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Modernismo - ECA - USP

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Pré-modernismo


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Pré-modernismo


Vanguardas Artísticas Européias


Duas Amigas<br />

(1913)<br />

Lasar Segall<br />

Museu Lasar Segall<br />

São Paulo


Exposição de<br />

Anita Malfatti<br />

1917<br />

A Estudante Russa<br />

(1915)<br />

Anita Malfatti<br />

IEB-<strong>USP</strong>, São Paulo<br />

Óleo sobre tela: 76 x 61 cm.


A Boba<br />

(1915-1916)<br />

Anita Malfatti<br />

MAC-<strong>USP</strong>, São Paulo<br />

Óleo sobre tela: 61 x 50,6 cm.


A Mulher de Cabelos Verdes<br />

(1915-1916)<br />

Anita Malfatti<br />

Coleção Particular<br />

Óleo sobre tela: 61 x 51 cm.


O Homem Amarelo<br />

(1915-1916 )<br />

Anita Malfatti<br />

Coleção Mário de Andrade<br />

IEB-<strong>USP</strong><br />

Óleo sobre tela: 61 x 51 cm.


Nu Cubista n o 1<br />

(1915-1916)<br />

Anita Malfatti<br />

Coleção particular<br />

Óleo sobre tela: 51 x 39 cm.


O Homem de Sete Cores<br />

(1915-1916)<br />

Anita Malfatti<br />

Museu de Arte Brasileira FAAP<br />

São Paulo<br />

Carvão e pastel sobre papel: 60,7 x 45 cm.


Paranóia ou mistificação?<br />

Monteiro Lobato<br />

O Estado de S. Paulo, 20 dez. 1917.<br />

Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente<br />

as coisas e em consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos<br />

ritmos da vida, e adotados para a concretização das emoções estéticas, os<br />

processos clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem<br />

gênio, é Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é<br />

Rubens na Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn<br />

na Suécia, é Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento,<br />

vai engrossar a plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis<br />

imorredouros. A outra espécie é formada pelos que vêem anormalmente a<br />

natureza, e interpretam-na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica<br />

de escolas rebeldes, surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São<br />

produtos do cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência: são<br />

frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, brilham<br />

um instante, as mais das vezes com a luz do escândalo, e somem-se logo nas<br />

trevas do esquecimento.


Embora eles se dêem como novos precursores duma arte a vir, nada é<br />

mais velho do que a arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranóia e<br />

com a mistificação. De há muito já que a estudam os psiquiatras em seus<br />

tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos que ornam as paredes<br />

internas dos manicômios. A única diferença reside em que nos manicômios<br />

esta arte é sincera, produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais<br />

estranhas psicoses; e fora deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela<br />

imprensa e absorvidas por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma,<br />

nem nenhuma lógica, sendo mistificação pura.<br />

Todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis fundamentais que<br />

não dependem do tempo nem da latitude. As medidas de proporção e<br />

equilíbrio, na forma ou na cor, decorrem do que chamamos sentir. Quando as<br />

sensações do mundo externo transformam-se em impressões cerebrais, nós<br />

"sentimos"; para que sintamos de maneira diversa, cúbica ou futurista, é<br />

forçoso ou que a harmonia do universo sofra completa alteração, ou que o<br />

nosso cérebro esteja em "pane" por virtude de alguma grave lesão. Enquanto<br />

a percepção sensorial se fizer normalmente no homem, através da porta<br />

comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá "sentir"<br />

senão um gato, e é falsa a "interpretação" que do bichano fizer um "totó", um<br />

escaravelho, um amontoado de cubos transparentes.


Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra. Malfatti, onde<br />

se notam acentuadíssimas tendências para uma atitude estética forçada no<br />

sentido das extravagâncias de Picasso e companhia. Essa artista possui um<br />

talento vigoroso, fora do comum. Poucas vezes, através de uma obra torcida<br />

para má direção, se notam tantas e tão preciosas qualidades latentes.<br />

Percebe-se de qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é<br />

independente, como é original, como é inventiva, em que alto grau possui um<br />

sem-número de qualidades inatas e adquiridas das mais fecundas para<br />

construir uma sólida individualidade artística. Entretanto, seduzida pelas<br />

teorias do que ela chama arte moderna, penetrou nos domínios dum<br />

impressionismo discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova<br />

espécie de caricatura.<br />

Sejamos sinceros: futurismo, cubismo, impressionismo e tutti quanti não<br />

passam de outros tantos ramos da arte caricatural. É a extensão da caricatura<br />

a regiões onde não havia até agora penetrado. Caricatura da cor, caricatura da<br />

forma – caricatura que não visa, como a primitiva, ressaltar uma idéia cômica,<br />

mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. A fisionomia de quem sai de<br />

uma dessas exposições é das mais sugestivas. Nenhuma impressão de prazer,<br />

ou de beleza, denunciam as caras; em todas, porém, se lê o desapontamento<br />

de quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de<br />

raciocinar, e muito desconfiado de que o mistificam habilmente.


Outros, certos críticos sobretudo, aproveitam a vaza para épater les<br />

bourgeois. Teorizam aquilo com grande dispêndio de palavrório técnico,<br />

descobrem nas telas intenções e subintenções inacessíveis ao vulgo,<br />

justificam-nas com a independência de interpretação do artista e concluem<br />

que o público é uma cavalgadura e eles, os entendidos, um pugilo genial de<br />

iniciados da Estética Oculta. No fundo, riem-se uns dos outros, o artista do<br />

crítico, o crítico do pintor e o público de ambos. (...)<br />

Há de ter essa artista ouvido numerosos elogios à sua nova atitude<br />

estética. Há de irritar-lhe os ouvidos, como descortês impertinência, esta voz<br />

sincera que vem quebrar a harmonia de um coro de lisonjas. Entretanto, se<br />

refletir um bocado, verá que a lisonja mata e a sinceridade salva. O verdadeiro<br />

amigo de um artista não é aquele que o entontece de louvores e sim o que lhe<br />

dá uma opinião sincera, embora dura, e lhe traduz chãmente, sem reservas, o<br />

que todos pensam dele por detrás. Os homens têm o vezo de não tomar a<br />

sério as mulheres. Essa é a razão de lhes darem sempre amabilidades quando<br />

pedem opiniões. Tal cavalheirismo é falso, e sobre falso, nocivo.


Quantos talentos de primeira água se não transviaram arrastados por<br />

maus caminhos pelo elogio incondicional e mentiroso? Se víssemos na Sra.<br />

Malfatti apenas "uma moça que pinta", como há centenas por aí, sem<br />

denunciar centelha de talento, calar-nos-íamos, ou talvez lhe déssemos meia<br />

dúzia desses adjetivos "bombons", que a crítica açucarada tem sempre à mão<br />

em se tratando de moças. Julgamo-la, porém, merecedora da alta<br />

homenagem que é tomar a sério o seu talento dando a respeito da sua arte<br />

uma opinião sinceríssima, e valiosa pelo fato de ser o reflexo da opinião do<br />

público sensato, dos críticos, dos amadores, dos artistas seus colegas e... dos<br />

seus apologistas.<br />

Dos seus apologistas sim, porque também eles pensam deste modo... por<br />

trás.


Movimento dos salões<br />

Dona Olívia Guedes Penteado


Formação do núcleo de São Paulo<br />

Mário de Andrade


Formação do núcleo de São Paulo<br />

Oswald de Andrade


Formação do núcleo de São Paulo<br />

Antônio de Alcântara Machado


Formação do núcleo de São Paulo<br />

Victor Brecheret, Di Cavalcanti, Menotti del Picchia,<br />

Oswald de Andrade e Helios Seelinger, em 1921


Formação do núcleo de São Paulo<br />

Paulo Prado


Formação do núcleo do Rio de Janeiro<br />

Heitor Villa-Lobos


Formação do núcleo do Rio de Janeiro<br />

Manuel Bandeira


Formação do núcleo do Rio de Janeiro<br />

Sérgio Buarque de Holanda


Formação do núcleo do Rio de Janeiro<br />

Ronald de Carvalho, Graça Aranha e Renato Almeida


Cabeça de Cristo (1919-1920)<br />

Victor Brecheret<br />

Detonador de<br />

Pauliceia Desvairada,<br />

de Mário de Andrade


13, 15 e 17 de fevereiro de 1922


Arquitetura:<br />

Antônio Moya<br />

Georg Przirembel<br />

Escultura:<br />

Victor Brecheret<br />

W. Haarberg<br />

Pintura:<br />

Anita Malfatti<br />

Di Cavalcanti<br />

John Graz<br />

Martins Ribeiro<br />

Zina Aita<br />

J. F. de Almeida Prado<br />

Ferrignac<br />

Vicente do Rego Monteiro


Segunda-feira, dia 13 de fevereiro: primeiro festival<br />

Conferência de Graça Aranha<br />

Concerto: música de Villa-Lobos<br />

Conferência de Ronald de Carvalho<br />

Solos de piano: Ernani Braga<br />

Concerto: Otteto – Três danças africanas


Quarta-feira, dia 15 de fevereiro: segundo festival<br />

Palestra de Menotti del Picchia<br />

Recital de poemas: Ronald de Carvalho lê “Os Sapos”, de<br />

Manuel Bandeira<br />

Dança: Yvonne Daumerie<br />

Concerto de Guiomar Novaes<br />

Palestra de Mário de Andrade<br />

Conferência de Renato Almeida<br />

Canto e piano: Frederico Nascimento Filho e Lucila Villa-Lobos<br />

Quarteto de cordas


OS SAPOS<br />

Enfunando os papos,<br />

Saem da penumbra,<br />

Aos pulos, os sapos.<br />

A luz os deslumbra.<br />

Em ronco que aterra,<br />

Berra o sapo-boi:<br />

– "Meu pai foi à guerra!"<br />

– "Não foi!" – "Foi!" – "Não foi!".<br />

O sapo-tanoeiro,<br />

Parnasiano aguado,<br />

Diz: – "Meu cancioneiro<br />

É bem martelado.<br />

Vede como primo<br />

Em comer os hiatos!<br />

Que arte! E nunca rimo<br />

Os termos cognatos.<br />

O meu verso é bom<br />

Frumento sem joio.<br />

Faço rimas com<br />

Consoantes de apoio.<br />

Vai por cinquenta anos<br />

Que lhes dei a norma:<br />

Reduzi sem danos<br />

A fôrmas a forma.<br />

Clame a saparia<br />

Em críticas céticas:<br />

Não há mais poesia,<br />

Mas há artes poéticas...”<br />

Urra o sapo-boi:<br />

"Meu pai foi rei" – "Foi!" .<br />

– "Não foi!" – "Foi!" – "Não foi!".


Brada em um assomo<br />

O sapo-tanoeiro:<br />

– "A grande arte é como<br />

Lavor de joalheiro.<br />

Ou bem de estatuário.<br />

Tudo quanto é belo,<br />

Tudo quanto é vário,<br />

Canta no martelo."<br />

Outros, sapos-pipas<br />

(Um mal em si cabe),<br />

Falam pelas tripas:<br />

– "Sei!" – "Não sabe!" – "Sabe!".<br />

Longe dessa grita,<br />

Lá onde mais densa<br />

A noite infinita<br />

Verte a sombra imensa;<br />

Lá, fugido ao mundo,<br />

Sem glória, sem fé,<br />

No perau profundo<br />

E solitário, é<br />

Que soluças tu,<br />

Transido de frio,<br />

Sapo-cururu<br />

Da beira do rio...<br />

(Manuel Bandeira, Carnaval)


Guiomar Novaes<br />

(foto de 1922)<br />

O Ginete do Pierrozinho<br />

Heitor Villa-Lobos


Ode ao Burguês<br />

Eu insulto o burguês! O burguês-níquel<br />

o burguês-burguês!<br />

A digestão bem-feita de São Paulo!<br />

O homem-curva! O homem-nádegas!<br />

O homem que sendo francês, brasileiro, italiano,<br />

é sempre um cauteloso pouco-a-pouco!<br />

Eu insulto as aristocracias cautelosas!<br />

Os barões lampiões! Os condes Joões! Os duques zurros!<br />

Que vivem dentro de muros sem pulos,<br />

e gemem sangue de alguns mil-réis fracos<br />

para dizerem que as filhas da senhora falam o francês<br />

e tocam os "Printemps" com as unhas!


Eu insulto o burguês-funesto!<br />

O indigesto feijão com toucinho, dono das tradições!<br />

Fora os que algarismam os amanhãs!<br />

Olha a vida dos nossos setembros!<br />

Fará Sol? Choverá? Arlequinal!<br />

Mas à chuva dos rosais<br />

o êxtase fará sempre Sol!<br />

Morte à gordura!<br />

Morte às adiposidades cerebrais!<br />

Morte ao burguês-mensal!<br />

Ao burguês-cinema! Ao burguês-tilburi!<br />

Padaria Suíssa! Morte viva ao Adriano!<br />

" – Ai, filha, que te darei pelos teus anos?<br />

– Um colar... – Conto e quinhentos!!!<br />

Más nós morremos de fome!"


Come! Come-te a ti mesmo, oh! gelatina pasma!<br />

Oh! purée de batatas morais!<br />

Oh! cabelos nas ventas! Oh! carecas!<br />

Ódio aos temperamentos regulares!<br />

Ódio aos relógios musculares! Morte à infâmia!<br />

Ódio à soma! Ódio aos secos e molhados<br />

Ódio aos sem desfalecimentos nem arrependimentos,<br />

sempiternamente as mesmices convencionais!


De mãos nas costas! Marco eu o compasso! Eia!<br />

Dois a dois! Primeira posição! Marcha!<br />

Todos para a Central do meu rancor inebriante!<br />

Ódio e insulto! Ódio e raiva! Ódio e mais ódio!<br />

Morte ao burguês de giolhos,<br />

cheirando religião e que não crê em Deus!<br />

Ódio vermelho! Ódio fecundo! Ódio cíclico!<br />

Ódio fundamento, sem perdão!<br />

Fora! Fu! Fora o bom burguês!...<br />

Mário de Andrade, Paulicéia Desvairada


Sexta-feira, dia 17 de fevereiro: terceiro festival<br />

Concerto de Villa-Lobos


Capa da 1ª edição de<br />

Pauliceia Desvairada (1922),<br />

de Mário de Andrade.<br />

Primeira obra de literatura<br />

modernista


Revistas


Revistas


Revistas


Revistas


Revistas


Revistas


Principais correntes modernistas<br />

Nacionalismo ufanista<br />

Verde-amarelismo / Grupo da Anta<br />

Menotti del Picchia<br />

Cassiano Ricardo<br />

Plínio Salgado<br />

Cândido Motta Filho<br />

Plínio Salgado


Principais correntes modernistas<br />

Nacionalismo crítico<br />

Pau-Brasil / Antropofagia<br />

Oswald de Andrade<br />

Tarsila do Amaral<br />

Raul Bopp<br />

Mário de Andrade<br />

Antônio de Alcântara Machado<br />

Manuel Bandeira<br />

Abaporu, 1928. Tarsila do Amaral<br />

MALBA, Buenos Aires


Influência das vanguardas européias: modernidade<br />

Antiacademismo


Verso livre<br />

Coloquialismo (transgressão gramatical)<br />

Prosaísmo (valorização do cotidiano)<br />

Poesia-piada (humor; ironia)<br />

Paródia (intertextualidade)<br />

Poema-pílula<br />

Capítulos-relâmpago (prosa)<br />

Concisão (método metonímico)


Primitivismo<br />

Nacionalismo<br />

Internacionalismo (cosmopolitismo)<br />

Espírito crítico

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