análise quali-quantitativa do lixo coletado em ... - Global Garbage
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XIV Congresso Latino-Americano de Ciências <strong>do</strong> Mar – XIV COLACMAR<br />
Balneário Camboriú (SC / Brasil), 30 de outubro a 04 de nov<strong>em</strong>bro de 2011<br />
ANÁLISE QUALI-QUANTITATIVA DO LIXO COLETADO EM DIFERENTES<br />
PONTOS DE MERGULHO NA COSTA NORTE DA ILHA DE SÃO MIGUEL,<br />
AÇORES, PORTUGAL<br />
Menegucci, J. J. 1,2 ; D’Agostini, A. 1,3<br />
1Universidade <strong>do</strong>s Açores (UAC)/ Universidade <strong>do</strong> Vale <strong>do</strong> Itajaí (UNIVALI), Centro de Ciências Tecnológicas da Terra<br />
e <strong>do</strong> Mar. Rua Uruguai, 458, CEP 88302-202, Itajaí, SC, Brasil.<br />
² julianamenegucci@gmail.com<br />
3 dessa.dagostini@gmail.com<br />
RESUMO<br />
É inegável o prejuízo causa<strong>do</strong> pelo <strong>lixo</strong> descarta<strong>do</strong> no mar no que se refere às questões<br />
sociais e ambientais, aonde a presença desses materiais oferece riscos a fauna marinha<br />
(mortes por aprisionamento, asfixia ou infecções), danos à pesca e à navegação, al<strong>em</strong> <strong>do</strong>s<br />
indesejáveis efeitos estéticos e sanitários. O presente trabalho caracterizou <strong>quali</strong><strong>quantitativa</strong>mente<br />
o <strong>lixo</strong> encontra<strong>do</strong> <strong>em</strong> saídas de mergulho autônomo com escafandro <strong>em</strong> três<br />
pontos de mergulho na ilha de São Miguel: Porto da Ribeirinha, Porto de São Vicente e Porto<br />
das Capelas, localiza<strong>do</strong>s na costa norte da Ilha de São Miguel. Os artefatos de pesca foram os<br />
resíduos sóli<strong>do</strong>s de maior ocorrência segui<strong>do</strong>s por plásticos. A presença de <strong>lixo</strong> nessas áreas<br />
pode prejudicar a fauna marinha presente e a atividade de turismo subaquático de grande<br />
atuação na região.<br />
Palavras chave: resíduos sóli<strong>do</strong>s, mergulho recreativo, poluição marinha.<br />
INTRODUÇÃO<br />
Os oceanos cobr<strong>em</strong> <strong>do</strong>is terços da superfície terrestre e há muito t<strong>em</strong>po serv<strong>em</strong> de<br />
depósito para to<strong>do</strong> tipo de resíduos produzi<strong>do</strong>s pelo hom<strong>em</strong>, desde efluentes líqui<strong>do</strong>s<br />
sanitários ou industriais até as mais diversas classes de <strong>lixo</strong>, como plásticos, vidros e materiais<br />
radioativos ou tóxicos. Ainda persiste <strong>em</strong> muitos locais a falsa concepção de que os oceanos<br />
têm ilimitada capacidade de assimilar s<strong>em</strong> riscos o imenso e contínuo aporte de poluentes e<br />
<strong>lixo</strong> (ARAUJO & COSTA, 2003).<br />
O <strong>lixo</strong> marinho é resulta<strong>do</strong> de lançamento proposital, manipulação ou eliminação<br />
descuidada, e muitas vezes, t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> <strong>em</strong> locais distantes da costa (ARAUJO & COSTA,<br />
2003). A poluição desconhece fronteiras, assim o <strong>lixo</strong> produzi<strong>do</strong> localmente pode rapidamente<br />
se espalhar por ação de ventos e correntes para outras regiões. Esse <strong>lixo</strong> pode custar caro<br />
para as comunidades costeiras, seja pela perda <strong>do</strong> potencial estético e turístico e da <strong>quali</strong>dade<br />
da água das praias ou pelos custos despendi<strong>do</strong>s com a limpeza pública e eventuais <strong>do</strong>enças<br />
associadas ao <strong>lixo</strong>. Além disso, resíduos no ambiente marinho estragam <strong>em</strong>barcações, matam<br />
organismos que poderiam ser explora<strong>do</strong>s comercialmente (EPA 1992 in SANTOS et al., 2001)<br />
e aumentam o esforço de pesca, visto que constitu<strong>em</strong> peso no momento <strong>do</strong> recolhimento de<br />
redes.<br />
No caso da fauna marinha, o <strong>lixo</strong> causa diversos transtornos: garrafas e outros<br />
recipientes pod<strong>em</strong> aprisionar pequenos animais, plástico e isopor são confundi<strong>do</strong>s com<br />
alimento e ingeri<strong>do</strong>s inadvertidamente por peixes, aves, répteis e mamíferos, os quais <strong>em</strong> geral<br />
morr<strong>em</strong> por obstrução <strong>do</strong> aparelho digestivo. Metais e vidros pod<strong>em</strong> ferir e causar infecções a<br />
organismos marinhos. Redes e linhas de pesca aban<strong>do</strong>nadas ou perdidas no oceano tornamse<br />
armadilhas, nas quais muitos animais marinhos morr<strong>em</strong> por estrangulamento ou por ficar<strong>em</strong><br />
presos o que impede sua locomoção e alimentação, além da fuga de preda<strong>do</strong>res, ou no caso<br />
de répteis e mamíferos impede que subam a superfície para respirar (ARAUJO & COSTA,<br />
2003), é importante citar que esse tipo de <strong>lixo</strong> pode constituir um probl<strong>em</strong>a para praticantes de<br />
caça submarina e mergulha<strong>do</strong>res, uma vez que esses também pod<strong>em</strong> vir a ficar presos.<br />
Muitos constituintes <strong>do</strong> <strong>lixo</strong>, encontra<strong>do</strong>s <strong>em</strong> ambientes marinhos, são fontes de compostos<br />
tóxicos, como metais pesa<strong>do</strong>s e organoclora<strong>do</strong>s, os quais pod<strong>em</strong> ser acumula<strong>do</strong>s através da<br />
rede alimentar e atingir até mesmo consumi<strong>do</strong>res humanos (SANTOS et al., 2001).<br />
Associação Latino-Americana de Investiga<strong>do</strong>res <strong>em</strong> Ciências <strong>do</strong> Mar - ALICMAR<br />
AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia
XIV Congresso Latino-Americano de Ciências <strong>do</strong> Mar – XIV COLACMAR<br />
Balneário Camboriú (SC / Brasil), 30 de outubro a 04 de nov<strong>em</strong>bro de 2011<br />
MATERIAIS E MÉTODOS<br />
Em nov<strong>em</strong>bro de 2008 foram realiza<strong>do</strong>s três mergulhos recreativos nos quais foi<br />
coleta<strong>do</strong> o <strong>lixo</strong> que era encontra<strong>do</strong> visualmente durante o decorrer da atividade <strong>em</strong> três pontos<br />
amostrais (Fig. 1) na Ilha de São Miguel, Açores, Portugal. É importante ressaltar que a<br />
intenção <strong>do</strong> mergulho não era a procura de <strong>lixo</strong>, e sim de recolher o <strong>lixo</strong> que fosse nota<strong>do</strong><br />
durante a prática <strong>do</strong> mergulho recreativo.<br />
Os pontos foram o Porto da Ribeirinha com 53 minutos de duração de mergulho, o<br />
Porto de São Vicente com 43 minutos de duração, e o Porto das Capelas com 54 minutos de<br />
duração. Os mesmos estão localiza<strong>do</strong>s na costa norte da ilha de São Miguel, e são <strong>em</strong> regiões<br />
relativamente protegidas propician<strong>do</strong> o acúmulo de <strong>lixo</strong>.<br />
Figura 1 - Pontos de mergulho onde foram realizadas as coletas de <strong>lixo</strong>. Ponto 1: Porto da<br />
Ribeirinha; Ponto 2: Porto de São Vicente; Ponto 3: Porto das Capelas. Imag<strong>em</strong>:Google Maps.<br />
As coletas foram realizadas por um mergulha<strong>do</strong>r que utilizou um saco coletor preso<br />
junto à cintura para o recolhimento <strong>do</strong> <strong>lixo</strong> encontra<strong>do</strong>. Após o fim <strong>do</strong> mergulho, o material era<br />
contabiliza<strong>do</strong> e então descarta<strong>do</strong> nos contentores de reciclag<strong>em</strong>. Os itens <strong>do</strong> <strong>lixo</strong> foram<br />
classifica<strong>do</strong>s <strong>em</strong> seis categorias principais: plástico, metal, vidro, teci<strong>do</strong>, artefatos de pesca e<br />
outros.<br />
RESULTADOS E DISCUSSÕES<br />
O gráfico abaixo (Fig. 2) apresenta a comparação entre a quantidade e os tipos de<br />
<strong>lixo</strong> coleta<strong>do</strong>s nos diferentes pontos de amostrag<strong>em</strong>, afim de, fazer uma comparação entre os<br />
resulta<strong>do</strong>s <strong>do</strong>s mesmos.<br />
Figura 2 - Categorias de <strong>lixo</strong>, e suas respectivas quantidades para cada local de amostrag<strong>em</strong><br />
na Ilha São Miguel, Açores, Portugal.<br />
Nos três pontos há presença de pesca<strong>do</strong>res artesanais e barcos, o que implica <strong>em</strong> uma<br />
maior quantidade de artefatos de pesca (linhas de pesca) como representa<strong>do</strong> na figura 3.<br />
Associação Latino-Americana de Investiga<strong>do</strong>res <strong>em</strong> Ciências <strong>do</strong> Mar - ALICMAR<br />
AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia
XIV Congresso Latino-Americano de Ciências <strong>do</strong> Mar – XIV COLACMAR<br />
Balneário Camboriú (SC / Brasil), 30 de outubro a 04 de nov<strong>em</strong>bro de 2011<br />
Durante os dias de amostrag<strong>em</strong> foi possível observar a grande concentração de pesca<strong>do</strong>res<br />
ama<strong>do</strong>res (pesca de linha), principalmente no que diz respeito ao porto de São Vicente.<br />
Materiais plásticos foram os segun<strong>do</strong>s de maior representatividade com 25% (Fig. 3).<br />
Figura 3 - Lixo total coleta<strong>do</strong> e suas respectivas porcentagens, <strong>do</strong>s três pontos amostrais de<br />
mergulho na Ilha São Miguel, Açores, Portugal.<br />
Não foi encontra<strong>do</strong> nenhum <strong>lixo</strong> tóxico e <strong>do</strong>s materiais encontra<strong>do</strong>s alguns já<br />
apresentavam alguma degradação, além de colonização por organismos aquáticos, indício de<br />
que já haviam si<strong>do</strong> descarta<strong>do</strong>s no local há algum t<strong>em</strong>po. É preocupante o maior número de<br />
materiais de difícil degradação como as garrafas de vidro, encontradas no porto da Ribeirinha,<br />
e principalmente as linhas de pesca de nylon, que pod<strong>em</strong> causar enredamento de animais, e<br />
até mesmo ferir os frequenta<strong>do</strong>res <strong>do</strong> local. O <strong>lixo</strong> nesses pontos de mergulho também é<br />
prejudicial sob aspecto econômico já que a atividade de turismo subaquático é de forte atuação<br />
<strong>em</strong> to<strong>do</strong> arquipélago <strong>do</strong>s Açores.<br />
CONCLUSÕES<br />
Visto que to<strong>do</strong>s os pontos amostra<strong>do</strong>s encontram-se <strong>em</strong> áreas relativamente<br />
protegidas, estan<strong>do</strong> assim abrigadas da ação das correntes e <strong>do</strong>s ventos, pode-se supor que a<br />
maior parte <strong>do</strong> <strong>lixo</strong> ali encontra<strong>do</strong> t<strong>em</strong> orig<strong>em</strong> no próprio local.<br />
A categora de <strong>lixo</strong> de maior representatividade nos mergulhos foi os artefatos de pesca,<br />
tais como linhas de de nylon, provenientes da pesca artesanal atuante <strong>em</strong> to<strong>do</strong>s pontos<br />
amostra<strong>do</strong>s. Os <strong>lixo</strong>s encontra<strong>do</strong>s são potencial<strong>em</strong>ente prejudiciais a fauna marinha <strong>do</strong> local,<br />
assim como a atividade de turismo subaquático atuante nos locais amostra<strong>do</strong>s.<br />
AGRADECIMENTOS<br />
Gostaríamos de agradecer a Universidade <strong>do</strong>s Açores, pela oportunidade de<br />
intercâmbio cedida e dessa forma a realização desses trabalho.<br />
REFERÊNCIAS<br />
ARAÚJO, M.; COSTA, M. 2000. Análise <strong>quali</strong>-<strong>quantitativa</strong> <strong>do</strong> <strong>lixo</strong> deixa<strong>do</strong> na baía de<br />
Tamandaré-PE-Brasil por excursionistas. Gerenciamento Costeiro integra<strong>do</strong>, Pernambuco -<br />
Brasil.Turismo, 58-61p.<br />
ARAÚJO, M.; COSTA, M. 2003. Lixo no ambiente marinho. Ciência Hoje, n . 191, vol. 32, 64-<br />
67p.<br />
SANTOS, I.; FRIEDRICH, A.; MARIANO, C.; ABSALONSEN, L.; DUARTE, E. 2001. Os<br />
probl<strong>em</strong>as causa<strong>do</strong>s pelo <strong>lixo</strong> marinho sob o ponto de vista <strong>do</strong>s usuários da praia <strong>do</strong> Cassino -<br />
RS. Revista eletrônica <strong>do</strong> Mestra<strong>do</strong> <strong>em</strong> Educação Ambiental. ISSN 1517-1256, 253 – 266p.<br />
Associação Latino-Americana de Investiga<strong>do</strong>res <strong>em</strong> Ciências <strong>do</strong> Mar - ALICMAR<br />
AOCEANO – Associação Brasileira de Oceanografia