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Ano44-Edição 06 - Lagoinha.com

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ED6 7/2/2010 atos hoje<br />

9<br />

Origem dO TrabalhO<br />

De maneira geral, acreditamos que<br />

espiritualidade só <strong>com</strong>bina <strong>com</strong> trabalho<br />

se este for religioso, o qual classificamos<br />

<strong>com</strong>o o mais nobre de todos, seguido pelo<br />

filantrópico ou voluntário. Em razão disso,<br />

o trabalho que chamamos de secular tem<br />

uma conotação quase perversa, pois ele<br />

obsta nossos <strong>com</strong>promissos <strong>com</strong> Deus.<br />

Muitas pessoas espirituais não veem a<br />

hora de encerrar o expediente e estarem<br />

liberadas para participar de uma reunião<br />

de oração ou de um culto. Não são poucos<br />

os que se orgulham de faltar <strong>com</strong> as<br />

obrigações profissionais em favor das<br />

religiosas, pois entendem que o trabalho<br />

secular não faz parte do contexto de servir<br />

a Deus.<br />

No entanto, ao atentarmos para a<br />

origem do trabalho, veremos que o valor<br />

espiritual do trabalho não está exatamente<br />

no que fazemos, mas principalmente<br />

na motivação <strong>com</strong> a qual o fazemos.<br />

Para tanto, devemos considerar Deus<br />

<strong>com</strong>o o autor do trabalho, pois foi Ele<br />

quem o deu ao homem. Dentro do plano<br />

original estabelecido no jardim do Éden,<br />

o homem deveria executar o trabalho<br />

exclusivamente para Deus, conservando a<br />

imagem e a semelhança divinas e portando<br />

a glória do criador (Gn 1.26-28).<br />

Assim sendo, cultivar e guardar o<br />

jardim, nomear os animais e dominar a<br />

terra eram tarefas que estavam dentro<br />

desta perspectiva original (Gn 1.28; 2.15,<br />

19). Era o sacerdócio de Adão. Interagir<br />

<strong>com</strong> a criação, de uma maneira geral,<br />

produzia assuntos para os momentos<br />

de <strong>com</strong>unhão <strong>com</strong> o Senhor e ainda<br />

proporcionava o desenvolvimento ao<br />

homem. Em meio a isso, ele não precisaria<br />

preocupar-se consigo mesmo, pois todo o<br />

necessário ao seu sustento a terra produzia<br />

naturalmente. Desde então seguia um ciclo<br />

de seis dias de trabalho e apenas um de<br />

descanso.<br />

O TrabalhO depOiS dO pecadO<br />

Com a tragédia do pecado, o homem<br />

passou a ter a necessidade de trabalhar<br />

para si próprio para se sustentar, além de<br />

contar <strong>com</strong> a adversidade da terra (Gn<br />

3.16-19). Com a contínua degradação, uns<br />

passaram a trabalhar para outros e, <strong>com</strong><br />

isso, o trabalho também se transformou<br />

num instrumento de opressão nas mãos<br />

daqueles que <strong>com</strong>eçaram a acumular bens.<br />

Sem perceber, ao vender seu trabalho, o<br />

homem vendia também a si próprio. Como<br />

consequência do pecado, o homem deixa<br />

de trabalhar para Deus e passa a trabalhar<br />

para si mesmo. A ação libertadora do<br />

trabalho, que o trabalho traz em si quando<br />

feito para Deus, passa a ser opressora<br />

quando realizada a favor do homem.<br />

rEflExÃo<br />

emprego ou<br />

trAbAlho?<br />

É trabalhando que o homem passa as<br />

melhores horas dos melhores dias de sua<br />

vida. Se isto não for feito para Deus, que<br />

grande desperdício será nossa vida!<br />

Jesus resgatou o conceito do trabalho<br />

para Deus. Ensinou que os lírios do<br />

campo não tecem nem fiam, mas que<br />

nem Salomão, em toda a sua glória, se<br />

vestiu <strong>com</strong>o um deles; que os pardais não<br />

precisam se preocupar <strong>com</strong> a segurança,<br />

pois Deus cuida deles (Mt 6.26-34); que,<br />

em contraposição, o louco, pelo fato de<br />

abarrotar seus celeiros, pensou que podia<br />

descansar a sua alma (Lc 12.16-21); e que<br />

os vinhateiros que assassinaram não só os<br />

enviados pelo dono da vinha, mas também<br />

o próprio filho dele, imaginavam que<br />

podiam apossar-se da herança (Mt 21.33-<br />

41). Em meio a tudo isso, Jesus confrontou<br />

os legalistas afirmando trabalhar<br />

porque o seu Pai também trabalhava<br />

continuamente; aprovou a colheita de<br />

espigas pelos seus discípulos no dia de<br />

sábado e ainda fez curas nesse mesmo dia<br />

(Mt 12.1-13; Jo 5.17). O importante para<br />

Jesus não era quando, mas para quem se<br />

trabalha.<br />

Também sabemos que vão é o trabalho<br />

da sentinela, se o Senhor não guardar<br />

a cidade; <strong>com</strong>o vão é o trabalho dos<br />

edificadores, se o Senhor não construir<br />

a casa (Sl 127.1-2). Em Isaías, lemos que<br />

desde a eternidade não se ouviu de um<br />

Deus <strong>com</strong>o o nosso que trabalhe para<br />

aquele que nele espera (Is 64.4). Quando<br />

Davi se propôs a construir uma casa para<br />

Deus, o resultado foi que Deus se propôs a<br />

construir uma casa para ele (2Sm 7.11).<br />

Com todos esses exemplos,<br />

aprendemos que Deus quer trabalhar<br />

por nós e, ao mesmo tempo, espera que<br />

trabalhemos por Ele. Esse era o princípio<br />

do trabalho antes do pecado. Trabalhar<br />

de acordo <strong>com</strong> o verdadeiro objetivo do<br />

trabalho, isto é, para Deus, é estimulante e<br />

acrescenta tesouros valiosos sem corrosão<br />

da ferrugem, enquanto que trabalhar<br />

para nós mesmos apenas causa fadiga e<br />

não acrescenta nada à nossa vida, que se<br />

resume numa rotina de enfado e vaidade.<br />

Também Paulo ensina aos<br />

tessalonicenses que quem não quisesse<br />

trabalhar também não deveria <strong>com</strong>er<br />

(2Ts 3.10) e aos efésios que deveriam<br />

trabalhar <strong>com</strong> as próprias mãos para ter<br />

o que repartir <strong>com</strong> os que necessitassem<br />

(Ef 4.28). Igualmente encontramos esse<br />

apóstolo re<strong>com</strong>endando aos servos –<br />

perfeitamente aplicável aos empregados<br />

nos dias de hoje – que considerassem o<br />

trabalho <strong>com</strong>o se fosse para Deus e não<br />

para o patrão humano (Cl 3.22-25). Por<br />

outro lado, os senhores – patrões e chefes<br />

atuais – não deveriam se sentir absolutos,<br />

cientes que estavam debaixo do mesmo<br />

senhorio do servo, ou seja, de Deus (Cl 4.1).<br />

Tanto um <strong>com</strong>o outro prestarão conta ao<br />

mesmo Senhor.<br />

Vemos, então, a insistência de que o<br />

trabalho deve ser sempre para Deus, quer<br />

na condição de empregado, quer na de<br />

empregador. No livro de Êxodo (31.1-11;<br />

35.30-35; 36.1, 8), vemos que Deus habilita<br />

pessoas para atividades <strong>com</strong>o de costureiro,<br />

ourives, projetista e outras que seriam<br />

consideradas seculares por nós. Portanto,<br />

diante de Deus, não há um trabalho mais<br />

nobre que o outro; o importante é para<br />

quem trabalhamos. Ou seja, podemos servir<br />

a Deus <strong>com</strong> nossas profissões tanto quanto<br />

se fossem um ministério. Entendo que seja<br />

mais certo pensar na nossa profissão <strong>com</strong>o<br />

ministério do que no nosso ministério <strong>com</strong>o<br />

profissão, pois dessa forma estendemos a<br />

santidade para o meio secular, enquanto<br />

que de outro modo impomos a secularização<br />

àquilo que é sacro.<br />

TrabalhO e SacerdóciO<br />

O Novo Testamento convoca todos ao<br />

sacerdócio (1Pe 2.9), independentemente<br />

de sua profissão: pescador, cobrador de<br />

impostos, professor, mecânico, pedreiro,<br />

empresário. Muito embora saibamos disso,<br />

é difícil aceitar, pois nos parece que o pastor<br />

e o bispo são mais sacerdotes que o lixeiro.<br />

Ora, Adão, ao cultivar o Jardim do Éden, o<br />

fazia ao Senhor, e isso era o seu sacerdócio.<br />

Em contraste <strong>com</strong> o sistema atual de<br />

organização das igrejas, que separa as<br />

pessoas em clero e leigas, sempre é bom<br />

lembrar que o Novo Testamento, apesar<br />

de reconhecer lideranças, não trata os<br />

demais <strong>com</strong>o leigos. As duas expressões<br />

gregas “laikos” e “idiótés”, usadas <strong>com</strong>o<br />

depreciativas e traduzidas <strong>com</strong>o leigo,<br />

não são aplicáveis de fato aos cristãos. A<br />

primeira, <strong>com</strong> o sentido de “pertencente<br />

ao povo <strong>com</strong>um”, não é encontrada no<br />

Novo Testamento. A segunda, usada em<br />

contraposição a perito ou especialista,<br />

aparece duas vezes: pelos membros do<br />

sinédrio que, surpresos, constatam a<br />

pregação poderosa dos apóstolos Pedro<br />

e João, que eram pessoas <strong>com</strong>uns e sem<br />

instrução (idiótai – At 4.13); e por Paulo<br />

para se referir à pessoa fora da igreja, que<br />

adentra uma reunião e não consegue<br />

<strong>com</strong>preender as línguas estranhas ali<br />

faladas (1Co 14.23).<br />

Portanto, em nenhuma ocasião cabe<br />

ao cristão a conotação de leigo. Quando<br />

se refere à multidão ou à nação de Deus, o<br />

termo aplicado é laos, incluindo a liderança.<br />

À medida que se passou a distinguir o clero,<br />

por consequência surgia o leigo ou laicato,<br />

o trabalho religioso e o secular e, a exemplo<br />

de outras culturas, o poder religioso<br />

associado <strong>com</strong> o poder político e econômico.<br />

Em geral, a ideia que prevalece é<br />

foto: reprodução internet<br />

de que todas as pessoas são chamadas<br />

ao Cristianismo e, dentre elas, algumas<br />

recebem um outro chamado para <strong>com</strong>por o<br />

clero (sacerdócio) desse Cristianismo. Ora,<br />

na vida natural, primeiramente nascemos e<br />

depois, à medida que nos desenvolvemos,<br />

vamos assumindo papéis inerentes ao<br />

desenvolvimento: estudamos, obtemos uma<br />

profissão, casamos, tornamo-nos pais, avós<br />

etc. – tarefas próprias à nossa cronologia<br />

e decorrentes das nossas escolhas. Penso<br />

que assim também é a vida espiritual,<br />

pois o novo nascimento já traz em si todo<br />

o potencial para sermos sacerdotes, não<br />

necessitando para isso de um segundo<br />

chamado que somente alguns privilegiados<br />

recebem para fazer parte do clero. Não há,<br />

neste contexto, dois chamados (um para<br />

a salvação e outro para o serviço), pois o<br />

próprio chamado à conversão já implica<br />

benefício por um lado e tarefa por outro.<br />

Se pretendemos trabalhar para Deus,<br />

precisamos considerar se o que fazemos<br />

ou vamos fazer está em conformidade<br />

<strong>com</strong> a vocação para a qual fomos por Ele<br />

chamados. Este deve ser o principal fator<br />

a ser levado em consideração para nossa<br />

profissão e não o mercado de trabalho<br />

ou o desejo de terceiros. Precisamos ter<br />

em mente que num mundo <strong>com</strong> tanta<br />

diversidade, igualmente diversas devem<br />

ser as profissões. Por isso, não se pode<br />

conceber que no conceito divino algumas<br />

profissões possam ser mais importantes que<br />

outras, ao contrário da valorização que os<br />

homens atribuem, quer do ponto de vista<br />

econômico, religioso, político etc.<br />

Diante disso, é preciso saber <strong>com</strong>o servir<br />

a Deus diretamente através do trabalho,<br />

<strong>com</strong> a atitude correta que nos faça sentir<br />

essa realidade. Não é somente quando se<br />

consegue um espaço para fazer uma reunião<br />

de evangelismo ou orar junto <strong>com</strong> outros<br />

colegas que se contribui para o reino de<br />

Deus no ambiente de trabalho. Tampouco o<br />

dízimo do meu salário é o único resultado<br />

espiritual desse meu esforço.<br />

Nunca podemos esquecer que a maneira<br />

<strong>com</strong>o executamos nossas tarefas denuncia a<br />

atitude que temos em nosso coração.<br />

Devemos procurar entender a vontade<br />

de Deus e se Cristo está em nós e nós nele,<br />

pois tudo, absolutamente tudo, deverá ser<br />

em obediência ao Pai. Se o Pai nos deu o<br />

trabalho é porque dele temos necessidade;<br />

logo, se o fazemos em atitude correta, isso<br />

redundará em santidade e glória para o<br />

Senhor, não nos cabendo sentimentos de<br />

culpa por imaginarmos que tal trabalho<br />

possa nos privar de uma atividade religiosa.<br />

» pEdro arrUda<br />

Mais detalhes, ligue para o Pr. Ronaldo<br />

Moreira – (31) 8489-2698.

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