dentro o<br />

que aparenta<br />

ser por fora.<br />

E você?<br />

4 enrichment | MARÇO 2010<br />

Autoliderança: Liderando de dentro para fora<br />

comprometedora.”<br />

Quando o caráter fracassado de um líder<br />

é exposto, o problema geralmente origina-se<br />

na falta de integridade. Integridade é ser por<br />

dentro o que você afirma ser por fora.<br />

Erwin McManus usa a analogia de uma<br />

melancia para descrever integridade. Você<br />

provavelmente já comprou uma melancia.<br />

Quando você está em uma banca de frutas,<br />

enquanto segura a melancia, tudo o que<br />

consegue ver é a casca. Você bate na casca e<br />

se a melancia fizer um som oco, então você a<br />

compra. Ao passar pelo caixa, você gasta seu<br />

suado dinheiro em uma melancia que apenas<br />

consegue ver o que há por fora. Quando<br />

chega em casa e corta a casca, o que você<br />

espera encontrar? Melancia. Você confiou<br />

que a melancia tinha integridade. E se você<br />

cortasse a casca e encontrasse uma banana?<br />

Isso nunca aconteceria porque uma melancia<br />

tem integridade. A melancia é por dentro o<br />

que parece ser por fora.<br />

E você? E se alguém descascasse sua<br />

camada mais superficial, o que encontraria?<br />

Encontraria dentro o mesmo que você<br />

aparenta ser por fora? Aqui encontramos uma<br />

vantagem que a melancia leva sobre as<br />

pessoas — pela sua natureza, a melancia tem<br />

integridade.<br />

A integridade não vem naturalmente com<br />

as pessoas, nem mesmo com líderes.<br />

Ela deve ser desenvolvida.<br />

Líderes que praticam a autoliderança tem<br />

ciência das inconsistências de suas vidas.<br />

Ao contrário de ignorá-las enquanto ainda<br />

pequenas, eles escolhem alinhar o que são<br />

com o que acreditam. Entendem que a vida<br />

não pode ser compartimentada em caixinhas.<br />

Nós fomos criados como seres inteiros.<br />

Quem somos no particular não pode ser<br />

isolado de quem somos em público.<br />

Como líderes, devemos decidir quem<br />

queremos ser e então alinharmos a vida para<br />

que ela seja assim. Não é fácil, porque a<br />

pessoa que você não quer ser é a que mais<br />

naturalmente você se torna se deixar por sua<br />

própria conta. Jesus disse “porque aquele que<br />

quiser salvar a sua vida perdê-la-á e quem<br />

perder a sua vida por amor de mim achá-la-á.”<br />

(Mt 16.25). Autolíderes devem morrer para<br />

suas tendências naturais internas para que se<br />

tornem o que Deus os está chamando para<br />

serem. Deus nos chama para sermos líderes<br />

de dentro para fora — líderes definidos mais<br />

pelo o que somos por dentro do que pelo o<br />

que parecemos ser por fora.<br />

Por causa de títulos e cargos que os líderes<br />

de igreja geralmente recebem, pode ser<br />

fácil para o orgulho entrar furtivamente em<br />

suas vidas. Quando líderes caem, vítimas de<br />

pecado sexual ou do jogo de poder, o orgulho<br />

normalmente está na raiz. Romanos 12.3 nos<br />

lembra, “... digo a cada um dentre vós que não<br />

saiba mais do que convém saber, mas que saiba<br />

com temperança, conforme a medida da fé que<br />

Deus repartiu a cada um.”. 1 Pedro 5.5 nos<br />

alerta “... porque Deus resiste aos soberbos, mas<br />

dá graça aos humildes.”.<br />

Os líderes da igreja só são cônscios de<br />

quem eles são quando praticam a disciplina<br />

espiritual de serventia. Quando os líderes<br />

colocam os joelhos no chão ou a toalha<br />

dobrada nos braços, em posição de serviço, aí<br />

lembram que Jesus encontrou Sua grandeza<br />

na serventia. Jesus jamais Se orgulhou de<br />

Sua santidade. Ele encontrou seu status na<br />

serventia. Em Sua pequenez, Ele se tornou<br />

grande. Pequenez e serventia podem não ser<br />

naturalmente palavras confortáveis para<br />

líderes, mas são palavras com as quais nosso<br />

Líder Se sentia confortável.<br />

Reconhecer nossa fraqueza é outro modo<br />

excelente de mantermos o orgulho a distância.<br />

Muitos líderes desconhecem suas forças<br />

e fraquezas. Admitir fraqueza requer segurança<br />

e humildade pessoal. Líderes que praticam<br />

a autoliderança prontamente reconhecem<br />

suas fraquezas. Em vez de entreter-se<br />

na soberbia ocultando suas fraquezas, eles as<br />

admitem e convidam outros que possuam<br />

forças complementares para ajudá-los a<br />

administrar suas fraquezas.<br />

Protegendo Nosso Caráter<br />

Líderes da igreja devem ser mestres de si<br />

mesmos pois as demandas são muito altas.<br />

Para um líder de negócios, os sinais do dólar<br />

é o que pesa na balança. Para líderes de<br />

igreja, o ministério futuro e a eternidade é o<br />

que está na balança. É triste ver um líder de<br />

negócios ou político ser vítima de sua própria<br />

negligência, mas o preço é sempre mais alto<br />

quando um líder que cai é da igreja.<br />

Pat Williams, cristão e vicepresidente da<br />

Orlando Magic, apresenta 6 ideias para salvaguardar<br />

nosso caráter, as quais servem como<br />

regras úteis para o líder da igreja que deseja<br />

liderar a si mesmo com excelência.<br />

1. Separe um tempo para a reflexão e<br />

consistente restauração do corpo e da alma.<br />

Muitos líderes de igreja mantêm um ritmo


tão acelerado em seus ministérios que mal<br />

conseguem tempo para si mesmos. Jesus<br />

exemplificou a restauração da alma deixando<br />

as multidões rotineiramente para despender<br />

algum tempo a sós com o Pai. Autolíderes<br />

tiram um tempo regular para a oração e a leitura.<br />

Um coração sadio é o melhor presente<br />

que um líder pode dar a seus seguidores.<br />

Além disso, os lideres precisam cuidar<br />

do corpo. A saúde física é um ponto cego<br />

para muitos pastores. A Bíblia nos desafia a<br />

honrar a Deus com nosso corpo (1Co 6.20).<br />

A saúde boa nos proporciona energia para<br />

que possamos responder ativamente ao<br />

chamado de Deus. Alimentar-se bem e<br />

praticar exercícios regularmente deveria ser<br />

parte do estilo de vida de todo líder.<br />

2. Quando enfrentar uma escolha<br />

ética ou uma tentação, leve em consideração<br />

o exemplo que você estabeleceu para aos<br />

outros. Pense em todos aqueles que estão<br />

observando você — filhos, amigos, mentoreados<br />

e membros da igreja. Como sua decisão<br />

os impactará? Com a liderança da igreja vem<br />

também o dom sagrado da autoridade moral.<br />

Nossa autoridade moral pode ser perdida em<br />

um instante. Quando a tentação bate à porta,<br />

devemos nos perguntar se vale a pena dizer<br />

sim a ela em detrimento daqueles que nos<br />

observam.<br />

3. Mostre para um pequeno grupo de<br />

amigos confiáveis que você é alguém com<br />

quem eles podem contar. Soldados solitários<br />

se arriscam muito mais do que os líderes que<br />

estão envolvidos em relacionamentos que<br />

requerem prestação de contas. Autoliderança<br />

é um trabalho muito grandioso para ser feito<br />

sozinho. Líderes precisam convidar um<br />

pequeno grupo de pessoas que conheça e em<br />

quem confiam para conversar regularmente e<br />

fazer perguntas difíceis. Todos nós somos capazes<br />

de mentir para nós mesmos com tamanha<br />

frequência que finalmente começamos a<br />

acreditar em nossas próprias mentiras.<br />

Amigos não são enganados facilmente.<br />

4. Concentre-se em integridade, não<br />

em imagem. Líderes que cultivam sua vida<br />

interior irão consistentemente reposicionar<br />

acima de situações na vida que os tentaria a<br />

empurrá-los para baixo.<br />

Dr. Robert Terry, autor de Reflective<br />

Leadership, observa que “o nosso desafio<br />

profundo é a autenticidade — ser verdadeiro<br />

e real conosco mesmo, em nossos relaciona-<br />

mentos e no mundo.”<br />

5. Cresça profundamente em sua fé.<br />

Como seguidores de Cristo, acreditamos que<br />

o Espírito de Deus tenha o poder de promover<br />

uma mudança espiritual no coração humano.<br />

O desenvolvimento do caráter é tarefa<br />

muito difícil de promover sem o envolvimento<br />

do Espírito de Deus. Nutrir o nosso relacionamento<br />

com Cristo e estar em sintonia<br />

com Seu Espírito nos mantém dependentes<br />

da operação divina em nossas vidas. Quanto<br />

mais profundamente conhecemos o amor de<br />

Deus, mais profundo se torna nosso amor pelo<br />

próximo e maior proteção teremos contra o<br />

mal.<br />

6. Lidere de modo firme e inflexível<br />

com falhas de caráter e pecados ocultos.<br />

Todos os líderes têm um lado sombrio.<br />

Alguns só querem agradar as pessoas. Outros<br />

desejam construir um nome para si mesmos.<br />

Outros têm problemas com raiva ou com<br />

tendências codependentes. Esses problemas<br />

afetarão a habilidade de liderança do líder.<br />

Bill Hybels pergunta aos líderes: “Quem é<br />

responsável por resolver seus problemas pessoais<br />

de forma que a igreja não seja negativamente<br />

impactada pelo seu dejeto? Você”.<br />

Líderes espirituais devem separar essas coisas.<br />

Nossas igrejas estão dependendo disso.<br />

Conclusão<br />

Na última página de seu livro The Next Generation<br />

Leader, Andy Stanley apresenta a pergunta:<br />

“Qual é a pequena coisa em minha vida<br />

atual que tem o potencial de crescer para<br />

algo grande?” Caráter medíocre não aparece<br />

do nada. Começa pequeno — tão pequeno<br />

que inicialmente não é sequer notado. Finalmente,<br />

o que era pequeno e despercebido se<br />

torna algo tão enorme, que controla a vida de<br />

um líder. Assim como o câncer no corpo humano,<br />

a melhor hora para remover o caráter<br />

medíocre é quando este ainda é “uma coisa<br />

pequena”.<br />

Em Sua infinita sabedoria, Deus escolheu<br />

colocar o futuro da Igreja nas mãos de líderes.<br />

Fez isto com expectativas claras. Ele quer<br />

que sejamos líderes excepcionais. Quer que<br />

afiemos nossas habilidades de liderança, para<br />

nos comunicarmos de forma eficaz e administrarmos<br />

bem nossas equipes. Mas, acima<br />

de tudo, o desejo de Deus para Seus líderes é<br />

que possam ser mestres na arte da autoliderança.<br />

Quando a<br />

tentação bate à<br />

porta, devemos<br />

nos perguntar se<br />

vale a pena dizer<br />

sim a ela em<br />

detrimento<br />

daqueles que<br />

nos observam.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 5


Princípios e<br />

Práticas Bíblicas<br />

U Por<br />

6 enrichment | MARÇO 2010<br />

Randy Hurst<br />

m estudo recente afirma que apenas<br />

10% daqueles que decidem seguir a<br />

Cristo fazem sua decisão em um culto na igreja.<br />

De longe, a prioridade maior de uma campanha<br />

evangelística da igreja é o testemunho<br />

pessoal de seus membros durante a semana.<br />

Outro estudo revela que menos de 10% da congregação<br />

realiza evangelismo. Por que mais cristãos não<br />

falam sobre Jesus Cristo com outras pessoas? Muitos<br />

acham que a razão mais comum seja o desinteresse —<br />

que os cristãos não se importam. Mas, para a maioria das<br />

pessoas, a razão é a falta de confiança. Eu acredito que<br />

os crentes queiram ser testemunhas eficazes, mas se<br />

sentem inadequados, intimidados, ou temerosos em<br />

compartilhar sua fé, especialmente com alguém que não<br />

tenha uma base cristã.<br />

Jesus disse, “Conhecerás a verdade, e a verdade o<br />

libertará.” (Jo 8.32). Conhecer o que a Palavra inspirada<br />

de Deus diz sobre a natureza do evangelismo libertará<br />

os crentes da sensação de inadequação ou até mesmo de<br />

medo em relação ao testemunho pessoal.<br />

Em Colossenses, Paulo fala sobre evangelismo de<br />

uma maneira que ajuda a libertar os crentes dos equívocos<br />

e emoções que possam inibi-los de falar sobre<br />

Cristo. Ele proporciona uma abordagem simples, bíblica<br />

e prática para ajudá-los no evangelismo relacional.<br />

O pedido mais frequente feito pela Comissão de<br />

Evangelismo é por materiais sobre motivação pessoal e<br />

treinamento para testemunhar. Pastores e outros líderes<br />

da igreja podem ensinar princípios e práticas apresentados<br />

a seguir, defendidos por Paulo de várias maneiras<br />

dentro da igreja. Estes princípios proporcionam uma<br />

estrutura bíblica para ensinar o evangelismo pessoal que<br />

pode se tornar uma parte integrante do estilo de vida de<br />

um crente.


para um<br />

Testemunho<br />

Pessoal Eficaz<br />

A Abordagem do Apóstolo Paulo<br />

O evangelismo não é uma opção; mas o modo como o<br />

fazemos sim. A mesma Bíblia que nos ordena alcançar<br />

as pessoas com o Evange-<br />

lho também nos mostra<br />

como fazê-lo.<br />

Paulo nos deu um ensinamento<br />

profundo mas<br />

também prático sobre o<br />

testemunho cristão eficaz à<br />

igreja de Colossenses. As instruções finais em sua carta<br />

mostram como os cristãos precisam se relacionar com os<br />

descrentes, a quem ele chama apropriadamente de “os<br />

de fora” (4.5). Eu chamo a abordagem de Paulo de<br />

evangelismo de resposta (veja v. 6). “Perseverai em oração,<br />

velando nela com ação de graças; orando também juntamente<br />

por nós, para que Deus nos abra a porta da palavra a fim de<br />

falarmos do ministério de Cristo, pelo qual estou também<br />

Devemos disciplinar a nós mesmos para<br />

fazermos nossa parte no evangelismo<br />

pessoal enquanto que, ao mesmo tempo,<br />

permanecemos dependentes de Deus, que<br />

fará o que somente Ele pode fazer.<br />

preso; para que o manifeste, como convém falar. Andai com<br />

sabedoria para com os que estão de fora, remindo o tempo.<br />

A vossa palavra seja sempre agradável, temperada com sal,<br />

para que saibais como vos<br />

convém responder a cada<br />

um.” (Cl 4.2-6, grifo nosso).<br />

Nas instruções de Paulo<br />

vemos que o testemunho<br />

eficaz envolve dois<br />

princípios — dependência<br />

(vv. 2-4) e disciplina (vv. 5,6). Devemos nos disciplinar<br />

para fazermos nossa parte no evangelismo pessoal enquanto,<br />

ao mesmo tempo, permanecemos dependentes<br />

de Deus fazer o que somente Ele pode fazer.<br />

Paulo expressa essa interação divina/humana numa<br />

trecho inicial de sua carta: “E para isto também trabalho,<br />

combatendo segundo a sua eficácia, que opera em mim poderosamente.”<br />

(Cl 1.29). Paulo está defendendo o esforço<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 7


humano (“também trabalho”) que<br />

depende de Deus (“segundo a sua<br />

eficácia”).<br />

Juntamente com os princípios de<br />

dependência e de disciplina, Paulo<br />

defende seis práticas na vida cristã<br />

que ajudam a realizar o testemunho<br />

eficaz e contínuo a não crentes. Um<br />

pastor pode ensinar estes princípios<br />

à congregação de duas maneiras.<br />

Primeiro, pode ensinar os princípios<br />

e práticas juntos, como uma abordagem<br />

bíblica abrangente para o evangelismo<br />

pessoal. Segundo, cada<br />

princípio e prática precisa ser enfatizado<br />

sempre que possível em contextos<br />

diferentes. Apenas um ensino<br />

ou um sermão não ajudará adequadamente<br />

os crentes a fazerem<br />

dessas práticas uma parte de seu<br />

estilo de vida.<br />

Prática nº 1 — Ore por Portas Abertas<br />

“Orando... para que Deus nos abra a<br />

porta da palavra.” (Cl 4.3)<br />

Paulo começa suas instruções aos<br />

Colossenses exortando-os a orar.<br />

A oração é algo essencial no evangelismo.<br />

A menos que Deus trabalhe<br />

no coração e na vida das pessoas,<br />

nosso trabalho não produzirá resultados<br />

duradouros.<br />

No Livro de Atos, encontramos<br />

um exemplo expressivo do trabalhar<br />

de Deus com um de Seus mensageiros.<br />

Quando Paulo e seus companheiros<br />

foram à margem do rio fora<br />

de Filipos para orar no sábado, sentaram<br />

e começaram a falar com um<br />

grupo de mulheres. “E uma certa<br />

mulher chamada Lídia, vendedora de<br />

púrpura, da cidade de Tiatira, e que<br />

servia a Deus, nos ouvia, e o Senhor lhe<br />

abriu o coração para que estivesse<br />

atenta ao que Paulo dizia.” (At 16.14).<br />

Paulo pregou a mensagem.<br />

O Senhor abriu o coração de Lídia.<br />

8 enrichment | MARÇO 2010<br />

Nós temos o privilégio e a<br />

responsabilidade de compartilhar o<br />

Evangelho. Mas apenas Deus pode<br />

abrir o coração de uma pessoa.<br />

Dependemos de Deus para nos<br />

abrir oportunidades, para trazer entendimento<br />

às mentes dos ouvinte,<br />

e mover seu coração para a decisão.<br />

Os crentes precisam de ensino<br />

regular e repetido sobre oração e<br />

encorajamento para fazer com que a<br />

oração seja uma característica de<br />

suas vidas diárias.<br />

Prática nº 2 — Faça com que sua<br />

mensagem seja clara<br />

“Para que o manifeste, como convém<br />

falar.” (Cl 4.4).<br />

A mensagem de Paulo foi “o mistério<br />

de Deus” (Cl 2.2). O foco de<br />

nossa mensagem também deve ser<br />

Jesus (veja Cl 1.13-23,28; 2.9-15).<br />

Após a ascensão de Jesus, o apóstolo<br />

Pedro se tornou rapidamente<br />

uma das vozes mais proeminentes<br />

na Igreja do Novo Testamento.<br />

No poder do Espírito Santo, este<br />

pescador tão indouto se tornou um<br />

pregador convincente e eloquente<br />

do Evangelho.<br />

Pedro pregou seu sermão mais<br />

conhecido no Dia de Pentecostes.<br />

Lucas, porém, registra várias proclamações<br />

de Pedro sobre o Evangelho<br />

em Atos (3.12-26; 4.8-12; 5.29-32;<br />

10.34-43). Quando analisamos essas<br />

apresentações, encontramos Pedro<br />

destacando em cada sermão duas<br />

verdades básicas: quem Jesus é e por<br />

que Ele entregou Sua vida. Estar<br />

preparado para discutir estas duas<br />

verdades ajuda todo crente a falar<br />

sobre Cristo de forma eficaz com os<br />

não crentes.<br />

Quem foi Jesus?<br />

A avaliação da vida de Cristo pela<br />

mídia secular geralmente apresenta<br />

Jesus como um personagem fictício.<br />

Mesmo quando O mostra como uma<br />

pessoa histórica, a mídia O retrata<br />

como um grande mestre ou mesmo<br />

profeta — mas apenas um homem.<br />

Os crentes devem transmitir que<br />

Jesus foi mais que um mestre ou<br />

profeta; Ele era Deus em forma de<br />

homem. Foi concebido pelo Espírito<br />

Santo, nascido de uma virgem,<br />

viveu uma vida sem pecados, morreu<br />

por nossos pecados e venceu a<br />

morte ressuscitando para oferecer o<br />

perdão dos nossos pecados e o dom<br />

da vida eterna.<br />

Por Que Jesus Entregou Sua Vida?<br />

João Batista anunciou porque Jesus<br />

veio ao mundo quando disse, “Eis o<br />

Cordeiro de Deus, que tira o pecado do<br />

mundo”. (Jo 1.29, grifo nosso).<br />

Os pecados de toda a humanidade<br />

são a razão para a morte de Jesus.<br />

A existência da cruz estabelece dois<br />

fatos: todos somos pecadores e não<br />

há nada que possamos fazer.<br />

É significativo que Paulo, como<br />

Pedro, comunicassem as mesmas<br />

duas verdades em Tessalônica.<br />

Lucas resumiu os ensinamentos de<br />

Paulo nas sinagogas nos dias de<br />

sábado: “E Paulo, como tinha por<br />

costume, foi ter com eles e, por três<br />

sábados disputou com eles sobre as<br />

Escrituras, expondo e demonstrando<br />

que convinha que o Cristo padecesse e<br />

ressuscitasse dos mortos. E, este Jesus,<br />

que vos anuncio, dizia ele, é o Cristo”<br />

(At 17.2,3).<br />

A apresentação do Evangelho<br />

precisa incluir essas duas verdades<br />

sobre Jesus. Ambas são essenciais<br />

para a compreensão da graça que<br />

Deus manifestou através da morte<br />

de Jesus na cruz, Sua ressurreição e<br />

Sua consequente compra da


edenção de toda a humanidade.<br />

Prática nº 3 — Seja Prudente com<br />

“os que estão de fora”<br />

“Andai com sabedoria para com os que<br />

estão de fora.” (Cl 4.5).<br />

O termo “os que estão de fora” de<br />

Paulo dá uma descrição apropriada e<br />

prática de onde os não crentes estão<br />

em relação à Igreja. Por diversas razões,<br />

a maioria dos não crentes hoje<br />

estão mais fora do contexto cristão<br />

do que nunca. Não podemos afirmar<br />

que os não crentes estejam comprometidos<br />

com os valores cristãos ou<br />

mesmo que compreendam.<br />

A Igreja hoje enfrenta o desafio<br />

de comunicar o Evangelho interculturalmente,<br />

como os missionários<br />

em países estrangeiros fazem. Se os<br />

crentes têm passado boa parte da<br />

vida na Igreja, eles têm adquirido<br />

valores, percepções e vocabulário da<br />

Igreja. Cristãos e não cristãos podem<br />

ambos falar português, mas os<br />

cristãos geralmente usam termos<br />

não familiares ou com significado<br />

diferente na cultura secular.<br />

Ao usarmos jargões cristãos, criamos<br />

uma barreira de comunicação<br />

com os não crentes. Cristãos entendem<br />

palavras como salvo, evangelho e<br />

unção, porém são confusas para<br />

pessoas que não estão familiarizadas<br />

com elas. Os não crentes devem ser<br />

alcançados através do vocabulário<br />

deles — não do nosso.<br />

Parte da cultura da Igreja precisa<br />

ser equipar os cristãos para transmitirem<br />

sua fé numa linguagem que os<br />

não crentes possam entender e através<br />

de conceitos com os quais consigam<br />

se relacionar — como Jesus fez.<br />

Prática nº 4 — Aproveite as<br />

Oportunidades ao Máximo.<br />

“Aproveitai as oportunidades.” (Cl 4.5)<br />

As oportunidades têm um tempo<br />

certo. O ditado que diz que uma<br />

Compartilhar nossa experiência e<br />

nosso relacionamento pessoal com<br />

Jesus Cristo com sinceridade e<br />

convicção pode ser um argumento<br />

convincente para algumas pessoas.<br />

oportunidade não bate duas vezes à<br />

porta é verdadeiro. Uma oportunidade<br />

pode não aparecer uma segunda<br />

vez. Cada uma é única porque as<br />

pessoas e as circunstâncias são<br />

diferentes.<br />

Memorizar alguns versículos bíblicos<br />

ou fazer um curso de evangelização<br />

não prepara cristãos para responder<br />

tudo às pessoas. Pode ajudar,<br />

mas conhecer a verdade, que<br />

nos capacita a responder às pessoas<br />

em várias situações, requer um<br />

aprendizado contínuo no decorrer<br />

da vida. Significa que devemos crescer<br />

em um conhecimento pessoal de<br />

Jesus Cristo. Nós nunca nos graduamos<br />

nisso. Estamos todos em uma<br />

jornada espiritual. O que estamos<br />

aprendendo pessoalmente podemos<br />

compartilhar com um vigor renovado<br />

tal, que convença os descrentes.<br />

Alguns se sentem desconfortáveis<br />

para testemunhar porque não<br />

conseguem lembrar os versículos<br />

que acham que precisam saber.<br />

Mesmo que gravem, não se sentem<br />

seguros em sua habilidade de<br />

lembrar-se quando necessário. Mas<br />

todo crente, mesmo sem qualquer<br />

treinamento em evangelismo pes-<br />

soal, pode compartilhar seu testemunho<br />

pessoal e orar. Todo mundo<br />

tem um testemunho pessoal. Compartilhar<br />

nossa experiência e nosso<br />

relacionamento pessoal com Jesus<br />

Cristo com sinceridade e convicção<br />

pode ser um argumento convincente<br />

para algumas pessoas.<br />

Uma das maneiras mais oportunas<br />

de ministrar a descrentes é a<br />

oração. Quando incrédulos expressam<br />

seus problemas, peça o privilégio<br />

de orar com eles. Se cremos<br />

que Deus responde nossa oração,<br />

precisamos praticar a fé através da<br />

oração com e pelas pessoas e acreditar<br />

que Deus irá responder. Ouvir<br />

a oração de um crente pode causar<br />

um efeito significativo sobre os<br />

descrentes. Quando os crentes oram<br />

por uma necessidade, as pessoas<br />

podem sentir que eles são sinceros e<br />

que têm um relacionamento com<br />

Deus. Os corações podem ser<br />

abertos ao Evangelho quando Deus<br />

responde as orações.<br />

A liderança pastoral pode<br />

também desencadear oportunidades<br />

para os membros da igreja se conectarem<br />

com descrentes através de<br />

eventos de evangelismo.<br />

Prática nº 5 — Fale com Graça.<br />

“A vossa palavra seja sempre agradável,<br />

temperada com sal.” (Cl 4.6)<br />

Em 1 Pedro 3.15, o apóstolo faz<br />

um comentário similar ao de Paulo.<br />

Pedro diz aos crentes para estarem<br />

sempre preparados para dar uma<br />

resposta à sua esperança, mas com<br />

“mansidão e temor”. Não é somente<br />

o que falamos que importa, mas<br />

também como falamos. A maior<br />

parte da nossa comunicação interpessoal<br />

é não verbal. Se há uma<br />

contradição entre o que alguém diz e<br />

a maneira como ela diz, acreditare-<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 9


A ESCALA DE ENGEL<br />

A escala de Engel é um sistema<br />

numérico que mostra onde as<br />

pessoas estão em sua caminhada<br />

espiritual.<br />

-8 Ciência de um ser supremo,<br />

mas nenhum conhecimento do<br />

Evangelho.<br />

-7 Consciência inicial do Evangelho.<br />

-6 Ciência dos fundamentos do<br />

Evangelho.<br />

-5 Noção das implicações do<br />

Evangelho.<br />

-4 Atitude positiva em relação ao<br />

Evangelho.<br />

-3 Reconhecimento de problemas<br />

pessoais.<br />

-2 Decisão para agir<br />

-1 Arrependimento e fé em Cristo.<br />

0 Conversão<br />

+1 Avaliação pósdecisão<br />

+2 Integração ao corpo de Cristo<br />

+3 Uma vida de crescimento<br />

conceitual e comportamental<br />

em Cristo.<br />

As pessoas estão dispostas a<br />

mos sempre na mensagem não<br />

verbal. Uma pessoa pode ver uma<br />

apologia — feita com as mesmas<br />

palavras mas falada de diferentes<br />

formas — quer sincera, quer sarcástica.<br />

Entonação de voz e expressões<br />

faciais podem mostrar mensagens<br />

confusas que contradizem as palavras<br />

que dizemos.<br />

A maioria dos que se tenta alcançar<br />

nos EUA tem uma história<br />

negativa com a igreja; é defensiva<br />

ou mesmos hostil aos testemunhos<br />

cristãos. Outros com cicatrizes<br />

emocionais se tornaram insensíveis<br />

a questões espirituais. Um cristão<br />

com graça e credibilidade pessoal<br />

pode ajudar a neutralizar a confusão<br />

dos sinais que as pessoas receberam<br />

daqueles cuja vida tem se mostrado<br />

inconsistente em relação às suas<br />

mensagens. Assim como o sal tem-<br />

10 enrichment | MARÇO 2010<br />

pertencer antes mesmo de estarem<br />

dispostas a acreditar. Quando falar<br />

sobre o Evangelho, use uma linguagem<br />

básica. As pessoas não entendem<br />

palavras como arrependimento, santificação<br />

e redenção se nunca ouviram ou<br />

viram palavras como amor, bondade, e<br />

aceitação. Até mesmo a Palavra de<br />

Deus sugere que o amor de Deus<br />

conduz ao arrependimento. Essas palavras<br />

abrangentes conduzem a coisas<br />

mais profundas do Evangelho. Paulo<br />

reconhecia que bebês precisam de<br />

leite antes de precisarem de carne.<br />

pera a comida, o espírito de graça,<br />

brandura e respeito precisa temperar<br />

nossa conversa com não<br />

crentes. Não devemos transigir com<br />

a verdade, mas podemos comunicála<br />

com bondade.<br />

Crentes necessitam de um discipulado<br />

contínuo em formação<br />

espiritual para que os frutos do<br />

Espírito se tornem<br />

cada vez<br />

mais evidentes<br />

em suas vidas.<br />

O fator mais<br />

crítico em um evangelismo pessoal<br />

é a credibilidade do pregador.<br />

Prática nº 6 — Responda Individualmente.<br />

“Para que saibais como vos convém<br />

responder a cada um.” (Cl 4.6)<br />

Relevância é uma questão indi-<br />

Deus chama todo crente para<br />

ser testemunha, e cada crente<br />

pode ser com a ajuda dEle.<br />

Ele apresentava o Evangelho em<br />

diferentes níveis, de acordo com o<br />

público a quem estava ministrando.<br />

Nosso desejo é ver pessoas<br />

progredirem dos números<br />

negativos para os positivos e<br />

finalmente, para um crescimento<br />

saudável +3.<br />

Existe, geralmente, uma<br />

lacuna entre o mundo dos<br />

descrentes e o mundo dos<br />

crentes. O conhecimento<br />

social-arbitrário, ou conhecimento<br />

cultural-específico dos cristãos<br />

pode tão plenamente ser desenvolvido<br />

que eles acabem se alienando<br />

completamente dos não cristãos.<br />

Começam, inconscientemente, a<br />

utilizar jargões simplesmente aos<br />

quais se referem porque aprenderam a<br />

cultura da cristandade.<br />

Para termos um espírito missionário,<br />

precisamos aprender como reestruturar<br />

nossas vidas, ações e discurso,<br />

para que sejam relevantes àqueles que<br />

não desenvolveram a noção de cristandade.<br />

Devemos aprender, como disse<br />

Paulo, a nos fazermos de “tudo para<br />

vidual. Em nossos esforços para<br />

entender e agir sabiamente em relação<br />

aos “de fora”, não devemos<br />

jamais esquecer que cada um deles<br />

é único. Entender a mentalidade, os<br />

valores, as preocupações, os interesses<br />

e os desejos das pessoas em<br />

várias culturas e gerações é muito<br />

útil. Generalizações, porém, podem<br />

conduzir a<br />

equívocos<br />

porque cada<br />

pessoa é única.<br />

Termos como<br />

geração “X”, póscristãos, pósmodernos,<br />

etc. são perfis e estereótipos, não<br />

realidades pessoais.<br />

As pessoas não são estatísticas ou<br />

apenas almas que conquistamos<br />

para o Reino. Pessoas são indivíduos<br />

com personalidades distintas —<br />

criações únicas para as quais Deus


todos, para, por todos os meios, chegar a<br />

salvar alguns.” (1Co 9.22).<br />

Essa reestruturação estende-se até<br />

mesmo ao nosso discurso. Paulo, em<br />

seu sermão no Areópago, usa ícones<br />

culturais da época (deuses e ídolos, e<br />

os poetas da época) para apresentar o<br />

seu caso. Refere-se à estátua do deus<br />

desconhecido e aos seus poetas que<br />

disseram, “Nós...somos sua geração.”<br />

(At 17.22-31), para falar em um nível<br />

que fosse relevante e significante para<br />

aqueles a quem estava tentando<br />

alcançar.<br />

O livro The Shaping of Things to<br />

Come, de Michael Frost e Alan Hirsh,<br />

apresenta um gráfico para explicar<br />

como os não crentes devem superar a<br />

lacuna cultural da sua ignorância sobre<br />

Deus, antes de conseguirem atravessar<br />

a lacuna do discipulado que todos<br />

os crentes enfim devem atravessar.<br />

Se as pessoas passam por estágios,<br />

como Engel sugere, devemos<br />

examinar como e quando apresentamos<br />

as sugestões verbais e não verbais<br />

do Reino de Deus. Até mesmo Jesus<br />

insistiu em conversar com as crianças,<br />

tem um plano e um propósito pessoal.<br />

Nós construímos o Reino de<br />

Deus com uma pessoa de cada vez.<br />

Jesus é o melhor exemplo nos<br />

ensinamentos de Paulo sobre como<br />

responder às pessoas.<br />

O ensino de Jesus era claro para<br />

os Seus ouvintes. Ele usava vocabulário<br />

e figuras de linguagem<br />

tirados da vida diária de Seu público.<br />

Identificou-Se e conectou-Se<br />

com Seus ouvintes através de uma<br />

linguagem que conseguiam entender,<br />

e conceitos com os quais<br />

tinham como se relacionar.<br />

Devemos lembrar que o versículo<br />

mais citado na Bíblia, João 3.16,<br />

não era parte de um dos sermões de<br />

Jesus. Essas palavras foram proferidas<br />

por Jesus em uma conversa<br />

informal com Nicodemos numa<br />

noite quando respondia às<br />

mesmo com os discípulos tentando<br />

despachá-las. Ele ensinou Seus<br />

discípulos, tanto de forma verbal<br />

como não verbal, que o coração de<br />

uma pessoa deve ser como o de uma<br />

criança para entrar no Reino dos Céus.<br />

Quando falou com a mulher adúltera<br />

no poço (Jo 4.5-29), Jesus não<br />

começou a conversa pelo pecado dela<br />

e pela necessidade de arrependimento.<br />

Ao contrário, Ele se dirigiu a ela<br />

em um nível físico quando disse, “Dême<br />

de beber”. Dirigiu-Se ao seu estilo<br />

de vida, mencionando o fato de que<br />

“tinha muitos maridos”. Dirigiu-Se à<br />

necessidade dela de encontrar<br />

satisfação — beber de tudo o que é<br />

bom. Ele então ofereceu-lhe água<br />

viva. A oferta de Jesus não foi um<br />

clichê cristão do momento; foi uma<br />

oferta para satisfazer sua necessidade<br />

atual.<br />

Como cristãos, devemos considerar<br />

nossas palavras, que podem, às vezes,<br />

advir de uma necessidade em nossa<br />

vida, mas as pessoas que encontramos<br />

podem não ter as mesmas<br />

necessidades. Elas podem não<br />

perguntas desse fariseu.<br />

Mesmo que ensinasse a multidões,<br />

Jesus se concentrava em indivíduos<br />

e respondia a eles. Pessoas<br />

perdidas merecem o mesmo que<br />

aqueles que vieram ao encontro de<br />

Jesus receberam — uma resposta<br />

pessoal.<br />

Deus chama todo crente para ser<br />

testemunha, e cada crente pode ser<br />

com a ajuda dEle. Membros da<br />

igreja podem ficar seguros de que<br />

Deus os usará como testemunhas<br />

eficazes à medida que cooperarem<br />

na obra que o Espírito Santo estiver<br />

fazendo na vida de um descrente.<br />

Estes cinco versículos de Colossenses<br />

oferecem um ensinamento bíblico,<br />

prático e abrangente em relação<br />

a evangelismo pessoal. Os princípios<br />

de dependência (vv. 2-4) e de disciplina<br />

(vv. 5,6) referem-se a toda a<br />

necessitar de uma igreja no<br />

momento, mas podem precisar de<br />

alguém que demonstre o amor de<br />

Deus através de palavras generosas<br />

e sugestões não verbais, como ação<br />

e serviço. A forma como demonstramos<br />

interesse e estruturamos<br />

palavras determinam se<br />

pareceremos repugnantes em<br />

nosso orgulho, abstratos em nossas<br />

conversas na igreja ou amáveis e<br />

gentis em nossa preocupação<br />

genuína pelas necessidades do<br />

nosso próximo.<br />

É hora de os crentes<br />

redescobrirem a linguagem<br />

esquecida de sua juventude<br />

espiritual.<br />

Devemos falar aos descrentes<br />

onde vivem, onde trabalham e<br />

onde quer que estejam na escala<br />

de Engel.<br />

L. ALTON GARRISON,<br />

Springfield, Missouri (EUA)<br />

vida cristã. As práticas precisam ser<br />

reforçadas continuamente em todos<br />

os aspectos da vida da igreja.<br />

A verdade da Palavra de Deus<br />

em relação à natureza do evangelismo<br />

pode libertar as pessoas de<br />

qualquer coisa que as amarre, assim<br />

como pode ajudá-las a encontrar o<br />

propósito que Deus quer que se<br />

cumpra através delas.<br />

Se a liderança pastoral ajudar<br />

pessoas a entenderem as verdades<br />

poderosas que Paulo ensina, os<br />

crentes conseguirão desenvolver um<br />

estilo de vida de evangelismo<br />

pessoal eficaz.<br />

RANDY HURST,<br />

Springfield, Missouri (EUA)<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 11


12 enrichment | MARÇO 2010


Se permitirmos que nossos fracassos nos definam, eles<br />

conseguirão nos arruinar. Mas se o fracasso for administrado<br />

de maneira apropriada, sairemos dele vitoriosos.<br />

APRENDENDO<br />

COM OS ERROS<br />

Por Mark Batterson<br />

P<br />

or mais de uma década<br />

tenho servido como pastor da<br />

Igreja National Community em<br />

Washington, DC (EUA). Eu amo<br />

morar em Capitol Hill. Sou grato<br />

a Deus por ter pastoreado uma igreja na vida. Mas<br />

também já passei pela minha quota de desafios,<br />

decepções e fracassos.<br />

Após me formar pelo Central Bible College, em<br />

Springfield, Missouri, entrei na Trinity Evangelical<br />

Divinity School, em Deerfield, Illinois. Meu sonho<br />

era o de plantar uma igreja na área de Chicago, IL.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 13


Minha esposa e eu crescemos em Naperville, um<br />

subúrbio na região oeste de Chicago. Amo o estilo de<br />

pizzas de Chicago. E Michael Jordan ainda estava<br />

jogando pelo Chicago Bulls. Por que<br />

iríamos querer estar em qualquer<br />

outro lugar? Então criamos um grupo<br />

principal, abrimos uma conta no<br />

banco, e escolhemos um nome de<br />

igreja. Eu fiz até um planejamento<br />

para 25 anos. Mas nosso grupo<br />

implodiu antes mesmo que pudéssemos<br />

realizar nosso primeiro culto.<br />

Ainda tenho questões sem respostas<br />

sobre aquela primeira igreja.<br />

Será que fomos chamados para<br />

plantar essa igreja? Ou foi Deus<br />

quem planejou nosso fracasso?<br />

Estávamos fora de tempo? Ou foi<br />

minha inaptidão e inexperiência que<br />

me fizeram fracassar? Eu saí dessa<br />

experiência com uma forte convicção:<br />

às vezes, nossos planos têm<br />

que fracassar para que os de Deus<br />

tenham sucesso.<br />

Essa tentativa frustrada de plantar<br />

uma igreja se classifica como uma<br />

das fases mais constrangedoras e<br />

desiludidas da minha vida. Eu não<br />

fazia ideia de para onde ir ou o que<br />

fazer. Estava emocional e espiritualmente<br />

abalado.<br />

Se permitirmos que nossos fracassos<br />

nos definam, eles conseguirão<br />

nos arruinar. Mas se o fracasso for<br />

administrado de maneira apropriada,<br />

sairemos dele vitoriosos. Nós não estamos propensos<br />

a admitir ou a levar o crédito por um sucesso tardio.<br />

Descobrimos que, mesmo quando caímos de cara no<br />

chão, Deus está lá para nos levantar. O fracasso tem<br />

um jeito de abrir novas opções.<br />

Quando o sonho de plantar uma igreja em Chicago<br />

desvaneceu, estava disposto a ir a qualquer lugar.<br />

Então, depois de vários meses orando e buscando a<br />

Deus, encontrei uma porta aberta em Washington.<br />

Nós não tínhamos um lugar para morar ou um salário<br />

garantido; mas, pela fé, arrumamos nossas coisas e nos<br />

mudamos.<br />

“EM BREVE, EM UM CINEMA PERTO DE VOCÊ”<br />

No primeiro final de semana de Janeiro de 1996, uma<br />

14 14 enrichment | MARÇO | MARÇO 2010<br />

Se suas<br />

perspectivas<br />

são de<br />

curto<br />

prazo,<br />

você viverá<br />

em um<br />

desencorajamento<br />

perpétuo.<br />

nevasca varreu a costa leste, deixando um recorde de<br />

nevasca nos EUA. Este foi meu primeiro fim de semana<br />

como pastor da Igreja National Community. Apenas<br />

3 pessoas apareceram no culto —<br />

minha esposa, meu filho e eu.<br />

A parte boa foi que tivemos a experiência<br />

de vermos um crescimento<br />

de 533% em uma semana, quando<br />

19 pessoas apareceram no domingo<br />

seguinte.<br />

Nós colocamos por terra vários<br />

axiomas de como se plantar uma<br />

igreja. Contaram-me que se você<br />

não alcançar 100 pessoas em seu<br />

primeiro ano, ou 200 em seu segundo<br />

ano, você nunca conseguiria quebrar<br />

aquelas barreiras.<br />

A média de frequência em<br />

nosso primeiro ano foi de<br />

aproximadamente 35 pessoas.<br />

Geralmente começávamos os<br />

cultos com seis ou oito pessoas na<br />

assistência. Eu fechava meus olhos<br />

durante o louvor porque era<br />

deprimente abri-los. Mas nunca<br />

perdi minha esperança. Sabia que<br />

Deus tinha nos chamado. E sabia<br />

que alguma coisa boa aconteceria. Só<br />

não sabia que a coisa boa seria algo<br />

que eu julgaria ser ruim.<br />

No outono de 1996, a escola<br />

pública em Washington onde estávamos<br />

nos reunindo foi fechada por<br />

causa de violação do código de<br />

incêndio. A Igreja National<br />

Community poderia facilmente ter se tornado uma<br />

casualidade. Começamos a explorar as opções de<br />

espaço para as reuniões. Todas as portas se fecharam<br />

exceto uma: a do cinema da Union Station.<br />

Fazendo uma retrospectiva, é difícil imaginar um<br />

ponto espiritual mais estratégico que a Union Station.<br />

Vinte e cinco milhões de pessoas passam pela Union<br />

Station todo ano, fazendo-a o destino mais visitado de<br />

Washington. Temos nove salas, 40 restaurantes e um<br />

estacionamento coberto. Nós também temos nosso<br />

“próprio” sistema de metrô, com estação em frente à<br />

nossa porta. Se Deus não tivesse fechado a porta da<br />

escola pública de Washington, não teríamos procurado<br />

por uma porta aberta no cinema.<br />

Devo mencionar um comentário histórico. No dia


que assinei o contrato de aluguel do cinema na<br />

Union Station, peguei um livro, Union Station:<br />

A History of Washington’s Grand Terminal. Eu queria<br />

conhecer a história por trás da Union Station.<br />

Em 28/02/1903, o presidente norte-americano<br />

Theodore Roosevelt assinara o projeto de Lei do<br />

Congresso, permitindo a criação da Union Station.<br />

Implantação de igrejas:<br />

Estudo VINEYARD sobre Fracassos e Sucessos<br />

Todd Hunter conduziu um significativo<br />

estudo enquanto diretor denominacional<br />

de implantação de igrejas.<br />

Embora datadas, diversas descobertas<br />

apresentadas em seu estudo<br />

para Association of Vineyard Churches<br />

— Church Pathology Report, de<br />

Dezembro de 1986, ainda são totalmente<br />

relevantes.<br />

Hunter dividiu seu relatório em<br />

duas categorias principais: “Relatórios<br />

de Autópsia” de igrejas fracassadas<br />

e “Igrejas Bem Sucedidas”. As<br />

questões-chaves mencionadas, que<br />

contribuem grandemente para o<br />

fracasso incluem:<br />

A inabilidade do plantador de<br />

igrejas de recrutar, mobilizar e fomentar<br />

trabalhadores e líderes;<br />

A inabilidade do plantador de<br />

igrejas de planejar eficazmente;<br />

A ineficácia do plantador de<br />

igrejas de recrutar pessoas e;<br />

A ineficácia do plantador de<br />

igrejas em sua metodologia de evangelismo.<br />

Hunter concluiu que os obreiros<br />

que implantam novas igrejas poderiam<br />

corrigir essas questões com treinamento<br />

e a experiência do crescimento<br />

da igreja.<br />

Hunter prosseguiu para descobrir<br />

que a disposição desses obreiros faz<br />

uma diferença crucial.<br />

Os pastores que lutam muito em<br />

sua maioria são mais pastorais do que<br />

carregadores de peso e faltam-lhes<br />

habilidades fortes de liderança.<br />

Os obreiros que plantam novas<br />

igrejas e não são bem sucedidos ficam<br />

simplesmente predispostos a<br />

uma abordagem mais passiva para<br />

ministério, que concentra-se em<br />

fomentar aqueles que naturalmente<br />

vêm de encontro a eles, em vez de<br />

buscar agressivamente adentrar a<br />

comunidade e reunir aqueles que<br />

poderiam ser líderes para o Reino.<br />

Eles preferem nutrir os relacionamentos<br />

já existentes ao invés de<br />

recrutar, evangelizar, planejar ou<br />

examinar sua comunidade.<br />

FATORES DE SUCESSO<br />

Por outro lado, de acordo com a<br />

pesquisa Vineyard, as igrejas que<br />

prosperam são dirigidas por pastores<br />

que trabalham arduamente, que<br />

possuem bem elaborados planejamentos,<br />

que focam-se em recrutar<br />

pessoas novas e que conseguem se<br />

mexer de forma criativa para resolver<br />

problemas. Estes pastores se envolvem<br />

agressivamente com ações<br />

sociais e o otimismo e a fé servem<br />

como combustível para sua paixão.<br />

O projeto declarava: “Um Ato do Congresso para criar<br />

uma Union Station e para outros propósitos”.<br />

O presidente Roosevelt pode ter pensado que estava<br />

construindo uma estação de trem, mas Deus sabia que<br />

anos depois a Union Station serviria Seus propósitos<br />

através do ministério desta igreja — Igreja National<br />

Community.<br />

Além disso, esses plantadores de<br />

igrejas possuem boas habilidades<br />

sociais e assumem responsabilidade<br />

pelo crescimento da igreja enquanto<br />

consolidam o valor da igreja para as<br />

pessoas.<br />

Finalmente, Hunter também<br />

descobriu vários fatores de sucesso<br />

relacionados à nova congregação. As<br />

perspectivas de sobrevivência de uma<br />

igreja nova diminuem se em seu<br />

estágio inicial ela atrair muitos cristãos<br />

feridos ou aqueles apenas nominais<br />

que não estão dispostos ou não são<br />

capazes de crescer (i.e., saltadores de<br />

igrejas, líderes queimados, os feridos<br />

crônicos, etc.). Da mesma forma, se os<br />

primeiros membros não estiverem dispostos<br />

a buscar e a receber ativamente<br />

aqueles que são diferentes deles<br />

mesmos, isto pode também reduzir a<br />

saúde e a capacidade de sobrevivência<br />

da igreja.<br />

Estrangulação sociológica e os<br />

problemas ocultos ferem tanto as<br />

igrejas novas quanto as igrejas estabelecidas.<br />

— ED STETZER<br />

Extraído de “Improving the health and<br />

Survability of New Churches”.<br />

Leadership Network. Usado com<br />

permissão.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 15<br />

15


NO MEIO DO MERCADO<br />

Entrei no negócio de plantar uma igreja<br />

com uma mentalidade tradicional:<br />

reunir-se em prédios alugados até se<br />

conseguir comprar ou construir um templo.<br />

No entanto, eu experimentei uma<br />

mudança de paradigma. Sabia que iria<br />

demorar até que começássemos até<br />

mesmo a pensar em comprar ou construir<br />

um prédio. As propriedades custavam<br />

US$ 10 milhões o acre. Então veio-<br />

-me este pensamento: por que construir<br />

uma igreja quando temos um auditório<br />

todo adaptado, com telões, assentos<br />

confortáveis e sistema de som surround?<br />

Além disso, quantas igrejas têm praça de<br />

alimentação, estacionamento coberto e metrô?<br />

Estabelecer uma igreja no mercado se tornou parte do<br />

nosso DNA espiritual.<br />

Eu estava caminhando da Union Station para casa<br />

quando tive uma visão na esquina das ruas Fifth com a<br />

F. Nenhum coral de anjos. Nenhum grafite na calçada.<br />

Mas pude ver um mapa do metrô em minha mente. Eu<br />

enxerguei a Igreja NC se reunindo em salas do cinema<br />

nas estações do metrô em toda a área de Washington.<br />

Finalmente, conseguimos nosso segundo cinema<br />

em Ballston Commom Mall, em Arlington, Virgínia.<br />

Desde então, conseguimos também mais dois lugares:<br />

um em Georgetown (Washington, DC) e outro em<br />

Alexandria, Virgínia.<br />

Juntamente com nossos quatro cinemas, a igreja NC<br />

também possui e opera a maior cafeteria de Capitol<br />

Hill. Em 2008, Ebenezers foi considerada a cafeteria<br />

número 1 do metrô de Washington pela AOL<br />

CityGuide.<br />

A paixão era simples: criar um lugar onde a igreja e a<br />

comunidade cruzassem seus caminhos. Jesus não<br />

aparecia apenas nas sinagogas; Ele aparecia também<br />

perto dos poços. Poço não é somente um lugar para se<br />

tirar água. Na cultura antiga, os poços eram lugares<br />

onde as pessoas se reuniam. Cafeterias são os poços<br />

pósmodernos.<br />

Não apenas interagimos com centenas de clientes<br />

diariamente; também fazemos dois cultos no sábado à<br />

noite em nosso auditório. Todo o lucro da cafeteria é<br />

investido em missões.<br />

CINCO LIÇÕES<br />

Aqui estão as lições que aprendi durante a jornada de<br />

plantar igrejas.<br />

16 16 enrichment | MARÇO | MARÇO 2010<br />

Lição nº 1: Abra os horizontes<br />

Se suas perspectivas são de curto prazo,<br />

você viverá em um desencorajamento<br />

perpétuo. Quando estou desencorajado,<br />

geralmente é porque superdimensionei<br />

algumas coisas que me frustraram.<br />

Preciso subdimensioná-las e lembrar<br />

do quadro grande. Preciso lembrar que,<br />

há mais de 2000 anos, Jesus morreu<br />

numa cruz por meus pecados. Preciso<br />

também me lembrar do futuro eterno<br />

que tenho. Isso ajuda a recalibrar-me<br />

espiritualmente. Por que estou fazendo o<br />

que estou fazendo? Preciso reconectar<br />

com meu primeiro chamado que Deus<br />

fez para a minha vida. Preciso me lembrar<br />

que estou nisso para um grande projeto.<br />

Crescimento leva tempo. Deus não abençoará você<br />

mais do que possa lidar com isso. Deus está mais preocupado<br />

com o que você está se tornando do que com o<br />

que você está fazendo. Quanto mais você precisa esperar,<br />

mais você aprecia. Nossa cafeteria, por exemplo,<br />

é o resultado de oito anos de oração, rezoneamento e<br />

construção.<br />

Crescimento de igreja não é a questão. A questão é o<br />

crescimento pessoal. Se você tiver o crescimento<br />

pessoal, a igreja crescerá em escala corporativa.<br />

Aqui está uma ironia do crescimento da igreja. Nas<br />

semanas que estou “a todo vapor” e penso que todo<br />

visitante se tornará um membro na semana seguinte,<br />

ninguém volta. Então na semana seguinte prego uma<br />

mensagem que bomba. Sinto-me como se estivesse<br />

mandando um e-mail com queixa para mim mesmo.<br />

Então as pessoas se convertem e todos os visitantes<br />

voltam.<br />

Parte do<br />

desafio da<br />

liderança é<br />

descobrir<br />

quem<br />

você é.<br />

Lição nº 2: Não tenha medo de cometer erros<br />

Todo obreiro que planta uma igreja luta com medo de<br />

fracassar. O remédio não é o sucesso. O remédio é<br />

fracassar em pequenas doses, quase como injeções de<br />

alergia, para que consiga imunidade.<br />

O fracasso tem um efeito de libertação. Você percebe<br />

que Deus está lá para pegar e limpar você. Isso mantém<br />

você humilde.<br />

Nós temos um valor central na Igreja NC: tudo é um<br />

experimento. Se o Reino de Deus tivesse departamentos,<br />

poderíamos trabalhar em pesquisa e desenvolvimento.<br />

Sou guiado por uma convicção elementar:<br />

existem maneiras de se plantar uma igreja que ninguém<br />

pensou ainda. Isso, no entanto, significa que preciso


cometer alguns erros. Preciso chegar ao ponto onde fico<br />

com mais medo de perder oportunidades do que de<br />

errar.<br />

Não tenho problemas em ver a minha equipe<br />

cometendo um erro. Só não quero que cometam os<br />

mesmos erros várias vezes. Cometer erros significa que<br />

você está tentando coisas novas. E este é o caminho<br />

para se crescer como líder.<br />

Lição nº 3: Desista de fazer comparação<br />

Sou competitivo, não gosto de perder nem um jogo de<br />

damas para meus filhos. Mas, pedi a Deus para<br />

santificar meu ímpeto competitivo e usá-lo para Seus<br />

propósitos. Com muita frequência, nós nos comparamos<br />

com outros pastores e olhamos para outras igreja como<br />

concorrentes.<br />

Líderes sãos têm uma mentalidade vol-tada para o<br />

Reino. Não preciso ser todas as coisas para todas as<br />

pessoas porque eu não sou a única igreja na cidade. Precisamos<br />

de diferentes tipos de igrejas porque existem<br />

diferentes tipos de pessoas. Celebremos nossas diferenças<br />

enquanto pregamos o Evangelho.<br />

Você pode se comparar a alguém que não tenha os<br />

mesmos dons que você, e isso resultará em orgulho.<br />

Ou pode se comparar a alguém que possua mais dons<br />

que você, e isso resultará em ciúme. De qualquer jeito,<br />

você perde.<br />

Parte do desafio da liderança é descobrir quem você<br />

é. A outra parte é descobrir quem você não é. Então se<br />

cerque de pessoas que compensem suas fraquezas. Já<br />

no início do ministério, seu nível de dotações irá determinar<br />

sua influência. Mas, com o tempo, suas dotações<br />

terão menos a ver com sua influência final. Sua influência<br />

será determinada pelas dotações das pessoas com as<br />

quais você se cerca. É por isso que o desenvolvimento<br />

de liderança e a contratação de pessoal são capacidades<br />

de missão tão críticas.<br />

Se você não tem uma visão claramente definida, tentará<br />

ser tudo para todos. Vários pastores são verdadeiros<br />

contorcionistas. Tentamos atender todos os caprichos e<br />

desejos de todos que batem à nossa porta.<br />

Anos atrás, memorizei algo que Abraham Lincoln<br />

disse e isto se tornou um mantra da liderança: “Você<br />

consegue agradar todas as pessoas por algum tempo,<br />

algumas pessoas todo o tempo, mas não consegue<br />

agradar todas as pessoas todo o tempo”.<br />

Lição nº 4: Continue aprendendo<br />

Um seminarista me perguntou: “Qual é a chave do<br />

sucesso no ministério?”<br />

Eu disse: “Continue aprendendo”.<br />

Líderes são aprendizes. Parte do que os guia é uma<br />

curiosidade santa. E eles são suficientemente humildes<br />

para admitir sua falta de conhecimento.<br />

Um dos meus medos é o de me tornar um sistema<br />

fechado. Você deixa de fazer o ministério a partir de<br />

sua imaginação e começa a fazê-lo a partir de sua memória.<br />

Você deixa de criar o futuro e começa a repetir<br />

o passado. Você deixa de liderar e passa a administrar.<br />

Duas coisas têm me ajudado a continuar a ser um<br />

sistema aberto. Primeiro, os livros mantêm minhas<br />

sinapses queimando de maneiras novas. Tento também<br />

fazer o máximo de reconhecimento possível. Vou<br />

a conferências e visito outras igrejas para obter novas<br />

ideias. Isso me ajuda a manter minha perspectiva<br />

saudável na Igreja National Community.<br />

Lição nº 5: Aproveite a jornada<br />

Quando fui entrevistado para obter credencial, um<br />

pastor do comitê perguntou: “Se você tivesse que<br />

descrever você mesmo com uma palavra, qual seria?”<br />

Eu disse: “guiado”. Pensei que fosse então uma<br />

ótima resposta. Agora não tenho tanta certeza.<br />

Meu objetivo como obreiro que planta igrejas era<br />

pastorear mil pessoas antes de fazer 30 anos. Não há<br />

nada errado em estabelecer objetivos enormes desde<br />

que o motivo esteja correto. A dimensão dos nossos<br />

sonhos é um ótimo barômetro de maturidade espiritual.<br />

O problema, porém, com este objetivo em particular<br />

é: eu estava preocupado mais com números do que<br />

com pessoas. Nós plantamos e regamos; Deus dá o<br />

crescimento (1Co 3.7).<br />

Eu estou tão voltado para o futuro que normalmente<br />

deixo de apreciar a jornada. Mas o Senhor<br />

estampou em mim: seja o melhor pastor que você<br />

puder aqui e agora. É como ser pai. Você precisa aproveitar<br />

cada idade e cada fase. Ministrar é difícil. Mas<br />

que possamos jamais nos esquecer do privilégio<br />

maravilhoso de fazer parte do plano de redenção de<br />

Deus para o planeta Terra.<br />

Esteja certo de que os sacrifícios que fazemos<br />

renderão dividendos eternos.<br />

MARK BATTERSON é o pastor presidente<br />

da Igreja National Community, em<br />

Washington, DC (EUA).<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 17<br />

17


Transformando Decisões<br />

18 enrichment | MARÇO 2010<br />

em Acréscimos e


Acréscimos em Discipuladores<br />

(Cuidados para com o Novo Convertido)<br />

Para onde foram todas os crianças espirituais? Uma<br />

tendência alarmante e perturbadora está ocorrendo<br />

nas Assembleias de Deus dos EUA. Quando<br />

mais de 75% de todas as decisões por Cristo nas igrejas<br />

assembleianas escapam pela porta dos fundos, algo está<br />

desesperadamente errado e requer uma resposta para<br />

esta pergunta: “Por que tão poucas decisões por Cristo<br />

resultam em adição à igreja?”<br />

Numa tentativa de responder a esta pergunta, devemos<br />

considerar primeiramente o exemplo do apóstolo<br />

Paulo aos crentes de Tessalônica: “antes, fomos brandos<br />

entre vós, como a ama que cria seu filho.” (1Ts 2.7, grifo<br />

nosso). Paulo sabia que esses recém-nascidos em<br />

Cristo viveriam e cresceriam através de relacionamentos<br />

carinhosos, ou morreriam se deixados<br />

sozinhos. O relacionamento de Paulo com eles<br />

continuou, podendo assim exortá-los, encorajá-los<br />

e implorar que “a cada um de vós...como o pai a seus<br />

filhos.” (1Ts 2.11). O resultado foi a sobrevivência espiritual<br />

e sua transformação em poderosas testemunhas.<br />

Como um pai orgulhoso, Paulo notou que “em todos os<br />

lugares a vossa fé para com Deus se espalhou.” (1Ts 1.8).<br />

O discipulado para novos crentes é indispensável<br />

se pastores querem desacelerar a alarmante taxa de<br />

morte espiritual na igreja.<br />

Tem sua igreja um ministério de discipulado bem<br />

desenvolvido que garanta a taxa de sobrevivência de<br />

seus novos convertidos e que os ajude a se tornarem<br />

membros que cresçam e sejam prósperos?<br />

Este artigo apresenta passos práticos para se estabelecer<br />

um ministério eficaz de discipulado para<br />

novos convertidos numa igreja de qualquer tamanho,<br />

que irá transformar decisões em acréscimos e acréscimos<br />

em discipuladores. Essas dinâmicas são atemporais<br />

e eficazes.<br />

Por Jim Hall<br />

Valores do Discipulado<br />

Deus se alegra quando um perdido é encontrado e nos<br />

chama para nos alegrarmos com Ele (Lc 15. 6-10).<br />

O pai do filho pródigo argumentou com seu filho<br />

mais velho que ele também precisava celebrar porque<br />

“o seu irmão” voltara para casa (Lc 15.32). Os recémnascidos<br />

espirituais são claramente nossos irmãos e cada<br />

um deve ser bem vindo porque os novos crentes têm o<br />

mesmo valor que nós para o Pai Celestial.<br />

No Novo Testamento, o valor de cada criança em<br />

Cristo reflete-se nas referências apostólicas ao cuidado<br />

individualizado. Paulo falou aos Tessalonicenses que<br />

O discipulado para novos crentes é<br />

indispensável se pastores querem desacelerar<br />

a alarmante taxa de morte espiritual na igreja.<br />

ele guiara “cada um de vós” como um pai (1Ts 2.11, grifo<br />

nosso). Ele lembrou aos Efésios: “vigiai, lembrando-vos<br />

de que, durante três anos, não cessei, noite e dia, de<br />

admoestar, com lágrimas, a cada um de vós.” (At 20.31,<br />

grifo nosso). Jesus discipulou Pedro individualmente<br />

desde o início de Seu ministério público. O primeiro<br />

objetivo para o acompanhamento de novos convertidos<br />

é o de prover um cuidado individual, colocando-os em<br />

contato com outros cristãos maduros ou discipuladores<br />

treinados.<br />

Amizade no discipulado<br />

O ingrediente amizade no discipulado pode preceder a<br />

conversão ou ser desenvolvida através de um discipulador<br />

que seja designado para um novo convertido após<br />

sua entrega a Cristo. Os discipuladores precisam ser do<br />

mesmo sexo que o novo convertido. Também, leve em<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 19


Identidade e comunidade são questões primordiais para a igreja hodierna.<br />

consideração a idade, personalidade,<br />

profissão, trabalho, horários, onde as<br />

pessoas vivem e a direção do<br />

Espírito. A dificuldade inicial de um<br />

relacionamento entre o novo<br />

convertido e o discipulador é<br />

normalmente superada com um<br />

pouco de persistência. Em raras<br />

ocasiões, pode haver a necessidade<br />

de um novo discipulador.<br />

Fidelidade ao discipulado<br />

É importante que um novo cristão<br />

seja contatado pela igreja, e/ou pelo<br />

pretenso discipulador, logo após ter<br />

se convertido, para agendar um<br />

horário (de 1 a 1 hora e meia) para<br />

um discipulado informal.<br />

Escolha um lugar confortável<br />

para se reunir que seja conveniente<br />

para o novo convertido — a casa<br />

dele, ou qualquer outro lugar que<br />

ele escolha.<br />

Reunir-se na casa do novo<br />

convertido permite ao discipulador<br />

encontrar outros membros da<br />

família e amigos e dar apoio ao<br />

testemunho do novo convertido.<br />

Também oferece um contexto<br />

importante para o discipulador<br />

observar e entender o ambiente de<br />

onde provém o novo convertido.<br />

O discipulado precisa ser realizado<br />

semanalmente. A fidelidade do<br />

discipulador cria uma experiência<br />

consistente que é importante para a<br />

vida espiritual do novo crente.<br />

A igreja precisa desenvolver um<br />

sistema de prestação de contas para<br />

que o discipulador apresente a<br />

consistência e a qualidade de cada<br />

reunião de discipulado.<br />

A Formação do Discipulado<br />

As reuniões de discipulado precisam<br />

concentrar-se em ajudar os novos<br />

convertidos a interagirem com as<br />

Escrituras para aprenderem como<br />

20 enrichment | MARÇO 2010<br />

ter um relacionamento diário com<br />

Jesus. Lições com cadernos de exercícios<br />

que levem o novo convertido<br />

diretamente à Palavra para verem<br />

por si mesmos o que Deus está<br />

dizendo são os melhores.<br />

A comunicação com Deus é<br />

aprendida através do ouvir Sua<br />

Palavra escrita, da resposta de<br />

oração e também do ouvir Deus<br />

falar através de Seu Espírito<br />

enquanto se ora.<br />

A cooperação momento a<br />

momento com Deus é o objetivo<br />

para cada novo convertido.<br />

O discipulador, assim como as lições<br />

utilizadas, precisa enfatizar que o<br />

conteúdo da Bíblia é aprendido por<br />

causa da conduta bíblica.<br />

O relacionamento do discipulado<br />

precisa propiciar uma prestação de<br />

contas de apoio para aplicar o que<br />

Deus está dizendo ao novo convertido<br />

a respeito de como Ele quer que<br />

viva. A celebração pelo avanço deve<br />

ser frequente e sincera (At 11.23).<br />

O Processo do Discipulado<br />

Primeiro Encontro<br />

Após estar familiarizado, o discipulador<br />

precisa perguntar se pode orar<br />

para que Deus os ajudem enquanto<br />

estudam Sua Palavra juntos. A oração<br />

deve ser simples, curta e em<br />

uma linguagem do dia-a-dia. Isso dá<br />

exemplo ao novo convertido de que<br />

a oração é uma conversa natural com<br />

Deus. No final da lição, o novo<br />

convertido precisa ser encorajado a<br />

conversar com Deus de maneira<br />

similar. Suas orações sinceras e não<br />

polidas devem ser estimuladas pelo<br />

discipulador (por exemplo: “Foi<br />

uma ótima oração. Sei que Deus<br />

gostou muito de ter ouvido você<br />

falando assim com Ele.”)<br />

Segundo: use lições de discipulado<br />

escritas para pessoas, que nun-<br />

ca frequentaram uma igreja, possam<br />

entender. Essas lições devem levar<br />

o novo convertido a passagens<br />

simples na Palavra que mostrem<br />

como Deus quer ter comunicação e<br />

cooperação com os crentes.<br />

O conteúdo da série de lições<br />

deve incluir:<br />

1. uma revisão do compromisso de<br />

seguir a Jesus;<br />

2. sua presença constante para guiar<br />

e dar assistência à obediência;<br />

3. o primeiro e segundo mandamentos;<br />

4. batismos em águas e no Espírito<br />

Santo;<br />

5. comunhão;<br />

6. princípios de administração do trabalho<br />

e do dinheiro;<br />

7. como testemunhar e discipular<br />

outros.<br />

Terceiro: atravesse a primeira lição<br />

com o novo convertido, utilizando<br />

uma linguagem simples, sobre<br />

como fazê-la, como localizar as referências<br />

bíblicas, como entender a<br />

verdade na lição, e como pôr em<br />

prática a verdade no seu viver diário.<br />

Faça com que o novo cristão leia<br />

cada questão e acompanhe as<br />

passagens das Escrituras, então faça<br />

perguntas que gentilmente o levem<br />

a ver as respostas no caderno de<br />

exercícios sobre a passagem que foi<br />

lida. Não aceite um “chute” ou uma<br />

resposta baseada em conhecimento<br />

anterior. Você está lançando este<br />

novo convertido numa vida de<br />

disciplina em que usará a Bíblia a<br />

vida toda para encontrar as respostas<br />

para a vida.<br />

Faça com que o novo convertido<br />

explique o que ele vê na passagem<br />

que responde à pergunta da lição —<br />

e qualquer outra coisa interessante<br />

que ele veja. O Espírito Santo<br />

mostrará frequentemente verdades<br />

não ditas na lição, mas que são<br />

mostradas na passagem bíblica e<br />

que são úteis ao novo crente.


Observações corretas precisam<br />

ser afirmadas e respostas incorretas<br />

precisam ser gentilmente<br />

redirecionadas até que a verdade<br />

seja depreendida e confirmada.<br />

As respostas a cada questão devem<br />

ser escritas nos espaços providenciados<br />

na folha de estudo. As verdades<br />

bíblicas providenciam o Espírito<br />

que conduz à convicção no que diz<br />

respeito a substituir velhas práticas<br />

por novos comportamentos.<br />

Quarto: combinem um horário<br />

regular para os encontros semanais<br />

— o máximo de vezes possível de<br />

acordo com a conveniência do novo<br />

convertido. Além disso, deve existir<br />

um contato ou alguma atividade<br />

semanal informal (tomar café, fazer<br />

compras, lazer ou uma conversa<br />

pelo telefone) para fazer com que a<br />

amizade se desenvolva. Neste<br />

ambiente, o novo cristão pode<br />

conversar sobre coisas que estão em<br />

sua mente e coração ou fazer<br />

perguntas. Isso permite ao discipulador<br />

entender melhor o quanto o<br />

novo convertido está crescendo<br />

espiritualmente ou onde estão suas<br />

dificuldades e valores. Seja fiel aos<br />

encontros e ao tempo que passar<br />

com o novo cristão. A vida espiritual<br />

deles depende disso.<br />

Finalmente, no final do<br />

encontro, explique a importância de<br />

um tempo diário dedicado ao estudo<br />

e à oração além das lições de casa.<br />

Ajude-o a planejar tempo e lugar<br />

para seu momento com Deus,<br />

encoraje-o a ser fiel aos encontros<br />

com Deus.<br />

Segundo Encontro<br />

Vá para a lição seguinte — ou termine<br />

a primeira — com o novo convertido,<br />

ajudando-o no que for preciso.<br />

Pergunte se ele aplicou em sua vida<br />

o que aprendeu no encontro ante-<br />

rior. Pergunte sobre suas devoções e<br />

se ele já sentiu a presença de Deus<br />

ou Deus falando com ele durante<br />

esse período — ou em qualquer<br />

outro momento durante a semana.<br />

Se o novo convertido parecer<br />

confortável com o formato da lição<br />

ou com o processo de aprendizagem,<br />

peça para que a próxima lição<br />

seja feita por sua conta antes do<br />

próximo encontro. Encoraje-o a fazer<br />

o melhor e ajude-o em qualquer<br />

coisa que ainda não esteja clara.<br />

Terceiro e Demais Encontros<br />

Entre na lição que você pediu no<br />

encontro anterior. Leve seu novo<br />

convertido a ver a verdade nas passagens<br />

que estão sendo estudadas.<br />

Discuta suas respostas, perguntas e<br />

ainda outras respostas dadas na<br />

lição. Se ele quiser discutir questões<br />

que não sejam importantes para sua<br />

vida neste momento, gentilmente<br />

diga que irá responder à sua pergunta<br />

depois e continue com a lição. Se<br />

a questão estiver distraindo-o do<br />

aprendizado e uma lição seguinte<br />

lidar com o assunto, entre nessa<br />

lição e lide com esta urgência.<br />

Flexibilidade é uma vantagem do<br />

discipulado individual.<br />

Certifique-se de que você discute<br />

continuamente como o novo<br />

convertido está aplicando à sua vida<br />

cotidiana as lições que tem aprendido<br />

das Escrituras. Isto estabelece<br />

uma prestação de contas amigável a<br />

fim de alcançar o objetivo de seus<br />

encontros — para que este novo<br />

convertido se torne um praticante<br />

da Palavra. Isto também permite<br />

uma celebração pelo avanço que o<br />

anima e o encoraja. Quando orarem<br />

juntos, inclua o agradecimento pelo<br />

progresso e a evidência de Deus no<br />

trabalho em sua vida. A oração deve<br />

também incluir o pedido pela ajuda<br />

de Deus em relação aos desafios<br />

que enfrenta no dia-a-dia.<br />

No final do encontro, atribua a<br />

nova lição. Continue esse processo<br />

com relação às lições remanescentes.<br />

Recomendo de 6 a 8 meses de<br />

curso em uma grade de uma por<br />

uma. Após completar o processo de<br />

discipulado, algumas igrejas fazem a<br />

transição dos novos convertidos para<br />

grupos de estudo. Independentemente<br />

de quando o discipulado<br />

individual termina, o novo convertido<br />

precisa unir-se a um grupo que<br />

seja apropriado para sua próxima<br />

fase de aprendizado e crescimento.<br />

Um sistema de acompanhamento<br />

deve existir para monitorar sua participação<br />

contínua no processo de<br />

aprendizado do grupo.<br />

O andamento do discipulado<br />

Reunir-se regularmente é mais<br />

importantes do que completar uma<br />

lição em cada reunião. Às vezes,<br />

lidar com necessidades urgentes da<br />

vida do novo convertido significa<br />

que várias sessões são necessárias<br />

para terminar aquela lição. É importante<br />

oferecer o tempo que for<br />

necessário para entender e aplicar a<br />

verdade em sua vida. É como alimentar<br />

um bebê — ele é que decide<br />

a frequência com que se deve<br />

alimentá-lo. O processo individual<br />

facilita a flexibilidade no andamento<br />

do discipulado.<br />

Conexões do Discipulado<br />

O discipulador se torna o elo entre o<br />

novo convertido e a igreja ao acolhê-<br />

-lo na igreja ou em grupo pequeno.<br />

O discipulador ou encontra com<br />

o novo convertido na reunião ou lhe<br />

oferece carona. O discipulador também<br />

precisa sentar-se com o novo<br />

convertido e apresentá-lo às pessoas<br />

e às atividades. Este é um papel<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 21


Certifique-se de que você discute continuamente como o novo convertido está<br />

aplicando à sua vida cotidiana as lições que tem aprendido das Escrituras.<br />

importante que precisa ser cumprido<br />

com fidelidade pelo discipulador.<br />

Batismo em Águas<br />

O batismo em águas é um passo de<br />

obediência muito importante para<br />

os novos convertidos e deve ser<br />

fortemente estimulado, o mais rápido<br />

possível, após seu novo nascimento.<br />

O discipulador pode ajudar<br />

o novo crente a preparar um testemunho<br />

breve para ser compartilhado<br />

antes do batismo. Pode ser<br />

escrito e lido por ele mesmo para<br />

aliviar o nervosismo e ganhar<br />

tempo. (Outra opção é mostrá-lo<br />

testificando em um vídeo editado).<br />

Uma boa ideia é fazer com que o<br />

discipulador participe do batismo<br />

orando por seu discípulo — ou mesmo<br />

executando o batismo. É tam-<br />

22 enrichment | MARÇO 2010<br />

bém uma boa oportunidade para o<br />

novo convertido convidar familiares<br />

e amigos para testemunhar seu<br />

batismo e ouvir seu testemunho.<br />

Medindo o Progresso<br />

O discipulador precisa exercitar a<br />

paciência e dar tempo para que a<br />

Palavra e o Espírito tragam mudança<br />

interna à medida que os antigos<br />

hábitos rendem-se às substituições<br />

de Deus. A mudança na vida do<br />

novo convertido precisa ser uma<br />

resposta do senhorio de Cristo, não<br />

condizente com a pressão humana.<br />

Deve haver celebração quando<br />

ocorre mudança. A evidência mensurável<br />

da transformação precisa<br />

incluir: esforço consistente em<br />

oração e estudo da Bíblia; a evidência<br />

de ouvir Deus através das Escri-<br />

Discipulado que Conduz à Decisão<br />

O discipulado que precede a decisão pode acontecer<br />

no contexto de amizade para preparar o novo convertido<br />

para uma decisão de mudança de vida baseada em:<br />

Um entendimento claro do compromisso:<br />

a) Por exemplo, deve-se esclarecer que Jesus<br />

apenas oferece a vida eterna àqueles que se<br />

submetem à Sua autoridade. Sem submissão,<br />

sem salvação.<br />

b) Use um vocabulário claro para que uma<br />

pessoa que nunca frequentou uma igreja<br />

possa entender e utilizar termos que relacionem<br />

ao indivíduo. Por exemplo, Jesus falou<br />

sobre pescaria para pescadores e sobre água<br />

da vida à mulher junto ao poço.<br />

Uma profunda persuasão de Deus de que o Evangelho<br />

é verdadeiro. É trabalho do Espírito Santo<br />

o convencer e atrair uma pessoa para Cristo.<br />

turas e da oração, seguida de obediência;<br />

e a busca consciente do<br />

crescimento no amor por Cristo e<br />

pelas outras pessoas.<br />

Reprodução<br />

O discipulado básico não é considerado<br />

completo até que o novo<br />

convertido esteja discipulando outro<br />

novo convertido. O discipulador<br />

precisa encorajá-lo a ser uma testemunha<br />

para sua rede de relacionamentos.<br />

Enquanto o discipulado<br />

estiver em curso, explique ao<br />

discipulando que ele está sendo<br />

discipulado para discipular outros.<br />

Mostre que Deus pode usá-lo para<br />

ajudar novos crentes. O novo convertido<br />

precisa fornecer algumas<br />

instruções à medida que o discipulando<br />

começa a discipular.<br />

A pessoa deve decidir. Jesus disse, “E, quando já<br />

o fruto se mostra, meta-lhe logo a foice, porque<br />

está chegada a ceifa.” (Mc 4.29). Nosso papel é<br />

orar.<br />

Uma decisão esclarecida para entrar em um relacionamento<br />

com Jesus baseada em Suas condições.<br />

A oração pode ser explicada como a assinatura<br />

do compromisso e as cláusulas devem ser<br />

revisadas e incluídas na oração. Quem busca a<br />

salvação pode ser encorajado a orar por si só, ou<br />

pode ser dirigido em oração, como já explicado.<br />

Um discipulado informal prepara a nova etapa do discipulado<br />

mais formal (treinamento) que é necessário mais<br />

adiante.<br />

JIM HALL, Springfield, Missouri (EUA)


Decisão Verdadeira:<br />

Salvação e Senhorio<br />

A revista Decision, de Billy Graham, tem um título<br />

apropriado para uma publicação focada em<br />

evangelismo. Quer seja evangelismo pessoal<br />

individual ou um culto evangelístico público, as<br />

decisões são a questão principal.<br />

No decorrer da minha vida eu ouvi essa pergunta<br />

muitas vezes em igrejas pentecostais:<br />

“Você recebeu a Cristo como seu Salvador — mas<br />

já O aceitou como seu Senhor?” Esta pergunta<br />

deveria motivar as pessoas a um comprometimento<br />

espiritual mais profundo. Infelizmente,<br />

também cria uma distinção antibíblica na mente<br />

de algumas pessoas entre salvação e senhorio.<br />

Jamais devemos insinuar aos descrentes que<br />

salvação é meramente uma questão de escapar<br />

do Inferno. Cristo veio ao mundo não apenas para<br />

nos livrar da pena do pecado mas também para<br />

nos livrar do poder do pecado.<br />

As duas decisões mais importantes da minha<br />

vida foram ambas feitas no altar. A primeira ao<br />

aceitar a Cristo; a segunda, meu casamento. Essas<br />

decisões têm várias semelhanças. Cada decisão,<br />

feita em um momento particular, determinou uma<br />

multiplicidade de escolhas futuras.<br />

Quando eu disse “eu aceito” — duas palavras<br />

pequenas — em meu casamento, eu não tinha<br />

ideia das consequências de uma vida inteira às<br />

quais meu comprometimento estava sendo<br />

vinculado. Naquela única decisão eu estava fazendo<br />

milhares de outras decisões. Estava decidindo<br />

Reconhecimento<br />

Após completar o processo de discipulado<br />

básico, o discipulador e o<br />

novo convertido devem ser honrados<br />

em um culto de domingo.<br />

O pastor pode oferecer ao novo convertido<br />

um Certificado de Conclusão<br />

e uma Bíblia de estudos para<br />

que publicamente confirme o valor<br />

dessa experiência para as duas<br />

pessoas envolvidas.<br />

o que eu iria comer nas maioria das minha futuras refeições,<br />

o tipo de louça nas quais minhas refeições seriam servidas, o<br />

estilo dos móveis que estariam na cozinha e que cortinas<br />

seriam penduradas nas janelas. Pedir a Ruth para ser minha<br />

esposa envolveu as escolhas pelo seu gosto, preferências e<br />

decisões a respeito de muitas coisas.<br />

Quando eu tinha 7 anos, fiz a escolha de receber a Cristo<br />

como meu Salvador. Mesmo que eu não entendesse naquele<br />

momento, eu também estava fazendo milhares de outras<br />

decisões. Estava determinando onde eu estaria em cada dia<br />

do Senhor, para onde iriam os 10 centavos de cada tostão<br />

conseguido, que tipo de livros eu leria e de quais entretenimentos<br />

eu participaria.<br />

Quando aceitamos a Cristo, obtemos o benefício dos<br />

nossos pecados perdoados. Mas também devemos responder<br />

apropriadamente ao sacrifício de Jesus, submetendo<br />

nossa vida à Sua autoridade.<br />

Quer em um evangelismo pessoal ou um culto público,<br />

quando oramos com alguém que está recebendo a Cristo,<br />

devemos ter a certeza de que ele entende a natureza da<br />

decisão que está tomando. Na salvação recebemos perdão<br />

através da graça de Deus e nos entregamos ao senhorio de<br />

Cristo.<br />

A Palavra de Deus ensina que a decisão de uma pessoa<br />

de receber a Cristo não é a linha final do processo de<br />

evangelismo. É um ponto de entrada para uma vida de segui-lO.<br />

Preparando para Discipular<br />

Recrutamento de discipuladores<br />

Ao pregar uma série de mensagens<br />

sobre discipulado, você motivará<br />

potenciais candidatos a discipuladores<br />

para treinamento em sua<br />

congregação. Os candidatos, porém,<br />

precisam ser abordados individualmente<br />

— não publicamente — e ser<br />

convidados para serem treinados.<br />

Os discipuladores que não tem<br />

RANDY HURST, Springfield, Missouri (EUA)<br />

auto-confiança para se voluntariar<br />

publicamente geralmente aceitarão<br />

um convite pessoal do pastor ou de<br />

alguém de sua equipe. Este convite<br />

pessoal também evita que indivíduos<br />

não qualificados se voluntariarem<br />

para o treinamento.<br />

As características dos candidatos<br />

a discipuladores devem ser: amor<br />

consistente e genuíno por Jesus e<br />

pelas pessoas; devoção para obede-<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 23


DISCIPULADO EFICAZ<br />

Ajudando os novos convertidos na caminhada cristã.<br />

24 enrichment | MARÇO 2010


Quando a igreja segue a direção dada pelas estruturas e atitudes societárias, o foco de<br />

sua missão torna-se obscuro e seus membros são desviados do curso.<br />

cer a Deus; bons aprendizes, bons<br />

ouvintes e comunicadores.<br />

Os candidatos também devem<br />

ser batizados no Espírito Santo ou<br />

buscarem honestamente este dom<br />

espiritual. Os candidatos também<br />

devem ser treinados para se tornarem<br />

proficientes no sistema de discipulado<br />

em uso. O treinamento é<br />

também importante porque a maioria<br />

nunca foi discipulada. O treinamento<br />

lhes permitirá desenvolver<br />

(ou melhorar) suas habilidades e<br />

segurança para discipular.<br />

Treinamento do Discipulado<br />

É recomendável que o pastor tanto<br />

crie um modelo de discipulado<br />

individual quanto conduza o treinamento.<br />

Este envolvimento do pastor<br />

acrescenta valor ao ministério de<br />

discipulado e, em discipulando,<br />

ganha uma valiosa experiência que<br />

se estenderá ao treinar outros.<br />

Os discipuladores se sentem valorizados<br />

porque seu pastor está confiando<br />

neles para fazerem uma parte<br />

do processo pastoral na igreja.<br />

O treinamento deve incluir:<br />

1. Estudo das lições por conta do<br />

novo convertido para se familiarizar<br />

com o conteúdo e o formato bíblico.<br />

2. Convocação semanal em grupo<br />

para discutir as perguntas e as respostas<br />

do material do discipulado.<br />

Treinadores e treinandos precisam<br />

se ajudar mutuamente para evitar<br />

jargões e usar vocabulário do dia-adia<br />

de forma que os novos convertidos<br />

possam entender. Este pode<br />

ser um desafio para os que já estão<br />

integrados na igreja, mas é crucial<br />

para ajudar os novos convertidos.<br />

3. Prática da paciência e do ouvir<br />

atentamente.<br />

4. Prática da honestidade e da<br />

transparência de se falar sobre expe-<br />

riências passadas e do processo de<br />

crescimento. O discipular ajuda o<br />

novo convertido a entender o processo<br />

de crescimento na vida cristã.<br />

5. Aceitação da tarefa de discipular<br />

um novo convertido — ou um<br />

crente com problemas — enquanto<br />

ainda estiver em treinamento. (Isso<br />

acrescenta a vantagem do treinamento<br />

em serviço.)<br />

O treinamento do discipulador<br />

eficaz é uma experiência do tipo<br />

BootCamp (jogo de Arcade) —<br />

aprendizado dirigido pela prática.<br />

Potencial da Disciplina<br />

As experiências têm mostrado que<br />

um novo convertido responsivo pode<br />

ser discipulado para discipular<br />

outros novos convertidos dentro de<br />

1 ano, dobrando assim o número de<br />

discipuladores a cada ano. O pastor<br />

precisa avaliar o número de discipuladores<br />

potenciais em sua igreja, os<br />

quais pode treinar, considerando um<br />

potencial de crescimento numérico<br />

da igreja se todos os anos o discipulador<br />

dobrar esse número. Por exemplo,<br />

se ele treinou 10 discipuladores,<br />

os quais cada um discipulou e acrescentou<br />

um discipulador no primeiro<br />

ano, o resultado em 5 anos pode ser<br />

de 320 discipuladores na igreja<br />

(10+10=20+20=40+40=80+80=160+160=320).<br />

O plano de Deus produz os melhores<br />

resultados em transformar a<br />

vida do indivíduo crente e os<br />

melhores resultados na multiplicação<br />

do número de crentes.<br />

Conclusão<br />

Discipular todas as nações é a descrição<br />

do trabalho do Comandante-<br />

-em-Chefe para Sua Igreja.<br />

Quando estivermos diante dEle,<br />

qual será nosso registro de obediência<br />

para aqueles a quem nós<br />

lideramos como pastor e para nossa<br />

vida como seguidores? Quantos<br />

estaremos presentes diante do<br />

Senhor como resultado de nossa<br />

obediência?<br />

Podemos ter uma visualização<br />

prévia dessa celebração futura vendo<br />

agora como o discipulado de novos<br />

convertidos traz uma vida nova<br />

e em crescimento para a igreja. Essa<br />

tarefa frutífera de amar os bebês<br />

espirituais aumenta grandemente a<br />

fé e a satisfação dos pais espirituais<br />

nos bancos da igreja.<br />

Quando os discipuladores se<br />

tornam avós espirituais, a alegria é<br />

ainda maior. Não há melhor expressão<br />

que “o aperfeiçoamento dos santos<br />

para a obra do ministério” de acordo<br />

com “o trabalho eficaz” de cada parte<br />

individual (Ef 4.12,16) do que um<br />

ministério de discipulado de novos<br />

convertidos que treina novos crentes<br />

para se tornarem discipuladores<br />

na seara, juntamente com aqueles<br />

que os discipularam. Foi tudo plano<br />

de Deus e o Reino tem sofrido com<br />

a negligência. O Reino floresce<br />

quando somos fiéis para seguir as<br />

instruções, e Pai, Filho e Espírito<br />

Santo se alegram com isso.<br />

Que possamos preservar e multiplicar<br />

a colheita, usando os métodos<br />

já exemplificados e prescritos<br />

pelo Senhor da colheita.<br />

JIM HALL é fundador do<br />

New Life Christian<br />

Ministries, em Springfield,<br />

Missouri (EUA).<br />

Como missionário das<br />

Assembleias de Deus<br />

americanas, Jim se<br />

concentra nos maiores centros populacionais<br />

dos EUA, incluindo treinamento de evangelismo<br />

e discipulado, publicação de materiais<br />

utilizados em cursos de treinamento, e apoio<br />

a pastores urbanos em mais de 35 cidades de<br />

atividades do Urban Bible Training Centers.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 25


Pastores têm o<br />

privilégio de<br />

assentar as pedras<br />

para a fundação de<br />

um lar cristão ao<br />

ajudar casais<br />

noivos a lidarem<br />

com questões<br />

potencialmente<br />

difíceis sobre<br />

planejamento<br />

familiar.<br />

26 enrichment | MARÇO 2010<br />

Valorizando o<br />

Início da Vida:<br />

Aconselhamento<br />

Premarital e<br />

Bioético<br />

Uma das grandes alegrias do<br />

ministério pastoral é o privilégio<br />

de orientar as pessoas através de<br />

marcos importantes em sua vida,<br />

como unir duas vidas em matrimônio.<br />

Durante o aconselhamento prenupcial, os<br />

pastores têm a oportunidade para educar<br />

casais novos sobre várias questões relacionadas<br />

à vida conjugal, incluindo questões bioéticas.<br />

Vamos explorar as questões bioéticas<br />

que casais em fase inicial da vida marital<br />

enfrentarão e maneiras que os ensinos sobre<br />

essas questões podem ser integradas neste<br />

aconselhamento prenupcial.<br />

Perspectivas Culturais X Perspectivas<br />

Bíblicas sobre a Gravidez<br />

Quando se aproxima o dia do casamento,<br />

os casais se envolvem em um sentimento de<br />

euforia por compartilhar a vida<br />

juntos como marido e mulher.<br />

A ideia de se tornarem pais e<br />

compartilharem a vida como<br />

uma família geralmente parece<br />

uma possibilidade distante, um<br />

momento da vida que ainda<br />

está por vir. Entretanto, o<br />

aconselhamento premarital<br />

oferece uma oportunidade<br />

ideal para discutir questões<br />

relacionadas à gravidez. Tais<br />

questões incluem escolhas em<br />

relação ao momento certo para<br />

a gravidez e o número desejado<br />

de filhos, assim como os<br />

assuntos relacionados às<br />

tecnologias de reprodução.<br />

A idade com que o casal está<br />

se casando influenciará sua visão<br />

sobre o tempo ideal para engravidar.<br />

Um casal com mais ou menos<br />

20 anos de idade pode ter objetivos<br />

que esperam alcançar antes mesmo de<br />

começar uma família. Por exemplo, um ou<br />

ambos podem ter o desejo de terminar os<br />

estudos ou estabelecer uma carreira ou<br />

mesmo de alcançar um certo nível de estabilidade<br />

financeira antes de ter filhos. Casais<br />

casando-se com mais de 30 anos de idade<br />

pode já ter conseguido o término de seus<br />

estudos, e alcançado objetivos de carreira e<br />

financeiros e estarem prontos para ter filhos.<br />

Enquanto há sabedoria em um casal que<br />

espera ter filhos ou enquanto eles fortalecem<br />

seu relacionamento como casal, as<br />

crianças jamais devem ser vistas como um<br />

fardo ou impedimento para alcançar outros<br />

objetivos. Uma visão bíblica da gravidez é<br />

que: “Eis que os filhos são herança do Senhor e o<br />

fruto do ventre, o seu galardão” (Sl 127.3). Um<br />

dos primeiros mandamentos de Deus para a<br />

humanidade foi “... Frutificai, e multiplicai-<br />

-vos, ...” (Gn 1.28). Se tivermos uma visão<br />

CHRISTINA M.H. POWEL, PhD, ministra norte-americana ordenada e cientista de pesquisas<br />

médicas, prega em igrejas e conferências em todos os EUA. Ela é pesquisadora na Escola de<br />

Medicina de Harvard e no Hospital Geral de Massachussets, assim como fundadora do<br />

Life Impact Ministries.


panorâmica da vida, a capacidade de ter<br />

filhos que serão o futuro de nossos dias na<br />

terra é um dos maiores presentes de Deus<br />

para nós. Os filhos trazem um sentido tal<br />

para a nossa vida que transcende o limite<br />

de nossa expectativa de vida.<br />

Infelizmente, a urgência se sobrepõe à<br />

importância. A pressão dos objetivos neste<br />

momento pode ficar no caminhos dos objetivos<br />

a serem alcançados no longo prazo.<br />

O objetivo de criar filhos para Deus pode ser<br />

deixado de lado devido às preocupações do<br />

momento.<br />

Nossa cultura valoriza as aparências externas<br />

e o sucesso profissional. Em um ambiente<br />

como este, os sacrifícios que a maternidade<br />

exige de uma mulher, como as mudanças<br />

físicas que aparecem com a gravidez e a<br />

diminuição de tempo disponível para o crescimento<br />

profissional que ocorrem após o<br />

nascimento de um filho, podem persuadi-la a<br />

demorar ou até a evitar ter filhos.<br />

Semelhantemente, a valorização de nossa<br />

cultura à acumulação de riqueza material<br />

pode dissuadir o homem de abraçar a paternidade<br />

até que ele sinta que tenha aumentado<br />

suficientemente seu potencial de ganho.<br />

Para o casal cristão, todo filho é planejado<br />

por Deus, mesmo que seu nascimento não<br />

tenha sido planejado por seus pais (Sl 139.15,<br />

16; Ef 1.4-14). Embora possa ser aconselhável<br />

a um casal tomar precauções para tentar<br />

controlar o número de filhos e o espaçamento<br />

entre eles, um casal cristão deve estar preparado<br />

para amar e aceitar toda criança que vier.<br />

Como parte da preparação para o casamento,<br />

casais devem ser encorajados a verem<br />

os filhos como bênçãos de Deus e aconselhados<br />

a terem a responsabilidade de criá-los<br />

com seriedade. Finalmente, os casais devem<br />

ser aconselhados a discutirem decisões sobre<br />

planejamento familiar com oração (Tg 1.5),<br />

comunicação honesta com o cônjuge<br />

(Ef 4.25) e respeito pela santidade da vida<br />

humana (Jr 1.5).<br />

O Que Torna a Vida Humana Sagrada?<br />

Quando falamos da santidade da vida humana,<br />

estamos afirmando o fato de ela ser sagrada.<br />

Sagrado significa pertencente a Deus.<br />

A vida humana pertence a Deus. “Porque<br />

nenhum de nós vive para si e nenhum morre para<br />

si. Porque, se vivemos, para o Senhor vivemos; se<br />

morremos, para o Senhor morremos. De sorte que,<br />

ou vivamos ou morramos, somos do Senhor.”<br />

(Rm 14.7,8). A vida humana é eterna (Mt<br />

25.46). Além disso, a vida humana é sagrada<br />

porque fomos feitos à imagem de Deus<br />

(Gn 5.1). A vida humana é única em relação<br />

a todas as outras que Deus criou, e na qual<br />

Jesus Cristo veio dos céus e Se tornou<br />

homem (Jo 1.14) para salvar-nos (1Tm 1.15).<br />

Em contrapartida, temos a liberdade de escolher<br />

acreditar em Cristo e sermos reconciliados<br />

com Deus (Jo 3.16). O Evangelho salienta<br />

a santidade da vida humana. Uma vez que<br />

a Bíblia é tão clara acerca do caráter sacro da<br />

vida humana, a pergunta que devemos fazer<br />

é: Quando a vida começa?<br />

Quando a Vida Começa?<br />

Quando você, como pessoa, passou a existir?<br />

Foi quando como uma criança que dá seus<br />

primeiros passos cambaleantes? Ou quando<br />

você tinha um dia de idade? Você existia<br />

enquanto estava no ventre de sua mãe e seu<br />

coração começava a bater de forma ritmada?<br />

Você existia quando era apenas um conjunto<br />

de células contendo o código genético único<br />

que definia suas características físicas?<br />

Quando era um óvulo não fertilizado,<br />

sua vida já tinha começado?<br />

O desenvolvimento humano<br />

é um continuum da concepção<br />

ao fim da vida. Um blastocisto<br />

(um conjunto de<br />

células que mais tarde<br />

forma um embrião e uma<br />

placenta) difere<br />

grandemente de uma<br />

criança trôpega comendo<br />

pão e bebendo leite na<br />

mesa da cozinha de casa.<br />

Porém, se precisarmos<br />

traçar uma linha para<br />

marcar o começo de uma<br />

nova vida, esta linha é<br />

mais logicamente traçada<br />

na concepção. Um óvulo não<br />

fecundado ainda não possui o<br />

código genético completo<br />

necessário para definir um indivíduo.<br />

Porém, um novo indivíduo<br />

com código genético único é formado<br />

no momento em que o óvulo é fertilizado.<br />

Com o tempo e a nutrição apropriada, aquela<br />

célula única é capaz de se desenvolver em<br />

um ser humano adulto composto por mais de<br />

dez trilhões de células especializadas.<br />

A Bíblia que a presença de Deus e Seu<br />

A Bíblia<br />

afirma que a<br />

presença de<br />

Deus e Seu<br />

propósito<br />

para nossas<br />

vidas são<br />

estabelecidos<br />

enquanto<br />

ainda<br />

estamos no<br />

ventre de<br />

nossa mãe<br />

(Sl 139.12-16;<br />

Lc 1.39-44).<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 27


Valorizando o Início da Vida: Aconselhamento Premarital e Bioético<br />

É importante<br />

que o marido<br />

e a mulher<br />

estejam em<br />

paz em<br />

relação a<br />

qualquer<br />

que seja o<br />

método do<br />

planejamento<br />

familiar<br />

escolhido.<br />

28 enrichment | MARÇO 2010<br />

propósito para nossas vidas<br />

são estabelecidos enquanto<br />

ainda estamos no ventre<br />

de nossa mãe (Sl 139.12-<br />

16; Lc 1.39-44). Deste<br />

modo, concluímos que<br />

Deus valoriza as crianças<br />

que ainda nem<br />

nasceram.<br />

Eva: Feita de Forma<br />

Terrível e Maravilhosa.<br />

O salmista admirava<br />

como o corpo humano<br />

é feito “... de um modo<br />

terrível e tão maravilhoso...”<br />

(Sl 139.14).<br />

Um exemplo dramático<br />

das maravilhas do corpo<br />

humano é o ritmo cíclico da<br />

fertilidade feminina e da capacidade<br />

do corpo de uma mulher<br />

de proteger e nutrir uma nova vida<br />

humana. O entendimento básico da biologia<br />

feminina é inestimável para o homem que se<br />

prepara para o casamento. Enquanto esse<br />

entendimento pode advir de um livro de<br />

ciências, um pastor conduzindo o aconselhamento<br />

prenupcial pode proporcionar o guia<br />

moral necessário para fazer escolhas sábias<br />

sobre questões de reprodução. Aspectos da<br />

fertilidade feminina que são importantes entender<br />

em relação a decisões relacionadas a<br />

planejamento familiar incluem ovulação, alterações<br />

no endométrio e regulação de fertilidade<br />

hormonal, gravidez e amamentação.<br />

Um homem saudável é sempre fértil porque<br />

os espermatozóides estão continuamente<br />

sendo produzidos dentro de seu corpo a uma<br />

taxa de aproximadamente mil por segundo.<br />

Uma mulher saudável, porém, é fértil<br />

somente uma semana por mês, tipicamente<br />

produzindo um óvulo por ciclo mensal.<br />

A ovulação é o processo através do qual<br />

cada óvulo é produzido e liberado por um<br />

folículo ovariano. O óvulo morre se não for<br />

fecundado no prazo de 24 horas de ovulação.<br />

A concepção ocorre quando o espermatozóide<br />

fecunda o óvulo. A ovulação ocorre uma vez<br />

por mês, porém uma fêmea é considerada<br />

fértil quando tem o fluido cervical que consegue<br />

manter o espermatozóide vivo enquanto<br />

espera o óvulo maduro ser liberado. O espermatozóide<br />

pode se manter vivo no corpo de<br />

uma mulher fértil por mais de cinco dias.<br />

Uma vez que a ovulação acabou, a concepção<br />

não é mais possível pelo restante do ciclo da<br />

mulher.<br />

Métodos de controle contraceptivo baseados<br />

em hormônios funcionam principalmente<br />

ao evitar a ovulação, embora também tenham<br />

o efeito secundário de inibir a movimentação<br />

do espermatozóide através do colo do útero<br />

por causa do espessamento do muco cervical,<br />

evitando assim a fecundação do óvulo. Métodos<br />

de controle contraceptivo por barreira<br />

evitam que o espermatozóide fecunde o óvulo.<br />

Métodos de controle contraceptivo por<br />

observação detectam mudanças na temperatura<br />

basal do corpo e o muco cervical, que<br />

sinalizam ovulação. Estas informações podem<br />

ser usadas para prevenir a gravidez.<br />

A ovulação é suprimida em uma mulher<br />

que está amamentando seu bebê exclusivamente<br />

pelo peito, fazendo assim da amamentação<br />

um método natural de se ter um espaço<br />

de tempo entre cada filho. Porém, se uma<br />

mulher escolhe amamentar seu filho através<br />

de uma escala ou oferece mamadeira e chupeta<br />

além de amamentá-lo, ela pode começar<br />

a ovular de novo logo após o nascimento.<br />

Uma vez que o óvulo é fecundado, o próximo<br />

passo na jornada da concepção é o da<br />

implantação. Cerca de uma semana após a<br />

concepção, o óvulo fecundado alcança o útero<br />

depois da jornada pelas trompas de Falópio.<br />

O óvulo fecundado se tornou agora um conjunto<br />

de células conhecido como blastocisto.<br />

Se o blastocisto conseguir lograr êxito em<br />

implantar-se no revestimento endometrial do<br />

útero, então a gonadotropina coriônica humana<br />

(GCH) será ativada. Este é o hormônio<br />

detectado pelos testes de gravidez. Normalmente,<br />

neste ponto do ciclo da mulher, o<br />

revestimento do endométrio se torna mais<br />

espesso, fazendo com que o embrião tenha<br />

um lugar aquecido e rico em nutrientes para<br />

se implantar. Alguns métodos de controle de<br />

natalidade, como o dispositivo intra-uterino<br />

(DIU) às vezes funcionam como um impedimento<br />

à implantação, embora seu mecanismo<br />

de ação primária seja o de evitar a fecundação.<br />

Tomando Decisões Conscientes sobre<br />

Planejamento Familiar<br />

Um dos princípios mais importantes dos<br />

cuidados médicos éticos é o consentimento<br />

informado. Significa que o paciente aceita<br />

uma decisão proposta ou uma intervenção<br />

médica após entender a natureza dessa


decisão ou intervenção médica; as alternativas<br />

razoáveis disponíveis; e os riscos, benefícios,<br />

e incertezas relacionadas à intervenção<br />

médica; e toda alternativa disponível. Com o<br />

princípio de consentimento informado, o<br />

casal que estiver fazendo a escolha sobre o<br />

controle de natalidade deve ter certeza que<br />

entende os riscos e os benefícios do tipo de<br />

controle que esteja escolhendo.<br />

Em vez de recomendar ou condenar um<br />

tipo de controle de natalidade, prefiro sugerir<br />

perguntas que o casal deve fazer ao tomar<br />

a decisão de planejar uma família. Avanços<br />

tecnológicos podem mudar as opções disponíveis<br />

para o planejamento familiar de um<br />

casal, mas as perguntas sobre a escolha do<br />

método do controle de natalidade são atemporais.<br />

Se você ensinar um casal a fazer as<br />

perguntas certas como parte de uma preparação<br />

premarital, ele será capaz de fazer escolhas<br />

sábias, tanto agora como no futuro à medida<br />

que novas opções se tornem disponíveis.<br />

Um bom questionamento para um casal<br />

fazer a seu médico sobre métodos de<br />

controle de natalidade inclui perguntar sobre<br />

os mecanismos de ação dos métodos.<br />

O método funciona evitando a ovulação,<br />

prevenindo a fecundação ou a implantação<br />

de óvulos fecundados, ou através de mecanismos<br />

combinados de ação? O mecanismo<br />

de ação é desconhecido ou não tão claro?<br />

O mecanismo de ação pode variar dependendo<br />

de certos fatores, como: quando e como o<br />

método é empregado ou a presença de outras<br />

condições de saúde? Outras perguntas<br />

boas para se fazer ao médico envolvem considerações<br />

sobre sua saúde futura. Qual é a<br />

eficácia do método? O método é facilmente<br />

reversível quando a gravidez for desejada?<br />

O método pode afetar uma fertilidade<br />

futura? Este método pode levar a um risco<br />

maior de gravidez ectópica? Quais são os<br />

efeitos colaterais e prejudiciais à saúde para<br />

aqueles que adotam o método?<br />

Boas perguntas para o casal questionar a<br />

si próprio relacionado a métodos de controle<br />

de natalidade que estejam considerando<br />

incluem: Estamos confortáveis o suficiente<br />

com este método para que possamos usá-lo e<br />

ser eficaz? Entendemos como empregar<br />

corretamente o método? Queremos ter filhos<br />

(ou mais filhos) no futuro? Estamos ambos<br />

felizes com esta escolha? Esta escolha entra<br />

em conflito com nossas crenças sobre a santidade<br />

da vida humana?<br />

Respeito pelas Necessidades do Cônjuge<br />

Ajudar um casal a aprender como fazer uma<br />

escolha sábia com relação a um método de<br />

planejamento familiar se encaixa na categoria<br />

mais ampla de aconselhar casais a<br />

respeitarem as necessidades de<br />

cada um ao tomarem decisões<br />

em seu casamento. O apóstolo<br />

Paulo lembra-nos em<br />

1 Coríntios 7.3-6 sobre a<br />

importância de satisfazer<br />

as necessidades<br />

de cada um na intimidade<br />

física dentro do<br />

casamento. É importante<br />

que o marido e a<br />

mulher estejam em paz<br />

em relação a qualquer que<br />

seja o método do planejamento<br />

familiar escolhido.<br />

Semelhantemente, as<br />

considerações em relação à saúde<br />

devem ser parte da decisão. Em alguns<br />

casos, a mulher pode ter uma condição<br />

médica que pode fazer com que a gravidez<br />

futura seja um risco. Em outros casos, certos<br />

métodos de controle de natalidade podem<br />

expor a mulher a um risco maior de<br />

coagulação sanguínea, derrame e infarto.<br />

O princípio salientado pelo apóstolo Paulo<br />

deve ser aplicado dentro do casamento:<br />

“Nada façais por contenda ou por vanglória,<br />

mas por humildade; cada um considere os outros<br />

superiores a si mesmos. Não atente cada um<br />

para o que é propriamente seu, mas cada qual<br />

também para o que é dos outros.” (Fp 2.3,4).<br />

Nenhum cônjuge deve se sentir pressionado<br />

pelo outro a se submeter a um método que<br />

não seja o melhor para sua própria saúde no<br />

longo prazo.<br />

Enquanto aprende a enfrentar o desafio<br />

do planejamento familiar, o casal aprende a<br />

respeitar um ao outro e a respeitar o início da<br />

vida, ele estará dando um importante passo<br />

em direção ao fortalecimento de sua relação.<br />

Um dia, seu forte relacionamento conjugal<br />

se tornará a fundação sobre a qual uma família<br />

cristã poderá ser construída.<br />

Os pastores têm o privilégio de assentar<br />

as pedras para a fundação de um lar cristão<br />

ao ajudar casais noivos a lidarem com questões<br />

potencialmente difíceis. Lares fortes<br />

fazem igrejas fortes e um testemunho eficaz<br />

para o mundo ao nosso redor. Que alegria<br />

construir o reino de Deus, casal por casal!<br />

Encoraje os<br />

casais a<br />

verem os filhos<br />

como bênçãos<br />

de Deus e<br />

a terem a<br />

responsabilidade<br />

de criá-los com<br />

seriedade.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 29


ENRIQUECIMENTO TEOLÓGICO / GARY GROGAN<br />

Comunicando o Batismo<br />

com o Espírito Santo de<br />

uma Maneira Nova<br />

30 enrichment | MARÇO 2010<br />

“E todos foram cheios do Espírito Santo e<br />

começaram a falar em outras línguas,<br />

conforme o Espírito Santo lhes concedia<br />

que falassem.” (At 2.4).<br />

Numa nota explicativa sobre deste versículo,<br />

Worrell afirma: “esta experiência<br />

graciosa — seja considerada imersão no<br />

Espírito Santo ou enchimento com Ele,<br />

ou o dom do Espírito Santo, é o privilégio<br />

de cada cristão verdadeiro (v. 39), e seu<br />

dever.” (Ef 5.18). Como ensinarmos<br />

este privilégio e dever em nossa cultura<br />

póscristã?<br />

O Senhor quer batizar cada crente<br />

no poder do Espírito. Para que isto<br />

aconteça, Ele quer ensinar pastores<br />

— como Ele tem feito fielmente em<br />

cada época de cada cultura. Como<br />

transmitir essa experiência de<br />

maneiras novas que alcançarão as<br />

pessoas ao invés de afastá-las?<br />

Aqui estão algumas maneiras práticas<br />

de ministrar o batismo com o<br />

Espírito Santo na cultura de hoje.<br />

Creia que o Batismo com o<br />

Espírito Santo É uma Bênção, Não<br />

uma Maldição<br />

Líderes missionários trabalham<br />

para se comunicar com as culturas<br />

para as quais Deus os enviou.<br />

A última coisa que eles querem<br />

fazer é afastar as pessoas. Por causa<br />

disso, alguns líderes desenvolvem<br />

uma concepção em relação a pregar<br />

ou ensinar sobre o batismo com o<br />

Espírito Santo. Ninguém precisa se<br />

sentir condenado; esta é uma<br />

preocupação legítima, especialmente<br />

para aqueles que estão alcançando<br />

pessoas com diferentes backgrounds.<br />

Os pastores devem se convencer<br />

de que o batismo com o Espírito Santo<br />

é bíblico e uma experiência viável para<br />

sua igreja hoje. Com alguma criatividade<br />

e intencionalidade, os pastores podem<br />

conduzir seu povo para uma experiência<br />

de mudança de vida sem assustá-lo<br />

nem afastá-lo.<br />

Muitos ministros mais jovens estão se


esquivando de círculos pentecostais<br />

porque se convenceram de que falar<br />

em línguas não é mais teologicamente<br />

correto. Em muitos casos, eles lutam<br />

com metodologias antigas, mas nem<br />

tanto com teologia.<br />

Todo mundo que eu conheço que<br />

se esquivou de proclamar o batismo<br />

fala em línguas em seus momentos<br />

particulares de oração. Agora, ao invés<br />

de conduzir outros a esta feliz experiência,<br />

eles estão “roubando” este<br />

dom de outros. Isto é repugnante e<br />

desnecessário.<br />

O batismo com o Espírito Santo é<br />

tanto uma experiência válida e bíblica<br />

que Jesus administra Ele mesmo<br />

(Lc 24.49). Estou pedindo — não<br />

importam as dificuldades — que os<br />

pastores simplesmente digam com<br />

sinceridade, “Tudo bem, é bíblico”.<br />

É por onde devemos começar. O Pentecostes<br />

não é uma experiência cultural<br />

que nos desliga; é uma experiência<br />

de Jesus, experiência bíblica e uma<br />

experiência para os dias de hoje.<br />

Seja Criativo Quando Ensinar sobre o<br />

Batismo com o Espírito Santo assim<br />

como Você É em Relação a Outros<br />

Assuntos.<br />

Eu amo a criatividade e a inovação<br />

desta geração. Então seja criativo ao<br />

ensinar esta grande verdade.<br />

Use a criatividade que Deus lhe<br />

deu e faça com que seja agradável<br />

e poderoso.<br />

Mark Batterson, pastor da igreja<br />

National Community, em<br />

Washington, DC, diz que parte da<br />

semelhança com Deus é ser criativo.<br />

Eu concordo. Ser semelhante a Deus<br />

em proclamar a verdade do batismo<br />

no Espírito Santo.<br />

Usei uma série de sermões do<br />

Pentecost Sunday escrita por Ron<br />

Bontrager, pastor do Lakeview<br />

GARY GROGAN é o pastor-presidente da Igreja Stone Creek,<br />

Urbana, Illinois (EUA).<br />

Seu blog é: http://papagrogan.blogspot.com/<br />

Christian Center, em Indianápolis,<br />

Indiana, intitulado “Power-Aide.”<br />

Minha jovem e criativa equipe de<br />

ministros colocou mais de 100<br />

garrafas de Power-Aide no palco.<br />

Toda semana distribuíamos bebidas.<br />

Este foi um jeito simples mas muito<br />

interessante (e até divertido) de lidar<br />

com o batismo no Espírito Santo.<br />

Após a terceira mensagem, fomos à<br />

frente e louvamos a Deus. Muitos<br />

vivenciaram sua própria oração em<br />

línguas pela primeira vez. Foi agradável,<br />

contemporâneo e fácil. Por várias<br />

semanas depois disso, as pessoas<br />

nos mandaram e-mails testificando<br />

que tinham recebido o batismo enquanto<br />

liam suas Bíblias em casa.<br />

Uma pessoa recebeu o batismo enquanto<br />

dirigia para o trabalho.<br />

Seja Intencional<br />

Programe um estudo bíblico individual<br />

ou uma série curta sobre batismo<br />

no Espírito Santo. Ao contrário<br />

de ignorar o batismo com o Espírito<br />

Santo, programar esta série forçará<br />

você fazê-lo funcionar na cultura de<br />

sua igreja e comunidade. Programe<br />

um retiro com o tema “Batismo com<br />

o Espírito Santo” e no final desta<br />

série de estudos comece uma aula ou<br />

seminário sobre o assunto. Resista à<br />

Não é necessário levar os crentes a um retiro para<br />

serem batizados no Espírito Santo.<br />

tentação de não fazer nada.<br />

Uma igreja luterana em Saint Paul,<br />

Minnesota, ensina sobre o batismo<br />

com o Espírito Santo através de<br />

aulas, seminário, retiros e outras formas<br />

criativas — mais do que a<br />

maioria das igrejas pentecostais e<br />

carismáticas fazem.<br />

Parte da liderança missionária é<br />

fazer coisas que sabemos serem<br />

certas mas que preferiríamos não<br />

fazer. Para mim, é como pregar sobre<br />

dinheiro. Não gosto de pregar sobre<br />

dinheiro, mas quando prego, as<br />

pessoas e a igreja são abençoadas por<br />

causa da minha obediência. Pastorear<br />

seria fácil se tudo o que tivéssemos<br />

que pregar fosse a graça, mas não é<br />

sempre fácil. Resista à sutil tentação<br />

de esperar até que você tenha a<br />

questão do batismo com o Espírito<br />

Santo resolvida. É simplesmente<br />

nosso trabalho como líderes ensinar<br />

as pessoas e conduzi-las no caminho.<br />

Devemos oferecer oportunidades<br />

para o crescimento e fazemos isso<br />

quando somos intencionais. É fazer<br />

planos e depois trabalhar para que<br />

eles se concretizem, assim como<br />

fazemos com outras coisas.<br />

Evite as Valas do Legalismo e do<br />

Liberalismo<br />

Queremos o que é melhor para o<br />

nosso povo e não queremos que<br />

nossa negligência retarde a caminhada<br />

com Deus. Relegar o ensinamento<br />

sobre o batismo com o Espírito Santo<br />

leva as pessoas a serem críticas,<br />

julgadoras e à vala do liberalismo.<br />

Com liberalismo, eu quero dizer sem<br />

equilíbrio.<br />

É melhor dirigir descida abaixo<br />

do que sair da estrada e cair<br />

numa vala. As pessoas podem<br />

ficar feridas, nossos veículos<br />

podem ser danificados e, no<br />

mínimo, atrasaremos a viagem nossa<br />

ou de outrem. Precisamos lembrar<br />

que nosso chamado é para fielmente<br />

pregarmos a Palavra (1Tm 4.2).<br />

Queremos fazer isto de maneira<br />

culturalmente relevante.<br />

Esta maravilhosa experiência do<br />

batismo com o Espírito Santo enriquecerá<br />

grandemente muitas vidas.<br />

Precisamos evitar a vala da indiferença.<br />

Precisamos também evitar a vala<br />

do legalismo. Os legalistas nunca estão<br />

contentes com o que foi dito ou feito.<br />

Eles estão certamente sem equilíbrio.<br />

Legalistas geralmente comparam o<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 31


Comunicando o Batismo com o Espírito Santo de uma Maneira Nova<br />

Pentecostes com certos estilos de<br />

pregar, cantar e outras metodologias.<br />

Tendem a rejeitar qualquer coisa que<br />

não entendam.<br />

Uma legalista pentecostal adentrou<br />

nossa igreja enquanto eu estava<br />

ensinando sobre o batismo com o<br />

Espírito Santo. Eu ensinei como se<br />

fosse uma conversa e então tivemos<br />

um pequeno momento de louvor e<br />

oração em volta do altar por mais ou<br />

menos 10 minutos. Aproximadamente<br />

20 pessoas começaram a falar em<br />

línguas pela primeira vez naquela<br />

manhã, incluindo Erika Harold, Miss<br />

América 2003. Essa legalista pentecostal<br />

veio a mim após o culto e disse,<br />

“De jeito nenhum aquelas pessoas<br />

foram batizadas de fato no Espírito<br />

Santo”. Perguntei por que ela se<br />

sentia daquela maneira e ela me<br />

respondeu, “Porque não foi alto o<br />

bastante e não havia uma emoção<br />

real”. Ela estava presa na vala do<br />

legalismo.<br />

Para ficarmos fora de ambos os<br />

buracos, precisamos lembrar que<br />

nenhum de nós pode salvar ninguém,<br />

então por que achamos que podemos<br />

encher alguém com o Espírito Santo?<br />

Em ambos os casos, nós simplesmente<br />

ensinamos a Palavra de Deus e<br />

criamos uma atmosfera, então Deus<br />

faz Sua parte. Pregue sobre salvação<br />

e as pessoas serão salvas. Pregue o<br />

batismo com o Espírito Santo e os<br />

crentes serão batizados. Nós obtemos<br />

o que pregamos.<br />

Para ficar fora das valas os pastores<br />

também precisam se libertar da<br />

pressão de pensar que sempre precisam<br />

ter um culto no altar. Treine<br />

pessoas para estarem em grupos de<br />

oração e tenha-os sempre disponíveis<br />

para orar por pessoas que querem ter<br />

um compromisso público com Jesus e<br />

por aqueles que querem ser cheios do<br />

Espírito Santo.<br />

Não é necessário convidar alguém<br />

com o perfil de Billy Graham para ver<br />

pessoas serem salvas, e não é necessário<br />

levá-las a um retiro para serem<br />

batizadas no Espírito Santo. O públi-<br />

32 enrichment | MARÇO 2010<br />

co de hoje jamais processará uma<br />

metodologia antiga. Isso poderá<br />

esfriar ou espantar as pessoas.<br />

Nem sempre as pessoas reagem<br />

imediatamente à mensagem de salvação.<br />

O mesmo acontece com o<br />

batismo com o Espírito Santo.<br />

As pessoas não darão sempre uma<br />

resposta imediata, mas eventualmente<br />

algumas responderão.<br />

Ore para Que seu Povo Seja Batizado<br />

com o Espírito Santo.<br />

Orar para que as pessoas sejam batizadas<br />

não requer dons nem habilidades<br />

especiais. Nós simplesmente<br />

ensinamos a Palavra de Deus de<br />

maneira criativa, aprendemos a nos<br />

conectar com a cultura e não a alienar<br />

as pessoas; então oramos ao<br />

Senhor para que salve e batize Seu<br />

povo.<br />

Encorajo jovens líderes/pastores a<br />

orar: “Jesus, preciso que batize essas<br />

pessoas com o Espírito Santo.<br />

O Senhor disse que batizaria e eu<br />

estou pedindo para que batize”.<br />

Lance a Ele suas preocupações sobre<br />

pessoas que ficam estranhas, eufóricas<br />

e mal-assombradas. Peça para<br />

que Ele cuide disso.<br />

Eu pastoreio em uma cidade que<br />

possui uma grande universidade<br />

onde pessoas de vários estilos de<br />

vida frequentam nossos cultos.<br />

Tentamos fazer as coisas com ordem<br />

e excelência. Quero que as pessoas<br />

se relacionem com Deus através da<br />

salvação e do batismo com o Espírito<br />

Santo, mas não quero que coisas culturais<br />

pentecostais afugentem-nas.<br />

Eu disse ao Senhor que não estou<br />

envergonhado, mas que Ele precisa<br />

me ajudar a fazer todo o trabalho<br />

neste nosso ambiente.<br />

No passado, algumas igrejas americanas<br />

pentecostais deixaram de<br />

lado o batismo quando cresceram ou<br />

o deixaram para os domingos ou as<br />

quartas-feiras à noite. Com essa<br />

grande mudança cultural que vimos<br />

com o fim dos cultos nos domingos à<br />

noite, é imperioso que aprendamos<br />

como ensinar o batismo com o Espírito<br />

Santo de maneiras relevantes nos<br />

cultos de domingo de manhã, nas<br />

nossas reuniões de jovens ou de<br />

adultos, e outras reuniões importantes.<br />

Admita seu Medo e Faça uma<br />

Desfragmentação<br />

Paulo disse ao jovem Timóteo:<br />

“Porque Deus não nos deu o espírito de<br />

temor, mas de fortaleza, e de amor, e de<br />

moderação.” (2Tm 1.7). Assim como<br />

um computador precisa ser desfragmentado<br />

de vez em quando, precisamos<br />

fazer o mesmo. Precisar nos<br />

SEIS PASSOS que lhe<br />

ajudarão a receber o batismo<br />

com o Espírito Santo<br />

1. Sede — Marcos 11.24; Mateus 5.6<br />

2. Peça — Mateus 7.7<br />

3. Olhe para Jesus — Atos 1.8<br />

4. Receba — Gálatas 3.14<br />

5. Louve — Salmos 22.3<br />

6. Fale em uma línguas desconhecidas<br />

— Salmos 81.10<br />

— GARY GROGAN, Urbana, Illinois


livrar de coisas que não prestam,<br />

como o medo, que nos desacelera e<br />

nos afasta de fazermos o que sabemos<br />

que deveríamos fazer.<br />

Não podemos nos dar ao luxo de<br />

ceder aos nossos medos e apreensões.<br />

O desejo supera o medo e a intimidação.<br />

Se tivermos simplesmente o<br />

desejo e pedirmos ao Senhor que<br />

realmente nos ajude, Ele o fará. Se<br />

formos fiéis, Ele será fiel e batizará os<br />

crentes com Espírito Santo.<br />

Você não precisa perder a cabeça e<br />

frequentar um show evangélico para<br />

ensinar a verdade sobre o batismo<br />

com o Espírito Santo. Mas você<br />

precisa mesmo é estar disposto a<br />

pregar “... a palavra instes a tempo e<br />

fora de tempo, redarguas, repreenda,<br />

exortes, com toda a longanimidade e<br />

doutrina.” (1Tm 4.2) como prometeu<br />

fazer quando foi consagrado ao ministério<br />

do Evangelho pleno.<br />

Como homens e mulheres de integridade,<br />

os pastores devem fazer o<br />

que prometeram ao Senhor que fariam.<br />

Precisamos de alguns ministros<br />

jovens e destemidos para nos mostrar<br />

como fazer isto na cultura póscristã.<br />

Pastores não precisam pregar<br />

sobre o Espírito Santo toda semana,<br />

mas precisam estar dispostos a pregar<br />

esta importante doutrina pentecostal.<br />

Talvez, uma série de estudos sobre o<br />

tema seja suficiente. Se não há pecado<br />

algum em se pregar sobre Encarnação<br />

e Ressurreição somente perto<br />

do Natal ou da Páscoa, por que alguns<br />

hiperpentecostais acham que abandonamos<br />

o ensino sobre o batismo<br />

com Espírito Santo por pregarmos<br />

apenas uma vez por ano?<br />

Não deixe que legalistas arruínem<br />

sua pregação sobre batismo com o<br />

Espírito Santo. Você pode mencionar<br />

batismo com o Espírito Santo em seus<br />

ensinamentos no decorrer do ano<br />

dizendo: “Alguns de vocês precisam<br />

buscar o batismo com o Espírito Santo<br />

para ver se é verdade assim como<br />

fizeram ao clamar por Cristo. Esta é<br />

uma igreja bíblica. Prometo-lhes que<br />

eu não ensinaria a esse respeito se não<br />

estivesse na Palavra. Veja se Deus<br />

tem uma língua estranha de oração<br />

para você.”<br />

A maneira como dizemos as coisas<br />

irá libertar pessoas ou esfriá-las.<br />

Como líderes missionários, estamos<br />

tentando nos aproximar e alcançar as<br />

pessoas — não espantá-las.<br />

Também falo sobre o batismo<br />

com o Espírito Santo no final dos<br />

cultos de oração, quando as pessoas<br />

estão em torno do altar. Mostro um<br />

esboço no PowerPoint e passo pelas<br />

noções básicas do batismo com o<br />

Espírito Santo (veja na página anterior<br />

“Seis Passos para Receber o Batismo com o<br />

Espírito Santo”). Quase sempre as<br />

pessoas recebem o batismo e começam<br />

a orar em uma língua que jamais<br />

aprenderam.<br />

A atmosfera em uma reunião de<br />

oração é diferente da dos cultos de<br />

domingo quando estas mais parecem<br />

um Cristianismo de vitrine. Eu não<br />

me constranjo de ser pentecostal.<br />

É apenas uma questão de tentar ser<br />

sábio e alcançar o maior número de<br />

pessoas possível para Cristo. Afinal<br />

de contas, esta é a principal razão de<br />

Jesus ter dito para recebermos esta<br />

promessa do Pai, para que nós<br />

pudéssemos ser Suas testemunhas<br />

(At 1.4,8).<br />

Muitas pessoas criam suas ideias<br />

sobre Pentecostes por causa de<br />

filmes como O Apóstolo ou por causa<br />

de programas evangelísticos na TV,<br />

muitos dos quais a cultura até zomba.<br />

Por causa desses obstáculos, muitos<br />

temem ensinar e orar por pessoas<br />

para que sejam batizadas com o<br />

Espírito Santo. Desfragmente seu<br />

medo e ensine sobre o batismo de<br />

uma maneira que não transgrida sua<br />

personalidade ou a cultura de sua<br />

igreja. Estilos que funcionam em<br />

acampamentos, retiros e convenções<br />

geralmente não funcionam em cultos<br />

de domingo. Não tem problema.<br />

Concluindo<br />

Peço desculpas à nossa geração de<br />

jovens ministros que, às vezes,<br />

sentem-se abandonados. Perdoem<br />

minha geração por não sermos pais<br />

espirituais melhores. Perdoem-nos<br />

por fazermos metodologias e programas<br />

sagrados. Por favor, evitem nossos<br />

erros e abracem o batismo com o<br />

Espírito Santo. Minha palavra para<br />

nossos jovens ministros é: “procurai<br />

com zelo, profetizar e não proibais falar<br />

línguas.” (1Co 14.39, grifo meu).<br />

Eu gosto muito de orar em uma<br />

língua que jamais aprendi. Muitas<br />

vezes eu não sabia o que fazer, mas<br />

quando eu oro no Espírito, o Senhor<br />

me dá uma palavra de sabedoria,<br />

profecia ou discernimento, para trazer<br />

a cura e ajudar uma pessoa ou<br />

situação. Muitas pessoas que eu<br />

conheço e amo que estão tentando<br />

alcançar os sem igreja precisam da<br />

plenitude do Espírito Santo para<br />

ajudá-las. Seja Joel Gross em<br />

Minneapolis, Brad Riley na Universidade<br />

do Colorado, em Boulder, ou<br />

Terry Austria na Universidade de<br />

Illinois, em Urbana, perceberam que<br />

sem a ajuda do Espírito Santo eles<br />

não podem alcançar as pessoas em<br />

suas próprias culturas.<br />

Nenhum de nós pode se dar ao<br />

luxo de deixar de lado o batismo<br />

com o Espírito Santo quando pregamos.<br />

Devemos aprender a fazer<br />

melhor as coisas e desacreditar nos<br />

mitos pentecostais. O batismo com o<br />

Espírito Santo é uma benção tremenda<br />

para toda pessoa que o recebe.<br />

Como jovem ministro, seja criativo,<br />

intencional, fique longe das<br />

valas, ore para que o Senhor batize<br />

Seu povo, e faça uma desfragmentação<br />

de seus medos. Nós todos<br />

encontramos dificuldades. Ministrar<br />

o batismo com o Espírito Santo em<br />

uma cultura poscristã é um desafio<br />

para qualquer jovem líder. Mas saiba<br />

que você é amado, acreditado e é lhe<br />

dado um caminho adicional para<br />

descobrir coisas. Que não nos afastemos<br />

uns dos outros. Que possamos<br />

nos abraçar enquanto estivermos<br />

nesta jornada juntos. Estou passando<br />

o bastão para você.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 33


Os cessacionistas<br />

dizem que os<br />

dons espirituais<br />

se foram junto<br />

com a Era dos<br />

Apóstolos.<br />

Será que os<br />

pentecostais<br />

estão<br />

preparados para<br />

compartilhar<br />

porquê<br />

acreditam em<br />

um Deus<br />

miraculoso hoje?<br />

À direita: Pedro e João<br />

curam o coxo à porta do<br />

templo chamada<br />

Formosa. (At 3.1-10)<br />

34 enrichment | MARÇO 2010<br />

ENRIQUECIMENTO TEOLÓGICO / W.E. NUNNALLY<br />

Cessação do Miraculoso?<br />

A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva<br />

Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />

Com muita frequência as pessoas<br />

pedem aos pentecostais para<br />

explicarem o porquê de sua crença<br />

e daquilo que praticam. Muitos, infelizmente,<br />

não estão “preparados para responder<br />

a qualquer pessoa que lhes pedir.” (1Pe 3:15 -<br />

NVI) . Isto deve-se geralmente a um de<br />

dois fatores: ou os pentecostais não estão<br />

bem alicerçados na evidência ou não<br />

ponderaram a respeito daquilo que está<br />

por trás do conteúdo e das práticas de sua<br />

fé. Assim, costumam responder defensivamente,<br />

com vergonha ou apelando para<br />

experiências pessoais. Seus ouvintes<br />

facilmente descartam esses apelos com um<br />

“Serve para você mas não tem relevância<br />

W.E. Nunnally, PhD, professor de Judaísmo Antigo e Origens Cristãs na<br />

Evangel University, Springfield, Missouri (EUA).


para nós”. É importante, então, que os<br />

pastores preparem melhor os membros de<br />

sua igreja para que possam compartilhar<br />

com outros a razão dos pentecostais confiarem<br />

em Deus, hoje, para o miraculoso.<br />

Uma pergunta frequentemente feita aos<br />

pentecostais é: por quê acreditar que<br />

milagres, dons do Espírito, revelações<br />

pessoais e intervenções divinas continuam<br />

acontecendo nos dias de hoje? A maioria<br />

dos cristãos à parte das tradições pentecostais<br />

ou carismáticas crê que essas manifestações<br />

do Espírito tenham cessado quando<br />

morreu o último apóstolo, período comumente<br />

conhecido como o fim da Era dos<br />

Apóstolos. Esse termo representa a crença<br />

de que o poder revelador e miraculoso de<br />

Deus, ausente por mais de 400 anos, foi<br />

restabelecido entre os homens por volta<br />

de 30-90A.D. Segundo essa teoria, com o<br />

fim da Era Apostólica, esses poderes<br />

foram novamente recolhidos ao céu, de<br />

onde aguardam o retorno de Cristo.<br />

Contestando os Argumentos Lógicos e<br />

Históricos para uma Era Apostólica<br />

A expressão Era dos Apóstolos é comumente<br />

usada entre os teólogos dispensacionalistas<br />

e da Aliança, que também o associam<br />

a um assunto relacionado — o encerramento<br />

do cânon bíblico. Ambos os lados<br />

tentam usar a doutrina da Era Apostólica<br />

para proteger e justificar o fim e o conteúdo<br />

do cânon do Novo Testamento.<br />

A justificativa seria que o fim desse<br />

período apostólico na história da Igreja<br />

tenha colocado uma pausa natural e lógica<br />

na revelação. Isso, por sua vez, marcou a<br />

conclusão dos escritos divinamente<br />

inspirados, os quais chamamos de Novo<br />

Testamento. Não há necessidade, entretanto,<br />

de atribuir o encerramento do<br />

processo canônico aos homens, seja pelo<br />

voto (o cânon do Novo Testamento havia<br />

se tornado realidade centenas de anos<br />

antes de qualquer conselho eclesiástico<br />

oficialmente ratificá-lo) ou pela morte de<br />

todos os apóstolos.<br />

A expressão Era dos Apóstolos e o conceito<br />

que ela representa não podem ser<br />

encontrados no Novo Testamento. Isso<br />

significa que a doutrina da Era dos Após-<br />

tolos e suas consequências — o fim da<br />

revelação e o encerramento do cânon —<br />

são ideias (ou revelações) posteriores ao<br />

Novo Testamento. Se for este o caso,<br />

temos uma contradição lógica. Não se<br />

pode logicamente afirmar a cessação de<br />

revelação por ocasião do encerramento da<br />

escrita do Novo Testamento enquanto se<br />

afirma, ao mesmo tempo, receber revelação<br />

adicional após a conclusão desse<br />

processo.<br />

A posição cessacionista baseia-se apenas<br />

em inferências extrabíblicas e pósbíblicas.<br />

Essa inferência, entretanto, parece<br />

ter alcançado status canônico (autoridade<br />

equivalente à da Bíblia) por aqueles<br />

que aderem a essa posição. Isso é evidenciado<br />

pelo fato de as comunidades de fé<br />

que mantêm a crença na Era dos Apóstolos<br />

terem permitido que esse conceito<br />

traduza sua fé e conduta. Já que os assuntos<br />

de fé e de conduta na cristandade<br />

protestante devem ser informados exclusivamente<br />

por revelação divina, pode-se<br />

dizer que essa posição extrabíblica tenha<br />

alcançado um status anteriormente reservado<br />

somente à Bíblia. Ironicamente, em<br />

uma tentativa de preservar o status único<br />

das Escrituras, os indivíduos e as comunidades<br />

adeptos da teoria cessacionista<br />

elevaram eles mesmos sua própria revelação<br />

extrabíblica ao mesmo status da Bíblia,<br />

um ônus normalmente atribuído a pentecostais<br />

ou a carismáticos.<br />

Defensores da doutrina da Era dos<br />

Apóstolos também tentam sustentar sua<br />

crença com a referência ao encerramento<br />

do cânon do Antigo Testamento. Afirmam<br />

que a revelação e os milagres cessaram<br />

com o último profeta do Antigo Testamento<br />

— o que para eles é análogo à relação<br />

dos apóstolos com o Novo Testamento,<br />

revelação e milagres na Era da Igreja.<br />

À primeira vista, esse argumento parece<br />

defensável. Em análise mais profunda,<br />

contudo, parece também ter sido mal<br />

formulado. Primeiramente, assim como o<br />

Novo Testamento, o cânon do Antigo<br />

Testamento foi determinado pelo uso<br />

dentro da comunidade da fé e não pelo<br />

voto de um corpo oficial ou pelo tempo de<br />

vida de qualquer indivíduo ou indivíduos.<br />

Acima: O derramemento do Espírito<br />

Santo no dia de Pentecostes. (At 2.1-4)<br />

A posição dos<br />

cessacionistas<br />

baseia-se<br />

apenas em<br />

inferências<br />

extrabíblicas e<br />

pós-bíblicas que<br />

chegam parecer<br />

ter alcançado<br />

status canônico.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 35


A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />

A Igreja Primitiva<br />

acreditava que a<br />

atividade de<br />

Deus na história<br />

redentora<br />

permaneceu<br />

constante<br />

— da criação à<br />

encarnação e à<br />

consumação.<br />

36 enrichment | MARÇO 2010<br />

Em segundo lugar, profecia e milagres<br />

encontram-se bem documentados em<br />

literatura relacionada ao período intertestamentário,<br />

como Flávio Josefo, Os Pergaminhos<br />

do Mar Morto, literatura rabínica<br />

antiga, os Livros Apócrifos e os Pseudepígrafos.<br />

Em terceiro lugar, relatórios históricos<br />

no Novo Testamento registram<br />

eventos que ocorreram durante o período<br />

intertestamentário.<br />

Tanto Mateus como Lucas relatam revelações,<br />

intervenções angélicas, profecia<br />

e milagres que antecedem a concepção, o<br />

nascimento e o ministério de Jesus.<br />

Zacarias recebeu revelação e proferiu profecia<br />

(Lc 1:11-20, 67-79). José recebeu<br />

revelação sobrenatural e direção através de<br />

sonhos (Mt 1:20-24; 2:13, 19-22). Maria<br />

recebeu revelação e proferiu um cântico<br />

inspirado (Lc 1:26-38, 46-55). Simeão<br />

recebera uma revelação muito antes dos<br />

eventos que envolveram o nascimento de<br />

Jesus e de João Batista (Lc 2:25, 26).<br />

Assim como os pastores (Lc 2: 8-16),<br />

Simeão havia recebido direção divina (v.<br />

27). Tanto Maria como Isabel experimentaram<br />

concepções miraculosas (Mt 1:18,20;<br />

Lc 1:13,24,36, 37,57). Os reis magos obtiveram<br />

orientação divina através de um<br />

sinal sobrenatural (Mt 2:1,2,9,10) e de um<br />

sonho (v. 12). Estes e muitos outros eventos<br />

sobrenaturais importantes mostram<br />

que, no Novo Testamento, as revelações<br />

divinas e os milagres estavam acontecendo<br />

antes do nascimento e do ministério de<br />

Jesus.<br />

Deve-se concluir, com base nessas<br />

observações, que não houve cessação do<br />

profético nem do miraculoso na história de<br />

Israel antes da vinda de Jesus. A reconsideração<br />

desse dado relevante não apenas<br />

remove a fundação do argumento a favor<br />

da cessação baseado em paralelos do<br />

Antigo Testamento, como também é<br />

uma contrapartida.<br />

A Imutabilidade de Deus, O Sacramento<br />

da História e a Diferença entre Inspiração<br />

e Canonização<br />

Nosso Deus — o Deus da Bíblia, o Deus<br />

histórico de Israel — é um Deus de<br />

firmeza. Não é excêntrico ou instável, da<br />

maneira como os deuses pagãos geralmente<br />

eram retratados na mitologia antiga.<br />

O Deus da Bíblia é um Deus de fidelidade<br />

em Suas alianças. Ele não muda (Sl 55:<br />

19; 102:27; Is 46:4; Ml 3:6; Hb 1:12) e Sua<br />

Palavra não muda (Is 40:8). Ele é o mesmo<br />

ontem, hoje e para sempre (Hb 13:8). Ele<br />

“não muda como sombras inconstantes.” (Tg<br />

1:17 - NVI). Ele lida com o homem firmemente<br />

e Suas formas de lidar com o<br />

homem mostram continuidade. O assunto<br />

de que tratamos não é exceção. Já que as<br />

maneiras milagrosas de Deus lidar com<br />

Seu povo continuaram entre os Testamentos,<br />

não há precedente ou necessidade<br />

lógica que nos faça crer que Ele agiria de<br />

outra maneira no final do NT.<br />

Uma discussão sobre desenvolvimentos<br />

intertestamentários deve também<br />

tratar de algumas questões levantadas com<br />

a referência ao período intertestamentário.<br />

Primeiramente, toda a história é sagrada.<br />

Deus esteve envolvido nas vidas de Sua<br />

criação durante o período intertestamentário<br />

da mesma maneira como esteve em<br />

outras épocas. Muitas profecias contidas<br />

no livro de Daniel, por exemplo, cumpriram-se<br />

no período intertestamentário.<br />

Além disso, o Novo Testamento cita<br />

exemplos (mencionados acima) da atividade<br />

de Deus antes do início do período do<br />

Novo Testamento. Portanto, Deus tinha<br />

Sua mão na nação judaica, na tribo de<br />

Judá, na família de Jessé e em uma<br />

linhagem específica da família de David.<br />

Também é evidente que Deus direcionou<br />

a propagação dessa linhagem até<br />

mesmo durante o período intertestamentário<br />

e que Ele finalmente fez com que o<br />

Messias nascesse dessa árvore genealógica<br />

específica. O fato de que Deus estava no<br />

controle desse processo, até no período<br />

intertestamentário, é evidenciado pela<br />

inclusão de nomes dessa época na genealogia<br />

de Jesus (Mt 1:13-16; Lc 3:23-27).<br />

A totalidade dessa história era evidentemente<br />

importante, pois o Espírito Santo<br />

orquestrou a narrativa de toda a História.<br />

O Espírito Santo não fez nenhuma distinção<br />

entre as histórias secular e sagrada


(ou bíblica) nas genealogias de Jesus<br />

registradas por Mateus ou Lucas. Além<br />

disso, a preservação desses versículos pela<br />

Igreja Primitiva e sua atitude com relação<br />

aos mesmos sugerem que eles acreditavam<br />

que a atividade de Deus na história<br />

redentora permaneceu constante (incluindo<br />

a orquestração divina da história humana,<br />

a revelação e o miraculoso) — da<br />

criação à encarnação e à consumação.<br />

A Igreja Primitiva foi uma Igreja verdadeiramente<br />

pentecostal.<br />

Em segundo lugar, devemos fazer uma<br />

distinção entre atividade profética e<br />

Escritura canonizada. Em muitas igrejas<br />

pentecostais da atualidade, a voz autêntica<br />

de profecia ainda é ouvida. Contudo,<br />

essas profecias dos dias de hoje não são<br />

iguais às das Escrituras. O cânon bíblico<br />

não se encontra mais aberto e tais profecias<br />

não deveriam ser incluídas no cânon<br />

das Escrituras. Essas mensagens de Deus<br />

para Seu povo são para um tempo, lugar e<br />

situação específicos. Elas não prescrevem<br />

questões de fé e conduta para todo mundo,<br />

em todos os tempos, em todos os lugares.<br />

Além disso, sua legitimidade deve ser<br />

julgada pelo padrão da Palavra de Deus<br />

revelada, a Bíblia.<br />

A atividade profética do período intertestamentário<br />

deve ser vista de forma<br />

semelhante. Essas profecias representam<br />

as necessidades e as reflexões piedosas<br />

das comunidades individuais de onde se<br />

originaram. O fato de a profecia ser um<br />

meio de comunicação é uma questão de<br />

registro histórico. Seu status literário como<br />

não canônico, o qual reflete o processo<br />

dirigido por Deus pelo qual o cânon foi<br />

formado, também é uma questão de registro<br />

histórico. Todo o restante é para provar<br />

que a relação entre o Antigo Testamento<br />

e a profecia intertestamentária é análoga à<br />

relação que existe entre o Novo Testamento<br />

e a profecia dos dias de hoje.<br />

Antigo e Novo Testamentos são<br />

Escrituras canonizadas. Como tal, representam<br />

o auge de um processo sob a<br />

direta orientação de Deus. As Escrituras<br />

são normativas — eternamente relevante<br />

— e são nossa única regra de fé e conduta.<br />

A profecia intertestamentária não o era<br />

e a profecia dos dias modernos também<br />

não o é. Nenhuma delas passou por um<br />

processo de uso popular e universal,<br />

divinamente dirigido. Nenhuma delas é<br />

eternamente relevante ou normativa.<br />

Ambas estão condicionadas pelo tempo,<br />

pelo lugar e pela situação e, portanto, não<br />

possuem a autoridade intrínseca para ditar<br />

questões de fé e prática.<br />

No período intertestamentário, a<br />

comunidade da fé precisava da voz da<br />

profecia. Muito embora tivesse a Bíblia (o<br />

Antigo Testamento), ela necessitava ouvir<br />

a voz profética de reprovação, correção,<br />

desafio, esperança, encorajamento e chamada<br />

ao arrependimento, uma vez que<br />

lidava com situações contemporâneas.<br />

Deus em Sua sabedoria e constância<br />

instilou uma dinâmica semelhante em<br />

nossa comunidade de fé. Embora tenhamos<br />

a Bíblia (Antigo e Novo Testamentos),<br />

Deus continua a envolver Sua igreja<br />

com a voz da profecia. Ele conhece intimamente<br />

a natureza do homem (Gn 6:5;<br />

Sl 103:14; 139; Mt 7:11; Rm 3:23).<br />

Através dos tempos, a natureza do<br />

homem e sua necessidade de ouvir a voz<br />

profética de Deus não mudaram. Semelhantemente,<br />

a natureza de Deus não<br />

mudou. Ele ainda ama Sua criação, tem<br />

um plano para ela e deseja dinamicamente<br />

comunicar Seu plano para cada geração.<br />

A Era dos Apóstolos Versus O Ensino do<br />

Novo Testamento<br />

O Novo Testamento testifica contra a teoria<br />

de uma Era dos Apóstolos e a cessação<br />

de profecia e de outros fenômenos sobrenaturais.<br />

Efésios 4:11 nos diz que Deus<br />

concedeu dons à igreja através de indivíduos<br />

que trabalham como apóstolos,<br />

evangelistas, pastores e mestres. Os que<br />

defendem uma era apostólica e a cessação<br />

do miraculoso devem estar sendo seletivos<br />

com esse versículo. Por um lado, ninguém<br />

afirmaria que os postos de evangelista,<br />

pastor e mestre tenham se tornado<br />

ineficientes. Por outro lado, os cessacionistas<br />

precisam sustentar o argumento de<br />

que os postos de apóstolo e profeta já não<br />

O apóstolo Paulo, na prisão,<br />

escrevendo sua epístola aos Efésios<br />

Embora<br />

tenhamos a<br />

Bíblia, Deus<br />

continua a<br />

envolver Sua<br />

Igreja com a voz<br />

da profecia.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 37


A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />

A imaturidade e<br />

inadequabilidade<br />

da igreja no<br />

passado e no<br />

presente estão<br />

diretamente<br />

relacionadas à<br />

falta de respeito<br />

e de ênfase<br />

que os dons<br />

carismáticos têm<br />

sofrido.<br />

38 enrichment | MARÇO 2010<br />

existem devido à sua natureza carismática<br />

e reveladora.<br />

O problema com essa posição é sua<br />

abordagem puramente arbitrária. A intenção<br />

dos autores humano e divino dessa<br />

passagem era que essa lista fosse considerada<br />

como um todo. Não há nenhuma indicação<br />

de que exista uma distinção na<br />

lista com respeito à duração de alguns<br />

dons e de outros não. Mexer, truncar ou<br />

fazer uma linha de distinção entre os elementos<br />

dessa lista é uma violação ao texto.<br />

Paulo, entretanto, coloca limitações<br />

temporais em toda a lista. A passagem de<br />

fato indica que todos esses postos de<br />

trabalho acabarão no final. A questão, no<br />

entanto, não é “qual?”, mas “quando?”.<br />

Os versículos 12 e 13 claramente tratam<br />

dessa questão. Esses postos são concedidos<br />

“com o fim de preparar os santos para a<br />

obra do ministério, para que o corpo de Cristo<br />

seja edificado, até que todos alcancemos:<br />

1. a unidade da fé<br />

2. e do conhecimento do Filho de Deus,<br />

3. cheguemos à maturidade,<br />

4. atingindo a medida da plenitude de<br />

Cristo.” (NVI).<br />

Nenhum cristão conseguiu atingir plenamente<br />

esses alvos. Dessa forma, todos<br />

os cargos de Efésios 4:11 ainda são necessários<br />

para amadurecer a Igreja. Pode-se<br />

mesmo sugerir que a imaturidade e inadequabilidade<br />

da Igreja no passado e no<br />

presente estão diretamente relacionadas à<br />

falta de respeito e de ênfase que os dons<br />

carismáticos têm sofrido. “Os membros do<br />

corpo que parecem mais fracos são indispensáveis.<br />

... Quando um membro sofre, todos os outros<br />

sofrem com ele.” (1Co 12:22,26; observe<br />

que o contexto se refere especificamente<br />

ao assunto em questão).<br />

Um segundo texto a considerar é Romanos<br />

11:29, “pois os dons e o chamado de<br />

Deus são irrevogáveis”. Obviamente, os<br />

“dons” aqui mencionados não são os dons<br />

de 1 Coríntios 12. Nesse sentido, o contexto<br />

imediato dessa passagem não está<br />

relacionado com as passagens citadas acima.<br />

Contudo, o princípio básico em vigor<br />

é relevante. Romanos 11:29 fala da fideli-<br />

dade e da firmeza de Deus em lidar com o<br />

homem. Não só Sua natureza imutável O<br />

impede de anular Suas promessas para o<br />

Israel étnico, como Sua natureza também<br />

O impede de ab-rogar Sua promessa de<br />

conceder os dons do Espírito ao homem<br />

no decorrer da Era da Igreja.<br />

Uma terceira passagem que requer<br />

atenção no atual contexto é a de Atos<br />

2:39. Nesse primeiro sermão cristão, numa<br />

situação escatologicamente intensa, Pedro<br />

declarou que a promessa de Deus para<br />

conceder o Espírito Santo — completa,<br />

com os fenômenos que acompanham Sua<br />

residência dentro de um ser humano — “<br />

é para vocês, para os seus filhos e para todos<br />

os que estão longe, para todos quantos o<br />

Senhor, o nosso Deus, chamar.” (NVI). Esse<br />

versículo tem sido um locus classicus para a<br />

posição pentecostal. O texto sugere que<br />

no início da Era da Igreja, no derramamento<br />

inicial do Espírito Santo e as manifestações<br />

que Ele inspira, Pedro tenha<br />

declarado que essa experiência deveria<br />

ser a norma para a Era da Igreja toda.<br />

Especificamente mencionando, em<br />

sequência, a geração presente, a próxima<br />

geração e todas as gerações futuras, Pedro<br />

dá evidência apostólica explícita para uma<br />

crença na importância dessa promessa<br />

para todas as gerações.<br />

Embora mais obscura, uma quarta<br />

passagem importante, sobretudo para uma<br />

abordagem bíblica completa, é 1 Coríntios<br />

1:7. Paulo observou que os membros da<br />

igreja de Corinto haviam sido “enriquecidos<br />

em tudo, isto é, em toda palavra e em todo<br />

conhecimento.” (1Co 1:5 - NVI) . A verdade<br />

do Evangelho havia sido miraculosamente<br />

“confirmada” entre eles “de modo que não<br />

lhes falta nenhum dom espiritual.” (vv. 6,7 -<br />

NVI). O final do versículo 7 demanda<br />

nossa atenção. Paulo disse que os irmãos<br />

de Corinto estavam sendo enriquecidos,<br />

tendo o Evangelho miraculosamente<br />

confirmado entre eles, e gozando de cada<br />

dom espiritual — embora por um período<br />

de tempo específico — “enquanto vocês<br />

esperam que o nosso Senhor Jesus Cristo seja<br />

revelado.” (NVI). O que Paulo tem em


vista é o mesmo espaço de tempo escatológico<br />

que ele apresenta em Efésios 4:13 e<br />

1 Coríntios 13:10-12. (Uma discussão<br />

desse texto encontra-se abaixo). Os dons<br />

carismáticos do Espírito chegarão a um<br />

fim. Esse fim não se encontra no encerramento<br />

da Era dos Apóstolos ou em<br />

nenhum outro momento na história<br />

humana. A cessação dos dons miraculosos<br />

do Espírito acontecerá quando o tempo já<br />

não mais existir — quando o Rei retornar<br />

e a ordem deste mundo presente chegar<br />

ao fim. Nesse momento, os esforços<br />

evangelísticos cessarão. Pecado e doença<br />

farão parte do passado. Dons de revelação<br />

não serão necessários, pois teremos<br />

comunhão imediata e inextinguível com o<br />

divino — “face a face” (1Co 13:12; comparar<br />

com 1Jo 3:2). Até mesmo os dons de<br />

conhecimento sobrenatural perderão sua<br />

utilidade nesse estado abençoado, pois,<br />

com o retorno de Cristo, “conhecerei plenamente,<br />

da mesma forma como sou plenamente<br />

conhecido.” (1Co 13:12 - NVI).<br />

Um último texto de Paulo, possivelmente<br />

o mais negligenciado de todos,<br />

aparece em 2 Coríntios 3:3-11. Nessa<br />

passagem o apóstolo está comparando o<br />

esplendor da dispensação da lei com o da<br />

dispensação do Espírito. Ele argumenta:<br />

“O ministério que trouxe a morte foi gravado<br />

com letras em pedras; mas esse ministério veio<br />

com tal glória que os israelitas não podiam<br />

fixar os olhos na face de Moisés, por causa do<br />

resplendor do seu rosto, ainda que desvanecente.<br />

Não será o ministério do Espírito ainda<br />

muito mais glorioso? Se era glorioso o ministério<br />

que trouxe condenação, quanto mais glorioso<br />

será o ministério que produz justificação!<br />

... E se o que estava se desvanecendo se<br />

manifestou com glória, quanto maior será a<br />

glória do que permanece!”<br />

(2 Co 3:7-9,11 - NVI)<br />

Paulo traça diversos paralelos interessantes<br />

entre as duas dispensações. O único<br />

de interesse para a presente discussão,<br />

entretanto, é a distinção entre o esplendor<br />

temporário ou desvanecente da dispensação<br />

da Lei com o maior esplendor da<br />

dispensação do Espírito, o qual, diz ele, é<br />

“permanente”. Mais uma vez, Paulo<br />

apresenta evidência de uma escatologia/<br />

pneumatologia que vê o batismo no<br />

Espírito e os dons dEle advindos, como<br />

acessórios permanentes na Igreja até o<br />

retorno de Cristo.<br />

Com base nas declarações de Pedro e<br />

de Paulo, podemos concluir que se alguma<br />

vez houve uma Era dos Apóstolos, a<br />

igreja deve ainda estar nela.<br />

Assim sendo, é difícil de se imaginar<br />

um cenário tal qual aquele exigido pela<br />

teoria da Era dos Apóstolos. Levemos<br />

Timóteo em consideração. Paulo desafiou<br />

Timóteo com a responsabilidade de pastorear<br />

a igreja de Éfeso (1Tm 1:3).<br />

Timóteo recebeu poder especial de Deus<br />

quando Paulo e os anciãos impuseram as<br />

mãos sobre ele (1Tm 4:14; 2Tm 1:6).<br />

Imaginemos Timóteo, ocupado com seus<br />

deveres pastorais, orando pela cura de<br />

uma pessoa ou expulsando um demônio<br />

do único filho de alguém. Agora imagine<br />

que naquele momento, em Éfeso (de<br />

acordo com a tradição da Igreja Primitiva),<br />

o idoso apóstolo João, o último do círculo<br />

mais próximo de Jesus, desse o último<br />

suspiro e fosse para seu descanso celestial.<br />

Revogaria Deus, arbitrariamente, o poder<br />

para realizar maravilhas que havia dado a<br />

Timóteo e parar um milagre em andamento?<br />

Poderia Ele dar a um indivíduo<br />

necessitado uma explicação bíblica<br />

aceitável do porquê a pessoa anterior fora<br />

curada ou liberta e esta segunda pessoa<br />

não? Como seria afetado o testemunho da<br />

igreja local? Imagine o impacto negativo<br />

no ministério que Deus havia confiado a<br />

Timóteo. Em um nível pessoal, ele não<br />

poderia mais responder em obediência ao<br />

mandamento que havia recebido por inspiração<br />

divina, “mantenha viva a chama do<br />

dom de Deus que está em você mediante a<br />

imposição das minhas mãos.” (2Tm 1:6).<br />

Obviamente, esse cenário é insustentável.<br />

Vai contra a natureza de Deus, que<br />

é firme, fiel, imutável e misericordioso<br />

para com os necessitados. Vai contra a<br />

Palavra de Deus, a qual, enquanto discutimos,<br />

fornece apoio exclusivo ao conceito<br />

Acima: O livramento miraculoso<br />

de Pedro da prisão (At 12.6-11).<br />

Com base nas<br />

declarações de<br />

Pedro e de Paulo,<br />

podemos concluir<br />

que se alguma vez<br />

houve uma Era<br />

dos Apóstolos, a<br />

igreja deve ainda<br />

estar nela.<br />

RECURSOS ESPIRITUAIS 39


A Era dos Apóstolos Através da Perspectiva Bíblica, Extrabíblica, Lógica e Teológica<br />

A natureza<br />

de Deus, a<br />

mensagem<br />

unificada das<br />

Escrituras e<br />

a natureza<br />

substancialmente<br />

necessitada do<br />

homem decaído<br />

argumentam<br />

em favor da<br />

continuação do<br />

miraculoso no<br />

mundo atual.<br />

40 enrichment | MARÇO 2010<br />

de continuação, enquanto nada diz a favor<br />

de cessação. Graças a Deus que a Igreja<br />

não depende da frágil e fugaz condição<br />

física de um apóstolo para o seu poder,<br />

mas sim do Jesus ressurreto e eterno, que<br />

“vive sempre para interceder por nós.”<br />

(Hb 7:25 - NVI).<br />

Textos do Novo Testamento Impropriamente<br />

Usados para Apoiar a Era dos<br />

Apóstolos/Cessacionismo<br />

Proponentes de teorias da cessação geralmente<br />

referem-se a 1 Coríntios 13:10:<br />

“... quando, porém, vier o que é perfeito, o que<br />

é imperfeito desaparecerá.” (NVI). “O perfeito”<br />

não se refere ao Novo Testamento,<br />

como afirmam, mas ao retorno de Jesus,<br />

como está claro no versículo 12. Não há<br />

necessidade de outro argumento além<br />

daquele do contexto. É interessante, contudo,<br />

observar que o sexo de “o perfeito”<br />

(teleion) é neutro, enquanto que a palavra<br />

traduzida como testamento (diatheke) em<br />

outros lugares é feminina. Se Paulo tivesse<br />

a intenção de que o leitor entendesse<br />

esse adjetivo-usado-como-substantivo<br />

representando o Novo Testamento, ele<br />

teria colocado “o perfeito” no mesmo<br />

gênero — feminino.<br />

Da mesma forma, 1 Coríntios 15:8, “depois<br />

destes apareceu também a mim.” (NVI),<br />

não indica o fim de revelação nem a conclusão<br />

do cânon. Paulo continuou a receber<br />

revelação após a experiência na estrada<br />

de Damasco. Outros no Novo Testamento<br />

receberam revelação depois de<br />

Jesus ter aparecido a Paulo. Além disso, o<br />

Novo Testamento todo foi inspirado pelo<br />

Espírito Santo após o encontro de Paulo<br />

com Cristo na estrada de Damasco. A quê,<br />

então, se refere essa afirmação? Paulo está<br />

apenas dizendo que, daqueles homens<br />

chamados de apóstolos, ele era o último a<br />

ver o Cristo ressurreto.<br />

Hebreus 1:1,2 é outro conhecido texto<br />

de prova para os cessacionistas. Entretanto,<br />

é preciso apenas mostrar que os “dias” são<br />

“últimos”, não a revelação de Jesus na carne;<br />

caso contrário, o autor estaria quebrando<br />

a própria regra, tentando comunicar re-<br />

velação após a revelação terrena de Cristo.<br />

Apocalipse 22:18,19 é o texto de prova<br />

final utilizado por proponentes da cessação.<br />

É ordenado aos crentes, nesse versículo,<br />

que não acrescentem nem retirem<br />

algo das “palavras da profecia deste livro.”<br />

(NVI). Os cessacionistas argumentam que,<br />

como o Livro de Apocalipse vem no final<br />

da revelação canônica, essa passagem<br />

proíbe qualquer revelação posterior.<br />

Os problemas com essa interpretação são<br />

múltiplos. Em primeiro lugar, o autor nos<br />

fala especificamente a que se refere essa<br />

proibição. Não fala em termos gerais, mas<br />

refere-se apenas às suas palavras — “essa<br />

profecia” (itálico adicionado). Em segundo<br />

lugar, o autor não poderia ter tido em<br />

mente o Novo Testamento todo, pois este<br />

ainda seria formado. Então, a intenção<br />

autoral elimina essa linha de raciocínio.<br />

Em terceiro lugar, outros livros incluem<br />

proibições semelhantes. Um exemplo<br />

disso é Deuteronômio 12:32. Será que<br />

esse versículo significa que revelação<br />

além do livro de Deuteronômio é ilegítimo?<br />

Esperemos que não.<br />

Conclusão<br />

Três aplicações importantes podem ser<br />

extraídas deste artigo. Primeiramente,<br />

nenhuma analogia histórica ou passagem<br />

na Bíblia oferece argumento legítimo para<br />

apoiar uma Era dos Apóstolos ou a cessação<br />

do miraculoso. Em segundo lugar, a<br />

natureza de Deus, a mensagem unificada<br />

das Escrituras e a natureza substancialmente<br />

necessitada do homem decaído<br />

argumentam em favor da continuação do<br />

miraculoso no mundo atual. Em terceiro<br />

lugar, a Igreja hodierna encontra-se em<br />

solo bíblico firme quando procura ser<br />

revestida de poder para um trabalho para<br />

Deus mais efetivo através do batismo no<br />

Espírito Santo e dos dons do Espírito.<br />

Temos todos os motivos para buscar a<br />

Deus para direção, cura, proteção e provisão<br />

divinas. Nesse dia de necessidade e<br />

oportunidade sem precedentes, “Mantenha<br />

viva a chama do dom de Deus que está<br />

em você.” (2Tm 1:6).

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